CAPÍTULO I DO LIVRO: "VOZES DE ARUANDA"
PERGUNTA:
- As iniciações na umbanda são as mesmas da Grande Fraternidade Branca
Universal?
BABAJIANANDA:
- Não, meu filho. As iniciações na umbanda relacionam-se com
o mediunismo entre o plano astral e o físico. As verdadeiras iniciações da
Grande Fraternidade Branca Universal objetivam mudanças de plano vibratório, e
o iniciando não pode ter rupturas na tela búdica(*) ou carmas a
"queimar" no ciclo carnal, causados por uso da magia negra, nesta ou
em existências passadas. Essas pequenas diferenças devem ser esclarecidas, pois
há muita confusão e erros de entendimento.
As
iniciações dependem da finalidade. Na umbanda, intentam ajustes vibratórios magnéticos
dos corpos sutis, ligados ao quaternário inferior (mental concreto, astral,
etérico e físico), e dos chacras. Visam à fixação fluídica (mental-astral-etérica)
do médium magista com as sete linhas ou orixás e com as respectivas entidades
que trabalharão com ele, enquanto lhes servirá como aparelho.
(*) A tela búdica, denominação esotérica do que
melhor seria chamar de tela etérica (já que nada tem a ver com o nível búdico)
é uma estrutura magnética situada entre os corpos astral e etérico, que serve
de proteção à consciência encarnada contra percepções imaturas do plano astral
e investidas indesejáveis de entidades daquela dimensão. Abusos de substâncias
de grande atuação etérica, como álcool e drogas, assim como de magia negra,
rompem essa tela, instaurando o desequilíbrio.
A busca dessa sintonia fina envolve rituais
no Astral, em espécie de lojas etéreas umbandistas, com manipulação de
elementos astrológico- planetário-magnéticos, onde somos um iniciador. Levamos
a efeito tarefas relacionadas com o agrupamento do Oriente(*), e nos apresentamos
em corpo de ilusão (**) de nossa encarnação inglesa, quando emigramos para a
Índia e nos tornamos um iogue, submetendo-nos ao método de iniciação aplicado
por nosso amado guru ancestral, reencontrado no Oriente naquela vida.
(*) Indevidamente chamado de "linha do
Oriente", na verdade é um agrupamento que atua sob a linha de Oxalá.
(**) - Veículo transitório de matéria astral criado
para uso momentâneo por guias, protetores e mestres que habitam planos
superiores de consciência. Boa parte das figuras de pretos velhos e caboclos da
umbanda é dessa natureza. São instrumentos de trabalho, nada mais, criados pelo
poder mental que aglutina as moléculas de matéria astral.
PERGUNTA:
- Quanto às iniciações na umbanda e seus graus hierárquicos, já temos
informações precisas suas. Pedimos que nos fale sobre as iniciações na Grande Fraternidade
Branca Universal, ainda desconhecida do grande público e comentada somente no
interior de lojas rosacrucianas, maçônicas e teosóficas, ignorada, portanto, pela
maioria da população espiritualista.
BABAJIANANDA:
- Um esgrimista que não tem precisão se ferirá. O fato de os homens terem uma
estrutura de corpos sutis equivalente aos planos vibratórios do Universo
setenário (átmico, búdico, causal, mental inferior, astral, etérico e físico)
não capacita a sua consciência para que se utilize deles como veículos de
expressão nesses planos.
Transportar-se
ou conduzir-se conscientemente nos planos correspondentes a todos os sete corpos
é o objetivo final das iniciações superiores, quando a individualidade estará
pronta para transitar desde as dimensões superiores até os subplanos astrais
inferiores.
Não
temos palavras capazes de fazer entender aos filhos como ocorrem as mudanças de
veículo da consciência nos planos superiores. Podemos afirmar que a maioria dos
filhos consegue entrar com o corpo astral no plano astral, mas poucos sabem
disso. Quando esse corpo estiver apto para ser utilizado com maior capacidade
de percepção, tornando-se um confiável veículo de expressão da consciência{*),
podemos proceder à primeira iniciação no plano astral, o que dará um adequado
controle da mente sobre sua atuação. Aos poucos, vão se ampliando a
desenvoltura e a sensibilidade do neófito, até que o poder de livre trânsito da
mente no corpo astral é adquirido de direito, o que caracteriza um candidato à
segunda iniciação, que se efetuará no plano mental inferior; ao contrário da
primeira, que se realizou no plano astral. É o que podemos compartilhar com os
filhos.
A
partir da terceira iniciação, que se efetiva no plano causal, ou mental
superior, onde só existe matéria mental sem imperfeições pertencente aos
subplanos superiores do plano mental, fica por demais abstrato, exigindo
esforço desnecessário ao instrumento com que estamos a transmitir nossos
pensamentos.
(*) Em outros termos, quando a criatura pode
atuar com plena desenvoltura naquele corpo, consciente do plano onde se
encontra, ou plenamente desperta. A maioria das pessoas, quando em corpo
astral, comporta-se como em sonho, que dirá nos planos superiores! Na verdade,
o sensitivo que ora nos recepciona as idéias não tem condição psíquica de
entendimento para maiores descrições do plano mental superior, que é todo
perfeição. Seu cérebro físico é como uma muralha de pedra que o impede de sobrepujar
a barreira vibratória para sua entrada consciente além do plano mental inferior.
