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domingo, 6 de setembro de 2020
A Despedida
A Despedida Que me trarão meus sonhos depois dela chegar, A pousar à soleira da
porta, sempre a primeira, Esta aurora última, mansa e bela a se infiltrar, Em
meu terreno lar que a ela se abriu, costumeira, Atenciosa, suave, sagrada,
senhora e silente, Que nem sempre em alegria estou a vê-la, Anfitriã de todas as
manhãs e confidente, E eu a contar-lhe em pensamentos ao recebê-la, Minhas
visões astralinas em mim a se plasmar! Receba esta casa um alento neste novo
dia, E aqui estejamos com o que na manhã restar, Em despedida, sem qualquer
festa ou folia, A derradeira, deste mundo que a ele vou deixar... Deliciosa,
seja também o termo e a passageira, Brindaremos com sorriso, auspício e devoção,
Porém me fique só, e mais um pouco, lisonjeira, Já que me vem com esta inteira
disposição, E me conceda de sua luz que me há de levar! Não chorarei por ora;
prometo solenemente, Nem pelos umbrais e nem depois de aportar, Mais sóbrio, não
lascivo, não beligerante, Alma pronta e serena mais disposta a se doar. Soam-lhe
ingênuas; entendo companheira, Cândidas palavras; tão fáceis de assim dizer,
Creio sejam ramos em corpo de uma videira, Que por mim me digam eles ao meu
inteiro prazer, Das reais tangentes obras a que venha trabalhar! Levarei no imo
amigos e se não hoje amigos mais, Mas neste instante eu ferido tamanha a
comoção, Dardeja e em mim coteja como antes me foi jamais, Cadente em
espaço-tempo a figura de um dragão, A evocar todos meus egos por uma grandiosa
vida, Sem heroísmos, sem mais histórias, sem entregas, E o percorrer na Terra de
uma trilha construída, Às suas imensas glórias e por suas intensas refregas, E
meus sonhos perdidos se foram – hora de acordar! Por Rayom Ra
http://arcadeouro.blogspot.com.br
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