sábado, 17 de setembro de 2016

A Consciência dos Reinos

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A natureza inteira se concentra num processo interligado. Todas as vidas são uma só vida em miríades de formas e aspectos e os reinos co-existem em dependências uns dos outros. Os três reinos elementais que se distribuem respectivamente no plano mental abstrato, no mental concreto e no plano astral não processam as mesmas condições evolucionárias com as vidas no arco de descida da mesma maneira que os quatro reinos conhecidos pela humanidade processam com as vidas neles imbricadas. E nem poderiam aqueles reinos elementais assim processar pela essencialidade de suas naturezas e pelos planos aonde se manifestam. Deles pouco se sabe por ser ainda para os ocultistas de graus menores de difícil ou nenhuma incursão aos seus domínios, representando realmente mistérios. Já os quatro reinos normalmente conhecidos detêm um grande número de pesquisas tanto pela ciência materialista como pela ciência esotérica que mais ainda se aprofunda nos seus segredos.

  Os reinos avançam em seus campos de ação através de milhões de anos evoluindo em consciência. Isso pode parecer estranho uma vez que nossa tendência natural é admitir que somente os reinos animal e o humano tenham condições de deter experiências que possibilitem o alargamento da consciência.  Não obstante, se entendermos que todas as vidas de um reino estão sob a Vida do Logos e Sua consciência está em tudo, não haverá estranheza ao fato. A Alma Universal infere diferentes graus de consciência aos reinos durante suas evoluções em função das várias características de cada reino, de suas necessidades e ao papel que a eles cabe desempenhar em relação ao todo da natureza. A passagem completa de um reino pelo planeta para seu total desempenho e avanço, dura a encarnação inteira de uma cadeia, ou seja, sete rondas em milhões de anos, contagem essa que não se sabe ao certo de seus verdadeiros números por que é considerada exotérica, havendo outra oculta ou esotérica que talvez resulte em bilhões de anos, contados nas descidas e subidas das rondas pelos planos acima em termos mais abstratos e até em termos não tempo.

  Ao cabo das rondas, as vidas de um reino que conseguiram avançar em suas experiências estarão aptas a passar para o reino seguinte na próxima encarnação da cadeia. Os produtos que não avançaram o necessário continuarão no mesmo reino, provavelmente nas sete próximas rondas, e terão a companhia de novas vidas egressas de um reino anterior. Assim, por exemplo, do terceiro reino elemental desce nova onda de vida migrando para o reino mineral. Os produtos deste reino que aproveitaram bem seus estágios na encarnação da cadeia virão migrar para o reino vegetal, os deste irão para o animal e os do animal finalmente virão ao humano. Esses upgrades se verificam normalmente quando é feito o balanço de uma encarnação da cadeia, ocasião em que as Hierarquias Criadoras tomam as devidas providências durante o período de repouso chamado de Pralaya da Cadeia. Nessa duração de pralaya, a cadeia sai da objetividade e permanece oculta num entretempo de uma encarnação a outra durante um manvantara. Manvantaras são períodos de manifestações da vida em diversas situações que compreendem ciclos imensos de um universo inteiro e ciclos gradativamente menores como de um sistema solar, de uma cadeia e de uma só ronda.

  Entretanto, contrariamente às vidas em atrasos, existem casos de vidas que avançam acima da média e podem passar ao reino seguinte antes mesmo de haver o balanço geral. Desse modo, ficarão entre as ultimas vidas do reino ao qual acabam de migrar. Quando se fala em consciência de reino, evidentemente estamos nos referindo de maneira geral às essências elementais dos reinos, muito embora a matéria dos reinos, ronda após ronda, encarnação após encarnação da cadeia, vá também se sutilizando e adquirindo estados de consciência cada vez mais trabalhados. Sabemos que tanto espírito quanto matéria interagem nos processos evolucionários da cadeia por que a Vida como uma só manifestação, na sua essência primeva, é instada a trabalhar e evoluir todos os reinos e assim elevar o planeta em todos os seus graus de matéria a estágios mais avançados no panorama da cadeia e do próprio sistema solar. Porém, quando falamos que certas espécies de reinos se adiantam ou permanecem estacionárias, referímos-nos muito mais ao processo em que grupos de formas elementais, incorporadas e caracterizadas nas suas espécies, adquirem as experiências necessárias nas diversas situações dos reinos, enriquecendo, paralelamente, às tríades que mergulham nas vibrações mais densas da matéria físico-etérica, da matéria astral, e nos casos de animais adiantados que alcançam as fronteiras das vibrações mentais. Observemos o seguinte:

  1. “A intrarelação, a necessidade básica de todos os reinos em interagir, é a prova mais cabal dessa consciência universal integradora da Vida. Somente homens muito evoluídos mental e espiritualmente terão condições de sintonizar-se plenamente com essa vontade consciente do Logos que impregna a todos os átomos da existência com a mensagem evolucionária única. Essa idéia chega ao homem de mediana evolução de maneira fragmentária, via canal intuitivo. No mais, a consciência do Logos, Seu Espírito, despertará unicamente conjeturas ao homem reflexivo, embora em todos os homens seja indissociada(o) como vida autoconsciente manifestada(o) num grau mais elevado em relação aos reinos, e nas vidas dos reinos se imprima basicamente numa Entidade (que podemos também chamar na sua totalidade de Vida, Vida-Elemental, Vida-Reino, Egrégora-Reino, Energia-Criadora, etc.) através da ação, impulsos instintivos e movimentos. O esotérico trabalha com maior afinidade a idéia da criação porque é treinado na reflexão a meditar com frequência sobre os mecanismos subjetivos da Vida, e também porque se esforça no sentido de aprimorar a percepção intuitiva. O intuitivo “vê” com os olhos da alma tanto do interior para o exterior como ao inverso”.
  2. (...) “as vidas que um dia serão humanas, não foram exatamente animais, nem vegetais ou minerais, pois em suas passagens por esses reinos obtiveram as experiências dos reinos desde um plano de existência acima das manifestações das espécies. Entretanto, as vidas encarnadas como homens, liberadas das ligações das almas-grupos e, portanto, individualizadas, trarão incorporadas as reações primárias sob o imperativo do instinto, sobrepostas por uma gama de experiências adquiridas por milhões de anos nos reinos pregressos, que as auxiliarão a sobreviver em grupamentos humanos afins”.
  3. (...) “Almas-grupos são formações de essências elementais e atômicas capturadas pelas unidades-vidas (tríades) em seu processo de descenso pelos reinos elementais e mundo etérico. Possuem três capas protetoras ou anéis constituídos da inteligência do Segundo Logos, formando uma envoltura tríplice no interior da qual as unidades-vidas permanecem ativadas por um mesmo raio cósmico. Os resultados conseguidos por uma alma-grupo, por veículo das vidas nas suas interações com determinadas espécies de um reino, são cumulativos e distributivos, pois a cada ciclo de evolução esses resultados enriquecem a alma-grupo, as unidades-vidas e os representantes das espécies”.   (O Monoteísmo Bíblico... – pg. 115 - Rayom Ra)

