domingo, 28 de dezembro de 2014

As Iniciações Crísticas e as Demoníacas - (I)

christic and demonic initation
  Estaremos falando hoje sobre a palavra “Iniciação”. Faremos isso, no sentido de buscar um melhor entendimento do que seja nosso objetivo, ou nosso lugar aqui no mundo, o que precisamos definir dentro de nós mesmos. Iniciação é alguma coisa, nesta tradição de que frequentemente falamos, bem como em outras tradições.

 Sistematicamente, em nossa moderna cultura, pessoas que se consideram espiritualizadas detêm a ideia de que há um tipo de evolução que acontece; um tipo de evolução cósmica ou espiritual, que nos conduzirá à perfeição, à iluminação ou a uma era dourada. Há uma série de belas palavras a se falar sobre a futura era dourada, porém necessitamos, antes de tudo, esclarecer que para atingir o desenvolvimento de nossa Consciência e alma, para atingir a religião, a nos conectarmos com nosso mais profundo íntimo, com nosso espírito, necessitamos adentrar o caminho da iniciação.

  Em assim sendo, em nosso título, temos [as] Iniciações Crísticas e [as] Demoníacas. E esse mundo-demoníaco da vida de hoje, em nossa moderna cultura, suscita um especial tipo de reação nas pessoas consideradas por elas mesmas espiritualizadas. Existe uma reação ante a menção de algo demoníaco como sendo uma superstição, um tipo arcaico de conceito.

  No mundo de hoje necessitamos desenvolver duas qualidades muito importantes. A primeira é a tolerância e a segunda é o discernimento ou discriminação de um tipo de consciência: discriminar dentro de nós próprios o que representa o desenvolvimento da Consciência, ou o que seja em nossas almas e mentes, o desenvolvimento de um caminho [ou modelo] positivo ou negativo.

 Alguns tipos modernos de espiritualidade querem eliminar o discernimento. Apegam-se à ideia de que todos estamos evoluindo mecanicamente em direção a um estado espiritual; em vista disso, ao falar-se sobre esforço para o desenvolvimento, ou ao uso da palavra demoníaco, parece-lhes tolice ou antiquado. Entretanto, nessa tradição, sabemos que não existem dois caminhos para desenvolver a Consciência, e também sabemos que não podemos desenvolver plenamente a Consciência sem o consciente desempenho com esforços e sacrifícios.

  Essa ideia da evolução é muito proeminente e mesmo em nossa tradição Gnóstica temos ensinamentos sobre anteriores dias cósmicos, diferentes períodos e humanidades que surgem em cada ronda ou dia cósmico. Atualmente, estamos no período terrestre, estamos na quinta raça-raiz e haverá futuros períodos e futuras rondas. Em certo sentido, há nisso um tipo de evolução. Entretanto, no sentido de se adequar para futuras humanidades terá de haver consciente desenvolvimento.
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  Em anteriores palestras, falamos sobre evolução e involução, e dissemos que nossa atual psicologia é o produto da evolução. Nós, como uma alma ou essência, estivemos inseridos no reino mineral. Foi-nos dado um corpo físico relacionado com o reino mineral, e através de um processo evolutivo, da experiência, pela orientação de forças inteligentes mais elevadas, evoluímos para um corpo de planta. O corpo de planta é mais sofisticado que o tipo de corpo mineral. E como resultado de uma série de experiências, evoluímos para o reino animal, onde possuíamos corpos que tinham dois cérebros, corpos mais complexos e emocionalmente mais desenvolvidos, que manobravam com tipos mais complicados de energia. Por conta da evolução, desenvolvemos até mesmo o intelecto em que nos encontramos hoje na humanidade. Aqui temos uma psicologia que avançou em nosso estado atual: temos nosso intelecto e nossas emoções bem como nossos instintos.

  Dessa maneira, de certa perspectiva, parece-nos natural pensar que continuaremos a evoluir, porém isto é um conceito enganoso. Mesmo em muitas escolas espirituais que são tipo nova era como um todo, muito boas em escritos positivos como os da Teosofia, como os escritos de Rudolph Steiner e Max Heindel e de outros ocultistas que foram verdadeiramente despertos a certo nível, que ensinaram coisas positivas, foram eles muito vagos e enganados sobre as necessidades de atingir o completo desenvolvimento das possibilidades do ser humano. Eles realmente nunca explicaram o que é o processo da iniciação e o que é requerido. Em certa medida, não eram suas obrigações fazerem-no, não eram seus papéis.

  Se fossemos ler somente esses autores estaríamos então investidos da idéia de que há um processo de evolução, e se vemos coisas contraditórias acontecendo, pessoas se desenvolvendo negativamente, então poderíamos pensar que realmente faz parte do caminho as coisas acontecerem assim, e que, eventualmente, elas seriam levadas em direção da luz. Existe a ideia de que se alguém está agindo erradamente, então ele é exatamente um retardatário na corrente evolutiva, mas em determinado momento ele progredirá e ascenderá a um estado de Consciência mais elevado. Isso é incorreto.

  Então, precisamos ser claros em que a evolução tem seu pináculo e uma vez o pináculo seja alcançado, esse é o ponto máximo. Após isso, irá começar a decadência e toda aquela complicação de energia virá desvanecer. Eis porque é importante tratar da iniciação.

  A palavra iniciação significa iniciar alguma coisa nova, um novo tipo de corrente, um novo desenvolvimento. Segundo, como dissemos antes, necessitamos desenvolver a qualidade do discernimento em nosso íntimo para sabermos em que momento estamos nos desenvolvendo de modo que estejamos despertando nossa Consciência e a liberando, ou, fortalecendo nosso ego, nossos desejos e nos colocando ainda mais em escravidão. De modo muito simples: esses são os dois caminhos que chamamos Crístico e demoníaco. Então, quando dizemos demoníaco, estamos, sem dúvida, apontando em direção ao ego, em direção a nós mesmos. Na realidade, o trabalho com o demônio é o trabalho com nosso próprio ego, de maneira que não devemos nos escandalizar com essa ideia.

