sábado, 25 de janeiro de 2025

A Educação na Nova Era - A.A. Bailey / O Tibetano

      PONTO DE VISTA DO CONTROLE DA PERSONALIDADE

Djwhal Khul / A.A. Bailey

O que eu poderia dizer aqui, sinceramente, seria uma repetição do que já sabem e tenho ensinado. A maioria dos que lêem meus escritos está acostumada com as ideias que tenho procurado compartilhar com a humanidade, durante os últimos anos, porque foi em 1919 que comecei a escrever pela primeira vez, com a colaboração de A.A.Bailey. Em tais escritos tenho procurado fazer duas coisas:

1. Ensinar a necessidade fundamental de alcançar certas grandes fusões individuais, raciais e espirituais:   

a. A fusão ou integração dos diversos aspectos da natureza do    homem, física, emocional e mental. Quando isto se haja obtido, teremos a manifestação das forças elementais integradas, ao que damos o nome de personalidade, produzindo-se assim a manifestação de um ser humano poderoso, autodirigido e de alta qualidade

b. A fusão da personalidade com a alma. Isto deve realizar-se consciente e deliberadamente, a fim de que as partes de um grande todo divino estejam dispostas ao que a personalidade se submeta a trocas e transmutações, como resultado do contato com a alma. Isto levará à manifestação da alma que mora no interior, a consciência crística, o Anjo Solar.

c. A fusão final da humanidade com a hierarquia, que trará à manifestação o Reino de Deus sobre a Terra. Será a consumação das demais fusões e também a de certas grandes fusões planetárias, raciais e nacionais, incidentais e necessárias ao progresso e aos seus resultados inevitáveis. Tais fusões não se realizam em forma sequencial como se há enumerado; há muita superposição e falta de equilíbrio no processo, porém ainda que possa haver diferenças e dificuldades no extenso processo, o fim é inevitável e inalterável. O Reino de Deus, a consumação de tudo, aparecerá sobre o planeta.    

2. Implementar os métodos que produzam qualidade, não somente quantidade, os quais facilitarão ao surgimento de grandes características divinas que mudarão o mundo ao seu devido tempo, originando novas atitudes e estados de consciência. Quando amadurecerem e sejam essas características reconhecidas, surgirão nova cultura e civilização que se constituirão para a raça no futuro planejado e desejado.

Portanto, não é necessário que lhes fale a respeito do desabrochar da personalidade e ao seu controle? Isto não é algo que já têm considerado e para o que estão trabalhando por anos a fio? Posso dar-lhes algo prático que ainda não conhecem e que tratam de alcançar? Aumentarei suas responsabilidades, repetindo constantemente as coisas? Parece-me que não.

A nova cultura surgirá e virá à existência à medida que aqueles que têm consciência da luz e compreendem o objetivo do serviço puro [que inevitavelmente pressupõem tal estado de consciência] prossigam com a tarefa consignada – uma tarefa autodesignada em todos os casos – de viver e ensinar a verdade a respeito da luz, quando se oferece a oportunidade.

A CIÊNCIA DO ANTAKARANA

(Capítulo V de “A Educação na Nova Era”)

Como preparação para o que os estudantes devem dominar, quero destacar certos pontos e classificar a informação já dada. A Ciência do Antakarana não é fácil de aprender, pelas razões que exporei em seguida. As razões que se assinala deverão ser aceitas pelos estudantes como uma hipótese prévia a todo trabalho que se trate de empreender.

1. A Ciência do Antakarana está relacionada com todo o problema da energia, porém especialmente com a energia manipulada pelo indivíduo e forças, mediante as quais ele se relaciona com outros indivíduos ou grupos. Para maior clareza, denominaremos:

a.ENERGIA: a todas as forças que fluem ao indivíduo de qualquer direção e origem. A estas energias principais frequentemente tem-se dado o nome de “sutratma”, “fio de vida” ou “cordão prateado”

b.FORÇA: a todas as energias que – depois da devida manipulação e concentração – o indivíduo ou o grupo projeta para qualquer direção e com muitos e possíveis modos, alguns bons, porém a maioria egoísta

