Essas duas religiões mundiais vêm cumprindo
seus papéis na panorâmica dos povos naquilo que conhecemos como evolução
espiritual. Todas as grandes religiões foram projetadas para chegar a um
desiderato segundo suas épocas e psicologia dos povos. O desenvolvimento mental
dos povos está interligado com a própria espiritualidade numa relação não clara
para observadores críticos. As práticas dos ensinamentos daqueles que acabaram por tornar-se grandes mentores
religiosos de nossas raças, vêm conduzindo num tempo calculado em ciclos
terrenos, ao apuramento mental e espiritual de enorme contingente mundial de
almas.
O que sempre pautou o surgimento
de profetas, ou magos e, principalmente, Avatares, tais como Vyasa,
Zarathustra, Buda ou Jesus foi exatamente o ciclo anteriormente cumprido pelos
povos e a inauguração de um novo. Essa visão está acima da compreensão do homem
comum, mas não de parte de iniciados mais avançados e Mestres-Manus. E esses últimos são os Mestres veladores das raças.
O planejamento para a evolução de nosso
planeta incluiu todas as vidas de reinos e espécies no que poderíamos chamar um
completo “cronograma planetário”, onde as etapas evolutivas obrigaram a que
vidas de reinos fossem, de tempos em tempos, arrojadas para a Terra nos seus
planos dimensionais.
Assim, os ciclos pregressos se foram
cumprindo sob os olhos e atenções das Hierarquias Solares, mais tarde também
da Grande Fraternidade Branca Universal, e as humanidades, em seus mais
variados compassos, foram despertando visões interiores em percentuais
crescentes, alargando suas percepções de consciência – e isso veio representar
os avanços.
O comportamento intelectual do homem nem
sempre está uniformemente ligado ao desenvolvimento mental e espiritual das unidades
de vida. Para a evolução do ego e futuro despertar da consciência é necessária
outra visão que não esteja nublada ou cortinada pela crítica fria e calculista do intelecto.
Tecnicamente, o intelecto não faz parte do propósito “evolução da alma”, pois
representa um instrumento externo que busca estabelecer ou interpretar
analogias com símbolos e conceituações, daquilo que o ego-personalidade,
obstruído pelos véus da matéria, não consegue ainda entender nem perceber por
intuições, visões e revelações internas. O intelecto soma informações
exteriores, as tabula e setoriza num processamento que inclui variados temas e
níveis, semelhantes aos processadores software.
Os Avatares, tendo plantado as sementes que depois resultariam em modelos de
religiões, seguem aquele cronograma planetário, estabelecendo em organogramas
temporais os percursos por onde os grupamentos raciais e povos mundiais ali
avançarão até o objetivo traçado e calculado. Esse objetivo normalmente é longo
até a sua linha de chegada como foi, por exemplo, com a religião do fogo, iniciada
na Pérsia por Zaratustra, e como vem sendo com o budismo e o cristianismo. O tempo
é justamente o mestre por detrás das cortinas que observa seus alunos em suas
práticas religiosas, em seus aviltamentos das escrituras e doutrinas e nas
deturpações que sempre acontecem e que desviam muitos milhões da trilha
previamente traçada, balizada com seus sinais corretamente postados nas margens
esquerda e direita.
As religiões tendo sido calcadas sobre o
conhecimento oculto das leis naturais em suas ações sobre as vidas
encarnadas, sempre detiveram os índices de estarem em maior escala nas grandes
massas populacionais mais impressionáveis e pouco trabalhadas num sentido mais
interior ou esotérico. Daí as oposições entre as polaridades positivo-negativo
serem normalmente interpretadas em todos os acontecimentos e seus significados em bem e mal.
Relacionados a Buda e Cristo, nesse
criticismo, podemos também aduzir, dentre outros fatos, os aspectos das
polaridades trabalhadas por esses dois Avatares, Buda e Jesus, reveladores dos
elementos primordiais de suas religiões que depois serviriam aos homens comuns
para a elaboração e expansão do budismo e cristianismo, respectivamente. Em
ambas as religiões, houve sempre, basicamente, três níveis de entendimento das
verdades estampadas nas pregações originais, quais sejam: o nível das
massas, o nível dos mais adiantados nos estudos e práticas e o nível dos
iniciados nos diversos segmentos esotéricos.
