Nem sempre o que nos disseram é a
estrita verdade ou dela sequer se aproxima. Neste mundo
de esotéricos há muitas versões sobre iniciações,
muitos enganos, mentiras ou armadilhas.
Conheci pessoas de variadas
idades, iludidas acerca das
verdadeiras iniciações. Umas só faltavam
bater no peito e proclamar: "sou
iniciado!" buscando admiração.
Jamais coloquei em cheque tais afirmações e nunca quis saber detalhes das referidas iniciações, porque bastava conversarmos alguns minutos para eu saber o grau de entendimento e orgulho dos declarados iniciados. Há, sim, iniciações em grupos, e há em escolas esotéricas ou fraternidades. Algumas, para não dizermos muitas das iniciações, são de conteúdos estabelecidos e conduzidos pelos chamados instrutores, justamente para aquelas escolas ou grupos.
As verdadeiras escolas ou centros de ensino esotérico em países, foram fundados, desde há décadas, sob ensinamentos de antigas tradições, administrados por iniciados preparados para essas missões. E continuam se mantendo em seus respectivos patamares, estando ainda imersas em poderosas egrégoras e sempre ligadas com suas origens, não importando épocas difíceis.
Há energia e forças nesses lugares de ensino esotérico? Sim, mas há também outras escolas ou fraternidades onde existem forças negras ou de estranhas misturas. O verdadeiro iniciado não raro detecta essas projeções imediatamente ao adentrar nesses ambientes, e busca se proteger para não sofrer choques ou ataques onde haja energia negativa.
A Fraternidade dos Adeptos ou Mestres Ascensos e Hierarquias, trabalham há muito, no sentido de divulgar conceitos verdadeiros sobre iniciações. Há o objetivo de incentivar escolas, fraternidades ou grupos, com ensinamentos esotéricos que possibilitem seguidores alcançar iniciações verdadeiras.
Normalmente, há um reencontro de antigos seguidores - homens e mulheres - que já são experientes em trabalhos esotéricos e fraternais desde muitos ciclos ou tradições. Há aqueles que tenham ficado à margem no passado e agora terão novas oportunidades para reencetar a caminhada. Isso é realmente possível com relativa rapidez, diferentemente de gerações passadas, por várias razões. Nesse chamamento inicial, acentuamos que duas das primeiras iniciações, favorecem aos neófitos, mediante um trabalho disciplinado e constante.
Para se chegar à primeira dessas duas iniciações, chamadas menores, não há qualquer fórmula mágica senão disciplina e observável dedicação. Naturalmente, antigos sacerdotes e sacerdotisas de templos do passado - que não chegaram aos patamares destas iniciações - podem trazer carmas por tergiversações de ensinamentos. Porém, a todos os postulantes, os caminhos estarão abertos como nunca estiveram antes, a fim de que ainda possam avançar e naturalmente laurearem-se.
O texto que colocaremos a seguir - partes I e II - trarão informações e muita luz sobre essas primeiras iniciações que abrirão portais para as Iniciações Maiores. Com este objetivo, reproduziremos as elucidações de Mestre Djwhal Khul, através de A. A. Bailey, em sua Obra "Iniciação Humana e Solar." Editada para: Lucis Publishing Company, New York.
As Duas Revelações
Podemos agora considerar as etapas da cerimônia da Iniciação, que são em número de cinco, como segue:
3. A aplicação do Cetro, afetando.
a. Os
corpos.
b. Os
centros.
c. O
veículo causal.
4. A administração do juramento.
5. A concessão do "segredo"
e da palavra.
Estes pontos são dados na devida ordem e deve ser lembrado que esta ordem não é estabelecida aleatoriamente, mas leva o iniciado, de revelação em revelação, até a etapa culminante na qual lhe são confiados um dos segredos e uma das cinco palavras de poder que lhe abrem os vários planos, com todas as suas evoluções. Tudo o que se pretende aqui é indicar as cinco principais divisões nas quais a cerimônia de iniciação naturalmente se divide e o estudante deve ter em mente que, cada uma destas cinco etapas é, em si mesma, uma cerimônia completa e capaz de divisão detalhada.