     2.  A Ciência do Antakarana, falando tecnicamente e para o propósito grupal, é especialmente a ciência da manifestação da luz, que dá como resultado a revelação das trocas conseguintes. Deve-se recordar que:

    a. A luz é substancial, e do ponto de vista do espírito é uma sublimação ou forma superior de substância material.

      b. A luz é também a qualidade e a característica principal da alma em seu próprio reino e do corpo etérico (eventualmente um reflexo da alma) nos três mundos da evolução humana.

    c. A ciência que estamos considerando tem por objeto amalgamar as luzes inferiores com as superiores, de maneira que brilhe uma só luz na manifestação física, obtendo-se, por conseguinte, uma síntese da luz.

d. Falando tecnicamente, existem dois corpos de luz: o corpo vital ou etérico e o veículo da alma. Um deles é o resultado de eons de vida, que com o tempo se transforma num poderoso receptáculo de energias, reunidas por uma ampla série de contatos, ainda que estejam condicionados pelo tipo de raio em seus três aspectos. Existe o corpo etérico, e atualmente está funcionando poderosamente. O corpo da alma está se construindo lentamente e é essa “casa, não feita com as mãos, eterna nos céus” a que se refere o Novo Testamento (II Co.5-1). É interessante observar que o Antigo Testamento se refere ao corpo etérico (Ecls. 12-6,7) e sua construção e o Novo Testamento trata da construção do corpo espiritual.       

3. A Ciência do Antakarana deve ser estudada de três maneiras:  

a. Concretamente, relacionada com o corpo etérico, que é uma forma substancial tangível e que a ciência moderna começa a reconhecer (não obstante, não seja ainda admitido universamente).

b. Egoisticamente e em relação com a alma e o “corpo de luz”, com a qual o homem espiritual deve atuar no mundo das almas e que – quando se tenha amalgamado com o corpo etérico – produz a manifestação da divindade sobre a Terra com maior ou menor medida segundo a amplitude da fusão e com o reconhecimento consciente que o indivíduo tenha da fusão conquistada.

c. Abstratamente e em relação com o conhecimento-sabedoria, duas palavras utilizadas e relacionadas com a força e a energia, e sua utilização pelo indivíduo em seu meio ambiente e seus contatos. Dar-se-ão conta do quão necessário seja existir a capacidade de pensar de forma abstrata, antes de se poder compreender as verdadeiras implicações desta nova ciência.

4. A Ciência do Antakarana se refere ao problema da continuidade da consciência e do problema da vida e da morte. Tratem de compreender claramente estes temas porque são fundamentais e importantes.

5. A Ciência do Antakarana trata do triplo fio que conecta:

a. A mônada com a alma e com a personalidade, unindo os três   veículos periódicos e unificando os sete princípios.

b. A tríplice personalidade com seu meio ambiente nos três mundos do esforço humano e, logo, com os outros dois mundos de expressão super humana (totalizando assim cinco mundos).

c. O homem, conscientemente criador, com o mundo das ideias, com as quais deve entrar em contato e expressá-las por meio do trabalho criador, construindo, assim a ponte de luz entre:

1. O mundo das almas e o mundo dos fenômenos.

2. O reino da beleza subjetiva e a realidade, e o mundo externo tangivel da natureza.

3. E os demais seres.

4. Um grupo e outro. 

5. Mais tarde quando o Plano Divino tenha chegado a ser uma realidade para o homem, entre o quarto reino (o humano) e o quinto reino (o Reino de Deus).

 

6. Finalmente entre a humanidade e a hierarquia.

6.  A Ciência do Antakarana é a ciência do tríplice fio que existe desde mesmo o princípio dos tempos e une o homem, como indivíduo, com sua origem monádica. O reconhecimento deste fio e seu emprego consciente como Sendeiro e como meio de fazer contatos cada vez mais amplos, chega relativamente tarde no processo evolutivo. A meta de todos os aspirantes e discípulos é chegar a perceber esta corrente de energia com suas variadas diversificações e a empregar conscientemente estas energias de duas maneiras: em auto desabrochar internamente e em serviço ao plano para a humanidade.            

