segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Lições de Ocultismo (II) - Djwal Kuhl

SALVAÇÃO DE NOSSOS PENSAMENTOS-FORMA

     Falo agora aos aspirantes que, através da concentração e da meditação, estão ganhando poder no pensamento. Falo aos pensadores do mundo que, através de sua aplicação concentrada e devoção aos negócios, à ciência, à religião, ou aos variados modos da atividade humana, orientaram à mente (não às emoções, mas à mentalidade) para alguma linha de constante ação que é, necessariamente, uma parte da atividade divina, no sentido amplo.

     Está certo aqui, no uso do pensamento, que a diferença entre a magia negra e a branca possa ser vista. O egoísmo, a grosseria, o ódio e a crueldade caracterizam o trabalhador na substância mental, cujos motivos estão, por muitas vidas, centrados em torno de seu próprio engrandecimento, focalizados em sua aquisição pessoal de posses e dirigidos inteiramente para a conquista de seu próprio prazer e satisfação, pouco importando o que isto possa custar aos demais. Tais homens são felizmente poucos, mas o caminho para tal ponto de vista é fácil alcançar e muitos precisam guardar-se de que não trilhem impensadamente o caminho para a materialidade.

     Um crescimento gradual e firme na consciência e responsabilidade do grupo, a submissão dos desejos do eu pessoal e a manifestação de um espírito amoroso, caracterizam aqueles que estão orientados para o lado da vida do todo divino. Pode-se dizer que os seres humanos caem em três grupos principais:

     1. A vasta maioria que não é nem boa nem má, mas simplesmente não pensa, estando inteiramente submersa na maré evolutiva, no trabalho de desenvolver uma verdadeira consciência de si mesma e o necessário equipamento.

   2. Um número pequeno, muito pequeno, que está trabalhando definida e conscientemente no lado da materialidade – ou se preferirem que assim me expresse – no lado do mal. Eles são poderosos no plano físico, mas seu poder é temporal, não eterno. A lei do universo, que é a lei do amor, está eternamente contra eles, e fora do mal aparente surgirá o bem.

    3. Considerável número, que são os pioneiros “no reino da alma”, que são os expoentes das ideias da Nova Era e os custodianos daquele aspecto da Sabedoria Eterna, que será proximamente revelada à humanidade. Este grupo é constituído dos homens e mulheres inteligentes e altruístas em todo campo do esforço humano, dos aspirantes e discípulos, dos iniciados que emitem a nota para os vários grupos e tipos, e da própria Hierarquia Oculta. A influência deste grupo de místicos e conhecedores é extraordinariamente grande e a oportunidade para trabalhar em cooperação com ele neste tempo é mais fácil alcançar do que em qualquer outra época da história da raça.
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     O primeiro grupo não pensa; os outros dois grupos estão começando a pensar e a empregar as leis do pensamento. É com o uso do pensamento pelo aspirante que eu procuro lidar. Encontrar-se-á muito sobre o pensamento em Um Tratado Sobre o fogo Cósmico, mas pretendo dar algumas ideias práticas e sugestões que ajudarão ao aspirante médio a trabalhar como devido.

   Lembremos antes de tudo que nenhum aspirante, não importa quão sincero e devotado, esteja livre de falhas. Estivesse ele livre, seria então um Adepto. Todos os aspirantes ainda são egoístas, ainda inclinados à irritabilidade e às manifestações de gênio, ainda sujeitos à depressão e até, às vezes, ao ódio. Em ocasiões, aquelas manifestações do gênio e do ódio podem ser consequências do que nós chamamos justas causas. A injustiça de parte dos outros, a crueldade com os seres humanos e animais e os ódios e vícios de seus semelhantes, despertam reações correspondentes e provocam neles muito sofrimento e atraso. Uma coisa precisa ser sempre lembrada: se um aspirante despertar ódio num companheiro, se despertar suas manifestações de gênio e deparar-se com o desgosto e o antagonismo, é porque ele próprio não está inteiramente inofensivo; há ainda nele sementes do distúrbio, porque é uma lei da natureza que nós recebemos o que doamos, produzindo reações em conformidade com nossas atividades, sejam elas físicas, emocionais ou mentais.

