Os ocultistas sempre falam nos pequenos e
grandes mistérios gregos, e as iniciações de outrora eram realizadas,
principalmente na Grécia e Egito pelos sacerdotes chamados de hierofantes, e em
Roma pelos grãos sacerdotes. Os povos asiáticos desenvolveram valores diferentes
dos ocidentais, formando escolas e construindo templos das mais variadas
filosofias segundo suas idiossincrasias. Nesse contexto, se destacaram em
primeiro plano, a Índia, a China e o Japão, e após a instituição do budismo,
também o Tibet. A classe sacerdotal iniciada era imensa, (12) com a
distribuição de muitos cargos e deveres, porém os Grandes Hierofantes eram
raros, porque, em princípio, deveriam ser representantes nomeados pela Grande
Fraternidade Branca. Hierofante vem do grego hierophantes significando “Aquele
que Revela”. O hierofante era o sumo sacerdote. No Egito era o conhecedor
da cabala e de todos os mistérios e magias que se praticavam, e nas dinastias
gloriosas podia ser o próprio Faraó. Gregos e egípcios formaram um corredor de
cultura ocultista em que não se sabe ao certo, em determinadas épocas, quem
mais influenciou quem, pois os grandes mestres dos mistérios gregos conheciam
os mistérios egípcios e vice-versa. Tanto assim que Orpheu instituiu os sons
iniciáticos na Grécia, em que os chacras eram atuados ou despertos pelas notas
especialmente emitidas. E no Egito ele foi Thot ou Hermes onde era considerado
um deus que alavancou as práticas e ensinamentos aos iniciados, instituindo lá
no país de Menphis grande aparato de ciências ocultas.
(12) “Os sons graves do hino sagrado enchiam o
ambiente de vibrações melodiosas. Aqueles cantos sacros, executados com extrema
perfeição por vozes soberbas, acompanhadas e sustentadas ao som de harpas,
produziam sempre, no povo, impressão profunda e perturbadora;
involuntariamente, as cabeças se curvavam, os joelhos vergavam e uma ardente
aspiração para a divindade elevava-se de todos os corações. Após os cantores,
vinham os padres de todos os graus, precedendo o naos (barca sagrada) da deusa
coberto com um tapete ornado de flores e carregado por oito pastóforos; depois,
os grandes dignitários do templo, tendo à frente o reitor dos matemáticos,
precedido dos símbolos da música e dos livros de Thot; a seguir o Hierofante,
grande mestre das ciências genetlíacas: o relógio e a palma eram os símbolos do
seu cargo; a pena, a régua e o tinteiro, precediam o Escriba sagrado, grande
mestre da ciência simbólica sob todas as formas, e da arte hierogramática;
depois caminhava o grande mestre da justiça, com seus símbolos: o côvado
figurando a igualdade perante a lei e o copo figurando a grande comunhão
sacerdotal, com a vida espiritual do universo pela iniciação. Por fim, surgia a
arca-santa, que continha os dez livros da iniciação suprema e, atrás dela,
Potífera revestido das insígnias de sacerdote, tiara branca na cabeça, o
peitoral formado de pedras simbólicas, cintilando ao peito, e seus emblemas: os
pães da comunhão e a jarra de ouro”. ( O Chanceler de Ferro – J.W. Rochester )
Candidatos vinham de longe para se preparar e
ser iniciados no Egito, tal como teria ocorrido com os sábios gregos da gnose,
os profetas hebreus, os caldeus e o próprio Jesus. Pela grande ciência que
cercou as edificações das pirâmides e templos, pela posição ocupada pela grande
pirâmide de Gizeh onde seu ápice está apontado para a direção de importantes
constelações e estrelas moventes sob a ótica astronômica-astrológica, e estando
a sua base exatamente sobre a imaginária linha que divide o planeta em duas
frações iguais, sem dúvida o Egito representou o maior centro de estupendas
forças da antiguidade, sendo celeiro de grandes almas e de esoterismo inigualável.
