VOVÓ
MARIA CONGA: - É magia branca nas suas mais variadas aplicações cósmicas com a
finalidade de cura. É conhecimento milenar dos velhos magos de outrora,
iniciados e sacerdotes das coisas místicas e ocultas de todos os tempos, que
aplicam a alquimia astral para mudança dos estados de energia nos mais diversos
planos, dimensões e densidades de manifestação da vida e do espírito imortal,
com a finalidade única de caridade socorrista, trazendo alento e conforto aos
sofredores de todas as espécies. A mironga é feita sem alarde, com humildade e
serventia ao próximo, pelo amor aos filhos da Terra e do Além que perambulam
inconscientes.
Tornou-se
de senso comum entre os filhos, que aquilo que cura e não se sabe o que ou quem
fez, se alardeia como sendo mironga de preto(a) velho(a), mas é só uma maneira
De denominar-se a nossa característica de trabalho, que é de anonimato. Só se
"fala" e se transmiteo que foi feito quando o ser precisa refletir no
mal que o aflige e mudar a sua postura mental.
Para
fazermos mironga, utilizamos as energias elementais dos quatro elementos:
terra, ar, fogo e água e dos espíritos da natureza: duendes, silfos,
salamandras e ondinas, ligados a esses sítios vibracionais, e que lhes são
afins, e os mais variados catalisadores, junto com aparelhos encarnados para
agirmos no plano Terra, material.
PERGUNTA:
- O que são energias elementais, formas-pensamentos elementares e espíritos da
natureza?
VOVÓ
MARIA CONGA: -Energias elementais são as ligadas aos sítios vibracionais
relacionados aos quatro elementos: ar, terra, fogo e água. Nessas energias,
numa mesma faixa de frequência, estagiam os espíritos da natureza: silfos,
duendes, salamandras e ondinas, erroneamente confundidos com as próprias
energias elementais. As formas pensamentos elementares estão à volta dos
homens, densas e pegajosas, enfermiças, em decorrência dos pensamentos
continuamente emitidos e da baixa condição moral. Essas concentrações fluídicas
que vagueiam, pesadas, em volta dos filhos, são transmutadas pelos espíritos da
natureza sob o nosso comando mental, retomando aos recantos da natureza que lhes
são próprios por intermédio do aparelho mediúnico, que, com seus fluidos
animalizados, funcionam como eficaz exaustor.
PERGUNTA:
- Solicitamos à veneranda irmã que nos fale um pouco de si, no intuito de
situar melhor o leitor espiritualista, menos afeito à Umbanda, egrégora em que sois
mais conhecida.
VOVÓ
MARIA CONGA: - Saudamos os filhos de todas as crenças terrenas nas suas mais
variadas manifestações. Seremos concisa, pois não gostamos de falar de nós.
Somos
discreta servidora da caridade anônima, e se há um nome e uma forma astral de apresentação
aos homens, nesse caso uma combalida vovó, preta velha septuagenária, curvada no
débil corpo de ossos carcomidos, é exatamente pela necessidade de
exemplificação de humildade aos homens, nada mais. O corpo físico que foi
vestimenta fugaz, e lentamente foi-se finando diante dos anos, serviu de meio
imprescindível ao fortalecimento do ser imortal para o festim de libertação do
presídio das posses ilusórias na matéria, da prepotência e do egoísmo humano.
Somos
espírito comprometido com o amparo das criaturas sofredoras e doentes que procuram
o alívio e a cura dos males que os afligem. Ligamo-nos a Ramatís desde eras em
que quase a nossa memória espiritual falha, tal a antiguidade desse encontro,
que se deu em outro planeta do Universo. Viemos com esse irmão para a Terra dos
homens, onde estamos há algumas dezenas de milhares de anos, desde os Templos
da Luz da velha Atlântida, já tendo reencarnado várias vezes, compromisso de
mergulho na carne de que estamos dispensada nesse orbe, o que não nos isenta de
continuarmos evoluindo junto aos homens.
O fato
de um espírito não precisar mais reencarnar não significa que seja perfeito, ou
um facho de luz proveniente de locais elevados que ofusca os olhos dos
encarnados. Ao contrário, pelo pouco alcançado, de amor ao próximo, aumentam em
muito as obrigações de auxílio para com aqueles retidos na carne e, no nosso
caso, também aos afligidos que transitam pelos vários recantos, do que vocês
chamam de Umbral Inferior.
Para
nós, são buracos largos, áridos, escuros e profundos, com vastos habitantes: vermes,
répteis, animais putrefatos, seres que já foram homens na crosta se
apresentando com sérias deformações em seus corpos astrais, em formatos de
animais, lobos andrajosos, ursos com garras, macacos peludos, ou ainda como
seres patibulares de faces cadavéricas, de olhos injetados, com patas em lugar
de pés e mãos, e estiletes pontiagudos em vez de unhas; todos "homens"
desencarnados a perambular em bandos rastejantes, fétidos e deformados, que emitem
incessantes uivos animalescos de rancores e lamentos dolorosos. As
desfigurações, as loucuras dessas mentes desencarnadas é que sustentam o
império dos "lucíferes", entidades poderosas que realmente acreditam
ser o próprio diabo a comandar em perpétuas torturas as suas legiões infernais,
a servirem no mal e na magia negra os homens encarnados da crosta do planeta. É
um escambo fluídico de larga disseminação nessas regiões, onde os pensamentos dos
dois planos da vida jungem-se irremediavelmente pela semelhança de interesses desditosos.
Nascemos
em encarnação passada no Brasil como simples filha de escravos vindos da região
do Congo, situada na África, e fomos alfabetizada e catequizada na religião
católica.
Íamos à
missa todos os domingos, mas, desde menina, quase que diariamente, na penumbra
da senzala, como curiosa aprendiz, relembrávamos, por meio da prática com velho
feiticeiro da nossa tribo, os rituais de magia do antigo Congo do Oriente, que
jaziam em nosso inconsciente de longa data, encontros em que esses
conhecimentos nos foram repassados oralmente e renasceram por anos a fio.
Tínhamos
livre trânsito, mas éramos escrava igual a todos. Não chegamos a sentir no dorso
as chicotadas dos capatazes da fazenda, pois éramos muito querida da sinhá e do
sinhô, a ponto de termos sido mãe de leite dos seus filhos. Nosso sofrimento
foi no âmago da alma, causado pelas muitas mortes ocorridas em nosso colo dos
irmãos de cor, vários nascidos em nossos braços de parteira; todos negros,
surrados diariamente em nome do feitor abaixo de cortante chibata. Muito
curamos as feridas dos irmãos torturados aos pés dos troncos e dos formigueiros,
pois éramos exímia conhecedora de ervas e fazíamos simpatias e benzeduras que aprendemos
com as escravas mais antigas.
Fomos
abadessa na Idade Média (1), em espécie de hospital católico na Espanha do século
13, momento terrível da Inquisição. A Igreja era fortemente contrária a todas
as crenças, e os hereges eram perseguidos em nome do Cordeiro. O povo oprimido
e ignorante jogava-se aos nossos pés em busca de proteção. Muitas crianças
ficaram órfãs. Todas as mulheres e homens que conhecessem ervas e realizassem
curas deveriam ser conduzidos e julgados pelos tribunais santos. Os infiéis
eram sumariamente queimados, e até mesmo saber ler já podia ser indício de
feitiçaria; e qualquer manuscrito estranho às escrituras sagradas era
considerado diabólico. Por receio de possíveis retaliações do clero ameaçador,
que nos alertava constantemente para a possibilidade de perda dos confortos e
das mordomias da abadia, se houvesse quaisquer suspeitas de socorro aos
inquiridos, deixamos de atender vários irmãos que bateram a nossa porta,
chagados pelos suplícios infligidos.
Nota do
médium: Esse guia
amoroso, Vovó Maria Conga, é entidade proveniente da Constelação de Sírius, do
mesmo planeta que abrigou a consciência espiritual que hoje conhecemos como
Ramatís. Ela também se mostra em corpo astral como uma freira, ocasiões em que
se apresenta com um grande livro nas mãos.. Nessas oportunidades, reassume a
personalidade da sua encarnação como abadessa, na Espanha do século 13,
denominando-se madre Maria de Las Mercês. Essa preta velha, humilde e
laboriosa, ainda se mostra como uma menina entre cinco e sete anos, com lindo vestido
rosado, grande laço amarrado à frente e de longas tranças loiras, chamando-se,
nesses momentos, de Chiquinha, atuando na magia como uma entidade do orixá
Yori. Relata-nos que foi muito feliz nessa encarnação de criança, que muito a
marcou por ter sido a última na longa caminhada de libertação do ciclo carnal embora
tenha ocorrido um desencarne repentino, mas sem sofrimento, por volta da idade
em que se deixa ver.
Não
fizemos o mal, mas deixamos de praticar o bem da caridade cristã que tanto alardeávamos
no meio religioso. Vários dos cruéis e orgulhosos inquisidores espanhóis abrigamos
nos braços como recém-nascidos ou escravos torturados em chão brasileiro, e com
os conhecimentos de magia, de ervas, das simpatias e benzeduras resgatamos o
descaso de outrora.
