quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Lições de Ocultismo (III) - Djwal Kuhl



                                                   SALVAÇÃO DA MORTE – [A]      

   Chegamos agora à segunda fase dos nossos estudos das palavras finais da Regra XI. Lidamos com a salvação dos perigos incidentes à criação dos pensamentos-forma por um ser humano que aprendeu, ou está aprendendo, a criar no plano mental. Muito poderia ter sido dito do ponto de vista da incapacidade da maioria dos estudantes para pensar com clareza. O pensador claro envolve a capacidade de se dissociar, pelo menos temporariamente, de todas as reações e atividades de uma natureza emocional. Enquanto o corpo astral estiver em movimentação incessante e seus estados de ânimo e sentimentos, seus desejos e emoções forem poderosos bastante para atrair a atenção, os processos de pensamentos positivos puros não serão possíveis. Até que venha o tempo em que haja uma apreciação mais geral do valor da concentração e meditação, e até que a natureza da mente e suas modificações sejam mais universalmente compreendidas, qualquer ulterior instrução sobre o assunto será fútil.

   Nestas instruções procurei dar uma indicação dos primeiros passos na psicologia esotérica e lidamos primariamente com a natureza e modo de treinamento do corpo astral. Mais tarde, neste século (séc. XX), a psicologia da mente, sua natureza e modificações poderão ser manejadas com mais detalhes. Mas ainda não é chegado o tempo. Nosso assunto agora é a salvação da natureza corporal através do processo da morte.

   Duas coisas precisam ser mantidas na mente ao procurarmos estudar os meios desta salvação:

   Primeiro, pela natureza corporal eu penso na personalidade integrada, ou no equipamento humano do corpo físico, veículo vital ou etérico, a substância (ou modo de ser) da natureza do desejo, e a matéria mental. Estas constituem os invólucros ou formas exteriores da alma encarnada. O aspecto consciência é algumas vezes focalizado numa e algumas vezes noutra, ou se identifica com a forma ou com alma.

   O homem comum trabalha com facilidade e autoconsciência nos corpos físico e astral. O homem inteligente e altamente evoluído acrescentou a estes dois o controle consciente de seu equipamento mental, embora somente em alguns de seus aspectos, tais como a faculdade de memorizar e analisar.  Ele também em alguns casos foi bem sucedido na unificação destes três numa personalidade funcionando conscientemente.

   O aspirante começa a compreender algo do princípio da vida que anima a personalidade, ao passo que o discípulo já utiliza todos os três, porque ele coordenou ou alinhou a alma, a mente e o cérebro, e está, portanto, começando a trabalhar com aspectos do equipamento subjetivo, ou de energia.                                          

   Em segundo lugar, esta salvação é alcançada através de uma compreensão correta da experiência mística à qual chamamos de morte.
Este deve ser nosso tema e o assunto é tão imenso que eu posso somente indicar algumas linhas, segundo as quais o aspirante pode pensar e colocar certas premissas que poderá mais tarde elaborar. Nós nos limitaremos também, primeiramente, à morte do corpo físico.

   Vamos, antes de tudo, definir este misterioso processo ao qual todas as formas estão sujeitas e que é o temido fim – frequentemente temido porque não é compreendido. A mente do homem é tão pouco desenvolvida que o medo do desconhecido, o terror do não familiar e o apego à forma criaram uma situação onde uma das mais benéficas ocorrências no ciclo de vida de um Filho de Deus encarnado é considerada como algo a ser evitado e adiado por tanto tempo quanto possível.

                                                         O Terror Pela Morte

   A morte, se pudéssemos conscientizá-lo, é uma de nossas atividades mais praticadas. Nós temos morrido muitas vezes e morreremos muitas outras vezes. A morte é essencialmente um assunto de consciência. Nós estamos conscientes num momento do plano físico, e instante depois nos retiramos para outro plano, onde lá ficamos ativamente conscientes. Na medida em que nossa consciência estiver identificada com o aspecto forma, a morte conservará para nós o seu antigo terror. Tão logo nos conheçamos como almas e descubramos que somos capazes de focalizar nossa consciência, ou sentido de consciência, em qualquer forma ou em qualquer plano, voluntariamente, ou em qualquer direção dentro da forma de Deus, não mais conheceremos a morte.