   Ao mencionarmos as tríades precisaremos fazer um rápido resumo sobre suas existências a fim de que se tenha um reforço na ideia de como as experiências dos reinos são possíveis às mônadas, almas e personalidades, sem que isso represente um tipo de encarnação de almas em corpos minerais, vegetais ou animais, que de fato não ocorre, conforme já nos referimos. Mônadas são as vidas que já vieram com o Logos ou Deus Criador quando da construção do sistema solar, portadoras de estados de consciência evoluídos e plenamente conhecedoras dos propósitos do Logos. As mônadas representam a sabedoria do próprio Logos e de imediato se constituíram numa hierarquia a trabalhar para o sistema solar. São conhecidas como centelhas divinas, espíritos puros, chispas divinas, unidades de consciência, divindade, o vigilante, o pai celestial, e por outros nomes. As mônadas se posicionaram desde logo no mundo ou plano monádico ou anupadaka, dali não podendo mais descer senão vibrar. Mas necessitavam auferir de experiências dos mundos inferiores ao seu, por isso foi necessário que as Hierarquias Criadoras, comumente chamadas de Devas, as auxiliassem, construindo veículos com os quais elas se identificariam e atuariam na busca. Os veículos, no entanto, não poderiam ligar-se entre si senão por um fio ou cordão chamado sutratma que faria essa união entre os corpos a fim de que se manifestassem nos planos onde a matéria se apresenta com diferentes graus vibratórios. Vejamos o seguinte:

  1. “Uma mônada, como vimos, possui três aspectos de consciência, cada um dos quais, ao chegar o momento de começar o processo evolutivo, inicia o que podemos chamar uma onda vibratória, fazendo vibrar sobre a matéria atômica dos planos Atma, Buddhi e Manas, que a rodeiam. Devas de um universo anterior que haviam eles mesmos passado por experiências idênticas, guiam a onda vibratória do aspecto Vontade da mônada a um átomo de Atma, o qual vem se aderir à mônada e é o átomo permanente da mesma, chamando-se assim porque permanece na mônada durante o inteiro processo de evolução da mesma. Identicamente, a onda vibratória do aspecto sabedoria da mônada é guiada pelos Devas a um átomo de Buddhi, e que vem a ser um átomo permanente búdico. Assim também, a onda vibratória do aspecto Atividade da mônada é guiada pelos Devas a um átomo da Manas e vem a ser o terceiro átomo permanente. Assim se forma Atma, Buddhi, Manas que se chama com frequência o Raio da mônada.
  2. A mônada tendo se apropriado dos três átomos para sua utilização inicia sua obra. Ela, por sua própria natureza não pode descer mais abaixo do plano Anupadaka, por isso se diz que está em ‘Silêncio e Obscuridade’, ou seja, não manifestada, porque vive e trabalha em e por meio dos átomos que se apropriou.
  3. (...) Depois de larga preparação, emana da tríade um pequeníssimo fio, como uma raizinha, um fio de vida de cor dourada envolto na matéria búdica. (...) O fio de vida envolto em matéria búdica, com a unidade mental agregada, puxa desde o plano astral, de onde de maneira similar se une a um átomo astral. (...) O fio de vida envolto em matéria búdica, com a unidade mental e o átomo permanente astral aderidos, avança e se anexa a um átomo permanente físico. (...) Desta maneira se forma o que com frequência se chama a tríade inferior, que consiste de uma unidade mental, um átomo permanente astral e um átomo físico (etérico)”.(AEP)

  Cada reino da natureza, sob a visão mais aprofundada, é uma alma com todas as interações e integrações de suas espécies, e a soma total das energias de suas unidades resultam numa média vibratória que é sua verdadeira tônica. As forças planetárias coexistem justamente porque todos os reinos agem e se desenvolvem num conjunto de dependência e porque a Vida da cadeia se encontra a todo instante em perene atividade e renovação de suas energias na medida em que os reinos e suas espécies transitam de uma para outra situação.

  Se a ronda que ora faz a passagem pelo nosso globo subitamente o abandonasse, as vidas de reinos certamente feneceriam. As tríades inferiores que se manifestam de suas respectivas almas-grupos, basicamente de sete tipos segundo os raios de suas mônadas, e por grupamentos afins, ao auferir das vibrações das qualidades minerais e das espécies vegetais e animais, ao mesmo tempo em que se enriquecem de conhecimento, vibram em transmissões para os corpos causais e tríades superiores. É sempre bom lembrar que a tríade superior de cada mônada constituída pelos átomos-mestres ou permanentes alocados em Atma-Buddhi-Manas(superior), advieram dos atributos Vontade-Sabedoria-Atividade da mônada e se refletem nas vibrações desses três respectivos planos em Espírito-Intuição-Razão Pura.

  Esses três aspectos, por sua vez, vêm se refletir na tríade inferior dessa mesma mônada em Manas(inferior)-Astral-Físico(etérico) sob os atributos Intelecto-Emoção-Atividade. Em outras palavras, a tríade inferior que se aproxima das espécies dos reinos para deles obter experiências, é a principal ferramenta da mônada nos mundos inferiores onde assim ela se manifesta. A consciência externada por um reino difere quanto ao seu conteúdo qualitativo em relação aos demais, o que não poderia ser diferente devido às suas naturezas, aos objetivos no Plano da Criação e pelo tipo de matéria que os envolve, e essas expressões diferenciadas serão absorvidas pelas tríades inferiores através de milhões/bilhões de anos em cada reino das mais variadas maneiras. Temos o seguinte sobre isso:
  
  “Todas as tríades Inferiores hão de passar pelo reino mineral posto que seja o estado em que a matéria alcança sua forma mais densa e na qual a Grande Onda da Vida chega ao limite de seu descenso e inicia seu arco ascendente. Ademais, a consciência física é a primeira que se há de despertar. É no plano físico que a vida virá se orientar definitivamente para fora e reconhecer contatos com o mundo externo. A consciência aprende gradualmente a reconhecer os impactos de fora, a relacioná-los com o mundo externo e como consequência a aceitá-los como próprios. Expressado de outro modo, é no plano físico que a consciência se converte pela primeira vez em autoconsciência.
  Mediante prolongadas experiências, a consciência sente o prazer e a dor provenientes dos impactos, se identifica com esse prazer ou dor e começa a considerar não como si mesma no que tange à sua superfície externa. “Assim se estabelece a primeira distinção entre o ‘não-eu’ e o ‘Eu’. (...) A consciência como temos dito, se desperta assim no plano físico e se expressa por meio do átomo permanente físico. Nesses átomos está latente o bem conhecido aforismo ‘dorme no mineral’ e no mesmo deve haver algum grau de despertamento, de maneira que saia de seu sono sem sonhos e se ponha o suficiente ativo para passar a um novo estado, o do reino vegetal no qual está destinado a ‘sonhar’ ”.  (AEP)

  Ao estarmos abordando os reinos, alguns com certas peculiaridades e pequenos detalhes, não estaremos fugindo do assunto a que se propõe esse trabalho. Desejamos demonstrar, ainda que imperfeitamente, que toda a natureza vibra e trabalha sob estados diversos de consciência e todas as vidas de reinos passam por iniciações, que são, justamente, as experiências adquiridas das mais variadas maneiras e também dos resultados de seus próprios impulsos evolucionários movidos aos anseios de conhecer mais. Cada reino age e reage de uma forma especial e as tríades neles inseridas obtêm, desde sua dimensão vibratória sob as capas das almas-grupos, as respectivas experiências de que as mônadas necessitam. As diferentes reações que os reinos transmitem e seus impulsos de adaptações, transformações, artifícios de sobrevivência individual ou grupal, anseios de vida e aprendizado, inundam e satisfazem às tríades.

