sábado, 31 de agosto de 2013

Sobre a Luz Despertada - Aforismo de Patânjali Comentado


25. A meditação perfeitamente concentrada sobre a luz despertada produzirá a consciência daquilo que é sutil, oculto ou morto.


     Em todos os ensinamentos de natureza ocultista ou mística encontram-se frequentemente referências ao que chamamos “Luz”. A Bíblia têm muitas destas passagens bem como as têm todas as Escrituras do mundo. Muitos termos são aplicados a isto, mas o espaço só nos permite considerarmos os que são encontrados nas diversas traduções dos Aforismos de Yoga de Patânjali, como segue: A Luz Interior Despertada e A Luz na Cabeça (Johnston), A Luz da Cognição Imediata, e Conhecimento Intuitivo (Tatya), Aquela Luz Fulgente e A Luz do Alto da Cabeça (Vivekananda), A Luz da Corona e A Luz da Disposição Luminosa (Ganganatha Jha), A Luz Interior e A Mente Cheia de Luz (Dvivedi), O Resplendor na Cabeça (Woods), A Luminosidade do Órgão Central e A Luz da Atividade Sensorial Superior (Rama Prasad).

     Estudando-se estes termos torna-se aparente que dentro do veículo físico existe um ponto de luminosidade que, quando contatado, lançará a luz do espírito sobre o caminho do discípulo, iluminando assim o percurso, revelando a solução de todos os problemas, capacitando-o a atuar como portador da luz para outros. A natureza desta luz é de um resplendor interno; sua localização é na cabeça, na vizinhança da glândula pineal, e é a atividade da alma que a produz.

     O termo “órgão central”, associado a esta luz, deu origem a muita discussão. Alguns comentaristas referem-no ao coração, outros à cabeça. Tecnicamente, nenhum deles está inteiramente correto, pois para o adepto treinado o órgão central é o veículo causal, o karana sarira, o corpo do ego, o invólucro da alma. Este é o veículo do meio, dos “três veículos periódicos”, que o divino Filho de Deus descobre e utiliza no decorrer de sua longa peregrinação. Estes três veículos têm sua analogia nos três templos que se encontram na Bíblia Cristã.

   1. O transitório e efêmero tabernáculo na mata virgem, típico da alma em encarnação física, persistindo por uma vida.

   2. O Templo de Salomão, mais belo e permanente, típico do corpo da alma ou veículo causal, de duração mais longa, persistindo por eons e cada vez mais revelado em sua beleza, no Caminho, até a terceira iniciação.

   3. O Tempo de Ezequiel, até então não revelado e inconcebivelmente belo, o símbolo do invólucro do espírito, a Casa do Pai, uma das muitas mansões, o “ovo áurico” do ocultista.

     Na ciência da Yoga, que tem de ser trabalhada e dominada no corpo físico, o termo “órgão central” é aplicado à cabeça ou ao coração, e a diferença é, primariamente, de tempo. O coração durante os estágios preliminares de desenvolvimento no Caminho é o órgão central; posteriormente é no órgão central da cabeça que a verdadeira luz terá seu lar duradouro.

     No processo do desabrochar, o desenvolvimento do coração precede ao da cabeça. A natureza emocional e os sentidos desabrocham antes da mente, como se verá se estudarmos a humanidade como um todo. O centro cardíaco se abre antes do centro da cabeça. O amor deve sempre ser desenvolvido antes que o poder possa ser usado com segurança. Assim, a luz do amor deve estar funcionando antes que a luz da vida possa ser conscientemente empregada.

     À medida que o centro do lótus do coração se abre e revela o amor de Deus, através da meditação um desabrochar sincrônico ocorre no interior da cabeça. O lótus de doze pétalas na cabeça (que é a correspondência superior do centro do coração e o intermediário entre o lótus egóico de doze pétalas em seu próprio plano e o centro da cabeça) desperta. A glândula pineal é gradualmente levada de um estado de atrofia à plena atividade e o centro de consciência é transferido da natureza emocional para a consciência da mente iluminada. Isto marca a transição que o místico tem que fazer para o caminho do ocultista, mantendo, como sempre o faz, seu conhecimento e consciência místicos, mas adicionando a ele o conhecimento intelectual e o poder consciente do ocultista e iogue treinado.

     Do ponto de poder na cabeça o iogue dirige todos os seus negócios e empreendimentos, lançando sobre todos os acontecimentos, circunstâncias e problemas a “luz interior despertada”. Nisso ele é guiado pelo amor, visão interna e sabedoria, que lhe pertencem por transmutação de sua natureza amor, pelo despertar de seu centro do coração e pela transferência dos fogos do plexo solar para o coração.