Não é
verdade que somos mais conhecida na Umbanda, egrégora em que nos apresentamos
como preta velha, pois também trabalhamos no kardecismo como freira versada em
assuntos da psicologia humana, nos comunicando do Além pela escrita, entre
outras atividades do mediunismo.
Somente
para situar os homens, tão carentes dessas referências, é que moldamos nosso
corpo astral em conformidade com as vossas consciências, hábitos, raças e
costumes sociais, obtendo assim maior aceitação da caridade socorrista e
esclarecedora em todos os meios terrenos. De nenhuma forma porque sejamos
superiores a quaisquer servidores do Cristo-Jesus que não tenham os nomes na
lembrança dos filhos, muito menos por diferenças religiosas, filosóficas ou
doutrinárias dos homens. Essas distinções e diferenças não têm a menor
importância, pois o que nos rege é o amor, o combustível cósmico que movimenta
a grande Fraternidade Branca Universal.
PERGUNTA:
- No Umbral Inferior, onde tendes comprometimento de auxílio, as legiões
comandadas por líderes diabólicos mais nos parecem uma turba perdida e sem comando.
A predominância de um império, seja no bem ou no mal, requer comando, autoridade
e disciplina. Esses cenários nos parecem contraditórios a tais princípios. O
que podeis nos falar a respeito?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Nos locais descritos existem cavernas em espécie de subsolo
úmido e pegajoso, como se fossem charcos ferventes emanando continuamente
vapores sulfurosos. Nesses pontos, ficam guarnecendo os "lucíferes",
"diabos" do Além controlando suas cidadelas de aparente
desorganização.
Muitos
desses líderes são antigos sacerdotes católicos revoltados com a providência divina,
já que não alcançaram o céu prometido. Adotam as técnicas de mando e de tortura
utilizadas na Inquisição, e por um mecanismo de indução mental transformam os
seus corpos astrais em assustadores demônios: com chifres, asas, tridente, capa
vermelha, pernas e pés de equinos, para difundir o medo e o pavor à sua volta
como método de impor a autoridade e o mando.
Desses
esconderijos secretos, imaginam todos os rituais macabros de sacrifícios
animais que pedirão aos encarnados para satisfazerem seus pedidos, com frio
planejamento vampirizador e obsessivo sobre as vítimas a serem atingidas pela
desventura. Por meio desses fluidos animais, conseguidos em tais sacrifícios
com sangue quente, cheio de vitalidade ectoplásmica emanada, fortalecem e
mantêm seus domínios.
Como se
fossem deuses têm seus enviados para manter a ordem e a disciplina na desordem
e no caos das suas legiões. Tais porta-vozes são como eles próprios:
insensíveis, bárbaros, egoístas, exigentes e intolerantes. A turba perdida na
anarquia se torna fértil para a captura e manutenção de escravos comandados por
meio da indução mental coletiva, em processo de tortura poderoso e abrangente.
Há uma divisão entre esses líderes, e um não se intromete em território do
outro, sendo que, muitas vezes, se unem quando os interesses malévolos são
comuns.
Obtêm
tecnologia, tendo em seus quadros muitos engenheiros, médicos, geneticistas e pesquisadores.
Mantêm laboratórios de pesquisas subterrâneos, onde projetam aparelhos que serão
colocados no corpo etérico dos alvos a serem atacados, incautos encarnados e desencarnados
que serão ocultamente torturados por esses pequenos engenhos tecnológicos que
afetam diretamente o sistema nervoso. Algumas localidades têm veículos para se locomoverem
nas regiões umbralinas áridas e irregulares, que utilizam para perseguição e aprisionamento
desses bandos de dementados que perambulam perdidos. Guardam esses utilitários
em pavilhões parecidos com aqueles existentes nos aeroportos dos homens.
PERGUNTA:
- Podeis explicar-nos melhor os casos em que tendes de apresentar-vos como uma
freira nas mesas kardecistas, e por que não como uma preta velha?
VOVÓ
MARIA CONGA: - A sabedoria da Providência Divina não se circunscreve aos ideais
egoístas dos homens que criaram todas essas divisões no misticismo, com a
Espiritualidade que é única. Não existe uma religião que prepondere no Cosmo, e
sim um amor no Universo que a todos une. A motivação básica que nos move nos
trabalhos de auxílio socorrista está personificada na Terra na figura de Jesus.
Esse mestre nunca deixou de respeitar as raças, os costumes e os hábitos de
antanho, embora contrariasse muitos interesses de poderosos.
Um
irmão socorrido nos charcos do Umbral Inferior, na maioria das vezes, precisa
de um instante de esclarecimento em contato com fluidos animalizados que um
médium oferece, pois está tão fixo em seus desequilíbrios mentais que não nos
enxerga. Em análise preliminar de suas encarnações passadas, podemos verificar
que esse irmão foi muito ligado ao catolicismo e às crenças dessa religião.
Como resguardamos as consciências, em vez de ser orientado em uma casa de
Umbanda, em que se apresentarão muitos silvícolas e pretos velhos com suas
práticas ligadas aos elementos da natureza, preferimos conduzi-la à conversação
que lhe é mais familiar. E, assim, na mesa espírita, vendo-se no meio de
freiras, clérigos, médicos, enfermeiros, literatos e doutores da lei, esse
irmão se sente mais à vontade e é mais receptivo ao esclarecimento.
Muitos
caciques e pretos velhos "transformam-se" em médicos gregos ou
egípcios, em túnicas brancas reluzentes, e a todos amparamos em nome do amor
crístico. Moldamos nossos corpos astrais de acordo com as conveniências da
caridade a ser prestada. Muito espírito de médico, considerado muito
"elevado" e evoluído no meio dos homens, trabalha anonimamente como
humilde pai preto na Umbanda, pois em encarnação passada assim o foi. Não nos apresentamos
como uma preta velha nas mesas porque o nosso comprometimento nessa configuração
astral é na egrégora de Umbanda, e tais manifestações dos nossos corpos astrais
estão de acordo com os homens e suas consciências. Respeitemo-las.
Umbanda
à luz do Cosmo
PERGUNTA:
- A Umbanda, enquanto expressão de religiosidade, como espiritualismo em que se
pratica o intercâmbio mediúnico com desencarnados, só existe em solo
brasileiro. Qual o motivo desse exclusivismo?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Essa situação é condizente com o carma coletivo do Brasil,
pátria que abrigou em seu fértil solo grande parte dos espíritos ligados à
Inquisição. Inquisidores vieram como escravos, e suas vítimas de outrora
como" donos" da terra, como se retomassem a posse dos bens
confiscados. Aliado a isso, o fato de a população indígena aqui presente, que
também foi escravizada e "catequizada" pelo homem branco, juntamente
com os ritos africanistas e a cultura católica dos colonizadores portugueses e
espanhóis, e mais recentemente o Espiritismo provindo da França de Kardec,
terem demarcado o sentimento de religiosidade dos brasileiros como se fosse uma
grande colcha de retalhos.
Fez-se
necessário um movimento religioso que abrigasse harmoniosamente todas essas tendências
que desaguaram no país, expurgando-se definitivamente o carma negativo gerado pela
intolerância e pela perseguição religiosa do "Santo" Ofício
inquisitorial. Sendo assim, reuniu-se uma Alta Confraria Branca no Astral
Superior, que planejou, com a permissão direta de Jesus, o nascimento da
Umbanda no solo dessa pátria chamada Brasil.
Todo
esse movimento, aparentemente contraditório na visão transitória dos homens impacientes,
é abençoado resgate dos conhecimentos mais antigos, da solidariedade e fraternidade
que existiram na Terra de antanho, e que está contribuindo decisivamente para a
formação da mentalidade universalista cristã prevista para se consolidar no
futuro.
PERGUNTA:
- Podemos afirmar que já existe uma "identidade" umbandista, embora
não haja um sistema doutrinário e ritualístico codificado que propicie
uniformidade para a Umbanda. Essa identificação não se estende à maioria dos
seus adeptos, que não se declaram de fé ou crença umbandista, e sim de outras
religiões, principalmente a católica. Por que esse "receio"?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Em todos os povos e sociedades que já se formaram na Terra, têm
os filhos registros da utilização da magia. Desde as comunidades mais antigas e
tribais, os homens já se reuniam à volta do fogo e, com urros e danças
agressivas, se preparavam para a caçada. As forças cósmicas atuavam por meio da
criação de formas pensamentos emitidas pelo grupo nesse ritual à volta da
fogueira, pois a mente sempre foi e será geradora de magia, que por si só não é
boa nem má, porque está ligada à intenção de quem o gerou e não à magia em si,
que pode ser valioso instrumento de cura.
Ocorre
que o conflito do "sagrado" católico com o profano "herege"
das crenças mágicas, foi igualmente criado pelos homens em busca do domínio de
sua religião sobre as coletividades. Pela ancestralidade divina que vibra em
todos, os filhos são por si só agentes mágicos, já que a mente é um motor
gerador de pensamentos que nunca cessa.
