domingo, 13 de julho de 2014

Qual é o Significado de Noé e a Arca? (II) - Final


  Em cada caso, o peixe representa a força vital nas águas. Isto, claramente, é o que está indicado pelo enfático nome Noé: נ Nun (peixe) + ח Chet (vida). Onde encontramos isto em nós próprios? Para tal, buscamos no manancial de nossas vidas: a energia sexual. O esperma e o óvulo são o “peixe” nas “águas” da sexualidade. Quando combinados a vida emerge. O único meio de criar vida é trabalhando através destas “sementes.” Por conseguinte, “Noé” é a semente guardada dentro de nós. Noé é a “semente da alma.”

  Noé representa a verdadeira natureza de nossa psique, conhecida em diferentes tradições pelos nomes como consciência, a alma, Jiva, “natureza búdica” – a pura, imaculada, naturalmente radiante e cognizante centelha do divino, que através de uma específica ciência pode crescer total e completamente em maestria, anjo ou buddha (qualquer outro nome que deseje usar). De fato, o nome Noé significa “descanso”. Se você estudou hinduísmo ou budismo, verá imediatamente que isso corresponde a mais elevada conquista daquelas tradições –Nirvana – que significa “descanso, cessação.” Assim é porque a escritura continua com:

    E eis a história de Noé: Noé era homem justo e íntegro איש iysh [fogo masculino] entre os seus contemporâneos (efeito sexual); Noé andava com Deus [Elohim masculinos e femininos]. E Noé gerou três filhos: Shem, Ham e Japheth.” – Genesis 6:9-10

  Caso você não sabia, a palavra hebraica Elohim é plural; significa “deuses e deusas.” É estranho que as pessoas evoquem o judaísmo e o cristianismo monoteísta, ao passo que as escrituras, por elas mesmas, não o sejam.

  Criou Deus, pois, o homem à sua imagem [Elohim (deuses e deusas) criaram Adão à sua imagem] à imagem de Deus o criou [Elohim – deuses e deusas criaram Adão...]; homem e mulher os criou.” Genesis 1:27

  Não vamos, contudo, por uma digressão muito longa. Estávamos explicando que Noé representa a semente da alma. Isto está claramente explicado na mesma e seguinte passagem da escritura.

                                                      A CRIAÇÃO DA ALMA
                                                                                                             
  E eis a história de Noé: Noé era homem justo e íntegro justo איש iysh [fogo masculino] entre os seus contemporâneos (efeito sexual); Noé andava com Deus [Elohim masculinos e femininos]. E Noé gerou três filhos: Shem, Ham e Japheth.” – Genesis 6:9-10

  Os três filhos de Noé são simbolismos das três partes do completo desenvolvimento da alma.

  A despeito da degeneração que nos corrompeu a todos, “Noé”, deve sobreviver se a alma é para se desenvolver.

  Se esta ideia sobre o desenvolvimento da alma parece nova a você, talvez seja devido a que aspectos do Cristianismo foram editados alheios ao ensinamento. Contudo, Jesus disse:

  É na vossa perseverança que ganhareis as vossas almas.” – Lucas 21:19


  A alma desenvolvida é representada pela veste do casamento mencionado por Jesus, a carruagem de Ezequiel, a carruagem de Krishna, o barco solar dos egípcios, o corpo dourado dos gregos e muitos outros símbolos mitológicos. 

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  No “O Mahâbhârata”, Krishna (Cristo) guia a carruagem (Corpos Solares) de Arjuna (A Alma Humana).

  A alma somente pode ser concebida através de um “segundo Nascimento”, ensinado por Jesus como resultado do Espírito Santo (fogo) com uma secreta água viva; ambos tendo sido integralmente falado por Jesus, estando simbolicamente ocultos nas entrelinhas das escrituras.

  “A isto respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” João 3:3

  “Perguntou-lhe Nicodemus: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?”

  “Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da (viva) água e do (Santo) Espírito (que é fogo) não pode entrar no reino de Deus”

  “O que é nascido da carne é carne, (físico) o que é nascido do Espírito é espírito (espiritual, em outras palavras: alma)” João 3: 4-6

  Nascimento é sexual, seja relativo ao nascimento físico ou espiritual. A alma tem que ser concebida, nascendo. Não teremos uma verdadeira alma até que concebamos uma. Temos a semente da alma, o potencial [matéria prima], porém não “nascemos de novo” até que a alma esteja nascida.