                                                 Existencialismo Sisyphean

  Encontramo-nos hoje no que poderíamos chamar crise existencialista. Ao olharmos o mundo atual vemos que tudo de nossos maiores sistemas estão fracassando e desmoronando. Há uma grande quantidade de problemas em todas as partes. Se examinarmos as duas primeiras guerras mundiais, veremos que após a Primeira Guerra Mundial houve uma terrível gripe, algumas vezes chamada Gripe Espanhola, ou a gripe de 1918 que foi uma das piores doenças epidêmicas. Aquilo foi o produto de todas as terríveis condições da Primeira Guerra Mundial e, naturalmente, o produto do carma relacionado àquilo.

  A Segunda Guerra Mundial deixou-nos com uma peste mental que é bem pior do que a da Primeira Guerra Mundial. Estamos nos referindo à abominável “Filosofia Existencialista”, que tem envenenado totalmente as novas gerações. A revolução da dialética proclama-se contra tal filosofia. – A Revolução da Dialética – Samael Aun Weor.

  Afinal, o que é a filosofia existencialista? Bem, ela envolve muitas coisas, porém no que estamos interessados é a noção de que realmente não há sentido para a vida senão aquele que possamos admitir a nós próprios: - a vida é um tipo de absurdo, um acaso, uma existência caótica. Então, temos diferentes tipos de personalidades no mundo. Se umas se acham mais espiritualizadas podem pensar; “bem, todos estão evoluindo e eu devo discernir o que estará sendo positivo e o que é negativo”. Há outras pessoas que estão ausentes das aspirações espirituais e acham que a vida tem uma natureza absurda. É disto que a filosofia existencialista é proveniente: “a vida é justamente uma estranha comédia de erros que não tem nenhum objetivo estabelecido”. Num certo sentido, se não estamos desenvolvendo a Consciência, se não estamos nos importando em atingir a iniciação, então qual é a base desta cultura ou deste mundo? Onde se encontra a fundação disso? Não a encontraremos em nenhuma outra parte. Podemos visualizar [nesta filosofia] este mundo de uma perspectiva puramente exterior, parecendo ser exatamente um caos de vários segmentos.

  Nisso, há dois tipos de pontos de vista errados que podemos agora esclarecer. Esta crise existencial nos conduz ao personagem mitológico chamado Sisyphus.
Sisyphys by Titian
  Por alguma razão os filósofos existencialistas elaboram um grande número de comentários sobre Sisyphus. O mito conta uma história de que um homem pobre condenado a carregar uma pedra muito pesada montanha acima tinha caído. Ele tinha sido encantado por Zeus de tal forma que cairia sempre, e assim ele teria de fazer o mesmo trabalho novamente, e foi condenado a repetir esse processo para sempre.

  Sabemos que essa história tem um simbolismo iniciático bastante significativo, de uma pessoa que faz um grande esforço, porém devido aos seus erros relacionados com a pedra (que sabemos estar relacionada com a transmutação sexual para a fundação do trabalho), a pedra cai e ele tem de fazer o mesmo trabalho novamente.

  O filósofo existencialista diz: “Imagino que Sisyphus está na verdade rindo com isso, porque a vida é absurda, e esta provação é absurda, mas de algum modo ele está se divertindo”. Eis como o ponto de vista existencialista está subjetivamente colocado em nossa moderna cultura. A pessoa moderna não pensa sobre si mesma em termos filosóficos, e se ele/ela não tem uma inclinação espiritual então vê a vida como uma coleção de absurdos acasos. Ele simplesmente ri de qualquer coisa que acha engraçado e faz qualquer coisa que deseja. É isto o que é a sua vida.

  Porém, o real simbolismo iniciático oculto nessa história é realmente profundo. Há várias histórias sobre ele, mas de maneira geral é que Sisyphus se achava muito esperto. Ele pensava que era muito inteligente e estava tentando enganar os deuses. Achou que podia ser mais esperto que eles, incluindo Zeus, entretanto por causa de alguns de seus esquemas ele foi enviado para Tartarus, o submundo, e supostamente ficou acorrentado até a morte, ou enganou Thanatos. Ele teria aprisionado a morte e assim conseguiu escapar. Tendo aprisionado a morte ninguém podia morrer. Eventualmente, ele foi punido e sua punição era subir com essa pesada pedra.

  Sisyphus é de fato o ego. O ego pensa que é mais esperto que Deus. O ego acha que pode fazer suas coisas à sua própria maneira, não tendo que ter respeito por quaisquer leis; então se acha até mais poderoso do que Cristo e não deixa ninguém morrer. O ego se respalda em seus desejos e tenta aprisionar até mesmo a morte.

  Podemos ver que psicologicamente o ego não quer morrer. O ego tenta manter todos os seus desejos vivos; tenta até vencer a morte. Naturalmente, esse comportamento somente conduz à miséria, que é a tragédia de Sisyphean. Essa é a nossa presente cultura. Nossa cultura pensa que é mais esperta do que a divindade que a criou. Ela rejeita aquela divindade pela virtude de sua própria ignorância.

  Assim, somos de momento esse personagem. Se não conhecemos a doutrina, se não sabemos como alcançar a iniciação, então poderemos estar trabalhando duramente. Mesmo em sendo uma pessoa espiritualizada é muito trabalhoso o desenvolvimento. Se não conhecermos os fundamentos da iniciação estaremos condenados a ser como Sisyphus.