     Há certos tipos de homens que não ficam sob esta categoria. Quando um homem tiver alcançado uma etapa de alta iniciação, o caso é diferente. As ideias cujas sementes ele procura espalhar, o trabalho que ele é fortalecido a realizar, a iniciativa pioneira que se esforça por levar adiante, podem – e muitas vezes conseguem – despertar daqueles que não sentem a beleza de sua causa e a correção da verdade que enuncia, um ódio e uma fúria que o perturbam muito e pelos quais ele não é pessoalmente responsável. Este antagonismo vem dos reacionários e dos devotos da raça, e dever-se-ia lembrar que ele é grandemente impessoal mesmo que focalizado nele como o representante de uma ideia. Mas com estas elevadas almas eu não lido e sim com os estudantes da Sabedoria Eterna que estão aprendendo não somente que eles raramente pensam, e quando o fazem estão muitas vezes errando, pois eles são forçados à atividade do pensamento por reações que têm sua sede em sua natureza inferior e estão baseados no egoísmo e na falta do amor.

     Há três lições que todo aspirante precisa aprender:

     PRIMEIRA – Todo pensamento-forma que ele constrói, constitui-se sob o impulso de alguma emoção ou desejo; em casos mais raros pode ser construído na luz da iluminação e incluir, por isso, alguma intuição. Mas com a maioria, o impulso motivador que põe em atividade a matéria mental, é emocional ou de um potente desejo: seja bom ou mal, egoísta ou altruísta.

    SEGUNDA – Deve-se ter em mente que o pensamento-forma, assim construído, ou permanecerá em sua própria aura ou encontra seu caminho para um objetivo palpável. No primeiro caso, ele fará parte de uma densa parede de tais pensamentos-forma que o cercam inteiramente, ou constituem sua aura mental, e crescerá em força à medida que ele lhe dê atenção, até que se torne tão grande que fechará a realidade para o estudante. Ou será tão dinâmico e potente que o fará vítima do que construiu. O pensamento-forma será mais poderoso que seu criador, de maneira que este se torna obsedado por suas próprias ideias e conduzido por sua própria criação. No segundo caso, seu pensamento-forma encontrará o caminho para a aura mental de outro ser humano ou para algum grupo.

     Vocês têm aqui as sementes do trabalho mágico maléfico e a imposição de uma mente poderosa sobre uma mais fraca. Se ele encontrar o caminho para algum grupo, análogas formas impulsivas – encontradas na aura do grupo – unir-se-ão a ele, tendo a mesma medida ou onda vibratória. Então, a mesma coisa ocorrerá na aura do grupo, tal como ocorreu no círculo-não-se-passa individual. O grupo terá em torno de si uma parede inibitória de pensamentos-forma ou será obsedado por alguma ideia. Aqui temos a chave para todo o sectarismo, para todo o fanatismo e para algumas formas de insanidades, tanto grupal como individual.

    TERCEIRA – O criador do pensamento-forma – neste caso um aspirante – permanece responsável. A forma permanece ligada a ele por seu propósito vivo, portanto, o carma dos resultados e o trabalho final da destruição daquilo que ele terá construído, deve ser seu. Isto é verdadeiro para cada idéia incorporada, tanto a boa quanto a má. O criador de todas elas é responsável pelo trabalho de sua criação.

     Mestre Jesus, por exemplo, ainda terá que lidar com os pensamentos-forma que nós chamamos de Igreja Cristã, e terá muito a fazer. Cristo e Buda ainda têm algum trabalho consumidor para desenvolver, embora não tanto com as formas que incorporam seus princípios enunciados, como com as almas que evoluíram através da aplicação daqueles princípios.

     Com o aspirante, todavia, que está aprendendo a pensar, o problema é diferente. Ele ainda está inclinado a usar a matéria do pensamento para incorporar sua apreensão errônea das ideias reais. Está ainda apto a expressar seus gostos e desgostos através do pensamento. Está ainda inclinado a usar a matéria mental para possibilitar seus desejos da personalidade. A isto todo aspirante sincero tem de testemunhar. (1)
                                                       . . .

     (1) “Estes enunciados do Mestre D.K. causam-nos preocupações. Não é de hoje que lemos com frequência acerca de premissas da magia astral e mental. Há ideias emitidas por homens dos meios ocultistas, insistentemente repetidas, que acabaram por tornarem-se “axiomas tão verdadeiros” que não se ouse contrariá-los.