No máximo, o instrumento que ora nos empresta o psiquismo percebe clarões
multicoloridos, translúcidos, rápidos e intensos vindos do seu corpo causal,
direto do plano mental superior.
É importante que fique claro que a
consciência gradativamente vai adquirindo condições de estagiar em cada um dos
sete grandes planos vibratórios do Universo, utilizando envoltório ou corpo
espiritual afim com o plano que está sendo explorado. Isso é o que qualifica um
corpo sutil que envolve a mônada espiritual como veículo da consciência. O fato
de os filhos terem uma estrutura de corpos setenária não os autoriza a usá-los
como veículos da consciência, o que requer graduação evolutiva.
Na umbanda, as iniciações não se referem à
mudança de plano vibratório enquanto campo de atuação dos veículos da
consciência. Simplesmente se alinham os corpos e se ajustam os chacras do
quaternário inferior, que se adaptam às freqüências vibratórias das entidades,
guias e protetores, que se comunicarão de outra dimensão nas sete linhas ou
orixás, por intermédio do instrumento mediúnico dócil e passivo na Terra. O
corpo astral fica levemente desprendido, mas de maneira alguma serve de veículo
da consciência encarnada no plano astral quando se dão as manifestações dos
caboclos, exus e pretos velhos na umbanda, nem se fazem iniciações com essa
intenção.
PERGUNTA:
- Entendemos que o mediunismo na umbanda, que está ligado com a magia e as
energias planetárias, sendo uma forma de resgate de médiuns altamente comprometidos
com a magia negra em vidas passadas, acaba sendo um impeditivo para asiniciações
que conduzem a consciência a se utilizar dos corpos sutis nos planos correspondentes
do Universo. É isso?
BABAJIANANDA:
- Perfeitamente, meu filho. Essa condição estabelece uma fixação nos planos
inferiores de manifestação do espírito (astral, etérico e físico), impedindo as
iniciações para a entrada nos planos mais elevados. Isso não quer dizer que a
consciência encarnada não possa ser conduzida por um outro ser espiritual em
incursões nas dimensões mais rarefeitas, obtendo rasgos momentâneos de
consciência, por influência externa desse espírito que já conquistou a condição
perene de domínio dos seus corpos superiores (átmico, búdico e causal).
Observações do médium:
A experiência que descreveremos ocorreu em
desdobramento astral na noite de 13 de abril de 2004. Fomos conduzidos por
Babajiananda a um templo do Astral que é a contraparte etérica de uma ordem
iniciática do movimento de umbanda existente na Terra, de que não estamos
autorizado a dizer o nome. Seu dirigente é um dos raros iniciados encarnados
que teve as sete iniciações na umbanda esotérica, e faz um articulado trabalho de
estudo e divulgação umbandista, pregando a unidade e a convergência entre todas
as doutrinas, abarcando as ciências, religiões e filosofias existentes.
Essa imensa loja etérea era similar às
construções egípcias, com muitos ornamentos dourados com símbolos solares. As
entidades trabalhadoras apresentavam-se em formas astrais de pretos velhos,
caboclos e orientais, vestindo uma indumentária de cor alaranjada.
Chamou-nos atenção a alegria e a
desconcentração desses espíritos, demonstrando-nos que a espiritualidade não é
circunspecta sem motivo, chorosa e compungida, como preconizam muitos irmãos
encarnados e desencarnados.
Foi-nos mostrada a Ala do Oriente desse
templo diáfano: vimos um salão de tarô e quiromancia que assiste a médiuns em
suas iniciações na umbanda; visualizamos muitos encarnados desdobrados,
sentados a pequenas mesas dispostas diante de ciganos e orientais de várias
etnias, que elaboravam complexos mapas sinópticos individualizados das
regências vibratórias e dos orixás, procedimento importante para que se
programe as corretas iniciações dos médiuns no plano astral.
Ao passarmos por uma dessas mesas, fomos
informados de que conheceríamos os entrecruzamentos vibratórios das sete linhas
da umbanda, com os seus respectivos agentes mágicos (os exus), e, em seguida,
eu e um irmão do grupo de apometria que me acompanhava estaríamos prontos para
incorporar nossos exus originais, o que se daria, a partir de então, por meio
dos verdadeiros exus da umbanda, chefes de legião. Então, eu estaria iniciado
para manifestar o exu Pinga Fogo, e o meu companheiro de grupo o exu Sete Chaves,
o que nos fortaleceria nos trabalhos de apometria que conduziríamos na
Sociedade Espírita de Umbanda Jandaia Mirim.
Enxergamos ainda o que se pode chamar de
sinalizadores (espécie de triângulos fluídicos violetas com uma pomba branca
dentro), num tipo de "vias" vibratórias, na região da subcrosta.
Babajiananda nos informou que esses símbolos indicam portais interdimensionais
para a movimentação dos agentes mágicos entre as sete linhas de umbanda no
Universo manifestado, onde atua a falange que nos dá cobertura espiritual, e que
tais "vias" eram as correntes dos átomos primordiais do plano astral
que propiciam a concretização, no mundo da forma, das energias cósmicas.