A
Umbanda lida com a magia, manipula fluidos os mais diversos e forças do Astral,
tendo na comunicação com o Além e na chamada mecânica de incorporação o
alicerce de sua caridade na Terra. O mediunismo ainda é visto como espécie de
"culto de possessão", situação que não se prende somente à Umbanda,
pois se estende como um todo àquelas doutrinas e crenças sustentadas pelo
exercício da mediunidade.
Muitos
dos líderes das religiões que atacam e perseguem o intercâmbio com o Além estão
intuídos por magos negros do Astral Inferior, e não apresentam sinais visíveis
dessa influenciação aos limitados olhos carnais. A Umbanda, por ser mais
observada a mecânica de incorporação em sessões de caridade feitas à portas
abertas e para todos que quiserem assistir, infelizmente, ainda fica mais
visível para o ataque das sombras.
Não
importando a procedência do seu culto, o filho médium, fervoroso em sua crença
e dedicado trabalhador da caridade que cura e alenta, na opinião desses
perseguidores se encontrará "possuído pelos demônios" no exercício da
abençoada mediunidade. Esse tratamento injusto e cruel das religiões para com a
capacidade de comunicação com os espíritos desencarnados foi marcando o
inconsciente dos filhos, causando-lhes excessivo receio ao longo de várias
encarnações. Esquecem os homens, de memória curta diante da perenidade das
questões da Espiritualidade, que o mal ou o bem está em cada um, situação que
paira acima das religiões, crenças e doutrinas da Terra e não se subordina
diretamente a quaisquer mediunismos.
Rendamos
graças a Oxalá, pois cada vez mais essas incompreensões estão se desfazendo. O
tempo a todos educará na união e tolerância amorosa que prepondera no Cosmo.
PERGUNTA:
- Verificamos um caráter andrógino em muitos chefes de terreiro, pais e
mães-de-santo. Qual o motivo dessa aparência ou modo indefinido no campo
sexual? Isso tem importância para a mediunidade?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Se os filhos prestarem mais atenção, a situação relatada não se
prende somente ao movimento de Umbanda. Muitos dos líderes atuais, nos quais a
mediunidade é ferramenta de amparo e socorro, recaem em condicionamentos milenares,
pois a maioria já esteve ligado ao sacerdócio, em mais de uma religião terrena,
vivências que os levaram a virar as costas para o "profano" dos
simples mortais e se voltarem exclusivamente para as coisas espirituais e
internas dos templos. O sexo, visto como feio e pecaminoso, foi reprimido em
suas polaridades que demarcam o feminino e o masculino dos espíritos
encarnados.
Afora
isso, há aqueles espíritos que efetivamente já sublimaram a questão sexual mais
carnal, se encontrando como "sem sexo", não sendo necessária uma
expressão preponderante nesse campo. Essas situações não têm relação direta com
a mediunidade em si, mas com a evolução do espírito na sua longa caminhada,
pois a partir de um determinado estágio ele não tem mais sexo, e sim consciências
eternas que se arrebatam e se unem no sentimento amoroso por tudo no Cosmo.
PERGUNTA:
- E aqueles médiuns que notada mente são homossexuais?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Isso pouco nos importa. A conduta "culposa" que está
relacionada com a moral dos homens, e o fato de um médium se encontrar em
situação provacional, como o é a questão da homossexualidade, é meramente
efeito na atual encarnação de causas passadas, assim como o são as provas
diárias do egoísmo, da vaidade, dos ciúmes e das maldades "comuns"
para os homens. Pode um filho de conduta sexual "normal" aos olhos dos
valores fugazes da sociedade dos homens ter pouco ou nenhum valor moral na
visão da Espiritualidade, nos casos em que se exige um instrumento mediúnico. O
sexo em si não ofende as leis espirituais e não devemos classificar o
homossexual como um anormal ou impuro. O amor, a solidariedade, o perdão das
ofensas e a pureza do espírito, isso sim são requisitos indispensáveis, como
objeto de julgamento severo que se estabelece quando do abençoado labor como
aparelho mediúnico.
PERGUNTA:
- Notamos um processo de "orientalização do Ocidente", sendo crescente
o interesse por temas místicos, esotéricos, de vidas passadas, carma,
reencarnação, fitoterapia, Nova Era, enfim, de espiritualismo em geral. Como se
coloca a Umbanda nesse cenário?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Umbanda é luz, sabedoria milenar e pura harmonia. Conduz as
consciências ao entendimento da verdadeira vida, que é a do espírito imortal. É
unidade no Cosmo, um todo de que fazemos parte. É universalismo na sua
essência, que está registrado em todos nós por nossa ancestralidade espiritual.
A Umbanda, regida pelo Cristo Cósmico, tendo em Jesus a sua manifestação máxima
na Terra, é mais antiga que todas as religiões dos homens, e terá enorme importância
por sua procedência sagrada nesta Era de Aquário. Aceita todas as outras
religiões, e, por ser anterior as mesmas, em todas teve grandes influências,
principalmente nas oriundas do Oriente. Nesse cenário, cabe à Umbanda um papel muito
importante, pois será uma das expressões de unificação amorosa na Terra.
PERGUNTA:
- O Brasil é um país continental e tem um povo de grande misticismo, que abriga
variadas formas de mediunismo mais arcaico, inclusive com sacrifícios de
animais: pajelança da Amazônia, candomblés de caboclo, catimbós, ritual de xangô,
catimbó-jurema, entre outros. Qual a finalidade desses movimentos? Podemos chamá-los
de Umbanda?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Agradeçamos todos ao Alto por essa pátria abrigar todos os seus
filhos em seus anseios espirituais. O que parece uma balbúrdia para os homens,
é abençoada acomodação das consciências em evolução. É com essa liberdade de semeadura
que vão os filhos evoluindo, e o que muitas vezes parece uma insensatez aos
olhos dos julgamentos precipitados dos homens, é sensata caminhada rumo à
colheita de luz. Os mais recatados em seus valores espirituais consideram tais
ritos e práticas como "pecaminosos", já que são de opinião que estão
no caminho certo e que suas doutrinas ou religiões são as verdadeiras, como se
a Divindade os elegesse.
Mesmo
os que estão ainda retidos em rituais "arcaicos", como o de
sacrifício de animal em nome de orixá cultuado, oferenda dispensável, já que
nenhuma vida no Cosmo deve findar em prol de outra, reconheçamos que por tratar-se
de ato de fé, de crença fervorosa para com a Divindade, esses filhos também
estão no caminho do despertamento amoroso, como todos no Universo.
Muitas
vezes, esses mesmos críticos acham-se superiores no seu misticismo com o Além,
mas esquecem-se da palavra fraterna e solidária no banquete diário de negócios
em que a maledicência se instala, servidos que se encontram com finos
alcoólicos e cortes especiais de carnes suculentas e mal passadas, distantes
dos locais em que se mostram caridosos e humildes no encontro do culto semanal
que praticam. Nessas ocasiões que se satisfazem avidamente, não imaginam que,
para os "olhos" do Além, a expressão da fé, mesmo
"arcaica", é direito inalienável de cada cidadão, ao contrário da
satisfação dos instintos animalescos dos homens "evoluídos".
Não
podemos afirmar que essas manifestações de mediunismo sejam Umbanda, de conformidade
com o planejamento sideral desse movimento, mas pela sua universalidade nata, pois
oriunda do Cristo Cósmico na sua essência amorosa, as altas entidades do
Astral, dirigentes do mediunismo umbandista no Brasil, preveem que a Umbanda
acabará abrigando em seu seio todas essas expressões de fé, pois há uma
depuração irreversível de todas essas práticas, o que é coerente com a própria
evolução dos homens, sendo que a própria Umbanda está em constante mudança
evolutiva nesta era de Aquário.
PERGUNTA:
- Mas não há o risco de ocorrer exatamente o contrário, ou seja, de alguns
cultos enfraquecerem o movimento de Umbanda, como o da jurema, por exemplo, que
foi introduzido e é praticado em Terreiros ditos de Umbanda no Nordeste?
VOVÓ
MARIA CONGA: - O culto de Jurema, de origem indígena inicialmente, com o
decorrer do tempo sofreu alterações decorrentes da influência afro brasileira.
Como é praticado nos dias atuais nos terreiros de Umbanda citados, é uma
mistura do candomblé, do espiritismo kardecista, do catolicismo e da Umbanda,
chamada popular. Dá-se origem a uma nova prática, onde todos esses elementos se
harmonizam em sua existência dinâmica com o mediunismo que a todos abriga, e
nessa reformulação de hábito religioso, originalmente restrita às tribos
indígenas que habitavam essas regiões, o espaço místico que nasce,
aparentemente inusitado, fortalece os filhos nos ideais do bem e da
fraternidade.
A
convivência pacífica no terreiro, que se torna ponto de convergência de vários conflitos
existenciais e dos mais diversos anseios espirituais, gerados na coletividade materialista
que cerca os filhos simples e iletrados, na sua maioria é motivo de congraçamento
amoroso entre as criaturas.
