As religiões e crenças
ocuparam sempre papéis importantes e principais nas culturas das grandes e
médias civilizações. Em muitos casos, as divindades mudavam de roupagem e
nomes, mas os cultos eram manifestações mais ou menos idênticas aos dos povos
conquistados ou conquistadores. O Egito conseguiu aprofundar mais intensamente
suas crenças, não somente pelo tempo em que permaneceu como sólido império, mas
também porque essa decorrência se deveu à sua organização e administração
sócio-econômica. E, principalmente, pela grandiosa cultura esotérico-religiosa
que concebeu e praticou. A despeito de sofrer diversas invasões e conquistas, a
terra dos faraós se manteria em destaque por muitos milênios.
Na Europa, o quadro
religioso desenhado pelas várias práticas dos povos, tomaria novas e lentas
feições durante a ascensão, apogeu e gradual decadência do império romano. A
religião cristã se estruturaria de maneira diferente das antigas religiões
nascidas no oriente, impondo um pensamento coordenado com base nos escritos
monoteístas da tradição judaica. Montaria uma bíblia para representar o sagrado
cânon de suas revelações, e com o tempo adotaria o ritual da missa e a prática
de sacramentos - herdados das antigas tradições gnósticas orientais - e
conceituaria seus dogmas. Elegeria através dos séculos, para autoridade máxima
temporal, um primaz que se assentaria num trono. Enviaria missionários em
expedições por todo o mundo a fim de fundar núcleos, que mais tarde se
chamariam congregações, e lhes determinaria pregar sob um rígido corpo
litúrgico doutrinário.
Embora firmemente
sustentado por homens e mulheres de boa vontade, em cujos corações
permaneceriam imaculadas as principais mensagens de um iluminado, o avanço do
cristianismo ao seu início seria comedido. Mas a estrela que indicara o caminho
aos magos viria novamente reverberar para os seguidores desse recente
movimento. O cristianismo primitivo então escreveria indelevelmente as mais
belas páginas de uma história iniciada com as pregações de um homem simples e
muito amado, que nada impusera, mas que um dia dissera que cada um buscasse em
si mesmo a alma de uma criança e a inabalável fé no Pai Eterno. E de posse
dessas singelas verdades, os primeiros cristãos veriam as portas do céu se
abrir e lhes ser oferecidas todas as respostas de que necessitassem para
socorrer o mundo com palavras e compaixão.
Já o islamismo surgiria
no oriente no século VII desta mesma era. Alojaria alguns ensinamentos cristãos
em suas doutrinas, imprimindo aos povos árabes uma inegável força religiosa que
universalizaria um pensamento em torno do profeta Maomé, em Alá - o Deus único
- e nas sagradas escrituras do Alcorão reveladas a Maomé.
As revelações védicas, a
religião brahmânica e o induismo, de modo geral, nada tinham em comum com o
pensamento europeu tanto ocidental como oriental, embora vestígios de suas
tradições se fizessem presentes nas culturas greco-romanas. Os europeus haviam
resistido ao budismo que basicamente estancara às margens do Mediterrâneo,
transformando-se em cultos gnósticos entre alguns povos do oriente médio e na
Grécia. Pouco antes da decadência daquela antiga e brilhante civilização
helênica, o gnosticismo lá mesmo tomaria feições teóricas esotéricas e
filosóficas. Por outro lado, os essênios -
ramo étnico originário de antigos semitas - herdariam da nata do budismo as práticas dos
segredos ritualísticos e os profundos conhecimentos medicinais da flora que os
iniciadores do gnosticismo lhes passariam, e se constituiriam numa seita
especialmente pura onde os cristãos primitivos beberiam de suas graças.
O zoroastrismo tinha se
transformado em longínquas lembranças após a conquista do império Persa por
Alexandre em 330 a.C.,
que mandara queimar os originais do Zend-Vesta - a memória doutrinária da religião
do fogo. Entretanto, a religião não morreria, e mais tarde com a queda do
império macedônio passaria por profundas transformações em grupamentos étnicos
persas. Séculos depois chegaria à Índia sob a denominação de Parsis,
tornando-se até hoje casta religiosa importante embora somente contando
aproximadamente com duas centenas de milhares de seguidores.