Trabalhos de alta magia são produzidos nesses sítios vibracionais pelos exus,
sempre que uma pessoa tem seu merecimento cármico distorcido (casos de magia
negra), devendo ser novamente equilibrado pela lei de justiça que rege as
atividades da umbanda.
Após as iniciações, que não conseguimos
descrever porque se deram sem forma manifestada no plano astral - nossa
limitada clarividência funciona bem nos subplanos inferiores do Astral, pois
ainda somos espírito imperfeito e sedento de ascese espiritual -, Babajiananda
e seus auxiliares nos conduziram para dentro de uma gigantesca abóbada de cor
cobre. Foi-nos dito que ali era como se fosse o compartimento holográfico da
loja etérea e que o pensamento concentrado de Babajiananda procederia à criação
de formas manifestadas e nos conduziria ao término das iniciações da noite.
Repentinamente começamos a escutar um
borbulhar de água de cachoeira, que gradativamente ocupou todo o espaço da
concha onde nos encontrávamos. Vimo-nos, então, em meio a uma correnteza de
água maravilhosa, sem nos afogar, respirando normalmente, envolto por sinais
gráficos que se formavam no éter aquático ao som de mantras e baladas musicais
desconhecidas, e imerso em cores faiscantes de indescritível beleza.
Sentimo-nos arrebatado por um amor e aconchego materno imensuráveis, como se um
raio nos atravessasse.
Por último, Babajiananda nos esclareceu que
a água, por ser um excelente condensador energético, mesmo no éter, é utilizada
como ponto de fixação e aglutinação das energias de que estávamos necessitando,
relacionadas, por sua vez, com os quatro elementos planetários e os orixás.
Em seguida, nos vimos à beira de uma praia
como não existe igual na Terra. Nesse local, fomos "entronizado" no
sítio vibratório do caboclo Ogum Iara, e orientado a invocá-lo sempre ao
término dos atendimentos apométricos no terreiro de umbanda. Dessa maneira, todas
as energias enfermiças dos trabalhos socorristas seriam descarregadas e
retomariam para o mar, integrando-se novamente à natureza.Depois dessa última
experiência, acordamos suavemente no corpo físico.
PERGUNTA:
- O que dizer dos trabalhos de apometria na umbanda, em que os médiuns se
desdobram ativamente e procedem a incursões no plano astral?
BABAJIANANDA:
- São exploradas as potencialidades anímicas dos sensitivos. Não se fazem
iniciações no mediunismo para conduzir o corpo astral a ser um veículo de
consciência plena. Isso não quer dizer que essas iniciações não possam ter ocorrido
em vidas passadas, sem relação com a mediunidade. Muitos dos médiuns que têm essa
facilidade foram iniciados e descambaram para a "mão esquerda", para
a magia negra, e hoje estão se reajustando com as leis cósmicas. O trabalho de
apometria é mais mentalista nas percepções do plano astral, assim como toda
magia é mental.
PERGUNTA:
- Pedimos que nos fale algo mais sobre sua assertiva de que "toda magia é
mental".
BABAJIANANDA:
- Toda magia passa pela mente. Mente capaz significa pensamento concentrado e
firme. Antes de qualquer técnica ou ritual, é importante o candidato a mago
avaliar se o que deseja realizar trará benefícios para os que estão a sua
volta. Deve haver harmonia com as leis cósmicas, de justiça e equilíbrio
universal. Que fique claro: na magia, todo ato de vontade para prejudicar
alguém estará precipitando um retorno na mesma escala, em maior ou menor tempo.
Como as folhas de uma árvore que se alimentam do mesmo tronco, o que se faz de mal
ao irmão ao lado contraria a unidade cósmica e resulta num justo e necessário
ajuste.
Com
essa consciência, os magos brancos sempre afirmam mentalmente antes dos
trabalhos magísticos: "Para os outros e para mim". Então, as leis do
Universo se colocam a seu favor e ele se torna um verdadeiro agente de
transformação para o bem.
O
praticante de magia deve ser possuidor de uma vontade férrea, indomável quanto
ao ideal que abraçou. A firmeza de propósito pede flexibilidade e constantes
adaptações, sem perda da meta traçada. Essa é a essência da magia mental.
Os que
têm o conhecimento de que a magia é mental, devem se resguardar de palavras chulas
e da maledicência. É pelo som que se invocam as forças da natureza; pelo seu
poder há uma alteração de freqüência dos pensamentos, que penetram agudamente
nas dimensões espirituais, atraindo os que vêm em auxílio. Não se deve conspurcar
o templo mental com palavras de baixas vibrações.
PERGUNTA:
- Pedimos que nos fale um pouco do seu guru amado. Quem foi ele? Por que esse
reencontro com ele se deu na Índia?
BABAJIANANDA:
- Esse reencontro foi-nos muito marcante. Como estávamos desde nossa
reencarnação do primeiro século da Era de Cristo sem nos encontrar na carne, já
fazia mais de nove séculos que esperávamos a oportunidade redentora para ter as
iniciações libertadoras do ciclo carnal conduzidas pelas mãos de nosso guru
amado.
Registramos
que nos planos rarefeitos nunca deixamos de nos encontrar, sempre que se fez oportuno.