Vamos agora lidar com os vários pontos, salientando cada um e relembrando que as palavras apenas limitam e confinam o verdadeiro significado.
A Revelação da "Presença."
Precisamente durante os últimos períodos do ciclo de encarnações nos quais o homem joga com os pares de opostos e, por meio do discernimento, vem-se conscientizando da realidade e da irrealidade, cresce em sua mente, a noção de que ele próprio é uma Existência imortal, um Deus eterno e uma parcela do infinito. A ligação entre o homem, no plano físico, e seu Governante interno, se torna sempre mais clara, até que a grande revelação seja feita.
Chega, então, um momento em que o homem fica, conscientemente, face a face com o seu Eu real e se reconhece como sendo realmente aquele Eu, não apenas de maneira teórica; ele se torna consciente do Deus interno, não por meio do sentido de audição ou da atenção à voz interna que dirige e controla, a chamada voz da consciência. Desta vez o reconhecimento é por meio da percepção visual e da visão direta. Ele agora não responde apenas ao que ouve, mas também àquilo que vê.
Sabemos que os primeiros sentidos desenvolvidos numa criança são: audição, tato e visão; o bebê percebe o som e volta a sua cabeça; ele sente e toca; finalmente, vê conscientemente e nestes três sentidos a personalidade se coordena. Estes são os três sentidos vitais. Olfato e paladar vêm mais tarde, mas pode-se viver sem eles e, estivessem ausentes, o homem permaneceria praticamente sem desvantagens nos seus contatos com o plano físico. No caminho do desenvolvimento interno, ou subjetivo, a sequência é a mesma.
Audição - resposta à voz da consciência, conforme ela guia, dirige e controla. Isto cobre o período de evolução estritamente normal.
Tato - resposta ao controle ou vibração e o reconhecimento daquilo que permanece fora da unidade humana separada no plano físico. Isto cobre o período de gradual desenvolvimento espiritual, os Caminhos de Prova e do Discipulado, até a Porta da Iniciação. O homem toca, a intervalos, naquilo que é superior a si próprio; ele se torna ciente do "toque" do Mestre, da vibração egóica e grupal e, por meio deste sentido oculto do tato, ele se acostuma àquilo que é interno e sutil. Ele se expande por trás daquilo que concerne ao Eu Superior e, tocando em coisas invisíveis, se habitua com elas.
Finalmente, a Visão - aquela visão interna que é produzida por meio do processo da iniciação, mas que é, por outro lado, apenas o reconhecimento da faculdade sempre presente, embora desconhecida. Tal como um bebê tem olhos que são perfeitamente sãos e claros desde o nascimento e, ainda assim, chega o dia em que o reconhecimento consciente daquilo que vê, é pela primeira vez anotado, assim ocorre com a unidade humana passando pelo desenvolvimento espiritual. O canal da visão interna sempre existiu e aquilo que pode ser visto está sempre presente, mas o reconhecimento pela maioria até agora não existe.
Este "reconhecimento" pelo iniciado é o primeiro grande passo na cerimônia da iniciação e, até que ele tenha sido transposto, todas as outras etapas têm de esperar. Aquilo que é reconhecido difere nas diversas iniciações e poderia ser assim resumido, aproximadamente.
O Ego, o reflexo da Mônada, é em si mesmo uma triplicidade, como tudo mais na natureza, e reflete os três aspectos da divindade, da mesma maneira que a Mônada reflete, num plano superior, os três aspectos - vontade, amor-sabedoria e inteligência ativa - da Deidade. Portanto: Na primeira iniciação o iniciado se torna ciente do terceiro aspecto do Ego ou o mais baixo, o da inteligência ativa. Ele é posto face a face com aquela manifestação do grande anjo solar (Pitri) que é ele próprio, o eu real. Ele sabe agora, além de qualquer perturbação, que aquela manifestação de inteligência é a inteligência eterna que esteve, por muitas eras, demonstrando seus poderes no plano físico, por meio de sucessivas encarnações.
Na segunda iniciação, esta grande Presença é vista como uma dualidade e outro aspecto brilha à sua frente. Ele se torna ciente que esta Vida radiante Que se identifica consigo mesmo, não é apenas inteligência em ação, na origem, mas também amor-sabedoria. Ele funde sua consciência com esta Vida e se torna Uno com ela, de tal maneira que, no plano físico, através do canal do eu pessoal, aquela Vida é vista como amor inteligente se expressando.
