quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Antakarana III

Em nossa obra “Minha Alma Sua Alma, Parte II”, expomos o seguinte:

“Já a construção elaborada pela humanidade é um produto de grande soma de energia e vontade coletiva, levado a cabo por todas as aspirações superiores e sistematicamente trabalhadas pelas mentes de intelectos acurados e sublimações de almas avançadas que conduzem as demais nos diversos processos investigativos de auto conhecimento, aspirações religiosas e científicas”.

Desejamos esclarecer uma vez mais que o antakarana é de todos, mesmo construído individualmente pela ação de cada mônada. Nessa empreitada, as mônadas contam como o auxílio das hierarquias criadoras no sentido de habilitar o homem com veículos e linhas de forças que possibilitem à consciência responder adequadamente às experiências individuais. O homem jamais existiria não fosse através de seu coletivo. Assim também são as mônadas como são as almas. As vidas monádicas, nascidas com o Logos Solar no grandioso Plano de Criação, incorporam diferentes atributos e qualidades. As mônadas pertencem a sete principais variações, naturezas ou raios estando separadas unicamente por véus. Quando o homem manifestado no seu reino natural age e reage em busca de pessoais necessidades, ele estabelece continuadas correntes de energia nos seus veículos, que com o tempo virão formar uma personalidade cada vez mais responsiva e fortalecida em si mesma. Entretanto, suas energias inatas e forças concentradas estabelecem instantâneos contatos com outras que mesmo com diferentes inclinações se desenvolvem juntas num grande campo energético ou alma humana coletiva.

Porém, onde se localiza esse campo energético e de forças coletivas? No interior de círculos concêntricos girantes, onde ali se plasmam as ideações dos arquétipos ou modelos trabalhados pelas hierarquias para a concretização e atendimento segundo as necessidades do Plano. Embora com muitas colorações há um só contexto evolucionário para as vidas aprisionadas em corpos objetivos conscencionais, sejam eles corpos biológicos densos ou de matéria sutil. Isso pode parecer cada vez mais intrincado por que nossos sentidos observam a natureza por partes, por múltiplas unidades de vidas em grupamentos afins e mais ou menos afins, e nem sempre como uma vertente única que vem prolongada até o plano tridimensional.

O homem está mergulhado nesses planos ou modelos girantes circunscritos aos seus respectivos círculos de presença e vida, e todos se acham limitados a um circulo maior e mais abarcante chamado no ocultismo moderno de “círculo não se passa”. Na medida em que as vidas dos reinos avançam em suas experiências – simplesmente vivendo e transformando – em cada plano ressoam suas notas vibratórias que se sintonizam, não obstante possuir cada uma a sua própria síntese. Assim, toda a natureza canta e vibra e todos os planos detêm subtons em seus respectivos subplanos.

Essas ações de reinos não são independentes das forças e energias cósmicas que penetram e permeiam os planos ou mundos, embora por si mesmas gerem e imprimam atributos de consciência que “anima mundi” estimula a desenvolver nos átomos dos reinos. Mediante isso, reagem automaticamente os corpos das personalidades em seus campos de atividades físicas, emocionais e mentais, dentro de seus padrões de comportamentos por faixas vibratórias nesse grande complexo de energias polarizadas nos arquétipos.

O homem, em todos os seus corpos de manifestação que no conjunto edificam uma personalidade, possui cordões de finas e delicadas tessituras criados com matéria que se ajusta a cada corpo e transcende os seus limites, passando de um para outro corpo a conduzir energias. Agem, nessa geografia interna, em várias direções, e rigorosamente de cima para baixo e em sentido inverso. Os vários de seus segmentos tomam diversos nomes nas terminologias do ocultismo, o que em nada atrapalha ao entendimento de seus trabalhos pelos estudantes de todas as raças.

