terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A Natureza e a Mãe Divina (1)


A mitologia grega nos diz sobre muitos deuses e deusas. Na tradição gnóstica, sabemos que os deuses e deusas são simbólicos e representam forças e inteligências operantes na natureza. Todos esses mitos codificam verdades simbólicas. Há, verdadeiramente, deuses e deusas, porém, ao mesmo tempo, representam alguma coisa dentro de nós.

A DEUSA, A MÃE DIVINA NATUREZA

  Nos mistérios gregos, Gaia ou Gaea é um dos nomes da Mãe Divina, Gaia é a Mãe Natureza, ou o Planeta Terra. Esse símbolo detém um significado espiritual profundo, com muitos níveis no seu entendimento. Gaia não representa meramente o literal planeta físico. Gaia representa forças da natureza: leis e inteligências que funcionam em cada nível do cosmos.

Gaia or Gaea, the Divine Mother Goddess

  Para aqueles como nós que temos um sério interesse no desenvolvimento espiritual, esse símbolo manifesta uma importância em particular, uma vez que Gaia é aquela que nos cuida, ajuda-nos, guia-nos e nos provê com tudo o que necessitamos a fim de alcançarmos nosso objetivo do desenvolvimento espiritual. Gaia é nossa Mãe Divina.

  Infelizmente, a humanidade esqueceu-se de sua Mãe. Nessa tão falada era moderna tem-se uma visão comum de que somos auto-criados. Temos agora a característica em nossa cultura de nos sentirmos “acima da natureza”, para além dela. Vivemos o nosso cotidiano como não necessitássemos da natureza. De algum modo, chegamos a esse ponto de nossa história, de nossa civilização em que ignoramos a natureza. Em verdade, nossa tendência é evita-la.

  Ao observamos nossa existência diária, podemos verificar que o gênero humano deste planeta distancia-se fortemente de sua Mãe. Ao vermos o tão chamado avanço civilizatório com o tão chamado avanço tecnológico, e mais caminhemos pensando aumentar esse suposto avanço, tanto mais nos distanciamos de nossa Mãe.

  Hoje em dia é-nos raro tocarmos o solo, a terra, estarmos conscientes do ar que respiramos. Na atualidade, estamos cercados durante todo o tempo por coisas sintéticas. Nunca tocamos a natureza. O que usamos, a roupa que vestimos, no que nos sentamos – tudo está manufaturado por fábricas. Quando de fato tocamos a terra, o solo, as plantas, a grama?

  Por todo o planeta, em todos os países, a humanidade crescente não pode mais sobreviver na natureza como nós pudemos. Atualmente, para aquilo que entendemos de um ser humano conseguir existir, ele não pode mais cultivar, nutrir a terra, criar animais e viver. Nesse momento, está cada vez mais ampla a impossibilidade de nos integrarmos e sobrevivermos com a natureza. A sociedade e as crescentes complicações da vida estão tornando aquelas coisas impossíveis para a sobrevivência. Nesse contexto, para os seres humanos manterem-se e às suas famílias, eles precisam abandonar a natureza e irem viver nas cidades. Eis porque pelo planeta inteiro as cidades estão se expandindo e o expandimento da natureza vem diminuindo pela falta de pessoas. As cidades menores, as áreas rurais, as populações estão rapidamente esvaziando, morrendo. Nas cidades, as populações estão crescendo e qualquer superfície está sendo coberta com concreto, metal ou vidro – coisas duras, sintéticas, manufaturadas. Nós não tocamos a terra. As pessoas da cidade ficam, assim, com medo de andarem na terra, de sentarem-se na grama; temem às águas de lagos, rios ou oceanos.

  Vestimos-nos com coisas sintéticas. Viajamos sempre em carros e gastamos nosso tempo em lojas de shoppings e escritórios com nada vivo em torno de nós, envoltos e vestidos por coisas mortas. Nossos lares estão cheios de coisas mortas – plásticos e metais, química sintética. Pensamos que isso é progresso; pensamos que é normal, mas as consequências de todas essas coisas estão se tornando visíveis por toda a parte.

  Gaia, a Deusa Mãe, representa as forças da natureza que dão crescimento a toda vida. Tudo o que esteja vivo vem Dela. Nos antigos hinos orfeicos, encontramos um muito belo escrito para Gaia. O hino tem cerca de 2300 anos.

  “Ó, Mãe Gaia, manancial dos Deuses e homens, dotada com a fertilidade, e com todas as forças destrutivas: Toda-Mãe, delimitadora, cujos poderes prolíficos produzem quantidades de frutas e flores”.

  “Veladora da Imensa variedade, imortal e poderosa suporte do mundo; eterna, abençoada, coroada de toda a graça; de quem, do grande útero, as intermináveis raízes, os frutos de muitos formatos amadurecem e plenos de júbilo abastecem”.

  “Profunda, amada, doadora de terras gramíneas, de doces odores e com chuvas fartas”.

  “Toda-Deusa em flores, centro do mundo, que em redor de teu orbe as belas estrelas se arremetem em rápidos mergulhos; eterna e divina, cujas formas com incomparável ciência e sabedoria reluzem”.

  “Vem, abençoada Deusa, ouve minhas preces e torna sempre mais frutuoso teu constante cuidado; com estações férteis em tua permanente proximidade e, com propiciosa mente, ouve teus suplicantes”. – Hino Órfico 26 para Ge, C3rd B.C. para 2º. A.D.

  Gaia representa a natureza – não uma pessoa. Mas a natureza no seu todo. Então vemos que natureza é inteligência. A natureza não é estúpida, A natureza é extremamente complicada, muito bela e terrificante. A natureza é a força que está além da nossa compreensão. Do maior orgulho que tenhamos de nossa civilização e realizações, mal conhecemos a natureza. Sequer sabemos da natureza de nossos corpos. Mal entendemos o que significa estarmos vivos.

  Logo na primeira seção daquele escrito é dito que Gaia é o manancial dos homens e deuses. Assim é por que todas as coisas viventes em todos os níveis da natureza vêm da Mãe Divina, sem exceção – mesmo os Deuses. Cada criatura vivente, desde a menor partícula até ao grande universo, é tudo meramente uma parte de seu corpo. Essa é a questão que devemos abranger: a incrível complexidade da Mãe Divina.

  Falamos de Gaia como o planeta Terra e isso é verdade e relevante. Mas Gaia é também, Prakriti, o útero do espaço. É a sua própria existência. A Mãe Divina é matéria, energia. De fato, seu nome em latim é Mater, de onde provém a palavra matéria.  A mais antiga palavra em quase todas as línguas é também a primeira palavra que dizemos quando somos crianças: Ma. Em línguas ao redor do mundo, as crianças chamam suas mães de Ma ou Ama. Isso é Mater, Mãe, Maria, Ma. Nas culturas asiáticas: e Índia, China ou Tibet, Ma é Amma. Então, esta palavra é universal.

  A Mãe é a presença dessa força criativa divina em todas as coisas. Na exata medida em que temos uma mãe humanoide física, o planeta é nossa mãe; o sistema solar é nossa mãe; esta galáxia é nossa mãe; o universo é nossa mãe. A Mãe, a Mãe Cósmica, detém muitos níveis. Além do mais, em sendo, provavelmente, da maior importância, temos nossa própria Mãe Divina individual. Dentro de nós está uma confluência de forças da natureza, uma condensação da Mãe Cósmica, relacionada com nosso raio específico. Em outras palavras: é nosso mais profundo íntimo Ser, como Deusa. Ela é nossa Mãe, nossa pessoal Gaia, Ela é aquela que de vida para vida, e para vida, e para vida, por incontáveis eras, nos tem dado vida – não somente nessa forma humanoide, porém em cada forma que tenhamos tido. Temos uma Mãe Divina que é a mesma pela eternidade. Ainda assim, quem dentre nós lembra da sua face? Sabe Seu nome? Aspirou Seu perfume? Ouviu Seu riso? Escutou Seu choro? Todos nós a temos, mas a esquecemos por que estamos com nossas consciências adormecidas.