     Os princípios evolucionários naturais quando tratados erradamente pelos homens que se achavam formidáveis, pelo fato de possuírem certa gama de conhecimento teórico e discurso convincente – mas nem sempre fiel indicativo de proveitosas realizações daí a escreverem livros de magia e ganharem títulos, induziram a fazer crer que foram dominadores. Seus trabalhos, como não pudessem mesmo trazer bons resultados, ou encaminhassem para a outra margem da magia, levaram, no mínimo, a conflitos.

     Sabemos que tanto o sucesso quanto o fracasso rondaram sempre estudantes e praticantes de filosofias, religiões ou do ocultismo em seus gerais ou restritos segmentos, dependendo muito, estes resultados, daquilo onde os interessados estiveram envolvidos. E através dos tempos, também “magos”, nos refluxos de seus pensamentos-forma, demonstraram terminar suas vidas em estados bem diversos do que apregoavam”. [Rayom Ra]

   Sente-se muita preocupação entre muitos de vocês quanto à guarda dos pensamentos e à proteção das ideias formuladas. Alguns pensamentos são ideias revestidas de matéria mental e guardam seu habitat no plano mental. Tais são as concepções abstratas e os fatos raramente percebidos da vida interna mística ou oculta que passam através da mente do pensador. Eles não são tão difíceis de guardar, pois suas vibrações são tão altas e leves que poucas pessoas têm o poder de revesti-los adequadamente de matéria mental, e aqueles poucos são tão raros que o risco de tais conceitos serem promulgados de maneira imprudente não é muito grande.

     Então há as comunicações envolvidas no ensinamento oculto. O círculo daqueles que os alcançam está de certo modo se alargando e esses pensamentos-forma frequentemente tomam, para si próprios, matéria astral do desejo, no coração do estudante, em verificar, corroborar e compartilhar com o grupo, cujo conhecimento e tão vital quanto o seu. Algumas vezes isto é possível, e outras vezes não. Se proibido, qual é o método de proteção então? Grandemente uma recusa em permitir que a matéria do plano astral adira ao pensamento-forma mental. Combater a questão no nível do desejo e impedir que aquele tipo de matéria seja formulado. Onde não existe o desejo de falar e onde a aspiração é impedir a reunião do material em torno do núcleo, outro pensamento-forma é construído, que intervém e protege.

     Ainda outro tipo de pensamento forma surge – o mais prevalente e o que causa a maior perturbação. São esses os fatos da informação, do material detalhado, das notícias – se assim preferirem chamá-las - a base do que pode degenerar em mexericos, que concernem ou ao seu trabalho administrativo ou de outro tipo, e das que dizem respeito às outras pessoas. Como vocês impedirão suas mentes de transmitir para outra, fatos como estes? São fatos que têm sua origem na ocorrência do plano físico, e nisto está a dificuldade. Os fatos internos da vida oculta e aqueles que se originam no plano mental não são tão difíceis de ocultar. Eles não chegam ao seu caminho senão quando as vibrações que você emite estejam sintonizadas suficientemente para eles, e, como uma regra, quando assim é, um caráter de suficiente estabilidade e sabedoria acompanha paripassu.

     Mas não é assim como um fato no plano físico. Que deve ser feito? Os outros pensamentos descem do alto; estes últimos tentam elevar-se do plano físico e crescem em vitalidade pelo conhecimento dos muitos - frequentemente dos muitos imprudentes. Uma espécie começa nebulosamente no plano mental e somente o tipo superior da mente pode formulá-la e revesti-la de matéria com precisão geométrica, e tal mente habitualmente tem a sabedoria que recusa revesti-la na matéria do plano astral. Não é assim com o fato do plano físico. Ele é uma entidade vital, envolvida em matéria do plano astral e do plano mental quando você o encontra e com ele entra em contato pela primeira vez. Você irá vitalizá-lo ou contê-lo?

     Contenha-o por um impulso e onda de amor pela parte implicada, que envolva o pensamento-forma e o envie de volta para o emissor, levado nas asas de uma onda de matéria do plano astral, forte bastante para movimentar-se em todas as direções, talvez desintegrar-se, mas quase certamente devolvê-lo inofensivamente a quem o enviou. Desvitalize-o pelo amor, faça-o em pedaços pelo poder de um contra-pensamento-forma de paz e harmonia.