  Esse processo, não é simplesmente automático, embora de muitas maneiras quantitativo pela pluralidade de ações e movimentos das miríades de vidas, guiadas por um norteador principal que no reino mineral é a transmutação, no vegetal a transformação, no animal a transfusão e no humano a translação. Não obstante, há um sentido ainda maior e oculto a guiar as vidas de reinos para dilatar essas incorporações e transcender à simples ação de viver e colher experiências, que é justamente a consciência que por si só não pode ser explicada como fator inerente aos reinos. A consciência não está integrada aos reinos como algo a ser escavado e descoberto, mas sim participa como um véu transcendente a descer e entremear-se, impregnando-se às energias-vidas e às formas dos reinos que àquelas as abrigam, conservando sempre a perene mensagem de agir e obter.

  Esse processo, no seu desenvolvimento, vem a ser permeado por colorações especiais, segundo grupamentos de espécies, e a média produzirá o valor qualitativo dos avanços do reino inteiro. Na medida em que as espécies se exercitam e se esforçam para superar-se durante o processo existencial, ou mesmo recebem os impactos das forças naturais em seu meio ambiente ou de predadores, reagem com as energias liberadas pelos seus próprios e respectivos campos vibratórios elementais nos seus veículos etéricos e astrais. No reino animal essas correntes de retorno ultrapassam os limites astrais e alcançam as bordas da matéria mental. Então Anima Mundi passa a alcançá-los mais acima e a inferir padrões mais elevados nos átomos dos grupamentos, alargando-lhes o tipo de primitiva consciência.

  É importante não esquecer que tanto a matéria dos reinos quanto as energias-vidas detêm por si mesmas a presença do Segundo Logos, embora Sua presença não esteja ainda qualificada em relação à consciência dos reinos, mas ambas – a matéria e as energias-vidas como um todo – já são portadoras da inerente mensagem evolucionária de Anima Mundi que estimula todos os átomos aos avanços através das experiências. O tipo de matéria de um reino evidencia-se nas próprias formas que abrigam às miríades de vidas. O tipo de consciência de um reino evidencia-se nas suas estreitas relações com os demais reinos, e é uma necessidade à própria vida planetária em termos de rolamento das energias e forças que irão gerar qualidades diferenciadas entre um e outro reino.

  Portanto, mesmo que as energias-vidas transitem sempre de uma situação a outra e passem em ondas de um reino para o seguinte, as qualidades a serem trabalhadas naquele reino deixado para trás e já percorrido, serão as mesmas durante toda a próxima encarnação da cadeia. Um reino sintetiza espírito-matéria (ou alma-matéria sob certas condições) sob as capas de energias-formas e energias-vidas. Assim, muitos grupamentos das energias-vidas avançam e conquistam novas colorações nos reinos seguintes, enquanto as energias-formas permanecem nos reinos sob um estado intermediário entre energia e massa, a fim de ser novamente remodelado, condicionado e condensado ao que irão necessitar os grupamentos retardatários que ali ficaram e as energias-vidas que chegarão ao reino em nova e grande onda. Nesse estado de repouso a matéria dos reinos permanecerá integrada à grande corrente proveniente do Logos, através da alma-universal, no entanto mais enriquecida com as experiências de milhões/bilhões de anos das muitas vidas que por ali passaram.

  Tudo o que se referir a uma ampliação de consciência é um resultado de uma iniciação. Vejamos o seguinte:

  “O reino mineral marca o ponto duma condensação única. Isso é o resultado da ação do fogo e da pressão da ‘idéia divina’. Esotericamente falando temos no mundo mineral o Plano Divino oculto na geometria de um cristal e a radiante beleza de Deus concentrada na cor de uma pedra preciosa. Na miniatura e no ponto mais ínfimo da manifestação, encontramos os conceitos divinos desenvolvendo-se. A meta do conceito universal observa-se quando a jóia irradia a sua beleza e quando o radium emite os seus raios tanto destrutivos como construtivos. Se pudésseis compreender realmente a história dum cristal entraríeis na glória de Deus. Se pudésseis penetrar na consciência atrativa e repulsiva dum pedaço de ferro ou de chumbo toda a história da evolução vos seria revelada. Se pudésseis estudar os processos ocultos que se desenrolam sob a influência do fogo penetraríeis no segredo da iniciação. Quando chegar o dia em que a história do reino mineral puder ser captada pelo vidente iluminado ele verá então a longa estrada que o diamante percorreu e – por analogia – o longo caminho que todos os filhos de Deus percorreram, governados pelas mesmas leis e desenvolvendo a mesma consciência”. (AAB)

  Conforme citamos, fatores externos da vida planetária com repercussões internas, submetem os reinos a passar por iniciações. Ações do fogo, temperaturas extremas e variadas, vento, água e fenômenos diversos atuam sobre a natureza dos reinos e os vêm transformando pelos milhões de anos num ritmo lento e controlado. No entanto, o homem é quem provoca ações mais rápidas e devastadoras sobre os reinos mudando-os rapidamente, causando impactos inesperados com resultados quase sempre danosos ao eco-sistema. Ações humanas em prospecções e extrações de petróleo, escavações em minas de carvão, em minérios e pedras preciosas, utilizações de materiais radioativos pela tecnologia, transformações em largas escalas do minério bruto em peças industrializadas através do calor abrasante de centenas de graus centígrados, o som produzido ao impacto das transformações e a presença dos insumos nas atividades humanas, são exemplos de um longo e variado processo iniciatório do reino mineral.

  Essas injunções do homem levam o reino mineral a diversos graus do despertar da consciência, principalmente pela hiperatividade sobre seus recursos e nas suas reações aos impactos. O sacrifício do reino mineral em favor dos três outros, direta e indiretamente, é extremamente acentuado devido a sua potencialidade latente instrumental que tanto destrói como transforma, refletindo-se esse poder, muitas vezes incontrolável, diretamente nos elos intradependentes da cadeia mundial. Mesmo subjetivamente as vibrações do reino mineral abrem importantes vias de acessos às vidas planetárias em qualquer direção.

