sábado, 10 de maio de 2014

Energia, Matéria e Consciência (IV)


  “Essas são formas de energia que precisamos manipular, que precisamos modificar, tomar o controle e dominarmos espiritualmente ou dominarmos nas relações com qualquer tipo de religião.”

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  A mais óbvia é a energia mecânica; a energia do corpo físico, ou qualquer energia no mundo físico [Sephira Malkuth]. Muitos religiosos e espiritualistas acreditam que através da energia mecânica possam alcançar Deus. Eles ouvem gravações, tocam certos tipos de sons em suas casas, sintonizam-se com máquinas, realizam certos modelos de exercícios com o corpo físico (tais como yoga, artes marciais, etc.) ou visitam lugares, como fontes sagradas e templos, a fim de absorverem energia do mundo físico, acreditando que alcançarão Deus. Eles não conseguem. Naqueles lugares poderia estar a presença de Deus; lá poderiam estar outras energias ativas, mas a energia física não é um veículo de Deus. É somente energia física.

  Do mesmo modo, relativamente à vitalidade de nosso corpo vital (Sephirah Yesod), há muitas pessoas acreditando que através da energia vital podemos alcançar Deus. Elas aprenderam exercícios tais como pranayama, tantra, reiki, tai chi – muitos tipos de diversas práticas – que conduzem energia vital. Algumas destas técnicas podem ser de utilidade, mas muitas são falsas. Aquelas práticas podem funcionar segundo seus níveis, porém isoladas não conseguem despertar a consciência. Mesmo que vocês hoje fizessem dez milhões de pranayamas não conseguiriam alcançar Deus.

  Nossa energia emocional é a energia de nosso coração (Sephirah Hod). Sensações e crenças por mais sinceras e belas que possam ser – nossa devoção a Deus, nosso Bhakti, não podem por eles mesmos unir-nos a Deus. Não importa quanto de devoção tenhamos por Deus; esta, isoladamente, não nos unirá a Ele. Não importa quanto de amor emocional possamos ter pela humanidade ou amor a Deus; este amor sozinho, não pode nos conduzir através da iniciação, não pode desenvolver nossas almas. Possam vocês experienciar a divina sensação, porém suas situações fundamentais não mudarão, porque vocês permanecem condicionados aos seus carmas [karma], seus egos, suas mentes.

  Energia mental, relacionada ao nosso corpo mental (Sephirah Netzach) é pensamento, conceito, teoria, lógica, razão. Há muitos seguindo a via intelectual; meticulosamente memorizando escrituras, estudando as leis e estruturas, equações complexas e algoritmos que manobram com as funções da natureza; entretanto, o intelecto não pode conduzir ninguém a Deus, não pode unir com o espírito mais interior. O intelecto tem só uma comparação: é unicamente uma máquina.

  A energia da vontade está relacionada à (Sephirah Tiphereth) e nosso coração é puro poder da vontade. É vontade sobre corpo, vontade sobre energia, vontade sobre emoção, vontade sobre mente, mas ainda assim isto não é suficiente para unir-nos a Deus.

  Temos então seis e sete: energia da consciência e energia do espírito. Agora estamos chegando a algum lugar. Energia da consciência está relacionada à Sephira Geburah, a Divina Alma, a Buddhi. Esta pode unir-nos a Deus, à energia de nosso espírito: que é Deus. Esta é a energia do Sephirah Chesed: Atma, nosso Buddha interno, nosso pai interior, a Mônada.

  Todos nós, em algum momento de nossas vidas, tivemos experiências com energia mecânica e energia física. Podemos ter experienciado vitalidade. Vocês podem ter tido algumas experiências durante meditações ao deixarem seus corpos físicos estáticos num lugar, porém, energeticamente, talvez os sentissem em lugares diferentes. Ou podem ter deixado os braços inertes numa posição, muito embora os estivessem percebendo noutra posição, diferentemente daquela em que fisicamente –naqueles momentos – sempre estiveram. Talvez, tenham acusado uma forte energia na espinha, na cabeça ou coração, parecendo não relacionada ao que normalmente lhes acontecia fisicamente. Estas são formas de energia vital. Energia emocional todos sentimos em variados graus, seja: forte, de amor, de muita zanga, de intensa sensualidade, de ressentimento, de alegria, de paz, de desconforto, de temor, de ansiedade. Energia mental todos sentimos.