As religiões raciais ou
mundiais e primitivas crenças, normalmente apresentam personagens e heróis com
genealogias extremamente simples ou excessivamente complicadas, onde fatos
possíveis se misturam ao impossível ou a realidade com a irrealidade. Vemos
hoje uma grande crise abertamente discutida por historiadores, arqueólogos,
paleontólogos, exegetas e eruditos de diferentes segmentos, acerca da real existência
dos personagens bíblicos e consequentemente sobre a autenticidade da Bíblia. Da
década de 70 para cá, pesquisas arqueológicas vêm municiando os investigadores
com elementos objetivos que obrigatoriamente determinaram uma nova visão acerca
dos fatos e narrações bíblicos. O império israelita fundado por Davi e
continuado por Salomão, é fortemente questionado devido à ausência de um
suporte cabal da linha descritiva histórica. Os questionamentos não param por
aí, mas remetem ao início de tudo, conduzindo procedentes dúvidas à autoria do
primeiro livro do Pentateuco, ao próprio Pentateuco e ao Velho Testamento como
um todo. A falta de provas sobre a vida do personagem e herói Moisés no Egito,
onde outros fatos contemporâneos puderam ser atestados pelos achados
arqueológicos e pergaminhos traduzidos, menos sobre Moisés, e a igual certeza
da inexistência dos patriarcas Noé, Abraão e Jacob, já formam consenso numa
frente de pesquisadores dissidentes.
Autoridades mundiais do
campo investigativo teriam hipoteticamente discutido a Bíblia como entidade
confiável, sob o prisma histórico e o religioso, concluindo que o livro mais
famoso do mundo fora: codificador de textos ricos sobre o antigo comportamento
social judaico; guia geográfico pictórico dos territórios semíticos e judeus;
norteador de estudos do antigo oriente médio; fusionista sociológico dos povos
estrangeiros inter-relacionados com os judeus; depositário da memória de
incontáveis manobras de guerra, de ocupações imigratórias aos territórios palestinos
e mesopotâmios ou de ondas migratórias de ramos “etno-raciais” semíticos em
situações sócio-econômicas diversas; exaltador de escolhida “linhagem-tronco”
patriarcal repovoadora do mundo após o anunciado dilúvio; relator de um
processo doutrinário instado por leis divinas outorgadas a Moisés, mais tarde
confirmadas por profetas e homens iluminados de todos os tempos; testemunho de
punições impostas por Deus aos homens não convertidos, ou que mesmo convertidos
O desobedeceram, e às cidades pecadoras impenitentes adoradoras dos
politeísmos; retransmissor de uma retórica propositalmente matizada para
bênçãos e louvações ao Altíssimo, estabelecida, via de regra, nos textos dos
livros e crônicas e, finalmente, arauto e exortador de uma nova e mais recente
visão espiritual universalista, minuciosa e subliminarmente formatada etapa
após etapa desde Adão e Eva, concretizada milênios após pelas supernais
mensagens e milagres realizados por Cristo.
Entretanto, essa visão
da Bíblia colocada por nós não mais seria completamente aceita e nem confirmada
pelos estudiosos de sua sociologia histórico-religiosa, pois conforme
ressaltado anteriormente, e mesmo sem ateísmos, se levantam enormes
controvérsias quanto à veracidade e autenticidade de seus escritos.
Sabe-se que a igreja
católica sempre procurou despistar nas suas exegeses uma interpretação racional
do Gênesis. Nem jamais admitiu questionamentos acerca dos trinta e nove
principais livros que compõem o sagrado cânon bíblico. Foi preciso que
protestos iniciados por Marinho Lutero e Calvino, exigindo reformas, forçassem
a igreja católica reagir e mudar de posição. Martinho Lutero criticara
abertamente noventa e cinco teses da igreja e aos abusos do papado, o que lhe
custaria à excomunhão pelo papa Leão X e constantes perseguições. Em 1521,
refugiando-se em Wartburg em Eisenach, Turingia, Alemanha, esse ex-monge
agostiniano iniciaria a tradução da Bíblia para o alemão, sendo o trabalho
impresso em setembro de 1522. Para essa tradução, Martinho Lutero, por ser erudito,
tomaria textos em hebraico e grego bem como a Vulgata de São Jerônimo traduzida
do hebraico para o latim.
Daí em diante se
desencadearia um efeito cascata que os ansiosos por reformas conduziriam em
vários movimentos protestantes, questionando principalmente a interpretação dos
textos bíblicos. Em decorrência destes vivos e permanentes protestos começariam
a surgir congregações dissidentes na Alemanha, Holanda, França, Suíça, Hungria,
Polônia e Inglaterra bem como dissensões entre os próprios protestantes e
guerras entre católicos e protestantes. Por outro lado, a rejeição à autoridade
de Roma criaria personificações nas interpretações bíblicas e consequentes
mudanças no comportamento reformista, dentre as quais o casamento de chefes de
congregações.
