sexta-feira, 20 de março de 2015

O Caminho do Bodhisattva - (II)


  O Arcano Seis do Tarô representa uma alma presa na cilada da dualidade, que é exatamente onde intelectuais sempre são pegos: entre prós e contras, a favor e contra, tese e antítese.

arcanum 6
  O mundo está em ruínas por causa do “6” intelectuais, ou noutras palavras, por causa do Arcano 6 e sua tendência psicológica de intelectualizar os ensinamentos espirituais: memorizar exatamente as escrituras, ou encher a cabeça com muitas teorias, ser pego num debate e filosofia, mas parar ali, e por conseguinte falhar em obter experiência da Verdade. As religiões estão cheias de escribas: pessoas que parecem conhecer os ensinamentos, falam muito bem, ensinam, recitam, mas que na verdade são túmulos brancos, como disse Jesus, porque não detém, na verdade – espiritual e psicologicamente – desenvolvimento interior.

  Os Deuses (os Anjos e Mestres), disseram que o mundo também está em ruínas por causa do 6 crentes, em outras palavras: o que Jesus chama de “fariseus”. São aquelas pessoas que amam parecer religiosas, mas não são, ou que são muito devotadas às suas tradições, mas que falta nelas o verdadeiro desenvolvimento ou experiência da Verdade. São chamadas “crentes”, porque dizem com frequência que fé é tudo de que necessitamos para simplesmente “crermos”. Naturalmente sabemos que a fé sem obras está morta e pelas obras os significados são: internos, espirituais, trabalhos psicológicos: a realização das iniciações de acordo com o despertar da Consciência. Fanáticos e aqueles que simplesmente acreditam, não penetram o círculo das iniciações, nem permitem aos outros entrar; ao invés disso criticam, atacam e crucificam o iniciado verdadeiro.

  Crentes são também pegos na cilada do Arcano 6: por acreditar e não acreditar. Qualquer crença é contradita de outra crença, dai crentes sempre lutarem contra os de outras crenças uma vez que nada representa solidez de real experiência daquilo no que eles acreditam.

  Os Deuses disseram que o mundo está em ruínas por causa do “6” mediadores, ou por aqueles que acreditam que meramente através da foça de vontade podem alcançar a liberação do sofrimento. Isso inclui pessoas que praticam todos os tipos de yoga ou penitências, no entanto, que falham a todo instante ao trabalhar com a Consciência. Isso também inclui todos aqueles que seguem as tradições mecanicamente, que realizam seus rituais ou observações, mas sem a Consciência desperta. Em outras palavras, eles vão à igreja ou ao templo, mas, mecanicamente, com suas consciências adormecidas.

  Os discípulos do Gautama (Buddha) estão sempre bem despertos, e seus pensamentos dia e noite estão sempre fixos em Buddha.

  Os discípulos do Gautama estão sempre bem despertos, e seus pensamentos dia e noite estão sempre fixos na lei.

  Os discípulos do Gautama estão sempre bem despertos, e seus pensamentos dia e noite estão sempre fixos na igreja.

  Os discípulos do Gautama estão sempre bem despertos, e seus pensamentos dia e noite estão sempre fixos em seus corpos.

  Os discípulos do Gautama estão sempre bem despertos, e suas mentes dia e noite sempre se comprazem na compaixão.

  Os discípulos do Gautama estão sempre bem despertos, e suas mentes dia e noite sempre se comprazem na Meditação – Dhammapada.

  Na Bíblia, no Livro das Revelações, a causa do sofrimento (o Anticristo, o grande dragão) é identificada como tendo o valor 666. Na Gnose, estudamos profundamente numerologia cabalística, e o número 6 figura significativamente tanto na vida de Buddha como na Bíblia. O Arcano 6 é a sexta carta do Tarô; o Arcano da Indecisão, que representa um iniciado parado entre duas mulheres: a virgem e a meretriz; em outras palavras, dois aspectos da Mãe Divina, dois aspectos de Maia.

  A qualquer pessoa como nós é dado o valor 666, porque somos vacilantes: permanecemos entre a virgem e a meretriz, falando psicologicamente. De outro modo, estamos aprisionados no meio da ilusão e temos a necessidade de escolher entre a virgem e a meretriz, verdade ou ilusão, desejo ou liberação. Essa decisão é feita de momento a momento e é determinada por nossas ações. A cada momento, escolhemos a Virgem ou a Meretriz por nossas ações. Essa escolha é transformada em ação através de nossos três cérebros: intelecto, emoção e ação.