Dessa maneira, a humanidade mediante seus próprios esforços, vem desenvolvendo e transformando esse grande campo de energias e forças numa casa ou abrigo onde opera o gênero humano. Entretanto, o momento evolucionário que atravessamos, exige a identificação dos diversos coletivos do mundo com padrões já bem definidos. Esses padrões integrados aos egos atrelam os coletivos afins numa faixa mental que precisa ser estendida e ampliada com objetivo de atingir estados de consciência mais elevados. O processo, nesse ponto, então exige a construção de uma ponte para o traslado. Entretanto, o percentual geral da humanidade avançada não é desperta ao fato, estando ainda inconsciente dessa necessidade, por desconhecer e não saber trabalhar essa passagem do antakarana senão num sentido único mediante força e pressão natural da vida. Assim, até chegar a esse despertar para a construção final da ponte virá decorrer muito mais tempo do que se trabalhasse desde logo atenta e conscientemente. Já os iniciados no ocultismo, que avançam no Plano com posturas de alerta e conhecimento gradativo, precisarão trabalhar a edificação da ponte individualmente com exercícios práticos, o que lhes demandará, como sempre, imaginação, articulações mentais e apropriadas disciplinas.

“A estrutura do antahkarana está indissociada ao fio sutratma, aos átomos-mestres ou permanentes e ao corpo causal do ego. Sabemos que as Hierarquias Criadoras edificaram os corpos de manifestação das mônadas a partir do mundo de Atma, anexando a uma ligadura ou fio sutratma um átomo básico com poderes de atrair e magnetizar outros átomos de seu mundo e constituir corpos segundo a ideação cósmica para o homem. Esse processo foi repetido por todas as Hierarquias de cada mundo com relação às respectivas matérias e assim as estruturas do ego superior e do ego inferior permaneceram até que o homem viesse à encarnação e passasse a dinamizar esses veículos e assim começasse a despertar e se reconstruir segundo seu conhecimento da matéria e de sua própria vida.

Desse modo, o antahkarana é um elemento que liga a mente inferior, através de uma unidade especial chamada unidade mental, vitalizante da mente concreta, ao átomo de manas construtor da mente abstrata, passando a formar um triângulo com o corpo causal ou loto egóico em sua constituição também tríplice”. (Minha Alma Sua Alma –Rayom Ra).

A existência das mônadas e suas necessidades de obter experiências num sistema solar que veio à manifestação através de um Logos estão associadas a algumas das revelações dos mestres mais adiantados do ocultismo. Por que as mõnadas não puderam descer, elas mesmas, aos mundos que ajudaram a construir sendo obrigadas a criar artifícios a fim de deter experiências e sensações de mundos mais densos?

O mistério parece estar somente mais perto das mentes que alcançaram altas iniciações, pois já trabalham próximas ao Logos nas consecuções do Grande Plano. E saberiam as mônadas também a isso responder? Essas questões nos levam a outras questões e a outras, mas nunca a respostas definitivas e completas.

“As mônadas procederam do Primeiro Logos e são também chamadas de “’Chispas do Fogo Supremo”. A elas assim se refere a Doutrina Secreta, relativamente ao ‘catecismo oculto’.
- Levanta tua cabeça, Ó, Lanu! Vês uma ou inumeráveis luzes acima de ti, ardendo no céu escuro da meia-noite?
- Eu percebo uma chama, Ó, Gurudeva: vejo inumeráveis e inseparáveis centelhas que nela brilham!
A chama é Ishvara em Sua manifestação como Primeiro Logos; as chispas não separadas são as mônadas humanas e outras. Há de se notar especialmente as palavras ‘“não separadas’”, pois significam que as mônadas são o próprio Logos”. ( O Monoteísmo Bíblico...- Rayom Ra).

As mônadas seriam oniscientes do Plano da Criação por estarem ou existirem na inerência do Logos, mas não oniabarcantes por não poderem abandonar seus redutos para penetrar e conhecer de perto a todos os mundos inferiores e suas relações com as diferentes vibrações da matéria. E muito menos se identificar com a matéria. Para esse mister, assim que o Logos manifestou-se com o sistema solar, as diversas Hierarquias operantes cada uma num dos sete mundos, se estabeleceram para levar adiante o Plano da Criação, auxiliando as mônadas a construir seus artifícios, ou seja, o homem na sua totalidade finita. Esse acontecimento nos leva a outra ideação justaposta ao Plano de nosso Logos Criador para Lhe dar amparo e sustentação, sem dúvida provinda de outro Logos ainda maior e com poderes superiores -- o Parabrahman ou Logos Cósmico!