Nas
assimilações e ritos adaptados, as curas e reformas morais vão ocorrendo, e,
por meio da palavra de alento do humilde preto velho e dos "puxões de
orelha" dos caboclos altivos, vão todos revendo seus valores e aprendendo
verdadeiramente o exercício da solidariedade e do amor.
Fortalece-se
o movimento de Umbanda, exatamente pela sua constante evolução e adaptabilidade
a todos que o procuram, pois não está amarrado a dogmas doutrinários. Os atos nefastos
de irmãos inescrupulosos nas lides com o Além, que se aproveitam da fé e do desespero
daqueles que os procuram, são defeito unicamente dos homens e não estão
limitados somente à Umbanda, que, por estar em constante evolução, é mais
visada para criticas.
Qualquer
movimento do bem na face planetária, onde haja o intercâmbio com o Além, não
está sujeito aos caprichos de vaidade e egoísmo, nem a modelos particularistas
criados pelos mercadores de graças que a tudo resolvem com interesses de ganho
em proveito próprio.
Nesses
casos, seja o nome que tiverem em suas práticas, os bons obreiros, mentores,
guias e protetores da Espiritualidade do Além se farão ausentes.
PERGUNTA:
- O que os umbandistas chamam de "gira da caridade", seja de caboclos
ou pretos velhos, nos parece algo indisciplinado, uma algazarra. Cada entidade "incorporada"
ou cada médium trabalhando a seu modo, não existindo uma padronização no tipo
de atendimento ou consulta. O que tendes a dizer a respeito?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Não é nenhum tipo de padronização que garantirá a curadora
assistência espiritual aos consulentes. Gestos diferentes, um tipo de benzedura
aqui, um passe localizado ali, uma maceração de erva lá, um assobio ou sopro
acolá, todos são recursos de cura utilizados. Ao contrário das impressões
deixadas nos apressados olhos humanos, a disciplina é enorme e rígida,
existindo forte amparo astral, hierarquizado nas casas sérias e moralizadas,
embora cada entidade tenha a sua liberdade de manifestação na prática que lhe é
mais peculiar, e nessa aparente algazarra e burburinho vão os homens se modificando
para melhor e todos continuam evoluindo juntos, tanto na carne como no Plano Astral.
PERGUNTA:
- É de bom alvitre que em muitos casos até os consulentes fiquem mediunizados e
"recebam" os seus guias ou protetores espirituais?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Sim. Naqueles consulentes que têm comprometimento com o
mediunismo e já estão educando suas mediunidades, "receber" seus guias
ou protetores espirituais os aliviará das cargas deletérias, dos miasmas e das formas-pensamentos
que estão "grudadas" nas suas auras e que são uma espécie de campo
energético que todos vocês têm, sendo o corpo físico a parte visível, a energia
mais condensada desse complexo energético, ou seja, dos homens. Esses enviados
espirituais que neles incorporam imprimem-lhes no corpo astral as suas
vibrações mais elevadas que são afins a esses irmãos muito antes da atual
encarnação, e, pela alteração de freqüência imposta, essas placas e agregados
destrutivos são liberados e retomam para a natureza. Regularizam os chacras desarmonizados
e alinham as vibrações do corpo astral e do etérico. Naqueles médiuns ainda deseducados,
esse contato lhes serve para mostrar a importância e a necessidade de
procurarem se desenvolver. Claro está que essa intervenção do Além se dá para o
auxílio do aparelho mediúnico, e se torna dispensável nos mais experientes, que
já aprenderam a se livrar dessas cargas negativas sozinhos.
PERGUNTA:
- Esse hábito de dar passagem, permitido aos consulentes nessas giras, não contraria
a segurança mediúnica?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Ao contrário, conduz à plena educação. A segurança no exercício
da mediunidade, por um médium na Umbanda, é marcante porque, habituando-se a
dar passagem aos seus guias e protetores, aprende a lhes conhecer profundamente
as vibrações e, com o trabalho continuado, conseguirá a necessária segurança para
que não se deixe envolver por irmão de outras vibrações, ditos obsessores e
vampiros do Astral Inferior. Ao mesmo tempo, vamos gradativamente equilibrando as
vibrações dos chacras, facilitando e intensificando o intercâmbio.
PERGUNTA:
- O que dizeis dos médiuns trabalhadores que dão passividade para os chamados
eguns (espíritos obsessores) no mesmo momento em que atendem aos consulentes?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Isso se faz necessário para que esses irmãos possam ser
conduzidos para locais de refazimento existentes no Plano Astral. Eles são
retirados do corpo etérico dos consulentes, qual carrapato que se arranca da
pele de animal indefeso. É feito um atendimento socorrista de urgência e,
posteriormente, são encaminhados para maiores esclarecimentos. Havendo
necessidade, serão reconduzidos para a manifestação mediúnica em locais
apropriados às suas consciências.
PERGUNTA:
- A nosso ver, há nesses casos uma doutrinação precária. Isso não teria de
acontecer em sessão reservada, especialmente com finalidade desobsessiva?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Na verdade, não há nenhuma doutrinação. Na maioria dos casos,
não se fazem necessárias maiores conversações. O choque fluídico propiciado
pelo aparelho do médium, conduzido habilmente pelo guia ou protetor, seja preto
velho ou caboclo, já é o suficiente para o alivio desse sofredor, qual imersão
de peixe asfixiado fora d'água em límpida enseada à beira-mar. Após essa
desopressão instantânea, esses socorridos são retidos provisoriamente para
hospitais do Astral até que tenham condição de discernimento para entenderem
sua situação existencial. Nos mais aguerridos, raivosos e enlouquecidos, se
exige a condução para sessões mediúnicas destinadas exclusivamente para esse
fim, podendo ser no terreiro umbandista ou no centro espírita. Tudo ocorrerá de
acordo com a consciência que está em tratamento, como já afirmamos em pergunta
anterior.
PERGUNTA:
- Essa exposição demasiada ao mediunismo não se torna prejudicial e até
chocante àqueles que o procuram, quando o comparamos a outras maneiras de fazer
caridade, em que a mediunidade é instrumento de amparo e socorro?
VOVÓ
MARIA CONGA: - A cada um é dado conforme sua necessidade e condição existencial.
Nos dias de hoje, ninguém adentra um templo umbandista, no culto evangélico ou
na palestra doutrinária do centro espírita obrigado. A época de impor-se às consciências
o "certo" ou "errado", fruto da árvore do julgamento dos
homens e dos mandatários religiosos "detentores" da verdade, é fato
histórico que jaz sepultado num passado algo recente, mas ausente da realidade
espiritual da Terra hoje, embora ainda muito nítido no inconsciente de muitos
filhos, bem como em algumas regiões da superfície planetária.
Não
havendo imposições e intolerâncias, concluímos que o sentir-se chocado resulta
de uma decisão exclusivamente individual. Logo, cabe a esse ser buscar aquilo
que o satisfaça em seus anseios espirituais, seja em que local for entre os
homens. A exposição ao mediunismo nada mais é que uma lembrança da própria
condição de espírito de cada um. O Eu Sou verdadeiro e imortal está
momentaneamente aprisionado no pesado corpo de carne, e a sessão mais reservada
não livra os consulentes dos assédios e intercâmbios com o Além que ocorrem nas
24 horas do dia e não dependem de um local preparado especialmente para esse
fim. Todos são médiuns em maior ou menor grau, e refutar a constância e a
naturalidade do mediunismo na vida é como negar o próprio ar que os filhos
respiram.
PERGUNTA:
- Podeis descrever-nos, sob o ponto de vista do Plano Astral, a movimentação
invisível aos nossos olhos carnais que ocorre nessas giras de caridade, praticadas
nas casas de Umbanda?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Toda casa de Umbanda que é séria e faz a caridade gratuita e
desinteressada é um grande hospital das almas, tendo o apoio de falanges espirituais
do Astral Superior. Essas giras de caridade são grandes prontos-socorros
espirituais, onde não se escolhe o tipo de atendimento, estabelecendo enormes
demandas no Além. Os consulentes que procuram os pretos velhos e caboclos para
a palavra amiga e o passe, avançam trazendo os mais diversos tipos de
problemas: doenças, dores, sofrimentos, obsessões, desesperos etc. Processa-se
a caridade sem alarde, pura, assim como o Cristo-Jesus procedia, atendendo a
todos que o procuravam.
É
indispensável um ambiente harmonioso e de energias positivas no grupo de
médiuns que formarão a corrente vibratória. Para se conseguir as vibrações
elevadas, se cantam pontos, que são verdadeiros mantras, faz-se a defumação com
ervas de limpeza físico-etérea e espargem-se essências aromáticas que auxiliam
a elevar as vibrações.
No
Plano Astral, estabelece-se um campo vibratório de proteção espiritual. Vários quarteirões
em volta do local da gira ou templo, os caboclos e guardiões já se colocam com seus
arcos e flechas com dardos paralisantes e soníferos. Bandos de desocupados e
malfeitores tentam passar por esse cordão de isolamento, mas são repelidos por
uma espécie de choque, através de uma imperceptível malha magnética. Outras
entidades que acompanham os consulentes não são barradas e, ao adentrar a casa,
são colocados em local apropriado de espera. Várias entidades auxiliares lhes
prestam socorro e preparação inicial. Por isso, os consulentes sentem muita paz
quando entram numa casa e aguardam o momento da consulta.
