segunda-feira, 19 de março de 2012

Os Dois Caminhos


       Passando de nossas considerações da natureza do plano astral lidaremos com suas funções e a relação do discípulo com suas atividades. Vamos recordar certas coisas sobre ele.

       "Ele é predominantemente o campo de batalha, e sobre ele se trava a guerra que termina com a libertação final da alma aprisionada". É util ter em mente as características predominantes dos três planos e dos três corpos que funcionam neles.

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       O plano físico é o plano da experiência ativa, na e através da matéria. É o plano da exteriorização e, de acordo com a condição e ponto de desenvolvimento do homem interior, assim serão a forma exterior e suas atividades.

       O plano astral é o plano onde o homem passa através de três estágios de consciência:

       A. Ele ganha através de seus órgãos sensoriais, consciência no mundo das formas, e desenvolve a capacidade de reagir a estas formas, com sabedoria e inteligência. Esta consciência ele partilha com o mundo animal, embora ele de muito o ultrapasse em alguns aspectos, graças ao seu controle de u'a mente correlacionadora e coordenadora.

       B. Sensibilidade, ou consciência dos estados de ânimo, emoções e sentimentos, desejos e aspirações que têm suas raízes dentro dele no princípio da autoconsciência, ou no princípio do shamkara, como o ocultista - que ama palavras difícieis - costuma chamá-lo.

       C. Consciência espiritual ou sensibilidade para o mundo espiritual, e o aspecto sensibilidade da consciência superior. Isto tem suas raízes na alma, pressupõe o domínio da natureza mental e é a faculdade que o torna um místico. Esta conscientização ele partilha com todos os discípulos e é a recompensa das vitórias alcançadas de sua experiência no plano astral.

       A seguir vem o plano mental. Nele o correto uso do intelecto é a realização que se destaca. Isto também é caracterizado por três etapas:

       a) A etapa em que a mente é o receptor das impressões do mundo exterior, através dos cinco sentidos e do cérebro. "Esta é uma condição negativa, e nela, as 'modificações do princípio pensante' são provocadas através dos impactos do mundo exterior e das reações do mundo astral".

       b) A etapa em que a mente inicia suas próprias atividades e na qual o intelecto é um fator dominante. Embora posta em atividade pelos fatores acima enumerados, ela responde também às correntes de pensamentos do plano mental igualmente e se torna extremamente ativa como o resultado destes dois contatos. Além dessas, uma terceira atividade sobrevêm na qual o princípio raciocinador age sobre a informação ganha nestas duas maneiras, desenvolve suas próprias correntes de pensamentos e formula seus próprios "pensamentos-forma", assim como registra os dos demais.

       c) A etapa em que a alma, através da concentração e da meditação, consegue impor suas idéias e impressões à mente mantida "firme na luz" e assim capacita o corpo mental a responder às impressões e contatos emanando dos mundos subjetivo e espiritual.

       Entretanto, a batalha, por excelência é travada no corpo astral, e somente alcança seu ponto mais intenso e sua potente violência, quando há um bom instrumento físico e uma mentalidade bem equipada.

      "Quanto maior a sensibilidade do corpo astral, tanto maiores suas reações ao mundo físico e à condição mental, e daí sobrevêm o fato de os discípulos e as pessoas mais altamente evoluídas no mundo terem um corpo astral mais potente e trabalharem sob maior tensão emocional do que pessoas menos evoluídas e os libertos Filhos de Deus".

       Os estudantes são, por isso, solicitados a lidarem drasticamente e potentemente com suas naturezas emocionais, lembrando que a vitória desce dos planos superiores e não pode ser alcançada vinda de baixo. A alma precisa governar, e seu instrumento na batalha é a mente consagrada. É interessante anotar a sequência oculta na descrição dada deste plano na regra que está sendo considerada.

       É a primeira de todo o plano de forças duais. A primeira coisa de que o estudante se torna consciente é da dualidade. O homem pouco evoluído está ciente da síntese, mas é a síntese de sua natureza material. O homem altamente espiritual está ciente também da síntese, mas é aquela em sua alma, cuja consciência é a da unidade.  

       Mas entre estes dois pontos está o miserável aspirante, consciente da dualidade acima de tudo o mais, puxado para cá e para lá por cada um deles.

       Para seu objetivo, seu primeiro passo tem que torná-lo consciente dos pares de opostos e da necessidade de escolher entre eles. Através da luz que ele descobriu nele mesmo, ele se torna consciente das trevas. Através do bem que o atrái, ele vê o mal que é para ele a linha de menor resistência. Através da atividade da dor, ele pode visualizar e se tornar consciente do prazer, e o céu e o inferno se tornam realidades para ele. Através da atividade da vida atrativa de sua alma, ele conscientiza a atração da matéria e da forma, e é forçado reconhecer a presteza e a força de atração de ambas.

       Ele aprende a se sentir como "pendente entre as duas grandes pulsões", e, uma vez que as dualidades sejam dominadas, desperta nele, lenta e seguramente, que o fator da decisão na luta é a sua vontade divina em contraposição à sua vontade egoísta.

       Assim as forças duais desempenham os seus papéis até que são vistas como duas grandes correntes de energia divina, puxando em direções opostas, e ele se torna então consciente dos dois caminhos, mencionados em nossa regra. Um caminho conduz de volta para a terra da desolação do renascimento, o outro conduz pelo portão dourado para a cidade das almas livres. Um é, portanto, involutivo, e o envolve ao máximo na matéria. O outro o retira de sua natureza corporal e o torna finalmente consciente de seu corpo espiritual, através do qual ele pode atuar no reino da alma.

       Um caminho, mais tarde (quando ele for um verdadeiro e consagrado chela) se torna conhecido para ele como o "caminho da mão esquerda", e o outro o "caminho da atividade direita". Num caminho ele se torna competente na magia negra, que é apenas o desenvolvimento dos poderes da personalidade, subordinados aos fins egoístas de um homem, cujos motivos são o interesse pessoal e ambição mundana. Estes, o confinam aos três mundos e fecham a porta que abre para a vida.

       No outro caminho, ele subordina sua personalidade e exerce a magia da Fraternidade Branca, trabalhando sempre na Luz da alma, com a alma em todas as formas, e não dando ênfase às ambições de seu eu pessoal! A clara discriminação destes dois caminhos revela o que se chama em alguns livros ocultos aquele "Estreito Caminho Sobre o Fio da Navalha" que fica entre os dois. Este é o "Nobre Caminho do Meio" do Buddha e assinala a fina linha demarcatória entre os pares de opostos e entre as duas correntes que ele aprendeu a reconhecer - uma subindo para os portões do paraíso e a outra descendo às profundezas do inferno.

       Pelo exercício das duas principais armas do aspirante, o discernimento e o desapaixonamento, ele ganha aquela qualidade que é chamada nesta regra "a força vital". Assim como o olho é o instrumento de escolha na seleção do caminho para viajar no plano físico e tem, além disso, uma potência toda sua própria, pela qual ele atrái e desenvolve sua própria linguagem de sinais, também uma força vital é sentida no aspirante.

       Esta traz, finalmente, o terceiro olho à atividade e assim se ganha uma potência e uma clara visão que fazem da escolha certa e do progresso rápido no Caminho uma firme progressão. Dizem-nos que o poder cresce e se desenvolve no silêncio e somente aquele que pode encontrar um centro de paz em sua cabeça, onde os caminhos das forças corporais e as marés espirituais se encontram, pode praticar o verdadeiro discernimento e aquele desapaixonamento que trazem os corpos astral e mental controlados sob a orientação da Alma. Então ele pode compreender o significado dos "pólos vibratórios" e alcança aquele ponto de equilíbrio que é o resultado de sua interação e vibração.

       A percepção das forças duais e a clara discriminação dos dois caminhos conduzem ao desenvolvimento da força vital. Esta força vital demonstra sua primeira atividade, capacitando o aspirante a alcançar um ponto de equilíbrio e assim a permanecer naquele pináculo da realização especial no qual "uma escolha é feita".

       Qual é aquela escolha? Para o aspirante, é aquela entre o progresso rápido e o lento. Para o discípulo, aceito e leal, é a escolha entre métodos de serviço. Para o iniciado, ela muitas vezes fica entre o avanço espiritual e o trabalho árduo de permanecer com o Grupo e colaborar no Plano. Para o Mestre é a escolha entre os Sete Caminhos e se tornará, por isso, evidente, quanto mais difícil e trabalhoso é o seu problema.

       Tudo, entretanto, prepara o aspirante para a escolha correta através do correto discernimento, conduzindo para a ação correta, tornada possível através do desapaixonamento praticado. Nesta frase está resumida a técnica do guerreiro no campo de batalha no plano do desejo.

       Deve aqui ser registrado que no poder de escolha firmemente desenvolvido e na batalha do plano astral, lutada lealmente, a consciência do homem eleva-se, andar por andar. Primeiro, é o aspirante moído de cansaço que tem de lutar com o desejo, com a ilusão, com a ambição e com o seu sensível corpo emocional. Ele pensa que a batalha é tremenda, mas de um ângulo mais amplo ela é relativamente pequena, no entanto, tudo o que ele pode suportar.

       Mais tarde, é o experimentado discípulo probacionário que se debate no vale da ilusão e lida não somente com sua própria natureza, mas com as forças daquele vale tembém, reconhecendo sua natureza dual. Depois o discípulo chega à batalha e encara com coragem (e muitas vezes com clara visão) as forças alinhadas contra si. Elas envolvem não somente as forças de sua própria natureza e naqueles aspectos do plano astral, aos quais ele reage de forma natural, como também as forças da ilusão alinhadas contra o Grupo de discípulos ao qual ele pertence.

      Que todos os discípulos anotem isto e tenham-no em mente nestes dias fatigantes e difíceis. Tais discípulos estão em contato consciente por vezes com suas forças da alma, e para eles não há derrota nem recuo. Eles são os guerreiros experimentados, cansados e com cicatrizes, no entanto, sabedores que a vida triunfante está adiante, pois a alma é onipotente.

       Os discípulos aceitos, que combatem todos os fatores acima mencionados, mais as forças alinhadas contra os Irmãos Mais Velhos, "que são negras", podem invocar as energias espirituais de seu Grupo e em momentos raros e determinados do Mestre sob quem eles trabalham. Assim o trabalho e o labor se expandem; assim a responsabilidade e a luta crescem firmemente; entretanto, ao mesmo tempo, há também uma firme e crescente aceitação das potências com as quais se pode entrar em contato, que podem ser utilizadas e que, quando o contato é correto, asseguram a vitória final.

       A sentença relaciona-se com a alma. Arjuna, o discipulo aspirante, renuncia à luta e oferece as armas e rédeas do governo a Krishna, a Alma, e é recompensado finalmente pela compreensão e por uma visão da forma divina que vela o Filho de Deus, que é Ele próprio.

