Embora as estatísticas
mundiais apontem o ceticismo com um percentual bastante modesto em relação aos
seguidores de religiões e organizações espiritualistas, a idéia que se tem ao
abrirmos páginas de sites e blogs da internet é de que os céticos são maioria
no planeta.
O ateísmo representa em
torno de 2.5% da população mundial e segundo especialistas está em baixa,
mostrando índices cada vez mais insuficientes. Normalmente os ateus se
classificam como céticos por que o epíteto lhes serve de fórmula tácita
abrangente aos seus protestos, englobando uma seqüência de posições antagônicas
aos religiosos e aos demais seguidores de crenças. A presença mais vigorosa em
seus argumentos é justamente a visão elitista que lhes confereria as ciências.
Julgam oferecer ao mundo todos os necessários respaldos científicos em todas as
respostas de discussões sobre a irracionalidade da existência de um Criador.
Os blogs e sites pululam
na internet trazendo uma visão agressiva e estereotípica do ceticismo. O que os
céticos procuram transmitir é que os estudiosos das ciências sabem a verdade,
sabem que Deus realmente não existe, que as religiões são e sempre foram um mal
para a humanidade, e os esotéricos, místicos e espíritas são todos uns alienados
e ignorantes.
Há, no entanto,
blogueiros mais lisos. Fingindo-se democráticos, dizendo-se entender todas as
opções de correntes da religiosidade, desejam, em realidade, ver engrossadas
suas colunas de debates e aumentados os seus links, pois se contradizem a todo
instante ao escrever ou anexar artigos ora indutivos ora de cristalino
entendimento contra a inteligência de quem não seja cético. É só observar como
defendem com superioridade e absoluto orgulho suas opções ao ceticismo, e, por
infelicidade da justeza do vocábulo, como “endeusam” aos pesquisadores e homens
de ciências, notoriamente céticos e ateus. Na realidade, o endeusamento a esses
pilares céticos se transforma num objeto de culto sob a absurda negativa das
funções do aparelho psicológico humano montado pelas leis naturais da
fisiologia objetiva e subjetiva. Há nisso um reconhecimento quase inconsciente
de tudo quanto mentem a si mesmos. Eles sabem disso e fingem não saber, por
isso se rebelam contra a natureza divina, lembrando a lenda dos Titãs.
Explico. O homem é um
micro dentro de um macro. Deus é micro e macro ao mesmo tempo. Se o ateu se diz
ateu porque nunca viu Deus fisicamente, o crente poderia dizer a mesma coisa,
entretanto sua visão de Deus é outra. Os calhamaços da cultura acadêmica
intoxicam os cérebros jovens de teorias céticas e pragmatismos das leis da
física, buscando demonstrar como a razão sufoca e pulveriza as crenças. No
entanto, seus arautos esquecem-se de ensinar que a matéria não criou a psique,
nem da matéria exala-se o pensamento, mas bem ao contrário. Dirão que o
pensamento se produz no cérebro por impulsos elétricos, porém os impulsos
elétricos somente registram, a mente é o veículo pensante; o ego pensador é que
opera numa escala de valores que vai desde o instinto pura e simplesmente às
mais elevadas emocionalidades dos êxtases espirituais.
Os religiosos convictos
sabem que há um Deus imanente e transcendente, explicado somente pela fé. O
mesmo Deus dos religiosos é incursionado pelos estudos e sabedoria dos
esotéricos, identificado por uma vida e uma via interna plenas de experiências
inexprimíveis que se alcançam gradualmente nas sintonias com as leis da
perfeição. Os céticos não conseguem ler essa mensagem interna, nem senti-la,
mas não conseguem impedir que as leis naturais os levem para a mesma direção
dos crentes e dos estudiosos e que neles também atuem. E por mais que neguem,
vive-lhes a ânsia de um conhecimento transcendente à matéria, de um porque da
misteriosa existência que os leva a tornarem-se impotentes à natural pressão de
todos os seus átomos e células. Essa pressão os impulsiona a um artificial
teísmo, logicamente materialista, a um objeto qualquer de sua escolha,
normalmente as ciências como um todo, que os faz colocar nele toda a sua fé
como compensação aos seus medos e incertezas. Ao invés dessa mentira e
irracionalidade melhor seria conhecer a ciência perfeita de Deus.
Rayom Ra
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Os céticos quando lerem isso vão ficar irados. Eles acham que a ciência explica tudo.
ResponderExcluirAbs. Norberto Luiz
Verdade!^^
ResponderExcluir“É só observar como defendem com superioridade e absoluto orgulho suas opções ao ceticismo, e, por infelicidade da justeza do vocábulo, como “endeusam” aos pesquisadores e homens de ciências, notoriamente céticos e ateus.”
ResponderExcluirSe veemência na defesa de uma posição quer dizer “sentimento de superioridade e absoluto orgulho”, devo dizer então que o autor da postagem mostra tanto ou mais “orgulho” e “superioridade” que a maioria de nós ateus e agnósticos. Ademais, concordar e enaltecer uma pessoa por ela manifestar um ponto de vista embasado em uma posição epistêmica racionalista ou empiricista pode ser entendido como “endeusar” apenas na mente de quem tem uma ânsia mal-disfarçada de fazer invectivas rancorosas ad hominem contra os céticos, por puro pavor diante do fato de terem uma posição firme contrária a posturas fideístas. Pois, assim como o trecho acima, a postagem como um todo contém esboços de reflexões ancorados em nada mais que pressuposições inadvertidas.
O ceticismo é posição epistemológica que busca a expressão mais pura da consciência e da determinação de cognição com a realidade, livre de quaisquer outros pressupostos de ordem emocional que desembocam nos achismos das religiões e dos esoterismos, que, exercendo um enorme poder de impressão na consciência, reduzem drasticamente o poder de interação externo, ou seja, com a realidade objetiva. A religião e o esoterismo, abraçando suas premissas apriorísticas, se enredam nas fantasias do fundo das consciências dos indivíduos, fantasias que têm chances mínimas de corresponder a qualquer objeto real devido à aleatoriedade da correspondência entre o que a consciência supõe previamente ser um dado objeto e a existência objetiva de um objeto correspondente, e às possibilidades infinitamente mais numerosas de a consciência elaborar representações de objetos com quaisquer atributos e circunstâncias (espaço-temporais, etc.) do que de haver na realidade objetos com dados atributos e circunstâncias.
O ceticismo científico, desnudando a consciência e expondo-a à realidade, fria que ela possa ser, nos leva a um mundo menos imediato e confortável às nossas predisposições emocionais, não obstante mais real. A ciência não explica tudo, mas a religião e o esoterismo têm chances mínimas de explicar qualquer coisa - não são essas duas a complementar a ciência como explicação e verdadeira religação com a realidade.
"O ceticismo é posição epistemológica que busca a expressão mais pura da consciência e da determinação de cognição com a realidade, livre de quaisquer outros pressupostos de ordem emocional..."
ResponderExcluirOlhe, Diego, o ceticismo para mim tem de especial o escancarado gosto por antolhos.
Supor que a posição cética em relação a tudo que não seja objetivo e concreto seja a expressão mais pura da consciência, etc, etc, é pura fantasia e tapeação do intelecto. Mesmo por que o cético só aparenta conhecer a expressão menor da consciência, qual seja, de um mundo das formas e dos conceitos objetivos, ao passo que o esotérico, na prática, busca e atinge a expressão maior da consciência humana por técnicas outras e partindo do subjetivo.
Então não dá nem para comparar. Experimente experimentar, quem sabe você entenderá.
Abraços.