Mesmo agora, nosso guru está conosco pela sua abrangente capacidade mental, que
lhe dá uma onisciência incomum à maioria dos espíritos que estão auxiliando a
comunidade da Terra. O sensitivo que nos recebe os pensamentos tem vaga noção
desse estimado iniciador da Grande Fraternidade Universal, como o canto do
pássaro no sopé da montanha em meio ao taquaral, que se ouve ao longe mas não
consegue ser identificado em sua espécie.
Quem
foi ele? Em que data foi mais expressiva sua existência? Isso nada significa.
Se destacarmos uma encarnação das demais, estaremos nos prendendo à ilusão da
forma, o que não representa a realidade da individualidade imortal. O vaso ornado
pela tulipa admirada em sua beleza exótica é o mesmo que irá sustentar a erva
que mata ao toque do curioso. As diferenças na Terra são igualdades no
Universo. Importa reconhecer que, quebrando-se o vaso, a vida que o animava
será plantada em outro.
As
ações educativas da alma, conduzidas por esse espírito, de muito tempo vêm orientando
os homens nos verdadeiros ensinamentos cósmicos, levando a todos os buscadores espirituais
que cruzaram o seu caminho a refletir que a tradição e religiosidade estão
dentro
de cada
um, independente de rituais e cerimônias externas que, ao invés de unir,
separam os homens até os dias atuais.
Por
largos compromissos cármicos, nessa ocasião se impunha que passássemos por certas
iniciações iogues conduzidas pelo nosso guru ancestral. Só assim, movidos pelo
amor e confiança mútuos, existe a entrega recíproca para as iniciações
superiores que desvendam as verdades espirituais. São elas que sepultam
definitivamente os apelos inferiores dos veículos densos de que o espírito se
utiliza ao estagiar no Cosmo manifestado, astral, etérico e físico.
Seguimos
nosso iniciador por longos anos, em que nos vimos despertados por um enorme manancial
de conhecimentos de vidas passadas, até então esquecidos.
Nosso
reencontro se deu na Índia, em razão da universalidade cósmica de sua filosofia
e da religiosidade milenar inserida em nosso ser por fortes laços do passado.
PERGUNTA:
- A afirmação: "O sensitivo que nos recebe os pensamentos tem vaga noção
desse amado iniciador... " se dá por que motivo? É possível fornecer-nos
mais informações sobre o assunto
BABAJIANANDA:
- Nosso amado guru tem desenvoltura em planos vibratórios destituídos da forma,
que os irmãos ainda não podem entender. Como nos utilizamos de instrumentos
conscientes, é um tanto complexa a sintonia vibratória, já que a recepção se dá
em planos tão densos como o do encarnado. Um mesmo pensamento transmitido a
dois sensitivos diferentes, em mesmas condições de preparo mediúnico, corresponderá
a duas frases distintas, embora semelhantes.
Este
médium de que estamos nos servindo agora, o acompanhávamos fazia cinco anos, a
fim de que conseguisse dar o primeiro passo para nos recepcionar os pensamentos
mais simples. Durante esse período, ele estava em aprendizado na umbanda, como
que ajustando os chacras e os corpos etérico e astral para nos sentir, quando
levemente desdobrado, sem perder a consciência, tal como uma fresta aberta por
onde entra tênue claridade.
Além da
dificuldade que encontramos, pelo seu agitado psiquismo e pouca concentração,
foi-nos extremamente difícil conviver com suas emanações etéricas, oriundas da
alimentação carnívora, que acabavam funcionando como uma espécie de barreira vibratória
intransponível. Por isso, tivemos de permanecer a distância no terreiro, e
solicitar aos prestimosos auxiliares dos exus que o envolvessem em agudas
catarses (limpeza comparável à de um carburador entupido onde se injeta forte
jato de água e querosene). Então, gradativamente foram se sutilizando suas
emanações ectoplásmicas. Ao conseguir manter-se firme nas consultas no dia da
sessão de caridade pública, aos poucos, com constante irradiação intuitiva, sem
influenciá-lo diretamente e respeitando o seu livre-arbítrio, este instrumento
resolveu abandonar as carnes vermelhas, o que foi motivo de júbilo para nós.
Esse
foi o passo primordial para que conseguíssemos nos aproximar vibratoriamente e trabalhar
com ele.
Quanto
ao nosso guru, sua dificuldade de sintonia com o médium é acentuada no momento.
Para sintonizá-lo com mais clareza, teríamos de levar a efeito algumas
"iniciações" do sensitivo no plano astral durante o sono físico, o
que poderia levar alguns anos para surtir efeito. Neste momento, não há
programação para que ele seja canal de recepção do espírito que é o nosso
iniciador.
PERGUNTA:
- Mas a sintonia mediúnica não se dá pela mente, como uma telepatia? Que
diferença faz a alimentação?