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                                                         Nossos Três Cérebros

  Somos um 6 em nosso intelecto porque somos sempre pegos na dualidade entre o certo e o errado, sim e não, preto e branco. O intelecto – estando aprisionado no mecanismo da dualidade – mantém-nos indefinidos, especialmente quando o idolatramos e o entronizamos. Infelizmente, o intelecto por si mesmo não pode resolver seus conflitos. Isso é ilustrado por aqueles que o desenvolvem excessivamente e como resultado perdem o contato com seus corações, falhando no próprio desenvolvimento para um formato equilibrado.

  Somos um 6 em nossos corações (cérebro emocional) porque somos sempre pegos na dualidade entre sentimentos agradáveis e desagradáveis, entre o gosto e o desgosto, amor e ódio, zanga e doçura, etc. O cérebro emocional mantém-nos indefinidos especialmente quando idolatramos e entronizamos nossas emoções, e falhamos em usar a razão para o equilíbrio dos desejos de nossos corações. Aqueles que são levados através de suas vidas por fluentes emoções, rapidamente ficam exauridos e doentes do coração.

  Somos um 6 em nosso corpo (cérebro-motor sexual instintivo) uma vez que somos sempre pegos na dualidade entre a ação e inação, sensações de prazer e desprazer, fazer ou não fazer. Permanecemos indefinidos nesse cérebro, especialmente porque encontramos-nos muito identificados com as sensações e nenhuma é mais potente do que a sensação do sexo. Em virtude de nossa adesão à sensação sexual, permanecemos escravos da Meretriz e continuamos caminhando mais profundamente na escuridão.

  Assim, quando os Deuses disseram a Buddha que o mundo estava em ruínas devido ao 666, eles estavam significando que o mundo estava em ruínas por causa do ego: o modo como o ego utiliza o intelecto no sentido da dialética (pelo fato de ser excessivamente intelectual), no sentido de, pelo coração, ser um fariseu (um fanático, um mero crente sem qualquer experiência real da verdade), ou por ser meramente um usuário da meditação (um faquir, alguém que faz grande quantidade de práticas, que é muito aplicado acerca de suas pessoais tradições e pessoal religião, mas é fanático, limitado; aquele sem discernimento, que não possui o menor desenvolvimento de consciência [espiritual]).

  Em cada um desses exemplos o que vemos é um aspecto fundamental da psicologia gnóstica que indica que todos têm um tipo de predisposição psicológica relacionado a um desses três cérebros. Alguns de nós são mais intelectuais por natureza, outros são mais emocionais e outros de nós são mais instintivos. Os Deuses disseram a Buda que o mundo está em ruínas por causa desses três tipos de pessoas. Na Bíblia, isso é chamado a Torre de Babel.
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                                                  A Torre de Babel é Simbólica 

  Esses são os três tipos inferiores de pessoas. Se formos mais intelectuais, mais emocionais, ou mais impulsivos, e tanto quanto estejamos encaixados em uma dessas três predisposições, estaremos escravizados da roda do Samsara, e seremos moradores da Torre de Babel. Lembremos que a história da torre é relatada com uma confusão de línguas; a inabilidade por diferentes tipos de pessoas em se compreenderem. O tipo intelectual (escriba, ou dialetista) não consegue compreender o crente (o fariseu), por conseguinte, o conflito estabelece-se em nossos relacionamentos, em nossos lares e entre nações. O homem que quer resolver alguma coisa com seu pensamento estará sempre em conflito com a mulher que sempre resolve todas as coisas emocionalmente – e vice versa.

  A inteireza dessa situação – simbolizada pela Torre Bíblica de Babel – é também simbolizada pelo Dragão da Revelação. A mente coletiva da humanidade faz maravilhas como telefones celulares, bombas atômicas, filmes, novas tecnologias, novas religiões e mais coisas, porém, ao invés de beneficiar a humanidade está servindo para reforçar cada vez mais a doutrina do ego: escravizado psicologicamente ao desejo. As pessoas não estão se tornando livres, estão se tornando cada vez mais escravizadas e dependentes.

