O Trabalho da Loja Durante a Iniciação
Chegamos agora à parte da cerimônia da iniciação. Esta cerimônia, de certo ponto de vista, se divide em três partes:
Primeira: A que diz respeito ao iniciado e na qual ele percebe o seu próprio augusto Ego, a Presença, e vê a visão e o plano.
Segunda: Aquele que se refere ao iniciador na qual Este empunha o Cetro do Fogo e provoca certos resultados específicos no corpo do candidato.
Terceira: Em que certas palavras e fórmulas são confiadas ao iniciado pelo Hierofante, as quais ele passa a conduzir na consciência de maneira a melhor executar a parte do plano que lhe diz respeito.
Durante todo o processo, a Loja dos Mestres, congregada fora do Triângulo de força, esteve ocupada com um trabalho triplo, sendo o seu objetivo produzir certos resultados na consciência do iniciado e assim ajudar o Hierofante em Sua difícil empresa.
Devemo-nos lembrar que, sob a lei da economia, sempre que há uma aplicação ou transmissão de força de um centro de força para outro, há uma consequente diminuição no centro original. Este é o fundamente para o estabelecimento de certas horas e estações em relação à cerimônia de iniciação.
O sol é a fonte de toda a energia e poder e o trabalho do iniciador é facilitado quando são aproveitadas as condições solares favoráveis. As horas e estações são determinadas por meio da astrologia esotérica, cósmica e solar, baseadas, é claro, em dados corretos, na verdadeira concepção matemática e num conhecimento real dos fatos básicos relacionados com os planetas e com o sistema solar.
O horóscopo do iniciado é invariavelmente levantado a fim de verificar a época para uma iniciação individual e somente é possível realizar a cerimônia, quando os signos individuais combinam e coincidem com o mapa cerimonial pelo qual o iniciador se guia. Esta é a razão por que, algumas vezes, a iniciação tem de ser adiada para uma vida posterior, mesmo quando o iniciado fez o trabalho necessário.
O trabalho triplo da Loja durante a cerimônia pode ser assim descrito:
Primeiro: O canto de certos mantras libera energia de um centro planetário particular. Devemo-nos lembrar, aqui, que cada esquema planetário é um centro no corpo de um Logos Solar e corporifica um tipo particular de energia ou força. De acordo com a energia desejada para uma dada iniciação, faz-se a sua transferência, daquele centro planetário para o iniciado, por intermédio do sol. O processo é como segue:
a. A energia é posta em movimento a partir do centro planetário, pelo poder do Logos Planetário, ajudado pelo conhecimento científico da Loja e pela utilização de certas palavras de poder.
b. Ela passa dali para o sol, onde se mistura com pura energia solar.
c. Ela é transmitida do sol para a cadeia particular em nosso esquema terrestre, correspondente numericamente ao esquema planetário de origem.
d. Dali ela é transferida para o globo correspondente e deste para o planeta físico denso. Pelo uso de um mantra especial, o iniciado focaliza então a energia no Seu próprio corpo, usando-o, tanto como uma estação receptora como transmissora. Finalmente, ela atinge o iniciado, por intermédio do triângulo e dos Padrinhos. É evidente, pois, para o estudante, que quando o iniciador é o Senhor do Mundo ou o reflexo físico do Logos Planetário de nosso esquema, a força vem mais diretamente para o iniciado do que nas duas primeiras iniciações, quando o Bodhisattva é o Hierofante. O iniciado somente estará em condições de receber a força planetária direta, na terceira iniciação.
Segundo: A concentração empreendida pela Loja ajuda o iniciado a conscientizar dentro de si mesmo as várias fases decorridas. Isto é conseguido, trabalhando definidamente sobre seu corpo mental e assim estimulando os átomos, por meio do poder do pensamento unido dos Mestres.