BABAJIANANDA:
- Meu filho, a sintonia mentalista é comum na mesa mediúnica. Os trabalhos na
umbanda têm algumas peculiaridades que exigem "iniciações", tanto no
plano dos encarnados, como no plano astral, e manipulação de algumas energias
dos quatro elementos planetários, baseados na regência astrológica dos orixás
que influenciam os médiuns e nós, espíritos que os assistimos. As emanações
energéticas da digestão carnívora e o seu impacto no metabolismo corpóreo impedem
os ajustes dos chacras, por incompatibilidade vibratória do duplo etérico,
encharcado desses fluidos densos e pestilentos. É uma barreira vibratória densa
e pegajosa de resíduos pútridos, emanados do metabolismo do corpo físico.
É
oportuno esclarecer que os pretos velhos, a partir do nível de guia, quando
precisam de maiores impressões nos canais mediúnicos, como, por exemplo, a
vidência, atuam utilizando-se de corpos de ilusão, que são verdadeiros condensadores
energéticos para o rebaixamento de vibrações dos planos atemporais até a crosta
planetária. Muitos dos espíritos da Grande Fraternidade Branca Universal que
labutam na umbanda assim procedem.
Informa-nos
Babajiananda:
"Viemos
em auxílio, impondo-nos um rebaixamento vibratório desde os planos sem forma,
chamados pela teosofia de mundo devachânico, que é habitado por consciências libertas
do ciclo reencarnatório e de qualquer carma que nos imante ao plano astral.
Impõe-se que criemos "novos" corpos astrais, temporários, que são na
verdade corpos de ilusão, necessários para chegar mais perto dos filhos da
Terra. Por meio de nossa volição, emanada do corpo mental superior, aglutinamos
átomos e moléculas astralinas, criando uma nova morfologia para nos apoiar nas
manifestações com médiuns encarnados. Após os trabalhos, essas formas astrais
ilusórias são desintegradas e retomam à natureza." Esclarece-nos um pouco
mais Babajiananda sobre o assunto: "Os habitantes dessas paragens cósmicas
não têm mais o corpo mental inferior, pois se livraram de quaisquer defeitos e
registros negativos, atuando com desenvoltura nos corpos perenes da tríade
divina (átmico, búdico e mental superior), o que não é novidade para os
umbandistas, rosacrucianos, maçons, ocultistas, esotéricos e teosofistas
esclarecidos."
Temos esporádicos contatos com a vibração
de Babajiananda na sua forma astral de apresentação, como preto velho, ocasiões
em que ele adota o nome de Pai Tomé, espírito amoroso e extremamente humilde.
Certa vez, quando estávamos trabalhando num
dia de caridade pública no terreiro de umbanda, com o intuito de abrandar nossa
vaidade crescente, pois começávamos a nos considerar intelectualmente melhor
que os irmãos de corrente mediúnica, esse espírito resolveu lavar os pés de uma
senhora que apresentava erisipela crônica, e depois beijá-los.
Mas, no momento em que tínhamos de nos
abaixar para tocar os lábios nos pés descamados da consulente, houve um levante
de nossa consciência e nos recusamos a dar passividade a tal ato.
Imediatamente, o envolvimento fluídico vibracional dessa entidade cessou, e,
depois de uma leve pressão no chacra frontal, enxergamos Pai Tomé no Astral,
abaixado, com uma tina de água, cheia de folhas, ao lado e uma toalha branca
nas mãos, enxugando os pés da consulente.
Finalmente, a entidade abaixou-se e
beijou-lhe as pontas dos dedos, de unhas grossas e fétidas. Ato contínuo, de
seu chacra cardíaco saltou-nos aos olhos um facho de luz amarelo violeta. Nesse
momento, Pai Tomé fixou-nos os olhos cheios de lágrimas e, humilde e calmo, nos
disse: "Veja, meu filho, que todo o conhecimento do mundo e o largo
intelecto não garantem um simples ato de amor, de verdadeiro sentimento. Pense
a respeito, e não critique os seus irmãos pelo pouco entendimento das coisas
ocultas. Observe como eles se entregam ardorosamente, para atender aos que
chegam. Antes de julgar as manifestações e a falta de estudo dos outros,
compreenda que a grande iniciação se dá no templo interno de cada criatura.
Aquele que almeja ser um iniciado na umbanda ou em qualquer outra forma de caridade
na Terra, para ser um verdadeiro terapeuta das almas e instrumento dos
benfeitores dos planos rarefeitos, deve aprender a se rebaixar, enxergando os
seus defeitos e, ao mesmo tempo, realçando as qualidades alheias. Acima de
tudo, deve servir com sinceridade de propósito e total desinteresse
pessoal." A lição clarividente de Babajiananda apresentando-se num corpo
de ilusão de preto velho, como Pai Tomé, foi de grande. importância. Nem tanto pelo
que visualizamos e ouvimos, mas pelo que sentimos, indescritível por meio dos
sentidos ordinários de um médium.
Aos poucos, passamos a sentir com
regularidade as vibrações de Pai Tomé como Babajiananda, o que intensificou-se
sobremaneira depois que abandonamos as carnes vermelhas da alimentação. Nas
ocasiões em que ele se apresenta, está todo de branco, com um turbante ao
estilo dos iogues: pele clara, tipo anglo-saxão, nariz aquilino, alto, barba comprida
e espessa no queixo e rala nos lados do rosto.
Nossa ligação com esse espírito nos remete
ao antigo Egito, época em que ele foi um alto sacerdote, tendo nos iniciado
desde jovem nos segredos dos rituais e sessões ocultas dos templos.
