A gnose é sabedoria. Se no idioma sânscrito a raiz ‘“Vid” significa saber, nos estudos gnósticos esse mesmo saber dos indus vai por outra raiz semântica - Jñana ou Jñanam - que vem migrando para Gnâna, Gñana, Gnyaña, Jhâna, Dnyan, Djnâna, Djñâna, etc, como nos diz HPB. E como sempre, a sabedoria oculta veio originariamente do oriente, onde no Médio Oriente fez pausa e parada, desenvolvendo valores e significados que se tornariam melhor compreendidos para o ocidente. Os essênios que usavam a sabedoria também chamada de Gnose, haviam-na trazido do modelo budista original, quando ainda os seguidores dos ensinamentos do Gautama não haviam, provavelmente, se organizado em mosteiros, religiões e filosofias. Jesus foi um gnóstico, Sophia – a sabedoria, a presença feminina do Espírito Santo, atuava-lhe tanto quanto a presença masculina, e também Cristo - todos nos papéis de instrutores para o novo ciclo do despertar da consciência da humanidade.
A Gnose antiga dos gregos era tratada filosoficamente para o aprendizado geral, embora seus mistérios e rituais fossem ensinados e praticados antes e pós-Cristo, e tivesse existido por longo tempo um corredor entre gregos e egípcios por onde os sábios mistérios transitavam. Célebres filósofos como Platão, Aristóteles e outros dissecavam a “Gnosis” em sentido de abstrações, pois a tinham também contatada no Egito onde Platão se teria iniciado e talvez o próprio Aristóteles. A Gnose da sabedoria essênia, baseava-se em elementos práticos e objetivos, nas forças da natureza, em rituais e missas, em materializações, terapêutica, conhecimento de plantas medicinais, em meditações, iniciações, preceitos e outras coisas que não revelavam para os não iniciados e onde Jesus aprendeu, praticou e ensinou.
O que aqui apresentamos, sob o título de o Mundo da Luz Divina, são extratos de documentos da antiga Gnosis grega, cujas autorias nem sempre são muito definidas, onde as revelações sobre os mundos superiores e inferiores são feitas numa linguagem primitiva, com metáforas e figuras gramaticais da época, que procuramos traduzir o mais fielmente possível. O conhecimento, todavia, dos mundos, não se alterou desde então, pois os reinos superiores e inferiores sempre existiram desde que nosso planeta começou a ser habitado por uma humanidade que se diversificou em raças. Portanto, acreditem ou não as réplicas existem, tanto quanto o superior e o inferior, e ousamos inferir:
“A garantia de que a inalienável Verdade permanecerá para sempre Suprema, não importando qual o ciclo alcançado pela consciência humana, é confirmada todos os dias pelo simples fato de que ninguém A pronuncia e nem A proclama como sua, sem que caia no mais perfeito e absoluto ridículo”.
Assim, ilações intelectuais estão num nível. A Verdade está noutro nível. Muitos que a rebuscam inutilmente nos labirintos da mente concreta e inferior, cobrem-se com brilhoso e falso verniz, próprio da vaidade e presunção humanas. E neste exercício horizontal, cada vez mais se afastam da Verdade.
O MUNDO DA LUZ DIVINA
(Extratos da Gnosis)
Glória, bênção, glorificação, exaltação, honraria e seja sempre – Ó Grande elevado e glorificado Deus, o Sublime Deus da Luz! – O Deus da Verdade, cujo poder se estende a tudo e sem fim; a pura Radiência e a Grande Luz que jamais se apaga. A Graça, o Perdão, e o Rei da Compaixão, o que doa a todos que creem; Aquele que eleva os bons; o Poderoso, o Sábio, o Conhecedor, o que Vê e tem poderes sobre todas as coisas; o Senhor de tudo o que existe acima, no meio e abaixo dos mundos de luz. A Grande Face da Glória, o Invisível, o Infinito que não tem igual, o Único com sua coroa e que não compartilha de seus decretos!
Aquele que nele acredita não se confunde, e aquele que glorifica seu nome na verdade não cairá em ruína e quem nele põe sua verdadeira fé nunca será humilhado!