Hoje se revelam a presença de deuses extraterrestres que no Egito teriam
aportado instituindo suas lendas, artes, a ciência oculta e a utilitária, bem
como noutras épocas de decadências, a direção do país e seu corpo sacerdotal
estariam dominados por seres do mal, também extraterrestres. Muitas descobertas
arqueológicas não permitem nenhum engano sobre as interpretações de figuras nos
murais e templos, onde são mostradas naves, aviões comuns, helicópteros, astronautas
e muitas outras imagens, perfeitamente iguais as que conhecemos no presente,
bem como invenções avançadas para a época. Não duvidamos destes achados, mesmo
porque não há como duvidar de provas tão incontestes, amordaçadas e sufocadas
pelos donos das culturas mundiais, e somente reveladas por intrépidos homens de
ciência e sérios pesquisadores que se arriscaram em divulgar verdades paralelas,
contrárias aos interesses de grandes oligarquias. E esses achados são
corroborados por novas descobertas noutras partes do planeta que vêm deixando
os arqueólogos estarrecidos sobre as ingerências extraterrestres nas vidas de
nossas civilizações.
Se considerarmos ao fato de que desde tempos
de Sanat Kumara viajantes do espaço nos visitam com a intenção de incrementar a
evolução planetária e de nossa cadeia, não haverá o que estranhar, mesmo
porque, conforme já antes mencionamos, iniciados maiores viajam para Sirius a
fim de receber novas iniciações que aqui na Terra não são ainda possíveis. E de
que maneira eles viajariam a tão distante constelação senão em naves? E se
considerarmos também que a antiga arte egípcia e sua mitologia apresentam
inúmeras características impares e magníficas para a época, enquanto as populações
mundiais ainda repousavam sobre velhas crenças e sacrifícios, como se
explicariam tão rápidas mudanças de uma época para outra e impulsos tão
grandiosos naquela cultura? A arte, a
magia e a ciência com que o Egito deslumbrou a antiguidade, foram maiores do
que o povo podia compreender; daí, mais tarde explicar-se às distorções e
profanações do sagrado. Cremos não tardar a história ser passada a limpo sobre
muitos relatos obscuros. Relativo aos extraterrestres, segmentos de governos já
anunciam provas de suas existências e utilização de algo de suas avançadas
tecnologias, ao passo que cientistas e homens da política já opinam sobre a
legitimidade ou não de aceitarmos os seus contatos, o que há pouquíssimo tempo
os céticos debochavam, tripudiavam e juravam de pés juntos que óvnis e extraterrestres
eram produtos da imaginação desvairada de místicos e esotéricos. Quem continuar
duvidando e pretender ainda ridicularizar-se a si mesmo precisa dar-se a
humildade de ler livros modernos de pesquisadores da própria ciência onde há
entrevistas e declarações de ex-funcionários e ex-astronautas da NASA,
relatando encontros incríveis respaldados com fotos surpreendentes, além de
existir coleções de vídeos com entrevistas e cenas inusitadas. Por oportuno, a
NASA, não podendo mais omitir nem esconder a verdade, provavelmente pelo fato
de sua concorrente européia abrir seus arquivos, vem de recentemente permitir
que ex-astronautas e ex-chefes de setores governamentais de investigações sobre
ufos, relatem tudo o que sabem, e é justamente o que eles vêm fazendo em livros
e entrevistas.
Conforme prometemos, não nos deteremos sobre
o tema e somente aqui nos alongamos um pouco mais, por que era necessário
justificar os processos iniciáticos dos antigos, com a participação efetiva dos
extraterrestres, pois se comprova abertamente o auxílio instituidor dos deuses
de outrora ou Hierarquias Criadoras, e não podemos omitir tão importantes
registros antes de nos remetermos um pouco mais aos tempos das iniciações da
antiguidade.