  Ninguém é nascido por palavras ditas ou crendo em alguma coisa. Nascimento é assunto sexual.

  Noé é a semente da alma, e a chispa que começa o fogo.

  “Noé um homem justo איש [iysh]…” Genesis 6:9
 
  A palavra איש pode ser traduzida como “homem”, ainda que o simbolismo desta palavra seja devastador: a palavra אש esh, é “fogo”, com a letra יiod no meio. י iod detem tantos significados que demos várias palestras exatamente sobre ela. Representa um homem, o pacto entre o homem e Deus, circuncisão, o falo e muito mais. Assim, איש pode ser entendida como representando alguém que esteja seguindo os mandamentos, obedecendo ao pacto do fogo (pureza sexual) que “permanece no meio do fogo da fornalha e não é queimado” (ver Daniel 3, onde três homens, as partes da alma, permanecem no fogo da fornalha com um misterioso quarto homem, como Noé e seus três “filhos.” Você deve também estar ciente de que “fornalha” está etimologicamente conectada com a palavra “fornicação.”)

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  Em síntese, pela preservação de nosso Noé interno, nossa divindade pode expurgar a impureza que nos aprisiona no sofrimento. Aquele fogo interno, Noé, tem de ser protegido no ark-anum – o conhecimento secreto – dentro do qual ele flutua acima das águas que consomem [afogam] toda impureza. Veja: a água e o fogo trabalham juntos.


                                                     A CORRUPÇÃO DA TERRA

  A escritura continua:

  A terra (o corpo) estava corrompida à vista de Deus (Elohim – os deuses e deusas) e cheia de violência.

  Viu Deus (Elohim: deuses e deusas) a terra (corpo) porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra (corpo).”

  Então disse Deus (Elohim: deuses e deusas) a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra (corpo) está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer justamente com a terra (corpo).” – Genesis 6:11-13

  Isto não significa que destruindo o corpo físico a liberação é alcançada. A corrupção da “terra” é mais profunda que isto; é uma corrupção que vai mais longe do que unicamente o corpo físico. A morte não limpa sua mente das impurezas. A limpeza que necessitamos não pode ser tomada unicamente através do corpo físico. É o motivo pelo qual os deuses têm de intervir.

  Explanamos que a “terra” não é exatamente o corpo físico: é nossa matéria que se estende além do mundo físico. Quando você se zanga, aquela qualidade assume sua mente, coração e corpo físico. Tudo aquilo junto é sua “terra”. Então, para destruir aquela zanga, é necessário destruí-la onde ela reside: na própria mente. Quando você dorme e está a sonhar, está possuído daquela zanga. Seu corpo físico não está lá; ele se encontra dormindo na sua cama. E mais, no seu sonho você está ainda na terra, porém não na sua terra somente física. Deste modo, a corrupção da terra se estende, exatamente, para além do corpo físico. A limpeza de que necessitamos deve também estender-se para além da fisicalidade. É por isto que o inferno existe: ele limpa a mente. Entretanto, se alguém se limpa antes, não precisa ir lá.

                                                    A SEMENTE NA CASCA

  De fato, necessitamos do corpo físico no sentido de obter a liberação. Comprova-se, do mesmo modo, em relação à verdadeira natureza de nosso ser. Noé também está relacionado com elementos fisicamente em nós. Para ser salvo da “enchente”, Noé precisa ser preservado na Arca.

  Explicamos que a Arca não é um barco, porém um profundo símbolo com muitos significados sobrepostos. A Arca representa o ensinamento: o arcano. A Arca também representa o corpo físico. Escondido dentro do corpo, secretamente, está uma preciosidade, um dom da vida, o divino elemento. Em outras palavras, seu corpo é a casca (tebah: hull) da semente (Noé), e dentro dela estão elementos imaturos dos quais alguma coisa grande pode ser criada. Aquela semente é seu próprio Noé (Manu) interior.