  Nossa pessoal e individual Mãe Divina é um aspecto particularizado da Mãe Cósmica, do mesmo modo que nosso raio, nosso mais profundo Ser é um aspecto particularizado do Ser Cósmico. A gota d’água é nada mais que parte do oceano. Da mesma forma, nosso Ser, nossa Mãe Divina, é uma porção do aspecto universal. Existe uma relação. Há unidade e multiplicidade. Há identidade e o aspecto em comum. Necessitamos compreender essas distinções, para então não ficarmos confusos.

DIMENSÕES DA NATUREZA

  Eras atrás, quando a vida se particularizava neste planeta que chamamos Terra, Gaia, a Mãe Divina – Ela organizou a natureza em seu útero – e este planeta nasceu. Este planeta é também uma Mãe Divina, nascido de sua própria Mãe. Nele, encontramos vida abundante, gigantescos complexos muito além de nossa compreensão, com muitos, muitos níveis de vida – não somente níveis físicos, porém níveis multidimensionais. Tudo desta existência é um vasto sistema que está altamente organizado. Possui um objetivo específico e meta, sobre o que não temos ideia. Nós chegamos ao estágio de nossa civilização em que achamos que a natureza existe unicamente para nos brindar; que a natureza é exatamente nossa caixa de areia para que a utilizemos e a destruamos a nossa vontade. Reincidentemente, a evidência disso está em todas as partes. Mas, verdadeiramente, a natureza tem um propósito, uma função, assim como cada criatura que vive nela. Tudo se encontra organizado, porém para além de nossa visão, de nosso olhar.

  O aspecto físico da Terra é somente um dos aspectos. O que vemos no aspecto físico é a terceira dimensão. O aspecto físico é o mais novo. O planeta físico que existe na terceira dimensão não tinha aparecido aqui por um tempo imenso, comparativamente ao tempo cósmico. Ele é relativamente novo e isso significa milhões de anos para vocês e para mim, o que nos parece um longo tempo, que, no entanto, na escala temporal de nossa Mãe Divina não é muito.

dimensions on the Tree of Life

  Antes que o planeta estivesse na terceira dimensão, estava na quarta, na quinta, na sexta e além, sucessivamente. Ao estudarmos a Árvore da Vida, a Cabala, vemos que as sefirotes descem numa escala de crescente densidade. Aquelas sefirotes se demonstram em como a energia desce e se cristaliza em matéria, gradualmente se tornando mais densa. Do mesmo modo, assim como a energia desce do útero da Mãe Divina, torna-se cada vez mais densa e cada vez mais complexa.

  Em eras passadas, esta Terra encontrava-se somente na quinta dimensão; não sendo ainda física. Então, movia-se pela quarta dimensão (etérea), chamada Éden. Do Éden cristalizou-se em mundo físico. Isso está acima de impensáveis medidas de tempo – medidas essas que mal podemos compreender.

  A cristalização da matéria e energia serviu toda como um veículo de canalização de forças. Ao estudarmos como a energia desce da Árvore da Vida, através da multidimensionalidade, vemos que o procedimento é de tal forma que o raio descendente da consciência pode conhecer-se. Esse raio desce em graus maiores de complexidade e cada vez mais vem manobrando com leis complicadas, e desse modo obtém sabedoria. Então, tendo alcançado aquele limite, ele volta para cima mais sábio – desenvolvido – tendo realizado alguma coisa.

  O objetivo dessa descida e subida é de que aquela primordial e virginal centelha de consciência, que emerge de Ain Soph – o Absoluto, ou o Prakriti – desça para a natureza a fim de aperfeiçoar-se e se torne um anjo, um deus. Isso significa que aquele raio de luz desce lá de cima para o abismo; nasce como um deus e cresce de volta. Esse é o drama universal em todas as religiões. Essa é a história do Natal, de Cristo, Baldur, Odin, Héracles, Apollo. Todos os grandes deuses em seus únicos objetivos representam esse mito: em como uma centelha da consciência desce dentro de uma célula, de um embrião: nasce, morre, ressuscita, ascende e se transforma em um novo sol, em uma nova estrela, em um novo universo, segundo o seu nível.

   É dessa maneira que os vemos na natureza; são ondas e ondas em centelhas de luzes que emergem do Absoluto, como de um grande oceano. Aquelas ondas saindo do útero da Mãe Divina, ondas de vida irrompendo espontaneamente do corpo cósmico de Gaia. Aquelas vidas-faíscas logo se cristalizam em matéria física para emergirem como minerais.

  Os cientistas não admitiram ainda que há vida fora deste planeta, mas admitiram minerais. Eles não chegaram a uma síntese das diferentes avenidas de suas modernas ciências: a quântica e a física. Cientistas físicos, ou astrofísicos, que estudam planetas extraterrestres e corpos cósmicos, admitem prontamente que há abundância de vida mineral no universo, o que é fato, o universo pulula com isso – pois existem minerais com todos os tipos de elementos por toda parte. Entretanto, esses físicos materialistas, ou cientistas, não entenderam ainda o que a física quântica revela e o que os físicos espirituais vêm dizendo por séculos, ou seja, que toda partícula é viva. Toda partícula tem vida. Cada coisa existente tem matéria, energia e consciência – todas as coisas em seus níveis.

REINOS DA NATUREZA

  Todos os minerais através do espaço têm em seu interior uma centelha de substância viva. Não é a mesma substância como de uma planta, de um animal ou de um ser humano, mas é mesmo assim um fogo que dá energia, poder, àquele elemento. Aquela energia no interior de qualquer elemento é força vital; é consciência em cada simples partícula.

planet earth

  Bem, se olharmos para o nosso planeta, a nós parecerá muito grande, uma massa gigantesca, e a maior parte dele são minerais. Unicamente, um pedaço muito estreito da sua superfície tem outros tipos de vida. Todos aqueles minerais são formas de vida expelidas da Mãe Cósmica, estando a desenvolverem-se em hierarquias ou modelos organizados. Agora, entendamos isso: o elemento físico é exatamente uma concha. Ferro, enxofre, qualquer tipo de rocha, qualquer tipo de cristal, ouro, prata, todos os metais, são precisamente conchas através das quais a consciência entra e sai, assim como nós. Nossos corpos nascem e morrem. Minerais nascem e morrem, porém numa escala de tempo diferente da nossa – bem diferente.

  Minerais são vidas. Hospedam a consciência de almas muito jovens: elas são extremamente simples, sem mentes como imaginamos ser a mente. Em tempos recuados, há muito tempo, quando a humanidade não era tão densa, podíamos vê-los. Nós os chamávamos anões, gnomos, pigmeus, duendes – diferentes nomes para essas pequenas criaturas que habitavam certos tipos de elementos.

  Pouco a pouco, ao longo de muitas e muitas eras, de muitos estágios do desenvolvimento, aquelas almas aprenderam. Cresceram: se desenvolveram; avançaram – não estamos nos referindo ao corpo, o elemento material, mas à alma, a consciência, a energia que está naquele corpo. Pouco a pouco elas avançaram. Eis porque há hierarquias nos metais.

  Muitos elementos que já começamos a mapear na ciência, dos mais simples aos mais pesados, representam a escala pela qual aquelas centelhas de consciência estão se elevando e as suas inteligências. Os metais mais valiosos – em termos de valores naturais – são aqueles que estão mais avançados. Um diamante, por exemplo, é relativamente raro, mas é um mineral avançado. O ouro, do mesmo modo; a prata. Há diferentes metais, diferentes elementos que representam uma ascensão através das hierarquias daquele nível da natureza. Eles têm poder, têm energia e é por isso que os colhemos e os usamos – devido à energia que está dentro deles.