As iniciações são bem distintas. Os grandes
iniciados que desde a cadeia lunar vêm trabalhando sob a égide de Hierarquias
para a evolução de nosso planeta, tinham alcançado na Lua iniciações superiores
que os habilitaram a formar nos escalões mais adiantados na Terra. Ao mesmo tempo
em que esses mestres vinham auxiliando os diversos setores da vida terrena,
expondo-se a todas as situações de riscos, apuravam cada vez mais seus
conhecimentos e avançavam na senda evolutiva. Esse é o caminho natural dos
servidores que em seus ingentes trabalhos consomem seus carmas e de iniciação a
iniciação vão se libertando do jugo da carne. No entanto, as iniciações que
aconteciam nos templos das principais civilizações que estamos mais
particularmente enfocando, abrangiam níveis diversos da casta sacerdotal, que
eram as iniciações mais comuns.
Os neófitos eram entregues aos sacerdotes
para serem instruídos e preparados nas diferentes escolas para iniciar suas
vidas religiosas nos níveis mais inferiores, contudo ao se tratar de alguém
excepcional, sua trajetória seria bem mais rápida e sua missão maior. Portanto,
o Egito, a Grécia e Roma, nesse aspecto religioso, realizavam normalmente as
iniciações menores, e os iniciados aprendiam dos mistérios que lhes eram
permitidos. Essa norma sempre foi a mesma
nos diversos centros de mistérios do mundo antigo e ainda é assim com as
escolas da atualidade, com iniciados dos variados graus, segundo a filosofia de
suas respectivas escolas. As iniciações maiores, relativas aos mestres do
conhecimento, gurus da humanidade, responsáveis por missões de grandes
relevâncias, não se prenderam e nem se prendem às escolas tradicionais ou a
qualquer outra. Os nascimentos destes luminares guias já vêm cercados de
condições especiais e no devido tempo são encaminhados para instrutores ou
núcleos secretos no oriente ou ocidente, onde seus superiores novamente os
iniciam, despertando suas maiores forças até então em repouso para as retomadas
de suas grandiosas missões. No entanto, os hierofantes do Egito durante algum
tempo estiveram qualificados a dar iniciações a grandes missionários, como
realmente aconteceu.
Repassemos a aventura de um candidato à
iniciação no Egito, nos tempos gloriosos da grande pirâmide de Ghizeh:
“O neoplatônico Jâmblico (que viveu no
começo do século IV de nossa era) ao referir-se à iniciação, aos Mistérios do
Egito, assegura que o neófito penetrava ao templo da iniciação pela porta
localizada entre as patas da Esfinge que dava acesso ao corredor subterrâneo
que se prolongava até o interior da Grande Pirâmide.
Por muitos anos esta afirmação do
célebre filósofo da Escola Alexandrina não gozou de indiscutível crédito, e nem
quando se praticaram as primeiras investigações no interior do misterioso
monumento de Kheops se descobriu algo que comprovasse de alguma forma a
afirmação de Jâmblico.
Posteriores escavações que deixaram à
mostra quase por completo a parte anterior da Esfinge, evidenciaram que,
definitivamente, entre suas patas existe uma porta e investigações ainda mais modernas
demonstraram que a uns quarenta metros ao sul, estava escondido na areia um
templo subterrâneo. Tudo isto parece corroborar a afirmação do célebre
neoplatônico e não faltam egiptólogos que supõem que em breve se descobrirá o
caminho que, partindo da Esfinge e passando próximo ao santuário, conduz ao
interior da pirâmide de Kheops.
Que estes lugares servissem para efetuar
as misteriosas cenas da iniciação, nada teria de extraordinário. A porta de
entrada aberta no peito da Esfinge de Ghizeh, não deixa dúvida de que indica a
existência de uma passagem subterrânea. O templo das imediações, por sua
construção elíptica e pela carência de hieróglifos nas paredes, evidencia que
nunca serviu para o culto público. A disposição interior da Grande Pirâmide, se
claramente se comprova que não era destinada para o enterro de nenhuma classe
de múmia como se acreditava, de modo algum permite averiguar quais outros
objetivos poderiam ter aqueles corredores e aquelas cercanias. É legítimo,
portanto, o parecer que se lhes atribuem de haver servido para realizar provas
iniciáticas, ainda que não se oponha uma sólida razão, apoiada em luminosos
antecedentes capaz de demonstrar o contrário.