  Cada semente contem um arquétipo. Observe as palavras: ark-etype. Um arquétipo é um esquema, um plano, um potencial. A palavra arquétipo vem do Latim “archetypum” primeiro molde ou matriz, de “arkhe” – primeiro. No interior da semente de uma planta está o potencial para tornar àquela uma planta. Do mesmo modo, dentro da semente humana (sêmen e óvulo) estão arquétipos: potenciais – porém, em nosso caso, aquele potencial não está ainda completamente desperto. Nós possuímos a forma humana, porém não somos como Noé, Moisés, Manu, Zi-ud-sura. Ainda que tenhamos aquele potencial: está em nossa arca, nossa semente.

                                                       CONSTRUINDO A ARCA

  Se então a Arca é a ciência secreta e também o corpo físico, por que Noé teve de construí-la? Porque a Arca representa estágios do desenvolvimento daquele corpo.
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  A tradução usual diz: “Faze uma arca de tábuas de cipreste; nela farás compartimentos, e calafetarás com betume por dentro e por fora.” – Genesis 6:14

  Não há tal madeira chamada “gopher” [a tradução bíblica para o Português é cipreste]. Estudiosos têm debatido esta identidade, porém nunca descobrem porque esta não é literalmente madeira. Em Hebreu, esta passagem é עצי־גפר. As duas primeiras letras עץ ets podem ser interpretadas como “madeira” ou “árvore.” Há duas árvores significativas na Bíblia sendo ambas escritas com עצ:
  - עץ החיים: a árvore da vida.
  - עץ הדעת טוב ורע: a árvore do conhecimento do bem e do mal.

  Esta história completa começou com o abuso da árvore do conhecimento. Eis porque Adão e Eva tiveram de deixar o Jardim. Logo, o caminho de volta é pela mesma árvore. Da mesma maneira, faz então sentido traduzir עצ desta passagem, não como “madeira”, mas como “árvore.”

  A palavra hebraica גפר gopher está resumida de גפרית, gophriyth, sulphur (denominada na Bíblia “enxofre”). Em Alquimia, sulphur é o símbolo do fogo. Portanto, esta passagem realmente diz:

  Faze uma arca (container) de tábuas de cipreste [árvore sulfurosa = enxofre]...” – Genesis 6:14.

  A árvore sulfurosa é o mesmo que a “sarça ardente” vista por Moisés. É madeira incendiária, ponteada de enxofre, usada para começar o fogo. É a árvore do conhecimento.
 
burning bush
                        
                        NA BÍBLIA, “CONHECIMENTO” OU “SABER” É SEXUAL

  Coabitou o homem com Eva, sua mulher. Esta concebeu e deu à luz a Caim...” – Genesis 4:1

  Mas o anjo lhe disse: Maria não temas; porque achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus. Então disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?” – Lucas 1:30-31,34.

  Na Bíblia, conhecimento implica conhecimento sexual. Ademais, está relacionado ao fogo: desejo sexual é uma energia ardente. É um tipo de fogo que, usado sabiamente, pode se tornar muito construtivo. Entretanto, usado estupidamente, pode ser muito destrutivo. A “árvore do conhecimento do bem e do mal” é dualista, significando que o conhecimento sexual pode ser bom ou mal. Naturalmente, construir a arca para voltar ao Eden, requer o conhecimento em como usar a árvore no modo correto.

  Esta sentença continua:

  “....nela farás compartimentos...” – Genesis 6:14. Em inglês: [qenim shalt thou make in the tebah] “qenim” é traduzido como “quartos, dependências”, porém, na realidade é plural para “haste”, “vara”, “bastão”, ou “verga.” A haste, vara, bastão ou verga são um símbolo da coluna espinhal do desenvolvimento espiritual de uma pessoa. Os mestres ancestrais carregavam cajados não por moda, porém como um símbolo do fogo desenvolvido na coluna espinhal. Aqui é plural porque o trabalho de criar a Arca é uma colaboração entre homem e mulher.

priestess

  John Collier pintou este retrato de uma Bacante Grega com seus itens simbólicos: a pele do desejado animal morto [instinto], a guirlanda da vitória sobre a cabeça, e em sua mão, a vara ponteada por um cone de pinho, símbolo da glândula pineal desperta, o “assento da alma”, o “olho de Brahma”, ou, em outras palavras, o manancial da visão espiritual.