7. A Ciência do Antakarana ensina certas verdades fundamentais acerca deste fio, algumas das quais podem ser enumeradas da seguinte maneira. 

a. O fio da vida vem diretamente da mônada ou o Uno. Este fio se encontra introduzido no coração durante toda a vida. Ali reside o assento da vida. 

b. O fio da consciência vem diretamente da alma. Vem introduzir na cabeça. Ali se encontra o assento da consciência. 

c. O fio da atividade criadora inicia e constrói o ser humano. Encontra-se introduzido na garganta, se tiver sido eficientemente construído. Este fio  o prolongamento ou síntese dos dois fios básicos anteriores. O mesmo fio criador e é tríplice. O homem o vai construindo lentamente, através das épocas. A medida que o homem verdadeiramente vive, do ponto de vista da percepção inteligente e do desejo de expressar-se plenamente, o processo inteligente praticamente o processo se acelera. Estes três fios menores autocriados, que constituem o terceiro fio do antakarana, se estende, com o tempo, desde:  

I.  O corpo físico ao etérico, passando do coração ao baço e dali ao corpo do prâna ou corpo vital ou etérico, no qual se une à força que procede das pétalas egóicas da vontade.

II. O corpo etérico ao astral. Este fio passa do plexo solar ao coração e dali ao corpo astral, extraindo a energia do fio já mencionado, o qual se une à força que procede das pétalas do amor.

III. O corpo astral ao veículo mental. Este fio passa do centro ajna ao centro da cabeça, e dali ao corpo mental e, extraindo a energia dos outros dois fios mencionados, se une à força que procede das pétalas do conhecimento.

Ainda que estas três energias se entrelacem finalmente num só fio, permanecem, não obstante diferenciadas. Deveria ter-se em conta que o corpo da alma se acha construído de pura luz branca, ainda que a luz com que é feito o corpo etérico seja dourada.  

8. A Ciência do Antakarana se refere, portanto, a todo o sistema de energia entrante, com os processos de sua utilização, transformação e fusão. Trata também das energias salientes e sua relação com o meio ambiente, construindo a base da ciência dos centros de forças. As energias entrantes e saíntes constituem finalmente dois grandes centros de energia, caracterizadas, uma pelo poder, a outra pelo amor e todas estão dirigidas até a iluminação do indivíduo e da humanidade considerada como um todo, por intermédio da Hierarquia composta de indivíduos. Esta é, basicamente, a Ciência do Antakarana.

O Antakarana é, portanto, o fio da consciência e da inteligência, e o agente que responde a todas as reações sensoriais. Um ponto interessante que se deve recordar, e devemos destacar agora, é que este fio da consciência está elaborado pela alma e não pela mônada. A alma mundial derrama seu fio sutil de consciência sensível em todas as formas, em todas as células do corpo e em todos os átomos. A alma humana, o Anjo Solar, repete o processo a respeito de sua sombra e seu reflexo, a personalidade. Isso é a parte do trabalho criador da alma.

Porém, por sua vez, o ser humano deverá também fazer-se criador, no sentido mental do termo e repetir o processo, uma vez que em todos os seus pontos o microcosmos se assemelha ao macrocosmos. Consequentemente, por meio do fio da vida, a alma cria e reproduz uma personalidade por cujo intermédio poderá atuar. Mais tarde, mediante a construção do antakarana, a alma desabrocha ante toda a sensibilidade no plano físico, e logo salva o abismo entre os três aspectos mentais, por meio da meditação e o serviço. Assim completa a criação da senda de retorno ao Centro, que deve ser paralela à senda de saída.

Com isto está terminada minha apresentação preliminar dos fundamentos que predominaram nos sistemas de educação da era futura. Foi necessário que todos vocês – além de todos aqueles que estudaram mais adiante estas instruções referentes à nova educação – tivessem alguma compreensão das implicações fundamentais e tendências básicas do passado, e também algumas ideias, ainda que imprecisas, a respeito de qual direção poderiam vir as mudanças fundamentais. Assim, podem começar a trabalhar com inteligência, sem perda de tempo.  

