sexta-feira, 1 de maio de 2009

Alianças de IHVH - II (final)

Com IHVH se inauguraria um ciclo judaico que se afirmaria diferente dos eventos liderados por Noé, Abraão, Isaque ou Jacob, cujas provas de fé haviam orientado basicamente os seus respectivos clãs. Com aqueles antigos patriarcas o Deus único não inspiraria a organização e consolidação de um credo. Mas com os israelitas do êxodo IHVH imprimiria no seu animismo sucessivos registros sobrenaturais de efeitos físicos tangíveis, com a intermediação de Moisés, de carne e osso como eles. As impressões dos efeitos terrenos produziriam, ademais, na psique coletiva, figuras críveis e indeléveis para as gerações futuras. Entretanto, naqueles momentos eles se tornavam testemunhas co-responsáveis por ter visto, conhecido e participado!

A própria identificação do Deus de Abrão, de Isaque e Jacob, trazia uma conotação mais séria, mais definitiva, pois somente aqui ele revelaria seu nome, como descrito em Êxodo 6:2 “Falou mais a Moisés e disse: Eu Sou o Senhor” (IHVH). Sabemos do respeito que os hebreus tinham por Deus, ao evitar chamar-lhe pelo verdadeiro nome, substituindo IHVH por Adonai, que significa Senhor.

A épica viagem rumo à Canaã prometida faria uma pausa ao pé do Monte Sinai, que Moisés subiria, aonde se desenrolaria a dramática apresentação dos dez mandamentos. A prova material das Tábuas dos Dez Mandamentos se constituiria na inequívoca segunda grande aliança de IHVH com os hebreus. A alocação dessas dez regras viria de fato requerer, a partir dali, a rígida postura moral desejada por IHVH. Essa postura seria mais do que necessária para fundamentar os pilares sobre os quais o monoteísmo pudesse firmemente edificar-se e avançar como um culto desejável, possuidor de um código único e agregador. Esse código rejeitaria todas as demais práticas forjadas por outras crenças politeístas em que cada deus, bom ou vingativo, induzia a particulares e pessoais atitudes e cultos. A diferença básica se iniciava agora na contextura pragmática dos dez mandamentos, sob a rígida determinação de IHVH para obediência de todos. Os hebreus, no entanto, necessitariam de mais elementos para materializar um culto monoteísta e fundamentar sua fé religiosa.

Mais adiante, Deus mandaria construir a arca que se consubstanciaria, juntamente com o tabernáculo e seus implementos ritualísticos, na terceira grande aliança. A surpreendente arca requerida pelo Deus IHVH seria qualquer coisa inusitada para um povo semita não acostumado a esse tipo de vínculo com outros deuses. Ao invés de uma imagem por Ele já proibida mandaria construir a arca para oficializar sua presença física entre o povo. No Egito havia arcas, mas eram objetos de cultos sacerdotais privativos, e não do povo, muito menos de escravos. Agora IHVH determinava a Moisés construir uma arca como no Egito, e justamente para um povo que lá estivera escravizado!

A arca se constituiria em algo difícil e operoso para sua construção e de mão de obra artística e artesanal. Os objetos que a acompanhariam, todos confeccionados como os queria IHVH, identificavam a montagem de um templo especial, em pleno deserto, para a prática da magia. A magia, para seu pleno e perfeito funcionamento, necessitaria de uma organizada e complicada liturgia, ordenada e imposta nos seus mínimos detalhes pelo próprio Deus dos judeus, segundo os informaria Moisés, e com imolações de animais.

A quarta grande aliança de IHVH com os judeus do êxodo detalhada no Pentateuco e complementada sua narrativa no Livro de Josué, seria justamente a posse das terras prometidas de Canaã. Essa quarta aliança aconteceria quarenta anos depois de iniciada a difícil peregrinação pelo deserto. A posse definitiva de Canaã se daria após a morte de Moisés, conduzida em grande parte pelo incansável espírito de Josué, empreendedor de inúmeras guerras.

 Rayom Ra

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Um comentário:

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