Interessante notar sempre que as consistentes
mudanças no pensamento da humanidade vêm inauguradas por grandes mentores cuja sabedoria
é impossível mensurar. É plausível Buda ter surgido na Era de Touro, sendo
provável ter nascido em Virgem, pois Buda era também conhecido por Nebo,
significando Mercúrio. Duas de suas grandes encarnações anteriores estiveram
ligadas a Mercúrio, pois foi Hermes no Egito e Orpheu na Grécia. Mercúrio é um
planeta de dupla polaridade (vide as duas hastes do Caduceu) e na astrologia
tradicional rege tanto Virgem, um signo do elemento Terra, como Gêmeos do
elemento ar. Como também Jesus, que seguramente não nasceu nem em Capricórnio
nem em Peixes, mas tal como Buda, em Virgem, sendo chamado de Nabu Meschiha
significando o Messias-Mercúrio. Virgem é o signo que estimula a cruzar os
obscuros umbrais das provas destemidas e vem colocar o candidato diante dos
portais das iniciações.
Da Era de Touro para Peixes, passando por
Áries, os elementos devocionais implicados na filosofia mentalista de Buda
foram trabalhados como uma necessidade onde os percalços precisariam ser
admitidos sob Maia ou a Ilusão, a fim de que a conquista final do Homem Total
se desse sob á égide da persistência intransigente e do subjetivismo que
anulariam para sempre Maia. Buda subiu galgando mentalmente o caminho do meio –
o Antakarana – a fim de alcançar o ponto zero de atração da Terra para poder
conhecer o Eu Real. Precisou primeiro conhecer-se interiormente, assumir a
sabedoria intuitiva e a bem-aventurança do Nirvana para poder descer e ensinar.
Já Jesus, conheceu primeiro o mundo,
entregou-se ao Pai, alojou a atividade salvadora para os homens terrenos,
exemplificado no simbolismo do pé, do peixe e dos pescadores, e caminhou nesse
mesmo mundo para a atividade sintetizadora da Alma e dessa para o sacrifício da
crucificação e morte simbólica. Jesus não morreu fisicamente na cruz, antes
simbolizou o sacrifício e subjugação definitiva do ego-personalidade em
holocausto da missão reveladora. Nessa mesma encarnação processou a dissolução
de sua própria Alma, a quarta grande iniciação para a qual já vinha obrando,
que se consumaria no episódio da crucificação, e em seguida obteve na própria
cruz a abertura da segunda de suas iniciações maiores numa mesma encarnação – a
quinta naquele momento, e que mais tarde a consumaria definitivamente.
Assim tivemos Buda a ensinar a ligação da Alma
com Atma – o Nirvana redentor e purificador – através da meditação pela trilha
do caminho do meio, no cumprimento das oito regras e no entendimento das quatro
nobres verdades. Buda comprovaria em si mesmo como a personalidade, pela
meditação e desapegos, se desligaria da polaridade negativa terrena, anulando-a
e configurando os aspectos psicológicos superiores pelo Antakarana em direção
da Alma Superior ou Atma.
Como a afinidade com a ciência da meditação
estivesse bem desenvolvida nos povos asiáticos antes do Sakyamuni encarnar-se
com a missão de um Buda Salvador, Buda chegou ao objetivo desejado pelo método
mental da anulação da polaridade negativa para uma realização totalmente
positiva no Nirvana e por esse mesmo método estabeleceu a maior parte de sua
pregação.
Inversamente a Buda, Jesus trabalharia noutro
sentido com nobres princípios. Sua metodologia versava no mergulho cada vez
maior da personalidade no mundo ou polo negativo para o permanente trabalho
cooperativo com a humanidade, mas ao respaldo dos ensinamentos do Cristo nele
próprio – Jesus – a fim de que o Superior ou Ego-Alma operando vibratoriamente
com o inferior, ou ego-personalidade, estimulasse – através da santa devoção,
das preces, das obras assistenciais, do amor-inteligente e da entrega absoluta
– em como chegar à remissão do ego-personalidade. A salvação viria da Alma para
a Terra, pelos caminhos retos a serem trilhados pela personalidade purificada
ou em procedimentos de purificação. E pela constante devoção às etapas desse
trabalho os seguidores viriam gerar momentos de sucessivas sublimações dos
desejos terrenos para o reino do outro mundo.
