terça-feira, 1 de março de 2011

Recordar é Reviver - III - Jesus Oculto (b)

 

       A história de Jesus, descrita na bíblia, em muitas instâncias nos remete a fatos sobrenaturais que à luz de nossas mentes racionais não se consegue entender ou aceitar senão, unicamente, pela fé. Embora aquelas passagens mais marcantes estejam permeadas por simbolismos propositalmente inseridos, pois os ensinamentos do Grande Mestre envolvem algo ainda maior do que se possa comumente imaginar, é nítido que os quatro evangelhos apresentam relatos em três dimensões ou faces.

       A primeira dimensão está para o público leigo, pessoas comuns e religiosas, ou que se tornam novos religiosos sem muito inquirir-se, que a tudo aceitam literalmente. Os excepcionais eventos vêm associados a nomes de pessoas, lugares, cidades, castas, século, dominações, citações, raças e ao que de uma forma ou de outra podem ainda referendar, porque fazem parte da história moderna.

       A segunda dimensão vem atrair e excitar os pesquisadores mais preparados, religiosos ou historiadores. Aos pesquisadores religiosos, por que buscam mais elementos circunstanciais e gerais para corroborar com a verdade escrita, reforçando a fé dos seguidores, desejando assim demonstrar que realmente Jesus fora excepcional por que era filho de Deus e aqui de fato esteve. Aos historiadores, por que buscando rastrear as indicações nas passagens dos evangelhos, se arremetem em afanosas pesquisas a fim de provar, ou não, que Jesus foi de fato histórico ou somente místico. Ademais, o que teria cercado Jesus no Oriente Médio, produziu riquezas de documentos históricos - apócrifos ou não - e fábulas, principalmente após os achados há pouco mais de meio século, próximo à cidade de Nag Hammadi, no Alto Egito, de pergaminhos preciosos em moldes de outras revelações e evangelhos.

       A terceira dimensão vem encontrar os estudantes do esoterismo e ocultismo em geral, que discernem nas ilustrações de Jesus portais a indicar caminhos para revelações ocultas em níveis e patamares acima dos percebidos nas duas dimensões anteriores. Esquadrinham faces mais interessantes dos evangelhos que conduzam aos desvendamentos do ser humano e ao autoconhecimento. As decodificações das figuras e metáforas descritas nos evangelhos não são gratuitas nem acidentais, por que vêm sustentadas por conhecimentos da antiga gnose que na verdade recua a tempos mais remotos, embora com outros epítetos.

       O cerne destes textos sobre Jesus oculto aqui apresentados visa mostrar que os destinos de Jesus após a crucificação não coincidem, exatamente, com as revelações supernais da bíblia, mas repousam sobre outros fatos alienados dos evangelhos revelados por outros relatos e testemunhos. Isto não é nenhuma novidade. É nada mais que uma colaboração num mesmo sentido dos fatos já observados por tantos estudantes, visto muitos outros pesquisadores já terem se pronunciado de idêntica forma a este respeito. As escolas tradicionais do ocultismo, neste ponto, contradizem a oficialidade das religiões cristãs, sem com isso negar a verdade crística na Terra. Mesmo o hiato da vida de Jesus entre os 12 e 30 anos, não revelado nas páginas bíblicas, é explicado por outros caminhos de pesquisas entre os ocultistas, portanto, com outro histórico de outro nível ou dimensão, em presumíveis acontecimentos verdadeiros e ocultos. Continuemos então.

       Jesus, antes de ser cognominado o Filho de Deus, já era alma bastante avançada nas lides da Hierarquia Planetária, subordinada à Shamballa. Nos tempos de Atlântida já se destacava por sua sabedoria e incríveis afirmações proféticas, quando o mundo sequer suspeitava de que a ciência em futuro longínquo mudaria os rumos das civilizações, mas não o de suas realidades espirituais. Recordemos o trecho de pregressa vida de Jesus na Atlântida, nas palavras de Ramatís, já colocado em nossa obra “Sinais dos Tempos-I”:

       “Entre os profetas longínquos, alguns que previram os pródromos do que ocorreu na Lemúria, na Atlântida e nos primórdios da raça atual, distinguimos a generalidade dos que na Terra ficaram tradicionalmente conjugados à casta dos “profetas brancos”, que abrange todos os profetizadores do Velho e do Novo Testamento. Há que recordar os Flamíneos, herdeiros iniciáticos dos videntes da “Colina Dourada”, mas, acima de tudo, o inigualável Antúlio de Maha Ethel, o sublime instrutor atlante, consagrado filósofo e vidente das “Portas do Céu!”.