Na terceira iniciação, o Ego permanece à frente do iniciado como uma triplicidade perfeita. O Eu não é conhecido apenas como amor ativo, inteligente, mas é também revelado como uma vontade ou propósito fundamental, com a qual o homem imediatamente se identifica, e sabe que os três mundos nada lhe reservam para o futuro, mas servem apenas como uma esfera para o serviço ativo, trabalhando com amor para a realização de um propósito que esteve oculto, durante eras, no coração do Ego. Sendo aquele propósito agora revelado, pode ser inteligentemente auxiliado e, assim , amadurecido. Estas revelações profundas fulguram, ante o iniciado, de uma maneira tríplice.
Como uma existência angélica radiante. Isto é visto pelo olho interno, com a mesma precisão de visão e julgamento como quando um homem fica frente a frente com outro membro da família humana. O grande Anjo Solar Que encarna o homem real e é sua expressão no plano da mente superior é, literalmente, seu divino antepassado, o "Vigilante" Que, através de longos ciclos de encarnação, precipitou-Se em sacrifício, para que o homem pudesse SER.
Como uma esfera de fogo radiante, ligada ao iniciado, que permanece perante ela, pelo fio magnético de fogo que passa através de todos os seus veículos e termina no centro do cérebro físico Este "fio prateado" (como é um tanto inadequadamente chamado na Bíblia, onde a descrição de seu desligamento do corpo físico e subsequente retirada é encontrada) emana do centro do coração do Anjo Solar, ligando assim coração e cérebro - aquela grande dualidade em manifestação neste sistema solar, amor e inteligência.
Esta esfera ardente está ligada da mesma maneira a outras, pertencentes ao mesmo grupo e raio, é assim um fato literal, na demonstração de que, nos planos superiores, somos todos um. Uma única vida pulsa e circula através de todos, por meio dos cordões ardentes. Isto é parte da revelação que vem ao homem que está na "Presença" de olhos ocultamente abertos.
Como um multicor de nove pétalas. Estas pétalas estão arranjadas em três círculos ao redor de um conjunto de três pétalas hermeticamente fechadas, que guardam o que, nos livros orientais é chamado de "A joia no Lótus." Este lótus é algo de rara beleza, pulsando com vida e radiante com todas as cores do arco-íris e, nas três primeiras iniciações, os três círculos são revelados em ordem, até que, na quarta iniciação, o iniciado fica ante uma revelação ainda maior e aprende o segredo daquilo que está dentro do botão central.
Nesta conexão, a terceira iniciação difere um tanto das outras duas, visto que, através do poder de um Hierofante ainda mais exaltado do que o Bodhisattva, o fogo elétrico do puro Espírito, latente no coração do Lótus, é contatado pela primeira vez.
Em todas estas palavras, "anjo solar", "esfera de fogo" e "lotus," se acha oculto algum do mistério central da vida humana, mas ele só se tornará aparente àqueles que tiverem olhos de ver. A significação místicas destas frases pictóricas representará apenas uma ilusão ou uma base de incredulidade para o homem que procurar materializá-las indevidamente. O pensamento de uma inexistência imortal, de uma Entidade divina, de um grande centro de energia ardente e da flor inteira da evolução, jaz oculto nestes termos e eles devem ser assim considerados.
Na quarta iniciação o iniciado é trazido à Presença daquele aspecto de Si mesmo que é chamado seu "Pai" no Céu." Ele é posto face a face com sua própria Mônada, aquela essência espiritual pura no mais alto plano exceto um, que é para seu Ego, ou ser superior, o que o Ego é para a personalidade, ou ser inferior.
Esta Mônada expressou-se no plano mental, por meio do Ego, de maneira tríplice, mas agora, faltam todos os aspectos da mente, como os compreendemos. O anjo solar, até agora contatado, retirou-se e a forma através da qual ele funcionou (o corpo egóico ou causal) se foi, nada deixando, a não ser o amor-sabedoria e aquela vontade dinâmica, que é a característica principal do Espírito.