       Quando esta batalha é travada e vencida, o discípulo penetra nas fileiras dos Magos Brancos de nosso planeta e pode manejar forças, cooperar com o Plano, comandar os elementais e pôr ordem no caos. Ele não se acha mais mergulhado na ilusão do mundo, mas se elevou acima dela. Ele não pode mais ser retido em baixo pelas correntes de seus próprios hábitos passado e de seu karma. Ele terá ganho a força vital e se apresenta como um Irmão Mais Velho.

       Tal é o caminho adiante de cada um e de todos que ousam trilhá-lo. Tal é a oportunidade oferecida a todos os estudantes que fizeram sua escolha com desapaixonamento e são estimulados pelo amor e pelo desejo de servir.
                         [Um Tratado Sobre Magia Branca - Djwal Khul]

Rayom Ra

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domingo, 18 de março de 2012

A Natureza da Alma


       Talvez seja bom expormos as hipóteses em que a ciência da meditação está baseada, ao descrevermos a técnica pela qual se afirma a possibilidade de um intelectual educado se tornar um conhecedor intuitivo. Durante o processo, os vários aspectos (da natureza ou da Divindade, qualquer que seja o preferido) de que o homem é a expressão, têm de ser reconhecidos, mas a relação básica que os mantêm juntos numa unidade integrada nunca deve ser esquecida.

       O homem é um ser integrado, mas a existência significa mais para uns do que para outros. Para uns é uma existência puramente animal; para outros, é a soma de todas as experiências emocionais e sensoriais; para outros, ainda, envolve tudo isto, mais a consciência mental que enriquece e aprofunda grandemente a vida. Para alguns (e são a fina flor da família humana) o Ser representa o reconhecimento da habilidade de registrar contatos universais e subjetivos. Keyserling (Count Hermann) diz:

       "Quando falamos do Ser do homem em contraste com a sua habilidade, significamos a sua alma vital; e quando se afirma que este Ser decide, queremos dizer que todas as suas palavras são penetradas com vida individual, que cada expressão particular irradia personalidade, e que esta personalidade é finalmente responsável".

       Pode-se aqui dizer, como sendo a condição sine qua non, que apenas as pessoas pensadoras e responsáveis estarão prontas para a aplicação das regras e instruções que lhes permitirão fazer a transição à consciência que é apanágio dos místicos iluminados e conhecedores intuitivos.

       "Em todos os homens esconde-se a Luz; contudo, em quão poucos resplandeceu, tão completamente quanto deve, iluminando, de dentro, a nossa lâmpada carnal, e acendendo a Chama Cósmica nas almas dos nossos próximos. Esplendor de Deus, quão poucos! E a culpa é nossa; pois sempre, grosseiramente, por rotina e raiva, sem discernimento, temos reprimido e sufocado a Centelha de Deus que cintila em cada filho. Todos os filhos são, por natureza, bocados de Deus. E Deus, se eles ao menos tivessem sua liberdade, desenvolver-se-ia, Ele próprio, neles, e brotaria, pintando e moldando, até que, como flores perfeitas, florissem, realizados no desvelado amor".

       Este é o fim da meditação – conduzir os homens à luz que está neles e os torna capazes, nesta luz, de ver a Luz. Este trabalho de revelação baseia-se em certas teorias definidas quanto à constituição e natureza do ser humano. A evolução e a perfeição da faculdade mental no homem, com a sua acuidade e a sua capacidade de concentração, fornecem hoje ao Ocidente a ocasião de pôr estas teorias à prova.

       Uma experimentação inteligente ocorre naturalmente. "A nova síntese da mente e da alma", diz Keyserling,"deve originar-se do mental, no ponto mais elevado da intelectualidade, se alguma coisa de decisivo está para acontecer". Mas para realizar isto, é preciso compreendermos claramente três pontos sobre os quais a posição oriental se baseia e que, se verdadeiros, validam o esforço do estudante da técnica oriental da meditação, sem esquecer, contudo, como diz o provérbio chinês, "que se o homem errado usa meios corretos, os meios corretos trabalharão de maneira errada". Estas três premissas são:

       Primeiro: Há uma alma em toda a forma humana e esta alma serve-se dos aspectos inferiores do homem simplesmente como veículos de expressão. O objetivo da evolução é aumentar e aprofundar o controle da alma sobre este instrumento. Quando isto se realiza, temos uma encarnação divina.

       Segundo: Chamamos personalidade à soma dos aspectos inferiores, quando desenvolvidos e coordenados. Esta unidade é composta dos estados emocionais e mentais do ser, da energia vital, do espelho físico de resposta que "mascaram" ou escondem a alma. Segundo a filosofia oriental, estes aspectos desenvolvem-se sequentes e progressivamente e somente quando o homem houver atingido um grau relativamente alto de desenvolvimento é que será possível coordená-los e ulteriormente uni-los na consciência com a alma imanente.

       Mais tarde vem o contato com a alma e uma firme expressão crescente da natureza da alma. Isto é algumas vezes representado simbolicamente como uma luz na lâmpada. Primeiramente, a lâmpada não irradia qualquer claridade, mas gradualmente a luz faz sentir a sua presença até que o significado das palavras do Cristo torna-se claro. Ele diz: "Eu Sou a Luz do Mundo" e ordena expressamente seus discípulos a "deixarem brilhar a sua Luz para que os homens possam ver".

       Terceiro: Quando a vida da alma, em conformidade com a Lei do Renascimento, houver conduzido a personalidade até o ponto em que ela seja uma unidade integrada e coordenada, então haverá entre as duas uma ação recíproca mais intensa. Esta interação é ocasionada pela aplicação de processos de autodisciplina, por uma vontade ativa voltada para a Existência Espiritual, pelo serviço altruísta (porque é o modo pelo qual a alma consciência-grupal se manifesta) e pela meditação. A consumação do trabalho é a realização consciente da união que a terminologia cristã chama: unificação.  

       Estas três hipóteses devem ser aceitas, pelo menos provisoriamente, para que o processo da educação pela meditação seja efetivo. No dicionário de Webster, a definição de alma está conforme estas teorias; ei-la: "Uma entidade concebida como a essência, a substância ou a causa acionante da vida espiritual, especialmente da vida manifestada nas atividades psíquicas; o veículo da existência individual, separada do corpo pela natureza e geralmente tida como separável na existência".

       Webster acrescenta o comentário seguinte, bem apropriado ao nosso tema: "Certas concepções como a de Fechner, que consideram a alma como a totalidade do processo unitário espiritual em conjunto com a totalidade do processo unitário corporal, parecem estar no meio entre os pontos de vista idealista e materialista". O ponto de vista estritamente oriental é-nos apresentado da seguinte maneira pelo Dr. Radhakrishnan, da Universidade de Calcutá, mais tarde Presidente da República da Índia:

       "Todos os seres orgânicos possuem um princípio de autodeterminação, chamado geralmente ‘alma’". No sentido restrito da palavra, a alma pertence a todo ser que tem nele vida e as diferentes almas são fundamentalmente idênticas na natureza. As diferenças são devidas às organizações físicas que obscurecem e comprimem a vida da alma. A natureza dos corpos nos quais as almas estão incorporadas é causa dos seus diversos graus de obscurecimento. O Ego é a unidade psicológica corrente de experiências conscientes que constituem o que conhecemos como a vida íntima de um eu empírico.
       O eu empírico é a mistura do espírito livre e do mecanismo de ‘purusha’ e de ‘prakriti’. (*) Cada ego possui no corpo denso, que sofre a dissolução na morte, um corpo sutil formado pelo aparelho psíquico, incluindo os sentidos"

       (*) Purusha = Homem, Homem Celeste, Espírito, o Eu Espiritual. Purusha a Natureza Espiritual e o Espírito, que juntos são os dois aspectos primitivos da Deidade Única desconhecida.
            Prakriti  = A Natureza em geral, em contra-posição a Purusha.[HPB]

       Dizem-nos que a alma é um fragmento da Alma geral, uma centelha da Chama única, aprisionada no corpo. É este aspecto da vida que dá ao homem – como em todas as formas na manifestação – a vida ou o ser e a consciência. É o fator vital, esta qualquer coisa coerente e integrativa que torna o ser humano (composto e, contudo, unificado como ele é) uma entidade pensante, sensitiva e aspirante. O intelecto, no homem, é o fator ou qualidade de conhecimento anímico, que o torna capaz de orientar-se com o seu meio nos estágios em que a personalidade está a se desenvolver, mas que mais tarde, pela meditação adequada, torna-o capaz de orientar-se para a alma, desligado dos mecanismos e consequentemente para um novo estado de consciência do ser.

       A relação da alma com a Super Alma geral é a relação da parte com o Todo e é esta relação e o seu consequente reconhecimento que dão nascimento a este sentido de unidade com todos os seres e com a Suprema Realidade, de que os místicos têm sempre dado testemunho. A relação entre a alma e o ser humano é a da entidade consciente e o seu meio de expressão; entre o que pensa e o instrumento do pensamento; daquele que registra o sentimento do campo de experiência sensorial e o do ator e corpo físico – o único meio de contato com este campo de atividade particular que é o mundo da vida física. Esta alma exprime-se através de duas formas de energia. Aquela a que chamamos de princípio vital ou fluído, o aspecto vida, e a energia da razão pura. Estas energias, durante a vida, estão focadas no corpo físico.

       A corrente de vida centraliza-se no coração, utilizando o sangue, as artérias, as veias e animando todas as partes do organismo; a outra corrente, a da energia intelectual, tem o seu centro no cérebro e utiliza o sistema nervoso como meio de expressão. Por conseguinte, a sede do princípio vital está no coração; na cabeça encontra-se a mente raciocinadora e a consciência espiritual, que é alcançada ulteriormente pelo emprego judicioso da mente. Dr. C. Lloyd Morgan diz, a respeito desta palavra "alma":

       "Em qualquer caso, o que se entende corretamente pela ‘teoria da alma’, enraíza-se no dualismo. E, o que certas pessoas querem significar quando falam de uma ‘psicologia sem alma’, é outra psicologia, não a dualista. Há, contudo, um sentido em que podemos, debaixo de uma definição conveniente, falar da alma como o distintivo de um nível de desenvolvimento mental em que um conceito de Espírito está dentro do campo de referência reflexiva".

       Anteriormente disse no mesmo livro que: "Cada um de nós é uma vida, uma mente e um Espírito – um exemplo de vida como uma expressão do plano mundial, da mente como uma expressão diferente desse plano universal, do Espírito na medida em que a substância deste plano universal se revela em nós mesmos. O plano universal, através de tudo, desde a sua expressão mais inferior até a sua expressão mais elevada, é uma manifestação de Deus; em vós, em mim – em cada um de nós separadamente – Deus é parcialmente revelado".