O que resta agora é buscar que o ensinamento dado por mim seja aplicado de forma prática. Hoje a Nova Educação deve ocupar o lugar da antiga, que tem sido muito errônea, ao ponto de não ter conseguido evitar o holocausto universal que caracterizou aos anos do período entre 1914 a 1945. Isso deve ser substituído. A etapa seguinte da evolução humana surgirá como consequência da ação purificadora da guerra mundial. Há passos que a humanidade deve inevitavelmente dar, e só um novo tipo de educação e uma atitude diferente nos processos educativos (imposto aos jovens de todas as nações) fará com que a humanidade possa dá-los.

É iminente um novo ciclo de experiências, do desabrochar psicológico e de novos procedimentos educativos. O que venho dizendo aqui e noutros escritos, a respeito das Ciências da Meditação, do Serviço e do Antakarana, da metodologia, modalidade, modo, promessa e finalidade é tudo isto.

        

                                                                        O Tibetano

 

         Extraído de: La Educación En La Nueva Era - La Ciencia del Antakarana

 

          Tradução Espanhol / Português: Rayom Ra

 

Rayom Ra

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quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Os Centros de Iniciação

SANTUÁRIOS DA ANTIGUIDADE

     Se desde a mais alta antiguidade os homens, para adquirirem o conhecimento, tiveram de suportar as provas da iniciação, estas, todavia, não se podiam efetuar em qualquer lugar. Eram necessários templos onde ensinar e “colégios” de sábios para professar esse ensino. É a razão de ser dos centros de iniciação; locais supremos onde se concentrava a essência do saber nas mãos dos sacerdotes-sábios: pontífices, druidas, brâmanes ou lamas.

     Na antiguidade egípcia, e não conhecemos nenhum “colégio” de iniciados mais antigo, entre os numerosos santuários existiam inúmeros centros iniciáticos(1), tanto no Alto como no Baixo Egito.

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  ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­ (1) Gérard de Nerval – escritor esotérico – narra-nos no seu livro Voyage en Orient como encontrou um oficial prussiano, enviado em missão pelo seu governo junto da expedição de M. de Lepsus (não é de hoje que os alemães se interessam pelo Egito). Este oficial, amável e muito instruído, explica ao escritor os mistérios da iniciação egípcia na Grande Pirâmide: “O oficial alemão”, escreve Gérard de Nerval, apresenta-me uma explicação assaz lógica da função de um tal monumento. Ninguém é mais forte do que um alemão sobre os mistérios da antiguidade. Eis, segundo a sua versão, para que servia a galeria baixa ornada de calhas que tão penosamente descemos e subimos: “Sentavam num carro o homem que se apresentava para se submeter às provas de iniciação. O carro deslizava pelo caminho, bastante inclinado. Chegado ao centro da pirâmide, o iniciado era recebido por sacerdotes inferiores, que lhe mostravam o poço e convidavam-no a atirar-se.

     Naturalmente que o neófito hesitava, o que era anotado como uma marca de prudência. Davam-lhe então uma espécie de elmo munido de uma lanterna acesa e, com este aparelho, ele devia descer prudentemente o poço, onde encontraria, aqui e acolá, degraus de ferro para apoiar os pés.

     O iniciado descia durante muito tempo, iluminado até certo ponto pela lanterna, que transportava sobre a cabeça; depois, aproximadamente a 32,5 metros de profundidade, elevava-se para a entrada de uma galeria, fechada por uma grade, que se abria imediatamente. Logo apareciam três homens com máscaras de bronze que imitavam a face de Anúbis, o deus cão. Era necessário não se atemorizar com suas ameaças e caminhar sempre em frente, atirando-se por terra. Fazia seguidamente cerca de uma légua e chegava a um espaço considerável, que produzia o efeito de uma floresta sombria e densa.

     Assim que metia o pé na álea principal, tudo se iluminava instantaneamente, dando a ideia de um vasto incêndio. Mas isso era apenas uma simulação, com substâncias betuminosas entrelaçadas em varões de ferro. Ao preço de algumas queimaduras, o neófito devia atravessar a floresta, o que geralmente acontecia.