  Se houver um minúsculo engano – tal como uma súbita perda de eletricidade – esse mundo mergulhará no caos e na brutalidade animal. Onde está a liberdade quando estamos escravizados a contas, débitos e vícios psicológicos?

  Qualquer um que questione as “maravilhas” de nossa vida moderna é condenado, rejeitado, ridicularizado. Qualquer um que duvide da “religião oficial” é caçado, perseguido e mesmo morto. Nesses tempos, mesmo a tão chamada “ciência” é uma religião de crentes fanáticos – pessoas que apaixonadamente defendem aquilo que não podem provar – e as massas obedecem aos conselhos dos cientistas e doutores como se eles tivessem os poderes dos Deuses.
 
  Cada um está louvando as “maravilhas da besta”, enquanto ignoram que o sofrimento está piorando dia a dia. Essa é a natureza da besta: o ego que conduz seus seguidores ao “não sair (para a libertação do ego – ou de suas amarras –), nem sofrer então aquilo que sofrem os outros que estão saindo (para a libertação)”.

  Essa situação não é nada nova e nem é a sua solução. Esse caminho para a liberdade é tão velho como as estrelas, e não pertence a ninguém, mas a cada um. Tudo que se requer é que nos desempenhemos das ações que produzem resultados. Necessitamos despertar a Consciência.

  O caminho da libertação começa com nossa pessoal transformação para um tipo de pessoa psicologicamente diferente. É para tornar-se num tipo de pessoa que comande os três cérebros interiores e não seja mais indefinida, ou, de outro modo: esse tipo de pessoa conheça a si própria e possa conscientemente escolher a Virgem (a Divina Mãe, da qual nosso Buddha interno é nascido) em cada ação, a cada instante. Isso é nos desempenharmos com Ação Vertical em nossos pensamentos, sentimentos e ações. Porém, para fazermos isso, necessitamos saber como fazê-lo.

  O Buddha reconheceu o espetáculo triste da humanidade e manifestou a decisão de conscientemente encarnar-se a fim de ensinar àqueles que quisessem saber como sair do sofrimento. Dessa maneira, o Buddha Contemplação (o Mestre Interno, o Espírito Interior) escolheu a época, data, lugar e circunstância de seu nascimento e projetou-se a Si próprio na natureza com a finalidade de ajudar a humanidade. Seu Bodhisattva foi enviado para ajudar a humanidade.

                               O Segundo Grande Feito: O Sonho da Rainha Maya

  O Buddha Interno escolheu para nascer de um casal real numa região que agora é conhecida como Nepal, perto do Himalaia; os pais eram do clã de Shakya, e a mãe escolhida chamava-se Maya. Ela é normalmente chamada Mahamaya ou Mayadevi. Essa palavra Maya é simplesmente o nome da Deusa. Qualquer Deusa no Induísmo é Maya.

  “Realeza” numa história iniciática indica família numa tradição iniciática. Em todas as tradições antigas, os reis eram sempre os sacerdotes; os reis eram sempre os possuidores do conhecimento esotérico. Sabemos também sobre isso na relação dos pais de Buddha Shakyamuni, porque está consignado também na escritura:

  Um rei, de nome Suddhodana, com parentesco do sol, ungido para representar o principal monarca da Terra – governando sobre a cidade, cuidando-a como uma abelha cativa [cuida] de um lótus pleno.

  O melhor de todos os reis com seu séquito sempre junto a ele – devotado à generosidade, e ainda liberto do orgulho; um soberano, além de tudo justo e igualitário em todas as coisas – de natureza gentil e ainda assim de ampla majestade.

  Caídos diante de seu braço na arena de batalha os orgulhosos elefantes de seus inimigos dobraram-se, prostrando-se, com suas cabeças derramando quantidades de pérolas como estivessem ofertando braçadas de flores em sua homenagem.

  Tendo dispersado seus inimigos por sua proeminente majestade, como o sol dispersa as sombras de um eclipse, ele iluminou seu povo em cada coisa, mostrando-lhes os caminhos os quais precisavam seguir.