       É esta revelação da Divindade que é o fim do esforço místico e o objetivo da dupla atividade mental. Deus como vida na Natureza, Deus como amor, subjetivamente; e como plano e propósito; e é isto que a unificação ocasionada pela meditação revela ao homem. Através de sua técnica ordenada, o homem descobre esta unidade que é ele mesmo, e mais tarde a sua relação com o universo; apercebe-se que o seu corpo físico e as suas energias vitais são parte e parcela da própria Natureza que, com efeito, é o revestimento exterior da Divindade; descobre que a sua capacidade para amar e sentir torna-o consciente do amor que bate no coração de toda a criação; descobre que a sua mente pode dar-lhe a chave que lhe abre a porta da compreensão e que pode entrar nos propósitos e no plano que guiam a mente do próprio Deus. Com efeito, chega a Deus e descobre Deus como o fator central. Sabendo-se divino, descobre que o todo é igualmente divino. O Dr. F. Kirtley-Mather, da Universidade de Harvard, disse num artigo luminoso:

       "Não se pode negar que haja uma administração do Universo. Qualquer coisa determinou e continua a determinar o funcionamento da lei natural, a transformação ordenada da matéria e da energia. Isso pode ser a ‘A Criatura do Cosmos’ o ‘Acaso Cego’ ou a ‘Energia Universal’, ou um ‘Jeová Ausente’, ou o ‘Espírito Onipenetrante’, mas tem de ser qualquer coisa. De um certo ponto de vista a questão: Há um Deus? É prontamente respondida com uma afirmativa".

       Assim, pela descoberta dele mesmo e a compreensão da sua própria natureza, o homem chega a este centro, dentro dele, que é um com tudo o que existe; descobre que está munido de um aparelho que o pode pôr em contato com as diferentes manifestações através das quais Deus procura exprimir-se. Possui um corpo vital responsivo à energia universal e o veículo para duas formas de energia da alma que referi acima. A questão do corpo vital, das duas relações com a energia universal e dos seus sete pontos de contato com o organismo físico foi aprofundada no meu livro "A Alma e o seu Mecanismo" e não será retomada aqui, è exceção deste parágrafo:

       "Por detrás do corpo objetivo encontra-se uma forma subjetiva feita de substância etérica e agindo como condutor de princípio vital da energia ou prâna. Este princípio da vida é o aspecto força da alma e, por intermédio do corpo etérico, a alma anima a forma, dá-lhe as qualidades e atributos peculiares, imprime sobre ela os seus desejos e finalmente dirige-a através da atividade mental. Por intermédio do cérebro a alma galvaniza o corpo para uma atividade consciente (dirigida) e por intermédio do coração impregna de vida todas as partes do corpo".

       Há um outro "corpo" que é composto da soma dos estados emotivos, das disposições e sentimentos. Este corpo reage ao ambiente físico do homem em resposta às informações recebidas pelo cérebro por meio dos cinco sentidos e que lhe são comunicados por intermédio do corpo vital. Assim, é lançado numa atividade puramente egoísta e de natureza pessoal; ou então pode ser treinado a reagir primordialmente à mente, sendo esta considerada (como o é muito raramente) como intérprete do Eu superior, da Alma. Na maior parte dos casos, é o corpo emocional, caracterizado pelo sentimento e pelo desejo, que age mais poderosamente sobre o corpo físico. Este último é visto pelos esoteristas como um puro autômato, posto em ação pelo desejo e estimulado pela energia vital.

       À medida que a raça progride um outro "corpo", o corpo mental, nasce; entra em atividade e gradualmente assume um controle natural e ativo. Como os organismos físicos e emocionais, este mecanismo mental é no começo inteiramente objetivo em sua orientação e entra em atividade pelos impactos que lhe chegam do mundo exterior, pelos sentidos. Tornando-se cada vez mais positivo, começa a dominar, lenta, mas seguramente, os outros aspectos fenomênicos do homem, até que a personalidade, nos seus quatro aspectos, fica completamente unificada como uma entidade funcionando no plano físico. Quando isto é produzido, alcança-se um patamar e são possíveis novos desenvolvimentos.

       Durante todo este tempo, as duas energias da alma, a vida e a mente, trabalham através dos veículos, sem que o homem estivesse consciente de sua origem ou propósito. Como resultado de seu trabalho ele é agora um ser humano de alto grau, inteligente e ativo. Mas como diz Browning: "No homem completo começa uma tendência para Deus". E é compelido por uma divina inquietude para um consciente conhecimento e contato com a alma, o fator invisível que ele sente, mas que permanece pessoalmente inconsciente.

       Agora entra num processo de auto-educação e de intensa investigação da sua verdadeira natureza. A personalidade que tem estado voltada para o mundo da vida física, emotiva e mental, com a sua atenção objetivamente concentrada, sofre um processo de reorientação e dirige-se internamente para o Eu. O seu centro torna-se subjetivo, com o fim de suscitar a manifestação deste "Ser mais profundo" de que fala Keyserling. A união consciente com a alma é procurada não apenas sob o ângulo emotivo e sensorial do devoto e do místico. A experiência direta é desejada. O conhecimento do Eu divino e a certeza mental de quanto ao fato do Filho de Deus imanente torna-se o objetivo de todo o esforço.

       Este método não é o do devoto místico que procurou Deus sob a pressão do amor da sua natureza mística. É o método do acesso intelectual e da subordinação de toda a personalidade à atração das realidades espirituais. Todos os indivíduos puramente intelectuais e todas as personalidades verdadeiramente coordenadas são místicos de coração e passaram por uma etapa mística num dado momento, numa ou noutra vida. À medida que o intelecto se afirma e que o mental se desenvolve, isto pode apagar-se temporariamente na "retaguarda" e ser relegado por um certo tempo no domínio do subconsciente. Mas a ênfase é final e inevitavelmente posta na vontade de saber, e a vida (que já não satisfaz pelos aspectos exteriores da manifestação) se orientará para o conhecimento da alma, e o emprego da mente na apreensão da verdade espiritual.

       A cabeça e o coração unem-se no seu esforço. A mente e a razão pura fundem-se com o amor e a devoção num reajustamento completo da personalidade, para um novo reino da percepção. Registram-se novos estados de consciência, percebe-se gradualmente um novo mundo fenomenal e começa a surgir sobre o aspirante a aurora de que o centro da sua vida e a sua consciência podem ser completamente elevados para fora do campo dos seus empreendimentos passados.

       Descobre que pode caminhar com Deus, permanecer nos Céus e estar consciente de um novo mundo situado no interior das formas exteriores familiares. Começa a considerar-se como cidadão consciente de um outro reino da natureza – o mundo espiritual, que é tão real e tão vivo quanto ordenado e fenomenal, como qualquer um dos que conhecemos atualmente. Assume perseverantemente a atividade da alma para com seu instrumento, o corpo humano. Não se considera já como um homem controlado pelas suas emoções, impelido pela energia e dirigido pela mente, mas conhece-se como sendo o Eu, pensando através da mente, sentindo pelas emoções e agindo conscientemente. À medida que este estado de consciência se estabelece e se torna permanente, o trabalho de evolução é consumado no seu caso, a grande unificação é feita entre o Eu, e o seu veículo de expressão é estabelecida. Assim um Filho de Deus encarna conscientemente.

       Através do trabalho da educação, em todos os seus numerosos ramos, a coordenação da personalidade foi prodigiosamente acelerada. A mentalidade sobe livremente a ladeira da realização. A humanidade, pelos seus vastos grupos de indivíduos educados e mentalmente focados, está pronta para a autodeterminação e para ser dirigida pela alma. Agora a cultura intensa do indivíduo, tal como é ensinada no sistema oriental, pode ser empreendida. A educação e a reorientação do ser humano adiantado devem ter o seu lugar na nossa educação de massas.

       Esta é a razão de ser deste livro e o seu objetivo. Como pode o homem encontrar a sua alma ou comprovar o fato de sua existência? Como reajustar-se às condições da vida da alma, e começar a atuar consciente e simultaneamente como alma e como homem? Que deve fazer para produzir esta união entre a alma e o seu instrumento, que é essencial, se é que a aspiração da sua natureza deva ser satisfeita? Como pode saber, e não simplesmente crer, esperar e aspirar?

       A voz experimentada da Sabedoria Oriental vem até nós com uma palavra: Meditação. Naturalmente, a questão põe-se "é tudo?" e a resposta é: "sim". Se a meditação é seguida corretamente e se a perseverança é a nota-chave da vida, estabelece-se então o contato crescente com a alma. Os resultados deste contato traduzir-se-ão pela autodisciplina, na purificação e na vida de aspiração e de serviço.

       A meditação, no sentido oriental da palavra, é um processo estritamente mental, como veremos, que conduz ao conhecimento da alma e à iluminação. É um fato na natureza que "Como o homem pensa, assim ele é".
                                           [Do Intelecto à Intuição – A.A. Bailey]
Rayom Ra

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terça-feira, 13 de março de 2012

Discurso Místico de Stanislas de Guaita


Guaita
       "Tu foste sucessivamente revestido das três grandes hierarquias de nossa Ordem; nós te saudamos  S:. I :.  quando tu terás transcrito e meditado nossos livros, tu te tornarás, por sua vez, Iniciador. Às tuas mãos fiéis, será delegada uma missão: a tarefa te incumbirá, mas também a honra, de formar um grupo do qual tu serás, diante de tua consciência e da Humanidade Divina, o Pai intelectual e eventualmente o Tutor moral.

       Não se trata aqui de te impor as convicções dogmáticas. Que tu te consideres materialista, espiritualista ou idealista; que tu faças profissão do Cristianismo ou do Budismo; que tu te proclames livre-pensador, ou que tu adotes até mesmo o ceticismo absoluto, afinal, pouco nos importa: não ofenderemos teu coração, molestando teu espírito com problemas que não deves resolver senão diante de tua consciência e no silêncio solene de tuas paixões apaziguadas.

       Tomara que, exaltado por um verdadeiro amor por teus irmãos, humanos, tu nunca procures dissolver os laços de solidariedade que te ligam estreitamente ao Reino Hominal, considerando em sua síntese, tu és de uma religião suprema e realmente universal (é o sentido radical da palavra católico), pois é ela que se manifesta e se impõe (multiforme, é verdade, mas essencialmente idêntica a si mesma), sob os véus de todos os cultos esotéricos do Ocidente como do Oriente.

       Psicólogo, oferece a esse sentimento o nome que tu desejarás: Amor, Solidariedade, Altruísmo, Fraternidade, Caridade, Economista ou Filósofo, chame-o tendência ao Socialismo, se tu quiseres... ao Coletivismo, ao Comunismo... As palavras não são nada!

       Honre-o, Místico, sob os nomes de Mãe divina ou de Espírito Santo. Mas não importa quem tu és, nunca te esqueças de que, em todas as religiões, realmente verdadeiras e profundas, isto é, fundadas no esoterismo; a realização desse sentimento é o ensinamento primeiro, capital, essencial desse próprio esoterismo.