No ato
da consulta, o guia ou protetor está trabalhando junto ao médium e dirige os trabalhos,
tendo vários auxiliares invisíveis que ainda não "incorporam".
Havendo necessidade, é dada passagem para as entidades obsessoras ou sofredoras
que estão acompanhando os consulentes, como descrito em resposta anterior.
Manipulam com grande destreza o ectoplasma do médium, que é
"macerado" com princípios ativos eterizados de ervas e plantas,
fitoterápicos astralizados usados para a cura. Os espíritos da natureza
trabalham ativamente buscando esses medicamentos naturais nos sítios
vibratórios que lhes são afins, bem como recolhem, para a manipulação perfeita
do caboclo ou preto velho, as energias ou elementais do fogo, ar, terra e água,
que sempre estão em semelhança vibratória com os consulentes, refazendo as
carências energéticas localizadas. É a magia dos quatro elementos utilizada
para amenizar os sofrimentos dos homens.
Nos
casos em que se requer atendimento à distância, nas casas dos consulentes,
ficam programados trabalhos para a mesma noite ou posteriores, dependendo da
urgência. Há intensa movimentação e praticamente nunca descansamos. Numa casa
grande, bem estruturada, chegamos a atender 500 a 600 consulentes, sendo que a
população de espíritos desencarnados socorridos numa gira com essa demanda pode
chegar a 4 mil. Os chefes de falanges "anotam" todos os serviços que
serão realizados durante e após a gira, pois as remoções e socorros continuam
ininterruptamente, sendo o dia de caridade pública aos encarnados o cume da grande
montanha que se chama caridade.
PERGUNTA:
- Poderíeis nos dar maiores esclarecimentos sobre esses atendimentos à
distância nas casas dos consulentes? Quais são os tipos de serviços "anotados"
pelos chefes de falanges, e o que ocorre nessas remoções socorristas?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Esses atendimentos são em geral de remoção de comunidades
de espíritos sofredores que ficam habitando junto à casa do filho doente e que procurou
auxílio espiritual. Os chefes de falanges organizam os socorros que serão
realizados em espécie de ronda que irão dirigir. Como são espíritos experientes
nessas lides já sabem antecipadamente os imprevistos com que se depararão:
vampiros, torturadores de aluguel, irmãos com aparência animalesca, resíduos e
fluidos pútridos, drogados e viciados em sexo, enfim, verdadeiras comunidades
sofredoras e maldosas habitando a mesma área etérea. Os caciques vão à frente
liderando os comandados. É montada rede magnética de detenção à volta do local
a ser higienizado. As falanges de apoio ficam em guarda em torno do local, e
esse bolsão de miséria é removido para localidades hospitalares do Astral que
comportam a densidade espiritual de cada envolvido, onde os socorristas
aguardam para o atendimento de urgência de todos esses filhos.
PERGUNTA:
- Nunca se comprovou a utilização do termo Umbanda dentro dos ritos, cultos e
crenças africanistas. Diante da participação ativa dos pretos velhos da Angola e
do Congo nas hostes umbandistas, pode-se negar a origem africana dessa
religião?
VOVÓ
MARIA CONGA: - A Umbanda é muito mais antiga que o próprio homem na Terra.
Muitos dos negros da Angola e do Congo foram sacerdotes no Egito, na Caldéia,
na Pérsia e na Atlântida. Embora não haja a comprovação "histórica"
para o convencimento dos incrédulos homens, o conhecimento uno, antigo e
milenar jaz nesses negros, mesmo naqueles que utilizam a magia para o mal em
ritos, cultos e crenças distorcidas e aparentemente sem ligação com a Umbanda.
PERGUNTA:
- E o que dizeis de alguns confrades umbandistas que negam abertamente a
relação de culto com os ritos africanistas, afirmando a origem
"cabocla" desse movimento em solo pátrio, e que não teria nenhuma
ligação com os negros da África?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Que esses filhos são movidos por preconceito e discriminação
racial e que consideram os cultos africanistas inferiores. Realmente há uma predominância
de caboclos nas manifestações mediúnicas e nos prepostos dos orixás, e em todos
se fazem presentes os caboclos peles-vermelhas, a exceção da linha de Yorimá e
Yori.
Mas o
ser negro ou vermelho tem relação somente com uma existência na carne. Todos estamos
constantemente evoluindo e já passamos muitas vezes no vaso da matéria. Não discutiremos
profundamente as nuanças da magia etéreo-física envolvida em cada culto ou raça
ligada ao antigo e primevo conhecimento Aumbandhã, que veio de outra parte do
Cosmo para auxiliar os homens, pois confundiríamos o leitor menos atento ao
ocultismo umbandista.
Não
temos a menor dúvida da nossa vinda de outra constelação, da nossa passagem pelas
comunidades atlante e lemuriana, e estamos convictas da utilização desses conhecimentos
em nossas encarnações como negra africana. Preocupemo-nos com questões maiores
e constituídas de amor fraterno e solidário para o exercício da verdadeira
caridade.
Como
diz o bugre rude do interior: "Cavalo ganho não se olha os dentes, não se
pergunta a idade nem o tipo de pêlo, pois nos apraz é a serventia que o bichano
vai ter." Tratemos a Umbanda como um cavalo ganho pelo grande senhor das
almas, nosso Cristo-Jesus.
PERGUNTA:
- Muitos dizem que as entidades intituladas caboclos são rudes, ásperas e um
tanto coercitivas, não tendo trato fraterno, e que desrespeitam o
livre-arbítrio e o merecimento individual nas atividades socorristas tanto aos
encarnados como desencarnados. Isso é verdadeiro?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Estamos todos evoluindo ininterruptamente. Realmente, alguns
caboclos são diretos e ríspidos em alguns momentos. São índios aguerridos que
enfrentam todo o tipo de batalha com entidades de baixíssimo estado evolutivo,
violentas, duras e raivosas. Enfrentam as organizações dos lucíferes do Umbral
Inferior, resgatam prisioneiros e sofredores muitas vezes em condições
extremamente adversas, em locais de grande densidade, quase que materializados
e de dificílima movimentação. Toda atuação das falanges atuantes na Umbanda é
regida pela Lei do Carma e pelo merecimento do socorro oferecido àqueles que
são amparados. Como as remoções e desmanchos envolvem grandes comunidades de
desencarnados sofredores, seja mago negro ou soldado de organização do mal, as
avaliações individuais da situação cármica dos socorridos são feitas
posteriormente nos locais de detenção do Umbral Inferior, que são fortalezas
vibratórias da luz crística no meio da escuridão. Logicamente um caboclo não
terá a gentileza de uma freira na sua incursão às regiões trevosas e abismais,
pois se assim fosse, o dispensaria da necessidade de apresentação do seu corpo
astral como guerreiro indígena. Muitas vezes, uma voz rude e áspera denota espírito
amoroso e sinceridade, ao contrário do verniz fraterno de mentes controladoras
e maquiavélicas, que disfarçam seus verdadeiros sentimentos com a oratória
recheada de conhecimento evangélico decorado em anos de estudo, mas com o
coração árido de amor.
PERGUNTA:
- O método socorrista da mesa kardecista não é mais recomendado sob o ponto de
vista do Evangelho do Cristo?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Se a modalidade de cura para o filho socorrido é a conversa
esclarecedora com grande apelo evangélico, e que está de acordo com a sua consciência,
encaminhamos esse irmão socorrido para a mesa kardecista. A cada um é dado de acordo
com a sua necessidade evolutiva. Mas consideremos que nem todos no Universo em que
atuamos estão receptivos a esse tipo de atendimento doutrinário. Há uma linha
dividindo a necessidade de esclarecimento evangélico que socorre, da pretensão
de alguns homens de a todos doutrinarem. O convencimento religioso e místico
vem do íntimo de cada criatura, e o que se pode fazer é orientar, em alguns
casos, nunca catequizar ou tentar indistintamente convencer todos que se
apresentam de crença contrária. Jesus não doutrinava os demônios dos possuídos,
e sim "expulsava-os" com sua superioridade moral e energia crística.
Entendemos que o Evangelho do Cristo recomenda o amor ao próximo como a si
mesmo, e o fato de um caboclo ser de poucas palavras, rude e áspero, não o
coloca como menos ou mais amoroso com seus irmãos do que o articulado
doutrinador espírita de oratória eloquente, pois tais situações podem
dissimular os verdadeiros sentimentos que estão em desacordo com as aparências
que tanto os homens valorizam.
PERGUNTA:
- Se existem entidades de elevada estirpe sideral que labutam na egrégora de
Umbanda, por que falam errado; às vezes num linguajar quase tribal e tosco?