  Obrigação, bem-estar e prazer, sob sua orientação, tomaram mutuamente outro sentido, mas não no modo exterior; dessa maneira, se eles ainda se competiam, brilhavam todos muito mais na gloriosa carreira de seus sucessos triunfantes. – Buddhacarita de Ashvaghosha, 1.9-13

  O rei pertencia a Raça Solar, os “parentes do sol”, como todos os Heróis Solares de todo o mundo; em outras palavras: ele já era Duas Vezes Nascido, alguém que nasceu de novo, como Apolo, Moisés, Héracles ou Jesus. A Raça Solar refere-se àqueles iniciados que desenvolveram os Corpos Solares (Soma Heliakon, em Grego), o Mercabah (em Hebreu), a carruagem da alma (ver o livro bíblico Ezequiel, ou o Bhagavad Gita). A Raça Solar é constituída por todos aqueles que são filhos do Sol: o Cristo, a “luz do mundo”.

  Todos os reis divinos do passado eram Seres Solares, sendo responsáveis por proteger o conhecimento sagrado. Os verdadeiros faraós foram Reis Solares: iluminados, iniciados despertos com poderes espirituais e temporais. Ainda assim, isso não quer dizer que foram seres perfeitos. A perfeição é somente alcançada quando toda a impureza está removida.

                         O Rei foi Também Afortunado por ter Uma Única Esposa

  Ele tinha uma única esposa, chamada Mâyâ, liberta de toda a ilusão (mâyâ) – um brilho procedente de seu esplendor, como o esplendor do sol quando está fora de toda a influência das trevas – uma rainha líder na assembleia unida de todas as rainhas.

  Como uma mãe para seus súditos, absorta nos seus cuidados – devotada a tudo o que merecesse ser reverenciado em devoção – brilhando em sua família real como uma deusa da prosperidade – era a mais eminente de todos os deuses em todo o mundo. – Buddhacarita de Ashvaghosha, I.14-16

  A história conduz a que durante o tempo do mês em que Mahamaya esteve em retiro para purificação mensal (ou seja, estando em seu ciclo menstrual), ela teve um sonho.
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                                               O Sonho da Rainha Mahamaya

  Caindo da hoste de seres no paraíso Tushita, e iluminando os três mundos, o mais excelente dos Bodhisattvas subitamente entrou como um pensamento em seu útero, como o rei-Nâga entrando na cavidade de Nandâ. Assumindo a forma de um gigantesco elefante branco como o Himalaia, armado com seis presas, com sua face cheirando a fluente ícor, ele entrou no útero da rainha do rei Suddhodana, para destruir os demônios do mundo. – Buddhacarita de Ashvaghosha, I.19-20

  Nesse sonho, um grande elefante branco veio do Paraíso e entrou em seu útero. Ela sonhou que ficava grávida. De acordo com a tradicional prática asiática, marido e mulher suspendem suas relações sexuais quando a mulher está menstruando. Está também relatado na tradição que o rei e a rainha não tinham ainda um filho.

   Além do mais, como membros da Raça Solar, eles saberiam as normas dos Reis Solares: que o sexo é sagrado e não deve ser corrompido pelo desejo. Simbolicamente, um rei ou uma rainha é um Malachim (Hebreu: reis e rainhas), alguém que tem a Consciência desperta: um iniciado. E como alguém que compreendeu a doutrina e praticava o ensinamento, ela, Maya, a rainha, a mãe, representa a Divina Mãe, a Deusa Maya de cujo útero emerge o Buddha (o Salvador).

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  Maya representa o Segundo Arcano: a Sacerdotisa, a Divina Mãe, é ela que dá nascimento aos Deuses. Como podemos ver na carta do Tarô, Ela senta-se no templo, com o conhecimento secreto no seu colo e com a chave para o conhecimento Dela sob a sua mão, simbolizada pela Ankh – pois Ela é a Mãe, a Doadora da Vida – que é sinonímia com o signo de Vênus, a Deusa do Amor.

  A história iniciática da divindade impregnando a Sacerdotisa não é única no Budismo. O mesmo símbolo existe nas tradições Egípcias como Isis, que dá a conceber a Hórus, e existe, do mesmo modo, na tradição Cristã:

  A uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria.
  E entrando o anjo onde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo!
  Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação.
  Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus.
  Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus.
  Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai;
  Ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.
  Então disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?
  Respondeu-lhe o anjo: descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também, o ente santo que há de nascer, será chamado Filho de Deus. Lucas 1:27-35

  Quando dizemos que Maria ou Maya era uma virgem, significamos no sentido esotérico. Isso indica que ela era pura, sem mácula. A mácula refere-se à mente e como utilizamos a energia. Alguém que é corrupto com o desejo é impuro. Aqueles que não têm desejos são puros. Uma verdadeira virgem é alguém incorrupta: essas são libertas do desejo.