Infelizmente, acabamos usando mais tarde os ensinamentos recebidos para o bem, com
todo o amor, no "lado esquerdo" e em proveito próprio, insanidade que
estamos até hoje a resgatar.
Toda a humildade, amor, mansuetude e calma
de Babajiananda nos deixam melancólico, a ponto de sentir muita vontade de
chorar, pois não conseguimos exteriorizar a magnitude de seus sentimentos e
vibrações, em razão das percepções limitadas de encarnado.
Espírito muito simples e direto, orientou-nos
que, ao passar seus pensamentos para a escrita, os vestisse em nosso idioma de
maneira clara e fácil, a fim de que sejam entendidos pelo maior número de
pessoas que desconhecem a umbanda. Ainda nos pediu que ficássemos bem a vontade
e não nos preocupássemos com nossa interferência, pois isso seria inevitável, porque
somos médium consciente. Deu-nos muita segurança, alertando que à noite,
durante o sono físico, nos reforçaria as impressões, desdobrando-nos em corpo
mental. Dessa maneira, se "soltariam" arquivos do inconsciente, que
nos trariam muitas informações ao escrever no teclado do computador, o que
realmente acontece. Essa atividade é acompanhada pelos seus jatos fluídicos na
nuca, o que nos deixa com uma espécie de estática em toda a cabeça, e uma friagem
agradável no pescoço e nos ombros.
PERGUNTA:
- Quanto à citada reencarnação do primeiro século da Era cristã, ao que parece
muito marcante pelos fortes laços do passado que o unem ao seu guru,
solicitamos maiores pormenores.
BABAJIANANDA:
- Fomos filho de família grega muito pobre. Não conhecemos nosso pai. Crescemos
em uma vila de camponeses situada numa região montanhosa. Desde pequeno nos
mostramos melancólicos, a ponto de seguidamente chorar diante da rispidez dos
habitantes de nossa pequena comunidade agrícola. O amor que nos arrebatava o
coração era incompreendido por aqueles homens rudes, acostumados à vida simples
do campo, em que uma mudança meteorológica podia refletir-se na falta, à mesa,
do alimento duramente conseguido. Sentíamos muita saudade de um local e de uma
família que não sabíamos onde se encontrava. Latejavam em nosso inconsciente as
muitas encarnações passadas no interior dos templos de outrora, onde muito
ensinamos, praticando o amor.
Inevitável,
com a modorra do tempo e os altos cargos sacerdotais, esquecer a simplicidade
de servir, verdadeiro alicerce de todo o iniciado que passa a ser um iniciador.
Nossa
melancolia e tristeza devia-se à falta da vida metódica, quase monástica, que levávamos
nas fraternidades que nos acolheram. A disciplinada rotina com os neófitos, as meditações,
as aulas, as iniciações seguidas, tudo isso nos fez esquecer a vida comezinha
dos profanos. Não perdemos o amor, mas, em certo aspecto, "embotamos"
o nosso espírito, que se acostumou a ser servido em vez de servir. Dito isso,
os filhos compreenderão o impacto que sofremos quando escutamos as primeiras
instruções de nosso amado guru.
Próximo
à nossa vila existia um pequeno templo. Tendo sido recusada a nossa aceitação
naquele local iniciático, já que não vínhamos de casta abastada e influente, aceitamos
ser fornecedor de hortaliças, ao mesmo tempo que nos deixavam fazer pequenos serviços
de manutenção.
Certa
vez, deparamo-nos com um visitante todo de branco, muito vistoso, cabelos compridos
que lhe caíam nos ombros e barba levemente ondulada nas extremidades. Austero e
manso, chegou-nos perto, à saída do templo, e, sem titubeios, olhou-nos
profundamente, confiante e humilde, e falou:
“Queres
te libertar da imensa tristeza interna que te arrebata o coração, sem motivo
que possas entender? Aprende novamente a servir nesta vida, o que será a tua
grande e maior iniciação. Sabes que ninguém morre, como ninguém nasce. És simplesmente
um ser visível e invisível, material e imaterial, denso e fluídico. Assim é a natureza
dos corpos nos mundos inferiores: quando está preenchido por matéria, o espírito
torna-se visível na Terra. Não te iludas pelo espaço que o encerra. Na verdade,
isso é uma falsa noção. Teus pais e teus familiares atuais são o meio e não a
causa real de tuas aflições.
A
orquídea germina associando-se aos fungos, mas não é formada deles. O teu corpo
visível é transitório, e as mudanças perenes acontecerão no princípio que não
consegues ver, mas que o anima, que é preexistente e tem uma vida infinita pela
frente.”
“Finalmente
te reencontrei mais uma vez. Lembra sempre de que um discípulo meu não vai às
termas, não sacrifica animais, não come carne de nenhuma espécie, e, para alcançar
liberdade, deve combater sempre a intolerância, a inveja, o egoísmo, a vaidade
e tudo que é hostil, preparando o campo interno para o verdadeiro Deus, que não
se encontra exclusivamente em nenhuma religião, ritual ou culto, mas em todos
ao mesmo tempo.”
“Dá-me
um forte abraço e vamos de partida. Não temos tempo a perder. Segue-me!”