  É de grande significado que a totalidade desta descrição acontece no Capítulo seis de a Gênesis/Bereshit. Primeiramente, porque o nome do livro significa “começando” e deste modo explica como iniciar na trilha espiritual. Segundo, porque em Hebreu o número seis é a letra ו vav, que representa a coluna espinhal. Assim sendo, este capítulo é sobre o trabalho com nossa coluna espinhal.

  Por que a coluna espinhal é importante espiritualmente? É o condutor que transmite todas as energias do sistema nervoso, e dá suporte aos canais energéticos entre nossos órgãos sexuais e o cérebro. O Caduceu de Mercúrio representa isto simbolicamente, como faz a vara ponteada por um cone de pinha, carregada pelos mestres de antigamente (o cone de pinha representa a glândula pineal, cujo nome traz “pinha – pine” na sua morfologia). “...e a calafetarás com betume por dentro e por fora” – Gênesis 6:14

  “Betume” refere-se a como o barco estará hermeticamente selado, a fim e manter a impura enchente fora.

  Continuando:

   And this Assiah shalt thou make…” - “Deste modo a farás...” – Gênesis 6:15. Na Kabbalah, estudamos quatro mundos. Assiah é o quarto. Relaciona-se ao estágio final de um trabalho criativo, quando o trabalho está pronto e realizado. Assiah pode também referir-se ao mundo físico. (Assiah está mencionado no Livro das Revelações, porém traduzido como “Ásia”).

  Deste modo a farás: de trezentos côvados será o comprimento, de cinquenta a largura e a altura de trinta.” – Gênesis 6:15. Cada letra hebraica é também um número. Assim estes números são na realidade letras:

  - 300: ש Shin, representa fogo.
  - 50 :  נ Nun, representa um peixe.
  - 30 :  ל Lamed, representa uma vara.

  Essas letras representam o trabalho que deve ser feito no corpo físico no sentido de se obter a liberação.

  A letra ש Shin relaciona-se à trindade, às três forças primárias. É o fogo criativo na base da vida. É o fogo que inflamou a sarça ardente diante de Moisés. ש Shin representa o poder da criação inerente a cada átomo; um poder que devemos submeter e dirigir no sentido da liberação, ao invés de usar nossas energias para nos degenerarmos mais ainda.

  A letra נ Nun é vida em movimento, o “peixe” ou o poder vivo da sexualidade. Conforme já mencionado, o peixe reside em nossas águas sexuais. Pela subjugação daquela força, podemos chegar ao “segundo nascimento”. Jesus falava frequentemente da “água viva.”

  A letra ל Lamed é o cajado de Moisés, a vara de Aarão, que representa o fogo criativo da letra ש Shin “elevado até um polo” como uma serpente em brasa, como fez Moisés. Este fogo criativo elevado pela coluna espinhal “curou os israelitas” (ver números 21). Mais especificamente, é o qenim (vara, bastão) do verso anterior, porém desenvolvido, inflamado. No Oriente é chamado Kundalini. No Livro dos Atos, é representado pelo fogo que chameja nas cabeças dos apóstolos (após subir por suas colunas espinhais). 

Maino Pentecostes 1620-1625

  A iluminação espiritual é produzida por grande quantidade de luz interior. Aquela luz é irradiada do fogo, a letra ש Shin, que representa a fundamental trindade de forças em todas as coisas, e que se encontra no interior da madeira sulfurosa da árvore do conhecimento dentro de nós. A história de Noé representa um processo alquímico de transmutação, no qual a matéria prima é purgada e purificada, e uma matéria aperfeiçoada pôde ser elaborada.

  O restante da história – o dilúvio, os quarenta dias e noites, a morte do impuro – tudo se relaciona às transformações psicológicas que devemos suportar na trilha do espiritual.
 
  O avanço espiritual está associado intimamente com a purificação e a transformação. Tudo aquilo impuro em nós deve morrer, ao passo que a pureza deve desenvolver-se e se aperfeiçoar.