  Certos elementos têm mais energia que outros. Sabemos disso. Na verdade, não podemos viver sem eles. Bebemos água, nos alimentamos a fim de obtermos aqueles minerais, os elementos para nossos corpos. Essa é a base da vida. Eis porque os minerais, a terra, é chamada de o corpo da Mãe. O leite que nos nutre vem dela – a Mãe do leite. São os oceanos. São os gases. São todos os elementos na natureza que sustentam nossa real existência. Todos esses elementos, todos esses átomos, são vidas. Eles estão vivos. Ainda assim nós os tratamos como se fossem nada. Essa é a demonstração de nossa profunda ignorância. Vemos nossos antigos ancestrais e alguns nativos modernos, lembrando ainda que a Terra é sagrada. A Terra é nossa Mãe; a Terra devia ser tratada com respeito. Nós não temos o direito de pilhar nossa Mãe. Sim, fazemos isso.

  Todos nós testemunhamos o que aconteceu no Golfo do México: um terrível crime contra o planeta. O que é a extração do óleo? É sugar do planeta seu sangue de vida. O sangue é óleo. Perfuramos um buraco no corpo da Terra e a Terra está sangrando. Por que fizemos isso? Nós gostamos de culpar as grandes corporações e governos por isso, mas a única razão deles terem feito isso foi porque queremos dirigir nossos carros, queremos comprar mais plásticos, e queremos coisas que o óleo faz; até mesmo nossas roupas dependem da produção de óleo. Então, a violação e poluição da Terra é nossa culpa. As companhias e os governos estão somente fazendo isso por que os estamos pagando para que façam. Nós, como uma humanidade, estamos pilhando a Terra, Não “eles”, não “aquelas outras pessoas”; somos nós. Necessitamos absorver isso seriamente e reconhecer esses fatos.

  Todos os minerais do planeta contêm a essência da Mãe Divina, a força vital. Nessa força vital, vemos a evolução das conscientes centelhas movendo-se através dos reinos de todos os diferentes tipos de minerais. Quando qualquer essência, uma consciência, aquela centelha de inteligência, obtém suficiente conhecimento naquele reino, é-lhe dada o direito da graduação, de ser iniciada em um novo reino: o reino vegetal.

  O que emerge do solo? Uma vida superior, mais complexa, uma vida que necessita daquele solo, os minerais para sustentarem-se, porém ela continua edificando algo ainda maior. Plantas são superiores aos minerais, mas dependem dos minerais. A essência espiritual em uma planta encontra-se mais evoluída do que aquela em um mineral.

  Não há tantas plantas quanto há minerais. Não há muitas almas que sejam avançadas naquele nível. Entretanto, há muita quantidade de plantas e formas de vida que pertencem ao reino vegetal. Plantas são corpos físicos que armazenam centelhas de consciência que são mais avançadas que minerais. Aquelas centelhas de consciência usam seus corpos físicos em forma de plantas para obterem os minerais e os transformá-los em seus corpos. Vemos assim que as plantas, em seu próprio reino, obtêm os minerais da água, do ar, do solo, e os transformam. Elas criam nova e bela vida.

  Subsequentemente, as almas de plantas que se desenvolvem graduam-se alcançando o reino animal. Há, com certeza, menos animais do que plantas. Os animais dependem das plantas para viverem. Existem muitos níveis de animais – muitos reinos, muitas hierarquias dentro desse reino.
  
kingdoms of nature

  Então, conseguem ver um vasto triângulo crescendo aqui? A fundação é toda ela, os minerais. O nível seguinte, mais elevado, embora menor, é as plantas. O próximo nível, ainda menor, é os animais. Entretanto, todos os níveis são interagentes. Eles necessitam uns dos outros, sustentam-se mutuamente – uns não podem viver sem os outros. Os minerais são transformados pelas plantas para virem criar os corpos destas. As plantas são transformadas pelos animais para virem criar os corpos destes. Podemos ver um vasto e belo ciclo que é perfeitamente equilibrado – bem, pelo menos costumava ser. Seguindo então, aquelas almas animais que por milhões de anos evoluíram através de corpos animais, chegando ao ápice deste reino, graduaram-se alcançando o reino humanoide. Esses somos nós.

  Somos meramente animais que entraram em um novo nível, no qual podemos nos desenvolver mais. O problema é que ignoramos isso, e ao invés, estamos nos tornando piores que os animais. Em vez de avanço, estamos degenerando, e ao longo de nossa caminhada estamos destruindo tudo a nossa volta. A harmonia, a interdependência, o belo relacionamento entre os três reinos menores está se acabando. Nós do reino humanoide não respeitamos os irmãos e irmãs mais jovens. Por causa da escravização pelo desejo e por conta de nossa profunda ignorância sobre os efeitos de nossas ações, os destruímos. Nós os esmagamos, os torturamos, abusamos deles, os violentamos. Nós os estamos exterminando, os poluindo. Estamos acabando com a vida por toda a parte do planeta. Em toda área concebível de nossa existência, neste planeta, estamos destruindo a vida. Em nenhum lugar estamos melhorando isso, em qualquer nível. Desejaria, honestamente, que isso não fosse verdade. Gostaria de poder dizer: “encontrei um lugar onde estamos fazendo algo de bom a fim de ajudar a natureza”. Mas não vejo isso. Espero que alguém possa encontrar um lugar assim e me venha dizer.

  Estamos matando os oceanos e espalhando nossa doença a cada esquina do mundo. Estamos poluindo cada nível dos reinos inferiores. Estamos mudando geneticamente todos os animais, os exterminando. Muitos já se foram, muitos mais estão ao ponto de desaparecerem. Aqueles que restam se tornaram monstros.
                                                                                         
  No reino vegetal é a mesma história. Hoje em dia, em muitos países, um fazendeiro não pode criar o que ele queira. Ele tem de pedir permissão de uma corporação ou de um governo. Na atualidade, nenhum de nós pode sustentar-se sozinho pela produção de sua fazenda, por que criaram uma situação tal que nos impossibilita. É impossível, morreríamos de fome.

  Estamos violentando e destruindo o reino mineral. Todas as erosões, as mudanças do solo, os furacões, os tornados, os tsunamis, os terremotos – tudo isso é o resultado do que estamos fazendo com a Terra. Os cientistas ainda não admitem isso. Ainda não entenderam isso, mas entenderão.

  Tudo o que está acontecendo neste planeta se encontra associado. Nenhum elemento está isolado de outro. Os humanoides precisam dos três reinos inferiores. Por isso, os humanoides deveriam guia-los. Quando estudamos as antigas escrituras, ouvimos sempre que Adão foi criado por Iod-Havah, tomando o comando, dando nomes e organizando os animais e plantas, a fim de protegê-los, de guia-los, ajuda-los, por que Adão representa naquele contexto o nível mais avançado da natureza mecânica – o organismo humano. Não há mais corpo físico sofisticado no planeta, nem mais corpo incompreendido.

O CORPO HUMANO

O organismo físico em que cada um de nós está assentado nesse exato instante é o avanço tecnológico mais fantástico na história deste planeta. Não é o iPad, é o nosso corpo.

nervous system

  O corpo físico é uma máquina inacreditável. Ainda assim não somos nós. Aquilo que chamamos “você” é nossa alma, nossa Essência, que vem se desenvolvendo através desses reinos, por milênios. Cada um de nós foi um animal, uma planta, um mineral. E nos perguntamos: “como acontece de eu não poder me lembrar?”. Não podemos nem mesmo nos lembrar de nossos sonhos da noite passada. Nem mesmo do que estivemos fazendo na semana passada, ou onde estivemos no mês passado. Não podemos nos lembrar de nossa infância. Conseguimos nos lembrar do que aconteceu antes disso?