Dessa
forma, tivemos o primeiro contato com nosso guru amado. Sem pensar, o seguimos.
Envolto em todo o seu magnetismo, por um momento nos sentíamos como uma unidade
que retoma ao Todo cósmico, tal o profundo eco que suas palavras tiveram em
nossa alma.
PERGUNTA:
- Pela sua resposta, supomos que esse guru era um filósofo
andarilho,
sem um templo fixo. O senhor seguiu um andarilho?
BABAJIANANDA:
- Sim, com toda a convicção de nosso pobre coração sedento de amor e de nova
compreensão das coisas ocultas. Aqueles que nada têm, pouco necessitam. Não
tendo bens, são livres para ir aonde bem entenderem. Dizia-nos nosso guru:
"Nada possuindo, toda a Terra será nossa. Caminhemos rumo às estradas
longínquas.
Se
nossa parada em locais desconhecidos nos tornar mais sábios, quando retomarmos
de onde viemos seremos melhores do que quando partimos. No início, em cada
local onde passarmos, aprenderemos mais do que ensinaremos. Com o tempo, mais
ensinaremos do que aprenderemos. Os homens, presos às suas seitas e rituais,
enxergam somente um aspecto da Divindade, que não demonstra toda a unidade que
permeia o Universo a nossa volta, desde o menor ser deste planeta até as
maiores estrelas invisíveis aos nossos olhos no Infinito cósmico."
PERGUNTA:
- A intolerância religiosa nessa época deveria ser maior que nos dias atuais.
Havendo muitos cultos e preconceitos, como servir a um sábio errante sem sofrer
as violências comuns aos sectarismos, preconceitos e vaidades humanas?
BABAJIANANDA:
- Nosso guru, sendo um sacerdote da religião universal, facilmente poderia ter
indicado o lado ruim desse ou daquele culto em particular. Em nossas andanças
por centenas de templos diferentes, nunca o vimos apontar aspectos negativos de
rituais, liturgias ou cerimoniais. Afirmava apenas que eram formas que não
deveriam nos escravizar; dizia que a essência divina era uma só, seja na arte
religiosa grega ou egípcia da época; ensinava a forma mais exaltada de
simbolismo espiritual que não se prendia aos usos e costumes das religiões
instituídas. Por isso, não exaltava um culto em detrimento de outro.
Sempre
lembrava que o sábio, seja qual for, é um livre-pensador cósmico que deverá
morrer por seus princípios, se necessário for. A natureza interna do místico é
a sua força e coragem, e não haverá espada ou fogo que o forçarão a dizer uma
inverdade diante das verdades universais que ele vivencia em sua alma.
PERGUNTA:
- Pedimos um exemplo de pregação desse guru quando chegava a um templo pela
primeira vez. É possível?
BABAJIANANDA:
- Sim, meu filho, é possível. Por que não o daríamos? Certa vez, quando
chegamos a um templo egípcio, nosso guru foi admoestado pelo grão-sacerdote,
que ironizou os templos gregos, muito ornados de belas estátuas, de corpos perfeitos
e exuberantes, dizendo que aquele amontoado escultural de músculos era nada
mais que uma exagerada adoração da beleza física, que nada tinha a ver com as
glórias espirituais.
Nosso
guru, calmamente, após os cumprimentos ritualísticos, usou da palavra: "Os
homens, sendo imperfeitos na Terra, perseguem o modelo divino de todas as
coisas. Seguidamente se esquecem que existem graus ascensionais para o
perfeito. Mesmo assim, existem traços de perfeição nos humanos, de uma beleza
quase divina. As feições angelicais, os corpos perfeitos das esculturas gregas
pertencem não aos da Terra, mas sim aos corpos espirituais dos ocupantes do
'mundo céu'. Os escultores gregos, tendo contatos místicos com os seres angélicos,
conseguem registrá-los na forma, para a contemplação de todos. Em, vez de se exaltarem
os músculos e nervos que estão nos corpos da Terra, diminuindo-os, devem ser apreciados
em suas belezas angelicais, modelo de perfeição futura, exuberante, pura demonstração
da arte divina nos planos mais elevados, inconcebível para a maioria da Terra.
Por
benevolência, é possível serem visualizados nessas estátuas majestosas,
alegrando a existência dos que conseguem perceber a profundidade do que
transmitem."
PERGUNTA:
- Existe algo que era pregado naquela época que ainda seja válido nos dias
atuais?
BABAJIANANDA:
- Meu filho, se tudo que Jesus pregou é muito válido na Terra hoje, o que sobra
para nós, humildes aprendizes do Mestre dos mestres? A conduta interna nos
templos, defendida por nosso guru, confrontava diretamente os costumes ritualísticos
da época. Por ser um ardoroso divulgador da disciplina pitagórica, isso exigiu dele
um esforço monumental de esclarecimento em favor da vida e dos animais menores
do orbe. Lamentavelmente, tudo que ensinou ainda não foi interiorizado em
muitos terreiros da umbanda.
Ele
recomendava que não deviam vestir-se com paramentos ritualísticos feitos de animais
mortos, e se abster de alimentos carnívoros. Não admitia, sob nenhuma
possibilidade, o sacrifício animal e o derramamento de sangue, pois o verdadeiro
Deus não aceita oferendas de aves ou bois mortos. A Divindade não precisa de
ritos absurdos para auxiliar os da Terra.
