sexta-feira, 24 de abril de 2009

Sabedoria de Umbanda - I

Vou retomar o tema agora em partes. Começo pelo significado de Umbanda. Não há um consenso sobre o que o vocábulo Umbanda verdadeiramente hoje significa ou significou no passado. Nem se sabe com toda a certeza quando pela primeira vez essa palavra foi pronunciada no Brasil; se por revelação de espíritos, já com roupagens de guias em um congá do século XX, ou vibrara antes, em meio aos cânticos e batuques primitivos dos rituais negreiros, numa desprezada senzala de estuque de barro e alto telhado de um engenho, ou na fazenda de um senhor do café. Assim, irei buscar definir naquilo que se suspeita seja a verdade.

1. Umbanda – Banda Um – Lado Uno das correntes de forças positivas ou magia branca. Esta definição se contrapõe com Kiumbanda, Kimbanda, Kibanda ou Quibanda. Kim, no nagô, é o diabo, o mal, a prática da magia negra; daí nos cultos nagô e ioruba, aparecer kiumba, espírito elemental do mal, muitos deles habitando as profundezas da Terra, possuindo corpos quase materiais.

A Kiumbanda, não significa unicamente magia negra, mas o lado negativo de Umbanda, onde há de existir a dualidade positivo-negativo para o equilíbrio das forças e a utilização dessa mesma polaridade para o desmanche das magias negras. Similia Similibus Curantur – daí, ou talvez por outras e adicionais razões, também a Kiumbanda seja chamada pelos africanos de “feiticeiros da cura” e “grandes feiticeiros”. Há pais e mães-de-santo que ao início das giras (sessões de trabalhos de Umbanda), fazem muito bem em saudar: “Salve a Umbanda e Salve a Kimbanda!”

2. Aumbanda, Ombanda, Umbanda. Parece ser aglutinação proposital de dois termos para resultar numa só idéia ou significado coincidente. AUM em sânscrito é a grafia do mantra OM, que segundo H.P. Blavatski: “é uma sílaba mística, a mais sagrada de todas as palavras da Índia. É uma invocação, uma benção, uma afirmação e uma premissa tão sagrada que era verdadeiramente a palavra em voz baixa da maçonaria oculta primitiva”.

Com relação à Banda, diz H.P.B.: “Bandha, do sânscrito: laço, vínculo, ligadura, escravidão, a vida na Terra. Dita palavra, deriva da mesma raiz que Baddha”. “Baddha: ligado, condicionado, como está todo mortal que não se acha livre por meio do Nirvana (a liberação final)”.

3. Umbanda. Segundo Aluizio Fontenele em “A Umbanda Através dos Séculos”, Umbanda deriva do idioma Palli, “a primeira língua falada no Oriente Médio e que suas mais remotas indicações são comprovadas através de qualquer tratado sobre a história da Índia, Egito e África”. A palavra banda já seria citada no Gênesis de Moisés I.8, onde é dito: “E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na banda do oriente, e pôs ali o homem que tinha formado”.

Esse mesmo autor nos traz o fantástico subsídio com o seguinte trecho: “A Umbanda nasceu com os séculos para maior aproximação do homem com seu Criador. A Umbanda nasceu com o homem, e o acompanha através de sua existência material e espiritual desde que o mundo é mundo. Pelas próprias palavras do Pai Onipotente: TURIM-EVEI, TUMIM-UMBANDA, DARMOS, ditas pela boca de Seus ministros, temos a certeza absoluta de que uma nova ordem baixará na Terra, ou seja: “BAIXOU SOBRE A FACE DA TERRA, A LUZ DE UMBANDA”.

Também como nas interpretações anteriores o autor ressalta a síntese positivo-negativo, porém implícita no próprio significado do termo Umbanda, como a representar a idéia do equilíbrio:
Um = Uno = Deus = Infinito = Força do Bem = Pólo Positivo = Éden.
Banda = Divisão = Lado Oposto = Força do Mal = Pólo Negativo = Reino de Exu.