O Grande Senhor de todos os reis. Nada havia antes dele existir e nada haverá se ele não fosse. Ele não está submetido aos princípios da morte, e a destruição representa nada para Ele. Sua luz ilumina, sua radiência se estende a todos os mundos e os reis que o representam brilham em sua radiência e na Grande Luz que sobre eles repousa!
Ele dá bênçãos e glórias que permanecem nos corações daqueles que vivem nas nuvens de Luz. Eles devocionam, glorificam, confessam e sentem o Deus da grandiosidade; o sublime Rei da Luz, a luz da radiência e da glória que não tem limites, número ou medida; que é plena de brilho, de vida, de verdade, de amor, de tolerância, de visão, de faces da beleza, de bondade, de tolerância, de compreensão, de percepção, de revelação e de todos os nomes da glória!
O Grande e Sublime Deus cuja força ninguém mensura ou limita; ninguém mede seu poder ou o poder de seus mundos! Ele é o sublime Deus da Luz, abençoado com todas as bênçãos desde o começo da eternidade. O Primeiro desde o início de tudo; o Criador das formas; Aquele que dá beleza a todas as coisas, que está protegido e oculto em sua sabedoria e é imanifesto. Ele é o sublime Rei da Luz, o Senhor de todos os mundos radiantes; Supremo sobre todas as formas de luz e Deus de todos os deuses - o Rei dos reis e o Grande Senhor de todos os reis! Radiência que é imutável, Luz inextinguível, Beleza, Esplendor e Glória em quem nada falta. Vida acima de todas as vidas, Radiência acima de toda radiência. Luz acima de toda luz em quem não existem imperfeições nem deficiências!
Ele é a Luz onde não há trevas, a Vida Única em Quem não há morte, Bondade Única em Quem não há malícia, Doçura em Quem não há confusão nem cólera, Compreensão em Quem não há veneno e nem amargura! Ele que está no alto norte, forte belo e glorioso, a origem de todos os seres luminosos e Pai de todos. Ele que abençoa todos os mundos e repousa em todos os perfeitos e naqueles que creem, em cujas bocas Seu nome é sempre exaltado!
O Pai da cidade da vida que vive nas moradas da realeza. Ele que é sua radiência, que ascende e ilumina, que não tem fim, medida e número. Ele que se rejubila em sua alegria, liberto da tristeza, e todo o seu reinado assim se rejubila. Ele, que é de tal forma a imagem, o adorno e a glória em quem não existe beleza que se compare. Ele, a verdade que vive no mais alto; Senhor da Grandiosidade, Senhor de todos os poderes. Ninguém pode mensurar e descrever seus poderes e os poderes de seus mundos e moradas onde habita e aos seres e reis que lá estão!
Aquele sublime Rei da Luz está seguro em sua morada que é a mais alta de todos os mundos, como a Terra é bem maior do que todos os seus habitantes. Ele excede a todos como o céu às montanhas e brilha em todos como o sol de si mesmo emana e brilha mais que todos, como a lua brilha mais que as estrelas. Ele detém as qualidades íntegras. Poderosas realezas estão nele, seus poderes e grandezas não têm limites, e nem ele pode ser contido por números ou cálculos!
As cintilações de sua coroa iluminam ao redor e raios de radiência, de luz de glória excedem de sua face e dentre as folhas de sua coroa. Todas as vidas de luz e reis, todos os seres lá permanecem em oração e bênçãos e abençoam o sublime Rei da Luz!
Cinco poderosas e fortes qualidades emanam dele. A primeira é a luz que emana dos seres luminosos. A segunda é a fragrância que paira sobre eles. A terceira é a doçura de sua voz que os faz alegres. A quarta é a elocução de sua boca pela qual ele os penetra e os faz trabalhar. A quinta é a beleza de seu ser pela qual eles crescem como frutos sob o sol!