VOVÓ
MARIA CONGA: - É o amor que prepondera como quesito principal na elevação das
consciências. O conhecimento necessariamente não significa sabedoria, que é o
outro alicerce que sustenta as entidades iluminadas que se manifestam pelo
mediunismo. É exatamente por causa desse incomensurável amor aos humanos que
muitas entidades vêm de outros locais do Cosmo, ainda inimagináveis aos seres
da Terra, e se impõem imenso rebaixamento vibratório a fim de se apropriarem
novamente de um corpo astral. Percebam a dificuldade para se fazerem comunicar
por intermédio de um aparelho carnal, limitado e preso às percepções materiais.
Logo, a necessidade de se fazerem entender no exíguo tempo que têm linguajar
tosco ou tribal, e que está de acordo com a capacidade de compreensão dos
consulentes simples, pobres e iletrados que procuram em multidões os terreiros
de Umbanda. Isso não quer dizer que não possam falar articuladamente e com
grande sapiência diante dos homens doutos. Que os filhos não se deixem levar
precipitadamente pelas impressões que mais marcam os seus olhos e ouvidos!
PERGUNTA:
- O que é a chamada "mecânica de incorporação"?
VOVÓ
MARIA CONGA: - É a "posse", por parte da entidade comunicante, do
aparelho psicomotor do médium, o que se dá pelo afastamento do seu corpo astral
e completa apropriação do seu corpo etérico pelo corpo astral do guia ou
protetor espiritual.
Assim,
o invólucro material do médium fica cedido para a atividade mental do preto
velho ou caboclo, que poderá manifestar-se à vontade como se encarnado fosse. É
muito rara a inconsciência total nessa forma de manifestação. O mais comum na
mecânica de incorporação é uma espécie de sonolência letárgica em que o
aparelho mediúnico fica imobilizado em seu poder mental e consequentemente na
parte motora, tendo, no entanto, semiconsciência de tudo que ocorre, e havendo
considerável rememoração após o transe. O guia ou protetor espiritual não
"entra" no corpo do médium, como muitos pensam. O que ocorre é que há
um afastamento do corpo etérico, sendo esse, sim, tornado como se fosse um
perfeito encaixe.
PERGUNTA:
- É o corpo etérico o mais atuante na incorporação?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Não se trata de ser o mais atuante, mas é o corpo sutil mais
utilizado nos trabalhos de cura, em que os guias e protetores se utilizam intensamente
do ectoplasma que aí é metabolizado. Dependendo da faixa vibratória da assistência
curativa que está acontecendo, o corpo astral ou corpo mental do aparelho são
os mais atuantes. Nos casos em que os sentimentos preponderam na comunicação,
no momento exato da consulta, ou na irradiação intuitiva e nas situações de
clarividência, esses outros dois corpos são mais utilizados. Mas como os filhos
são uma unidade existencial, embora constituídos de vários corpos vibratórios,
todos têm atuação nas manifestações mediúnicas.
PERGUNTA:
- A "mecânica de incorporação" no seio umbandista não é um tanto
rudimentar quando comparada a outras lides do mediunismo: as técnicas de mento magnetização,
a cromoterapia, os cones de luz, o pêndulo radiestésico, irradiações à distância
e a psicografia intuitiva?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Os aparelhos mediúnicos que labutarão na linha de
Umbanda diferem dos demais, pois antes de reencarnarem tiveram uma polarização energética
em seus corpos astrais que os habilitarão a trabalhar quando na vida física com
as comunidades do Umbral Inferior e com fluidos mais densos. São verdadeiras
usinas de ectoplasma, e, na sua maioria, têm um leve afastamento do corpo
etérico, como se fosse uma janela vibratória que fica sempre aberta. Nesses
casos a mecânica de incorporação se faz necessária para que o guia ou protetor
espiritual possa manipular com maior precisão todos os fluidos envolvidos nos
processos de cura, não só os do aparelho, mas também os da natureza.
Afora
esses aspectos, os próprios corpos físico e etérico do médium se tornam os
principais agentes de cura, e são fundamentais para os trabalhos das entidades
ligadas à Umbanda e ao magismo da natureza.
Isso de
maneira alguma os coloca em um mediunismo rudimentar. Tais comparações denotam
um certo ranço vaidoso, como se houvesse um intercâmbio mais aperfeiçoado que
outro. Não encaremos a mediunidade como veículo auto motor do que a cada ano
sai novo modelo, mais moderno e com recursos avançados. Esse automóvel terá
longevidade, não incorrerá em multa ou acidente automobilístico, não dependendo
de todo o aparato técnico que o acompanha, mas sim da habilidade do motorista
que o conduzirá. Assim é o médium moralizado, de conduta reta, que faz a
caridade desinteressada como o Cristo-Jesus praticava, qual motorista cuidadoso
com as normas que o cercam e que respeita o cidadão que o acompanha, seja a pé,
em carroça puxada por jumento ou em possante e veloz máquina corredora.
PERGUNTA:
- O que são guias e protetores e qual a relação / ligação dos médiuns com eles?
Há envolvimento de vidas passadas ou de antepassados?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Guias e protetores são espíritos como os filhos, somente sem
esse pesado fardo que é o paletó físico que os encobre, nada mais. Claro está
que por todos nós sermos espíritos milenares em evolução, as situações de
encarnações passadas determinam as afinidades amorosas que unem os guias e
protetores aos seus pupilos na carne, ou as repulsas odiosas que separam os
filhos do amor e os imantam no cipoal das vinganças sem fim dos obsessores e
desafetos de outrora, já que não existe perfeição na Terra, sendo a vida dos
espíritos única e atemporal nas suas jornadas rumo às paragens angelicais desde
o momento crucial em que fornos criados por Deus.
PERGUNTA:
- É verdade que os espíritos classificados como protetores são entidades
necessitadas de evolução e os guias não precisam mais evoluir?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Todos no Cosmo estão evoluindo ininterruptamente e por toda a
eternidade, pois só existe uma perfeição absoluta, que é Deus. O que ocorre é
que existem patamares evolutivos que distanciam um irmão do outro meramente por
diferenças vibratórias, mas estamos todos unidos no ideal de caridade.
Geralmente,
um protetor sob a égide da Umbanda é espírito mais necessitado de contado com a
mecânica de incorporação com o aparelho mediúnico, e ambos, espírito e médium,
se completam nesse labor de auxílio aos necessitados e estão evoluindo juntos.
O protetor "cuida" mais do seu aparelho, tem maior compromisso com o
seu desenvolvimento e grande comprometimento em apoiá-lo, ligações que vêm de
encarnações passadas. É muito comum o protetor ter necessidade de mais algumas
encarnações e é provável que o médium de hoje seja o protetor de amanhã, em
conluio amoroso de longa data.
Por sua
vez, os guias, vários não precisando mais reencarnar compulsoriamente, ligam se
aos aparelhos por compromissos em tarefas específicas, mas igualmente têm laços
de antepassados e estão evoluindo. Na verdade somos todos irmãos e tais
denominações são para situar os filhos, tão carentes de referenciais de nomes e
adjetivos no plano Terra.
PERGUNTA:
- Concluímos que os guias não incorporam com tanta regularidade. Como atuam
então?
VOVÓ
MARIA CONGA: - É verdade. A maioria das incorporações ocorridas nos terreiros
são de protetores, dos caboclos das linhas vibratórias dos orixás Ogum e Xangô.
Isso não quer dizer que os guias dessas falanges não incorporem, mas a maioria
atua pela irradiação intuitiva e mais diretamente por intermédio do corpo
mental, em conexão com a mente do médium, espécie de telepatia. Mas se
considerarmos a escassez das incorporações das demais linhas vibratórias, em
especial de Oxalá, Yori e Yemanjá, afirmamos que a maioria dos guias não atuam
na mecânica de incorporação, contrariando muitos pais de terreiro que a tudo fazem
incorporados "inconscientes", situação que já está mais do que na hora
de se esclarecer diante da raridade atual dessa fenomenologia mediúnica. Ocorre
que esses diretores encarnados escoram-se nos guias e protetores, como se
fôssemos muletas vitalícias, e, escondendo-se na mistificação de não se
lembrarem de nada, nunca são questionados e mantêm o controle total de alguns
terreiros, alimentando suas vaidades e enraizando cada vez mais os processos de
fascinação com entidades de baixa envergadura espiritual e que não têm nada a
ver com a Umbanda.
PERGUNTA:
- E as casas de Umbanda que a tudo resolvem, cobrando consulta e prometendo
verdadeiros milagres?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Não são da verdadeira Umbanda, pois caboclo e preto velho das
genuínas falanges regidas pelos orixás não vão a esses locais. Ali se comprazem
entidades mistificadoras, e o vil metal é o motivo da satisfação vampirizadora
que as realiza, formando círculo vicioso entre consulentes, encarnados e
desencarnados, de difícil solução. O imediatismo dos homens na busca da
realização dos seus anseios, na maioria das vezes, os mais mesquinhos, ligados
ao sexo, ao poder, ao trabalho e aos prazeres mundanos mais desregrados, faz
com que se alimente esse triste processo de parasitismo. Se há quem pague,
sempre haverá quem receba; é da lei de sintoma que rege a relação entre o mundo
oculto e o material, invisível e visível, imanifesto e manifesto.