   A morte, para o homem comum é o cataclísmico fim, envolvendo o término de todas as relações humanas, a cessação de toda a atividade física, a rotura de todos os sinais de amor e afeição e a passagem (não desejada e sob protesto) para o desconhecido e o temido. Ela é análoga ao deixar-se um aposento iluminado e aquecido – amigo e familiar – onde nossos bem-amados estão reunidos, e sair para a noite fria e escura, sozinho e tomado pelo terror, esperando pelo melhor, sem ter certeza de coisa alguma.

   Mas as pessoas conseguem esquecer que toda noite, nas horas de sono, nós morremos para o plano físico e estamos vivos e ativos nos demais. Esquecem que já alcançaram a facilidade em deixar o corpo físico; porque não podem por enquanto trazer de volta para a consciência do cérebro físico, a lembrança daquela saída e do subsequente intervalo de vida ativa; não conseguem relacionar a morte com o sono.

   A morte, afinal de contas, é somente um intervalo mais longo na vida do funcionamento do plano físico; a pessoa terá apenas “saído” por um período mais longo. Mas o processo do sono diário e o processo da morte ocasional são idênticos, com a única diferença de que, no sono, o fio magnético ou corrente de energia pelo qual a força da vida circula, é preservado intacto e constitui o caminho de volta para o corpo. Na morte este fio se parte ou rompe. Quando isto acontece, a entidade consciente não pode voltar ao corpo físico denso e aquele corpo, por falta de princípio de coesão, então se desintegra.

   Deve-se lembrar de que o propósito e a vontade da alma, a determinação espiritual de ser e fazer, utiliza o fio da alma, o sutratma, a corrente da vida, como seu meio de expressão na forma. Esta corrente de vida se diferencia em duas correntes ou dois fios quando alcança o corpo e “ancora”, se assim posso expressá-lo, em duas localizações naquele corpo. Isto é simbólico das diferenciações de Atma ou Espírito, em seus dois reflexos, alma e corpo.

   A alma, ou aspecto consciência, aquele que torna um ser humano numa entidade pensante, racional, é “ancorada” por um aspecto deste fio da alma num “assento” no cérebro, encontrado na região da glândula pineal. O outro aspecto da vida que anima todo átomo do corpo e que constitui o princípio da coesão ou da integração, encontra seu caminho no coração e é focalizado ou “ancorado” ali. Destes dois pontos, o homem espiritual procura controlar o mecanismo. Assim se torna possível funcionar no plano físico e a existência objetiva se torna um modo temporário de expressão. A alma, assente no cérebro, torna o homem uma entidade racional, inteligente, autoconsciente e autodiretora; ele fica consciente numa gradação variável, do modo no qual vive, de acordo com o ponto de evolução e consequente desenvolvimento do mecanismo.

   Aquele mecanismo é tríplice em expressão. Há, antes de tudo, os nadis e os sete centros de força; depois o sistema nervoso em suas três divisões: cérebro espinhal, autônomo e periférico; então há o sistema endócrino, que poderia ser considerado como o aspecto mais denso ou exteriorização dos outros dois.

   A alma, assente no coração, é o princípio vital, o princípio da autodeterminação, o núcleo central da energia positiva, através da qual os átomos do corpo são conservados em seus lugares certos e subordinados à “vontade-de-ser” da alma. Este princípio da vida utiliza a corrente sanguínea como seu modo expressão e sua agência controladora, e através da íntima relação do sistema endócrino com a corrente sanguínea, nós temos os dois aspectos da atividade da alma reunidos, para fazer do homem uma entidade viva, consciente e funcionante, governado pela alma e expressando o propósito da alma em todas as atividades da vida diária.

   A morte, portanto, é literalmente a retirada do coração e da cabeça destas duas correntes de energia, produzindo, consequentemente, a completa perda de consciência e a desintegração do corpo. A morte difere do sono, nisso em que as correntes de energia são retiradas. No sono somente o fio da energia, que está assente no cérebro, é retirado e quando isto acontece o homem se torna inconsciente. Por isto queremos dizer que sua consciência ou senso de percepção está localizado em alguma parte. Sua atenção não está mais dirigida para as coisas tangíveis e físicas, mas está voltada para outro mundo de existência, e se torna centrada noutro equipamento ou mecanismo.