     Ou, outra vez, pode ser verdadeiro, alguma ocorrência ou ação má ou triste de algum irmão equivocado. Que deve então ser feito? A verdade não pode ser desvitalizada ou desintegrada. A Lei da Absorção o ajudará aqui. Em seu coração você absorverá o pensamento-forma que encontrar e lá o transmutará pela alquimia do amor. Permitam que eu seja prático e ilustre, pois o assunto é de importância.

    Algum irmão chega a você e lhe conta um fato sobre outro irmão – um fato envolvendo o que o mundo chamaria do malfeito da parte daquele irmão. Você que sabe tanto mais que o homem comum da rua, compreenderá que aquilo que é chamado malfeito pode ser apenas o cumprimento do carma, ou ter sua base num bom motivo construído erradamente. Não acrescente nada à conversa, não leve adiante a informação. Deste modo, no que a você concerne, o pensamento-forma, construído em torno do fato, terá alcançado o que vocês chamam um beco sem saída.

     Que fazer então? Construa uma corrente contrária de pensamentos que (numa onda de amor) você enviará ao seu aparentemente errante irmão: pensamentos de bondosa assistência, de coragem e aspiração, e de uma sábia aplicação das lições a serem aprendidas do fato que ele realizou. Não use a força, pois os pensadores fortes não devem influenciar indevidamente outras mentes, mas enviar uma suave corrente de sábio amor transmutador. (2)

     Temos aqui três métodos, nenhum estritamente oculto, pois serão fornecidos ao alcance de muitos:
  1. O pensamento-forma mantido em níveis mentais, i.é., a inibição da matéria do plano astral.
  2. O pensamento-forma rompido e desintegrado por uma corrente de força-amor bem dirigida.
  3. O pensamento-forma sendo absorvido pela formulação de um contra-pensamento de amorosa sabedoria.

     (2) “Aqui se encaixam alguns conceitos de reais praticidades, esposados pela Nova Era, tão criticada por alguns seguidores unicamente do ocultismo formal e tradicional.

     As frequentes mentalizações e verbalizações dos apelos para formações de tubos de proteções em torno dos solicitantes, as técnicas invocadoras para as armas mentais de domínios do Eu Sou agindo sobre as auras de pessoas ou objetos, os apelos para as chamas atuarem em torno e através de situações conflitantes ou perigosas; contra as formas-pensamento astrais-mentais, contra elementais criados pela magia negra e contra todas as demais situações desconfortáveis de ameaças conhecidas ou ocultas, exercem, as mencionadas práticas oficialmente instituídas pela Grande Fraternidade Branca Universal, efeitos salutares e rápidos que batem com as recomendações de Mestre D.K., nestas suas exposições ocultistas.

     A Chama Violeta, por exemplo, conduz na sua inerência o poder de consumir tudo o que seja feio, desagradável e prejudicial, ou mesmo em determinadas práticas mentais especialmente dirigidas, transmuta para o belo. As chamas conhecidas num passado quase imemorial, onde seus poderes eram secretos e utilizados somente por sacerdotes iniciados nos mistérios, hoje se espalham livremente por todo o mundo, nesta Nova Era em que o planeta Terra adentra.

     Os praticantes isolados obtêm naturalmente bons resultados, sendo necessárias disciplina e práticas constantes. Outros, sem facilidades para exercícios individuais, obtêm do mesmo modo resultados formidáveis em correntes esotéricas de grupos ou fraternidades, onde os coletivos geram e melhor dirigem ondas mais consistentes das chamas, ou incorporam com maior facilidade as novas energias de Aquário para as múltiplas situações solicitadas.

     Note-se que o Mestre D.K. cabalista-mago do passado, de grande conhecimento e sabedoria - é também um dos mentores da Nova Era, onde contribui com a elaboração de muitos rituais e revelações de apelos e decretos para a salvaguarda da humanidade, nestes tempos de constantes ações usurpadoras pelos poderes negros”. (Rayom Ra)

                                    INIBIÇÃO – DESINTEGRAÇÃO – ABSORÇÃO

     Há três principais penalidades que se ligam ao uso errado da substância do pensamento e deles o aspirante deve aprender a salvar-se e a evitar suas atividades. Finalmente isto tornará o processo da salvação desnecessário.