       Busca sincera e desinteressada do Verdadeiro, eis o que o teu Espírito deve a si mesmo; fraternal benignidade em relação aos homens, é isso o que teu coração deve ao próximo. Excetuando-se esses dois deveres, nossa Ordem não pretende te prescrever outros, sob um modo imperativo pelo menos. Nenhum dogma filosófico ou religioso não é mais imposto à tua fé. Quanto à doutrina cujos princípios essenciais resumimos para ti, apenas te rogamos que a medite com tempo e sem tomar partido. É somente pela persuasão que a Verdade tradicional quer te conquistar à sua causa!

       Abrimos aos teus olhos os selos do Livro; mas cabe a ti aprender a decifrar a Letra e então penetrar o Espírito dos mistérios que esse livro contém. Nós te iniciamos: o papel de teus Iniciadores deve ser limitar aí. Se tu atinges por ti mesmo a Inteligência dos Arcanos, tu merecerás o título de Adepto; mas saiba muito bem isso: é em vão que os mais sábios Mestres desejarão te revelar as supremas fórmulas da ciência e do poder mágico; a Verdade Oculta não poderia se transmitir em um discurso:cada um deve evocá-la, criá-la e desenvolvê-la em si.

       Tu és Iniciatus: aquele que outros colocaram na via; esforça-te em te tornar Adeptus: aquele que conquistou a Ciência por si mesmo; em uma palavra, o filho de suas obras. Mas compreenda bem, meu irmão, pela terceira e última vez, eu te suplico, entenda bem que o Altruísmo é a única via que condiz ao objetivo único e final – quero dizer a reintegração dos submúltiplos na Unidade Divina, a única doutrina que fornece esse meio, que é o dilaceramento dos entraves materiais, para ascensão, por meio das hierarquias superiores, em direção ao astro central da regeneração e da paz.

       Nunca te esqueças que o Universal Adam é um Todo homogêneo, um Ser vivo, cujo átomos orgânicos e células constitutivas somos nós. Vivemos todos uns nos outros, uns para os outros; se fôssemos individualmente salvos (para falar a língua cristã), só cessaríamos de sofrer e de lutar com todos os nossos irmãos salvos como nós!

       Portanto, o Egoísmo inteligente conclui, como concluiu a Ciência tradicional: a universal fraternidade não é um chamariz; é uma realidade de fato. Quem trabalha para o outro trabalha para si; quem mata ou fere seu próximo se fere ou se mata; quem ultraja insulta a si mesmo. Que esses termos místicos não te apavorem; a alta doutrina nada tem de arbitrário: somos os matemáticos da ontologia, os algebristas da metafísica.

       Lembra-te, filho da Terra, que tua grande ambição deve ser a de reconquistar o Éden zodiacal, de onde tu jamais deverias ter descido, e a de, enfim, retornar à Inefável Unidade, FORA DA QUAL, TU NÃO ÉS NADA, e, no seio da qual, tu, encontrarás, após tantos trabalhos e tormentos, essa paz celeste, esse sono consciente que os hindus conhecem sob o nome de Nirvana: a beatitude suprema da Onisciência em Deus".                                                               
                                                        [Stanislas de Guaita א S :. I :. ]

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Rayom Ra
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domingo, 11 de março de 2012

O Encantamento Pelos Dez Nomes Divinos [R]

       "Escrito em sentido místico e muito elevado, 'O Encantamento Pelos Dez Nomes Divinos' constitui por si mesmo uma peça mágica de alto valor oculto. Foi a Oração dos Grandes Iniciados e é tão poderosa que, proferida com fé, tem a virtude de atrair aquilo que se deseja, desde que se não ultrapasse o termo do honesto e do justo, pois aqui como alhures, deve evitar-se o choque de retorno que se dá todas as vezes que as intenções deixam de ser puras. Para atrair amor, esta oração é mais que um imã".                                               
        AINSOPH!

        Manto de noite que nenhum olho contempla, umbral sombrio em que se despedaçaram Apolonio e Moshé, cansados de aprofundar as quarenta e nove portas precedentes!

       Um dia, resplendentes de glória, penetraremos teu abismo com a confiança de aportar nas praias da pátria!
       Que a vertigem de nos encaminhar para ti pelas vias da pena, recreie os nossos membros lassos e feridos!
       Essência de todas as coisas que coroas de eternidade as horas e o tempo, de infinito, as  zonas do espaço e as multiplicidades do número. Qualquer que seja o meu orgulho de haver duvidado do teu mistério, não mais blasfemarei até que venha a projetar meu olhar de homem em teu silêncio. Eu te julgo muito longe de mim, ó modalidade primordial do Ser! A ti, cuja diferenciação, fonte de minha vida e fonte do mal universal, não foi talvez o limite do pavor! - Senão um acidente de que não há memória!
      Mas, pelos dez feixes de luz que projetam tua sombra central, pelos dez condutores de tuas vibrações, pelos dez delegados de teu Amor, eu evoco as virtudes de tuas principais emanações. Eu quero que cada um dos órgãos do corpo, cujo coração és Tu, à minha voz, se estremeça e responda com efusão de suas energias para o meu seio. Minha força manda, a minha fraqueza lhes dirige súplicas!
                                                                   
        I. EHEIE!

       Ôlho nenhum jamais viu tua majestade reinar no Empíreo, nem cingir tua fronte a coroa de raios, nem tua boca que ordena aos Animais Santos a seguirem o vertiginoso curso do primeiro móvel e que proferiu os nomes que significam as coisas.
       Eu quero que o Príncipe de sereno semblante ponha ante tua face a teoria dos meus violentos desejos que para ti gravitam, pisando, malditos e flagelados, os nove degraus da escada dos céus.

       II. IAH!

       Minha imaginação de poeta, humanizando a miragem de tua essência e se aninhando no Espaço, entrevê o gesto de tuas mãos em uma noite salpicada de estrelas, além da órbita dos planetas, cujo centro é o nosso Sol.
       As graças de que procedi acreditaram ver teu reflexo nos olhos serenos de um homem de cabelos ruivos que, nato em um presépio entre o boi e o asno foi crucificado; adoravam as mulheres o teu pálido reflexo na fronte sanguinolenta desse jovem.
       Teu Seio, ornado da sabedoria, sai da semente de um pai.
      Tuas mãos, ocupadas em jogar com as rodas, com as esferas que simbolizam tuas idéias, revestem de luz os meus olhos conturbados. O espírito humano naufraga facilmente no caos.
       Que Raizel, teu gênio confiante, faça ouvir a sua voz no meio da sarça ardente que tinge os meus desejos com o seu reflexo de chama!

        III. IOD-HÊ-VO-HÊ!

       Eu vi do horizonte um raio de Sol iluminar com um raio fulvo o ventre branco da pomba, incrustando, no céu, pela perpendicularidade de suas asas estendidas, uma aparência crucial.
       Assim iluminas com uma vibração de tua inteligência a vida manifestada. De teu seio os Anjos Grandes e Fortes vão investir o velho Saturno do poder de comandar a criação e a destruição das formas.
       Em manto negro constelado de grenates; cingida a fronte com um diadema plúmbeo e triste, eis-me queimando a flor sulfúrea, para que me leves o espírito, ó fumo azul, até os limites supremos do domínio sidério, ao limiar do Empíreo.
       Tu me guiarás, ó Zadkiel, às trevas do Mistério onde se engolfa a minha audácia e me aureolarás com a imortalidade, mesmo contra a vontade sinistra do demônio Zazel, que pretende levar à decrepitude, tanto quanto à podridão definitiva, a minha forma e o meu sangue.

       IV. EL!

       Tenho na direita o cetro dos três ramos e o índex rígido como um phalus juvenil; és tu que Orpheu distingue sobre o cimo do Olimpo; magnífico e misericordioso, lançando os raios luminosos das Dominações para a esfera de Júpiter.
       O fumo do aloés e da noz moscada, queimados na cassoleta, cobre-me a face brônzea e os meus membros vestidos no manto azul marchetado de topázio.
       Tu me levas o cetro, ó Zadkiel, o bordão do comando.
Indiferente às sugestões de Hismael, eu não o brandirei senão em nome da justiça e da misericórdia adorável.

       V. ELOHIM GHIBOR!

       Pois os deuses, tanto quanto os homens, e gênios planetários, têm um corpo feito de bela matéria. Por tua carne, corre, maravilhoso, o sangue, ó dispensador de forças! És o Pai dos corações heroicos e osculas e suas potências.
       Ó Marte! Infiltra-me as tuas forças para a luta. Teu capacete e cota de armas inflamam cintilantes rubis e as tuas narinas dilatam os vapores do tórax.
       E tu, Samael, cujo rosto robusto se entrevê em meio ao brilho das espadas, derrama-me nos rins cingidos de cobre o óleo da força que me dará a energia agressiva e a resistência para o combate perpétuo da vida, para a revolta santa e justa cólera.
       E contra Barzabel, o violento demônio da brutalidade, do ódio e da raiva, eu apresentarei a ponta da espada sagrada.

       VI. ELOHA!

       Tu meditas o sonho luminoso da beleza. Teus olhares com as asas dos reis do esplendor chegam através o braseiro vital do Sol até a fronte do poeta aureolada de louro.
       Em meio ao lúcido coro da Apolônidas, ó Beleza! Eu nasci para adorar a tua face! Cingida a tríplice tiara de ouro e posta a capa recamada de carbúnculo, derramo sobre carvões ardentes as lágrimas do mastique e das flores do louro.
       Ó Rafael, Ó Foibos! Príncipe glorioso, encheu meio seio de alegrias por estar no mundo, e para que, no frêmito sensual que proporcionam as graças da forma e as seduções das cores, e em êxtase para inatingíveis perfeições, eu ascenda até o cimo onde resplandece a beleza absoluta.
       Ó beleza, qual foi o ignorante que te chamou perecível? Tu, essência imarcescível, assim como a tua aparência mortal e a Luz que os procriou, proçagam teus reflexos nas esferas da eternidade. Para os olhos do vidente, seu esplendor não se apaga. Conjuro-te, Ó Sorath!

       VII. IOD-HÊ-VO-HÊ TSEBAOTH!

       É pela vitória que tu te manifestas, pela vitória da vida sobre a morte. Tua semente suscita os Elohim para a espera risonha de Vênus, mãe do amor. De samarra, salpicada de esmeraldas, coroado de rosas e verbenas e inebriando de almíscar e açafrão, eu te invoco, ó Anael! À hora em que teu corpo planetário vem enlear com a sua beleza o Touro do Zodíaco!
       O violento êxtase do amor transporta a alma, a vida para a morte.         
        Possuir um ideal é modificar a forma de sua vida profundamente como pela morte. O êxtase do amor tu o podes verter do corpo que tens nas mãos.
       A amante que me foi destinada antes de vir à Terra, a metade perdida do andrógino que fui, tu ma enviarás para os meus beijos.
       Impede, peço-te, que as Sibilas Lilith e Nahemah a retenham prisioneira na noite ignota. Põe na matriz da mulher amada a vibração do amor que se vai perpetuando através dos Elohim até ao coração do próprio Deus! E neutraliza, com teu hálito balsâmico, os malefícios do demônio Anteros ou Kermel, que se inflama de ciúmes ao ver os pares felizes!