PERGUNTA:
- Há a necessidade de pontos riscados e cantados, de defumações e águas de
essências perfumadas nos rituais de Umbanda?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Podemos dizer que os homens são cobertos por energias e
magnetismo. Essas vibrações são responsáveis pela manifestação da vida na forma
que os filhos conhecem no planeta Terra: mineral, vegetal, animal, hominal e
astral. As energias etéricas têm polaridades, ativa e passiva, positiva ou
negativa, e se cruzam, estando interpenetradas. Dentro das sete linhas
vibratórias dos orixás, se fazem necessários pontos riscados de identificação
que reluzem vibratoriamente com forte magnetismo de atração no "lado de
cá". As energias manipuladas atraem, absorvem, potencializam e expandem os
fluidos movimentados pelos caboclos e pretos velhos. Na verdade, os pontos
riscados são como se fossem elos identificadores que fazem a conjunção do tipo
de energia utilizada com a vibração específica da linha vibratória. Para que as
forças que constituem esses elos sejam movimentadas especificamente para os
trabalhos de Umbanda, é imperioso que haja o acionamento de determinados
códigos de acesso, consoante o resultado que se queira alcançar.
É um
ato litúrgico que envolve a magia das entidades, que aglutinarão etericamente
em torno dos traços riscados os fluidos e energias benéficas.
Os
riscos simbolizam a identidade da linha solicitada, da entidade e do tipo de
trabalho exigido, e servem como sinalizadores para as falanges envolvidas
nessas demandas mais densas e que exigem grande quantidade de ectoplasma.
Os
pontos cantados servem como verdadeiros mantras, elevando a vibração e a egrégora
pelos sons articulados conjuntamente, e facilitam o intercâmbio mediúnico. Não
têm nenhuma relação com a batucada ensurdecedora de atabaques que acabam
incentivando o animismo e as mistificações.
O Pai
propiciou aos filhos vários sentidos para que pudessem perceber o mundo físico que
os cerca e galgarem a evolução na Terra. O olfato, dependendo dos aromas,
aflora emoções e sentimentos. Os aromas podem deixar os homens agitados ou
calmos, ansiosos ou relaxados. Antigamente, utilizado nos rituais do Egito
antigo, dos hindus, dos persas, e hoje na Umbanda e no Catolicismo, entre
outros, o olfato é ferramenta de sensibilização que harmoniza e favorece a
percepção psíquica, em que a recepção e inspiração mediúnica são facilitadas.
Além
dos odores envolvidos, as ervas, com seus princípios químicos, quando queimadas
e eterizadas, se tornam poderosos agentes de limpeza astral e de cura, mantendo
mais agradável o ambiente.
PERGUNTA:
- Isso tudo não é dispensável para a ação caridosa dos bons espíritos?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Qual bom espírito? Se o filho entende bom espírito somente como
elevado, de vibrações sutilíssimas, doutor e erudito, quase que inatingível aos
homens e aos irmãos desencarnados doentes que perambulam pela crosta terrena em
busca de auxílio, qual caranguejo retido no lodo pegajoso e putrefato,
realmente se faz dispensável. Mas a grande maioria de trabalhadores do Além,
laboriosos na caridade de Umbanda, anônimos, e que não se manifestam aos olhos
dos filhos, ainda estão muito próximos dos sentidos humanos e evoluindo como
tudo no Cosmo. São caboclos do interior, pais velhos, sertanejos, benzedeiras,
índios, enfim, a mais variada gama de espíritos que foram simples e ignorantes
quando na carne. Logo, são necessários esses rituais exteriores para disciplinar
e comandar todos esses agrupamentos, que, numa primeira impressão, podem levar a
interpretações equivocadas dos menos atentos sobre o que verdadeiramente ocorre
na Espiritualidade no auxílio socorrista aos filhos.
PERGUNTA:
- Tudo nos parece muito complexo. Se falharmos no canto ou na grafia do ponto,
se utilizarmos ervas erradas para a defumação ou as essências odoríficas forem
inadequadas, a caridade dos bons espíritos deixa de acontecer?
VOVÓ
MARIA CONGA: - A caridade nunca deixará de ocorrer nos locais em que prepondera
o sentimento amoroso que propicia o altruísmo entre as criaturas. Certo está
que existe muito chefe de terreiro mistificando, se achando indispensável,
único, e que acaba caindo no ridículo e expondo a Umbanda em seus princípios
ritualísticos e magísticos à incompreensão dos filhos de outras crenças. Nesses
casos, sim, se faz ausente a assistência do "lado de cá", e não em
decorrência de um ponto mal riscado, de um banho de descarrego errado ou de uma
defumação malfeita. É a vaidade e o egoísmo de alguns cegos que conduzem outros
o que fecha as portas para o auxílio dos bons espíritos. Sabemos das
dificuldades dos homens, e os sentimentos dos filhos são como um. grande campo
aberto a nossa visão astral.
PERGUNTA:
- Poderíeis tecer-nos maiores comentários sobre os trabalhos de ectoplasmia que
denominais de densos e que ocorrem nos terreiros ou templos umbandistas?
VOVÓ
MARIA CONGA: - É a substância mais utilizada pelos caboclos e pretos
velhos nas curas e nos desmanchos. O ectoplasma se torna vital, já que os
espíritos não o têm, por se tratar de um fluido animalizado que se materializa
no plano físico-etéreo. Nas curas, é utilizado na recomposição de tecidos e
regeneração celular. Nos trabalhos de desmanche das magias negras,
potencializamos o ectoplasma, direcionando-o aos lugares onde se encontra a
origem da feitiçaria, que geralmente são objetos vibratoriamente magnetizados e
que continuam a vibrar no Plano Astral muito tempo, mesmo após a decomposição
física dos materiais utilizados nesses feitiços. Podemos tomá-lo em forma de
varreduras energéticas, e, por sua densidade quase física, permite a mudança e
a desmobilização de bases dos magos negros. Os médiuns que têm compromisso com
a linha de Umbanda são grandes doadores desse fluido vital.
PERGUNTA:
- O que é a chamada "Lei da Pemba"?
VOVÓ
MARIA CONGA: - É importante deixar claro aos filhos que a pemba, um tipo de giz
especial para utilização ritualística, na verdade não tem nenhuma utilidade
prática, podendo ser qualquer tipo de giz. O que se toma fundamental é o conhecimento
cabalístico da entidade ou do médium que está realizando os sinais riscados.
Esse
amontoado de pembas por aí é só para confundir e para alguns incautos fazerem
comércio em cima do grande desconhecimento da maioria dos ditos
"iniciados" nas coisas ocultas. Os princípios iniciáticos dos pontos
riscados, que ficaram indevidamente denominados entre os homens como "Lei
da Pemba", quando corretamente manipulados, identificam: a vibração da entidade,
o orixá, a falange, a sub-falange, a legião ou o agrupamento, o grau
hierárquico, se é um orixá menor, guia ou protetor, a vibração do astro
regente, entre outras identificações necessárias para os trabalhos de magia.
PERGUNTA:
- A Umbanda Esotérica é a mesma Umbanda "tradicional"?
VOVÓ
MARIA CONGA: - A Lei Maior Divina, a Umbanda, é uma só. O que ocorre é que o
dito movimento esotérico tenta resgatar um método de estudo que leve ao conhecimento
mais profundo das coisas ocultas, não se preocupando em demasia com os ritos exteriores.
Em verdade, esse movimento vem resgatar a Umbanda em seus princípios iniciáticos
mais puros e antigos, tornando necessário um maior estudo dos médiuns. Caminha
a nossa sagrada Umbanda para a unificação de sua ritualística.
O
grande desafio dos esotéricos é não afidalgar a Umbanda, e não deixar que o
conhecimento afaste os filhos da simplicidade que deve haver na caridade com os
consulentes que demandam as portas dos terreiros e templos.
PERGUNTA:
- O que é "fazer a cabeça"? Se o pai de terreiro não "fizer a cabeça",
o médium não se desenvolve?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Essa questão muito nos entristece. Há muito filho querendo ser
médium, ser cavalo de Umbanda de qualquer jeito; chegam a procurar um pai-de santo
para fazer a cabeça e firmar o guia ou protetor. O bisonho dessa situação é que
chegam a procurar diversos terreiros, até aqueles que dão certificado para
mostrarem depois que são "cabeça feita". Não se paga para obter a
mediunidade de tarefa e muito menos alguém pode nos capacitar para aquilo que
não temos. Sendo assim, os aproveitadores da fé alheia se fazem presentes, e
isso não tem nada a ver com a Umbanda e suas sagradas leis.
RAMATÍS:
- O Cristo-Jesus dizia: "Quando um cego guia outro, ambos cairão na cova."