Tratemos agora
diretamente da cronologia envolvendo alguns personagens bíblicos. Segundo o
Velho Testamento, o homem estaria povoando a terra a partir dos descendentes de
Adão. A descendência adâmica se iniciaria com Caim, o primogênito de Adão;
depois nasceria Abel - assassinado por
Caim - vindo mais tarde Sete. A lista
dos descendentes de Caim é menor; a de Abel não é mencionada; a de Sete é
extensa e destaca Noé na décima geração. De Noé uma nova descendência
repovoaria a terra, visto o dilúvio ter afogado todos os povos e seres vivos.
Achamos interessante
recalcular o tempo de existência do homem sobre a terra a partir da geração de
Sete, o terceiro filho de Adão, cuja relação de nomes é mais específica quanto
às datas de nascimento e morte de cada personagem. Iniciaremos com Adão,
estabelecendo o ano zero anterior a ele, e o ano um a partir do seu nascimento.
Temos então o seguinte:
PERSONAGEM NASCIMENTO ANOS DE VIDA ANO DE MORTE
(de Adão ao Egito)
1.ADÃO
01
930
930
2.SETE 130 912 1042
3.ENOS
235
905 1140
4.CAINÃ
325 910 1235
5.MAALELEL 395 895 1290
6.JEREDE
460
962 1422
7.ENOQUE
622
365
(987)
8.MATUSALÉM 687
969
1656
9.LAMEQUE
874 777 (1651)
10.NOÉ 1056 950 2006
Comentemos agora sobre
relações de fatos e datas durante o dilúvio e logo após ele.
1. Diz o Gen. 07.6 “Tinha Noé seiscentos anos de idade, quando as águas do dilúvio
inundaram a terra.”
Se Noé nasceu em 1056,
seria, portanto, 1656 o ano do dilúvio, coincidentemente com o ano da morte de
Matusalém.
2. Diz o Gen. 07.11.12 “No ano
seiscentos da vida de Noé, aos dezessete dias do segundo mês, nesse dia
romperam-se todas as fontes do grande abismo e as comportas dos céus se
abriram.”
“E houve copiosa chuva sobre a terra durante
quarenta dias e quarenta noites.”
3. Diz o Gen. 08.2.3.4.5
“ Fecharam-se as fontes do abismo e
também as comportas dos céus e a copiosa chuva dos céus se deteve.”
“As águas iam se escoando continuamente de
sobre a terra e minguaram ao cabo de cento e cinquenta dias.”
“No dia dezessete do sétimo mês, a arca
repousou sobre as montanhas de Ararate.”
“E a águas foram minguando até ao décimo mês,
em cujo primeiro dia apareceram os cumes dos montes.”
Temos aqui
o seguinte resumo:
a. 40 dias de chuva, de 17/02/1656 (ano bissexto)
à 28/03/1656.
b. 150 dias de água se
escoando, de 28/03/1656 à 25/08/1656.
c. 37 dias
de águas minguando, de 25/08/1656 à
01/10/1656.
227 dias
4. Diz Gen. 08.6.10.12. “Ao
cabo de quarenta dias abriu Noé a janela que fizera na arca.”
“Esperou ainda outros sete dias e de novo
soltou a pomba fora da arca.” (Já a tinha soltado antes e ela retornara no
mesmo dia).
“Então esperou mais sete dias e soltou a
pomba; ela, porém, já não tornou a ele.”
Nesta nova contagem
temos então:
a. 40 dias - até abrir a
janela em 10/11/1656.
b. 07 dias - até soltar a pomba em 17/11/1656.
c. 07 dias - até
soltar novamente a pomba em 24/11/1656.
54 dias
5. Diz o Gen.
08.13.14.15.16 “ Sucedeu que, no primeiro dia do primeiro mês do ano seiscentos e um,
as águas se secaram de sobre a terra. Então Noé removeu a cobertura da arca, e
olhou, e eis que o solo estava enxuto.”
“E aos vinte e sete dias do segundo mês, a
terra estava seca.”
“Então disse Deus a Noé: saia da arca e,
contigo, tua mulher, e teus filhos, e as mulheres de teus filhos.”
Prosseguindo nos
cálculos, temos:
a. 38 dias até Noé remover a cobertura da arca,
em 01/01/1657.
b. 57 dias
para Deus ordenar que saíssem da arca, em 27/02/1657.
95 dias
Todos os dias da
permanência de Noé e os ocupantes a bordo da arca (exceção da pomba que não
voltou) foram, portanto:
De 17/02/1656 à
17/02/1657 = 365 dias + 1 dia do ano bissexto = 366 dias
E até 27/02/1657 foram
mais 10 dias, perfazendo o total de 376 dias, ou:
um ano bissexto e dez
dias.