       VIII. ELOHIM TSEBAOTH!

       Cinge-me a fronte uma coroa de hidrargíreo; e uma túnica vesti, malhada de cristal, de onde emergem nus os meus braços de operador. Em meio ao fumo do zimbro e de canela, estás tu, Michael, que aconselhas a Salomão, o rei do Mistério! Por ti eu quero a penetração dos segredos, quero fabricar a chave que força os serviços do Oculto.
       Tu não perturbarás, Taphthartharat, o bom trabalhador entregue à sua obra.

       IX. SHADAI!

       Teus pés se apoiam sobre o Fundamento, e teus dedos fazem sinais aos ministros do Fogo que seguem o curso da luta em torno do crescente de prata fina, vestido da branca dalmática, ornada de estrelas, de argolinhas e safiras.
       Eu queimo a mirra, proferindo palavras que forçam as vontades. Tu te inclinas para mim, ó Gabriel! como Artemisa triforme ao apelo de Endimião.     
       Alma da Lua, teu olhar protege as crianças e derrama-lhes no peito predestinado o Fogo Sagrado do gênio. A tua expiração nos dá crescimento; tua aspiração, perecimento; o odor do teu hálito, através das correntes áuricas, atrai o espírito dos mortos que amamos, a imaginação dos poetas e das mulheres.
       Espelho que reflete sobre nossas frontes os raios vindos de todos os planos do abismo, escolhe com amor aqueles que hás de projetar sobre meus flancos. Ante o encantamento prolongado nas ondas espirituais, depõe, eu te ordeno, a tua indiferença da frequente neutralidade, a fim de que eu possa lançar o olhar além dos teus domínios.
       E quando eu receber o beijo da morte, não rolarei para os tormentos astrais, presa das infernais servas de Hasmodat, as Lemúrias e as Larvas.

       X. ADONAI MELECH!

       Sobre a coluna esquerda, tu te eriges em um ninho de glória e daqui teus servidores, os filhos dos deuses, saem para o ágil planeta de Mercúrio.
       Tu realizastes o sonho insondável da imensa face que o olho não viu! Coroado o longo Macrosprósopo, o puseste no Reino da formas que empunha o azorrague do Futuro Perpétuo. Grande Arquiteto, venerado dos Maçons, tu construíste o teu Templo. Feita a sua obra, o Ser pode mirar-se no símbolo que manifesta suas virtualidades.
       A sombra tem um corpo. O Grande Pan é vivo. Ao seu mando, as Inteligências de glórias oferecem aos homens o vinho do Conhecimento da Gnose Integral de que só podem beber os fortes e audaciosos.
       Eu sei que o sabor dele é amargo e mortal! Mas posso chegar o copo aos meus lábios, por que no subterrâneo de Eleusis eu comi o tambor e bebi o címbalo. 
 
 [Cruz de Caravaca - Ed. Pensamento]
 
Rayom Ra

Pensamentos de Ramakrishna


       A união do Jivatman e o Paramatman (o ser individual e Deus) é como a união de dois ponteiros de um relógio, o que ocorre uma vez a cada hora. Estão relacionados entre si e são interdependentes. Mesmo caminhando geralmente separados, podem unir-se nas aportunidades favoráveis.

       Deus é infinito e o homem é finito. Como pode o finito compreender o Infinito? É como se uma boneca de sal procurasse medir a profundidade do oceano. Ao entrar no mar, a boneca de sal se dissolveria. Da mesma maneira, o homem, ao tratar de medir e conhecer Deus perde este estado que o fazia aparecer como algo diferente e tornar-se como Ele.
       Como as nuvens cobrem o Sol, assim Maya oculta a Deus. Quando as nuvens se dissipam, o Sol aparece novamente; quando a ilusão se afasta, Deus se faz presente.

       A água da chuva não permanece nos lugares altos; corre para os sítios mais baixos. Assim, a misericórdia de Deus permanece nos corações dos humildes, mas escorre dos corações dos frívolos e arrogantes.

       As vaidades comuns a todos os homens, podem desaparecer gradualmente, mas difícil de morrer é a vaidade de um religioso a respeito de sua religiosidade.

       A xícara onde o suco do alho foi guardado, conserva o seu odor mesmo depois de lavada várias vezes. O egoísmo é um aspecto tão obstinado da ignorância que nunca desaparece totalmente, por mais que se tente livrar-se dele.

       Tratar-se de explicar Deus, de ter lido as Escrituras, é como falar a outrem sobre a cidade de Benares depois de tê-la visto só no mapa.

       A água seca quando vertida num monte de cinzas. A vaidade é como um monte de cinzas. A oração e a contemplação não produzem nenhum efeito no coração que está cheio de vaidade.

       Há duas classes de pessoas que podem obter o conhecimento do Ser: aquela (classe) cuja mente não está abarrotada de erudição, ou seja, cheia de idéias alheias; e aquela que, depois de estudar as Escrituras e a ciência, chega à conclusão de que não sabe nada.

       Quando a jarra está cheia, não faz mais ruído. Assim o homem realizado não fala muito.

       A luz elétrica ilumina a cidade com variada intensidade. Mas a energia da luz, a eletricidade, vem da usina comum. Assim, os mestres religiosos de todos os climas e idades são como outras tantas lâmpadas que revelam a luz do Espírito, que flui da única Fonte - o Senhor Todo-Poderoso.

        Não é mais possível ensinar um papagaio a falar quando a membrana de sua garganta endureceu com a idade. Na velhice é difícil aprender a fixar a mente em Deus, mas isto se aprende facilmente na juventude.

       A mulher que tem o rei por amante não aceitará os galanteios de um mendigo. A alma que alcançou a graça de receber um olhar do Senhor, não se enamora das coisas insignificantes deste mundo.

        As pessoa de mente espiritual formam um mundo a parte, que está por cima de todos os convencionalismos sociais.

       Um bote pode estar na água, mas a água não deve entrar no bote. Um aspirante pode viver no mundo, mas o mundo não deve viver dentro dele.

        Um verdadeiro devoto que bebeu da fonte do Amor Divino é como um bêbado, e como tal, nem sempre pode observar as regras sociais.

       Se o corpo é transitório e não tem valor, por que então os homens religiosos e os devotos cuidam dele? Ninguém se preocupa com uma caixa vazia, mas todos guardam zelosamente um cofre cheio de ouro e pedras preciosas. O homem espiritual não pode evitar o cuidado do corpo por que Deus mora nele. Todos os nossos corpos guardam os tesouros da Divindade.
                                                               [FEEU]
Rayom Ra

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domingo, 4 de março de 2012

Luzes da Sabedoria Divina


Temos sempre acentuado a inequívoca verdade de que os Mestres da Sabedoria fundaram e implantaram religiões. As religiões vêm sendo praticadas desde tempos imemoriais que fogem ao registro da história oficial, que não abrange os anais das civilizações antiquíssimas, porque seus compiladores e organizadores simplesmente não desejam reconhecê-las. Ignoram as narrativas ocultistas, as resenhas baseadas em pergaminhos, sinais e depoimentos de homens e mulheres que estudam a fundo as origens da humanidade, sob as inspirações e orientações de uma Fraternidade de Mestres chamada A Grande Fraternidade Branca Universal.

A história acadêmica deleita os céticos. Mas suas súmulas, acabam ao final de tudo, por serem em grande parte falsas, por que reúnem as informações tanto de documentos procedentes, como dos omitidos, forjados e dos adulterados pelas ações de opositores da verdade. Seus homens fecham os olhos para os inusitados e até paradoxais achados da “Arqueologia Independente”, para as pistas e conclusões que levam a outro mundo de fatos inabordáveis, uma vez que, por vários motivos, não lhes interessa oficializar mudanças profundas em seus arquivos. Os concludentes relatos e as mais eloquentes provas arqueológicas dos continentes de Lemúria e Atlântida - berços da humanidade e civilizações - trazidas ao claro por pesquisadores sem vínculos governamentais, passam em branco diante de ortodoxos. Pois, ortodoxos continuam a ensinar e a pregar a história linear, construída, numa ponta distante, a partir de hipóteses - algumas absurdas - e teorias com parâmetros controlados.  E noutra ponta, recente e pragmática, com elementos materiais na mais ampla escala, a partir da invenção da escrita, conforme assim declaram.

Mesmo quando emergiram documentos comprobatórios relatando a presença de um Nazareno, que trouxera mensagem universal, e cujas sábias palavras sobreviveram por mais de dois mil anos, a despeito das intempéries humanas e obstáculos progressivamente levantados, doutos, mediante autoridade, adotando a contraposição, apoiaram-se nos desmentidos e conseguiram alienar os documentos, desprezando-os ao epíteto apócrifo.

Quem estuda a história oficial e a oculta, ou pelo menos as lê e as compara, que é sensível em mente e coração, nunca duvida da verdadeira história, da vinda recente de Cristo à Terra e de suas anteriores vindas missionárias encarnando sempre sublimes personagens. Quem assim se mantém é um seguidor, seja iletrado ou culto, e um legítimo seguidor sabe de coração e intuição, não se deixando enganar de suas origens humanas, dos anacrônicos relatos de um homo sapiens sapiens jamais definido na sua cronologia, e constantemente em incongruentes mutações físicas.

Desnecessário voltarmos a argumentar sobre as falsas, remoentes e movediças teorias dos materialistas de Darwin, e de outros teóricos de cérebros saturados com postulados da ciência e com tecnologia moderna, que a eles mesmos enganam sem que desejem libertar-se dos engodos.

O que nos causa espécie, do mesmo modo, são as reações de certo número de esotéricos a desacreditarem a importância das religiões, como se elas fossem tão somente produtos da veleidade humana. Ora, as religiões vieram de coordenadas ações por homens sábios e luminares, que as estabeleceram nos seus primórdios e as fizeram circunscrever uma órbita em torno do planeta, de cultura a cultura, de civilização a civilização, de milênio a milênio. E esses homens foram justamente os que, em diversas encarnações, incrementaram a sabedoria e estabeleceram as verdades de todas as cabalas, de todos os rituais secretos e de todas as magias. E foram também humanos, homens com pés no chão, pois o Deus Solar e Todo-Poderoso não desceu a Terra em forma etérea e implausível, e com suas mãos viria escrever linha por linha aos ensinamentos ocultos de que os iniciados de todos os graus, hoje, milhões de anos após, deles ainda se beneficiam.