  No âmbito do reino vegetal as vidas detêm outras experiências baseadas principalmente na sensibilidade. O reino vegetal retira seu sustento quase que diretamente da terra. Nesse particular, o reino mineral oferece-se em completo holocausto para que o vegetal viva pela absorção dos elementos disseminados no solo trazidos pela água e por outras transformações erosivas. O reino vegetal não conhece o instinto da forma total como o conhece o reino animal, porém em sua aura sensível obtém e realiza as experiências de ações, reações, atrações e repulsões funcionando via os pólos do magnetismo e pelos impulsos instintivos que lhes permitem exercitar a autodefesa e a conservação das espécies. De há muito a ciência atua catalogando as nuances desse reino, percebendo suas respostas aos impactos e ataques externos, conseguindo auscultar sua voz numa onda sonorizada de uma melodia continuada, imperceptível aos padrões vibratórios dos ouvidos humanos. Sobre as tríades:

  “Exatamente como no caso das almas-grupos minerais, repetiríamos que não há de se supor que cada folhinha de grama, cada planta, e cada árvore tenha dentro um átomo permanente, evolucionando até o estado humano durante a vida de nosso sistema; senão que o reino vegetal (e todos os demais – R/R) existe por sua própria conta e para outros fins, oferecendo também um campo evolucionário para tais átomos permanentes os quais os Devas guiam de uma planta a outra a fim de experimentar as vibrações que afetam o mundo vegetal e para que acumulem poderes vibratórios em si mesmos, conforme fizeram no reino mineral.
  (...) Na longa vida de uma árvore da selva, a crescente agregação de matéria astral se desenvolve em todas as direções como forma astral da árvore. Essa forma astral experimenta vibrações que produzem ‘em massa’ prazer ou desconforto causadas numa árvore física pela luz do sol, pelas tempestades, vento, chuva, calor, frio, etc.; experiências que se transmitem em certa medida ao átomo permanente incrustado na árvore. Como se tem dito, a árvore ao perecer, seu átomo permanente retornará ao âmago da alma-grupal, levando consigo a rica colheita da experiência que compartilha com as demais tríades viventes na alma-grupal”. (AEP)

  As vidas pregressas do homem nos três reinos não-humanos não se dão com a alma terrena, visto aquela estar sequer ainda formada. Os átomos-mestres ou permanentes, que no processo de absorção das vibrações dos reinos estarão magnetizando as ondas captadas, num futuro distante formarão, juntamente com as essências atômicas e elementais, os corpos de matérias etérica, astral e mental do homem e atrairão átomos de cada plano agregando-os pelos seus poderes magnéticos, os quais compartilharão da memória das experiências obtidas pelas tríades em milhões/bilhões de anos. No entanto, à alma terrena organizada, o homem somente a possuirá após a individualização do reino animal, e a fará evoluir na decorrência dos milhões de anos que terá pela frente conforme trataremos mais adiante. Sigamos a um novo comentário sobre o reino vegetal:

  “Um importante e simbólico acontecimento foi consumado ao finalizar a era pisciana que foi o período da influência do sexto raio: foi a devastação das florestas em escala mundial. Por todas as partes foram sacrificadas às necessidades do homem. Assim as formas de vida que estavam preparadas para a iniciação foram submetidas à influência do fogo. O principal agente do desenvolvimento deste reino é a água e este novo desenvolvimento em que se associa o fogo com a água neste reino motivou o fato subjetivo que fez nascer a idade do vapor.
  Os grandes incêndios de florestas que atualmente ameaçam diversas partes do mundo relacionam-se também com a ‘iniciação por meio do fogo’ dum reino que até aqui fora controlado e dirigido no seu crescimento pelo elemento água.
  (...) Notemos um ponto interessante aqui. Esotericamente é reconhecido que o reino vegetal é o transmissor e transformador do fluido prânico vital para as outras formas de vida no nosso planeta. Esta é a sua única e divina função. O fluido prânico sob a forma de luz astral é o refletor do divino akasha. Portando, o segundo reino reflete-se no plano astral. Os que procuram nos anais akásicos ou que se esforçam por trabalhar, sem riscos, no plano astral, para estudar corretamente ali os acontecimentos refletidos na luz astral têm de ser forçosamente, e sem exceção, estritamente vegetarianos.
  (...) A influência dos três raios reunidos no reino vegetal, que são também os três raios correspondentes aos números 2.4.6, produziram neste reino uma perfeição quádrupla que não tem paralelo em nenhum outro. (...) O efeito do conjunto destes três raios trabalhando em uníssono, foi produzir um quarto resultado, o perfume das flores que se encontra entre os mais perfeitos exemplares do reino vegetal. O perfume pode ser mortal ou vitalizante, delicioso ou repulsivo. Atrai e constitui uma parte do aroma deste reino que é sentido na aura do planeta se bem qua a humanidade não o reconheça no seu conjunto. Isolai um perfume. Também o perfume dum reino inteiro é um fenômeno bem conhecido para o iniciado. (...) Este reino é a radiante roupagem do planeta revelada pelo Sol; é a expressão realizada da vida que anima este reino da natureza; é o efeito da manifestação dos três aspectos divinos e ativadores deste ‘peculiar’ filho da divindade que igualmente realiza o seu destino na forma e através da matéria”. (AAB)

  A dor é um estigma que sempre precede às iniciações, sejam elas num sentido coletivo durante as vidas dos reinos, sejam para indivíduos. Sofre o mineral com a violência dos elementos e a mão do homem; sofre o vegetal, por sua sensibilidade aflorada, ante tais e semelhantes ações; sofre o animal nas encarniçadas lutas da sobrevivência e pela crueldade de seus superiores; sofre o aspirante aos expurgos de suas imperfeições e nas dores morais diante das provas que antecedem sua sagração de iniciado. Mas o que é mesmo a iniciação senão a necessidade de avançarmos sobre nós mesmos quer individualmente quer como vidas em grupamentos de espécies?

  Nesse processo imposto pelas próprias regras de um plano evolucionário, os mergulhos no sofrimento nos demonstram os diversos e diferentes resultados das ativações de um móvel chamado consciência. O oculto propósito imposto aos dois primeiros reinos ao processo iniciatório e a completa impossibilidade destes reinos de dirigi-lo, vem de certa maneira contrabalançar-se com a semiconsciência das muitas espécies do reino animal nas suas ardentes aspirações de participar da vida humana. No reino hominal, vem atuar com o despertar gradativo do homem primitivo sobre o que o rodeia, dotando mais tarde às intenções do iniciado no caminho da auto-realização, de uma antevisão aos objetivos da superconsciência. Muito embora o objeto da iniciação, assente em todos os elos que unem as vidas, detenha necessárias variações, o processo iniciatório como tal é inescapável por que há um carma evolucionário a ser cumprido numa escala diferenciada que vai das vidas dos reinos, dos próprios reinos, do planeta, da cadeia planetária, do sistema solar, do conjunto de sete sistemas solares, de nossa galáxia e mais além rumo ao desconhecido.
      