Não entendamos, porém, que as mônadas não estejam presentes e nem sejam auferidoras das experiências comuns ou das significativas na matéria. Esse mistério aos poucos já vem sendo desvelado pelas investigações mais recentes. Sabemos que as mônadas conseguem irradiar de suas vidas aos mundos inferiores, sob vários recursos, e deles buscam auferir, embora nem sempre consigam os resultados almejados devido à relativa autonomia dos egos nas escolhas de seus próprios caminhos. Uma mônada se liga aos planos ou mundos inferiores pelo conduto de um cordão principal chamado pelos orientais de sutratma, conforme já vimos. As mônadas sendo de sete tipos segundo cada um dos raios, penetram e imprimem suas energias por toda a natureza, possuindo três aspectos principais, que são comuns e inerentes ao próprio Logos. O Logos ao criar o sistema solar se manifestou sob seus três aspectos reconhecidos pelos gnósticos e esotéricos como Primeiro, Segundo e Terceiro Logos, traduzidos para o nosso entendimento como Vontade-Sabedoria-Inteligência Ativa. Esses mesmos aspectos as mônadas também possuem, irradiando ou refletindo para os planos abaixo sob energias e forças traduzidas por Vontade Espiritual-Intuição-Mente.

Nesses dispositivos engendrados por um gênesis infinitamente distante das premissas da ciência material, o homem é edificado para obter o conhecimento dos mundos e da divindade de que é portador. Ao término do ciclo de seu aprendizado a Chispa Divina que nele habitou no mais recôndito de seu ser e nas suas estruturas mais externas, se recolhe de volta e definitivamente ao Pai nos Céus – a Mônada indissociada do Logos Criador. Nessa viagem de ida e volta, a Chispa Monádica enriqueceu o aspecto mais inferior do homem, envolto sob as vestiduras da Personalidade Terrena, libertando-a da prisão da matéria. Depois a abandonou em troca da sublime Luz da Alma Crística, deixando,  mais tarde, a Alma Crística crucificada pela sua própria Sabedoria e serviço à natureza e humanidade, vindo reinar absoluta e liberta como Alma-Espíritual, nas glórias do Tríplice Logos, sobre os mais profundos segredos e mistérios da criação.

Pelo sutratma, a mônada desvenda os segredos dos mundos e pelo sutratma o homem adquire a Luz da Alma que o eleva até onde virá dissolver-se na Chispa Monádica, mergulhando no oceano infinito de inextinguível sabedoria e paz. O sutratma é, portanto, o elo indissociado do homem com Deus e através da criação do antakarana mental, fortalecido pelos demais elos ou ligaduras nas fisiologias de seus corpos, ele ascende pelo mesmo sutratma que o criou.

“Portanto, o sendero da vida se estende da mônada à personalidade, por conduto da alma, sendo esse fio da alma uno e indivisível. Imparte a energia da vida e se ancora finalmente no centro do coração humano e em algum ponto focal central em todas as formas da expressão divina. O fio da consciência (antakarana) é o resultado da união da vida e substância, ou das energias básicas que constituem a primeira diferenciação em tempo e espaço, o qual produz algo diferente que só emerge como uma terceira manifestação divina, depois de ter havido a união das dualidades básicas” (D.K./A.A.B).

“Sutratma, literalmente ‘Fio do Espírito’; o Ego Imortal, a Individualidade que se reencarna no homem vida após vida, na qual suas inumeráveis personalidades estão enfiadas como contas de um rosário num cordão. É o fio prateado que ‘se reencarna’ desde o princípio ao fim do manvantara, trazendo em si mesmo as pérolas da existência humana, ou em outros termos, o aroma espiritual de cada personalidade que segue de um extremo a outro da peregrinação da vida” (H.P.B.).

Prosseguiremos.

Rayom Ra

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