As
distorções nos ritos cerimoniais são desmandos dos homens doentios. Nesse
aspecto, os absurdos que se praticam em nome da sagrada umbanda estão a
registrar simbolicamente no Livro da Lei o vintém que cada consciência terá de reembolsar
aos cofres divinos, devidamente atualizado no instante da prestação de contas
definitiva.
Observações do médium:
Embora Babajiananda nos diga que as
personalidades ocupadas nas encarnações servem para nos fixar na ilusão
transitória da forma, esquecendo a essência duradoura e imortal, e que,
portanto, não tem a menor importância quem foi o seu amado guru, autorizou-nos
a dar maiores detalhes aos leitores nestas observações.
Em seu indescritível amor, Babajiananda
entende que nós, estando presos ainda ao ciclo carnal, precisamos muito dessas
referências que estabelecem a relação de causalidade entre as encarnações
sucessivas. Isso nos auxilia na expansão da consciência e do discernimento
quanto às verdades espirituais.
O seu guru amado foi Apolônio de Tiana. Naquela
existência, Babajiananda encarnou a personalidade de Dâmis, seu fiel discípulo.
Sua grande iniciação foi servir a todos que beberam da sabedoria de Apolônio no
interior dos diversos templos de outrora, sem poder participar dos cerimoniais
internos. Esse foi um pedido de Apolônio, dizendo que a maior iniciação no seu
discipulado seria servir incondicionalmente. Outra faceta dessa experiência foi
o fato de Babajiananda ter convivido humildemente com o escárnio de muitos grão-sacerdotes,
que mal olhavam o semblante do simples serviçal com a cruel indiferença de
muitos iniciados para com as castas subalternas.
A verdade que tem de ser dita é que
Apolônio de Tiana tratou Babajiananda, no caso Dâmis, com muito amor, tendo
dado oportunidade a enormes aprendizados das coisas ocultas em suas andanças,
numa convivência intensa e fraterna, quando estavam sós.
Chegando aos vilarejos e cidadelas, em
visitas aos templos, mostravam-se bastante circunspectos. Babajiananda-Dâmis se
comportava como um singelo serviçal. Dessa maneira, resgatou um carma do
passado, em que muito foi servido nas fraternidades iniciáticas. Essa resignação
e humildade o credenciaram para que ficasse mais de novecentos anos no Espaço
sem reencarnar, estudando e trabalhando junto com um grupo de espíritos
orientais fortemente ligados a Apolônio e a Ramatís. Estiveram juntos na época
de Pitágoras (século V a.C.), numa encarnação do primeiro século depois de
Cristo, e se encontraram novamente no templo da Indochina do século X, fundado
por Ramatís, existência em que anos antes Babajiananda tinha reencontrado
Apolônio como seu amado guru ancestral, agora um mestre iogue.
Na encarnação em que foi Babajiananda,
decisiva por ser sua última estada terrena, seu mestre, Apolônio de Tiana,
reencarnou na Índia, animando a personalidade de um mestre iogue, por amor a um
grupo de discípulos. Fez questão de, pessoalmente, conduzir algumas iniciações
superiores, que só podem ser realizadas no derradeiro momento de libertação
total de carmas que ainda requeiram encarnações futuras. Ou seja, somente uns poucos,
totalmente livres do ciclo carnal, contudo ainda encarnados (os chamados sábios
e profetas da História), se credenciam a usar com total desenvoltura os sete
corpos como veículos da consciência nos sete planos do Universo, principalmente
os corpos perfeitos da tríade divina.
Esse procedimento exigiu de Babajiananda um
profundo preparo no Espaço, com árduo estudo e trabalho. Daí o longo período,
ao menos para a nossa temporalidade material, sem reencarnar. No plano físico,
houve então um ensaio crucial, em razão das dificuldades inerentes a todo
encarnado, para, num futuro próximo, já de volta ao plano astral, vivenciar a
segunda e definitiva "morte" (o que na verdade já ocorreu), ocasião
em que ele abandonou o corpo astral em troca da vida nos planos mental superior
e búdico.
Isso não quer dizer que entidades nesse
estágio, ou melhor, após a "segunda morte", não atuem mais no plano
astral, o que se dá por meio da utilização de corpos de ilusão, como é o caso,
por exemplo, de Pai Tomé (ou Babajiananda) e Ramatís (Pai Benedito ou caboclo
Atlante), sempre que se fizer necessário impressionar os médiuns de que estão
se servindo na umbanda. Diz-nos Babajiananda: ''A ocasião faz a
vestimenta."
Leia "Vozes de Aruanda"completa em:
https://grupodeestudospaibeneditodearuanda.wordpress.com/2013/06/04/novos-livros-para-download-2/
Rayom
Ra
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EM, 10-10-2015. Boa tarde!!! É com grata satisfação que releio alguns trechos do livro " VOZES DE ARUANDA". Perdi esse livro, há mais ou menos, 3 anos em um coletivo e nunca mais o encontrei. Obrigado, por postar alguns trechos. É muito esclarecedor.
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