 Sempre que vemos a pedra na religião sabemos que está relacionada cabalisticamente com a esfera de Yesod, e vemos a pedra em muitas diferentes doutrinas. Por exemplo, no Cristianismo, a pedra fundamental é chamada “a pedra de tropeço” e “a rocha da ofensa”. Nada mais é uma pedra de tropeço e uma rocha da ofensa do que o sexo. É isso o que a rocha representa. De Yesod temos a fundação – o que Yesod significa. Podemos perceber que tudo mais, todas as demais colunas se apoiam naquela fundação. Apoiam-se nela porque é lá na energia sexual que temos nossa energia criativa. A energia criativa é o conduite ou a conexão que temos como uma individualidade para o Criador. Temos a habilidade, quando sexualmente unimos as três forças primárias, de sermos tocados pelo Criador. É daqui de onde vem a criação. Então, temos isso como reflexão, mas naturalmente também temos desejos, temos o ego.
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                                                              Castidade e Celibato

  Quando pensamos em sexo, pensamos sob o desejo da sensualidade, de coisas que nos contaminam. Ou se nos está faltando o discernimento, a discriminação, simplesmente aceitamos que aqui estamos com o único fito de nos compensarmos sexualmente das várias maneiras que queiramos. A sociedade de hoje não encara isso. Ao invés, curva-se e pensa: “É esse o caminho. Eu fui colocado aqui, eu tenho esses desejos. Eu tenho essa energia e a maneira de como usá-la através do desejo”.

  Metade do problema é a doutrina do como transmutar a energia sexual, que não foi ensinada. A outra metade do problema é nossa falta de Consciência. Temos a aspiração espiritual, mas não rejeitamos a sensualidade ou luxúria. Aquelas duas coisas combinadas levarão nosso intento da iniciação a decair e não a ascender. Por quê? A metade inferior da Árvore da Vida, o Klipoth, está relacionada com as dimensões inferiores que são simbolizadas pelo inferno de Tartarus ou com os vários mundos inferiores do inferno. Na metade de cima, temos os mundos divinos ou as dimensões superiores. O corpo físico e o corpo vital, Malkuth e Yesod estão realmente conectados como uma só coisa, porém na Árvore da Vida nós os separamos como sendo duas. É nosso corpo vital, nossa energia sexual, nosso comportamento sexual que é o ponto do qual nossa energia vai mais para baixo ou é transmutada e vai para cima. Então, realmente, é Castidade ou falta de Castidade o que define se nossa Consciência está caminhando para o desenvolvimento através da liberação do desejo ou através da cristalização do desejo. Esta é a cruz porque a energia sexual criativa é o que estará indo desenvolver nossa Consciência. É a base, a energia raiz do que somos. É o extrato de tudo o que somos.

  Pensamos sobre isto e que nos alimentamos, respiramos, bebemos água e outros fluidos e que todas estas coisas entram no corpo. Temos nosso corpo vital, temos os chackras, que estão introduzindo e transformando energia. Tudo isto vai para dentro do corpo, da circulação sanguínea, e da circulação sanguínea todos os hormônios se desenvolvem. Assim, absorvemos toda esta energia e informação que estão sendo condensadas, purificadas e colocadas num extrato que podemos chamar nossa criativa energia sexual. Agora, aquela criativa energia sexual são os nossos hormônios, qualquer fluido sexual como o semem, mas é também aquela energia que mantem o corpo vital, então não é alguma coisa unicamente física. Podemos entender nosso fluido sexual físico como sendo o corpo desta energia, mas possuímos também alma e espírito daquela energia que também não são exatamente coisas físicas.

  Desse modo, detemos todas essas informações externas e a nutrição introduzida, e mais ainda possuímos essa energia proveniente do akasha, vindo, descendo e se introduzindo nos chackras, então é uma combinação de nossas experiências, nosso estado mental, nossas impressões, transformações, conjugados com nossos arquétipos espirituais.

 Que são nossos arquétipos espirituais? Aqueles que estão localizados no que chamamos a sexta dimensão, mas que temos conexão com eles? Nós os fertilizamos através do comportamento da Castidade, ou não. Se não temos Castidade, porém temos uma aspiração espiritual, então terminemos de nos desenvolver de maneira negativa. Se usarmos nossa energia sexual combinada com a aspiração espiritual, mas de forma que transmutemos nossa energia, então essa energia se eleva e nos liberta. Ambos os tipos de práticas desenvolvem a Consciência, entretanto somente um tipo de prática libera a Consciência do desejo. Isso é outra vez a cruz e tem tudo a ver com Castidade.

  Essa palavra Castidade em um sentido moderno pode ser escandalosa porque temos uma cultura que está rejeitando valores Vitorianos, e aqueles valores representaram um real tipo ignorante de repressão sexual. Contudo, ela rejeita não exata e unicamente valores Vitorianos, mas também rejeita valores de todo um passado de milhares de anos quando existia uma ideia de que a pureza era encontrada no ódio ao impulso sexual, e pela rejeição ao sexo se poderia tornar-se santo. Esse é o tipo de fanatismo que surgiu pelo não conhecimento da verdadeira doutrina.

  Originalmente, no Cristianismo, Hinduísmo e Budismo (em todas as grandes religiões) os monges e monjas tinham de ser celibatários, tinham de reservar-se da expressão sexual e ser castos. Castidade é algo da mente e também do coração.

 Contudo, aquela castidade era somente uma preparação. Tendo entrado nisso e provado a si próprio ele/ela ser merecedor, o professor podia dizer: ‘Essa pessoa é séria. Ela aprendeu como trabalhar com sua mente e sabe transmutar como uma pessoa solteira”. Depois disso, eles eram iniciados em uma parte secreta daquele ensinamento que reunia pares de monges e monjas. Isso somente acontecia em segredo porque eles não queriam que essa doutrina fosse corrompida ou destruída. Um monge trabalhava com uma monja em cooperação sexual.