     1. Um potente pensamento-forma poderá agir como um boomerang. Ele pode voltar carregado com acelerada velocidade àquele que o enviou para a sua missão. Um forte ódio, revestido de matéria mental, pode voltar para o seu criador carregado com a energia da pessoa odiada, e pode daí trabalhar devastadoramente na vida do aspirante. Não odeiem, pois o ódio volta sempre para a sua origem. Há uma profunda verdade no antigo aforismo: “As maldições, como as galinhas, vêm para casa dormir”.

  Um potente desejo pela aquisição material, finalmente voltará trazendo inevitavelmente aquilo que tenha sido desejado, somente para achar, na maioria dos casos, que o aspirante não tem mais desejo veemente de posse, mas a considera como um incubo, ou, nesse meio tempo, já possui mais do que necessita e está saciado, não sabendo o que fazer com tudo o que ganhou.

   Um potente pensamento-forma incorporando uma aspiração pela iluminação espiritual ou pelo reconhecimento ao Mestre pode trazer tal fluxo de luz que chegue a cegar o aspirante e torná-lo, consequentemente, o possuidor de tal riqueza de energia espiritual, para a qual não se acha preparado, e que ele não pode usar. Novamente, ele pode atrair para o aspirante um pensamento-forma de um dos Grandes, e assim impulsioná-lo mais para o fundo do mundo da ilusão e astralismo. Daí a necessidade da humildade, de um anseio em servir e de um resultante “esquecimento de si próprio”, se alguém pretender construir verdadeira e corretamente. Tal é a Lei.

     2. Um pensamento-forma pode também agir como um agente venenoso e envenenar todas as fontes de vida. Pode não ser potente bastante para se projetar para fora da aura de seu criador – muitos poucos pensamentos-forma o são - e encontrar seu objetivo numa outra aura para ali reunir forças e assim voltar de lá de onde veio, mas ele pode ter uma vitalidade própria a devastar a vida do aspirante.

     Um violento desgosto, aborrecimento corrosivo, ciúme, constante ansiedade, a saudade por alguma coisa ou por alguém, podem agir tão potentemente quanto um irritante ou veneno que inutilize a vida inteira, causando ao serviço torná-lo fútil. A vida inteira é amargada e desvitalizada pelo aborrecimento, ódio ou desejo corporificados. Todos os relacionamentos com outras pessoas se tornam igualmente fúteis, ou mesmo definidamente daninhos, pois o estudante aborrecido ou suspeito estraga o círculo familiar ou seu grupo de amigos por sua atitude interior envenenada, governada por uma ideia.

     Sua relação com a própria alma e a força do contato com o mundo de ideias espirituais ficam paralisadas, pois ele não pode prosseguir, sendo contido pelo veneno em seu sistema mental. Sua visão se torna distorcida, sua natureza corroída e todas as suas relações bloqueadas pelos pensamentos cansativos, irritantes, a que ele mesmo deu formas, e que têm uma vida tão poderosa que podem envenená-lo. Ele não pode se livrar sozinho deles, pouco importando quão arduamente o tente, ou quão claramente o veja (ou teoricamente sinta) a causa de sua perturbação. Esta é uma das formas mais comuns de dificuldades, pois ela tem a base na vida pessoal egoísta e é muitas vezes tão fluídica que parece desafiar a ação direta.

     3. O terceiro perigo contra o qual o aspirante precisa guardar-se é o de se tornar obsedado por suas próprias ideias corporificadas, sejam elas temerariamente certas ou basicamente errôneas. Não se esqueçam de que todas as ideias certas são temporárias em natureza e deverão finalmente tomar o seu lugar como acertos parciais, e dar lugar à verdade maior. Um homem pode ter alcançado alguns dos princípios menores da Sabedoria Eterna tão claramente, e ficar tão convencido de sua correção, que o todo maior é esquecido, e ele constrói um pensamento-forma sobre a verdade parcial que ele viu, a qual pode provar ser uma limitação e mantê-lo prisioneiro impedindo-o de prosseguir.
  
