quinta-feira, 9 de abril de 2009

Um Pouco da História de Umbanda

Amigos, pretendo vez por outra abordar algo sobre Umbanda, cuja vida objetiva em nosso mundo é conduzida através de um especial desenvolvimento mediúnico, sob aplicativos da magia prática milenar. A Umbanda, nas sementes de seu surgimento nos planos espirituais, deteve a formulação dos necessários simbolismos e o desenvolvimento de inteligente metodologia de trabalhos, coordenados e dirigidos para a implantação de giras ou rituais no plano físico. De maneira geral, a Umbanda é muito mal compreendida por grande percentual dos adeptos de religiões bem como por certas camadas de nossa sociedade, que a priori a julgam um monte de primitivas crendices permeadas com pajelanças fetichistas. A Umbanda não é nada disso, é, sobretudo, aplicação da sabedoria mágica do passado, de culturas que já se foram ou se transformaram no cenário terreno.

Hoje aos cuidados de uma hierarquia espiritual da magia branca, através de falanges de obreiros, submete-se a um trabalho edificante em auxílio à humanidade sob a égide das leis naturais da evolução, segundo os princípios reguladores de causas e efeitos. O escopo principal de Umbanda é a caridade desinteressada. No entanto, existem grupamentos mediúnicos que se dizem umbandistas em que a ausência da caridade e o uso da magia negra são claramente observados. Nestes casos, pelo que hoje em dia se vê com freqüência, a Umbanda ali não está e nem poderia estar presente.

O que posso afirmar por minha conta e visão, sem entrar nos méritos das teses dos muitos e gabaritados estudiosos das raízes da magia africana, é que a Umbanda simboliza uma mudança cíclica das práticas milenares fetichistas e anímicas, cuja concepção e acurada preparação começaria muito antes do continente africano ter existido como reduto das raças negras. As formas da magia começariam a ser descobertas há mais ou menos 16 milhões de anos pelos lemurianos, concomitantemente ao recente surgimento no mundo terreno daquela primeira raça física.

A magia dos lemurianos, evidentemente, não tinha a elaboração que viriam ter todas as práticas das futuras raças. Tudo o que os lemurianos faziam nesse sentido eram realizações naturais com as combinações dos elementos, porquanto seu desenvolvimento físico estava somente começando. Mais tarde, os demais modelos raciais que se espalhariam pela Terra, - representando etnias no sentido evolutivo, no estacionário, e no involutivo, - descenderiam dos embrionários lemurianos, após laborioso trabalho de progênie dos mentores das raças, chamados de manús. Os milhões de anos decorridos entre o surgimento e evolução da raça lemuriana, não lhes seriam ainda suficientes ao desenvolvimento de seus cérebros a fim de que conseguissem aquilatar certas práticas, revelações e teorias adstritas aos princípios mais aprofundados e permeantes da magia.

A definição de magia não é tão simples como se pensa e diz. Se a magia está implícita nas leis da natureza, e as leis da natureza não atuam somente no plano físico, suas bases fundamentais se encontram, justamente, nas relações das causas invisíveis. O homem, entretanto, por conta de longuíssimas tradições dos povos, foi descobrindo como manobrar com as forças duais ocultas, magnetizando-as e polarizando-as às formas materiais para efeitos mais duradouros e eficientes. E como as relações de almas e formas humanas não cessassem definitivamente, permanecendo, aquelas, envolvidas com os encarnados dos grupamentos étnicos após os desenlaces físicos, e os encarnados também convivessem com os entes da natureza, aprenderam a atraí-los e mantê-los pelas cercanias, através de rituais, trabalhos e fórmulas de invocação. Com isso, submetiam tanto almas, formas espirituais humanas, inumanas, animais ou entes da natureza aos serviços dos seus objetivos segundo suas necessidades, bem como, em muitos casos, dissolviam-lhes as atrações com a Terra, libertando-os da servidão ou de obrigações cármicas.

Todas essas ações e muitas outras viriam conformar-se em resultados parciais onde a magia funcionasse segundo as tradições culturais, devido à inclusão dos elementos mentais e emocionais dos povos nas formulações de seus atos mágicos. Dessa maneira, a magia passou a ser um agente intermediário entre as culturas humanas e o lado invisível da vida, forçada pelos seus elementos ritualísticos, ritos, oferendas e sacrifícios a se manifestar objetivamente ou não, em trocas relativas de causas e efeitos, em geral para premiar ou punir.

Nas civilizações mais adiantadas a magia passou de um plano de crenças e práticas sistemáticas, - anímicas e mediúnicas, - para um entendimento mais aprofundado das leis da natureza, como elemento revelador da fenomenologia da criação. As raças que vieram após o desaparecimento do continente lemuriano, formaram na Atlântida culturas mais avançadas, justamente porque o aparelho físico humano e suas estruturas espirituais eram exercitados no sentido de desenvolver maiores potencialidades ao homem com o objetivo de que ele pudesse alcançar uma forma de manifestação mais unificada. Ou seja, o homem de Atlântida partia para outra fase de um planejamento evolutivo adrede, de sete raças raízes, onde a ênfase antes dada na Lemúria ao aperfeiçoamento físico, avançasse para um plano mais elevado e abrangente em que os elementos emocionais e mentais viessem integrar a manifestação-vida como entidade mais implementada.