Segundo outras versões, a entrada do
lugar das provas estava na Grande Pirâmide, num tipo de janela que existe a
altura da carreira número dezesseis da face norte. Este critério é o que segue
um autor do século XVIII, o cura Terrasson, cuja obra descreve as cenas
iniciáticas do antigo Egito. Afirma o autor que seu livro é somente uma
tradução do manuscrito existente numa biblioteca, a que não menciona, e opina
que o manuscrito foi redigido por um grego residente em Alexandria, na época de
Marco Aurélio.
Não é muito fácil averiguar de onde
Terrasson tomou os detalhes iniciáticos que narra. O que é certo é que estão de
acordo com o que é contado por diversas tradições, e se existe ou não o
manuscrito que traduziu, as cenas resultam até agora perfeitamente admissíveis.
Por isso, vamos resumi-las para dar satisfatória idéia dos obstáculos e
dificuldades que precisaria vencer quem aspirasse conquistar os segredos do
santuário.
O herói do livro de Terrasson se chama
Shethos, jovem, inteligente e intrépido, que a todo custo queria penetrar no
recinto secreto dos iniciados. Seu mestre Amedes, fez com que viajasse para
adquirir as condições que lhe assegurariam um lisonjeiro recebimento, pois
antes de ser admitido pelos iniciados era indispensável que o neófito se
instruísse e adquirisse um amplo saber recolhido de diversos países. Quando já
está suficientemente preparado, uma misteriosa casualidade faz com que chegue
junto a Grande Pirâmide à hora marcada no momento propício. Amedes diz a Shetos
quando chegam ao pé do misterioso santuário:
- Seus secretos caminhos conduzem aos
homens amados dos deuses, a um término que sequer posso comentar. É
indispensável que eles façam nascer em ti o ardente desejo de alcançá-los. A
entrada da Pirâmide está aberta para todo mundo; porém compadeço dos que têm
que buscar a saída pela mesma porta cujos umbrais franquearam-lhe a entrada,
não havendo conseguido outra coisa senão satisfazer a curiosidade muito
imperfeitamente e ver o pouco que lhes é dado referir-se.
Semelhantes advertências, mais e mais
avivam os desejos do discípulo que, ardentemente, insiste em seu propósito de
receber a iniciação. Conscientes, Amedes precedendo a Shethos escalam o lado
norte da Pirâmide até o lugar de uma portinhola quadrada que sempre está
aberta. De reduzidas dimensões (três pés de base e outros três de altura) dá
acesso a uma passagem não mais larga. Shetos e seu guia percorrem-na
arrastando-se penosamente. Shetos vai adiante, levando à mão uma lâmpada e
entra sozinho no caminho de provas.
Ao cabo de angustiosos momentos que ao
aspirante parecem séculos, chega a uma habitação de dimensões regulares. Ali o
recebem dois iniciados a quem não deve fazer nenhuma pergunta. Ignorando a essa
proibição trata de pedir-lhes algumas explicações, mas em seguida é informado
de que não deve perder tempo, já que todas as suas perguntas ficarão sem
respostas.
Precedido pelos dois iniciados, entra
num extenso corredor e de pronto vê interceptado seus passos pela boca de um
poço profundo e insondável. Uma luz posta na borda somente lhe permite admitir
o perigo de uma espantosa queda. Olhando com atenção, o aspirante distingue
umas barras de ferro a guisa de degraus num dos lados do negro abismo, que não
sem risco tornam possível a descida por elas aos homens de cabeça firme e ânimo
imperturbável. Ante a alternativa de retroceder ou seguir o difícil caminho, o
aspirante se decide e começa o trabalhoso descenso.