     Ele fica tão certo de sua possessão da verdade que não consegue ver a verdade de ninguém mais. Pode estar tão convencido da realidade de seu próprio conceito corporificado do que a verdade possa ser que esquece suas próprias limitações cerebrais, e que a verdade chegou a ele através de sua própria alma, consequentemente colorida pelo seu raio, sendo subsequentemente construída na forma por sua mente separativa pessoal. Ele vive apenas para aquela pequena verdade; não pode ver nenhuma outra; ele força seu pensamento-forma sobre outras pessoas; ele se torna o obsedado fanático e, assim, mentalmente desequilibrado, mesmo que o mundo o considere são.

   Como um homem guardar-se-á destes perigos? Como ele construirá corretamente? Como preservará aquele equilíbrio que o capacitará a ver verdadeiramente, julgar corretamente e assim preservar seu contato mental com sua alma e com as almas de seus semelhantes?

     Primeiro e acima de tudo pela constante prática da inofensividade. Isto envolve a inofensividade no falar, no pensamento e consequentemente na ação. É uma inofensividade positiva, envolvendo constante atividade e vigilância; não é uma tolerância fluídica e negativa.

     Em segundo lugar, por uma guarda diária das portas do pensamento e uma supervisão da vida do pensamento. Certas linhas de pensamento não serão permitidas; certos velhos hábitos de pensar serão expelidos pela instituição do pensamento construtivo criador; certas ideias preconcebidas (registrem o valor esotérico desta frase) serão relegadas para a retaguarda, de modo que os novos horizontes sejam visualizados e as novas ideias possam entrar. Isto incluirá uma vigilância diária, horária, mas somente quando os velhos hábitos tiverem sido superados é que o novo ritmo será estabelecido. Então o aspirante descobrirá que a mente está tão focalizada nas novas ideias espirituais que os velhos pensamentos-forma não conseguirão reter a atenção. Eles morrerão de inanição. Há encorajamento neste pensamento. O trabalho dos três primeiros anos será o mais árduo. Depois disto a mente reclamará pelas ideias e não pelos pensamentos-forma.

     Em terceiro lugar, recusando viver no mundo dos próprios pensamentos e penetrando no mundo das ideias e da corrente dos pensamentos humanos. O mundo das ideias é o mundo da alma e da mente superior. A corrente dos pensamentos humanos e das opiniões é aquela da consciência pública e da mente inferior. O aspirante precisa funcionar livremente em ambos os mundos. Observem isto cuidadosamente. O pensamento não é que deva funcionar livremente, o que envolve mais a idéia da facilidade. Mas que ele deva funcionar como um agente livre em ambos os mundos. Através da constante meditação diária ele faz o primeiro. Através da ampla leitura, do acolhedor interesse e compreensão ele realiza o segundo.

     Em quarto lugar, ele precisa aprender a libertar-se de suas próprias criações do pensamento e deixá-las livres para realizar o propósito para o qual ele inteligentemente as criou. Este quarto processo se divide em duas partes:

    1. Pelo uso de uma frase mística ele rompe o elo que mantêm uma ideia corporificada em sua aura de pensamento.

   2. Libertando a mente da ideia, uma vez ele a tenha enviado para sua missão, ele aprende a lição do Bhagavad Gita e “trabalha sem apego”.

     Estes dois pontos variarão de acordo com o crescimento e status do aspirante. Cada um tem, por si mesmo, de formular sua própria “frase de separação” e cada um tem que, por si mesmo, sozinho e sem ajuda, aprender a se desligar dos três mundos em que trabalha, em seu esforço para impulsionar sua idéia do trabalho a ser feito.

     Ele tem que ensinar a si próprio a retirar sua atenção do pensamento-forma que construiu, onde aquela ideia está corporificada, sabendo que assim como ele vive como uma alma e a energia espiritual se derrama através dele, também seu pensamento-forma expressará a ideia espiritual e realizará sua obra. Ele é mantido unido pela vida da alma e não pelo desejo da personalidade. Os resultados tangíveis são sempre dependentes da força do impulso espiritual animando sua ideia, a qual está corporificada em seu pensamento-forma. Sua obra está no mundo das ideias e não nos efeitos físicos. Automaticamente os aspectos físicos responderão ao impulso espiritual.                                 

                                                            [Segue Parte III]
                                             [Um tratado Sobre Magia Branca]

Rayom Ra

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