Há fatos, no entanto, em
que não pudemos nos basear devido a encontrarmos aparentes incongruências. Um
desses fatos se refere aos três filhos de Noé: Sem, Cão e Jafé que teriam sido
gerados quando Noé contava 500 anos de idade. Se os três nasceram no mesmo ano
teriam sido trigêmeos, ou Noé teria três esposas ou concubinas. Mas nenhuma
referência sobre essas possibilidades foi encontrada por nós nos textos do
Gênesis. Outro fato vem do Gen. 07.6., onde é dito que Noé tinha 600 anos de
idade quando as águas do dilúvio inundaram a terra. E como o dilúvio tivera
início por nossos cálculos em 17/02/1656, em 27/02/1657, data em que saíram da
arca, Noé já estaria com 601 anos.
Ora, é também dito no
Gen 11.10 que Arfaxade,
filho de Sem, nasceria dois anos após o dilúvio quando Sem tinha 100 anos.
Pelos nossos cálculos, Arfaxade teria nascido em 1656, que seria o ano do
dilúvio, e o ano 600 de vida de Noé. E se o ano do dilúvio foi o ano 600 de
Noé, 2 anos depois sua idade seria 602; logo Sem já teria 102 anos. Assim,
Arfaxade nasceria em 1658 e não em 1656 de nossos cálculos.
Muito embora povos
antigos já dividissem o dia em vinte e quatro horas, fizessem contagens de
semanas, meses e ano de 365 dias, certamente o ano bissexto não seria computado
por eles. A diferença de seis horas cumulativas, gerando mais vinte e quatro
horas a cada quatro anos, só seria oficialmente ajustada em 1582 pelo Papa
Gregório XIII, ficando o calendário oficial a partir daí conhecido por
gregoriano em homenagem àquele Papa. Assim, há a possibilidade de a diferença
de dois anos aqui consignada estar ligada a alguma data pretérita de nossos
cálculos onde o ano bissexto não seria computado. Se isto for relevante para
conclusões outras, agradeceríamos aos investigadores realizar possíveis
correções ou novas interpretações.
Finalmente, os
personagens bíblicos de quem tratamos, tendo vivido acima dos 100 anos, alguns
mais de 200 e muitos tendo ultrapassado 600, 700 ou atingido 969 anos como
Matusalém, é algo para nós incrível, mesmo sendo eles homens bíblicos.
Continuando com as
gerações a partir de Noé, teríamos:
PERSONAGEM NASCIMENTO ANOS DE VIDA ANO DE MORTE
(de Adão ao Egito)
01. SEM 1556 600 2156
02. ARFAXADE 1656 438 2094
03. SALÁ 1691 433 2124
04. EBER
1721 464 2185
05. PELEGUE 1755 239 (1994)
06. REÚ 1785 239 (2024)
07. SERUGUE 1817 230 (2047)
08. NAOR 1847 148 (1995)
09. TERÁ 1876 205 (2081)
10. ABRÃO 1946 175 (2121)
Verificamos que mais dez
gerações decorreriam até 2185, ano da morte de Eber. Abrão teria morrido 64
anos antes e surgiriam mais três importantes personagens após este patriarca:
PERSONAGEM NASCIMENTO ANOS DE VIDA ANO EM QUE MORREU
(de Adão ao Egito)
11. ISAQUE 2046 180 2226
12. JACOB 2106 147
2253
13. JOSÉ 2197 110 2307
(+)
Cativeiro do Egito 430
ÊXODO – (2307 + 430) = Ano de
2737
De Abrão a José haveria
novas conotações na vida e tradição judaicas. Se contarmos Adão como o primeiro
patriarca, Noé seria o segundo, Abrão o terceiro e Jacob o quarto. Jacob
geraria doze filhos que constituiriam mais tarde as doze tribos de Israel.
José, o décimo primeiro filho de Jacob, protagonizaria interessante história no
Egito para onde teria sido vendido como escravo pelos seus irmãos. Jacob, todos
os seus demais filhos, e famílias, acabariam viajando para o Egito anos mais
tarde, chamados por José que se tornara chanceler do faraó, e lá eles
permaneceriam.