As religiões, as mitologias e religiões mitológicas, por assim dizer, repercutiram e ainda repercutem imorredouras verdades de antanho em construções esotéricas e exotéricas nos mais necessários modelos e formas, pois os mensageiros iluminados não iriam construir religiões com inverdades, com impossibilidades, sem um objetivo evolucionário e sem os tesouros da sabedoria dos Deuses Solares.

Deuses foram também homens, e mesmo tendo transcendido os seus carmas e inúmeras outras encarnações, ainda são sementes de um mesmo celeiro, e não poderão se emancipar definitivamente da Roda do Tempo, enquanto todas as demais sementes não brotem para a divina vida. Mesmo os mais iluminados que deixam a Terra para avançar em poderes, não se distanciam em definitivo do quase infinito exército de Mônadas, ou Espíritos Puros, como o Deus Solar não pode se distanciar dessa mesma Criação onde Sua própria Imagem e Vida ali se encontram imanentes. E necessitarão voltar para os seus, mesmo da mais longínqua das dimensões do “não-tempo” onde se encontrem, retornando para o espaço-tempo enquanto aqui estivermos.

Esotéricos de fato e direito, aceitos nos diversos escalões da Loja Branca, mesmo nas mais inferiores posições, não desmentem as religiões estabelecidas pela Fraternidade, ou estarão desmentindo a si próprios e a seus corolários duramente edificados. Sabem disto muito bem. É igual verdade que certos homens sucessores dos sábios no corpo sagrado das religiões, por ignorância ou por estarem dominados pelas mentes opositoras e escravistas, tergiversam dos credos, que são temporais; dos postulados, sutras, aforismos, livros sagrados e evangelhos, que são atemporais, e buscam aprisionar consciências, conseguindo algum resultado. Mas o cerne das religiões, trabalhado por homens iluminados para homens necessitados, continua intocado, em que pese as indevidas inserções.

E religiões não podem ser penalizadas pelos atos dissonantes dos maus religiosos, como o esoterismo não pode ser penalizado pelos desatentos seguidores ainda na Câmara da Ignorância, ou na Câmara da Provação, pouco reflexivos, que ainda não puseram os pés na senda real. Se esses últimos, os desatentos, não seguirem alguns dos mais importantes preceitos eletivos aos religiosos, nos seus procedimentos internos e externos de seus grupos ou escolas, no seu cotidiano familiar e em suas vidas em sociedade, não firmarão valores, não avançarão de fato no caminho interno, e não desfrutarão da sabedoria iniciática dos Irmãos Maiores. Iludir-se-ão sempre, e na ilusão assim permanecerão. E nestes casos, o religioso sincero e sensível, obreiro e desinteressado, caminhará sempre.

Nesta preciosa coletânea elaborada pelo Swami Rajeswarananda é possível comparar algumas das lições de cada religião e filosofia de cunho devocional, com as demais por ele ordenadas, embora cada uma detenha suas próprias figuras e formatos, segundo as épocas de seus surgimentos, com suas visões, disciplinas e rigores. Não trata aqui o Swami, especialmente, dos aspectos internos ou esotéricos das religiões, embora haja algo do esoterismo em um número de aforismos selecionados. Esta parte, em maior escala, sempre esteve afeta no oriente a reconhecidos mestres, santos e gurus, e nas demais latitudes aos iniciados, sacerdotes e homens especiais que representaram suas colunas, e obraram tanto nas esferas externas e visíveis como no oculto.

Embora não se prenda a isto, é perfeitamente possível aqui notar-se que a filosofia religiosa apresentada como um todo popular, volta-se muito mais para atos de devoção ao Criador do mundo, à fé, aos exercícios externos dos hábitos controladores da mente e do corpo, aos novos habitos a serem cultivados, às exaltações de atitudes morais, e ao respeito ao ser humano como um irmão. E em se comparando seus conteúdos, encontramos em essência, traços e semelhanças com os ensinados em praticamente todas as religiões. (Rayom Ra)

1. HINDUÍSMO

1. A verdade é uma, os Sábios chamam-na de muitas. Brahman ou o Absoluto, é a única Realidade. Este mundo é irreal. Jiva ou alma individual é idêntica a Brahman.
2. O conhecedor de Brahman converte-se em Brahman.
3. Não há salvação sem um conhecimento imperecível
4. A Karma Yoga, ou ação desinteressada, purifica o coração. Upasana, ou devoção, remove a oscilação da mente. Jnana, ou conhecimento, remove o véu da ignorância.
5. OM é o símbolo de Brahman.
6. Um Jivanmukta, ou sábio liberto, está sempre em paz e bem-aventurança. Tem uma visão equânime e uma mente equilibrada.
7. Três coisas são muito difíceis de obter. O nascimento de um homem (Manushyatwam), desejo de liberação (Mamukshutwam) e a companhia de grandes almas (Maha Purisha Sanga)
8. O universo é a manifestação do Senhor.
9. Assim como um fragmento de sal não possui interior nem exterior, e nada mais é do que sabor, assim, também, este Atman, ou Alma, não tem interior nem exterior, e nada mais é do que conhecimento.
10. Sem a graça do Senhor não se pode obter o conhecimento do Eterno.
11. A conquista da mente é a conquista do mundo.
12. Donde viemos? Para onde iremos? Estes são os problemas da vida.
13. Não é por meio de ações, da estirpe e da riqueza, mas só por meio da renúncia que a imortalidade pode ser alcançada.
14. Quando nada mais pode ser visto, ouvido ou conhecido é que nos defrontamos com o Infinito Brahman.
15. Inofensividade, fidelidade, libertação do roubo, da luxúria, da raiva, da ganância, procurando ser agradável e benéfica a todas as criaturas....este é o dever comum de todas as castas.
16. Quando as mulheres são honorificadas os deuses ficam satisfeitos, mas, quando não o são, nenhum rito sagrado produz frutos.
17. Não há maior virtude do que a fidelidade, nem maior crime do que a falsidade.
18. Só a verdade conquista e não a falsidade.
19. Da, Da, Da (Damayata, Datta, Dayadwam). Sede submisso. Dai. Sede misericordioso.
20. Senhor! Sois a mulher. Sois o homem. Sois a mocidade. Sois a donzela. Sois o velho vacilante. Nascestes com o Teu rosto voltado para toda a parte. Sois a abelha negro azulada. Sois o papagaio verde com olhos vermelhos. Sois a nuvem, o trovão, as estações, os mares. Sois sem começo por que sois infinito. Sois donde todas as palavras nascem.

2. CRISTIANISMO

1. Aquele que olhar uma mulher com olho cobiçoso, já com ela cometeu adultério em seu coração.
2. Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim.
3. A voz do povo é a voz de Deus.
4. Vigiai e orai para não cairdes em tentação. O Espírito é efetivamente forte, mas a carne é fraca.
5. O que o homem semeia ele também colherá.
6. Não pequeis mais.
7. Um pecado traz o outro.
8. A caridade apaga uma multidão de pecados; não deixai que tua mão direita saiba o que a mão esquerda deu.
9. A medida do nosso sacrifício é a medida do nosso amor.
10. Bem-venturados são aqueles que têm fome e sede de justiça por que serão saciados.
11. As boas ações são a melhor prece.
12. Vosso Pai sabe de que coisas necessitais, antes de a pedirdes.
13. A paz de Deus, que ultrapassa o entendimento, permanecerá em vossos corações.
14. Ama a teu próximo como a ti mesmo.
15. Não penses no amanhã, pois Ele pensará em todas as coisas por Si mesmo.
16. É melhor um grama de piedade do que um quilo de ouro para a igreja.
17. Quem não ama, não conhece Deus, pois Deus é amor.
18. Quem não ama o seu irmão, a quem vê, como poderá amar a Deus, a quem não vê? Ele nos deu como mandamento que quem ama a Deus ama também a seu irmão.
19. Deus é amor, e quem vive em amor vive em Deus e Deus nele vive.
20. Pois Nele (Deus) vivemos, nos movemos e temos o nosso ser, pois também somos o Seu produto.
21. Quem pretender salvar a sua vida a perderá; quem por mim perder a suya vida a encontrará. Que ganhará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria alma? Ou o que dará o homem em troca de sua alma?
22. Teme a vida, mas não teme a morte;
23. Venham a mim todos os que possuem pesados fardos, e dar-vos-ei alívio.
24. Vejam, o Reino de Deus está dentro de vós.
25. Conhece a ti mesmo e, depois, o teu semelhante.
26. O céu ou o inferno estão em teu coração.
27. Mais forte do que uma pedra é o coração de um homem mundano.
28. Uma boa consciência é a voz de Deus.

3. ISLAMISMO

1. A prece nos leva até a metade do caminho para Allah;  o jejum nos leva até a porta do Seu palácio; a caridade nos dá a permissão para entrar.
2. Não engana que não serás enganado.
3. Não olhes uma mulher após a outra, pois, na verdade, o primeiro olhar ´pe desculpável, mas ou outro é ilegal.
4. O mundo e todas as suas coisas são valiosos; mais valioso do que tudo é uma mulher virtuosa
5. Não há necessidade de outro rosário do que aquele cujo fio vital é forte como as contas do amor, serviço, caridade, e renúncia.
6. Retidão nãao é voltar o rosto para o leste ou para o oeste. Reto é aquele que acredita em Deus, até seu último dia, nos anjos, no Livro e nos profetas; aquele que faz caridade aos pobres e é constante na oração.
7. A Allah pertence o reino dos céus e da terra. Ele é o senhor da vida e da morte. Além de Allah não tendes amigo nem protetor
8. Perdoa a teu servo setenta vezes por dia.
9. Não sirvas a ninguém senão a Deus. Dispensa bondade a teus pais, parentes, órfãos e aos pobres. Sede constante em orar. Dai esmola.
10. Deus é o primeiro e o último, o visível e o oculto. Ele sabe tudo. Foi ele que em seis dias criou o céu e a terra e, depois, ascendeu ao Seu trono. Onde estiverdes Ele está contigo. Ele vê todas as tuas ações.
11. O teu Deus é um só Deus, não há outro Deus senão Ele, o Misericordioso, o Compassivo.
12. Deus é a luz do céu e da terra. Sua luz é um nicho onde existe uma lâmpada, a lâmpada está num vidro e o vidro é como se fosse uma estrela cintilante.
13. Deus é que fez a noite para que possais repousar e o dia para trabalhar. na verdade, Deus é o Senhor da Graça para os homens, mas a sua maioria não Lhe agradece.
14. Na verdade, nós somos deuses e, na verdade, a ele retornamos.
15. Fazei o bem, por que Deus ama aqueles que fazem o bem.