A Atlântida foi de fundamental importância para o desenvolvimento da magia em suas mais diversificas práticas que até hoje subsistem. A tônica emocional dos povos atlantes veiculava-se às forças astrais com incomparável poder e eficácia. Os atlantes mantiveram conscientemente maiores e mais significativos contatos mediúnicos com o mundo astral do que a maioria dos médiuns bem desenvolvidos hoje consegue. Por milhões de anos os atlantes construíram suas culturas de modo indissociado dos elementos da magia, muito embora o culto à magia negra houvesse também lá surgido, evoluído e se misturado às práticas da magia branca. E de tal forma a magia negra se alastrou nas vidas dos povos atlantes que obrigou os mais elevados mentores das raças e diretores do processo evolucionário da Terra, a provocar prematuramente a destruição daquele continente. As diversidades de práticas da magia em todo o planeta se devem ainda hoje à memória dos grupamentos étnicos e povos que restaram após o afundamento do continente de Atlântida. Entretanto, muitas coisas se modificaram e muitos fundamentos culturais se perderam.

A tradição iniciática, não obstante, foi preservada pelos sábios mestres do conhecimento mantendo-se intacta nos planos espirituais e conservada em certos grupamentos étnicos e núcleos raciais por meio de discípulos, - verdadeiros iniciados, - a quem era e ainda é exigido o silêncio sobre suas principais práticas ocultas diante dos especuladores e dos não iniciados. Dessa maneira, muitos elementos culturais que passaram de geração a geração em civilizações pós-Atlântida foram herdados dos avoengos, estabelecendo-se, com essas culturas e suas idiossincrasias, necessários ciclos de aprendizado quer pelas práticas populares ou exotéricas, quer pelas ocultas, sacerdotais e esotéricas.

Após a invasão das Américas pelos europeus, começaria um novo ciclo da humanidade, pois os valores sociais e humanitários com o tempo aqui desenvolvidos, principalmente na América do Norte, viriam influenciar as mudanças políticas dos ultrapassados impérios e monarquias daquele velho continente.

Nada acontece significativamente na Terra sem antecedentes mudanças cíclicas, substanciadas pela ação instituidora, veladora e organizacional dos diversos escalões da hierarquia da Fraternidade Branca Universal. Os grandes líderes fundadores das religiões mundiais, ou raciais, os mentores de experimentos e revolucionárias proposições científicas e de novas descobertas, os implementadores dos sistemas político-sociais, enfim todos os agentes humanos precursores de mudanças verdadeiramente evolucionárias dos hábitos e do pensamento na vida terrena, foram e são instruídos a agir segundo o que lhes orientam os mestres da sabedoria. Os verdadeiros líderes de todos os movimentos evolucionários estão, portanto, subordinados a essa hierarquia que age e trabalha no anonimato, decodificando os vários aspectos do pensamento-arquetipico de Deus, - ou Logos Criador, - ao conceber o Grande Plano da Criação em nosso sistema solar, onde o planeta Terra está evidentemente incluído.

Deus não predetermina aos homens dividir-se, odiar-se e se matar. Os homens cometem essas aberrações por suas próprias desobediências aos ditames das leis evolutivas, que poderiam ter sido seguidas já nos primórdios das raças. As nefastas conseqüências de hoje nas vidas dos povos, não se deveram por decretos divinos, mas pelo mau uso que os homens fizeram de seus livres arbítrios. Todos os males: as doenças, a fome, a miséria, a pobreza, as guerras, tudo enfim que flagela os povos são decorrências de seus próprios atos. O Grande Plano da Criação idealizado por Deus prevê um final feliz e realizador para todos os seres humanos. Mas enquanto existir a ignorância e a cegueira na vida humana, evidencia-se que o agente regulador, chamado cármico, continuará em ação no mundo não como um instrumento punitivo, porém ajustador para o bem de todos. Os sofrimentos morais e físicos e as doenças corrosivas e dolorosas são os expurgos de nossos erros que constituíram concentrações de energias impróprias e estranhas em nossos corpos espirituais. Os erros, em suas escaladas, vieram gerar, vidas após vidas, intensas desarmonias nas delicadas tessituras de nossas composições moleculares. E precisam sair, pois não nos pertencem, mas sim às desarmonias. O sofrimento atua ao exercício de duas forças vetoriais simultâneas: o expurgo e o aprendizado. Portanto, até mesmo na dor a sabedoria de Deus é perfeita!

Assim, com a chegada da cultura africana ao novo mundo de modo indevido e cruel – que não deveria ter sido como foi – estabeleceu-se uma nova fórmula nos aplicativos da magia. Essa idéia nos remete novamente aos idos da Atlântida, quando médiuns preservados dos ajustes cármicos pela não adesão à magia negra, foram treinados com a finalidade de vir desempenhar um novo papel nas práticas de Umbanda milênios depois. Portanto, nas Américas, a Umbanda viria representar um papel senão renovador das tradições populares dos cultos de magia, no mínimo muito bem elaborado.