  Antes de avançarmos para algumas sínteses do reino animal, desejamos fazer uma breve recapitulação de os temas dos sete raios e almas-grupos, já constantes em outros trabalhos de nossa autoria, a fim de que os relacionemos também às fases que se desdobram durante os processos iniciatórios dos reinos e mais tarde do homem liberto do mecanismo das almas-grupos. A pergunta sempre emerge: que são raios? A definição mais simples e objetiva nos deu AAB: “Um raio é o termo aplicado a uma força ou tipo de energia que põe em relevo a qualidade que exibe essa força e não o aspecto-forma que aquela cria. Essa é a verdadeira definição de raio”.

  Os raios têm manifestações cíclicas e a cada ciclo de suas presenças a Vida da Terra tende a avançar em certos aspectos da existência ou promover revoluções sobre ideias, pensamentos e conceitos dos homens segundo a época. Durante muitos milênios essas manifestações de raios vêm influenciando os reinos e as civilizações, porém as mudanças não foram sentidas sob uma visão mental límpida ou analítica, pelo fato de a evolução da humanidade estar relacionada muito mais ao aspecto astral com suas implicações de crenças e práticas religiosas. Os raios são potentes em imantações de qualidades divinas, no entanto estimulam a ambas as polaridades – por que ambas se opõem em dualidades nas consciências de egos como luzes e sombras – o que em muitos ciclos provocaram grandes desastres pelo lado negativo com que foram incorporados. Na atualidade, embora as raças se diferenciem quanto as suas inclinações astrais e mentais, é possível entendermos certas atuações de raios e seus resultados nos processos civilizatórios, através de comparações e análises objetivas e subjetivas bem como de aspectos astrológicos esotéricos revelados ao mundo pelo mestre Djwhal Khul, através de Alice A .Bailey. Sobre esse fato coloquemos pequeno subsídio aos estudantes de astrologia. Diz AAB:

  “Cabe aqui fazer uma pergunta: qual é a diferença que existe entre as influências de raio e as que são de natureza astrológica tais como as do signo ascendente e dos planetas regentes?
  As energias que astrologicamente afetam o ser humano são as que atuam sobre ele como resultado do deslocamento aparente do Sol no firmamento quer seja uma vez em cada vinte e cinco mil anos ou uma vez em cada doze meses. As influências que constituem as forças de raio não vêm das doze constelações do zodíaco, mas emanam principalmente do mundo dos seres e de consciências que existem por detrás de nosso sistema solar e que vêm das sete constelações que formam o corpo de manifestação de Aquele de Quem Nada se Pode Dizer. O nosso sistema solar é uma dessas sete constelações. Esse é o mundo da própria Divindade de que o homem nada pode saber enquanto não tiver passado às iniciações superiores”.

  Os sete raios cósmicos vêm tendo suas presenças em nosso sistema solar dimanados de sete planetas chamados sagrados que incorporaram suas forças de raios pelas mentes e corpos superiores de sete iniciados, conhecidos por Logoi ou Ministros do Logos Solar. Esses grandes senhores comandam os raios em suas durações cíclicas, em suas retiradas e em novas manifestações. Sobre isso temos o seguinte:  

  “Segundo o plano inicial, a Vida-Una procurou expandir-se e os sete eões ou emanações surgiram do vórtice central e repetiram ativamente o processo anterior em todos os detalhes. Vieram à manifestação e no trabalho de expressão da vida ativa, qualificada pelo amor e limitada pela aparência fenomênica externa passaram a uma segunda atividade e tornaram-se os sete Construtores, as Sete Fontes de Vida e os sete Rishis, de que falam todas as antigas escrituras. Essas sete Entidades psíquicas originais, têm a capacidade de exprimir o amor (que implica o conceito da dualidade: o que ama é amado, o que deseja é desejado) e passar da existência objetiva. A estas sete Entidades damos os nomes seguintes:

Enumeração dos Sete Raios:

  1. O Senhor do Poder ou Vontade. Esta vida quer amar e utilizar o poder como expressão de benevolência divina....
  2. O Senhor do Amor-Sabedoria. Personifica o amor puro, é considerado pelos esoteristas como estando estreitamente encerrado no coração do Logos Solar como estava o discípulo bem-amado perto do coração do Cristo da Galiléia...
  3. O Senhor da Inteligência Ativa. O seu trabalho está mais estreitamente ligado com a matéria e atua em colaboração com o Senhor do segundo raio...
  4. O Senhor da Harmonia, Beleza e Arte. A principal função deste Ser é a de criar Beleza (como expressão da verdade) através do livre jogo da vida e da forma baseando o cânon da beleza no plano inicial, tal como existe na mente do Logos Solar...
  5. O Senhor do Conhecimento Concreto e da Ciência. Esta grande Vida está em contato estreito com a mente da divindade criadora, do mesmo modo que o Senhor do segundo raio está no coração da própria Divindade...
  6. O Senhor da Devoção e do Idealismo. Esta Divindade Solar é uma característica particular da qualidade do Logos Solar...
  7. O Senhor da Ordem Cerimonial ou da Magia. Está agora entrando no poder e começa lenta, mas seguramente a fazer sentir Sua presença”...(AAB) (Ver: O Monoteísmo Bíblico...)

  Voltando aos reinos e a seus processos de absorções de experiências das tríades inseridas no interior de almas-grupos, cujas naturezas são correlatas aos sete tipos de mônadas que também vibram através das qualidades de seus respectivos raios:

  “Esses sete grandes tipos de raios de almas-grupos mantêm-se separados e discernidos durante todas as vicissitudes de suas evoluções, ou seja, os sete tipos evolucionam em correntes paralelas que nunca se mesclam nem se unem umas com as outras....”
  “Essas sete almas-grupais primárias aparecem como formas vagas, membranosas, que flutuam num grande oceano, como os globos flutuariam no mar. São vistas primeiramente no plano mental, aparecendo delineadas com maior clareza no plano astral e mais ainda no plano físico. Cada uma flutua numa das sete correntes da Segunda Grande Emanação de Vida.” (AAB) (Ver - O Monoteísmo Bíblico...)

  “É importante notar-se que as tríades não são especificamente as estimuladoras das funções vitais dos representantes dos reinos, nem partícipes dos processos organizacionais evolucionários dos múltiplos grupamentos das espécies. Há hierarquias espirituais responsáveis por anexar energias e forças aos reinos, e que tratam da ampla evolução das espécies, segundo aplicações, consolidações e efeitos de leis naturais regentes. E a função das tríades nesse processo é bem mais de auferir das experiências dos reinos do que estimular. Mas é inegável que as vibrações adquiridas pelas tríades, ao longo de suas peregrinações nos reinos, irão afetar os representantes das espécies de diversas maneiras - e prover-lhes de cumulativa memória - com isso auxiliando-os a desenvolver melhores valores. As capas de proteção que a Inteligência do Segundo Logos criou para as almas-grupos, auxiliam a que as essências elementais que preenchem o interior das almas-grupos ali recebam as vibrações das energias dos reinos através das tríades que estejam atuando fora, e as conservem concentradas no interior dos círculos de suas existências. 
  Essas capas ou proteções nas almas-grupos são três sobrepostas que articulam sucessivamente as respectivas vibrações com os reinos mineral, vegetal e animal. Na medida em que as almas-grupos contendo as tríades migram de um para outro reino, perdem nessas passagens as suas capas protetoras respectivas aos reinos que estão deixando. Dessa maneira, quando decorridas sete rondas ou uma encarnação da cadeia, e grande número das almas-grupos do reino mineral avançam para o reino vegetal, uma de suas capas, justamente aquela relativa ao reino mineral, se desfaz e os seus átomos constitutivos retornam ao grande reservatório da natureza. O mesmo processo se dá nas passagens do reino vegetal para o reino animal e desse para o reino humano.
  As capas estabelecidas pelo Segundo Logos, assemelham-se a três anéis sucessivos em torno de cada alma-grupo do seguinte modo: uma capa, anel ou proteção de essência elemental mental do reino mineral, uma capa, anel ou proteção de essência astral do reino vegetal, e uma capa, anel ou proteção de matéria atômica etérica-física do reino animal”. (Rayom Ra - O Monoteísmo Bíblico...)