       Antúlio foi o primeiro depositário na Terra, da revelação do Cosmo, precedendo a Moisés em milhares de anos. Sob a inspiração das Cortes Celestiais, criadoras dos mundos, ele deixou magnífico tratado de “Cosmogênesis”, no qual descreve a criação da nebulosa originária de vossa Constelação Solar. Cabe-lhe a primazia de haver descrito a maravilhosa tessitura dos Arcanjos e dos Devas, com suas roupagens planetárias policrômicas, onde o iniciado distingue perfeitamente os campos resplandescentes dos reinos etéreo-astrais dos mundos físicos!

       Antes do trabalho esforçado de Moisés, no Monte Sinai, Antúlio já pregava na Atlântida a idéia unitária de Deus, mas em lugar de Jehova, feroz e vingativo, ensinava que o Onipotente era uma Fonte Eterna de Luz e Amor! Também é de sua autoria a primeira enunciação setenária na Terra, quando se refere à cromosofia das sete Legiões dos Guardiões, cada um se movendo numa aura correspondente a cada cor do Arco-Íris.

       Comprovando seus dons maravilhosos, Antúlio previu, com milênios de antecipação, a submersão da Atlântida e a inversão rápida do eixo da Terra há mais de 27.000 anos do vosso calendário!

       Desde as tradições bíblicas até os vossos dias, muitos outros eventos proféticos foram registrados e comprovados pela documentação que ainda se guarda nas fímbrias do Himalaia, nas regiões inacessíveis ao homem comum. A Bíblia vos notifica de que os bons profetas existiram desde Davi, principalmente entre as tribos de Israel, das quais se destaca a tribo dos “Filhos de Issacar”, berço dos mais notáveis profetas, cujos descendentes, mesmo em vossos dias, revelam ainda notável dom de profecia, tais como Schneider e, principalmente, Nostradamus, o vidente francês.

       Moises, Samuel, Elias, Eliseu, Isaias, Ezequiel, Daniel, Joel, Jeremias, Amós, Zacarias, Malaquias, e muitos outros, foram profetas de sucessos comprovados nos livros sagrados, onde se diz que eram profundamente tocados pela graça do Senhor dos Mundos! Posteriormente os apóstolos Pedro, Mateus, João Evangelista e outros discípulos de Jesus, que ouviram o Mestre predizer as dores de vossos dias, também foram tocados pela graça de profetizar. Finalmente, Jesus, o Sublime Enviado, ao considerar o “Fim dos Tempos” e o “Juízo Final”, também usou a linguagem sagrada da profecia”. (Mensagens do Astral).

       Conforme vimos, segundo o testemunho de um irmão essênio, Jesus teria sido retirado da cruz, tratado com a terapia medicinal da comunidade essênia, revivido e se albergado entre eles, logo seguindo ao encontro de seus discípulos. Não obstante, pouco tempo depois morreria, deixando instruções aos seus seguidores.

       Entretanto, na obra Pistis-Sophia atribuída às pesquisas gnósticas de Valentin, Jesus, após a crucificação, viveria por mais onze anos ensinando os mistérios da gnose aos seus discípulos e mulheres de sua confiança. Nestas reuniões, Jesus respondia a perguntas e dizia como subira às esferas e enfrentara as ordens de eons, dominando-os e os fazendo obedientes. Sobre os Eons, ou Aeons, assim se manifesta HPB:

       “Eon ou Eons [Aión em grego; Aeon em latim]. O tempo, a eternidade. Períodos de tempo. Nesse sentido Eon equivale à voz castelana ‘evos’. Emanações procedentes da essência divina e seres celestiais. Entre os gnósticos eram gênios e anjos. Eon é também o primeiro Logos (Doutrina Secreta, I, 375). ‘Eternidade’, no sentido de um período de tempo aparentemente interminável, porém que apesar de tudo tem limite, ou seja, um Kalpa ou Manvantara (id. I,92) Os Eons (Espíritos Estelares), emanados do Desconhecido dos gnósticos, são inteligências ou seres divinos, os Dhyân Chohans da doutrina esotérica.”