  A palavra maya literalmente significa “aparência”. O sentido é tipicamente traduzido como “ilusão”. Os ocidentais confundiram o significado dessa palavra Maya, como sendo algo que seja sempre negativo, mas não é assim. Maya é o nome da Divina Mãe, porém a Divina Mãe tem muitos aspectos.

  Quando olhamos o Arcano 6, vemos duas mulheres em cada lado do iniciado. Esses são dois aspectos da Divina Mãe: o puro e o impuro. Vemos a pura Divina Mãe, que é a verdade, é a virgem. Oposta a ela é a Divina Mãe Morta, a Rainha dos Abismos que leva seus filhos ao Segundo Nascimento. Ela ainda ama seus filhos, mas é uma mãe conspurcada; ela é impura porque seus filhos são impuros.

  Esses são os dois princípios femininos do universo, a Virgem e Harlot, a Divina Mãe ou a Lua Branca e Astaroth, Kali, ou Lua Negra, que se refere aos seus tenebrosos aspectos. – Samael Aun Weor, Tarô e Kabbalah.

  Normalmente, quando escolásticos ocidentais discutem Maya, eles estão discutindo a mãe impura, a mãe da ilusão, decepção e engano. Porém, fique claro no seu entendimento da palavra maya: nem sempre significa algo negativo. O termo maya é realmente um título para a esposa de Shiva, que é também conhecida como Shakti. Shiva não pode existir sem Maya, sem sua esposa. Essa combinação de macho-fêmea (Shiva-Shakti, Yab-Yum) é a base da existência.

  É também interessante notar que a palavra Maya é o nome de uma população inteira na América Latina e eles adoram a Deusa virgem Xquic. Quando perguntada por seu pai quem foi o responsável por sua gravidez Xquic responde: “Não há homem cuja face eu tenha conhecido...O que tenho em minha barriga foi gerado por si mesmo quando eu fui admirar o Deus (principal) Hun Hunahpu...” O Salvador Universal

  A mãe de Buddha é o simbolismo do puro estado de Consciência requerido a fim de que Buddha possa nascer dentro de nós. Se permanecermos maculados pelo desejo, então somos escravos da meretriz; logo a Consciência Búdica está fora de nosso alcance. Não pode se manifestar.

  No Tarô Cabalístico, o Arcano Um é o Mago, que simboliza o Espírito: o Buda Contemplação. O Arcano Dois é a Sacerdotiza e simboliza a matéria, ou o veículo através do qual o espírito pode agir. Se a matéria é impura, corrompida pelo desejo, então o espírito não pode utilizá-la.

  O Elefante branco simboliza o puro, a inteligência robusta do Espírito, que desce ao útero da Divina Mãe Maya no momento em que seu marido não pode tocá-la: em resumo, no momento e lugar onde não há desejo. Assim, Maya é virginal: ela é incorrupta, pura, exatamente como Maria, a mãe de Jesus.

  O número um, o Pai que está em segredo, é o Eterno Princípio Masculino. Ele próprio está dentro de Brahma, que não tem forma; é impessoal, inefável e pode ser simbolizado pelo sol. O número dois é a Divina Mãe. Ela é o Eterno Princípio Feminino que pode ser simbolizado pela lua. Brahma não tem forma, Ele é o que é. Mas Nele mesmo, Ele é o governador do universo. Ele é Ishvara, o Eterno Princípio Masculino, o Princípio Universal da vida.

O Princípio Universal da vida desdobra-se no Eterno Princípio Universal Feminino, que é o Grande Pralaya do universo, do cosmos, Seu seio é fértil de onde tudo nasce e para onde tudo retorna. – Samael Aun Weor, Tarô e Kabbalah.

  A combinação desses dois resultados na criação da existência, que é o Arcano 3.

                                          O Terceiro Grande Feito: Nascimento

  No Tarô Cabalístico, ambos, o Segundo e Terceiro Arcano, representam aspectos da Divina Mãe. O Terceiro Arcano está relacionado em como a Divina Mãe se manifesta, produz, cria. O número 3 – a trindade – é a lei da criação.