  O processo de vida evolutiva e suas diversas nuances que resumidamente estamos aqui ilustrando, serve unicamente para dar uma ideia de como as iniciações são partes integrantes da Vida planetária como um todo, mas não necessariamente implica em que todas as formas da natureza física com suas contrapartes etéricas e astrais, participem de idênticos avanços com os mesmos artifícios. Muitas vidas de reinos não carregam tríades e, portanto, não se incluem nos procedimentos paralelos adotados para enriquecer de experiências as tríades e suas mônadas que mais adiante favorecerão o homem encarnado. As atividades dos Devas que vitalizam os reinos, o desvitalizam quando amadurece o carma; que providenciam as transferências de vidas e as separam por grupamentos segundo suas colorações, vêm durar incontáveis períodos de tempo e são procedimentos que detém profundos segredos somente permitidos aos iniciados de altos graus chegar a conhecer.

  As ciências ocultas revelam somente porções da sabedoria da natureza e de suas leis, portanto outras partes importantes de seus processos de vida, avanços e muitos pormenores faltam aos não adeptos; assim, para estudantes e iniciados menores as revelações são em muitos aspectos somente elusivas. Essa não anuência aos muitos segredos da natureza faz parte dos métodos de ensinamentos esotéricos, visto os avanços nos campos do conhecimento devam ser precedidos de certas condições vivenciadas e realmente constantes no curriculum pessoal do estudante. Valores humanitários e morais, o exercício de serviços, pesquisas, concentrações, práticas ritualísticas, meditações, abstrações e imaginação são as permanentes lições de todos os iniciados de qualquer grau, pois representam as molas propulsoras de seus progressos na senda que possibilitarão a abertura de canais da mente e crescentes avanços no processo intuitivo e realização da alma como sustentório gradativo de forças.

  O iniciado da Era de Aquário obterá maravilhas em sua vida se conseguir aliar todos esses esforços do conhecimento com atividades filantrópicas, profissionais ou esotéricas em favor dos irmãos do mundo. Embora a modernidade venha exigir agilidade a fim de habilitar os servidores o melhor possível para o trabalho assistencialista, contudo não o desproverá de oportunidades de exercitar o autoconhecimento dentro das possibilidades de seu carma.

  Passemos ao seguinte:

  “Dirigindo nossa atenção à relação dos quatro reinos com o Mundo do Pensamento, notamos que os minerais, as plantas e os animais carecem de um veículo que os correlacione com esse mundo. Entretanto, sabemos que alguns animais pensam. São os mais superiores animais domésticos que permaneceram gerações inteiras em estreito contato com o homem e desenvolveram faculdades que outros animais desprovidos dessa vantagem não possuem. (...) As vibrações mentais do homem têm “induzido” neles uma atividade similar, porém, de ordem inferior. Salvo essa exceção, o reino animal ainda não adquiriu a faculdade de pensar. Não estão ainda individualizados, mas são os mais elevados de sua classe, quase a ponto de individualizar-se O homem é um indivíduo, o que constitui a grande e cardeal diferença entre este e os demais reinos. Os animais, os vegetais e os minerais dividem-se em espécies, não estão individualizados no mesmo sentido em que se encontra o homem.
  É certo que dividimos a humanidade em raças, tribos e nações e que notamos a diferença entre os caucásicos, os negros, os indus, etc. Porém, a questão não é esta. Se quisermos estudar as características do leão, do elefante, ou de qualquer outra espécie de animais, é necessário apenas tomar um exemplar ou espécime de qualquer deles e conhecemos as características da espécie a que pertence. Todos os exemplares da mesma tribo animal são semelhantes, não há diferenças alguma na maneira como agirão debaixo das mesmas circunstâncias. Todos têm iguais semelhanças e diferenças, um é o mesmo que o outro.
  Entretanto, não acontece isto com os seres humanos. Se quisermos conhecer as características dos negros, não basta examinar um só indivíduo. Seria necessário examinar cada um individualmente e, ainda assim, não chegaríamos a conhecimento real algum relativo aos negros “como um todo”, porque o que é uma característica do indivíduo não pode aplicar-se à coletividade ou a toda a raça. (...) Isso resulta de existir em cada homem um espírito individual, interno, que dita os pensamentos e ações de cada ser humano individual, enquanto só existe um espírito-grupo, comum a todos animais ou plantas da mesma espécie.
  O espírito-grupo manifesta-se em todos eles agindo de fora para dentro. O tigre que perambula nas florestas da Índia e o tigre encerrado na jaula de um parque são ambos expressões do mesmo espírito-grupo. A ambos dirige de maneira idêntica, do Mundo dos Desejos, um dos mundos internos, onde a distância quase não existe”. (Max Heindel – Conceito Rosacruz do Cosmos)
       
  Na verdade, nenhum representante dos reinos não humanos possui individualidade. Para que isso pudesse acontecer seria necessário deter corpos superiores organizados em egos, relacionados a corpos causais. A única lembrança que pode advir às espécies, como necessárias experiências que virão ecoar tanto no animal individualizado, como no inconsciente animal-homem recém formado no reino humano, são os ecos das vibrações das essências residentes nos planos mental abstrato e concreto, bem como nas essências astrais dos reinos elementais e atômicas do mundo etérico do reino mineral. Essas essências, conforme já citadas: a) mental elemental, b) monádica astral, c) atômica etérica, constituem as três envolturas das almas-grupos onde as tríades inferiores se inserem nos reinos mineral, vegetal e animal, e, ao mesmo tempo, virão também, em pequenas quantidades, envolver cada tríade.

  Para compreendermos superficialmente o processo que leva animais a “pular” para o reino humano em muitos milhões de vidas, precisaremos entender que há uma interação entre a encarnação de uma cadeia planetária que perdura por bilhões de anos e outra que nasce – ou renasce da anterior. Da cadeia anterior, chamada lunar, que representou a terceira encarnação da cadeia, renascida na sua quarta encarnação e agora chamada cadeia do planeta Terra (ver o Monoteísmo Bíblico, pg. 112), vieram para a Terra os produtos de todos os seus reinos, quer de sucessos graduados para um novo reino, quer de fracassos necessitando repetir suas lições no mesmo reino em que se mantiveram atrasados.