O eu interior serviu aos propósitos do Ego, que dele se descartou: o Ego, da mesma maneira, serviu aos propósitos da Mônada e não é mais necessário e o iniciado fica livre de ambos, completamente liberado e capaz de contatar a Mônada, como anteriormente ele aprendera a contatar o Ego. Para os aparecimentos restantes nos três mundos ele é governado apenas pela vontade e propósito, auto-iniciados, cria seu corpo de manifestação e assim controla (dentro dos limites cármicos), suas próprias épocas e estações. O carma aqui referido é o planetário e não o pessoal.
Nesta quarta iniciação ele contata o aspecto amor da Mônada e, na quinta, o aspecto vontade e, assim, completa seus contatos, responde a todas as vibrações necessárias e é mestre nos cinco planos de evolução humana.
Além disso, é na terceira, quarta e quinta iniciações que ele se torna consciente também da "Presença" que envolve até aquela Entidade espiritual, sua própria Mônada. Ele vê a sua Mônada como una com o Logos Planetário. Por meio do canal de sua própria Mônada ele vê os aspectos correspondentes (que aquela Mônada corporifica) numa escala mais ampla, e o Logos Planetário Que dota com uma alma todas as Mônadas no Seu raio, é assim revelado.
Esta verdade é quase impossível de expressar em palavras e se refere à relação do ponto elétrico de fogo, que é a Mônada, com a estrela de cinco pontas, que revela ao iniciado a Presença do Logos Planetário. Isto é praticamente incompreensível para o homem comum, para quem este livro foi escrito.
Na sexta iniciação, o iniciado, funcionando conscientemente como o aspecto amor da Mônada, é trazido (pelo seu "Pai") a um ainda maior reconhecimento e se torna ciente daquela Estrela que envolve sua estrela planetária, da mesma maneira que esta estrela foi vista antes, envolvendo sua própria diminuta "Centelha". Ele faz, assim, seu contato consciente com o Logos Solar e percebe dentro de si mesmo a Unidade de toda a vida e manifestação.
Este reconhecimento é ampliado na sétima iniciação, de tal maneira que dois aspectos da Vida Una se tornam realidade para o Buda emancipado. Assim, por uma série gradual de passos, o iniciado é trazido face a face com a Verdade e a Existência. Ficará evidente, para os estudantes atentos, por que esta revelação da Presença deve preceder todas as demais revelações. Isto produz na mente do iniciado as seguintes conscientizações básicas: sua fé é justificada, por eras, e a esperança e a crença fundem-se em fatos auto confirmados. Já não precisa ver para crer, pois vê e conhece as coisas invisíveis. Ele não pode mais duvidar, mas, ao invés, ele se troneou, por meio de seu próprio esforço, um conhecedor.
Sua unidade com os demais irmãos está provada e ele percebe a ligação indissolúvel que o une aos seus companheiros, em toda parte. A Fraternidade não é mais uma teoria, mas um fato científico provado que não é para ser posto em dúvida mais do que a disputa resultante da separatividade dos homens no plano físico.
A imortalidade da alma e a realidade dos mundos invisíveis são por ele provados e confirmados. Esta crença que antes da iniciação era baseada numa visão breve e rápida e em fortes convicções íntimas (o resultado do raciocínio lógico e de uma intuição que se desenvolvem gradualmente), é agora baseada numa visão e num reconhecimento, acima de qualquer dúvida, de sua própria natureza imortal.
Ele percebe o significado e a fonte da energia e pode começar a manejar o poder com acuidade e direção científicas. Ele agora sabe de onde a retira e tem um vislumbre dos recursos de energia disponíveis. Antes, ele sabia que aquela energia existia e a usava cega e, alguma vezes, imprudentemente; agora ele a vê sob a direção da "mente aberta" e pode cooperar, de maneira inteligente, com as forças da natureza. Assim, de muitos modos, a revelação da Presença produz resultados definidos no iniciado e assim ela é considerada, pela Hierarquia, como o preâmbulo necessário a todas.
Ver Parte II - https://arcadeouro.blogspot.com/2024/07/as-duas-revelacoes-ii.html
Rayom Ra
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