       Selecionamos outra explanação, extraída da obra “The Gnostics and Their Remains”, por C.W. King, como segue:

       “É suficiente observar aqui que a teoria inteira lembra a Bramânica, pois naquela teogonia cada manifestação de um Ser Supremo, referida vulgarmente como uma divindade auto-existente e separada, tem uma parte feminina, a exata contraparte dele mesmo, através de quem, como um instrumento, ele exerce seu poder – expressando o que a doutrina explica sobre a outra metade, seu ‘Durga’, - Virtude Ativa -. Este último nome ‘Virtude’ realmente figura na lista de Emanações gnósticas, e o grande Aeon, Pistis Sophia, em sua segunda ‘confissão’ perpetuamente se autocensura por ter deixado sua parte masculina, em sua própria morada, a fim de ir a busca da Luz Supernal, ao passo que igualmente o reprova por não descer ao Caos a fim de ajudá-la,”

       A questão sobre Pistis Sophia é algo complexo, que Jesus explicava aos discípulos. Sabe-se que no sistema Ofita (Ophites) - fraternidade gnóstica do Egito - Sophia era representada como uma das emanações do Logos. Vejamos o que nos relata HPB sobre o assunto:

       “Fraternidade Gnóstica do Egito e uma das mais primitivas com o nome de ‘Irmãos da Serpente’. Floresceu no começo do século II e, ao passo que sustentava alguns dos princípios de Valentino, tinha seus próprios ritos ocultos e simbologia. Uma serpente viva, que representava o princípio Christos (isto é a Mônada que se reencarnaria em Jesus, o homem) era exibida em seus mistérios e venerada como um símbolo de sabedoria – Sophia – representação de todo-bem e todo-sábio. Segundo eles, da tríade Sigé-Bythos-Ennoia, procede Sophia, constiuindo-se assim na Tetratkys de que, por sua vez, emana o Christos latente desde toda a eternidade na essência do Absoluto, como latente estava também o Logos. Assim, pois, Christos é ‘um em essência’ com todos os demais princípios emanados do Absoluto; porém, ontologicamente (ser que tem uma natureza igual aos outros seres) considerado é uma entidade andrógina constituída pelos elementos Christos e Sophia que se infundiram na pessoa de Jesus.

       Também de Sophia emanou Achmoth (sabedoria inferior ou Hakhamoth). Christos é a sabedoria perfeita. Temos, pois, que Christos é o mediador e guia entre o Pai (a Mônada) e o homem espiritual, assim como Achmoth é a mediadora entre o mundo mental e o mundo físico. Assim, Jesus Cristo dizia: ‘Ninguém pode chegar ao Pai senão por mim’. Por outra parte, Ophis (segundo Logos) e Sophia são os desdobrados princípios de uma entidade andrógina, ou seja, respectivamente, a sabedoria masculina e a sabedoria feminina, ou de outro modo, a Sophia Maior – Sophia Pneuma (Espírito Santo manifestado ou Mente Arquetípica de todas as coisas) e a Sophia Menor (Ophis) ou Espírito Santo manifestado na pessoa de Jesus, a quem, por esta razão, representavam os Ofitas com os atributos da Serpente Ophis. (A Doutrina Secreta, pgs 223-4-5)

       O conhecimento das Emanações ou Aeons, a gnose o herdaria da sabedoria dos Brâmanes, que teve passagem pelo budismo, visto o próprio Buda reconhecer que havia deuses criadores, e Sophia ser a mesma Aditi dos indus, a Virgem Celestial, com seus sete filhos. Portanto, a gnose dos essênios, trazida dos evos budistas, ensinada por Jesus e pelos gregos, é de uma só fonte cultivada desde os primórdios da quinta raça.

       Deste modo, Jesus teria dado muitos ensinamentos gnósticos e instruções aos seus discípulos e grupos de seguidores para que os espalhassem pelo mundo, em seus onze anos de existência pós-crucificação, como atestam documentos e relatos. No entanto, há ainda outras versões sobre seu tempo de vida, mesmo antes da sua chegada a Jerusalém. Jesus, segundo os gnósticos, fundou a seita dos Nazares, sendo ele realmente de Nazareth, na Galiléia, e segundo o código dos nazarenos, teria 40 anos de idade ao chegar a Jerusalém pela primeira vez.

       Notável seria a trilha seguida por Jesus, após se ter desembaraçado das obrigações com seus discípulos, vindo terminar no Tibet. Sobre isso, haveria também muitas conexões anteriores, pois antes de iniciar sua missão, e no período em que se preparava para tal, o mestre teria estado sob os cuidados da irmandade essênia, depois viajaria para o Egito onde receberia iniciação dos hierofantes e partiria em viagem pelo mundo, notadamente o oriente. Neste particular, o importante livro “Jesus, a Verdade e a Vida”, por Fida Hassnain, Ed. Pensamento, traz inúmeras e inéditas informações sobre Jesus e os profetas que o antecederam.