4. ZOROASTRISMO

1. Sois impugnável, Ahura Mazda, agora e sempre! Sois Ser transcendente, fixo entre as coisas móveis, imutável entre as múltiplas mudanças.
2. Supremo é o Senhor, o inalterável e imutável, enquanto que, em toda a parte, tudo cresce para fenecer, fortalece para enfraquecer e nasce só para morrer.
3. Sois a Luz, Ahura Mazda! Onde estás a Luz está. Vazio de Ti é a escuridão. Oculto para todos, a tudo Tu vês. Nada está oculto para ti!
4. O Grande Um não é um mero espectador do mundo. Ele criou. Ele é imanente e o homem pode entrar em íntima relação com Ele.
5. Ele é todo-penetrante. Não há concebível lugara para onde Ele não está. Os olhos, ouvidos, nariz e a boca são o que estão mais próximos do rosto, mas Ele ainda mais próximo está.
6. Ele nada mais é dop que um mesmo Deus, mas os homens Lhe dão muitos nomes.
7. Não fiqueis presunçosos por vossas grandes ligações, família e raça. No final, dependereis somente das vossas próprias ações.
8. A invisível e enganadora Astivihad (Morte) chega para todos. Ela não aceita cumprimentos nem suborno. Não respeita a ninguém e tudo destrói implacavelmente.
9. Não formeis desejos cobiçosos, pois o demônio da insaciabilidade aprisionar-te-á transformando-te num cego para a beleza e pureza do mundo, tornando o espírito impercebível.
10. A carne, com suas inumeráveis formas e cores, divide e separa o homem do homem. Mas o espírito é um e o mesmo em tudo.
11. Seja laborioso e moderado e come com teu trabalho reghularf. Oferece uma parte de tuas coisas aos necessitados e para o bem.
12. A primeira perfeição são os pensamentos. A segunda são as boas palavras e a terceira as boas ações. Viver na falsidade é pior do que a morte.
13. As três maiores obrigações do homem são amar um inimigo e convertê-lo num amigo, tornar honesto o desonesto e instruir um ignorante.
14. Preparai o coração, a mente, as mãos e os pés para estarem sempre prontos a fazer o bem e cometer ações legais.
15. Que todos os homens pratiquem estes cindo bons trabalhos, que são, a liberalidade, fidelidade, gratidão, o contentamento em promover o bem e tornar-se um amigo de todos.
16. Uma boa natureza é aquela que nunca faz aos outros aquilo que não é bom para si própria. Não façais aos outros aquilo que não gostarieis que vos fosse feito.
17. A pobreza com honestidade é melhor que a opulência que foi adquirida dos outros.
18. A maior coisa, o maior bem para o homem, nesta vida, é a Pureza. Atingirá o mundo celestial aquele que procurou esta Pureza por meio de bons pensamentos, palavras e obras.
19. A honradez é a melhor aquisição do homem, a maior riqueza do mundo. O mundo nada mais é do que pó, mas a honradez nunca termina por que é imortal.
20. A Essência da Religião é a Verdade, a essência da Lei é a virtude.
21. Não vos enamoreis do respeito e da reverência. Afastai-os. Prejudicam a Vida Espiritual.
22. A saúde é verdadeira fortuna. A sabedoria é o verdadeiro ouro e diamante. O contentamento constitui verdadeira riqueza. A fé, a virtude, a piedade e a honestidade são os maiores tesouros do homem.
23. Não pecar é melhor que o arrependimento, castigo e renunciação do pecado.
24. Nada ganhou quem não ganhou sua alma. A sabedoria que não é acompanhada pela bondade não é sabedoria.
25. A verdade não conhece fronteiras raciais ou geográficas. A verdade é a mesma para todos. A verdade sempre triunfa e conquista a falsidade. A verdade cega a mentira, assim como o deslumbrante sol cega a coruja.

5. JUDAÍSMO

1. Por três coisas o caráter do homem é conhecido - pela bebida, pela riqueza e por sua raiva.
2. Seja forte como um leopardo, repentino como uma águia, lépido como uma gazela e bravo como um leão para cumprir a vontade de teu Pai que está no céu.
3. Mais carne, mais vermes; mais riqueza, mais cuidado; mais mulheres, mais fetiçaria; mais criadas, mais licenciosidade; mais criados, mais roubos; mais Facho, mais vida; mais assiduidade, mais sabedoria; mais conselho, mais compreensão; mais caridade, mais paz.
4. Dá pouco quem dá muito de má vontade; dá muito quem dá pouco com um sorriso.
5. Quem dá nunca deve lembrar; quem recebe nunca deve esquecer.
6. O melhor comércio é com Deus.
7. Teme a Deus e observa os Seus mandamentos, pois este é todo o dever do homem. Deus julgará cada ato, cada coisa secreta, seja ela boa ou má.
8. O rico traz o seu Deus no bolso; o pobre em seu coração.
9. Toda a palavra de Deus é boa.
10. A quem dá um passo para Deus, Deus dá dois passos para ele.
11. Deus dá o remédio antes da doença.
12. Uma hora de arrependimento e boas ações neste mundo é mais do que toda a vida do mundo futuro. Uma hora de bem-aventurança no outro mu7ndo é mais do que toda a vida deste mundo.
13. Seja o primeiro a acolher a todos.
14. Aquele que nega o seu crime duplica-o.
15. Escuta com rapidez. Qua a tua vida seja sincera.
16. Responde sempre com paciência.
17. O melhor pregador é o coração, o melhor mestre é o tempo; o melhor livro é o mundo; o melhor amigo é Deus.
18. A impureza no começo é como a teia de aranha; no fim é como uma corda de carroça.
19. Herói é quem sempre faz do inimigo um amigo.
20. Os sofrimentos são caminhos de vida. Os sofrimentos harmonizam mais que o sacrifício.
21. Acalma-te e sabe que Eu Sou Deus.
22. O corpo é a bainha da alma.
23. Pesa tuas palavras numa balança e põe um porta com tranca na boca.

6. BUDISMO

1. Abandona o que está na frente, o que está atrás, o que está no meio, quando atravessardes para a outra margem da existência. Se tua mente é perfeitamente livre, não estarás mais sujeito ao nascimento e à velhice.
2. Chamo de verdadeiro Brahmana aquele que cortou todos os grilhões, que não anseia pelo prazer, que é independente e não vacila.
3. Não fira ninguém com palavra ou obra; viva dentro da lei, seja moderado no comedr, viva em solidão, pratique a meditação; tal é o ensinamento de Buda, o despertado.
4. Nem a nudez, nem os cabelos compridos, nem a sujeira, nem o jejum ou o rolar na terra poeirenta, nem o sentar imóvel, podem purificar um mortal que ainda não destruiu os anseios e os desejos.
5. A profunda aspiração é o caminho da imortalidade, a irreflexão é o caminho que conduz à morte. Os que aspiram não morrem, os que não refletem já são como mortos.
6. A dádiva da lei (Dharma) excede todas as dádivas; a doçura da lei excede todo o prazer; a extinção da sede sobrepuja todos os sofrimentos e dores.
7. Um homem não é sábio por ser branco o seu cabelo. A simples velhice é chamada de idade vazia. É chamado de sábio quem vive na verdade, na virtude, no amor, na inofensividade, com autocontrole, moderação, quem vive puramente, e é inteligente.
8. Se um homem ofende uma pessoa indefesa, pura e inocente, o mal retornará sobre ele assim como a poeira jogada contra o vento.
9. O perfume da virtude é mais excelente do que o cheiro de sândalo, do jasmim e do lírio. Pobre é o cheiro que provém do sândalo e do jasmim. O perfume daqueles que estão de posse da virtude sobe até o mais elevado céu.
10. O ódio nunca cessa com o ódio; o ódio cessa com o amor.
11. Melhor do que um reinado na Terra, melhor que viver no céu, melhor do que a soberania sobre todos os mundos, é a recompensa do primeiro passo na virtude ou santidade.
12. Mesmo os deuse invejam os que estão despertos, que praticam a meditação, que são sábios e têm prazer na reclusão e na renunciação.
13. A mácula do corpo é a preguiça; a mácula do vigia é a neglig~encia; a mácula da mulher é a falta da castidade; a mácula de um doador é a avareza. Mas há uma mácula pior do que todas essa máculas. É a ignorância, a maior mácula. Homem, tira esta mácula e torna-te imaculado.

7. JAINISMO

1. Certamente que o desaparecimento do apego e da paixão é Ahimsa (inofensividade). O seu aparecimento é Himsa (ofensividade). Este é o resumo das escriturtas jaininas.
2. Os cinco votos de  jainismo são o abster-se de tirar a vida, abster-se da falsidade, do roubo, das relações sexuias e renunciar às paixões mundanas.
3. Controla a raiva com o perdão, a avidez com a humildade, a fraude com a honradez e a tristeza com o contentamento.
4. Não mata os seres vivos por nenhuma das três maneiras: pela mente, palavra ou ato.
5. Convertemo-nos num monje pela equanimidade, num Brahmana pelo celibato, num sábio pela sabedoria e num eremita pela penitência.
6. Seis deveres essenciais são prescritos para um santo, que são, arrependimento, renunciação, exaltação do Senhor, obediência ao senhor, prática da equanimidade e desligamento da atração do corpo.
7. Reta crença, reto conhecimento e reta conduta constituem, conjuntamente, a senda para Moksha ou a emancipação final.
8. Pelo reto conhecimento distingui-se as coisas retas, pela fé acreditamos nelas, pela reta conduta controlamos o influxo do karma e pela penitência nos purificamos.
9. A inofensividade é a única religião
10. Devemos adorar a Deus, servir o Guru, estudar as escrituras, controlar os sentidos, fazer austeridades e dar esmolas.
11. A simpatia e a aversão são causados pelo karma. O karma tem sua origem na ilusão. O karma é a raiz do nascimento e da morte. O nascimento e a morte são misérias.
12. Assim como a semente totalmente queimada não produz fruto, também, a semente na forma de karma queimado não produz mais reação.
13. Sempre e sempre deve-se refletir, considerar e ponderar atentamente que tudo é transitório, sujeito à mudança. O ligamento às coisas deve ser abandonado.
14. Braman é o que pratica a penitência, observa e cumpre os votos, e possui uma paz mental perfeita.
15. Não se pode escapar dos efeitos das ações. Cada ação trará os seus frutos.
16. A reta crença, conhecimento e reta conduta são a fonte da felicidade.
17. Jogar, comer carne, o vinho, o suborno, o deboche, o adultério, a caça, o roubo são as sete coisas deste mundo que levam ao inferno.
18. Aqueles que pretendem evitar Himsa (a ofensividade) devem renunciar ao vinho, à carne e controlar a raiva.
19. Não prejudicar é a primeira das virtudes.
20. O escravo de sua luxúria perde a vida humana e a divina.
21. o nascimento é miséria. a velhice é miséria, assim como a doença é morte. Ah! Samsara nada mais é do que miséria, a vida terrena na qual o homem sofre a dor.
22. A sabedoria reconhece a verdade da lei.
23. Devemos respeitar o voto de fidelidade sempre evitando a zombaria, a tristeza, a covardia e a raiva, pensando antes de falar.
24. A religião é a mais elevada das bênçãos. Compreende e encerra a inofensividade, autocontrole e penitência. Mesmo os deuses se curvam para aquele cuja mente está sempre centrada na religião.

