Entendemos uma aliança como a forma de um compromisso mútuo ou de um pacto entre partes. Admitamos que o Deus IHVH resolvesse fazer uma aliança com o povo judeu a fim de estabelecer o monoteísmo na Terra. Mas em todas as aparições aos protagonistas Deus jamais solicitou a colaboração voluntária deles, antes os informou que eram escolhidos e deveriam realizar o que Ele determinaria. A contrapartida humana se daria através da fé e obediência e se procedessem como mandado veriam Sua glória entre o povo.
Essa disposição representou propriamente mais que um pacto entre partes, mas uma imposição superior. Em termos espirituais, talvez pudéssemos definir a intenção de IHVH como instrumento definitivo para obrigatória oblação e sacrifício judeu. Nesse caso, não seria de fato uma aliança espontânea e nem os motivos reais de tal aproximação e inferência divina seriam revelados. Eis um mistério!
A aliança, no entanto, como citada no Pentateuco, caracterizaria definidas etapas que iriam gerar marcantes e sucessivos acontecimentos como capítulos de uma história adrede delineada. Começaria, talvez, desde Adão, passando por Noé, Abraão, Isaque, Jacob e por Moisés, terminando finalmente com Josué em Canaã. Seriam, nesse caso, sete situações maiores sedimentadas com o sangue semita. E como cada uma dessas etapas desdobraria novos e definitivos rumos na história, preferimos definir essas variações como necessidades impostas a fim de reafirmar e levar adiante o roteiro básico com diferentes personagens, fossem eles principais ou secundários, ou intra-relacionados. Assim, com o tempo, Deus firmaria novas alianças, que repercutiriam nas gerações presentes e futuras dos judeus semitas, visando sempre tangíveis resultados.
Ao analisar o Pentateuco e concentrar nossa atenção nas situações decorridas no êxodo, por ser o êxodo, talvez, o maior dos eventos épicos na história semita, acusamos a evolução de quatro grandes e significativos momentos nascidos das novas alianças. Os enfoques, por si sós, representariam os quatro grandes impulsos sedimentares para as aquisições de outros valores sócio-religiosos pelos hebreus. A cada uma daquelas alianças, - reforçamos, - se acentuariam contextuais decorrências perfeitamente segmentadas sob a égide de um determinismo perfeitamente encadeado.
Acreditadas ou não, as narrativas bíblicas ressaltam, a nosso ver, a incontestável sabedoria de Moisés cimentada por uma invejável cultura sacerdotal.
Embora sistematicamente lenta através dos milênios, a marcha evolutiva humana em todo o mundo, atingiria periódicos e destacados ciclos de transições. Nesse prisma, os fatos históricos catalogados ao longo do tempo, evocariam também com certa freqüência elementos culturais e religiosos que sob muitos aspectos foram reveladores de mútuas identidades entre os povos. Daí, podermos concluir e reafirmar que alguns episódios transcritos nas páginas do Velho Testamento, recomendam-nos uma olhadela aos hábitos religiosos dos egípcios.
Se a Bíblia é ou não uma espantosa obra ficcionista, é outra história e discussão. Mas os delineamentos progressivos de seus textos conduzem os personagens semíticos a transitar com freqüência de um pólo a outro por importantes conexões de práticas egípcias. Além do Pentateuco, essas similitudes percorrem outros livros e crônicas do Velho Testamento, insistimos nesta convergência.
É possível admitir-se a sabedoria humana sacerdotal de Moisés sendo a todo o momento testada ou estimulada por um Deus sabedor a longuíssimo tempo das nuances anímicas dos vários povos da antiguidade. A visão de IHVH se materializaria e obraria através do conteúdo cerebral de Moisés. Desse modo, ambos empreenderiam enormes esforços no sentido de implementar elementos mais bem trabalhados para um novo ciclo sócio-religioso judeu.
É sempre bom relembrar que escravos não tinham tanta liberdade para cultos religiosos, senão para aqueles permitidos por seus senhores. Esta oportuna observação implica no entendimento de uma perda de identidade idiossincrática e uma consciente ou inconsciente assimilação de outros valores dos povos dominadores.
Por mais de 400 anos a inicial mensagem de IHVH a Abraão, sobre a multiplicidade de sua descendência, pareceria ter caído no esquecimento. Esse mesmo fato se daria com a revelação de Deus a Jacob acerca das doze tribos de Israel que herdariam Canaã.
Moisés surgiria então como o grande pilar, a ponte vertical entre o Deus de Israel e seu povo a fim de fazer cumprir a promessa a Jacob em Betel. Notemos, no entanto, que Deus falaria a Jacob sobre Canaã numa visão futura, não definindo na ocasião o tempo ou data do acontecimento. As principais consecuções das promessas aos hebreus tomariam vulto séculos depois, a partir do solo egípcio, continuando numa vertente planejada para a consecução final, visto as novas alianças, todas elas, ensejarem acontecimentos espírito-matéria. O Livro do Êxodo relata que a primeira e substancial aliança de IHVH com os hebreus aconteceria justamente na libertação do jugo egípcio, com todas as implicações entre Moisés e Ramsés II.
Por outro lado, podemos entender a proximidade cronológica dos cultos a Aton e a IHVH como tentativas reais e verdadeiras de se estabelecer definitivamente o monoteísmo.
Rayom Ra
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