   Na morte, ambos os fios são retirados ou unificados no fio da vida. A vitalidade cessa de penetrar através da corrente sanguínea, e o coração para de funcionar, assim como o cérebro para de registrar, e assim se instala o silêncio. A casa fica vazia, a atividade cessa, exceto aquela interessante e imediata que é a prerrogativa da própria matéria e que se expressa no processo da decomposição. De certos aspectos, por conseguinte, aquele processo indica a unidade do homem com tudo que é material; ela demonstra que ele é parte da própria natureza, e por natureza queremos dizer o corpo da vida uma em quem “nós vivemos, nos movemos e temos nosso ser”. Naquelas três palavras – viver, mover-se e ser – temos a história inteira.

   Ser é percepção, autoconsciência e auto-expressão, e disto a cabeça e o cérebro do homem são os símbolos esotéricos. Viver é energia, desejo na forma, coesão e adesão a uma idéia, e disto o coração e o sangue são os símbolos exotéricos. Mover indica a integração e resposta da entidade existente, consciente, viva, a uma atividade universal e disto o estômago, o pâncreas e o fígado são os símbolos.

   É interessante, embora acidental em nosso assunto, ter em mente que nos casos de imbecilidade e idiotia, e naquela etapa da velhice que nós chamamos degeneração senil, o fio que está assente no cérebro é retirado, ao passo que o que leva o impulso ou necessidade de vida ainda está aplicado ao coração. Há vida, mas não inteligente percepção; há movimento, mas não direção inteligente; no caso da senilidade, quando tiver havido um equipamento de alto grau utilizado na vida, pode haver aparência de um funcionamento inteligente, mas isso é uma ilusão devida ao velho hábito e a um ritmo antigo estabelecido, mas não a um propósito coerente coordenado.

   Deve-se observar também que a morte é, portanto, adotada sob a direção do ego, pouco importando quão inconsciente um ser humano possa estar daquela direção. O processo se opera automaticamente com a maioria, pois quando a alma retira sua atenção, a inevitável reação no plano físico é a morte, seja pela abstração dos fios duais da vida e da energia da razão, seja pela abstração do fio de energia que é qualificado pela mentalidade, deixando a corrente da vida ainda funcionando através do coração, mas sem a consciência inteligente. A alma estará voltada para algum outro lugar e ocupada com seu próprio plano e próprios assuntos.

   No caso dos seres humanos altamente evoluídos, muitas vezes encontramos um sentido de previsão quanto ao período da morte; isto é o resultado do contato e consciência egóicos dos desejos do ego. Envolve algumas vezes um conhecimento do próprio dia da morte, acompanhado de uma preservação da determinação própria, até o momento final da retirada. No caso de iniciados, há muito mais que isto. Há uma compreensão inteligente das leis da abstração que capacita àquele que está fazendo a transição a retirar-se conscientemente em plena vigília consciente do corpo físico, e assim funcionar no plano astral. Isto envolve a preservação da continuidade de consciência, de modo que nenhum hiato ocorra entre o senso da consciência do plano físico e aquele do estado pós mortem.

   O homem se reconhece como sendo como era antes, embora sem um equipamento pelo qual possa entrar em contato com o plano físico. Ele se mantem consciente dos estados de ânimo e dos pensamentos daqueles que ele ama, embora não possa perceber nem contatar o veículo físico denso. Ele pode comunicar-se com eles no plano astral ou telepaticamente, através da mente se estiverem em relação recíproca, mas a comunicação que envolve o uso dos cinco sentidos físicos da percepção está necessariamente fora do seu alcance.

   É útil lembrar, todavia, que astral e mentalmente, o intercâmbio pode ser mais íntimo e mais sensível do que jamais antes, pois ele está livre da desvantagem do corpo físico. Duas coisas, todavia, militam contra este intercâmbio: uma, é o sofrimento e violenta perturbação emocional daqueles deixados atrás e, no caso do ser humano comum, a outra, é a própria ignorância e confusão do homem quando ele se depara com o que são para ele novas condições, não obstante elas sejam realmente condições velhas, se ele pudesse dar-se conta disso.

   Uma vez que os homens tenham perdido o medo da morte e estabelecido uma compreensão do mundo pós mortem, que não seja baseada na alucinação, nem na histeria, ou nas conclusões – muitas vezes não inteligentes – do médium comum, que fala sob o controle de seu próprio pensamento-forma – construído por si e pelo círculo de assistentes – teremos o processo da morte propriamente controlado. A condição daqueles deixados para trás será cuidadosamente apreciada de modo a não haver nenhuma perda de relação e nenhum falso gasto de energia.

                                                               [Segue Parte IV]
                                                 [Um tratado Sobre Magia Branca]
Rayom Ra

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