     Para além desta, encontrava-se uma ribeira que era preciso atravessar a nado. Assim que atingia o meio, uma imensa agitação de águas, provocada pelo movimento de pás de duas rodas, paravam-no e repeliam-no. No momento em que suas forças iriam esgotar-se, ele via aparecer uma escada de ferro que parecia tirá-lo do perigo de perecer na água. Esta era a terceira prova. À medida que o iniciado colocava um pé sobre cada degrau da escada, o que acabava de abandonar soltava-se e caía na ribeira. Essa situação difícil complicava-se com um vento horrível, que fazia tremer a escada e o iniciado ao mesmo tempo.. No momento em que as forças o abandonavam devia ter a presença de espírito necessária para agarrar dois anéis que desciam em sua direção e nos quais ficaria suspenso pelos braços, até se abrir uma porta onde chegaria com um esforço violento.

     E era o fim das quatro provas elementares. O iniciado chegava então a um templo, rodeava a estátua de Isis, e via-se recebido e felicitado pelos sacerdotes.”

     Veremos que todas as seitas até a F.. M.. retomaram o ritual das provas iniciáticas, ao mesmo tempo símbolo e verdade. Nas SS havia também para os candidatos a oficial, provas secretas que nós desconhecemos, mas podemos supor que se relacionavam com o culto solar e a revelação mística do conhecimento racista.

     Até a invasão dos persas, comandados por Cambises, Tebas, a cidade sagrada abrigava nos seus templos os segredos da suprema ciência sacerdotal.

     O santuário de Ptah, consagrado a Osíris, deus dos mortos, era dirigido por um clero particularmente douto. Neste santo dos santos os padres tinham o poder de invocar o Sol dos mortos, o Sol de Osíris, que guia os defuntos para a sua última morada e pode atrair os vivos para o reino da morte. Cambises, na sua ignorância, quis ser iniciado a esses mistérios, e como os sacerdotes de Tebas recusaram invocar Osíris para o grande rei, temendo ofender os deuses, imediatamente ele ordenou o seu massacre. Cambises foi então a Memphis – precisamente onde Platão tinha estudado a sabedoria – ao templo de Sais, único local onde o soberano podia ainda ser iniciado à visão de Osíris.

     Imerso num sono letárgico, por meio de um licor extraído da flor do nepentes (a beberagem deveria facilitar a “viagem”), Cambises deitou-se num sarcófago e dele não saiu senão para morrer, louco, no deserto da Síria, onde vagueava queimado pela visão insustável. Não se pode, com efeito, atingir o estado supremo do conhecimento sem uma longa preparação preliminar, sob pena de sossobrar “do outro lado do espelho”, perdendo a razão ou a vida. Nas provas, cada neófito jogava a sua vida e a sua alma, pois estava escrito no pedestal das estátuas de Isis: “Nenhum mortal soergueu o meu véu.”

     Raros eram aqueles que triunfavam das sete provas previstas na iniciação.

     Moisés, de quem se conhece o fabuloso destino, foi iniciado nos mistérios do Egito, mas fraquejou, segundo a versão de Gérard de Nerval – na última prova – que era a da castidade. Falhou, eis porque foi privado das honras que tanto desejava. Ferido no seu amor próprio, Moisés entra em guerra aberta com os sacerdotes egípcios, luta contra eles com ciência e prodígio e acaba de libertar o seu povo através da sublevação, de que conhecemos os resultados.

     Orfeu e Pitágoras suportaram as mesmas provas, mas somente este último saiu-se vitorioso.

  Os sacerdotes acolheram-no no seu colégio sagrado. Daí em diante transformado em grande iniciado, Pitágoras, após ter visitado a Índia, onde recolhe os ensinamentos dos brâmanes, e também a Gália, volta à Grécia e funda os santuários de Delfos e de Elêusis, a fim de perpetuar o conhecimento esotérico. Apolônio de Tiana, no século I, e Manês percorreram também o Ocidente e o Oriente, visitando todos os lugares onde havia instrução a receber.

