sábado, 16 de maio de 2009

Deuses e Códigos Sócio-Religiosos II (final)

A influência suméria modificaria o pensamento religioso das tribos mesopotâmias e palestinas e introduziria, além do religioso, novos elementos básicos culturais extensivos também aos gregos e egípcios e a outros povos da África. No entanto, a ligação suméria com o oriente mais afastado, onde na Índia os dravidianos possivelmente praticariam ensinamentos védicos, não está clara para a história. Se os dravidianos tivessem trazido da Índia para a Mesopotâmia e Palestina todo o pensamento védico lá ensinado, naturalmente o teriam implantado in totum e seria também assimilado pelos povos semitas, o que não aconteceu.

E embora a cosmogonia entendida pelos sumérios não fugisse à idéia central da criação do universo e sistema solar, e gênesis de deuses e homens, - conforme ressaltado nos ensinamentos arianos, - sua filosofia de vida era eminentemente prática, voltada para a transformação utilitária da matéria e de seus elementos. Os indus, ao contrário, destacaram sempre e basicamente um pensamento religioso místico, contemplativo e meditativo, no intuito de sobrepor-se às clamantes necessidades físicas e materiais. A religiosidade indu edificou-se sempre sobre atitudes de purificação, desapego e negação à concentrada atividade para a posse material.

Os sumérios dravidianos, contudo, contrariando alguns dos preceitos religiosos da Índia, desenvolveriam as aptidões de transformar a matéria através de grandes conhecimentos da física, astrologia, química, matemática, medicina, arquitetura, mineração e de outras ciências afins, usufruindo do utilitarismo e conforto tecnológico que com o tempo grassariam parcialmente para povos vizinhos. Esses fatos tão visíveis e destacados no mundo antigo nos levam a concluir que a civilização suméria teria começado na Mesopotâmia com a cultura dravidiana trazida do oriente distante, mas sofreria um impulso fantástico pouco tempo depois deles ali se ter estabelecido.

Portariam também fundamentos morais que os adaptariam, conforme já analisados, e os aplicariam ao cotidiano, que tal como suas atividades científicas, seriam identicamente absorvidos em proporções bem menores pela vizinhança semita. Alguns destes fundamentos remontam há mais de 10.000 anos, desde a tradição védica oral, quando os arianos pregavam regras disciplinadoras da vida social.

Os ensinamentos védicos são extremamente amplos, que, como dissemos, os dravidianos deles teriam também absorvido. Parte deles é aplicada excelentemente à psicologia religiosa esotérica. São hinos, cantos, rituais, devoções, sacrifícios e conhecimentos compilados em quatro textos principais, chamados Rig-Veda, Sama-Veda, Yajur-Veda e Atharva-Veda. A palavra veda deriva da raiz sânscrito vid que é conhecimento. As escriturações dos textos védicos datam de mais ou menos 1500 anos a.C. As origens da tradição oral, entretanto, perdem-se nas noites do tempo remontando talvez há mais de 20.000 anos.

Dos Vedas, podemos destacar os “Aforismos de Patanjali”, do Livro II, atitudes, que nos parecem assemelhar-se aos mandamentos bíblicos. Os cinco primeiros mandamentos estabelecidos são:

1.Inofensividade
2.Verdade
3.Não roubar
4.Continência
5.Não avareza.

Esses mandamentos são regras básicas aos candidatos desejosos de levar vida asceta e àqueles portadores de intensa devoção religiosa, não recolhidos ao ascetismo. Mas cabem também ao povo, no entanto se flexibilizam diante da impossibilidade da absoluta conciliação com os afazeres da vida material e familiar, atenuando assim as observâncias em alguns aspectos.

Outros cinco mandamentos são essencialmente devocionais de obliteração ou negação à vida material, mas principalmente de práticas sacerdotais:

1. Purificação interna e externa
2. Gozo (satisfação, alegria)
3. Aspiração ardente
4. Estudos espirituais.
5. Devoção a Ishvara.
(o Deus Criador Indu)

Inegável a presença do pensamento sumério nos povos do Oriente Médio e Egito. Os egípcios, por oportuno, influenciariam gregos que em contrapartida influenciariam egípcios nos períodos de certas dinastias. Mas por trás das cenas estaria a originalidade suméria, mesmo nos períodos de domínios caldeu-sumério, acádio-sumério, assírio-sumério e babilônico.