De acordo com nossa
cronologia, de Adão até o êxodo teriam se passado 2737 anos. Os historiadores
informam que o êxodo teria ocorrido nos anos 1490 a.C., 1440 a.C., 1400 a.C., 1300 a.C., 1290 a.C. 1200 a.C., ou próximo a
essas datas. Considerando que José teria vivido no Egito dos 17 aos 110 anos,
portanto 93 anos, e teria 30 anos quando interpretou os sonhos do faraó, teriam
se passado 13 anos até aquele instante. Os 7 anos de fartura se passaram e
entraram nos 7 anos de fome; os irmãos de José teriam chegado ao Egito 2 anos
após a fome se ter alastrado. Temos então aqui o seguinte cálculo:
a. Da chegada de José ao Egito até ser
recebido pelo faraó = 13 anos
b. Primeira etapa das previsões de José se
passaram = 07 anos
c. A família de José
chega ao Egito quando ainda teriam
mais 5 dos 7 anos de
fome = 02
anos
______
22 anos
Daí teríamos José com 39
anos. Se José morreu com 110 anos, sua família teria permanecido livre no Egito
por 71 anos, pois não há referências que de lá tenha saído antes da morte de
José.
Diz o Ex. 01.8.9.11.14. “Entrementes se levantou novo rei sobre o
Egito, que não conhecera a José.”
“Ele disse ao seu povo: Eis que o povo dos
filhos de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós.”
“E puseram sobre eles feitores de obras, para
os afligirem com suas cargas. E os israelitas edificaram a Faraó as
cidades-celeiros, Pitom e Ramessés.”
“E lhes fizeram amargar a vida com dura
servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o
serviço em que na tirania os serviam.”
Consideremos agora a
cronologia tomada oficialmente pela história, apesar de não haver consenso
exato sobre datas, e que caminha em sentido inverso a partir do nascimento de
Jesus Cristo (para muitos Jesus Cristo teria nascido em 3 d.C.), e optemos por 1300 a.C. (séc.XIV a.C.) o
ano do êxodo do Egito liderado por Moisés. Desta forma, temos o seguinte, desde
Adão:
a. De Adão ao êxodo de
Moisés = 2737
anos
b. Do êxodo de Moisés
à Cristo = 1300 anos
c. De Cristo aos
nossos dias = 2009 anos
6046
anos, sendo essa, portanto, a resultante histórico-religiosa desde Adão até o
século XXI de nossa era.
Se os judeus comemoraram
em 2009 o 5769 aniversário da criação do mundo, temos uma diferença em nossos
cálculos de 277 anos que poderia ser absorvida na idade de Adão, sobrando-lhe
ainda 653 anos, pois segundo o Velho Testamento Adão teria vivido 930 anos. Por
outro lado, as cifras 6046 e 5769 são, sem a menor dúvida, inexpressivas para
conter todo o período da criação do mundo, qualquer que seja a dimensão
tencionada, quer seja da Via Láctea onde se encontra o nosso sistema solar,
quer do macro-universo onde tudo mais existe, ou simplesmente do planeta.
Historicamente as
divergências são enormes; talvez o pensamento cronológico judeu pudesse ser
explicado de outra maneira, uma vez que a arqueologia rastreia a civilização
suméria na Mesopotâmia encontrando vestígios de sua existência já na era do
Bronze Antigo. Admitindo esses fatos, poderíamos situar aleatoriamente em 8000 a.C.
uma faixa de existência da civilização suméria, que também ultrapassaria o
cálculo judaico da fundação do mundo.
Se a criação do mundo
tivesse acontecido há somente 6046 anos, por exemplo, e Adão e Eva existiram de
fato conforme a Bíblia relata, por que então não admitir uma época mais remota
onde a existência teria se originado? Ou melhor organizar os argumentos da
criação do universo e do homem em fatores-grupos separados e distintos, não
exatamente consequentes como estão sob cronologia confusa, apertada e
conflitante?
Se nossos cálculos
estiverem aproximados, poderíamos considerar também nos 6046 anos oferecidos
pelas histórias bíblicas que os anos bissextos fossem todos levados em conta e
computados os seus dias extras. Assim fizemos preliminarmente por mera curiosidade,
e atingimos à soma adicional de 4 anos 2 meses e 22 dias. Se computássemos esse
adicional teríamos 6050 anos decorridos na história da criação. Já antes
mencionáramos possibilidade semelhante ao abordarmos o dilúvio, e não cremos
também nesse caso ser necessário este detalhamento por que a data da libertação
dos judeus do cativeiro egípcio está longe de atingir um consenso, pois
existindo tantas divergências entre historiadores e religiosos, surgiram
grandes diferenças numéricas.
[Capítulo III do Livro "O Monoteísmo Bíblico e os Deuses da
Criação" por Rayom Ra] - Texto revisto em 29-10-2016.
Rayom Ra
http://arcadeouro.blogspot.com.br