     As seitas alemãs neognósticas, cujas existências conhecemos, retomaram a ideia, segundo a qual Moisés e os Hebreus, roubando os segredos do Egito, se tornaram adeptos da magia negra, enquanto os Gregos, continuadores dos padres de Àmon, teriam possuídos a magia branca.

     Sabe-se que Rudolf Hess, que viveu toda a sua juventude no Egito, vem a ser mais tarde o delfim de Hitler. Ora este homem fazia parte do movimento esotérico Thulê, inspirador secreto do nazismo.

     A sabedoria não era apenas apanágio do Egito, embora este tenha possuído grandes segredos. Sábios houve também na Gália: os druidas, muito conhecidos pela imagem deformada e ridícula que nos deixaram os manuais de História.

     Para Maurice Magre, “sem dúvida os druidas da Gália deveriam representar um dos mais altos expoentes da espiritualidade suscetível de ser atingida pelos homens”. O próprio Pitágoras, como já o dissemos, dirigiu-se aos Celtas para receber o ensinamento dos “homens sábios”.

     Porque qualquer que fosse a selvageria dos povos, não tendo mais do que o seu manto e ao seu bastão, aquele que tinha nascido sob a estrela do conhecimento encontrava, da Índia à Irlanda, lugares de erudição e de instrução, onde lhe davam uma palavra-senha, que permitia que fosse sempre mais longe(1)         

     “Os druidas verossimilmente são oriundos de um centro situado na Irlanda que no início deveria ter-se alimentado na Ásia, como o prova a estreita similitude da organização dos druidas e dos lamas (2)”  
(1) - Maurice Magre, La Clef dês choses cochess, p, 36
(2) - Id., Ibid,. p. 37

     Respeitando os deuses gauleses Teutates, Esus, Táranis, os druidas fizeram-se médicos, juízes, educadores, ao mesmo tempo em que se impunham pela sua superior espiritualidade.

     Aqueles homens viviam asceticamente, como os lamas tibetanos ou os cenobitas cristãos, longe da agitação das cidades, metidos no esconso mais profundo da floresta que, do mar do Norte ao Mediterrâneo, cobria então a França. Formando “colégios” de instrução, verdadeiros “oásis de pensamento”, no meio da ignorância geral, os druidas retransmitiam religiosamente os seus conhecimentos. Desdenhosos das construções humanas, os seus templos eram de florestas de grandes carvalhos e os peristilos constituídos pelos fustes das árvores centenárias.

     Acreditando na metempsicose, não caçavam nenhum animal, e construíam cabanas muito ligeiras com receio de ferir a alma das árvores. Conheciam também a linguagem das feras e dos pássaros, que nós já esquecemos, e entravam em comunicação com a natureza. Igualmente desprezavam o ouro, símbolo da inveja e da avidez dos homens, e proclamavam-no maldito, proibindo por muito tempo a sua circulação na Gália. Logo que os Tolosates, após a sua vitória no Oriente, chegaram com o ouro das pilhagens, foi-lhes determinado atirarem-no para um lago. Foi no local desse lago que se erigiu a Igreja Saint-Sernim.

     Os druidas ensinavam ainda o pouco preço da vida terrestre em face do Além, e o desprezo pela morte. O suicido sagrado era lícito e regulamentado, o que faz acreditar em sacrifícios humanos.

     Finalmente, não se sabe grande coisa sobre eles com exceção dessas poucas verdades, porque o seu ensino era oral e está definitivamente perdido, mas que Pitágoras e um Apolônio de Tiana os tenham visitado significa bem o renome que eles tinham adquirido na Antiguidade.

     Os druidas, tal como tinham aparecido, desapareceram misteriosamente, escorraçados pelas legiões romanas no primeiro século depois de Cristo. Nas suas grandes vestes brancas eles deixaram possivelmente nas florestas a pista da sua grande erudição.

     [Extraído da obra: Hitler e as Religiões da Suástica – Os Centros de Iniciação, por Jean-Michel Angebert. Título Original: Hitler Et La Tradition Cathare, 1971, Editions Robert Laffont, S.A, Paris]

Rayom Ra
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