  E acerca da vontade? Não tanto. Muitos de nós lutaríamos a fim de chegarmos a respostas substancialmente convincentes. “Eu senti mesmo aquilo?” “Saberei de fato manobrar com a vontade?” Vocês podem – isso depende. “Já experimentaram fazer dieta?” “Já tentaram seguir um exercício de regime?” “Por quanto tempo se mantiveram nisto e por que pararam?” Vontade é muito difícil definirmos, precisamente porque não a temos. Está além do pensamento e emoção, e também porque emoção e pensamento podem nocauteá-la. Vocês dizem a si mesmos: “Meditarei todos os dias a partir de agora, começando hoje.” Dois ou três dias depois estarão de volta diante da TV assistindo jogos de futebol ou novelas. O poder da vontade se foi facilmente.

  Se nossa vontade é tão facilmente nocauteada saindo de nosso caminho, que dizer da consciência que é mais elevada ainda? Possamos ter ouvido sobre auto lembrança e auto-observância, vigilância e atenção; a necessidade de estarmos ligados no momento, imaginarmos que isto seja um proveitoso princípio; então dizemos a nós mesmos: “Começo a viver em função disto.” “Começo a viver aqui e agora a partir deste momento.” Daí, no momento seguinte ficamos ausentes de tudo em redor, devaneando, pensando sobre coisas, preocupando-nos sobre o futuro, lembrando o passado, imaginando como será quando estivermos espiritualmente avançados. Então, enfiamos o gato dentro da geladeira e deixamos o leite de fora. “Caímos no sono.” Ou seja, falhamos em estar na observância do presente; ao invés disto, estamos psicologicamente distraídos.

  Manobramos e movemos nossos corpos sem a consciência do que estamos fazendo. Se vocês pensam que não fazem assim, então parem e passem a prestar atenção em vocês mesmos entre um e outro momento, porque de fato nos esquecemos de nós mesmos. Todos fazemos isto.

  Preparamo-nos para uma tarefa e nossa atenção voa para outras coisas mais. A maioria de nós desempenha suas tarefas sem estar presente: as desempenhamos enquanto pensamos em outras coisas e não naquilo que estamos fazendo no momento. A maioria de nós consegue dirigir um carro sem estar consciente da direção. Enquanto dirigimos, nossa atenção está no lar, no trabalho, imaginando um show de TV ou recordando. Podemos visitar o mercado e comprar suprimentos, navegar na internet; podemos fazer uma coisa enquanto pensamos em outra. É isso..., não estamos aqui e agora, não estamos integrados. Estamos dispersos, distraídos, divididos.

  Estamos frequentemente sentindo alguma coisa completamente diferente daquilo em meio ao que estamos realizando. Há quase sempre inteira disparidade entre o que estamos fazendo, pensando e sentindo, sem estarmos conscientes.

  Encontramo-nos adormecidos; completamente ausentes de nós mesmos. Eis porque estudamos “a máquina humana”. Necessitamos observar nossas mentes e pensamentos, nossos corações e sentimentos, nossos corpos sexualmente, instintivamente – às nossas habilidades motoras e ações.  Não somente uma vez ou outra, porém continuamente.

  Este é o motivo de aprendermos a meditar, estimular esta capacidade, aprender mais, ir mais fundo, obter controle sobre nós próprios.

  Não detemos controle de nós próprios. O problema é que perdemos o controle sobre a máquina humana; toda a energia e consciência de nosso Ser estão no corpo físico e o que está emergindo em nós é aquela energia integral que se encontra condicionada, toda aquela consciência condicionada. Condicionada pelo quê?

  Gostamos de pensar que estamos despertos e somos pessoas espiritualizadas; que estamos na trilha da ascensão. Mas quando observamo-nos mais atentamente, quando somos realmente sinceros conosco vemos em nossas mentes orgulho rampante, abundância de ciúmes, invejas, competitividades, espírito vingativo, rancores, medos, ressentimentos, sensualidade. Nada daquilo pertence a Deus. Nada destas coisas veio de Deus. Tudo veio de nós usando matéria, energia e consciência de forma nociva, que produziu o consequente ego. O ego é representado como a sombra da Árvore da Vida. No mito de Ishtar, o ego é representado pelo estado de nudez com que Ishtar sofre no submundo. São Adão e Eva sendo lançados na natureza selvagem, e todo o restante da Bíblia veio decorrente disto.

  Pessoalmente, vejo atônito que nós, acreditando em divindade e amor divino, tenhamos aprisionado aquela divindade em tal horrível estado. Pior ainda: que não tenhamos entendido isto, ou que não tenhamos nos importado nenhum pouco, uma vez que continuamos a existir como somos agora – cheios de sensualidade, orgulho, inveja, etc. Se realmente contemplássemos como fazemos sofrer nossa divindade interna, ficaríamos tomados de tristeza. Mas não podemos encarar este fato. Ao invés, fantasiamos aquela divindade em brancas vestes humanas, sentada numa nuvem, esperando por nós para flutuarmos, ainda que nenhum dos Mestres ou escrituras haja dito que é assim mesmo.