O trabalho de apreensão é assim ajudado diretamente. De nenhum modo esta concentração se parece com a sugestão hipnótica ou com a impressão poderosa de mentes mais fortes sobre mentes mais fracas. Ela toma a forma de uma meditação persistente pelos Mestres e iniciados reunidos, sobre as realidades correlacionadas e sobre o Ego; por meio da força assim liberada, o iniciado é capacitado a transferir sua consciência, mais facilmente, do não-eu para os essenciais divinos com os quais ele está ocupado de imediato.
O poder do pensamento dos Mestres consegue interceptar a vibração dos três mundos e habilita o candidato a literalmente “deixar para trás de si” todo o passado e ter aquela visão de longo alcance que vê o fim desde o começo – e as coisas do tempo – com se não existissem.
Terceiro: Por meio de certa ação rítmica cerimonial, a Loja ajuda bastante no trabalho de iniciação. Assim como no Festival de Wesak, em que são alcançados resultados na demonstração de força, pelo uso de mantras entoados e pela sagrada andadura e entrelaçamentos cerimoniais da multidão reunida, formando figuras geométricas, também na cerimônia de iniciação um procedimento similar é seguido.
As figuras geométricas apropriadas para as várias iniciações diferem e aqui está uma das proteções da cerimônia. O iniciado conhece o conjunto de figuras para a sua própria iniciação e nada mais.
Todos estes três aspectos do trabalho do Mestre e dos iniciados, na Loja reunida, ocupam-lhes até o momento em que o Cetro tenha sido aplicado. Por meio desta aplicação, o iniciado se tornou um membro da Loja e a cerimônia toda então se modifica, antes da prestação do juramento e da revelação da palavra e do Segredo.
Os Padrinhos retrocedem de cada lado do iniciado e ocupam Seus lugares nas fileiras, enquanto os três Budas de Atividade – ou Seus representantes nas duas primeiras iniciações – tomam Sua posição atrás do tronco de ofício do Hierofante. Os membros da Loja são reunidos em diferentes grupos e os iniciados do mesmo grau que o solicitante recém admitido se colocam ao seu redor e ajudam na parte final da cerimônia; os demais iniciados e adeptos permanecem em seus vários graus.
As três etapas anteriores da cerimônia de iniciação são as mesmas para todas as iniciações. Nas duas etapas finais, aqueles que são da mesma ordem que o recém iniciado [tais como os iniciados de primeiro grau na iniciação de um membro do terceiro grau] retrocedem para o fundo da Câmara de Iniciação em Shamballa e uma “parede de silêncio” é construída entre os dois grupos, por meio de energia mântrica. Um vácuo, por assim dizer, é formado, e nada pode mais ser transmitido do grupo interno para o externo. Este último se confina em meditação profunda e no canto de certas fórmulas e no grupo interno ao redor do Hierofante, se passa uma representação dual:
a. O recém iniciado presta juramento.
b. Certas Palavras e Segredos lhes são transmitidos.
Dois Tipos de Juramento
Todos os juramentos que dizem respeito à Hierarquia oculta podem ser divididos em dois grupos:
1. O juramento de iniciação, no qual o iniciado obriga-se sob as mais solenes promessas, a nunca revelar, sob pena de punição sumária, nenhum segredo oculto ou nunca expressar em palavras, fora da Câmara de Iniciação, àquilo que foi confiado à sua guarda.
2. O juramento do Cargo, prestado quando algum membro da Loja assume um cargo específico no trabalho Hierárquico. Este juramento se relaciona com suas funções e com suas ligações com:
a. O Senhor do Mundo,
b. Seu superior imediato,
c. Seus companheiros trabalhadores na
Loja,
d. O mundo dos homens que ele tem de servir.
Nada mais é necessário dizer em relação a este último tipo de juramento, pois somente se relaciona com os que ocupam cargos oficiais na Hierarquia.
O Juramento de Iniciação
O Juramento de Iniciação, com o qual lidamos agora, está dividido em três seções e é administrado, ao iniciado, pelo Hierofante, sendo repetido, frase por frase, após o iniciador. Em vários pontos ele é interrompido pelo canto, por iniciados do primeiro grau, de palavras em senzar, equivalentes ao “E assim seja.”