  Quando estudamos Kabbalah sabemos que תבה Tebah, a Arca, é o corpo físico. Este corpo recebe as forças da divindade, conhecida por יהוה Iod-Chavah ou Jehovah no Velho Testamento, o qual pode ser ativado por alguém que conheça o segredo, o método, a arca ou o Arcano. Escritos religiosos através dos tempos da antiguidade referiram-se à necessidade da purificação interior do corpo, pois “Acaso não sabeis que vosso corpo é santuário do Espírito Santo que está em vós, o qual tendes da parte de Deus e que não sois de vós mesmos?” – 1Coríntios 6:19. Quando há imundice no corpo e alma, as enchentes das águas da degeneração destroem-no. Entretanto, se a alma conhece a ciência secreta, a arca ou o Grande Arcano, então pode se desenvolver como Noé no sentido de ser justo e favorecido pela divindade.

  Contudo, no Livro da Gênesis encontramos que a humanidade tinha abusado destas energias para seu pessoal e egoístico capricho.

                                                     O DILÚVIO E A TERRA

  Através de todas as tradições a divindade instruiu aos profetas e guias da humanidade a respeitar o uso do corpo e mente, uma vez que são templos que podem armazenar forças de Deus. É justamente quando seres humanos perdem a visão da finalidade divina de seus templos que eles caem na degeneração e no pecado. A arca, ou corpo físico, já foi considerada sagrada pelas tradições religiosas ancestrais, como sendo o celeiro de princípios espirituais que podem libertar o ser humano.

  A Arca é a sagrada Argha dos indus, e assim está aqui a relação na qual representa a arca de Noé, facilmente inferida, quando entendemos que a Argha era uma embarcação oblonga, usada pelos altos sacerdotes como um cálice sacrificial em adoração a Isis, Astarte e Venus-Aphrodite, todas sendo deusas dos poderes generativos da natureza ou da matéria – daí a representar simbolicamente a Arca contendo os germes de todas as coisas vivas.” – H.P. Blavatsky, Isis Sem Véu.

  Os animais da história de Noé representam aqueles germes de todas as coisas vivas, o esperma e o óvulo contido no corpo físico. Estes germes dentro do homem e da mulher são representados pelos “machos e fêmeas animais” armazenados dentro da “Arca.” Estas raízes primordiais dos elementos podem prover vida física ou vida espiritual, dependendo de seus usos. Este é o princípio oculto por trás do Livro da Gênesis, que tem sido lido tradicionalmente como uma história das “gerações” de Adão e Eva – uma história literal – no entanto, os símbolos, verdadeiramente, significam o processo da geração, criação e purificação da alma.

  Quando Deus disse: “Crescei-vos e multiplicai-vos na terra” na Gênesis, isto é uma referência à conservação e propagação de forças vitais e espirituais. Contudo, estas divinas influências somente podem florescer dentro de nós pela construção da Arca: pela pratica do Arcano ou Ciência Secreta. Aqueles que não praticam os ensinamentos secretos, conforme instruídos nas escrituras, são engolidos pelos dilúvios da destruição.

  Esta história é um tremendo alerta em função do comportamento da humanidade de hoje – se o povo continuar a permitir-se às paixões, violências, cobiças, promiscuidades e guerras – então os Elohim não terão escolha, senão aniquilar com esta humanidade sem compaixão pela alma, de modo que, após sua purificação, possa ressoar com as divinas leis. Esta destruição não é exatamente física, mas psicológica e espiritual, uma vez que quando o corpo físico morre, a psique continua em outros níveis mais sutís da matéria, energia e consciência. A morte física não garante purificação e salvação, por serem estas coisas algo interior, estando mais além do mundo físico.

  É necessário compreender que há dois caminhos para a divindade purificar a psique.

  “... Eis que ponho diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte.” – Jeremias 21:8

  Não importa nada mais, a psique tem de ser purificada. Contudo, se escolhemos ao não nos inclinarmos em nos purificar, como fez Noé [se purificando], então a natureza fará isto por nós através do processo religioso chamado “inferno.” Este caminho de falência é um dos grandes sofrimentos, e ao final não provê nenhum desenvolvimento para a alma. Por outro lado, temos o caminho da vida, da reunião com o divino que resulta no embelezamento, santificação, conhecimento e harmonia com a divindade. Isso é representado nas vidas dos profetas, santos, buddhas, etc. Apesar dos sofrimentos, dificuldades e sacrifícios inerentes ao palmilhar desse caminho, é a único que resulta no completo desenvolvimento e liberação da alma, tal como Jesus de Nazaré ensinou:

  Entrai pela porta estreita; larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a perdição (Gehenna) e são muitos os que entram por ela”

  “Porque estreita é a porta e apertado é o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.” – Mateus 7:13-14

  Este “estreito e apertado caminho” para o céu, um puro estado de ser, é palmilhado por poucos que aspiram obedecer a divindade e que amorosamente trabalham seus defeitos no sentido de se purificar, desenvolver virtudes, humildade, compaixão e amor como resultado da aproximação da divindade. A maioria da humanidade através de diferentes eras escolheu ser limpa “naturalmente”, como evidenciado pelas mitologias terrenas e escrituras. Ao passo que havendo um componente físico na destruição da humanidade, o processo mais doloroso é no interior das dimensões do cosmos, conhecido como inferno – Gehenna – onde as almas desencarnadas continuam a sofrer suas próprias aflições e desejos, até estarem limpos e reciclados pelos poderes destrutivos da natureza.

  Antes deste processo de purificação no inferno, a humanidade deve ser aniquilada através de catástrofes físicas. Enquanto o texto bíblico explica que os Elohim não destruiriam a humanidade como no passado, encontramos outros desastres naturais ocorrendo em exponencial escala no mundo de hoje, tais como tsunamis, terremotos, maremotos, erupções vulcânicas e tempestades devastadoras. Muitos milhares de pessoas já têm morrido e sobreviventes são forçados a suportar grande tribulação por conta de destruição e pobreza.

  Isto é um tremendo sofrimento ao nível físico, ainda que almas que desencarnam continuem em outros níveis de matéria, energia e consciência com as mesmas preocupações, aborrecimentos, sofrimentos e ódios que tinham quando estavam fisicamente vivas. Entretanto, nas dimensões inferiores da natureza, que podem ser observadas quando se vai dormir e sonhar, tais sofrimentos são bem mais intensos do que experienciado em nosso mundo físico.

  Tais cataclismos são um suave prelúdio para mais e piores catástrofes que têm sido mencionadas pelos profetas e instrutores de todas as grandes religiões e tradições espirituais, e que se encontram simbolicamente ocultas na história de Noé. Se desejarmos evitar a destruição profetizada, mencionada em todos os escritos das grandes religiões, então devemos aprender e praticar esta misteriosa ciência. No entanto, poucos têm de fato entrado para o caminho da vida, que é o caminho seguido por Jesus, Buddha, Muhammad e os grandes guias espirituais. Para trilhá-lo necessita-se de tremenda coragem, uma vez que é requerida a completa destruição da impureza psicológica do indivíduo. Muitas pessoas “espiritualistas” querem viver no novo céu e nova terra mencionados no Livro das Revelações, mas ignoram que isto é primariamente um símbolo – uma referência a um puro estado da mente. No sentido de habitar o novo mundo, a mente e o coração devem estar limpos. Isto é impossível realizar sem o conhecimento da ciência secreta de Noé, pois aqueles que são reciclados pela natureza não ganharam nada, exceto sofrimento, e não serão privilegiados a fazer parte da população do novo-purificado mundo.

  E somente depois que nossa medida de internação psicológica tenha sido erradicada pelo dilúvio de práticas espirituais que os Elohim podem estabelecer um novo céu e uma nova terra, significando: uma nova vida para o praticante da genuína religião, com o céu representando um puro estado de consciência e a terra a pureza psicológica e mental – o templo do divino.

  Aprendam, pois, a parábola da figueira (ou Gopher): quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão. Assim, também, vós: quando virdes todas essas coisas, sabei que está próximo, às portas.

  “Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça. Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.”

  “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, bem os anjos do céu, nem o Filho, senão somente o Pai.”

  “Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem.” – Mateus 24: 32-39 

                                               [POR UM INSTRUTOR GNÓSTICO]

Siga o Link: Qual é o Significado de Noé e a Arca? (I)

Fonte:
http://gnosticteachings.org/faqs/scripture/3394-what-is-the-meaning-of-noah-and-the-ark.html

Tradução Inglês/Português: Rayom Ra

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