Houve, desse modo, diversos amálgamas religiosos, ajustes, influências idiossincráticas, novos conceitos e novas práticas, mas nada tão absolutamente diferente que por milênios as religiões deixassem de possuir em traços comuns. Nas destacadas civilizações o povo praticava as religiões abertamente enquanto os sacerdotes as praticavam ocultamente sob certos cuidados e segredos.

O Egito, embora se situasse na África, não produziu um povo com raízes unicamente africanas. Sua situação geográfica favoreceu a miscigenação com etnias nômades dos vários ramos raciais distintos de fora do continente, e mais tarde com semitas do Oriente Médio e grupamentos indo-europeus que chegavam em sucessivos êxodos em busca de água e alimentos. Apesar desse caldeamento, o Egito conseguiu isolar a casta real, a nobreza, a classe sacerdotal, os oficiais militares e os altos funcionários de administração, destacando-os dos emergentes de camadas inferiores do povo representados por trabalhadores, artesãos, soldados e escravos.

As sucessórias investiduras da emblemática divina faraônica representavam para muitos reis os cargos de sumo ou altos sacerdotes, e essas proeminências facilitavam a implantação e conservação das idéias religiosas politeístas, muito embora existissem sempre disputas e cisões sacerdotais, principalmente entre as capitais Tebas e Menphis do alto e baixo Egito.

O Egito, ao longo das dinastias, pôde produzir sua própria nomenclatura simbológica, riquíssima mitologia e três linguagens próprias de comunicação, a par de desenvolver adiantada ciência para a época, que em alguns aspectos era cercada de mistérios, como, por exemplo, as técnicas empregadas para as mumificações. E sob essa pulsante sabedoria, Moisés se instruiria e viria se preparar para introduzir no mundo semita o pensamento monoteísta. A isso se seguiria imediatamente um código moral disciplinador, sócio-religioso, chamado de os Dez Mandamentos. O motivo pareceria evidente, não sendo outro senão a mudança das conceituações politeístas já extenuadas após milênios de práticas.

A longa caminhada humana, ao reinado de tantos deuses terrestres e extraterrestres, estaria assim aos pródromos de um novo rumo para um Deus unificador. Os períodos histórico-religiosos dos politeísmos seriam, a partir dessa aceitação, pouco a pouco soterrados pelo novo e sintetizador ciclo que se apresentava. Permeava-se de uma só crença e varreria em definitivo das mentes semitas as múltiplas interpretações do passado motivadoras de absurdas idolatrias.

Os dez mandamentos, contudo, como todas as grandes e importantes revelações bíblicas e marcantes eventos, trariam com o tempo interpretações diversas e polêmicas. Mas para o povo a quem se destinariam naquele momento, e por conter claras coibições, os mandamentos se encaixariam básica e literalmente às necessidades de severa e necessária disciplina. Foram, na maior parte, imposições imperativo-negativas embora, mais adiante, nas revelações do Livro do Deuteronômio, Moisés introduzisse novas e disciplinadoras regras e comentasse sobre os deveres e cuidados acerca das ordens divinas.

Os dez mandamentos, em síntese, viriam traduzir as seguintes primeiras regras disciplinadoras:

1. Não terás outros deuses diante de mim.
2. Não farás imagens de esculturas e não as adorarás.
3. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.
4. Guardarás o dia de sábado para O santificar.
5. Honrarás a teu pai e tua mãe.
6. Não matarás.
7. Não adulterarás.
8. Não furtarás.
9. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
10.Não cobiçarás a mulher do teu próximo nem os seus pertences.

O texto bíblico discorre sobre seis dessas regras e, sem dúvidas, é um breve discurso reconhecido como os dez ditos ou dez falas.

Rayom Ra

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