  Nota de Rayom Ra: “Salvo núcleos secretos especiais em eletivos ciclos de civilizações enriquecidas pelas lições da ciência oculta, os procedimentos da iniciação à Magia Sexual não foram recorrentes a grande massa religiosa do passado, nem a uma significativa parcela que, na realidade, não os podiam praticar. A bem da verdade foram números controlados. Nesse critério experiencial seletivo, os disciplinados que praticaram esse sistema de elevação da energia sexual, com parcial ou inteiro sucesso, se juntaram a outros da nata discipular do esoterismo, provindos de diferentes escolas com variados métodos e filosofias, demonstrando com isso que a exata noção de que “’nem tudo é para todos”’ bem se aplica aos muitos perfis psicológicos de almas em diferentes sistemas.

  Em países do Oriente, Oriente Médio e África, onde as religiões esotéricas nasceram e se desenvolveram desde os ario-atlantes, muitos discípulos e discípulas que realizaram a elevação parcial do Kundalini pelas práticas sexuais, estiveram sempre sob a orientação e guarda de mestres competentes. Os mestres sabiam que estimular essa Magia aos que unicamente obedecessem aos seus cultos religiosos, faltando-lhes suficiente evolução espiritual e iniciações esotéricas, e mesmo aos alunos que não tivessem adequadamente purificado seus corpos mentais, emocionais e físicos, seria empurrá-los para além do umbral onde estariam facilmente aprisionados pelos mestres da face negra. E, contudo, muitos alunos selecionados falharam, caindo vítimas de suas próprias contradições ou desobediências.

  Por essas razões, não seria possível também implantar esse sistema de práticas sexuais da elevação do kundalini no pós-cristianismo original, ao próprio cristianismo, bem como às demais religiões organizadas, e aos movimentos religiosos, aos filosóficos e filosófico-religiosos, por não reunirem atributos necessários e por evoluírem noutros sistemas, e nem as religiões desses tempos chegariam à hierarquização específica para iniciar milhares de sacerdotes nessa esfera do ocultismo – e, na realidade, não era esse o seu papel principal a ser cumprido na face da Terra”.

  Podemos ver dicas daquilo aqui e ali na religião, se observarmos certos locais. Porém, historicamente, tais seitas ou pessoas foram com frequência banidas como heréticas. Vemos alguma clareza em alguns tipos de budismo com ensinamentos tântricos que tenham sobrevivido e ainda conservem aquela doutrina. Está lá, porém é muito segregada, não ensinada publicamente e não acessível.

  Assim, estamos aqui agora, ensinando que esse tipo de prática é o direito de qualquer indivíduo que deseje desenvolver seu/sua Consciência, porém precisamos ser bastante claros. Quando usamos nossa energia sexual com relação à espiritualidade, é necessário estarmos claramente elucidados de que certos tipos de comportamento desenvolvem nossa Consciência liberando-a do ego e que outros tipos de comportamento desenvolvem nosso ego. Ambos os caminhos podem trazer-nos experiências, ambos podem capacitar a Consciência a ter uma experiência para além do nosso corpo, ou no plano astral. Entretanto, somente ao liberarmos nossa Consciência estaremos habilitados a ter verdadeiro conhecimento objetivo. Se despertarmos nossa Consciência no desejo, então estaremos no que Homer disse ao rei no inferno. Estaremos desenvolvendo aqueles poderes, no entanto os estaremos desenvolvendo no inferno. É melhor ser um mendigo no céu do que um rei no inferno. Isso é algo que a maioria das pessoas não percebe: que há dois caminhos. Eis porque o título dessa palestra é o que é.

  Encontramos nossas almas envoltas por diferentes tipos de corpos, suportando metempsicoses, uma metamorfose do psiquismo através de inúmeros reinos complexos. Começamos no reino mineral, então evoluímos ao reino das plantas, seguindo para um reino animal. Finalmente, no reino humanoide desenvolvemos o intelecto e é nesse reino que precisamos direcionar nossa energia criativa para uma via particular, de acordo com nossa força de vontade, uma vez que temos a habilidade de nos individualizarmos. No reino animal, os animais se comportam como animais; animais se comportam como um grupo mental. Estão sob o controle de forças superiores guiando suas evoluções. Os animais trabalham em blocos, como um grupo mental; eles usam sua energia sexual quando estão instintivamente inclinados a fazê-lo. Naquela situação, fornicar é algo bom para suas evoluções porque é através desse ato que eles evoluem seus intelectos (muito embora, realmente não possa ainda ser chamado de intelecto). Aquele tipo de atividade sexual é também de prover uma energia. Qualquer animal se relaciona com outro animal ao nível de sexualidade, que é ter sexo instintivamente e fornicar, ter orgasmo, ejacular. É assim como animais se reproduzem.

  Dessa maneira, o que está acontecendo é que a energia criativa dos planos superiores está descendo, se conectando, e quando isso acontece vem produzindo algo físico (descendência, prole), entretanto, essa energia está também veiculando os animais a essa corrente evolutiva e involutiva. Está constituindo um tipo de energia para todo o planeta que ajuda a manter o planeta estável. Se os animais não fizessem isso não haveria energia se movendo no interior do planeta a fim de estabilizá-lo. Não haveria consistência ou forma, ele seria informe.

 Quando este planeta foi criado precisou de muitos dias cósmicos de desenvolvimento, começando nos planos mais altos e progressivamente se movendo para planos mais e mais pesados. O planeta necessita estar aqui nesse mundo terrestre a fim de desempenhar uma função no cenário cósmico. A fim de estar aqui, a este nível, necessita da energia deste nível, aquela energia pesada. Parte da função do reino animal é prover aquela energia.