  Mas podemos nos lembrar se despertarmos nossas consciências, se trabalharmos com as técnicas de restauração daquelas memórias – por que as memórias estão lá em nossas almas. Assim foi como Buda Shakyamuni relatou a Jãtaka Tale centenas de histórias sobre suas prévias existências, como animais e plantas. E ele não foi o único a relatar aquelas histórias. Isso não aconteceu unicamente com ele. Acontece com todas as almas. É como a natureza funciona. Esse é um fato bem conhecido, de muitas tradições, chamado Transmigração, dentre outros nomes.

 
wheel-of-samsara

  Contudo, as essências evoluem até o reino humanoide e recebem corpos como os nossos. Porém, a alma, a mente, ficam ainda animais; recebemos os corpos humanoides a fim de nos desenvolvermos para seres humanos, mas infelizmente temos mantido mentes animais. Assim, todos esses comportamentos instintivos animais, os desejos e reações mecânicas automáticas as tornamos mais fortes. Temos intelecto, é verdade. Porém, a vasta maioria do resto que constitui nossa identidade é animal: raiva, luxúria, desejo, inveja, ciúme, orgulho, cobiça, gula, matar ou ser morto. Isso nos define, Gostaríamos de dizer algo mais, mas basta olharmos nossa civilização. O que está imperando? É competir, conquistar, matar o outro cara para que ele não me mate antes. Incorporamos essa ideia em todas as atividades da vida: em negócios, em religião. Esses não são valores humanos, são valores animais.

  Não obstante, o corpo humanoide é a mais avançada máquina do planeta. Tem capacidades de que muito mal temos sonhado. E assim é, pois quando observamos esses reinos vemos que, em cada nível, cada um daqueles corpos de minerais é um útero, dentro do que almas emergem para tornarem-se plantas. Os corpos de plantas, cada um, é um útero, dentro do que almas emergem para tornarem-se animais. Aqueles corpos animais são, igualmente, um útero de uma Mãe Cósmica, dentro do que almas se aperfeiçoam a fim de avançarem para corpos humanoides. Por conseguinte, eis porque Samael Aun Weor destaca: “a humanidade é um útero”. Mas o que virá de dentro daquele útero? A humanidade; todos esses corpos físicos são conchas dentro das quais alguma coisa está crescendo. Mas o que está crescendo em nós? Estamos nos comportando como anjos? Estamos operando no planeta da forma como os anjos operariam? Do modo como Mestres ou Deuses operariam? Estamos operando no planeta do modo como a Mãe Cósmica nos requereria que operássemos? Os anjos, os deuses vivem de momento a momento em suas existências a fim de satisfazerem os seus desejos? A fim de alimentarem suas luxúrias, suas cobiças e suas invejas? De causarem temores aos outros? De conquistarem, de roubarem, de se intoxicarem ou ficarem bêbados? Os anjos realmente se comportam dessa maneira? Animais sim, mas não seres humanos reais.

Um ser humano real é um Mestre. Um ser humano real é aquele que obteve a mestria do organismo humano, que a isso conquistou para o benefício de todos, não somente dele. Um Mestre é um anjo, um Buda. Um Buda é aquele desperto, que tem a consciência desperta, que conhece o seu íntimo, a sua Mãe Divina, conhece as leis da natureza e sabe como comandá-las. Esse que é um Mestre.
moses parting the red sea
  Um Mestre não busca alimentar seu orgulho, tornar-se um figurão, ser famoso, reconhecido, ganhar dinheiro, ter poder. Essas coisas não atraem um Mestre. Um Mestre quer guiar outros; ajuda-los a chegar onde ele está, a ter serenidade e paz, a estar em harmonia com as leis da natureza, a avançar no todo, a trazer sua família para a luz. Tenhamos em conta que todos esses reinos são nossos irmãos e irmãs. São a nossa família. São as nossas mães, pais e crianças. Mas tratamos as plantas como se elas nem mesmo existissem. Tratamos os animais como se eles não sentissem nada, como se fossem unicamente carcaças que andam. Não entendemos que um animal, uma planta e um mineral têm emoções, consciência. Eles percebem; sentem aos seus níveis. E a distância entre nós e eles não é tão grande como arrogantemente acreditamos.

  Então vejamos que o objetivo de tudo isso, desse enorme complexo e vida sofisticada que está fluindo neste planeta neste momento, tudo isso flui para cima, para dentro do reino humanoide, para dentro de nós. Dependemos dos minerais, das plantas e dos animais. Sem eles pereceríamos. A questão é: o que realmente fazemos com aquelas energias e forças? Para o que as estamos usando? Para dominarmos nossos vizinhos, matarmos uns aos outros?

  Todos amam louvar esta civilização, mas o que ela constrói? Todos amam louvar os Estados Unidos e declarar que é o maior país da história do mundo. Mas ninguém se dá conta de que os Estados Unidos foram construídos sobre as mortes de milhões de nativos e sobre os ombros da escravatura. Ninguém quer reconhecer que os países modernos por todo o mundo são construídos sob a exploração e a corrupção. Qualquer um que tenha trabalhado por temporada ou por um mínimo de ganho sabe da verdade disso. Isso não é vida. Trabalhar e não ter nada não é vida. É estar na escravidão.

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 A Natureza e a Mãe Divina - (2)

 A Natureza e a Mãe Divina - (3)

                                         

A Natureza e a Mãe Divina - (2)



O SENTIDO DA VIDA

  Este planeta inteiro e todas as formas de vida nele contidas é uma grande pirâmide de coisas vivas, porém nós não estamos no pináculo. O organismo humanoide é somente um degrau. Sinto muito desapontar-lhes de suas ilusões sobre os seres humanos como as coisas maiores no mundo. Eles não são. O organismo humanoide é um navio. É o que ele é. Não o teremos por muito tempo. Deveríamos tê-lo por alguns dias a mais, ou meses, ou anos. Ninguém sabe quanto tempo temos de vida. 

  O organismo humanoide é um vaso que canaliza e transforma forças, do mesmo modo que cada um dos demais corpos recebe, transforma e transmite energia. Os minerais fazem isso: também as plantas e os animais. O organismo humanoide não é diferente. Mas nós raramente tocamos nesta verdadeira potência de transformar energia. Isso por que nossas mentes são verdadeiras bagunças. Psicologicamente, somos um desastre. A fim de aproveitarmos o poder total do organismo humanoide, temos de usá-lo sabiamente, mas com as mentes que possuímos não fazemos isso sabiamente. Ao invés, abusamos dele até que morra e o resultado é que nossas almas, habitantes dos corpos, recebem as consequências desse abuso.

  Eis porque, não faz muito tempo, um grande encontro aconteceu nos mundos internos entre aquelas divindades que são responsáveis por guiar a humanidade, e todas as evidências foram colocadas à mesa. O julgamento deu em que esta humanidade falhou. Então, o final dos tempos está diante de nós. É uma simples verdade já predita em todas as religiões do mundo. Estamos no começo deste final por que a humanidade falhou.

  Exatamente como no reino mineral um pequeno número daquelas sementes embrionárias da consciência teve suficiente força e sabedoria para graduar-se alcançando o reino animal. Mesmo uns poucos do reino animal tiveram a força, a sabedoria e o desenvolvimento para emergirem de animais e se tornaram humanoides, ou animais intelectuais. Porém, agora, nesse útero, muito poucos têm a força e a sabedoria para deixarem de ser animais e se tornarem anjos, verdadeiros mestres. Muito poucos

  A maioria das sementes na humanidade já está perdida – está por demais corrompida e degenerada. Então, a natureza, em seu grande amor por todas as coisas vivas, absorverá aquelas sementes por meio de uma de suas faces Kali Ma, Durga, Persephone, Hecate, a Morte-Mãe Divina, que estão à frente dos mundos infernais. Ela tomará todas aquelas almas decaídas, sementes que falharam, e as reciclará, purgando-as de todas as suas impurezas de modo que um dia, em muitos milhares de anos futuros, possam tentar de novo, estando outra vez puras. Isto que é o inferno: reciclagem de energia pela natureza. Este planeta inteiro já está afundando naquilo.