A benção, graça e majestade do sublime Rei da Luz florescem e dimanam e não podem ser contidas. Ninguém pode possuí-las para si ou compreende-las, exceto a vida que está neles, nos seres luminosos e mensageiros que diante dele permanecem. Nenhum dos seres sabe o seu nome; os reis que lá permanecem dizem uns aos outros: “Qual é o nome da Grande Luz?” E dizem: “Não há nenhum nome como o Dele e não há nenhum nome que possa significar o seu nome real; não há ninguém que possa compreender sua real natureza!”
Adorado, exaltado e poderoso ele permanece sobre todos os deuses. O único que existiu desde o início das eras - Rei desde o começo de tudo. Firmemente estabelecido é o trono do grande e único exaltado que não pode ser tirado de seu lugar por toda a eternidade. Nenhum carpinteiro humano constrói o trono abaixo dele, nenhum mestre construtor em barro constrói casas de seu Lar. Ele é Rei cujo reinado permanecerá para sempre e nunca terminará! O mundo em que o Rei da Luz permanece não pode nunca morrer (...)
Os anjos da radiência o regozijam com a verdade, com a comunhão e a fé que ele lhes deu. São gentis, sábios, amantes; não têm malícias, falsidades ou mentiras. Eles se vestem com roupas radiantes e estão envoltos por uma cobertura de luz. Eles se sentam e moram juntos sem ofenderem-se uns aos outros e sem pecar um contra o outro. Eles são honrados em seus firmamentos e se protegem mutuamente como as pestanas protegem os olhos. Seus pensamentos são abertos e conhecem o Primeiro e o Último.
Mesmo estando a milhares e milhares de milhas de distância uns dos outros, ainda assim são iluminados pela radiência do outro. Um é perfumado pela fragrância do outro; um administra a verdade do outro e se entendem pelo pensamento. Eles escaparam de todo o tipo de morte e a dissolução da morte não é decretada para eles. Não há morte para eles; não ficam velhos, suas forças não decaem e não são vitimados por dores e enfermidades!
Suas vestes não ficam negras e nem suas coberturas. Suas coroas de ramos não murcham, não se desintegram e não perdem as suas folhas. Os córregos dos mundos de luz são plenos de claras águas mais brancas que o leite; são frescas e saborosas. E seu aroma é mais forte do que o mais aromático vinho!(...)
Aqueles seres de luz são de naturezas diversas e mergulham nas terras, lugares, rios, árvores, moradas, e os anjos com a radiência, a luz e o brilho neles permanecem (...). Suas formas são luminosas, brilhantes e suas fisionomias (ou aparências) são claras, brilhando como puro berilo. Todos os dias, força e voz, elocução e vitória são cultivados pelo Rei de todos os mundos de luz e a eles enviados (...).
Os rostos e aparências dos seres luminosos, anjos, mensageiros, semelhanças, terras, moradas, fortalezas, edifícios, rios e árvores bem como a radiência que neles permanece são criados pelo Rei da Luz (...). Aquele lugar é o lugar da vida, da verdade, da paz, da seguridade, da alegria que cada um guarda e no qual cada um põe sua fé. O Rei se rejubila com as crianças de luz e eles se satisfazem nele. Seus prédios e moradas são construídos de radiência e luz (...).
Sua radiência é mais maravilhosa do que a do sol e da luz; seu esplendor é maior que o deste mundo. Há neste mundo mescla de radiência, mas naquele mundo a radiência é de tal intensidade que não há turvações. A radiência deste mundo é calcada sobre a imagem da radiência daquele mundo, porém somente como conchas e pequenas pedras que se assemelham à pérolas. Sua Terra não tem pilares, seu firmamento não gira sobre rodas, as sete estrelas não se acabam e o Cinco e o Doze não controlam seus destinos (os cinco planetas sem incluir o sol e a lua e os doze signos do zodíaco) (...).
Feliz daquele que conhece o Rei da Luz e feliz é aquele a quem ele fala no seu conhecimento (...) Feliz é aquele que aprende de sua sabedoria e é liberto dos erros e confusões deste mundo. Seu nome, Vida de excelência; Grande é Sua Glória, plena é Sua Luz!
(Gnosis – A Selection of Gnostic Texts – Werner Foerster). Tradução por Rayom Ra
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