  Como animais intelectuais no reino humanoide temos um impulso para continuar a nos comportarmos do mesmo modo que nos comportávamos no reino animal: a usar o sexo de maneira instintiva. Agora que possuímos intelecto, estamos face a situações que tratam daquilo de forma mais complicada; tratamos de extrair mais desejos além daquilo, ou fazemos para justificar aquele desejo. Então tornamos tudo pior. Nesse sentido, somos piores do que qualquer animal. Quando desempenhamos o ato sexual de maneira normal, que é a maneira do animal, estamos nos veiculando mais fortemente a essa roda evolutiva e involutiva. Uma vez que o reino humanoide está no topo desta roda, estamos provendo a energia que nos conecta mais intimamente a esse arco descendente. Estamos nos conectando com a corrente que vai para baixo e fora. Desenvolvemos mais o nosso ego, veiculamos mais carma e terminamos descendo mais rapidamente.

                                                  Por um Instrutor Gnóstico

                                                         [Segue Parte II]
  
  Fonte: Beginning Here and Now: Christic and Demonic Initiation PDF.
               Gnostic Teachings

Tradução Inglês/Português: Rayom Ra

Rayom Ra
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As Iniciações Crísticas e as Demoníacas - (II)

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  Sem consciente sacrifício não há degraus de saída dessa roda, pois tudo aqui é mecânico. Essa roda está servindo a um propósito ao planeta, e o planeta tem um propósito não somente para desenvolver o humano, mas também para servir a um propósito ao cosmos como um todo. O planeta detém múltiplos propósitos, e para sua própria economia está perfeitamente satisfeito com ninguém conquistando iniciação, porque ele funciona como um órgão em um corpo chamado sistema solar. E para que o sistema solar possa operar, o planeta necessita transformar e transmitir certas energias numa escala cósmica. Não é necessário criar seres humanos que conquistem iniciações; ele, unicamente, necessita atingir essa economia de energia.

  Essa é a nossa herança. Nosso ego é justamente o produto disso. Possuir um intelecto e compreender nosso objetivo de simplesmente transformar energia para a economia da Terra, pode realmente nos fazer sentir que a vida é um absurdo, sem significado. Isso acontece algumas vezes: alguém vê o mundo a um ângulo em que não reconhece qualquer sentido nisso. De fato, sem o espírito, sem iniciação, não há outro sentido; assim, se nada se conhece sobre iniciação, sob certa premissa aquele ponto de vista é lógico.

  Não obstante, se não rejeitamos o espírito, então como realmente trabalhar com ele? Como chegar a mais alguma coisa? A fundação da iniciação é Castidade. O que isso significa?

  Temos duas palavras: castidade e celibato. Normalmente são usadas inter-relacionadas. Mas podemos ter algum discernimento em ver a diferença entre elas. Castidade significa o uso apropriado da energia criativa sexual. Celibato refere-se a ter restrição de não unir-se sexualmente. Castidade significa usar a energia sexual da maneira correta, de modo apropriado. Se alguém faz um voto de castidade e sabe o que isso significa, essa pessoa pode ligar-se numa união sexual ou ter casado e ainda assim não quebrar o voto de castidade, uma vez que se conectar sexualmente e manter a castidade é realmente o caminho para conquistar a iniciação.

  Contudo, isso soa como um tremendo sacrifício para muitos. Soa como insuportável peso e um absurdo rejeitar o orgasmo. Em nossa moderna cultura pensamos que esse é o ponto da completude do sexo. Mas precisamos ver que há várias funções. Funções no sentido de sexualmente produzir outros corpos (gerações), que se fixam à roda da evolução e involução, e a sexualidade também detém um propósito espiritual. Todos têm de fazer uma escolha do que querem desenvolver. Se querem usar conscientemente aquela energia para seu próprio desenvolvimento, desenvolver suas almas e conectarem-se com seus espíritos, então é isso que lhes é requerido.

  Alternativamente, toda aquela energia estará descendo, não estará servindo aos seus espíritos. Quando pessoas se tornam acostumadas à castidade e transmutação, elas comprovam que é verdadeiro o caminho da paz e felicidade. Confundem-nos quais sejam as causas e condições da verdadeira felicidade. Acreditamos que a felicidade nos vem através da compensação do desejo, porém realmente essa é a causa do nosso sofrimento e ignorância na vida.

  Contudo, há muitas doutrinas místicas, tipos de doutrinas tântricas, que não rejeitam o orgasmo. Elas não rejeitam a fornicação. Elas dizem que devemos ser bons, ser educados, realizarmos boas obras, que devemos desenvolver poderes, e falam de modo bastante delicado. Vestem as suas mensagens com muitas palavras bonitas e conceitos espirituais. Porém, quando chegam à cruz da matéria, dizem que não devemos conservar nossa energia sexual, que temos de fugir disso. Essas são doutrinas que tentam misturar a aspiração espiritual com a fornicação. Elas sempre conduzem as pessoas a estarem mais fortemente atadas na queda aos mundos infernais.

  Samael Aun Weor escreveu que os tipos mais sutís de magia negra ou de doutrinas inferiores estão relacionadas com o mundo mental. Ele escreve:
  “Quase todas as escolas espiritualistas ensinam como desenvolver a força mental; todas querem fortalecer a mente. Eis porque muitos acabam praticando a magia negra: a mente é um jumento sobre o qual devemos viajar a fim de entrar no céu de Jerusalém. A mente (manas, o homem) deve se submeter perante a majestade do íntimo. Devotos espiritualistas ignoram isso. Desse modo, o que eles sempre querem realizar são suas pessoais vontades egoístas e nunca a vontade do Pai. Essa é a terrível verdade de todas essas coisas”. – Samael Aun Weor, Os Maiores Mistérios.

  A maldade é tão boa no mundo da mente... A maldade é tão delicada e sutil no plano da compreensão cósmica que na verdade muita intuição é necessária no sentido de não sermos enganados pelos demônios do Mundo Mental. Os magos negros no Plano Mental são milhões de vezes mais delicados do que os magos negros do plano Astral”. – Samael Aun Weor, Tratado de Alquimia Sexual.