       O autor revela que em Kerala, os judeus eram divididos entre as seitas Branca e Negra, cada grupo reivindicando o direito de ser o seguidor original do judaísmo. E na Caxemira existe o sepulcro de Moisés que é cuidado por pessoas que têm características físicas dos judeus. O sepulcro chamado de Hazrat Mosa ou Moisés, localizado na colina de Nebo-baal.em Bethpor, fica entre dois cedros. A tradição conta que Moisés veio para o lugar onde permaneceria até sua morte. O sepulcro é um santuário na Montanha de Nabu, e a população se refere a Moisés como o “Profeta do Livro” que lá pregara a palavra de Deus.

       Há duas relíquias guardadas, relativas a Moisés. Uma delas é um bastão de madeira, chamado Assa-i-Mosa e a outra é a Pedra de Moisés, conhecida por Ka Ka Pal. O bastão é exposto publicamente sempre que acontecem inundações ou epidemias. Existe, porém, a opinião de que esse bastão pertenceu a Issa como Jesus é chamado, que lá também estivera.

       Segundo ainda relata o autor do livro, a pedra, Ka Ka Pal, de mais ou menos quarenta quilos, pode ser elevada do solo em 91 centímetros, por onze dedos ao ser simultaneamente tocada, e ele participou de tal experiência com mais dez pessoas, vendo-a de fato elevar-se. Já com dez dedos nada conseguiram.

       Jesus dos 12 aos 30 anos se ausentaria, conforme dissemos, passando muitos anos em países do oriente. O mesmo autor desse livro traz-nos a informação de que numa de suas visitas a um mosteiro budista, ele não conseguiu ver os manuscritos que pretendia sobre a passagem de Jesus por lá, devido a estarem preservados dos visitantes e turistas, pelo fato de alguns terem sido destruído por autoridades da igreja e religiosos que os haviam pedido para lê-los. Mas no Nepal, em Kapilavastu, os monges o receberam, informando que Jesus tinha vivido com os budistas por seis anos, como monge, participando de ritos religiosos, orações e meditações. Adquiriu ensinamentos de Buda e o domínio dos Sutras (escrituras sagradas, aforismos e sentenças), dos Vinayas (disciplina, educação, humildade, docilidade, etc.) e Abhidharma (metafísica budista), começando a proferir sermões, sendo incluído na lista de notáveis ou Arhats.

       Após a crucificação, fala-se que Jesus teria viajado para a Grã-Bretanha em companhia de José de Arimathéia e permanecido durante algum tempo em Glastonburry, onde depois iria para a Índia e finalmente Tibet. No Tibet, aconteceria uma das mais incríveis descobertas do senhor Fida Hassnaim: o sepulcro preservado e conhecido como Rozabal, em Anzimar, Khanyar Srinagar, a capital de verão da Caxemira guardando a memória de Yuzu Asaph, cujas muitas semelhanças com Issa ou Jesus não podem ser ignoradas. O pesquisador conseguiu traduzir um documento legal de posse do sepulcro, concedido pelo Principal Legislador Muçulmano da Caxemira, documento genuíno e selado,

       Diz ainda o Senhor Fida que Raja Gopadatta governou durante 49-109 d.C., portanto, por este registro atesta-se que o profeta Yuzu Asaph chegaria a Caxemira no meio do primeiro século d.C. ficando a pergunta se seria mesmo Yuzu Asaph ou Jesus disfarçado.

       Mais tarde, em 1975, em visita ao local o senhor Fida removeria a lama de uma laje a um canto do sepulcro descobrindo impressas duas pegadas que após estudos e trabalhos de acuramento, revelariam ser de alguém que teria sofrido flagelos por cravos, exatamente nos lugares onde Jesus teria sido afligido. A foto das solas dos pés encontra-se no livro como documento inalienável.

       Há outros relatos por pesquisadores diversos e independentes, que trazem novas evidências de que Jesus não pode ter morrido na cruz e depois ter sido visto ou comentado em lugares diferentes. Demonstra-se, assim, que o Jesus histórico e o Jesus místico sob esses fatos convergem, mas a história oficial e a religião cristã não consideram procedentes os inúmeros testemunhos e documentos conhecidos pelas tradições do oriente. E admitimos que se esses elementos viessem a ser reconhecidos, e outros mais como o nascimento carnal de Jesus, tanto o capítulo da história oficial como a história da religião cristã sofreriam uma derrocada em muitos de seus principais postulados e uma revolução na ideologia cristã necessitaria ser procedida.

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