  Quando aquelas forças descem da Árvore da Vida, conforme vemos, as coisas começam a ficar mais complicadas. A uma determinada altura, ao Absoluto, ao Ain Soph, a Kether, a vida é muito simples. É uma só, unida. É Deus. Nível a Nível, descendo as sefirotes, a vida vai se tornando mais complexa. As Três Leis se tornam Seis Leis, Doze Leis, por toda a descida, até que alcancemos o mundo físico, que deve ter Quarenta e Oito Leis modificando a existência desse mundo. Podemos ainda sentir a simplicidade da vida (de 48 leis) se sairmos da cidade. Se formos para o interior as coisas se tornam mais amenas, mais simples, sem complicadores. Mas quando entramos para a cidade fica tudo muito complicado, muito confuso, pesado, muito denso. Assim é por que as pessoas com suas mentes complicadas refletem as leis que as regulamentam e todas as mentes dos humanoides residem no inferno, por que nossas mentes são cheias de raiva, luxuria, ambição, gula e mais coisas. Essas são todas forças mecânicas complicadas que reverberam em nosso meio ambiente e quanto mais caírmos vítimas delas, mais as fortalecemos; por consequência, tornamos também a vida bem mais complicada. E desde que ficamos todos juntos nas cidades, e nos infectando mutuamente, a vida vai afundando cada vez mais. As leis estão afundando em um plano abaixo, acima de Malkuth, dentro do abismo onde cada nível do inferno se torna pior, mais e mais denso, mais e mais complicado – uma vez que todas aquelas pressões estão lá a fim de purificar as almas; de purga-las.

laws of nature

  Dessa maneira, aquilo que em nosso mundo achamos tão bom, maravilhoso e admirável está realmente afundando e será destruído pela natureza, purgada. Nada permanecerá. Nada.

  Para além deste profundo útero da humanidade, a umas poucas sementes será dado o correto direito de serem iniciadas a um novo nível de vida. Não todas as sementes. Não é um direito dado automaticamente a todas as almas, uma vez que para alcançar um novo nível, cada um tem de escapar da natureza mecânica. Aquele que se move dentro da natureza consciente, para verdadeiramente se tornar Adão, um homem feito à imagem de Deus, que pode comandar as plantas, os animais e os minerais, que possa criar vida, possa organizar a vida, ajudar os outros; esse é um mestre, é Adão, um ser humano real. É um processo através do qual aquele alcança a perfeição, estágio por estágio. Não é nada fácil.

  Os cientistas sabem que somente usamos uma pequena fração do que o corpo realmente tem dentro dele. Eles divergem em suas avaliações. O próprio cérebro é somente usado por nós entre três a cinco por cento de sua capacidade. Alguns avaliam em dez por cento, mas achamos que é menos dado ao comportamento do que podemos observar. E acerca de nossas glândulas? Há muitas coisas em nossos corpos que ignoramos, muitos poderes, muitas habilidades. Temos ouvido histórias de algumas pessoas que aprenderam como usá-los, visto que podemos aprender como fazer isso.

OS CORPOS DA ALMA

  Nosso corpo físico, na cabala, é chamado Malkuth. Isso significa “o reino”. Temos um corpo físico segundo o reino a que pertencemos. Todos nós temos corpos humanoides. Estamos no reino humanoide. Nosso próprio Malkuth é humanoide, não é ainda humano. Esse corpo tem sua fisiologia. Ele tem uma coluna espinhal. Tem três sistemas nervosos. Tem um sofisticado e muito belo conjunto de órgãos e sistemas que recebem energia, a transformam e a transmitem. Entretanto, não temos controle sobre ele. Tudo dentro de nós acontece automaticamente, mecanicamente, sem qualquer conhecimento ou intervenção de nossa parte. O que queremos, de fato, é comer, beber, dormir e ter sexo sem, entretanto, sabermos por quê.

  Entretanto, o corpo físico é somente um aspecto do que nos faz uma entidade viva. O corpo físico existe por que tem um aspecto que chamamos de corpo vital, o corpo de energia. Ele pode ser chamado de corpo etérico, ou o corpo de Chi, ou Prâna. É o corpo em que os acupunturistas trabalham ou as pessoas com Chi kung. Eles trabalham com esse corpo de energia que potencializa o corpo físico. Esses dois não podem estar separados em termos de existência. O corpo físico e o corpo vital são realmente um em duas partes. E o que é interessante aqui: dissemos-lhes anteriormente que a vida veio descendo através de dimensões e o corpo vital está na quarta dimensão. Não está aqui na terceira dimensão, diretamente. Ele é multidimensional no sentido de que esta energia é a que potencializa nosso corpo físico. Ao sentirmos nosso braço ou perna adormecer, estaremos sentindo uma separação entre esses dois aspectos: o vital e o físico. Quando uma amputação remove um braço ou uma perna e a pessoa ainda sente seu braço ou perna, ela está sentindo o corpo vital que ainda está lá.

five bodies of the soul on the Tree of Life

  O corpo vital está na quarta dimensão, que chamamos Éden. É nesse onde está toda a nossa energia e forças. Superior a isso, na quinta dimensão, temos o corpo astral e o corpo mental relacionados com Hod e Netzach na Árvore da Vida. O corpo emocional, o corpo astral, está relacionado com nossas emoções e sentimentos. Está relacionado com o coração. O corpo mental é o corpo do pensamento relacionado com o cérebro, a mente.

  Acima disso, existe o que é chamado um corpo causal, o corpo da força de vontade, o corpo da consciência, da vontade consciente. Infelizmente, nenhum de nós já tem esses corpos de forma completa. Temos sombras deles, embriões.

  Ao longo do processo de nossa evolução através dos três reinos menores, a natureza esteve elaborando esses corpos internos para nós. Nossa alma – a nossa essência, a nossa centelha de consciência – foi um excerto da sefirote de Tiphereth. É a vontade consciente, porém simples. Àquela centelha, quando inicialmente emerge na natureza, lhe é dada o corpo mental, o corpo astral, o corpo vital e o corpo físico. Esses são presentes da natureza. A Mãe Divina diz: “Eis aqui os vasos que você necessita, os veículos de que necessita. Essa é sua mente, seu coração, seu corpo”. Nós os denominamos protoplásmicos, pois eles são uma modificação de forças na natureza que agora nos são ofertados. Eles não nos pertencem.

  No curso de milhões de anos aquela essência habita os corpos protoplásmicos, toma corpos físicos e gradualmente evolui como um mineral, uma planta, um animal até, eventualmente, ganhar o direito de entrar no reino humanoide. Aquela (essência) humanoide – vocês e eu – com seus velhos corpos entra em corpos físicos humanoides, os presentes da natureza, e carrega neles todas as nossas memórias,  todas as nossas histórias, todos o nosso conhecimento neles. Bem, pelo menos isso é como seria se fôssemos uma inocente humanidade que estivesse no caminho do Jardim do Éden quando pela primeira vez emergimos em corpos humanos. Mas não somos mais uma inocente humanidade. Descobrimos o desejo. Ficamos seduzidos com o poder, com a luxúria. E no curso de milhares de anos criamos egos, infectando esses corpos protoplásmicos com todo o nosso carma.

  Vemos então que esses corpos protoplásmicos são vasos para nossas almas. Porém, esses corpos são nossas mentes. O que pensamos, os pensamentos que sentimos, fluem de nosso corpo mental protoplásmico lunar. As emoções e sensações que sentimos em nossos corações fluem de nosso corpo astral protoplásmico lunar. As energias de nossos corpos, os instintos, os estímulos que nos impelem fluem de nosso corpo vital lunar, dentro de nosso corpo físico lunar. Tudo isso é estimulado por todos aqueles comportamentos, hábitos e desejos que foram desenvolvidos através de nossas passagens pelos três reinos inferiores. Então, somos animais dentro de um carro sofisticado, dirigindo por aí como malucos.