  Hoje, podemos constatar muitos tipos de doutrinas. Algumas tornam muito óbvio que estão tentando desenvolver mais e mais o desejo, e certos tipos de pessoas estão atraídos para aquilo. Mas outros tipos realmente sentem uma aspiração espiritual e se tornam envolvidos por uma linguagem espiritual que lhes parece cativante, parecendo fazer todas as pessoas felizes, porém estão somente se engajando num caminho que está tentando fazer suas mentes serem mais poderosas. Estão [as doutrinas] tentando desenvolver poderes, mas não estão tentando reduzir egos.

  Se praticarmos castidade, se exercitarmos o pranayama (que é um tipo de exercício respiratório), se praticarmos certos mantras, e estivermos fazendo coisas sinceras a nós próprios, um bom trabalho, então começamos a conservar nossa energia. Essas coisas não passam despercebidas nos mundos internos. É similar a acender um fogo numa escura área madeirada. Há tanta escuridão que se uma pessoa está conservando seu/sua energia, isso cria um tipo de luz que é facilmente notada. Daí atrai a atenção da Loja Branca, dos mestres despertos que estão procurando ajudar.

  Então eles dizem; “Vamos ver se o aspirante está pronto para trabalhar nele mesmo, desejando tornar-se um inimigo de seu próprio eu”. Devido a esse trabalho, o verdadeiro inimigo é nosso eu, nosso próprio ego, o próprio eu-vontade. Se ficarmos temerosos de penetrar em nosso interior, em nossa própria imagem psicológica, se formos incapazes de ataca-la, se tivermos medo, então não há condição de obtermos progresso.

                                                      O Guardião do Umbral


  A primeira prova, ou ordália, nesse sentido é a que chamamos o Guardião do Umbral. Isso é algo que ocorre nos mundos internos, nos mundos superiores, onde o aspirante tem de invocar seu/sua Guardião do Umbral e desafiá-lo, ou conjurar o Guardião sem guardar qualquer medo em seu coração. Uma imagem animalizada aparece e pode ser terrificante ao aspirante. Se ele se acovarda, então, obviamente, estará incapacitado de trabalhar-se a si próprio e terá falhado naquela prova. Se isso acontecer, então o aspirante precisará meditar mais acerca daquilo. Estar habilitado a passar naquela prova é estar habilitado a ver aquela imagem sem se amedrontar com ela; é passar por ela. Isso acontecendo significará que o aspirante estará habilitado a arregimentar-se contra seu próprio ego, a olhá-lo sem sentir medo, e será capaz de trabalhar-se a si próprio, mover-se para adiante. Esse é de fato o primeiro passo.

  Outra possibilidade é que o aspirante (ele/ela) que está tentando trabalhar-se a si próprio, procurando seu desenvolvimento, venha interessar-se por várias doutrinas espirituais e enamorar-se de uma delas que realmente não trate de conduzir à iniciação. Escolas desse tipo falam sobre coisas espirituais, mas ao invés de o Guardião do Umbral ser o inimigo a se ultrapassar, eles pretendem que esse “guardião” seja o protetor do umbral, o nosso verdadeiro ser, e que o ego seja o verdadeiro espírito.

  Assim, alguém envolvido em magia negra, em iniciação negra, está buscando integrar-se intimamente com o Guardião do Umbral. Esse, não é sempre exatamente chamado de o Guardião do Umbral; pode mesmo ser chamado de “nosso verdadeiro eu”. A doutrina pode falar em várias diferentes coisas, mas fundamentalmente, aqueles tipos de doutrina sempre apregoam contra a castidade. Sempre falam contra Cristo. Qualquer que seja a forma de linguagem utilizada por elas, tratam de rebaixar. Falam contra Cristo e falam contra a castidade porque é somente através da castidade que alguém pode, em verdade, arregimentar-se ou tomar das armas contra o seu próprio ego, contra o guardião. Sem combustível no motor não se vai a lugar algum.

  Da mesma maneira, se não temos castidade não podemos fazer qualquer desses trabalhos; entretanto, as escolas de magia negra sempre falam belamente sobre como devemos reverenciar ao guardião e mesmo tentar nos integrarmos a ele. Dizem que o guardião é nosso protetor. Algumas escolas tratam-no como “O Sagrado Anjo Guardião”, contrariamente ao que nós, gnósticos, chamamos de Anjo Guardião. São meras palavras, porém eles o chamam de anjo guardião, nosso guardião, e dizem que nós queremos nos conectar com ele e proteger aquilo. Então, o que acontece nesse sentido é que se existe uma aspiração espiritual, mas o aspirante está numa escola de magia negra, ele, ao tentar integrar-se ao guardião, busca despertar e até observar-se de dentro do ego.

  Qualquer um que esteja envolvido numa escola de magia negra estará tentando desenvolver sua mente, procurando despertar. Não será removendo qualquer desejo, mas se integrando àquele [principal] desejo. Eles estarão tentando despertar, se tornar conscientes daquela energia que detém egoísmo ou ódio, dizendo que podemos permanecer focalizados no ódio, no desejo: direcionarmo-nos ao desejo e não à libertação dos desejos. É assim que eles começam a despertar. Eles observam seus desejos e os reforçam, integrando-se intimamente, tentando alcançar um tipo de vínculo entre a alma e o ego.

  Naturalmente, isso é um processo que, em última análise, causará muitas dores e sofrimento, uma vez que sob o ego e alma está a essência que pertence à sexta dimensão e vem do Absoluto. Então, eventualmente, aquelas coisas estarão sendo retiradas dali por um processo doloroso. Pode levar dias cósmicos, dependendo do nível de iniciação que a pessoa alcançou naquele particular.