Essas palavras devem ter um sentido especial para os diretores espirituais da
Terra nas diversas formas de manifestação do mediunismo. Estais vivenciando a
era dos gurus, o momento que a humanidade começa a se voltar para o holismo: o
homem é um todo indivisível participe do Cosmo. Do Oriente ao Ocidente há
aqueles que se dizem mestres a conduzir aprendizes. A iniciação independe de
diploma ou certificado e nenhum homem ou espírito pode iniciar outro, pois cada
um inicia a si mesmo. Jesus, um verdadeiro mestre espiritual que já esteve
entre vós, nunca iniciou nenhum de seus discípulos ou apóstolos, que eram gente
do
povo,
toscos, mas puros de coração. Lembrai-vos, contudo, da auto-iniciação, muito
bem mostrada no dia de Pentecostes, em que 120 discípulos do Divino Mestre
iniciaram a si próprios, depois de nove dias de silêncio, jejum e meditação.
Demonstra
presunção e arrogância quem diz que vai iniciar alguém ou "fazer a
cabeça" para o capacitar como médium umbandista. O ritual aplicado não
significa iniciação espiritual interiorizada, e a condição para um guia,
protetor, mentor ou anjo guardião se fazer manifestar por um aparelho mediúnico
é o compromisso assumido no Além de longa data, que, por si só, não garante que
tal ocorra se a condição moral do médium for inadequada. Essa situação é uma espécie
de fraude que os mais espertos realizam com os que procuram de todo jeito a mediunidade
para satisfazer as suas vaidades, como se quisessem adquirir um objeto valioso,
que dê status e possa ser mostrado como jóia rara finamente enfeitada e
conquistada com sacrifício.
PERGUNTA:
- Por que são necessárias sete iniciações no desenvolvimento mediúnico da
Umbanda Esotérica para o médium ser considerado apto aos trabalhos ou de "cabeça
feita"?
VOVÓ
MARIA CONGA: - O fato de um médium ter feito as iniciações existentes nesses
locais não o avaliza como instrumento fiel e seguro aos "olhos" do
"lado de cá". Um número determinado de iniciações, seja na mata, no
mar, na cachoeira, na pedreira, ou outros sítios vibratórios junto à natureza,
são antes de mais nada um oferecimento energético que serve como repositório
salutar àqueles que se encontram em desenvolvimento. Se a aptidão mediúnica não
se faz presente no corpo astral, o verdadeiro veículo que deve estar sensibilizado
para o intercâmbio antes da encarnação, não adiantam nada as iniciações, e independem
de quantidade. Ocorre que esse tipo de sistemática facilita o aprendizado e o aparelho
vai se "habituando" com as vibrações dos guias e protetores, até ser
considerado em condições pelo diretor espiritual, ou não, de participar
ativamente das giras de caridade e dos demais trabalhos no terreiro ou templo.
PERGUNTA:
- Observamos em alguns templos uma graduação setenária de classificação
hierárquica dos médiuns. Há como se classificar o corpo mediúnico?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Hierarquia na Umbanda não deve significar superioridade como
quartel militar. Muitas vezes, a mais singela tarefa, como a de recepcionar os
consulentes na entrada do terreiro, é a que requer mais amor e humildade. Logo,
os filhos não devem se envaidecer com títulos, graus ou nomes pomposos.
Acreditamos que os graus hierárquicos podem ser ferramentas eficazes para a
educação mediúnica, como método de estudo e para manter a disciplina
principalmente nas casas maiores.
PERGUNTA:
- Considerando que o desenvolvimento mediúnico se dá pela moralização do médium
e pela capacidade dos seus "dons" de sintonia com o Plano Astral, as
iniciações em matas, cachoeiras, praias, entre outras citadas e utilizadas
pelos umbandistas, não são desnecessárias?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Nas casas sérias, que realmente têm amparo dos bons guias e
protetores da Sagrada Umbanda, filho de fé que não tem moral não entra para a educação
mediúnica, pois não terá condição de ser "cavalo de demanda", ou
médium umbandista. Claro que se os "dons" estão ausentes, se
dispensará qualquer atividade de desenvolvimento ou iniciação na natureza. As
iniciações são necessárias para fortalecimento energético dos médiuns e para
"firmar" as vibrações com as entidades que estão programadas para
trabalhar com o aparelho. "Cavalo" de Umbanda trabalha com fluidos do
Umbral Inferior, com magia, grande quantidade de ectoplasma e energias etéricas
da terra, ar, fogo e água. Por si só, as oferendas e rituais aplicados nesses
locais não garantem a plenitude mediúnica, que deverá vir acompanhada de moral
elevada, conduta reta e sentimento de doação, de exercitar a caridade
desinteressada e inevitavelmente amor ao próximo.
PERGUNTA:
- Os congás, cheios de imagens de todos os tipos, são importantes? Afinal de
contas, o que é um congá?
VOVÓ
MARIA CONGA: - O congá é o local sagrado de todo o cerimonial umbandista. Os
rituais que são aplicados têm no congá o ponto máximo de convergência vibratória
durante os trabalhos magísticos de uma gira de caridade. As vibrações de Oxalá emanam
desse ponto, abrangendo toda a corrente que se forma. Os que adentram em um templo
umbandista ainda não estão em condições de prescindir dos objetos que serão
pontos focais dos pensamentos direcionados para um local em comum, e que
estrutura e mantém a egrégora necessária para a magia. Encontram no congá esse
ponto de referência e fixação (1).
Esses
excessos de imagens são decorrência do sincretismo e sob certo aspecto serviram
muito para acalmar as mentes desajustadas e doentes que, procurando a cura dos
males na Umbanda, encontram na imagem do seu santo de fé a certeza de que ali
resolverão os seus infortúnios, acalmando os corações em desalinho.
1 - Os
templos de todas as correntes religiosas, do passado e do presente, sempre
souberam que se faz necessário um ponto focal - o altar - para centralizar o
conjunto vibratório. Na Antiguidade, usava-se uma chama sobre os altares,
simbolizando a Luz divina, como nos Templos da Luz atlantes, prática herdada
pelos egípcios, hindus, gregos, celtas e até romanos, onde as oferendas de
flores, incenso, perfumes etc., faziam a conexão com as energias da natureza.
Aliás,
entre os celtas, onde foi sacerdote, por exemplo, Allan Kardec, os altares eram
erigidos nas grandes florestas para trabalhar diretamente com as forças
sagradas da natureza. Talvez aos kardecistas muito ortodoxos causasse um choque
emotivo se pudessem vislumbrar a figura austera do mestre de Lyon no papel de
sacerdote druida, de túnica branca, entre os carvalhos da antiga Gália, oficiando
diante dos altares o culto sagrado da mais pura das magias, com a evocação das
forças elementais, reverenciando a Mãe Terra e os espíritos das árvores, com os
belos rituais de harmonização e cura, por intermédio de sons e cânticos
sagrados em que eram mestres os druidas. Não gratuitamente, os guias do
professor Rivail lhe sugeriram adotar o pseudônimo de Allan Kardec. Grandes
energias espirituais de proteção e harmonia deveriam estar ligadas, como numa
"chave" oculta, a esse nome sacerdotal.
O que
ocorre é que alguns congás são uma confusão de tal monta que nem os mais afeitos,
do "lado de cá", a pontos de identificação para os consulentes, de
fixação e eliminação dos fluidos dos elementos utilizados na magia, conseguem
entender. Esses congás mal orientados, carregados de fluidos deletérios e das
baixas entidades do Astral Inferior, nada têm a ver com a imantação que tomará
o congá um corredor de boas correntes, de descargas saudáveis e outros benefícios
da manipulação magística dos pretos velhos e caboclos.
PERGUNTA:
- Parece-nos que há um excesso de hierarquia na Umbanda: legiões, falanges,
sub-falanges, agrupamentos, guias, protetores. Isso é correto?
VOVÓ
MARIA CONGA: - Não classifiquemos como correto ou incorreto. É uma forma de
agrupar as entidades dentro das vibrações dos orixás que lhes são afins e nas quais
laboram na Umbanda. Como existe enorme quantidade de espíritos, incorporantes e
não incorporantes, a maioria ainda sem direito a um aparelho mediúnico, se fez
necessário um método de estabelecer uma rígida hierarquia, com a finalidade
precípua de organizar e não de classificar em superior ou inferior. A maioria
são filhos ainda muito apegados à matéria, ansiosos por reaver o equilíbrio com
as leis cósmicas pelas muitas faltas cometidas na carne.
São
lavradores, carregadores, marujos, sertanejos simples, andarilhos, negros
excluídos, índios maltratados e perseguidos, todos simples e toscos, formando
um gigantesco exército que travará uma enorme e intermitente batalha: levar aos
sofredores consolo e cura, respeitando os ensinamentos do Cristo, o merecimento
e o livre-arbítrio individual, causando alívio aos doentes da alma de todas as
procedências, que procuram a Umbanda aos milhões, diariamente, nessa Terra
chamada Brasil.
Fonte: https://grupodeestudospaibeneditodearuanda.wordpress.com/2013/06/04/novos-livros-para-download-2/
Extratos da Obra: Evolução no Planeta Azul - Ramatis e Vovó Maria Conga
Fonte: https://grupodeestudospaibeneditodearuanda.wordpress.com/2013/06/04/novos-livros-para-download-2/
Extratos da Obra: Evolução no Planeta Azul - Ramatis e Vovó Maria Conga
Rayom
Ra
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