domingo, 29 de janeiro de 2012

Os Ciclos

       Os sucessivos ciclos pelos quais a humanidade tem passado no decorrer dos séculos têm marcado seu desenvolvimento espiritual e material em toda a História. Através de seu estudo podemos constatar que o trabalho hoje realizado nada mais é do que o ápice de uma preparação que há muito tempo vem sendo feita. Todos esses pontos nos levaram à origem de nossa caminhada rumo à concretização do Ashram de Mercúrio, rumo ao estabelecimento do Alto, do Superior na Terra.
       Um dos ciclos ocorre a cada 700 anos. Este ciclo tem uma analogia com o Plano Divino, regido por Netuno. Isto ocorre por que Netuno tem por número espiritual o 7, o que dá o ritmo de 700 anos para o ciclo. Neste ciclo é que se encontram os chamados movimentos teológicos, que tentam levar a humanidade diretamente ao Plano Divino. Estes movimentos caracterizam-se pelo desligamento do chamado Caminho do Meio, que também leva à Unidade, mas através do Equilíbrio das Coisas.
       O Caminho do Meio tem a sua representação na simbologia mercurina. Mercúrio rege o quarto plano da manifestação zoodiacal. Tem, portanto, três planos acima e três abaixo de si. Este plano é conhecido como o Plano da Harmonia e Beleza, pois corresponde à energia equilibradora do Universo. Todos os outros movimentos e forças manifestadas no zodíaco são, em maior ou menor grau, fugas do equilíbrio, extremos que só se tocam através de Mercúrio. Por esta razão Mercúrio tem o número espiritual 5. Na sequência dos dias da semana, Mercúrio rege o quarto dia – Wednesday (dia de Odin ou o Mercúrio dos Nórdicos), ou Miércoles no espanhol e Mercredi no francês. Na contagem das unidades, 5 é aquele que tem quatro unidades abaixo e quatro acima de si, funcionando como equilibrador. Daí surgir a segunda sequência da manifestação dos movimentos rumo à Unidade: o ciclo de 500 anos. Este ciclo corresponde aos chamados movimentos Mercurinos ou do Caminho do Meio rumo à Unidade.
       Do mesmo modo que o ciclo de 700 anos, os movimentos do ciclo de 500 anos compreendem manifestações espirituais e concretizações materiais, que impulsionam a humanidade para um novo degrau do desenvolvimento; a diferença reside no modo como se realiza o trabalho. No ciclo de 700 anos, a busca do Divino desconhece a idéia de hierarquia existente em toda a manifestação divina. Não respeita, assim, o escalonamento natural que existe na manifestação zoodiacal, o qual pressupõe uma Ordem Superior que tudo regula.
       Já o ciclo de 500 anos compreende o Equilíbrio das Coisas, o ponto de contato entre o Alto e o Baixo. Fica perfeitamente definida, aqui, a Hierarquia, em termos de graus de conhecimento e sabedoria dos indivíduos; ou em maior ou menor grau de luz que a substância psíquica hauriu no decorrer das vivências...
       Esta idéia da Hierarquia traz consigo a associação de uma ordem numérica que define estas grandezas. Com efeito, sabemos que as grandezas celestes são representadas por símbolos. Dos símbolos, os mais sintéticos são os números. Este é exatamente o ponto em que entra o Senhor de Mercúrio. Ocorre que o plano por ele regido – o quarto – é justamente aquele correspondente à ciência dos números, a Aritmética. Ele, portanto, é que dará a medida do Metro de Deus, o Arqueômetro, como quis revelar em sua obra Saint Yves d’Alveydre. Para medir Deus, devemos associar esta ciência com aquela correspondente ao Plano onde vive o Senhor de Todas as Coisas: O Plano Divino, regido por Netuno. Esta ciência do Plano Divino é a Astronômia, a ciência que mede as grandezas celestes.
       Eis-nos aqui, no ponto exato em que os movimentos do ciclo de 700 anos diferem frontalmente daqueles do ciclo de 500 anos. Enquanto aquele procura diretamente ao Divino, desconhecendo a Hierarquia das Grandezas, o segundo o faz respeitando e procurando contatar com os Maiores que estão imediatamente acima de si.
       Esta associação é feita quando unimos a ciência mercurina, a Aritmética, com a Ciência do Plano Divino, a Astronomia. Os antigos viam na Aritmética muito mais que uma simples técnica de fazer-se contas matemáticas. Para eles, a Aritmética englobava todo o Conhecimento trazido pelas Hierarquias que atuam no Cosmos. Sua associação com a Astronomia conduz o Iniciado à mais alta ciência que lhe é dada conhecer no Zoodíaco: a Astrologia, ou, a lógica dos Astros. É mais do que um simples estudo físico ou astronômico dos corpos celestes. Esta ciência nos conduz ao entendimento do grau de interrelação existente entre as diversas Grandezas que comandam os movimentos zoodicais e os desígnios do Absoluto. Isto nos leva ao entendimento das leis de causa e efeito que regem o Cosmos, bem como do modo como podemos nos conduzir para galgar degraus maios elevados de consciência e conhecimento, rumo à Sabedoria.