A bastante profundidade terminam os
escalões, porém olhando o fundo se vê que ainda falta muito para por os pés em
terreno firme. Buscando ansiosamente a solução ao terrível problema, o
aspirante encontra na parede uma abertura ou estreita janela que por ela pode
entrar e passar a outro corredor, em plano inclinado, cuja extensão em descenso
vai formando uma espiral não muito larga.. Ao final, o neófito se vê diante de
uma porta gradeada cujos batentes cederam sem o menor esforço e sem produzir qualquer
ruído, porém ao fechar-se atrás do neófito, chocaram-se duramente contra seus
quícios, produzindo cavernoso fragor que lhe feriram desagradavelmente os
ouvidos, transmitindo ao ânimo indescritível inquietude. Estava no fundo do
poço de cerca de cinquenta metros de profundidade
Shetos segue avançando e outra grade lhe
corta os passos, mas o espetáculo que se oferecia por esta grade era mais
tranquilizador que o primeiro. Através das barras, percebia-se uma longa série
de arcadas ladeando o caminho e, dessas arcadas, saía uma forte claridade de
lâmpadas e tochas. Ao longe ressoavam vozes de homens e mulheres, a luz e vozes
humanas faziam renascer a calma no coração perturbado do discípulo. Esta álea
conduzia a um templo onde os sacerdotes e sacerdotisas ofereciam todas as
noites sacrifícios aos deuses e se entregavam a cerimônias iniciáticas; mas
este não era o caminho que lhe permitiam seguir; não tinha ainda o direito de
se confundir com as obras divinas, não era iniciado, não tendo sofrido
purificações. Pois era o caminho das purificações que ele precisaria empreender;
era uma senda de seis pés de largura, abobadada, e que se estendia em linha
reta a seis pés sob a terra. Ao aproximar-se, vê mais adiante a continuidade de
um estreito e baixo corredor sobre cuja entrada brilhava o seguinte letreiro: ‘”Todos
os que percorrem este caminho a sós e sem nunca olhar para trás, serão
purificados pelo fogo, pela água e pelo ar. Se conseguirem vencer o medo e a
morte, sairão do seio da terra, voltarão a ver a luz e terão o direito de
preparar sua alma para receber a revelação dos mistérios da grande deusa Isis
‘”.
O neófito, pedindo amparo a todas as
supremas energias da vontade, prossegue o caminho da iniciação, disposto a não
retroceder ainda que lhe custe a vida. Mesmo que nada veja, não está
desamparado, seus condutores o vigiam e, a menor mostra de debilidade de que
lhe ocorra algo, acudirão pressurosos e, por outros corredores, o conduzirão à
porta de entrada para que se reintegre à luz e à vida exterior, não sem haver
jurado que a nada se referirá do ocorrido. É algo sabido de que terrível modo
se castigavam estes perjúrios, fosse quem fosse o traidor.
Decidido a tudo, Shetos prossegue seu
caminho. Ao final do obscuro corredor, desemboca numa estância onde o esperam
três iniciados que cobrem suas cabeças e rostos com a máscara de Anúbis. Aquela
é, na iniciação, a porta da morte. Um dos mascarados diz ao aspirante:
- Não estamos aqui para estorvar teus
passos, podes prosseguir tua marcha se os deuses te concedem o valor de que
necessitas. Porém, tendes por sabido que transposto este lugar, se em algum
momento retrocederes, aqui estaremos para impedir-te que fujas. Até agora eras
livre para desandar o andado, mas se prosseguires haverá perdido toda esperança
de sair destes lugares sem obter a vitória definitiva. Ainda há tempo:
decide-te. Se renuncias, ainda podes sair por este corredor sem volver tuas
vistas para trás; se avanças segue o caminho que vês frente a ti e percorre-o
sem vacilação. Escolha...
Ao contestar que nada o arredará, os
três guardiões deixam-no passar, fechando a porta, e outra vez se vê num largo
passadiço em cujo extremo percebe um resplendor. À medida que se adianta a luz
se faz mais intensa, chegando a ser deslumbrante. Logo alcança um local
abobadado, onde, de um lado e de outro, ardem enormes piras cujas chamas se
entrecruzam ao centro. O solo está coberto por um gradil incandescente. Os espaços
apenas lhe permitem por o pé em lugar seguro sem queimaduras, ocorrendo que não
era somente o perigo de perecer abrasado, mas também a ameaça de morrer
asfixiado naquele ambiente irrespirável de elevadíssima temperatura. Fechando
os olhos, Shetos penetra na ígnea habitação, porém – oh, incrível
acontecimento! Ao tocar os pés no fino gradil, as chamas desaparecem, as
fogueiras se apagam instantaneamente e ele passa entre elas tanto quanto possível
sem nenhum temor de enfrentar uma morte espantosa.