Conforme se nota, há muita coerência no que pretende significar o vocábulo Umbanda, vindo de todas as formas identificar uma revelação divina milenar. Se Banda já era pronunciada pelos africanos antes de Moisés, como dito no idioma Gêge: Ambequerê Ki-banda, “grandes feiticeiros”, seria, possivelmente, resquícios de um dialeto atlante, de cujo continente da Atlântida os cultos africanos se originaram.

Embora a Umbanda seja vista por uma roupagem simples, caracterizada por personalidades representando raças, grupamentos étnicos e culturas populares, não é só o que propositalmente deixa transparecer. Toda e qualquer atividade de magia branca inserida em qualquer sistema reconhecidamente milenar, como por exemplo, a cabala egípcia ou a hebraica, ou de movimentos aparentemente atuais de muitas organizações, incluindo a Umbanda ou o Candomblé, e outros cultos africanos do bem em seus exemplos e atividades, estão esses subordinados ao comando de uma hierarquia que se instalou na Terra há milhões de anos. O grande senhor fundador dessa hierarquia planetária, conhecido por Sanat Kumara, veio de Vênus com seus sete principais ministros e uma plêiade de trabalhadores graduados.

Sanat Kumara, ao longo de seu trabalho em nosso planeta veio a ter algumas encarnações junto às raças para melhor apurá-las e determinar-lhes os rumos certos da evolução. Uma de suas encarnações de que se têm notícias foi de ter sido Melquisedek, o rei da Salém, com quem o grande iniciado Abraão se entrevistou e dele obteve ordens e instruções, e possivelmente recebeu de suas mãos um dos livros mais antigos do mundo, o Sepher Yetzirah, a fim de que realizasse um grande trabalho, o que efetivamente realizou.

Há vários graus e ordens nos escalões da magia, administrados e preservados por essa hierarquia regente. Desse modo, a Umbanda estando nela inserida e estando ancorada popularmente na Terra, é um Portal para mestres e magos nela atuar. E assim eles fazem, motivo pelo qual a Umbanda tem avançado em graduações na Terra quando ocultistas fundam organizações a ela ligadas de cunhos iniciáticos. Mas não podem se afastar do escopo principal na Terra de que a Umbanda está imbuída e para o que foi materializada, ou seja, a caridade. Caso uma organização se diga de Umbanda esotérica, iniciática ou científica e não cumpra com os preceitos do serviço desinteressado e caridade, é falsa, não sendo Umbanda e nem tendo a assistência das falanges do Alto.

Rayom Ra

[ Leia Rayom Ra (Rayom_Ra) on Scribd | Scribd em páginas on line ou em downloads completos ]
[ Os textos do Arca de Ouro, de autoria de Rayom Ra, podem ser reproduzidos parcial ou totalmente, desde que citada a origem ]

4 comentários:

  1. Pois é, tem gente que enxerga na Umbanda apenas um sincretismo religioso que acabou de fazer um século, tem gente que enxerga mais "longe" e percebe suas raizes mais antigas, como toda prática sagrada.

    Por isso que gosto de chama-la Umbanda Sagrada.

    Só não concordo com o dualismo bem/mal para explicar as outras formas de Umbanda... Para mim não existe exatamente uma "briga" entre eles - o mal é apenas a ignorância do bem, um beco sem saída.

    Abs
    raph

    ResponderExcluir
  2. De fato, Raph, a briga é questão de polaridades, não disputas.

    Sabemos que bem e mal são valores relativos, mas a face do mal é milenar tanto quanto o bem, então necessitamos considerá-lo.

    Entretanto, há a magia negra e a branca, isso não dá para relativizar, e a Umbanda não costuma "devolver" a magia negra, mas sim “desmanchar” quando lhe cabe, e seguir em frente na sua forma única de ser. Acredito que possamos também dizer que não há disputas, mas posições.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  3. Oi, Marlon:

    Obrigado, apareça sempre!

    ResponderExcluir