  Um Mestre é alguém que conquistou tudo isso; conquistou e aprendeu como transformar em alguma coisa diferente. A chave está dentro do corpo. Cada corpo tem uma coluna espinhal. O corpo físico tem uma coluna espinhal. O corpo vital tem uma; idem, o corpo astral, o corpo mental e o corpo causal. Vemos que todos esses corpos são reflexos de um no outro através de diferentes dimensões. A natureza trabalha sobre modelos.

A COLUNA ESPINHAL E KUNDALINI

A espinha é onde tudo em nós está organizado. Essa é a nossa Árvore da Vida. Essa é a nossa Árvore do Conhecimento. É a nossa espinha. Nossos sistemas nervosos, nosso cérebro, nossas habilidades em perceber, ver, tocar, andar, correr, comer, fazer cada coisa; tudo flui dentro e fora de nossa coluna. Não podemos ficar vivos sem uma espinha; não podemos funcionar. É o pilar central de nosso templo. Entretanto, realmente não a compreendemos, o que realmente ela seja, o que pode fazer, o que está oculto no interior dela.

 
spinal column and kundalini

  A Mãe Divina cria esses corpos para nós – nos dá esses vasos. Então, recebemos instruções em como usá-los. Essas instruções estão codificadas em nossas religiões. Estão em nossas consciências se soubermos como recuperá-las. Não temos de obtê-las de um livro. Podemos obtê-las diretamente de nossa Mãe Divina.

  O que nos deparamos quando examinamos aqueles reinos é que os reinos mineral e vegetal usam toda a energia neles mesmos, de um modo bastante balanceado e eficiente, a fim de apressar seus desenvolvimentos. O reino animal, também, nesse mesmo modo, seguindo o curso de seu desenvolvimento, usa suas energias segundo as leis nele aplicadas.

  Porém, há uma grande mudança que acontece na transição entre esses reinos. No reino mineral há sempre uma troca de forças – positiva e negativa. Os minerais combinam-se e recombinam-se a fim de criar novos componentes, novos elementos. E vemos isso em todos os diferentes modos em que mensuramos forças nos minerais – eletricidade e magnetismo, acidez, e aqueles tipos de forças que sempre têm uma polaridade positiva e uma negativa. Vemos o mesmo no reino vegetal. Nele vemos a emergência da sexualidade em muitos níveis, de assexuados a sexuados, mas nesse reino também vemos que quando sexuais vão somente a certo grau.

  Assim, vemos que, por todos esses reinos, a sexualidade começa mais ou menos simples e avança através de mais e mais formas sofisticadas de combinações, até chegar ao reino humanoide.

  No reino humanoide deste planeta nós esquecemos a lei cósmica. Ao reino animal é dada a lei do instinto e eles seguem as instruções de seu mais profundo íntimo ao obedecer aquele instinto. Eles somente usam suas forças sexuais segundo seus instintos, que na maioria dos casos é para a propagação. Eles somente usam o processo para procriar um filho, é isso. Não o usam todos os dias para diversão.

  Daí que quando aquelas almas graduam-se alcançando o reino humanoide são dadas a elas novas leis. Tornando-se humanoides aquelas forças precisam ser operadas e transformadas. Aquelas leis estão relacionadas com a castidade. A ciência daquelas leis é chamada Tantra ou Alquimia. É o método pelo qual um organismo humanoide usa todas as energias e forças geradas nos órgãos sexuais, as transforma, as eleva pela coluna sexual da espinha a fim de nutrir o cérebro e o sistema endócrino, a fim de desenvolver plenamente o cérebro.

  Isso é o mais antigo e belo segredo que uma vez foi chamado a Arca, nas tradições judaico-cristãs. A Arca é realmente A Aron Kadosh “a caixa sagrada”. Essa Arca é Tantra, ou Alquimia. É a ciência de tomar aquelas forças e combinando um homem com uma mulher, combinam aquelas forças, retendo-as, a fim de transformá-las e enviá-las para cima da espinha.

  O que é aquela energia? Por que ela é necessária? Aquela energia é a Mãe Divina. Em cada nível da vida, em cada reino, ela cria através do sexo. O grande poder da Mãe Divina é o seu útero. É isso que a faz ser o que ela é, do nível cósmico ao nível atômico. O poder da mãe está em sua habilidade de fazer um filho, criar vida.

  Porém, a Mãe Cósmica não pode fazer isso conosco na medida em que permaneçamos um animal. Se permanecermos como um animal, ela pode somente criar animais através de nós. Assim era, do porque no passado ser dada uma pista à alma que trabalhava seriamente no desenvolvimento espiritual. Uma vez despertada a consciência, uma vez alcançado certo grau espiritual de qualquer tradição, era dada a chave, o conhecimento secreto, o mais elevado tantra: a transmutação sexual, a castidade científica. É o primeiro mandamento – não fornicar, mas tomar aquelas forças, usá-las; entretanto sob a vontade divina, não na vontade animal; era tomar aquelas energia interiores e dá-las a Mãe Divina. Com isso, ela podia criar alguma coisa acima do animal.

  Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
  Disse-lhe Nicodemos: Como um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mâe, e nascer?
  Jesus respondeu: Na verdade na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito.. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vós é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves à sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele nascido do Espírito”. João 3.

  Se quisermos nascer de novo, precisamos tomar o espírito e a água. Aquele espírito é o Daemon, espírito em grego. Aquele espírito é o poder criativo da Mãe Divina. A água é sexual, o mayim em hebreu; as águas do Gênesis, criação. Aquelas águas são sexuais.

  A Mãe Divina cria minerais através de suas forças sexuais. Ela cria plantas através de suas forças sexuais. Ela cria animais através de suas energias sexuais. Ela cria mais animais sexuais como nós através de nossa sexualidade animal. Mas como ela pode criar um anjo? Como ela pode criar um Mestre, um Buda? Através da luxúria? Obviamente, não. Como viria um Deus através da luxúria, raiva ou orgulho?

  Se nossa tradição de luxúria e fornicação é tão grande, então por que estamos em tamanha prostituição? Viemos de milhões de anos com luxúria e inveja. Não criamos mais quaisquer anjos e os poucos emergentes decorreram por que tinham conhecimento secreto. Eles conquistaram a si mesmos, auto purgando-se de toda aquela sujeira.

  A energia sexual é a própria Mãe Divina. É o seu poder: chamamos isso kundalini. Chamamos isso a Mãe Divina Kundalini. Devi Kundalini, a Deusa Kundalini. Algumas pessoas falam disso como sendo exatamente uma energia na natureza. Mas não é. Não é uma energia mecânica. Não podemos liga-la e desliga-la como a um interruptor. Não podemos engana-la. Há grande número de pessoas achando que se for a certo ashram e pagar determinado valor em dinheiro, pode despertar seu kundalini em duas semanas. Isso é óleo de cobra: mente e frauda. Não podemos enganar a Mãe Divina. Ela nos conhece há milhões de anos; conhece nossos caminhos. Ela somente nos dará o que merecermos – nada mais, nada menos.

   Pois, para ela nascer em nossa espinha será para nos dar Seu poder. Podemos imaginar isso? Podemos sinceramente acreditar que merecemos manobrar o poder da Mãe Divina? Perguntemos-nos: merecemos? O que faríamos se nos fosse dado tal poder, com nossas mentes como são agora: o que faríamos com ele? Alimentaríamos nossa luxúria? Nosso orgulho? Transformaríamos-nos em pessoas importantes? Tentaríamos ser famosos; obtermos poderes no mundo; conseguirmos dinheiro? Sim. É exatamente aquilo que faríamos.