  Muitos dos aspectos fundamentais do Caminho são descritos em 3:
  - Três Jóias: o Buddha, Dharma e Sangha.
  - Três Caminhos: Shravakayana. Pratyekayana, Bodhisattvayana.
  - Corpo, Fala e Mente.
  - O Trikaya.
  - Os Três Cestos dos Ensinamentos (Tripitaka).

  Há excessivos exemplos para listar aqui. O ponto é que três fatores criam.

  Para alcançar qualquer objetivo são necessários três fatores. Uma forma de observar isso é que o primeiro fator é a intenção ou força projetiva em direção ao objetivo. O segundo fator se opõe a isso (resistência), e o terceiro os concilia. Esses três fatores são facilmente visíveis na eletricidade.

  O exemplo mais impressionante das três forças é encontrado no relacionamento entre homem e mulher. A dualidade, seus conflitos; um está sempre tentando superar o outro. Se adicionarmos sexo à equação como uma terceira força, então há uma quantidade de energia e criação que pode ocorrer. Equilíbrio e criação podem então ser estabelecidos, mas somente se a energia for corretamente administrada. Isso é assim porque a terceira força é tanto criativa quanto destrutiva. Se o casal não administra o sexo num sentido salutar, então o sexo destrói o relacionamento.

  Podemos ver claramente as forças desses três fatores nos estágios que temos estudado até agora:

  1. Primeiro Grande Feito: A intenção de ajudar seres sofredores (força projetiva).
  2. Segundo Grande Feito: A Divina mãe está fecundada (força receptiva).
  3. Terceiro Grande Feito: O Buddha nasce (o primeiro dos dois fatores está equilibrado e realizado).
   
  Assim, no Terceiro Estágio da história iniciática de Buddha, ele nasce. Isso é simbólico em muitas coisas.

  Primeiro, um Buddha é nascido do sexo – não sexo concupiscente, mas outro tipo de sexo, algo divino, puro, santo.

  Segundo, um Buddha é nascido de uma pura e divina mulher: a Deusa. Todos nós temos nossa própria e interna Divina Mãe e ela pode dar nascimento ao nosso Buddha interno, se satisfizermos os requisitos. Ou seja, os fatores corretos necessários a serem trazidos em conjunto. Se forem, então o Buddha pode ser gestado e nascido.

  O Terceiro Arcano é a mãe fecundada, pronta a dar nascimento ao seu sagrado filho. Ela é Isis, Maria, Hera, Shakti: a mãe dos Deuses.

buddha birth
                                   A Rainha Mahamaya Segura a Árvore da Vida

  Então um dia pela permissão do rei a rainha, tendo uma grande aspiração em mente, foi com os detentos de gynaeceum ao interior do jardim Lumbini.

  Como a rainha segurava-se num galho que, carregado, pendia pelo peso de flores, o Bodhisattva, subitamente, abrindo seu útero, veio nascer.

  Naquele momento a constelação de Pushya estava auspiciosa, e quanto à rainha, purificada pelo seu voto, seu filho nascia para o bem do mundo, sem sofrimento ou males.

  Como o sol na manhã expandindo-se da nuvem – ele, do mesmo modo, nascera do útero de sua mãe, tornando o mundo resplandecente como ouro, brilhando com seus raios que dispersam as trevas.

  Tão logo nascera “o milhares de olhos” (Indra) agradavelmente o tomou com cuidado, brilhante como um pilar de ouro; e dois puros fluxos de água desceram do céu sobre sua cabeça com pilhas de flores Mandâra. –Buddhacarita de Ashvaghosha, 1.23-27.

  A fim de poder equilibrar-se, ela estendeu sua mão direita e segurou-se na árvore. Nesse momento, o Buddha emergiu de seu flanco direito. Ela deu nascimento pelo seu flanco. Isso é cabalístico, símbolo iniciático.

  Primeiramente, ela segurou-se na árvore: um símbolo da árvore da vida. Ela segurou-se nela para ter uma base, estabilidade, força, suporte. A Árvore da Vida em nós é nossa coluna espinhal através da qual o Kundalini se eleva. A Árvore da Vida é também a Consciência, o Ser. A fim de que o Buddha Interno venha nascer necessitamos despertar a Consciência e determos firmemente nosso centro de gravidade em nossa própria e interior Árvore da Vida.