8. SIKHISMO

1. Ouvindo o Nome de Deus um cego encontra o caminho. Ouvindo o Nome, o incompreensível torna-se compreensível.
2. A cobiça é um cão, a falsidade é lixo, obtidos da carniça podre.
3. Todos os medos partem daqueles que meditam de um Deus sem medo.
4. Coma pouco. Durma pouco. Ame, perdoe e abstenhga-se.
5. Deus não pergunta ao homem qual é a sua raça. Pergunta-lhe o que fez.
6. A devoção não consiste em régias vestes, em mastros, em cinzas, em cabeças raspadas ou em som de trombetas.
7. De todas as devoções, a melhor é o pronunciamento do nome de Deus.
8. Faz do corpo o campo, dos bons atos a semente, irriga-o com o nome de Deus. Faz do coração o agricultor. Deus germinará em teu coração e obterás a glória do Nirvana.
9. De todos os deveres o maior é a repetição do nome de Deus.
10. Deus deve ser sempre lembrado. Coloca-O e converte-O em teu alento.
11. Não alcançareis o véu pelo serviço insincero. É pela prática da Verdade que sereis salvos.
12. As palavras do mundo se perdem em quatro ou cinco dias. Todos as deixam para trás. Nada se leva. Cultiva aquilo que é imperecível.
13. Repete o nome de Deus. As impurezas de teu coração desaparecerão.
14. Faz da palavra uma árvore preciosa, planta-a em bom solo (o coração) e irriga-a com amor.
15. Não há maior penitência que a paciência, maior felicidade do que a alegria, maior mal do que a tristeza, maior virtude do que a piedade e maior arma do que o perdão.
16. Sem a devoção aos santos o homem é uma rocha árida. na devoção aos santos ele é Deus.
17. Faz da piedade o algodão; da alegria o teu fio, da continência o seu nó, da verdade a tua laçada para o tecido da tua alma. Não se romperá, não manchará, não queimará, nem se perderá. Bem-aventurado ó, Nanak, aquele que enverga tal fio no pescoço.
18. Assim como o fogo está contido em toda a madeira e a manteiga em todo o leite, assim a luz de Deus está contida em tudo que é elevado e baixo.
19. Quem procura o auxílio humano perde tanto este mundo como o outro. Só há um Doador. O mundo contém só mendigos. Os que abandonam Deus e se ligam aos outros, perdem toda a sua honra.
20. Repetindo o nome de Deus existem quatro caminhos pelos quais se podem alcançá-Lo. O primeiro é a ligação com as pessoas santas, o segundo pela verdade, o terceiro pela alegria e o quarto pelo controle dos sentidos. Por qualquer destes caminhos que escolher o homem encontrará a Deus, seja um eremita ou um chefe de família.
21. Só quem cessou de amar o mundo poderá servira a deus.
22. A dor é um remédio. O prazer do mundo é uma doença. onde existir tal doença não poderá haver desejo por Deus.

9. CONFUCIONISMO

1. O mundo não passa de um lugar de descanso.
2. Planejar duas coisas está afeto ao homem, completar as coisas está afeto a Deus.
3. Controlando a raiva de um momento podereis evitar o remorso de toda uma vida.
4. Culpai a vós mesmos, assim como culpais os outros. Desculpai aos outros assim como desculpais a vós mesmos.
5. A obediência é melhor que a reverência.
6. As moças e os criados são a gente mais difícil de lidar. Tratando-os com familiaridade tornam-se desrespeitosos. Conservando-as à distância ficam ressentidos.
7. Caminhar na senda da virtude durante vinte anos não é o suficiente. Errar num só dia é demasiado.
8. Um homem sábio é vagaros no falar e rápido no agir.
9. A sinceridade é o fim e o começo das coisas. Sem a sinceridade nada haveria. A sinceridade é o caminho para Deus. É o caminho para o céu. Cultiva-a sabiamente.
10. Os três segredos da felicidade são: não ver, não ouvir, nem fazer o mal.
11. O coração de um homem sábio assemelha-se a um espelho que reflete qualquer objeto sem ser por ele maculado.
12. o coração de um homem é mais perigoso do que as montanhas e os rios, mais difícil de compreender do que o próprio céu.
13. A firmeza e a resolução, a simplicidade e a gentileza da palavra são qualidades que levam a uma perfeita virtude.
14. Os iluminados estão livres da dúvida, os virtuosos, da ansiedade e os bravos, do medo.
15. De todas as partes do corpo humano não há outra mais importante do que as pupilas dos olhos. As pupilas não podem ser usadas para esconder a crueldade humana. Se há algo de mau dentro do coração as pupilas são opacas. Escutai a palavra de um homem e olhai para as pupilas de seus olhos. Como é possível um homem esconder os seu caráter?
16. A verdadeira bondade é amar o semelhante. A verdadeira virtude é conhecê-lo.
17. O barulho não está na feira, nem a quietude na floresta, mas nos corações dos homens.
18. É melhor fazer boas obras perto de casa do que caminhar mil quilômetros para queimar incenso.
19. Quando sabeis, saber que sabeis, e quando não sabeis, saber que não sabeis tal é o verdadeiro conhecimento.
20. A tribulação e a dificuldade trazem a vida. A facilidade e o prazer trazem a morte.
21. Se ainda estais impossibilitados de desempenhar vosso dever aos vivos, como podeis cumprir vosso dever aos mortos? Enquanto não conheceis a vida, como podeis conhecer a morte?
22. A mente iluminada é o próprio céu; a mente escura é seu próprio inferno.

10. TAOÍSMO

1. Onde existir ligamento existe escravidão. Se não houver ligamento, não haverá escravidão. Onde não existe escravidão, existe felicidade. Esta é a essência do cultivo da vida.
2. O Tao está em toda parte. Está na formiga. Está na grama. Está no barro. Está nos excrementos.
3. Tao é o santuário onde todos os seres encontram refúgio. é um tesouro sem preço. É o guardião e o salvador.
4. O Tao cobre e sustenta tudo.
5. Existem três coisas preciosas. Primeiro, a mansidão, segundo, a frugalidade e terceiro, a humildade. Sede manso que sereis intrépido. Sede frugal que sereis liberal. Sede humilde que sereis um lider entre os homens.
6. Sem sair de casa podeis c onhecer todo o mundo. Sem olhar pela janela podeis ver o caminho do céu. Sem vos mover podeis saber; sem olhar podeis ver; sem atuar podeis ser ativos.
7. As palavras sinceras não são bonitas; as palavras bonitas não são sinceras.
8. Os grandes caminhos são muito suaves, mas as pessoas gostam dos atalhos.
9. Acumulai virtudes e ganhareis mérito. Tratai a todos com doçura e amor. Sede leais. Sede respeitosos. Obedeceis vossos maiores e sede bondosos com os menores. Não prejudiqueis nem mesmo os pequenos insetos, ervas e árvores.
10. Sede honesto convosco mesmo para poder reformar os outros. Sede compassivo para com os órfãos e viúvas. Respeitai os velhos.
11. Um sábio dorme sem sonhar e caminha sem ansiedade. Não ama nem odeia a morte. Vive sem orgulho e morre sem oferecer resistência.
12. O Tao está em toda a parte. No lugar mais alto, mas não é alto. No lugar mais baixo, mas não é baixo. na velhice, mas não é velho. Nas antigas eras, mas não é antigo. Está em toda a parte, mas todo o lugar nada é.
13. O homem que está em harmonia com o Tao entra em íntima união com os objetos externos. Nenhum deles pode causar-lhe dano ou obstáculos. Passar através dos sólidos, caminhar no meio do fogo ou sobre a superfície da água, tudo isto é possível para ele.
14. O Tao atua sem agir, faz sem fazer, encontra o aroma no que é inodoro, torna grande o pequeno e poucos os muitos.
15. Nascer não é o começo; morrer não é o fim.
16. Não há maior pecado do que a ambição; maior calamidade do que o descontentamento com a nossa sorte; maior falta do que o desejo de acumular riquezas. Portanto, a suficiência de conformidade constitui uma permanente e inalterável suficiência.
17. Os que praticam o mal à luz do dia são punidos pelos homens. Os que praticam o mal ocultamente serão punidos por Deus. Os que temem a ambos, ao homem e a Deus, estão capacitados a caminhar sozinhos.
18. Abençoado é o homem que fala só sobre o que é bom, que pensa só no que é bom e que pratica só o que é bom.
19. Promova a bondade. Renuncie muito. Aceite pouco. Não alardei suas próprias qualidades. Não veja as faltas alheias.
20. Aqueles que não falam, sabem e aqueles que falam não sabem.
21. A uma mente que é equilibrada, todo mundo se rende.

11. SHINTOÍSMO

1. A conquista do ser é a raiz da benevolência.
2. Adquira a virtude, que é mais preciosa do que a vida.
3. A virtude anda de mãos dadas com a felicidade.
4. A prece é de maior importância no apelo da Graça Divina.
5. A honestidade é uma qualidade fundamental para a obtenção da proteção invisível.
6. Não veja o mal, não escute o mal, não fale o mal.
7. Uma boa ação é melhor do que três dias de jejum num templo.
8. A estima, a lealdade e a honestidade são maios elevadas do que a vida.
9. A deidade se manifesta mesmo na simples folha de uma árvore e na tenra lâmina de uma grama.
10. A mulher é quem governa os grandes demônios.
11. As más ações retornam para quem as praticam.
12. O perdão é o mais precioso dos tesouros. é a base do contentamento.
13. Tanto o céu como o inferno estão em nosso coração.
14. Se o coração for puro as ações serão boas.
15. É o teu próprio coração que faz o mundo.
16. Obedece estritamente ás ordens de teus pais e as instruções de teus mestres; sejas puro de coração; abandona a falsidade; sejas aplicado no estudo, para que possas cumprir os desígnios do espírito celestial.
17. A honestidade é o verdadeiro coração dos deuses.
18. Reveste-te de bondade - retribui o mal com a bondade.
19. Ver a justiça e deixar de cumprí-la é um ato de covardia.
20. Nossa vida não passa da chama de uma vela exposta ao vento.
21. Nossa vida é só a ficção (fixação? r/r) de um sonho.
22. Se pretendes obter auxílio abandona o orgulho. Mesmo um grãozinho é como uma grande nuvem de obstáculos.
23. Uma árvore que produz frutos é conhecida por suas flores.
24. O que agrada á deidade é a virtude e a sinceridade não o número de oferendas materiais.
25. Enquanto a mente do homem estiver de acordo com o caminho da veracidade os deuses o protegerão, mesmo que não ore.
26. Paz para a nação, segurança para o cidadão e uma colheita abundante, esta é a prece do Shinto.

             ["The Call Divine" - Swami Rajeswarananda - FEEU ]


Rayom Ra

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