Para tal realizar-se, a cultura negra foi fundamental ao seu auxílio. Todos os passos que os escravos deram no sentido de estabelecer seus cultos de magia e fetichismos nas Américas foram acompanhados pelos missionários espirituais responsáveis pelos implementos dessa idéia. Foi necessário não somente o conhecimento dos fundamentos das forças e tradições dos orixás africanos, os cuidados, oferendas e ritos como também que se estabelecesse a mescla com o catolicismo, concebida pela inteligência dos próprios negros nas senzalas. Desse modo, nesse sincretismo entre raízes africanas e européias, originou-se a inicial forma popular de Umbanda no Brasil.

Os pesquisadores das origens de Umbanda sabem que muitas de suas práticas evoluíram a partir das assimilações dos fetichismos africanos. Entretanto, a organização estrutural de Umbanda baseia-se nas leis da magia iniciática praticadas desde a Atlântida, como vimos enunciando, levadas a efeito pelos próprios magos hoje viventes nos planos espirituais. Mas houve em curto espaço de tempo a caracterização brasileira e ameríndia de cada uma de suas sete linhas básicas, e respectivas subdivisões, bem como as anexações de novos elementos materiais para o chamamento dos orixás e incorporações de entidades falangeiras de tais forças ou linhas de energias. Isso foi efetivamente concebido de modo coordenado através de oferendas, pontos cantados, defumações, símbolos, sinais, e pontos riscados diferentemente dos candomblés africanos. Essa parte veio também adicionada da memória de hábitos e práticas dos grupamentos étnicos de silvícolas brasileiros, e em outras porções pela assimilação de elementos humanos sociais dos negros escravos junto aos seus senhores.

Entretanto, posso afirmar que nada é totalmente novo e nem absolutamente original nas práticas da magia. Os cultos milenares de todas as culturas trouxeram sempre, - e ainda trazem, - traços essenciais e importantes para suas manifestações e realizações objetivas, segundo regras universais, das quais não se podem fugir. A magia não foi inventada por ninguém, por nenhum povo de qualquer continente e nem pelos reveladores da cabala. A magia veio evoluindo em práticas e concepções desde evos lemurianos, - portanto há milhões de anos, - mas também tergiversou nos casos de magia negra e práticas fetichistas absurdas de etnias primitivas e atrasadas.

Rayom Ra

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3 comentários:

  1. Muito interessante essa visão do história, mas o que você acha do nascimento oficial da umbanda em 1908, não poderiamos dizer que as práticas anteriores seriam ramificações das pajelanças e do candomblé?

    Segue o link para a história da institucionalização em 1908:
    http://www.ruadasflores.com/seteencruzilhadas/

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  2. Oi Tarso:

    Obrigado pelos seus comentários.

    Olhe, a existência oficial de Umbanda a partir de 15/11/1908, através de Zélio Fernandino de Moraes, não configura que as práticas mediúnicas de incorporações de entidades falangeiras somente passaram a existir objetivamente a partir daí.

    Antes, pelo século XIX, já haviam manifestações medíúnicas de caboclos, pretos-velhos e outros guias, mas não creio que nas ocasiões houvesse a revelação do termo Umbanda, ou Alabanda.

    Tem-se por oficial a data de 15 de novembro de 1908 como o início ou instituição de Umbanda no Rio de Janeiro, decretado pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas através do médium citado. Esse fato e essa data caracterizaram o cunho de um movimento organizado que passou a se expandir rapidamente.

    Entretanto, a Umbanda ganharia muitas outras características e influências, tanto por adesões de falanges de espíritos de culturas e cultos africanos, como pela inferência de estudiosos da magia e do esoterismo em geral que provocariam novas roupagens e até novos padrões de cultos.

    Pretendo mais adiante discorrer um pouco mais sobre isso.

    Abraços.

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  3. Acredito que a Umbanda Sagrada (para não cair em preconceitos inúteis, toda Umbanda praticada em prol da evolução espiritual) seja um sincretismo de Candomblé, Catolicismo (à brasileira) e Espiritismo... Mas ao mesmo tempo é muito mais do que o simples sincretismo, pois mesmo o Candomblé possui inúemras formas e não é de definição tão simples.

    Já sobre Magia, é o que permanece oculto aos não iniciados, e talvez seja melhor que permaneça assim por mais algum tempo, até que as consciências estejam preparadas para absorver o que é oculto, sem se sentirem escandalizadas - vide o que ocorreu ao Espiritismo quando se declarou também como ciência :)

    Sobre seus posts, são em geral muito bons... Mas talvez muito longos para a leitura online. Eu recomendaria dividi-los em tópicos, tipo "A História da Umbanda, parte 1" - "parte 2" - etc., assim você vai valorizar ainda mais seu próprio texto para um formato online :)

    Abs!
    raph

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