  Tradicionalmente, a árvore é referida como sendo uma árvore Plaksha (Ficus infectoria), que é uma forma de árvore figueira. Em várias escrituras indus, a Plaksha está associada com o rio Sarasvati. Sarasvati é o nome da Divina Mãe. A Plaksha é parente muito próxima da árvore Bodhi (Ficus religiosa), que encontraremos mais adiante na história. Porém, ambas as árvores são muito importantes: ambas são variações da figueira, que estão estreitamente relacionadas com a sexualidade.

  Porém, seu deleite estava na lei de Deus; e em sua aplicação ele meditou dia e noite. E ficaria como uma árvore plantada por rios de água que traz seus frutos em sua estação; suas folhas não murchariam; e o que ele fizesse prosperaria. O descrente não é assim; é, porém, como a palha a que o vento carrega para além. Salmo 1:2-4

  Em outras palavras, se conhecemos e respeitamos as leis da Consciência, podemos despertar e crescer como uma figueira plantada pelos rios de Sarasvati, a Divina Mãe. Porém, é como a figueira simboliza: A Ação Reta está enraizada na sexualidade.

  A figueira simboliza a força sexual feminina que devemos aprender como controlar. – Samael Aun Weor, Rosa Ígnea.

  Assim toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus.

  Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir bons frutos.

  Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo”. – Mateus 7:17-19
  Mahamaya apoia-se com sua mão direita, o que na cultura Asiática simboliza ação pura. A mão esquerda está relacionada com impureza e ação malévola. Ao usar a mão direita, ela demonstra que ela sabe como controlar as forças da figueira num caminho de pureza: as forças sexuais. Por causa disso, ela é capaz de ser um canal para a chegada de Buddha. Se ela não tivesse esse tipo de controle sobre suas próprias forças sexuais, não seria capaz de receber e dar o poder cósmico de Buddha.
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  No Tarô a Imperatriz segura um cetro de poder na sua mão direita, que representa a mesma coisa: poder é a Lei do Três – que nós todos temos, segundo o nosso Nível de Ser – e se o usamos bem, então boas coisas podem advir disso. Porém, se abusamos de nosso poder – e na maioria das ocasiões é pelo sexo – então adquirimos carma e sofrimento.

  Nesse caso, Mahamaya representa para nós que usando bem nosso poder sexual (pelo livre fluxo nas relações entre a ação pura e a Árvore da Vida) então o Buddha pode nascer dentro de nós.

  De seu flanco direito emerge essa criança, o Buddha. Isso se relaciona muito bem com Adão e Eva. No livro Judeu-Cristão da Gênesis (Bereshit), Eva é trazida do flanco direito de Adão e esse é o simbolismo de como a alma se desdobra e se manifesta; como a Árvore da Vida desdobra-se em níveis a fim de criar a existência.

  Ao nascimento de Buddha estiveram presentes muitos Deuses, tais como Indra, Brahma e muitos outros. Se observarmos pinturas do momento de seu nascimento, ali estarão Deuses assistindo, recebendo a criança, banhando a criança, segurando para sóis e observando todo o processo. Isso não é muito usual e necessita ser entendido.

  Na tradição Indu, a limpeza é muito importante, e por causa disso há sangue e fluido acompanhando um nascimento típico, pois nascimento é dito ser um evento sem limpeza, por conseguinte os Deuses ficam ofendidos e não vêm a tal evento. Na Gnose entendemos que, devido ao nascimento típico ser um resultado do desejo baseado na sexualidade, então não é um nascimento imaculado.

  No entanto, no caso de Buddha – exatamente como de Jesus – isso foi um nascimento que era limpo, uma vez que a concepção se deu pela sexualidade casta – sem desejo animal, sem orgasmo – e por isso os Deuses estavam lá. Os Deuses estiveram presentes ao seu nascimento por causa da limpeza do evento, não tendo acontecido desejo concupiscente. De outro modo: foi um evento de Castidade pura, Tantra branco.

  No momento de seu nascimento, muitos milagres aconteceram na região. Houve uma grande chuva que terminou com alguns dos problemas de pessoas locais e houve muitos outros nascimentos na região: muitas crianças e muitos animais nasceram, os quais proveram ganhos materiais. Por conseguinte, o Rei chamou-o Siddhârtha, que significa “cumpridor das metas”, ou “que satisfaz os desejos” alguém que cumpre ao que foi enviado fazer, que no caso veio para servir a todos os seres.