  Quando o período atlante atingia um momento propício, e outros produtos dos reinos lunares ao longo do tempo já vinham sendo encaixados nos quatro reinos de nossa natureza, os animais lunares adiantados puderam passar pela iniciação da individualização. Não sabemos ao certo se animais do período da cadeia terrestre que evoluíram adiante dos demais nessa quarta ronda, conseguiram adentrar o reino hominal juntamente com os animais lunares. Essa via de acesso teve mais adiante o “fechamento das portas” para a individualização animal nessa ronda. Esse evento acontece uma vez a cada ronda e é esperado novamente repetir-se na próxima e quinta ronda, o que calculamos daqui a talvez alguns bilhões de anos. Extraímos os excertos:

  “(...) O animal se individualizará no primeiro caso por meio do intelecto, no segundo caso por meio das emoções e no terceiro caso por meio da vontade. Vamos considerar agora brevemente cada um desses três métodos:
  1. Individualização por Meio do Intelecto – Se o animal está associado com um ser humano que não seja preliminarmente emotivo, porém cujas atividades principais sejam de caráter intelectual, será estimulado o nascente corpo mental do animal por tal associação, e as probabilidades serão de que a individualização se efetuará por meio da mente, como resultado dos esforços do animal para compreender seu amo.
  2. Individualização por Meio da Emoção – Se por outro lado o amo for de temperamento emocional, de fortes efeitos, as probabilidades serão de que o animal desabroche principalmente por meio de seu corpo astral e a separação final das almas-grupos se deva a alguma repentina manifestação de intenso afeto que alcançará o aspecto búdico da mônada flutuante animal e ocasionará a formação do ego.
  3. Individualização por Meio da Vontade – No terceiro caso, se o amo é homem de grande espiritualidade, ou de intensa e forte vontade, ainda que o animal desenvolva grande afeto e admiração por ele, estimulará principalmente a vontade no animal. Esta se manifestará no corpo físico como intensa atividade e em indomável determinação de alcançar o quanto o animal se proponha, especialmente em serviço ao seu amo.
  (...) O desejo do animal em elevar-se, constitui uma pressão para cima dos sentidos já mencionados, e ao ponto em que a pressão transpõe facilmente as restrições, estabelece o vínculo requerido entre a mônada e a personalidade, determinando certas características do novo ego que vem assim à existência.
  (...) Da grande massa de seres que foram individualizados em certo ponto da cadeia lunar, os que alcançaram a individualização gradualmente pelo intelecto, vieram a encarnar-se na Terra até há mais ou menos um milhão de anos; desde então o período médio entre encarnações tem sido de mil e duzentos anos.
  (...) Os grupos que alcançaram a individualização por uma instantânea expressão de afeto, ou da vontade, vieram à encarnação terrena ao redor de seiscentos mil anos, tendo tomado intervalos médios entre encarnações em torno de setecentos anos. As condições atuais de ambos os grupos são mais ou menos as mesmas”. (AEP)

  Todos os corpos do futuro homem terreno estão já preparados há eons para se manifestar através o auxílio das Hierarquias Criadoras. Desde o momento em que os átomos-mestres são atraídos e fixados no fio sutratma, um em cada plano, e vêm formar os conjuntos das tríades superior e inferior, o homem já está virtualmente nascido. Entretanto, ele somente respira pelas tríades enquanto passa pelas experiências elementais dos reinos e espécies. Quando uma tríade, representativa de uma só individualidade, elege um só animal para dele auferir do momento da passagem para o reino humano, se dará uma ativação conjunta entre o animal como espécime evoluído e a tríade como protótipo-vida de uma nova existência.

  Desse amálgama resultará a “alma” animal atar-se ao corpo causal da mônada e a ele ligar-se pelos seus esforços mentais, dissolvendo pela corrente da energia mental a essência elemental que envolvia e protegia aquele corpo. Desse modo, a mônada, por seus artifícios, se aloja num corpo causal agora ativado, ao mesmo tempo em que ganha definitivamente formações elementais mentais, astrais e atômicas deixadas pelo animal, que com a tríade e novos átomos permanecerão para construir os futuros corpos de manifestação em rudimentar alma do animal-homem que emerge para o mundo físico.

  A individualização do animal para animal-homem representa um dos grandes momentos de glória no Plano de Deus, sendo algo mágico e sensacional que a natureza pode oferecer para a criação. Entremos agora em algumas relações de carma entre os reinos animal e humano e raios de interações:

  “O primeiro ponto a evidenciar no que respeita à responsabilidade humana para com os animais é que o mundo animal personifica dois aspectos, dois princípios divinos, e que os dois raios maiores estão relacionados com a sua expressão e manifestação. Estes dois aspectos encontram-se também no homem e é ao longo destas duas linhas que este compartilha em uníssono com os animais onde se localiza a responsabilidade e trabalho do homem e através do emprego destes dois aspectos compreenderá a sua tarefa que concluirá.
  A mesma atividade e inata inteligência divinas encontram-se no aspecto-forma. Mas este terceiro Raio de Inteligência Divina funciona mais poderosamente no reino animal do que no homem. (...) O segundo raio está evidentemente na construção do aspecto-forma como no instinto de rebanho e também nas relações sexuais entre os corpos animais. Desempenha uma função semelhante entre os seres humanos e é ao longo dessas duas linhas de energia que se encontrarão os pontos de contato e as oportunidades de assumir responsabilidade. Contudo deve-se observar, que em última análise, os animais têm mais para dar aos homens que estes aos animais, no referente a esses pontos e funções particulares.
  (...) Além disso, à medida que o reino animal se submete à crescente influência humana e se faz sentir uma favorável tendência para a domesticidade, vemos surgir certa medida de propósito objetivo; um dos meios para lograr este fim está em dirigir o amor a atenção do animal para o seu dono.
  Nesta exposição está expressa alguma responsabilidade do homem para com o mundo animal. Os animais domésticos têm de ser adestrados para poderem participar na aplicação ativa da vontade. Parece que o homem considera agora o caso como sendo a vontade do animal em manifestar seu amor pelo dono, mas trata-se de alguma coisa mais profunda e fundamental que a satisfação do homem em procurar resposta à sua afeição. O verdadeiro e inteligente adestramento dos animais selvagens e a sua adaptação às condições de vida ordenada fazem parte do processo divino de integração do Plano, numa colaboração que expresse ordenada e harmoniosamente a intenção divina. É contudo pelo poder do pensamento que o homem eliminará a separação que existe entre o reino animal e o homem e isso deverá ser feito pelo pensamento controlado e dirigido à consciência do animal. Não se fará pela evocação do amor, do temor ou da dor. É preciso que seja um processo puramente mental e um estímulo unicamente mental.
  A relação entre o animal e o homem foi puramente física através dos tempos. Os animais matavam os homens para se alimentarem nos tempos em que o homem-animal pouco diferia deles. Esquece-se muitas vezes que houve uma etapa no desenvolvimento humano em que o homem-animal e as formas existentes da vida animal viviam numa relação mais estreita do que hoje. Depois só o fato da individualização os separou. Contudo, essa (individualização) era tão pouco desenvolvida que a diferença entre o animal estúpido (assim chamado) e a humanidade infantil era escassamente apreciável. Grande parte das ocorrências dessas épocas tão remotas perdeu-se no silêncio sombrio do passado. O mundo animal era então mais forte que o humano; os homens estavam abandonados entre os ataques violentos dos animais e a devastação feita por eles sobre os primitivos homens-animais; no meio da época lemuriana foi terrível e espantosa. Pequenos grupos nômades de seres humanos foram completamente exterminados durante idades pela poderosa vida animal da época, embora o instinto ensinasse o homem-animal a tomar certas precauções, mas era um instinto bem pouco superior ao dos seus inimigos. Foram precisos milhares de anos para que a inteligência e a astúcia humana começassem a afirmar e levasse a humanidade a ser mais poderosa que os animais e daquela situação passou-se por sua vez a devastar o reino animal.
  Há mais de duzentos anos a taxa extorquida de vidas humanas pelo reino animal nas florestas do continente ocidental africano, nas terras primitivas da Austrália e nas ilhas dos mares tropicais, foram incalculáveis. Há um fato frequentemente esquecido no sentimentalismo momentâneo, mas que está na origem da crueldade do homem para com os animais. Trata-se inevitavelmente de carma do reino animal que se está saldando.
  (...) Nos dias de Atlântida a relação puramente física era temperada pela relação astral ou emocional e, por essa altura, certos animais foram arrastados para a órbita da vida humana começando a ser domesticados e cuidados, assim começou a aparecer os primeiros animais domésticos. Uma nova era iniciou-se então na qual certos animais evocaram o afeto humano e começou uma nova influência a atuar sobre o terceiro reino da natureza. (...) Para neutralizar o medo existente em toda a humanidade (tanto quanto o reino animal tinha inquietado) os guardiões da raça ofereceram a oportunidade que levasse a uma mais estreita aproximação entre os homens e os animais devido a que um ciclo então se apresentava, por onde fluiria o amor e devoção através de todas as formas permitindo que uma grande parte do medo fosse eliminado. Desde então o número de animais domésticos aumentou consideravelmente. A relação entre os dois reinos agora é dupla – física e emocional.
  Para isto houve que se juntar, durante os últimos duzentos anos, uma terceira relação, a mente. O poder mental da humanidade será, em última análise, o fator controlador e será por este meio que os três reinos subumanos ficarão sob o controle do homem.
  É evidentemente claro que o efeito da interação existente entre o animal e o homem é conduzir o animal a dar aquele passo para o que se chama individualização. (...) Os esotéricos sempre disseram que a individualização é uma grande experiência planetária e quando foi instituída substituiu o método anterior utilizado na Lua que era tomado como impulso para alcançar algo para além (que se chama aspiração no caso do homem). Isto na realidade significa que quando a vida evoluindo na forma alcançou um certo grau no crescimento da sensibilidade e da consciência e quando o impulso interno foi suficientemente forte a vida esforçou-se para estabelecer contato com outra corrente de expressão divina com outro raio de maior manifestação.
  (...) Na atualidade os animais que chegam à individualização são, em todos os casos, os animais domésticos como são o cavalo, o cão, o elefante, e o gato. Esses quatro grupos de animais domésticos encontram-se atualmente no ‘processo de transfusão’, como se diz em sentido oculto, e as unidades de vida, uma por uma, são preparadas e conduzidas para o portal para esse peculiar processo iniciador que chamamos – na falta de melhor termo – individualização. Eles esperam nestas condições até que se pronuncie a palavra que lhes permita transpor o umbral para serem admitidas nele”. (AAB)

  A par de tudo quanto se diga sobre o reino animal, ou do porque de ter existido tantas espécies selvagens, gigantes e predadoras para depois haver desaparecido sob condições de que nada se sabe senão hipoteticamente, esse reino desempenhou um papel de grande relevância para a natureza do planeta. Sabemos que os diversos planos ou mundos intra-relacionados se caracterizam por diferentes qualidades de matéria segundo suas vibrações. A matéria é universal, de única raiz, no entanto possui características especiais em cada mundo de existência. Nos ciclos das eras pré-históricas as condições físicas, etéricas e astrais da matéria em seus respectivos mundos eram também primárias e os reinos tinham organizações recentes.

  Desse modo, seriam necessárias forças acentuadas no sentido de tirá-la de sua estabilidade inercial, possibilitar reações mais fervilhantes em seus átomos a fim de torná-la maleável para as vidas em seus muitos e necessários aspectos evolucionários. Isso foi projetado em grande parte pela ação inteligente da alma universal ao dotar os arquétipos dos reinos de características especiais a afim de que atuassem diretamente em diferentes gamas da matéria em seus subplanos. Os grandes animais, contudo, andavam pela Terra movendo as energias etéricas e astrais, rasgando o éter com seus rugidos, grunhidos, guinchos, urros e toda uma série de sons guturais de que o reino animal é capaz, fazendo-os também ecoar na matéria astral. Da mesma forma no ar e na água, os representantes das espécies, viventes nesses elementos em seus habitat naturais, realizavam transformações predatórios ou não, porém com efeitos diretos nas matérias referidas.

  No fechamento deste capítulo desejamos chamar a atenção dos leitores ao fato de que o surgimento de homens em encarnações na Terra nesta quarta ronda de nossa cadeia, constituindo-se em raças físicas ao longo dos milhões de anos, aconteceu basicamente em quatro principais processos. O primeiro, diz respeito à materialização lemuriana após o trabalho dos Pitris Lunares na anexação dos chhâyâs nas formações filamentosas dos futuros seres humanos das duas primeiras raças etéricas, a Polar e a Hiperbórea. O segundo processo, diz respeito, exatamente, ao método da individualização do animal em animal-homem já no período atlante, conforme aqui, em sínteses, abordamos. Quando os animais lunares se individualizaram na Terra, já entraram no mundo físico como seres humanos materializados a partir de etnias primitivas que puderam prover-lhes com corpos adequados às suas formações elementais e instintos animais. A humanidade herdada do reino animal daquele período hoje forma povos imaturos e classes baixas das sociedades em todo o planeta. O terceiro processo é o do desenvolvimento natural de egos da cadeia lunar que tendo cumprido suas etapas evolucionárias com sucesso, ou falhado, aguardam pelo momento adequado de entrar nas raças, segundo seus padrões vibratórios. O quarto processo prende-se às transmigrações de egos de orbes pertencentes às demais cadeias do sistema solar que identicamente aos egos da cadeia lunar, ao se adiantar ou se atrasar nos seus grupamentos originais, são trazidos para encarnações na Terra segundo também seus padrões vibratórios.

Capítulo II do Livro "No Arco das Iniciações, por Rayom Ra disponível para leitura em [Rayom Ra (Rayom_Ra) on Scribd | Scribd].

                                                                     Rayom Ra
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