  O fato é que a vida é o que é devido ao que fizemos. Causa e efeito criaram este mundo e nosso lugar nele. Porque temos aquela consequência cármica em nossa psicologia, estamos presos numa roda de sofrimento. Chamamos isso “evolução e involução”. Estamos num ciclo de movimentos repetidos, não somente de dia para dia, de semana para semana, porém de vida para vida. 

  Todos nós lamentamos nossa condição de vida. “Por que tenho de sofrer assim?” “Por que minha vida é assim, por que não pode ser assim e assim?” A razão está na causa e efeito: em nosso karma, nossa mente, nas ações e condicionamentos.

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  Quando agimos de modo distraído, sonolento, continuamente, dia após dia, estamos alimentando aquele ciclo. Nossas consciências condicionadas na raiva, orgulho, inveja, atos coléricos, ressentimento e desejo fazem com que aquela consequência seja de maiores sofrimentos.

  Energia muda a forma, mas não pode ser destruída.

  Do mesmo modo que a física estabelece, vocês também podem igualmente atestar isto em suas vidas. Percebam e estudem a continuidade de experiências em suas vidas. Assim é porque meditamos. Para começarmos a discernir dentre as tramas em nossas vidas temos de descobrir que a nossa própria trama mantem-se exatamente mudando de forma, mas continua sendo a mesma coisa. Através da meditação aprendemos a ver que este sofrimento em nós próprios é o mesmo sofrimento que vem acontecendo sempre, sempre e sempre em nossa vida em particular, quer o sofrimento no emprego, com os amigos, ou na igreja. São estas tramas de fluxos em nossas vidas que são a energia cármica.

  Temos uma quantidade fixa de energia relativa ao nosso raio. A maior parte daquela energia está aprisionada no ego, mas a beleza disto é que ao compreendermo-nos ganhamos o mestrado sobre nós próprios. Ao conhecermo-nos, compreendendo-nos, liberamos a energia aprisionada. Nós a mudamos.

  Pela observação e compreensão da raiva, ganhamos entendimento sobre ela, e, como resultado, a raiva perde poder sobre nós.

  Há uma metodologia que podemos usar para dominarmos a energia e pulverizarmos nossos condicionamentos psicológicos, liberando a energia aprisionada, restaurando assim nossas heranças de direito: a energia do espírito, da mente e coração. Isto é liberação. É para deixar-nos libertos de nós próprios; é o que chamamos uma revolução.

  “… bem pequenas quantidades de massa podem ser convertidas em larga quantidade de energia e vice versa.” – Albert Einstein, Física Atômica (1948).

  Então..., a consciência pode aprender como fazer assim: convertendo matéria inferior (raiva, luxúria, inveja) em largas quantidades de energia, e através disto a consciência dentro delas é liberada. 

  Deste mesmo modo que Ishtar é liberta do mundo inferior é como os profetas libertaram o povo de Israel (Isis-Ra-El) da escravidão. O “povo de IsRaEl” são os prisioneiros que necessitam ser libertados de dentro de nós.

  Em síntese: em nosso íntimo está a energia potencial do divino ser, de um mestre, buddha ou anjo, mas está enclausurada. Toda energia que deveríamos tê-la livre, que deveria criar iluminação, liberação e sabedoria – a todas as virtudes e belezas que existem em um Mestre, Anjo ou Buddha e que deveria estar em nós – está agora enclausurada em nosso mundo infernal, em nosso próprio abismo ou inferno.

  Uma vez começado a libertar pedaço após pedaço, passamos a iluminar nossa árvore. Começamos a libertar Ishtar, Persephone, Pandora, Helena. Todos estes símbolos detêm o mesmo significado: a donzela ou virgem, a deusa que se encontra aprisionada pelo dragão – a besta dos abissais, mas que o herói tem de salvá-la. Conhecemos estas histórias. A lei da física é a chave.

  Se quisermos desenvolvimento espiritual, o único caminho para tal é pela transformação da energia. Não é pela obtenção de qualquer coisa fora de nós mesmos. Nenhum mestre, guru, professor, escola, movimento ou livro pode salvar-nos. Temos de nos salvarmos a nós próprios.

Siga os links : 
Parte (I)   :  Energia, Matéria e Consciência (I)
Parte (II)  : Energia, Matéria e Consciência (II)              
Parte (V)  :Energia, Matéria e Consciência (V) 
Parte (VI)  : Energia, Matéria e Consciência (VI) - Final

                                                  [Segue Parte V]


                                            Energy, Matter and Consciousness
Fonte:

Tradução Inglês/Português: Rayom Ra

Rayom Ra 
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