  Por que a Mãe Divina nos daria aquele poder quando houvéssemos provado que não temos interesse em ajudar o planeta, em ajudar os outros, nossos irmãos e irmãs dos demais reinos? Queremos matá-los a todos; conquistá-los, queremos consumir tudo que alimente nossos desejos. Não nos importamos com nada exceto com nossos desejos, então por que ela nos daria aquele poder?

  Ainda assim, há milhares de livros; há grupos e escolas que ensinam podermos despertar nosso kundalini e obtermos aquele poder, sendo nós, exatamente, o que somos agora. Bem, direi a vocês um segredo que desejaria esconder-lhes: sim, é possível obterem aquele poder naquilo que eles ensinam e que esteja relacionado com o kundalini, porém, estará invertido. Não é o poder divino. Lembremos-nos de que todas as forças da natureza estão polarizadas – são energias polarizadas. Então, do mesmo modo que podem elevar-se pela espinha, podem também fluir para baixo.

  O fluxo para baixo da energia é a cauda do demônio. Eis por que demônios são descritos com caudas. A cauda representa os seus poderes animais ativos e inflamados pela luxúria, orgulho, inveja, etc. Podemos ter facilmente aquele tipo de poder, bem fácil. É tão simples quanto lermos um par de livros, aprendermos um par de técnicas, e, instantaneamente, podermos então trabalhar com aqueles poderes por que todos nós estamos muito próximos da ponta de assim nos tornarmos, por direito: demônios despertos, devido aos nossos egos, aos nossos desejos, orgulho e luxúrias.

  Entretanto, subir não é fácil – é muito difícil. Cada simples passo ao longo da coluna espinhal é acompanhado de testes, ordálias. Precisamos nos pôr a provas, temos de conquistarmos a nós próprios. Nada nos espaços superiores nos é dado de graça. Se algo nos vem muito fácil é porque nada vale. O que seja de valor é custoso; ou seja, conquistar o status de um Anjo exige pagarmos um preço e aquele preço é a eliminação de tudo dentro de nós que seja contrário ao estado angélico.

  O positivo, o kundalini que flui para cima, deve passar através de cada vértebra da espinha. Cada simples vértebra de nossa coluna espinhal representa testes – testes psicológicos; testes de desejos, orgulhos, luxúrias, medos, invejas, gulas, cobiças e de todos os elementos que temos interiormente. Quando passamos em um teste recebemos aquela força. Passo a passo podemos galgar os trinta e três degraus. Temos ouvido sobre os trinta e três anos da vida de Jesus, os trinta e três degraus dos Franco Maçons.  Aqueles são símbolos dos degraus que temos de escalar na espinha, trazendo aquela energia de volta a Deus, nos purificando de todos os nossos elementos animais.

  Elevar o kundalini é um processo sexual; é onde nascemos de novo. O que seja nascer é a alma. Tudo o que é nascido é pelo sexo. Cada coisa viva nasceu do sexo.

  Para entrar naquele processo de nascimento precisamos ter uma esposa. Uma pessoa solteira não pode fazer isso por que sozinha não pode ter um filho. Uma pessoa solteira não pode engendrar uma criança, fazer nascer uma criança. Isso requer um casal. Como é em cima é embaixo. O anjo nasce da castidade, do tantra. Eis porque nas antigas tradições, o mais secreto, o símbolo sagrado de toda religião é um casal unido em um ato sexual; mesmo na cristandade, no judaísmo – que eles agora renegam, entretanto a evidência está lá nas escrituras; podemos aprender sobre isso nos websites gnósticos. O mais antigo símbolo que estava oculto no Santo dos Santos do Templo de Salomão era de dois anjos unidos em um abraço sexual. Os judeus sabem disso. Eles ficam quietos. Quando os romanos viram aquilo disseram que destruiriam o templo por que pensaram que era depravação. Viram pelo modo como eram suas mentes, como se aquilo fosse degenerado como às suas próprias mentes. Não viram como algo sagrado e puro.

  Aquele símbolo sexual codifica o segredo que, um homem e uma mulher trabalhando em cooperação sexual e castidade científica de forças unidas, conjugam, as transformam e a Mãe Divina as toma criando-lhes vida interna. O que é físico é físico; o que é espiritual é espiritual. Ao conduzirmos nossa energia sexual e a transformarmos em espiritual, fazemos nascer espiritualmente. Isso cria a alma.

INICIAÇÃO E CRESCIMENTO ESPIRITUAL

  O que acontece então é que passando pelas ordálias, satisfazendo os testes que a Mãe Divina nos apresenta, pouco a pouco elevamos a força do kundalini na coluna espinhal. Despertamos os chackras ao longo da coluna. Despertamos todos os poderes ocultos do ser humano real. Em outras palavras, começamos a voltar ao Éden, a recuperar nosso lugar de onde decaímos.

  Há uma espinha em cada corpo. Há uma espinha no corpo físico. Quando aquela energia alcança o topo, recebemos uma iniciação; graduamos-nos para um novo nível. É a Primeira Iniciação dos Mistérios Maiores, o kundalini ou a serpente do corpo físico. Naquele momento, uma conexão é feita com a alma, com nosso espírito, com o profundo íntimo, e nosso Ser interno se torna um Mestre. Conforme vemos, nosso profundo íntimo, nosso Ser, vem trabalhando com nossa Mãe Divina ao longo de todos esses milênios a fim de elevar aquela centelha consciente através de todos os reinos, finalmente alcançando o reino humanoide, a alma humana; e a pessoa em um corpo humanoide, por último aproveita aquela energia e alcança alguma coisa. Aquele profundo íntimo se torna um Mestre – não a pessoa humana, não o corpo físico, não a alma – o profundo íntimo se torna um Mestre, nosso Mestre interno. Isso é nosso Atma, nosso Chesed, nosso Buda interno.

  Entretanto, isso é somente o início. O mesmo processo tem então de acontecer no corpo vital. Aquelas energias têm de se elevar pela coluna espinhal do corpo vital, e trinta e três degraus de testes e ordálias têm de se passar. E novamente com o corpo astral e novamente com o corpo mental e o corpo causal. Cinco serpentes.  Não já vimos um Buda com cinco serpentes sobre sua cabeça? Esse é o significado. 

  Há cinco serpentes relacionadas com esses cinco corpos. Há mais serpentes que essas, porém para nossa palestra de hoje estamos falando somente de cinco Serpentes de Fogo, relacionadas com cinco Iniciações dos Mistérios Maiores. A razão é que a pessoa que opera para elevar aquelas energias da Mãe Divina dentro dela e alcança a Quinta Iniciação dos Mistérios Maiores, torna-se propriamente um Mestre, um Mestre verdadeiro – não um Mestre completo, porém um Mestre que está começando – uma vez que elevou as forças da Mãe Divina para iluminar o seu corpo físico, iluminar sua energia, seu coração, sua mente, e fazer valer e sustentar sua vontade consciente. Essa pessoa tem a Mãe Divina interiormente. Ela é, por fim, uma criança da Mãe Divina. Nos mundos internos ela é um Buda, realmente um anjo, mas não está pronta por que o ego ainda está vivo.

  Vemos assim que este processo por inteiro é imensamente operativo. Há grande número de desafios, muitas ordálias, mas que não estão próximas de eliminar o ego – isso vem depois. Isso trata somente do retorno ao Éden e da criação da alma. Em outras palavras: em cada uma dessas serpentes transcendemos os corpos protoplásmicos, especialmente no terceiro topo: Hod, Netzach e Tiphereth.