As três divisões do juramento podem ser descritas aproximadamente como:
1. Uma frase solene manifestando o propósito que impulsiona o iniciado: uma afirmação quanto à imutabilidade de sua atitude-vontade e uma solene declaração quanto à sua percepção, acoplada com a promessa de não revelar parte alguma do propósito percebido, a não ser aquilo que o exigirem sua vida diária no mundo dos homens e seu serviço à humanidade. Isto envolve um juramento de segredo no que diz respeito á parte revelada do plano Logóico, vista na “revelação da Visão.”
2. Uma promessa de natureza profundamente solene no que diz respeito à sua relação com seus outros egos, com a Loja da qual ele é membro e com os egos dos homens em toda parte. Isto envolve sua atitude para com os seus irmãos de todos os graus e inclui, também, uma séria promessa de nunca revelar a verdadeira natureza do aspecto do Ego como lhe foi mostrado em sua iniciação. Isto inclui um juramento de segredo quanto à relação percebida do Logos Solar com o Logos Planetário de nosso esquema, com o próprio esquema.
3. O pronunciamento de uma promessa solene de nunca revelar a ninguém o conhecimento que lhe adveio com respeito às fontes de energia e de força com as quais ele foi posto em contato. Este é um juramento tríplice de manter silêncio total quanto à verdadeira natureza de energia, quanto às suas leis de manipulação e uma promessa de somente usar a força colocada à sua disposição pela iniciação no Serviço da raça e no favorecimento dos planos do Logos Planetário.
Este grande juramento é posto em termos diferentes, de acordo com a iniciação vivida e, como dito anteriormente, é prestado em três partes, com um intervalo entre cada parte, ocupado por certo trabalho cerimonial do grupo iniciado ao redor do irmão recém-admitido.
Devemos notar, aqui, que cada parte do juramento se ocupa, realmente, com um dos três aspectos da manifestação divina e, à medida que o iniciado faz a sua promessa, um dos três Chefes de Departamentos colabora com o iniciador no trabalho de ministração.
Desta maneira, uma energia de natureza tríplice fica disponível, de acordo com as diferentes partes do juramento prestado. Nas duas primeiras iniciações, esta energia derrama-se dos três raios maiores, através do Hierofante e do chefe de departamento correspondente, para o iniciado, por intermédio do grupo de iniciados do mesmo grau, de tal maneira que cada iniciação é um meio de estímulo e expansão para todos. Nas cinco iniciações finais, a força flui por intermédio dos Budas de Atividade, ao invés de por meio dos chefes de departamentos.
Pode ser de interesse assinalar aqui que, durante esta parte da cerimônia, o grupo está banhado em cores, correspondente ao tipo de energia e seu esquema planetário de origem e é tarefa do iniciador pôr o iniciado em contato com esta energia. Esta se derrama sobre o grupo desde o momento em que a segregação foi efetuada e se manifesta quando o iniciador usa certas palavras e eleva o Seu Cetro de Poder. Os três Budas de Atividade, Que são os grandes centros de energia sobre o nosso planeta, tocam então a ponta do Cetro com Seus bastões de ofício e certa Palavra mística é juntamente por Eles proferida e o derramamento começa, continuando até o fim da cerimônia.
Pode-se perguntar se algum iniciado quebra o juramento. Muito raramente, pois devemos nos lembrar que nenhuma iniciação é atingida antes que certa etapa tenha sido alcançada. Uns poucos casos ocorrem, mas como o Senhor do Mundo tem conhecimento de tudo o que acontece do futuro bem como do presente e do passado, jamais uma oportunidade é dada a um iniciado revelar aquilo que é oculto. Pode existir a intenção, mas faltará a oportunidade. O iniciado que assim peca pela intenção será emudecido repentinamente e, algumas vezes, morrerá antes de assim falhar.
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