O enigma da vida é o único e verdadeiro legado que o homem carrega. Antes mesmo de tentar conhecer-se como criatura, ele olhou para o céu e procurou entender as estrelas sonhando pela primeira vez. A imensidão do firmamento sempre foi instigante para todos os povos de todas as nações. Parece-nos que a grandiosidade infinita do universo sempre inspirou para que se construíssem monumentos gigantescos em comemoração e devoção a alguém incrivelmente poderoso, que criara tantas coisas distantes, mas que magicamente estivesse presente sobre as cabeças e sob os pés dos homens. E este arquiteto, tantas vezes antropomorfizado, moraria nas estrelas, no azul ou negro do céu, ou dentro do abrasante sol. Quando desejasse, estaria nos uivos dos ventos ou ressoar das águas, no ribombar dos trovões, na rapidez dos relâmpagos ou no clarão dos raios! Poderia aparecer para quem mais amasse, viver dentro dele, fazer coisas impossíveis; matar e ressuscitar. Mas de tudo o que criara, o céu a rebrilhar na negra noite sempre fora o maior dos seus enigmas e se conseguisse entendê-lo, entenderia também o Seu próprio mistério!
Os orientais, mais precisamente chineses e tibetanos, há milênios já ensinavam que o solo da Terra, as formas viventes e o corpo humano são nutridos de energia cósmica e da matéria provinda das estrelas. Os corpos celestes, diziam eles, sofrendo processo de desintegração ou explodindo pairam pelo espaço em poeira, e essa poeira é atraída para a Terra por ação do campo magnético formado entre a Terra e a Lua. Dessa afirmação, encontramos certa coincidência na teoria da moderna astronomia quando ela define as galáxias como conjuntos de estrelas envoltos por gás e poeira. Vemos, assim, que a distância das antiqüíssimas civilizações para o século atual não invalida a relação de conhecimento nesta curiosa particularidade.
A astronomia, com freqüência, vem reajustando e reciclando seus postulados sempre que novas descobertas são comprovadas, e pelo caráter de suas investigações permeia teses e afirmações com espírito cientifico.
Em que pese às descobertas registradas nos anais da astronomia, notadamente no passado através de homens como Hiparco, Ptolomeu, Galileu, Copérnico, Kepler e muitos outros, não há como dissociar da oficialidade científica o conhecimento vigente da remota antiguidade, emergente, principalmente, dos sumérios e chineses. É inegável a aceitação por astrônomos de um legado de informações dos antigos como partida de um estudo mais pormenorizado das constelações, em particular de nosso sistema solar. Entretanto, certas afirmações tradicionais foram aos poucos desmentidas ou desmistificadas, e estando assim resolvidas pelo pensamento atualizado dos astrônomos, segundo suas épocas, foram largadas ao esquecimento por que homens de pensamento racional e mentes investigativas não convivem com crenças.
Com o tempo, as noções de massa, peso, volume, distância, movimento, velocidade, órbita, grau, temperatura, etc., foram sendo cada vez mais trabalhadas conduzindo a conclusões mais exatas. Porém, a astrologia foi suficientemente negada pelos astrônomos antigos e continuaria a sê-la na atualidade As descobertas da antiga astronomia misturavam-se com os conceitos da astrologia, pois na antiguidade era dado aos sacerdotes, e tão somente a eles, o direito a esses estudos. Não existia assim o epíteto de uma astronomia para cálculos físicos e exatos e de uma astrologia aparte, mais ampliada e interpretativa, para revelações espirituais ou esotéricas. Para que modernamente viesse existir essa desejável separação, o propósito religioso dos povos da antiguidade foi oportuna e adequadamente desprezado pela razão cientifica. No entanto, na era cristã, com evidentes interesses eclesiásticos, a igreja vigorosamente interveio no trabalho cientifico, obrigando no século XVII a Galileu Galilei, renomado astrônomo, a abjurar de afirmações conclusivas sobre o sistema heliocêntrico por ele defendido, sob ameaça de queimá-lo vivo como bruxo.
{Trecho do Livro: O Monoteísmo Bíblico e os Deuses da Criação, de Rayom Ra}
Rayom Ra
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