  Quando a serpente do kundalini está de pé no corpo astral, o que está realmente acontecendo é que nossa Mãe Divina está criando um novo corpo para nós, a menos que já tivéssemos um. Ela cria um corpo astral solar. Isso, esotericamente, e numa iniciação, é o primeiro aparecimento de Cristo. Cristo primeiro aparece em nós quando criamos o Cristo Astral, o corpo astral solar. Esse é um corpo de ouro. É um corpo que é criado da castidade científica, criado da purificação das forças sexuais, unido com prece, aspiração, sabedoria e inteligência da Mãe Divina. Isso é representado em todas as religiões, quando Athena tem as armas fabricadas na forja por Vulcão para dá-las a Teseu ou Perseu. Aquelas armas representam os corpos solares – a armadura, o escudo, o capacete. Esses são aqueles corpos solares. É a carruagem de Ezequiel; o merkabah dos cabalistas; é o soma heliakon dos gregos, o sahu dos egípcios. É a barca de Ra que atravessa os lagos da paz. É a alma. Esse é um antigo mistério.

  Cada um desses corpos é exatamente um vaso, um veículo como o nosso corpo físico, porém melhor, por que não é feito da fornicação, do pecado. Foram todos feitos de átomos divinos. São corpos de incrível beleza, esplendores e poderes. Eles são adquiridos por uma razão, não por diversão e distração, nem para que possamos ir ao plano astral investigar as vidas de outras pessoas, espiar nossos vizinhos, ou vermos se o que suspeitamos de nossas esposas é verdade. Esses corpos são necessários por que a fim de eliminarmos o ego completamente necessitamos dessas armas – necessitamos de proteção, de armamentos. Se tentarmos penetrar em nossos mundos infernais com nossos corpos protoplásmicos – que estão infectados do ego – não teremos nada com que nos defender, nenhuma proteção – visto que os corpos protoplásmicos estão doentes. Os corpos solares são perfeitos – bem..., em seus caminhos para a perfeição. Os corpos solares são aperfeiçoados nas iniciações das Serpentes de Luz, que vêm depois.

  Um Mestre é aquele que alcançou as Iniciações dos Mistérios Maiores relacionados com a sefira Tiphereth e recebeu a espada. A espada é simbólica. Já ouvimos sobre a espada flamígera que guarda a entrada do Éden. A espada flamígera de qualquer grande Deus ou Anjo é o kundalini. O que a espada representa? Força de Vontade.

  Exatamente agora, nossa vontade como humanidade está em conquistarmos aos demais, apunhalando os outros pelas costas, roubando e mentindo; nutrindo nossa luxúria. Nossa vontade está toda em servir nossa própria vontade. Mas a Mãe Divina dá uma espada flamígera a um Mestre que a servirá, tornando-se um expoente da Vontade Divina. Kundalini é a espada. Isso é algo que é conquistado, que não é dado de graça. É o que a Mãe Divina quer.  Eis por que existimos. É para criarmos a alma, voltarmos para Deus, e avançarmos em nossa evolução.

  Através das Iniciações dos Mistérios Maiores o iniciado transcende as leis mecânicas da natureza. Todos nós, neste momento, somos totais vitimas das leis mecânicas da natureza. Detemos pouco ou nenhum controle sobre o que acontece em nossas vidas, em nossas comunidades e cultura. Não podemos controlar a nós próprios e nem à natureza. Pensamos que podemos, porém uma pequena tempestade ao longo de nossas vidas vem nos demonstrar outra coisa, ou alguém dorme na direção de uma máquina e mata um número de pessoas, ou destrói uma área da natureza por negligência ou estupidez. Sequer podemos controlar nossa natureza interior; somos escravos de nossa natureza animal.

  Um Mestre comanda a natureza. Temos todos ouvido sobre Mestres como Krishna e Moisés realizando milagres; de Jesus trazendo a morte de volta à vida. Todos os profetas no desempenho de milagres; todos os santos, todos os Budas podem voar pelo ar, andar sobre as águas, comandar as chamas, acalmar as tempestades, abrir a terra. Isso por que o poder do kundalini na coluna espinhal de cada corpo os transforma em um sacerdote, um mago, um magista. Magi, ou mag, significa “sacerdote”.

  O triângulo de Netzach, Hod e Yesod na Cabala é chamado de Triângulo Mágico, ou o Triângulo do Sacerdócio por que é aqui que o verdadeiro sacerdote trabalha em benefício de outros. O verdadeiro sacerdote trabalha não em benefício dele próprio. Ele faz isso no exercício de sua vontade sobre as esferas mais baixas; os poderes da vontade consciente estão em Tiphereth, na sexta dimensão. Através da consciente vontade divina ele usa os poderes do consciente pensamento através do corpo mental em Netzach, na quinta dimensão. Através da consciente vontade divina ele usa os poderes do corpo astral – emoção consciente, emoção divina – em Hod. Através da consciente vontade divina ele usa o corpo vital e o corpo físico: Yesod e Malkuth. A Magia é desempenhada nessas esferas. Essas esferas são onde, pela consciente vontade, o mais profundo íntimo trabalha através de Sua alma humana, que somos nós, a fim de beneficiar outros, guiar as almas.

  Toda a natureza é organizada. Os minerais são em grupos, as plantas são em grupos ou famílias: os animais são em famílias e cada família é guiada. Cada família tem um guia. Esse guia, em sânscrito, é chamado um Deva, um Anjo, uma inteligência que é responsável por aquela família a fim de guia-la. Mesmo famílias humanoides têm guias, mas nós os ignoramos. Aqueles que estudaram As Ilíadas hão de lembrar-se de que a família de Priam tinha seus totens, as estátuas de seus deuses da família (deuses penates), a fim de protegê-los quando eles precisavam abandonar Tróia. Aquelas estátuas representavam o anjo guardião daquela família. Todos temos disso. Nossas famílias têm disso e nós como indivíduos temos disso, mas não os ouvimos. Persistimos e insistimos em seguir nossa estupidez, e nossos guias, nossos guardiões, tentam nos ajudar, porém há um limite para o que eles possam fazer. Causa e efeito é ainda a lei. Se atirarmos em nós próprios, morreremos.

  Um Mestre toma seu lugar no ranking daquelas hierarquias que operam na natureza. Um Mestre guia seres em outros níveis abaixo do seu. Seu próprio e profundo íntimo, seu Ser pessoal pode ter relações com certos reinos e se alcançarmos os degraus de mestrado, nosso Ser se colocará em certa posição de ajudar outras almas em diferentes reinos – talvez no mineral, no vegetal, no animal, talvez no humanoide ou no angélico. Existem Mestres que guiam e ensinam os anjos.

  Nosso verdadeiro caminho evolucionário não é o de ficarmos ricos. Não é tentarmos encher nossas casas com montes de tralhas e então morrermos. Não é esse o motivo de estarmos aqui. Estamos aqui para emergirmos da concha de nossos corpos como anjos, e subirmos no caminho evolucionário dentro do círculo consciente da humanidade – deixando o círculo inconsciente, nos tornando conscientes, e então irmos ajudar aos inconscientes. Essa é a nossa tarefa. 

  Ao longo desse processo, em milhões de anos, nossa Mãe Divina é quem nos está ajudando, tentando nos dar a habilidade de fazermos isso. Mas sempre escapulimos dela. Afastamos-nos dela, a ignoramos, blasfemamos. Fazemos isso fisicamente, psicologicamente. Não nos esqueçamos de nossa Mãe. Não estou falando de nossa mãe terrena. Falo de nossa Mãe interior. Voltemos-nos a Ela. Ela nos guiará. Ela é a única que nos toma de nosso nível infantil de um simples mineral nos conduzindo até ao nível de um deus. Se quisermos transcender o sofrimento Ela é a única que nos tomará pela mão por todo o caminho, e nunca nos abandonará. Mesmo agora que a abandonamos ela aguarda. Ela espera por nós psicológica e espiritualmente, porém enroscada em nossa espinha em nosso chackra Muladhara. Tudo potencialmente Dela está ali adormecido, aguardando ser despertado.