Seguindo depois por outras galerias, o
neófito chega diante de um canal de água de mais de cinquenta metros de largura
que invadia a todo o amplo subterrâneo e lhe impedia o caminho A água, derivada
habilmente do curso do Nilo, entrava de um lado desta câmara subterrânea
gradeada e saía por uma grade idêntica no outro lado. A massa de água escorria
com um ruído terrível. Na margem oposta se distinguia uma rampa e ao final dela
uma subida de escalões que se perdiam na penumbra. Era preciso atravessar o
perigoso obstáculo, e o neófito, se desnudando rapidamente, coloca as roupas
sobre a cabeça, toma numa das mãos a lâmpada acesa e atravessa este rio
subterrâneo, usando a outra mão para nadar e vencer a corrente de agitadas
águas. Chegando à outra margem, se veste, e após breve descanso, começa a subir
a escada em cujo extremo existia um pequeno patamar de seis pés de comprimento
por três de largura.
O
patamar era uma ponte-levadiça. Conduzia a uma porta que não apresentava
nenhuma alternativa para abri-la diretamente. No lintel, achavam-se suspensos
dois grossos anéis e era impossível ao aspirante, depois de ter experimentado
abrir esta porta, não ter o pensamento de que estes anéis tivessem uma
utilidade e que dissimulassem, talvez, qualquer segredo capaz de abrir a uma
nova vida. Ao colocar neles as mãos, eis que se passa a última prova, a
purificação pelo ar.
Desde que tocara sobre os anéis, a
ponte-levadiça ergueu-se e o neófito achou-se suspenso entre o céu e a terra.
Restavam-lhe agora duas alternativas: recuar, ou avançar e ficar suspenso à
espera da salvação por qualquer mão libertadora. Mas, neste momento,
produzia-se a terceira eventualidade, sobre a qual não tinha domínio. O lintel
que suportava os anéis levantava-se por sua vez, com o aspirante sempre
pendurado na posição inquietante. A lâmpada que ele trazia, abandonada sobre a
ponte-levadiça a fim de ter as mãos livres, virara, deixando nas trevas quem
tinha tanta necessidade de luz. Um estrondo terrível elevou-se da
ponte-levadiça, produzindo medo no coração decidido.
Neste momento o ar fora violentamente
agitado por uma tempestade desconhecida e o neófito, sempre pendurado sobre a
ponte, tateava no vácuo e na obscuridade, devendo vencer por sua vez o legítimo
terror e a fadiga de tão penosa posição. Mas no momento em que suas forças iam
faltar-lhe, a ponte-levadiça desce, assim como os dois anéis, e o aspirante
retomando o contato com a terra, quase sem consciência, vê, porém. o que se
oferece aos seus olhos de natureza a apagar da lembrança as suas penas,
reanimando-se com a força e a alegria que retornam prontamente. Tão logo
descido, os dois batentes se abriram por si mesmos por meio de uma simples mola
interior. A vasta sala de um templo cintilava diante de seus olhares deslumbrados.
Sacerdotes formavam para acolhê-lo numa ala que ia da porta até ao fundo do
santuário, ao degrau do altar. O grande sacerdote veio adiante, e ao mesmo
tempo em que louvava a sua coragem e resistência, felicitava-o pelo sucesso,
prodigalizando palavras mais benevolentes. Eram as boas vindas.