       Neste caminho, podemos melhor entender o porquê da Astrologia com único caminho seguro para chegarmos à Sabedoria, sem corrermos sérios riscos envolvidos nesta busca da Espiritualidade. Mesmo buscando o Alto, o Superior e o elevado, relativamente a todos os outros conceitos humanos, nosso caminho é facilmente desviado pelas astuciosas artimanhas das forças que desviam e desvirtuam o Sagrado, revestindo a treva com roupagem da fé, do amor e da devoção. Quando pensamos estar celeremente caminhando rumo à Unidade, podemos, facilmente, estar sendo impulsionados ao poço da ignorância, dos preconceitos e dos erros. Por isso nosso caminho deverá estar sempre iluminado pela luz do equilíbrio e pelo princípio do respeito à Hierarquia Divina. Como vimos, a associação destas duas ciências – a Aritmética e a Astronomia – nada mais é que a base da própria Astrologia.
       Esta é a razão pela qual denominamos a Astrologia como a Ciência das Grandezas. Sem estes dois parâmetros que ela traz em seu bojo - a Harmonia e a Hierarquia – a nos nortearem na busca do Superior e na nossa Superação de nós mesmos, estaremos sujeitos às armadilhas do vício e do fanatismo, da fuga de nosso interior e da luz que ele representa. De outra forma, nossa saída deste desterro poderá ser facilmente desviada pelas forças contrárias à nossa evolução. Foi o que ocorreu aos movimentos pertencentes ao ciclo de 700 anos. Estes movimentos geraram muita desarmonia no passado, com um consequente desvio de seu objetivo inicial de estabelecer um foco da Unidade na Terra.
       Isto ocorreu por que sua visão restringiu o caminho à Unidade a uma negação de toda e qualquer negatividade. Guiavam-se pelos aspectos da moralidade e da devoção. Tal fato gerou um distanciamento do chamado Equilíbrio do Caminho rumo à Unidade. Como sua bandeira é a Unidade, encontram-se aí todos os chamados grandes movimentos devocionais monoteístas da humanidade: o Judaísmo, o Islamismo e o Cristianismo. Sua crença num Deus Uno nada mais é que um reflexo de sua movimentação Netuniana, no ciclo de 700 anos. Afinal, se por um lado, o ritmo setenário dos 700 anos nos é dado pelo Número Espiritual de Netuno = 7, por outro lado o monoteísmo nada mais é que um reflexo do Número Material de Netuno = 1. Como não poderia deixar de ser, materialista como foi a implantação destes movimentos através do Poder (uma virtude material de Netuno), estes movimentos tinham de ter em sua bandeira o dístico da Unidade – 1 – material de Netuno.
       Além destes monoteísmos, outro movimento monoteísta trouxe grande desarmonia quando implantado fanaticamente no Antigo Egito: o monoteísmo de Aton, lá imposto como deus único através do faraó Akhenaton. Foi a única vez que se viu em cinco mil anos de história conhecida do Egito, a destruição de templos e cultos em nome de um deus...
       Estes quatro grandes movimentos teológicos tiveram o declarado desígnio de acabar como o paganismo existente na humanidade e trazer uma nova Lei que harmonizasse os gentios, dando a todos o conforto de uma Unidade superior a todos os conceitos humanos de então. Na verdade, seu alastramento não passou de uma luta pelo poder temporal em toda a humanidade, através do uso da devoção naquela que é sua mais terrível forma de manifestação: a ignorância e o fanatismo.
       De fato, o advento desses movimentos chamados “libertadores” trouxe ao conturbado palco mundial de conquistas e guerras, um novo e terrível ingrediente: a luta religiosa pelo poder. Nunca antes da história conhecida o homem tinha se empenhado na violência e na guerra de conquista com o intuito de impor sua crença religiosa e seu deus sob o jugo da força. Nunca se guerreou antes, nesta humanidade, sob a bandeira da fé. Nunca se usou o pretexto do sagrado nome de Deus para a imposição de uma crença a outros povos.
       Na realidade, mesmo internamente, os povos da mesma religião viram-se matando e praticando atrocidades em nome da fé inclusive contra irmãos seus. Foi o caso do cristianismo e suas lutas internas, com verdadeiros massacres perpetrados em nome da fé através da “Santa Inquisição”. Não nos é possível, hoje, estimar com precisão o número de mortes causado pelo massacre da Inquisição desde sua instituição pelo papa Gregório, e, 1231. Sabemos, todavia, que a “Santa” Inquisição teve uma grande parte de responsabilidade no despovoamento terrível da Europa. O Islamismo não ficou atrás em seu cego fanatismo de poder. (...)
       Procurando recuperar o Elo Perdido nesta corrente que percorre a noite dos tempos, tentaremos arrojar alguma luz neste longo histórico no qual estamos inexoravelmente inseridos e do qual somos células vivas. É preciso que coloquemos na justa dimensão e alcance a História que precedeu nosso momento atual, para que percebamos a importância de nosso correto posicionamento nos tempos que são chegados.
       Estamos em final de século, final de milênio, final de signo e final de ciclos sucessivos de 500 e 700 anos pelos quais passa nossa humanidade e o planeta Terra. Uma nova Era se avizinha. Os tempos são chegados e os justos terão de ser dados a todas as coisas...
                                   [Ciência das Grandezas – I / Al Ahmed / FEEU]
Rayom Ra

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