     Seria muito pertinente aqui a questão: “Como é realizada a junção entre a cabeça e o coração, produzindo a luminosidade do órgão central e a emissão do resplendor interno?” Resumindo, podemos dizer que pode ser feito do seguinte modo:

   1. Pela Subjugação da Natureza Inferior – o que transfere a atividade de toda a vida abaixo do plexo solar e inclusive o plexo solar, para os três centros acima do diafragma: a cabeça, o coração e a garganta. Isto é feito através da vida, do amor e do serviço, não por meio de exercícios respiratórios ou posturas para desenvolvimento.

   2. Pela Prática do Amor – a focalização da atenção sobre a vida do coração e serviço, e pela conscientização de que o centro do coração é o reflexo da alma do homem e que esta alma, do trono ou assento entre as sobrancelhas, deve guiar os assuntos do coração.

   3. Por um Conhecimento de Meditação – Pela meditação, que é a exemplificação do aforismo básico da Yoga “a energia segue o pensamento”, todos os desabrochamentos e desenvolvimentos que o aspirante deseja, ocorrem. Pela meditação, o centro do coração, que no homem não desenvolvido é representado como um lótus fechado virado para baixo - é invertido, virado para cima e aberto. Em seu coração está a luz do amor. O resplendor desta luz, sendo voltado para o alto, ilumina o caminho para Deus, mas não é o Caminho, exceto no sentido de que enquanto palmilhamos aquilo que o coração deseja (num sentido inferior) esse caminho nos leva ao próprio Caminho.

     As coisas ficarão mais claras se nos conscientizarmos de que parte do caminho está dentro de nós mesmos, e isto o coração revela. Ele nos leva à cabeça, onde encontramos o primeiro portal do Caminho propriamente dito e entramos na parte do caminho da vida que nos afasta da vida corporal, até a completa libertação da experiência na carne e nos três mundos.

     É tudo um caminho só, mas o Caminho de Iniciação tem que ser trilhado conscientemente pelo pensador, atuando através do órgão central da cabeça e, dali, inteligentemente, atravessando o Caminho que leva através dos três mundos, ao reino ou reinado da alma. Pode-se afirmar aqui que o despertar do centro do coração leva o homem à consciência da fonte do centro do coração, dentro da cabeça. Isto, por sua vez, leva o homem ao lótus de doze pétalas, o centro egóico nos níveis superiores do plano mental. O caminho do centro do coração até a cabeça, quando seguido, é o reflexo, no corpo, da construção do antakarana no plano mental. “Como é em cima, assim é embaixo”.

  4. Pela Meditação Perfeitamente Concentrada na Cabeça. Isto produz, automaticamente, maior estímulo e o despertar dos centros ao longo da coluna, cinco em número, desperta o sexto centro. O que está entre as sobrancelhas, e em tempo revelará ao aspirante a saída no topo da cabeça, que pode ser vista como um radiante circula de pura luz branca. Este começa como mero ponto e passa por vários estágios de crescente glória e luz radiante, até que o próprio Portal se revela. Nada mais é permitido dizer sobre este assunto.

     Esta luz na cabeça é o grande revelador, o grande purificador, e o meio pelo qual o discípulo cumpre o mandamento do Cristo, “Deixa Tua Luz Brilhar”. E o “Caminho do justo que brilha cada vez mais e mais até o dia perfeito”. É isso que produz o halo ou círculo de luz visto em torno das cabeças dos filhos de Deus que já receberam sua herança ou que estão por recebê-la.

     Através desta luz, como indica Patânjali, nos tornamos cônscios do que é sutil, ou das coisas que só podem ser conhecidas pela utilização consciente de nossos corpos sutis. Estes corpos sutis são os meios pelos quais atuamos nos planos internos, tais como o plano emocional ou astral, e o mental. Atualmente a maioria de nós funciona nestes planos inconscientemente. Através desta luz também nos tornamos conscientes daquilo que está oculto ou que ainda não foi revelado. Os Mistérios são revelados ao homem cuja luz estiver brilhando e ele se tornará um conhecedor. O que é remoto ou o futuro também lhe é revelado.
                                              [A Luz da Alma – Alice A. Bailey]
Rayom Ra

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2 comentários:

  1. Respostas
    1. Que bom que você gostou KaryEl. As obras de A.A. Bailey são esclarecedoras.

      Muita Paz,
      R/R

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