Apresentava-lhe, em seguida, um copo de
água pura, símbolo ao mesmo tempo da iniciação e da purificação.. Esta água
consagrada lavava a sua alma das últimas manchas que poderia ainda conservar,
desembaraçando seu espírito dos erros que ainda o obscurecessem. Então, era-lhe
permitido prosternar-se diante da estátua tríplice de Osíris, Isis e Horus. No
meio de solene silêncio, o sumo sacerdote pronunciava palavras que faziam do
recém vindo um verdadeiro iniciado. Ele o votava à deusa, dizendo:
- Isis, grande deusa dos egípcios, daí o
vosso espírito ao novo servo que venceu tantos perigos e tantos trabalhos para
se apresentar diante de vós. Tornai-o vitorioso do mesmo modo nas provas de sua
alma que o tornarão dócil às vossas leis, a fim de que mereça ser admitido em
vossos mistérios.
O coro unânime dos sacerdotes repetia
estas palavras. Em seguida, o novo iniciado recebia uma beberagem que daria a
seu espírito a compreensão e a memória das lições de sabedoria que ele tinha
ainda a receber de seus superiores. Havia chegado ao termo de suas experiências
materiais. Como anunciava a inscrição lida no começo de suas laboriosas peregrinações,
achava-se purificado pelo fogo, pela água e pelo ar. Ele tinha vencido o terror
da morte. Tinha o direito de rever a luz. Podia preparar sua alma para as
revelações esperadas. Era admitido nos mistérios de Isis. Fosse qual fosse o
ensinamento desses mistérios, não podia deixar senão uma impressão no espírito
e as boas sensações naquele que tinha pago tão caro. Por isso os Mistérios de
Isis deixaram na literatura e nas artes gráficas um traço mais considerável do
que qualquer outra iniciação. “Os juramentos feitos de não os revelar eram
formidáveis e nós os aprendemos de diversos autores”. (Los Mistérios Iniciaticos/A Ciência
Secreta – H. Durville)
Essas provas pré iniciatórias não são mais
possíveis, nem jamais foram idênticas em lugar algum como realizadas no
interior da pirâmide de Ghizeh. Pelos tempos houve o esforço de lojas
ocultistas em copiar este estilo egípcio, mas evidentemente as condições
materiais estiveram distantes de permitir a reprodução exata. Sabemos de umas
raras ordens esotéricas de menor porte que ensaiam provas dos quatro elementos
e encenações de perigos como passadas no Egito, porém de maneira somente
simbólica. Podemos, entretanto, garantir, que candidatos às iniciações em
escolas tradicionais ou estudantes eventualmente sem vínculos com qualquer
loja, fraternidade ou grupo, estando no caminho probacionário, sem dúvida
alguma passarão por provas as mais variadas e sensíveis, a fim de receberem
iniciações, e de novo virão portar os galardões que lhes foram de suas conquistas
em vidas passadas, ou pela primeira vez experimentarão o sabor de uma
iniciação, por menor que seja.
As provas mais substanciais, no entanto, se
passam no cotidiano do candidato, no enfrentamento de problemas circunstanciais
em quaisquer locais de suas atividades e no seio familiar. Nos momentos de
provações, que podem durar meses, o neófito sentirá que as emoções, desejos e
pensamentos imperfeitos por ele trabalhados no sentido de tentar corrigi-los ou
sufocá-los emergirão, voltando para a objetividade e enlaçando-o. Os
pensamentos indignos virão pulular a todo instante na mente do candidato
tentando ligá-lo ao passado, a provocá-lo para situações errôneas do presente,
que ele, com sinceridade e honesto esforço, precisará evitá-los, enganando-os
se possível, buscando não se ligar emocionalmente nem permitir-lhes que o
remetam ao desânimo. Com frequência o candidato passa por situações agressivas,
as dificuldades se agigantam, o desinteresse por sua própria sorte ameaça-lhe, as
sensações de tristeza e impotência ressurgem, depressões súbitas o assaltam
alternando-se com o desânimo, e o amargor invade-lhe ao íntimo.