  É dito que ao sair do útero, o Buddha-criança colocou seus pés no chão, levantou seu dedo ao céu, e exclamou; “Olhe para mim!”. Então andou sete passos.

  Nu, com o signo do lótus em alto-relevo, a passos largos, sentou-se com um cunho – sete firmes pegadas tinha ele então calcado – ele que era como a constelação dos sete rishis. – Buddhacarita de Ashvaghosha, I.33

  Esses sete passos são conhecidos por todos os maçons do mundo, pois há sete passos sagrados para entrar no templo. Os sete passos representam sete grandes trabalhos iniciáticos que devem ser realizados a fim de que o Buddha encarne no interior da alma. Esses sete passos são as Sete Iniciações dos Mistérios Maiores, que culminam na completude da criação dos veículos solares, no interior dos quais o Ser – nosso Buddha interno – pode desempenhar sua missão na Terra. Assim, o Buddha realizou esses sete passos simbólicos para demonstrar que ele tinha de desempenhar essa tarefa, e outras que, do mesmo modo, deveria tomá-las.



                                                    As Sete Iniciações da Árvore da Vida

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  Ele então exclamou: “Eu sou o melhor nesse mundo!” Isso não é orgulho: é a declaração de um fato. O Buddha que está esperando para nascer em nós é absoluta felicidade, absoluta paz, absoluto amor – não há nada no mundo que seja maior do que nosso próprio Buddha Interior. Porém, precisamos trabalhar a fim dar-Lhe um lugar para nascer dentro de nós. Como somos agora, estamos infiltrados com sensualidade, orgulho, inveja e mais. Precisamos limpar nosso templo psicológico, então Buddha virá nascer nele.

  Há muitos grandes mestres que vieram ao mundo de nascimentos imaculados. Há Buddha, Júpiter, Zeus, Apolo, Quetzalcoatl, Fuji, Lao-Tse, Jesus – todos nasceram de virgens, todos nasceram de Concepções Imaculadas. Suas mães eram virgens: virgens antes, durante e após os nascimentos de filhos.

  Quando Buddha-criança nasceu, alguns sábios, alguns sacerdotes educados, analisaram a criança e descobriram que ela tinha todos os símbolos esotéricos, ou sinais, na sua constituição física, que demonstraram ser a criança um Buddha. Há muitos desses sinais simbólicos.

  Qualquer um que estudar os trinta e dois sinais capitais da natureza biológica Buddha chegará à conclusão que as características sexuais secundárias de Buddha eram realmente de um Super Homem. Essas apontam para uma intensa transmutação sexual. Pode haver, sem dúvida, que Buddha praticou Maithuna, Yoga Sexual, Magia Sexual, o Arcano A.Z.F. Buddha ensinou o Tantra Branco (Magia Sexual); contudo, ele passou esses ensinamentos em segredo aos seus discípulos. Zen e Budismo Chan ensinam Maithuna e casais praticam essa Yoga Sexual. – Samael Aun Weor.

  Segundo um costume religioso, crianças recém-nascidas eram levadas aos templos para prestar homenagens aos Deuses. Então, a cúpula real tomou o seu novo filho, e o clã guerreiro Shakya estava de tal modo boquiaberto pela radiância do menino que se prosternaram: daí, ele ganhou o seu nome “Sábio de Shakya” – Shakyamuni.

  Chegando ao templo, os pais foram ajudar a criança a prestar homenagem aos Deuses. Porém, quando o Buddha-criança estava perto do degrau da entrada do Templo, a estátua da divindade tribal (o divino espírito santo do clã, ou o Deus Penate) ganhou vida, dobrou-se aos pés de Buddha e o escoltou pelo interior. Quando o pé direito de Buddha tocou o chão do templo, todas as estátuas – Indra, Brahma, Surya, Vishnu, e outras mais – ganharam vida e dobraram-se diante de Buddha. A terra tremeu. Ante esse inacreditável sinal, o pai de Buddha deu-Lhe um novo nome; Devatideva, “Deus dos Deuses”.


                                             POR UM INSTRUTOR GNÓSTICO

 Fonte:http://gnosticteachings.org/courses/path-of-the-bodhisattva/684-the-gnostic-nativity-of-buddha.html

Tradução Inglês/Português:Rayom Ra

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