  Há diferentes tipos de magos negros. Em alguns casos, uma pessoa se desenvolveu em iniciações Crísticas, então constituiu corpos solares, veículos relacionados com mundos internos: eletrônicos, veículos Crísticos. Se aquela pessoa então cai, inverte o desenvolvimento, ou reforça o ego; então ela terá duas polaridades. Uma polaridade estará relacionada com a alma, que é decaída, e a outra polaridade estará relacionada com o espírito que tem desenvolvimento e pode ser um mestre. Esses tipos de magos negros são os piores. São, absolutamente, os piores porque são muito diabólicos e muito poderosos. Falamos sobre eles numa anterior palestra; são chamados hasnamussen. Hasnamussen é o plural, hasnamus é o indivíduo.

  Há diferentes níveis de hasnamussen. Alguém com ego pode ser chamado um hasnamus, porém os hasnamussen reais são aqueles que alcançaram iniciações, desenvolveram corpos solares e então caíram por razões que temos discutidos noutras palestras. O único caminho para desenvolver aqueles corpos é através da castidade, assim, sob uma determinada visão, aquelas pessoas devem ter sido castos no sentido de conseguirem desenvolver aqueles corpos.

  Contudo, pessoas que não tenham esses corpos podem ainda desenvolver poderes através da mente. Podem ainda dar poderes aos seus egos, mas não terão os corpos solares. Essas pessoas [a despeito de não terem os corpos solares] podem despertar e deter poderes, sendo capazes de manipular pessoas aqui neste mundo físico ou manipulá-las num sentido arguto. Elas podem ser capazes de colocar as pessoas para dormir, hipnotizarem-nas e as fazerem fascinadas com qualquer coisa que disserem. Podem dar presentes com maldições no intuito de ferir as pessoas por diversas razões. Podem fazer um jogo e controlá-lo plenamente.

                                                          As Quatro Ordálias

  Assim temos esses dois lados do Guardião do Umbral. O iniciado branco ou iniciado Crístico estará indo tentar vencer o guardião, ao passo que o mago negro estará indo tentar dar poderes ao guardião e ele/ela verá o guardião como o seu próprio eu. Se vencermos o Guardião do Umbral, não estaremos realmente destruindo-o. Estaremos, exatamente, derrotando-o numa simples batalha. Passar nessa ordália é nada mais do que a primeira parte do processo de matar o guardião. Tendo sucesso na ordália, nos será dada a primeira das ordálias relacionada com os quatro elementos. Eis aqui a figura representativa das provas do fogo, ar, água e terra (de Atalanta fugiens, por Michael Maier)
four-ordeals
  O iniciado ou o aspirante com suas armas está tentando vencer aquelas ordálias. Podemos ver que essa é a mesma pessoa; é a pessoa lutando com ela mesma. Isso é um trabalho alquímico; é um trabalho de auto desenvolvimento que simbolizamos através desses quatro elementos. Há vários tipos de ordálias.

  A ordália do fogo é algo que nos deixa o sangue fervendo. Se alguém nos calunia, nos pragueja, nos envolve em fofocas ou nos critica, como manobrar com isso? Isso faz-nos o sangue ferver? Devolvemos isso com ódio? Estamos capacitados a beijar o látego do executor, como o Mestre estabelece? Estamos prontos a devolver o ódio com amor e serenidade? Não com falsa serenidade, porém com verdadeiro coração pacificado? Isso é transformar aquela experiência. Isso é ir-se através da ordália do fogo. A ordália do fogo, no entanto, pode não ser somente num único momento. Se for o caso de alguém nos estar caluniando repetidas vezes? Isso devora nosso coração, faz-nos sentir sofrimento?

  Essas ordálias podem ocorrer fisicamente ou internamente. Se estivermos trabalhando com a nossa consciência, com a transmutação da energia sexual, então estaremos começando a despertar, através de pequenas experiências, coisas que parecem como sonhos, porém são diferentes. Elas são mais despertas, mais espirituais e mais poderosas. Essas são experiências despertas no plano astral. Podemos ter experiências em que somos queimados: postos para queimar. Isso é uma representação simbólica de penetrar através de uma ordália.

 Podemos exatamente ser caluniados no plano astral como um teste para avaliar se conseguimos passar por aquela ordália. No plano astral acessamos nossas emoções sutis muito mais diretamente; não podemos nos esconder delas. Aqui no mundo físico podemos compartimentalizar nossas emoções. Podemos achar que não estamos zangados, embora, em realidade, estejamos muito zangados.

  Pessoalmente, tive experiências no plano astral onde fiquei realmente zangado. Eu acordei e me dei conta de que uma pessoa estava me caluniando no plano astral. Não imaginei que ficaria tão zangado, mas realmente fiquei. Aquela experiência mostrava-me que eu não estava preparado para manobrar com aquela crítica. Obviamente, não passei naquela particular ordália. Aquela foi uma ordália do fogo. Aquilo significava que eu tinha de sentar-me e meditar. Precisava refletir sobre a situação, buscar mais fundo e ver o que eu estava acessando. O que significava?

  Se não passamos na ordália, então haverá de nos ser dada novamente. É-nos repetida, provavelmente de modo mais rigoroso. Necessitamos aprender a lição: ter as consequências demonstradas mais claramente. Algumas vezes, precisamos levar seguidas pancadas na cabeça para que entendamos o que de fato realizar.