Embora passando por esses difíceis momentos e
tendo a mente nublada, ele sabe intuitivamente o quanto está sendo testado – mil
olhos o vigiam – sabe que precisa lutar, não devendo se abater, necessitando
demonstrar a si mesmo que diante de todas as adversidades detêm ainda forças
para de fato chegar à iniciação ou de novo recuperá-la. Precisa se tornar
inofensivo em pensamento perante seus mais torturadores adversários internos e
externos a fim de não atrair forças negativas ou entrar em demandas. Mas não duvida
por um segundo sequer de que nada lhe acontecerá sem a permissão superior,
muito menos qualquer mal. E apesar de todas as vicissitudes e forças contrárias
– caindo e se levantando – ele precisa ainda assim ter coragem e disposição
para enfrentar a todos os demais obstáculos, ser altivo, não se dobrar ao mal e
jamais desistir.
Nesse estágio de provas ele é guiado a se
retirar, isolar-se do mundo o quanto lhe seja possível e o quanto os seus
compromissos permitam-lhe; afasta-se, assim, temporariamente de seus amigos
mais diletos, das diversões, e constantemente medita ou se instrui com obras
esotéricas que necessita conhecer que lhe caem às mãos das mais variadas formas,
ou que intuitivamente as busca em livrarias especializadas. Se for obreiro em
qualquer área da espiritualidade ou da filantropia, necessitará continuar seu
trabalho, doando-se em meio à incompreensão que lhe tolhe os pensamentos mais
lúcidos.
Há escolas que determinam um tempo para que
essas provas tenham um final, outras não. Se o candidato é autodidata, não há
tempo para que acabem e na maioria dos casos as provas somente terminarão
quando ele tiver vencido a todas elas. Esse é o estágio consciente do
candidato. Há outros estágios de provas que se passam inconscientemente no
plano astral ou mental, dependendo do nível evolutivo do candidato e de que ele
somente terá lampejos de vidências e rápidas conscientizações, mas cujas
atitudes e decisões no decorrer das provas se refletirão de seu próprio ego,
portanto dele mesmo. Nessa linha, adaptamos algo nos relatos de nosso livro ‘Enigma Eu’, e entramos um pouco mais na
elucidação da contextura de tais provas na primeira parte do livro A Face Negra
da Terra. Reafirmamos, não obstante, que os procedimentos pré iniciatórios nos
planos internos não são absolutamente obras da imaginação. Aquelas provas podem
variar, porém muitas reeditam em certas proporções e circunstâncias mais
elásticas as provas do passado realizadas aqui na Terra. Então, findo um ou
outro desses estágios de provas, ou ambos, o mestre do aspirante o guiará para
mãos que o iniciarão aqui na Terra e de onde receberá instruções do que precisará
fazer no mundo, liberando-o nalguns casos para que decida onde ou como começar.
Para os afiliados de lojas ocultistas, as iniciações se darão segundo suas
respectivas tradições.
O esotérico não é pessoa comum, muito menos o
iniciado. O mundo não o entende e os materialistas não o toleram. A natureza o
provoca e constantemente ele se vê assediado pelas forças inferiores, quer
invisíveis ou incorporadas em personalidades, mas com firmeza, concentração e
fazendo uso de seus conhecimentos de ocultista ele as rechaça e as afasta de
seus caminhos. Comumente a família se levanta contra ele e necessita de muita
paciência, forças e ilimitada compreensão para superar todas as situações
contrárias, precisando amar e perdoar sempre. Somente nesse exercício de
autocontrole, trabalhando a calma interior e prosseguindo em suas obras, se
tornará cada vez mais amado pelos seus guias, protetores e mestres espirituais
e por aqueles que o entendem. Conforme mencionamos por nossas iniciais palavras
na abertura dessa obra: a caminhada do esotérico nunca foi fácil e quanto mais
vá palmilhando a estrada mais irá tendo consciência do quanto ainda precisará
galgar para alcançar estágios que sua evolução atual lhe permita.
Capítulo VI do Livro "No Arco das Iniciações", por Rayom Ra disponível para leitura em:
O conteúdo deste texto pode ser copiado e repassado, mas favor mencionar os créditos do autor.
Capítulo VI do Livro "No Arco das Iniciações", por Rayom Ra disponível para leitura em:
Rayom Ra
http://arcadeouro.blogspot.com.br
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