  Ordálias do ar estão relacionadas à nossa mente porque o ar é o símbolo da mente. No sentido de passar nisso precisamos nos elevar acima das situações difíceis. Por exemplo: lembro-me de algo acontecido comigo no plano astral onde eu via nuvens sobre mim e elas eram muito poderosas. Pareciam de concreto. Uma fileira completa de densas e grossas nuvens veio da esquerda e outra fileira veio da direita. Elas terrificaram-me. Vieram de ambos os lados e bateram uma na outra pelo meio, diretamente sobre mim, explodindo e precipitando granizo. Eu não sabia o que fazer, porém, por sorte, encontrei um caminhão próximo a mim e nele protegi-me. O caminhão balançava enquanto era atingido e golpeado, porém eu estava a salvo. Mais adiante, o granizo parou e eu abri o caminhão olhando para cima, verificando que o céu estava belo. Essa experiência teve relação com uma ordália. É interessante observar a tese e a antítese em nossas mentes: duas teorias competitivas ou ideias que não sabemos como movimentá-las. Elas nos causam angústias. Num momento estamos pensando numa coisa e no momento seguinte estamos pensando noutra coisa. Assim, encontrar refúgio no veículo da Gnose é o caminho de adentrar nas batalhas da mente que suportamos.
  Também experienciamos ordálias da água. A água tem a habilidade de mudar as circunstâncias facilmente; é capaz de fluir através de diferentes circunstâncias. A água se relaciona mais particularmente com nossa energia sexual e também com nossa habilidade de nos adaptarmos.

  Ordálias da Terra podem estar relacionadas com nossa existência física na vida mundana. Devemos ser capazes de superar as tarefas mundanas diárias sem nos tornarmos por elas fascinados nem sermos arrastados. Ordálias da terra podem estar relacionadas com nossa preguiça, com a fascinação em ganhar dinheiro ou com gastarmos em coisas materiais que não tenham nada a ver com o espírito. Devemos ser capazes de superar tudo isso.

  A terra está relacionada com os gnomos. Os gnomos são trabalhadores muito diligentes que trabalham para extrair ouro. Se passarmos pela ordália da terra, então somos iguais aos gnomos extraindo o ouro.

  Assim, passamos por essas ordálias. Mas, na realidade, em cada ordália das quatro pelas quais passamos inicialmente, ou nas ordálias de qualquer iniciação menor ou maior, o progresso alcançado estará relacionado com um daqueles quatro elementos ou pelas suas combinações. Não imaginemos que haja somente dessas quatro ordálias e quando as tivermos completado teremos chegado às iniciações menores, e que as iniciações maiores nunca manobram de novo com os quatro elementos. Cada ordália está relacionada com seu elemento a um nível ou a outro. Continuamos a passar ordálias a níveis cada vez mais sutís.

                                                Iniciações Menores e Maiores

  Após essas quatro ordálias iniciais os candidatos são postos no caminho das iniciações menores: dos mistérios menores. Há nove mistérios menores. Qualquer um que esteja praticando em castidade pode alcançar isso. Os nove mistérios menores estão relacionados com as primeiras nove Sephiroth na árvore da vida. Passamos por elas trabalhando em castidade, através da meditação e através da transmutação. São-nos dadas ordálias, são-nos dadas certas experiências, e com ajuda começamos a aprender sobre nós mesmos, e somos testados. É sempre um processo de nos aprofundarmos em nós próprios e observarmos o que se externará.

  Pensemos de um Alquimista pondo todos os elementos em ebulição e a observar o que se extrairá deles. Se os elementos não entram em ebulição não conseguimos seus extratos. Assim, nossas vidas nesses momentos precisam afundar em ebulição, a fim de que seja extraído o conhecimento consciente delas e abandonemos o restante. O que precisamos remover é o ego, destruí-lo, mas nosso ego detém nossa essência e nossa essência detém aquela experiência de estar no ego. Pelo aprendizado ganhamos sabedoria, ganhamos amor e compaixão. Ao aprendermos isso estaremos habilitados a extrairmo-nos a nós próprios daquele ego e destruí-lo.

  Nesse prisma, passamos por nove iniciações dos mistérios menores e após estaremos colocados no caminho dos mistérios maiores. Contudo, no sentido de alcançar os mistérios maiores, necessitamos estar não somente castos, mas também em cooperação sexual. Os mistérios menores podem ser conquistados por qualquer pessoa, solteira ou casada, porém ele/ela precisa estar em castidade. Quando se alcança a nona iniciação dos mistérios menores podemos continuar a desenvolver por nós mesmos, a meditação e a transmutação, trabalhando para reduzir cada vez mais o ego.

  Os mistérios maiores, contudo, requerem uma esposa para gerar mais energia. É através dos mistérios maiores que desenvolvemos os corpos solares. Daí em diante, outros tipos de iniciações acontecem. Há vários tipos de caminhos; há o caminho da espiral e o caminho direto. Há veículos relacionados com o topo do triângulo da Árvore da Vida. Mas tudo isso está relatado noutras palestras. Esta palestra é unicamente uma introdução que define iniciação.

  Em resumo, devemos estar habilitados a discernir a diferença entre iniciações em direção a Cristo e iniciações em direção ao ego ou demônio. Não é porque uma escola pareça espiritual que signifique alguma coisa real. Temos de investigar internamente porque isso é muito subjetivo. Elas podem estar passando uma doutrina que pareça muito espiritual, mas não estando a falar sobre o uso da energia sexual no sentido de criar a alma não iremos ganhar muito com esse tipo de ensinamento.

  Muitas escolas são meditativas. Há estúdios de yoga que fazem somente meditação no começo; isso é bom.  Desenvolvem a observação e a prudência; isso também é bom. Mas quanto à luxúria e vaidade ostentadas enquanto engajados na prática? Podemos também desenvolver a atenção e concentração enquanto lavamos pratos. A concentração é necessária, mas se uma pessoa está gastando sua energia sexualmente como irá desenvolver a energia emocionalmente? Como será capaz de desenvolver um coração compassivo? Isso provém do centro sexual. Nossa energia sexual é a energia básica que cria tudo de nossas experiências espirituais. Começa com Yesod, a fundação. Eis porque estarmos sempre a falar sobre isso e não nos cansarmos de esclarecer que necessitamos trabalhar com a energia sexual.

                                                    Por um Instrutor Gnóstico

                                                            [Segue Parte III]
  
  Fonte: Beginning Here and Now: Christic and Demonic Initiation PDF.
               Gnostic Teachings

Tradução Inglês/Português: Rayom Ra

Rayom Ra
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