Ao iniciar sua missão, Jesus visava bem mais a
natureza psicológica das populações do Médio Oriente e pouco mais tarde,
cumprindo seu traçado prévio, o movimento avançaria para a diversidade do
Ocidente.
Estes, entendemos, foram os princípios
básicos, trabalhados diferentemente em dupla polaridade no budismo e cristianismo.
Os modelos religiosos populares, tanto búdicos
como cristãos, foram e são ainda degraus para o entendimento e práticas mais
aprofundadas. Já os budistas esotéricos bem mais exercitam e desenvolvem seus
poderes internos no silêncio e ao retiro de longas etapas de meditações. Em
segundo plano, tanto para o iniciado esotérico como para o seguidor religioso,
é-lhes requerido amar incondicionalmente a humanidade. A estratégia de Buda,
claro está, não significou que todos pudessem alcançar de uma só vez o
objetivo final por Ele apregoado. Essa mesma chegada em diversas etapas ao
objetivo colimado, aconteceu também noutra Era Maior – a de Peixes – com o
cristianismo, onde as novas energias astrológicas dessa era, com diferentes
visões e com outros valores motivadores, proporiam a salvação de cada alma
humana pelo trabalho ininterrupto do despertar do Cristo Interno nos seus
primeiros níveis.
Nunca é demais ressaltar que Jesus e Buda, profundos conhecedores da índole e psicologia dos povos, deixassem de antecipar que suas presenças nos seus ensinamentos não viessem a ser desfiguradas e tergiversadas pelas gerações futuras. Esses dois grandes Avatares, na realidade, não fundaram as religiões. Eles plantaram novas sementes com seus métodos a níveis distintos para a salvação dos seres humanos engolfados na matéria aprisionante, mas, verdadeiramente, não implantaram as religiões.
O budismo e o cristianismo viriam edificar
um arcabouço mais ou menos heterogêneo sobre o que permanecera das pregações originais
de seus divinos mentores tempos depois de suas partidas. Para que as trevas
encarnadas na alma humana não lançassem anátemas malditos sobre os ensinamentos
dos núcleos e organizações que se formavam, que viessem destruir a essência das verdades estabelecidas, é natural entendermos que tanto Buda quanto Jesus teriam descido
novamente com outras vestiduras, usando de projeções etéricas, e não físicas propriamente, envoltos pela sabedoria missionária com que houveram anteriormente se transportado para a Terra, a fim de assistir os povos nas ações e
expandimentos de seus métodos e praticas verdadeiras. Também viriam encarnar-se de
tempos em tempos mensageiros luminosos e abalisados, a fim de trazer outros
esclarecimentos aos seguidores de Buda ou de Jesus.
Teria de ser desse modo,
pois obras de um teor mundial como essas duas religiões precisariam decisivamente ser compartilhadas pelas mãos, mentes e almas das vidas auxiliadas – e nada mais natural e
lógico que isso acontecesse – porém, os enganos, desvios e crimes revelados pelos seres humanos nunca são descartados nesses
caminhos.
Pois é fato que entre uma e outra metodologia
religiosa, o aspecto consciência de enorme massa humana, a despeito de todas as
vicissitudes e obstáculos de suas respectivas eras, obteve evidentes impulsos
de Buda para Jesus e de Jesus para a Era de Aquário, redimensionando mais
claramente visões internas sobre um nebuloso e tumultuado passado de magias,
perseguições, ilusões e adorações insensatas, que agora – as novas visões – se
por um lado, prometiam vias difíceis e mais estreitas de fugas da roda
incessante dos renascimentos dolorosos, por outro lado, abririam veredas que
levariam à finalmente escapar-se desse longo caminho da Quarta Ronda
planetária.
Essas promessas, que não foram logo auferidas
in totum pelos ardentes seguidores daqueles ciclos, não poderiam mesmo
representar, necessariamente, que todos chegariam numa só vida ao Nirvana e
nem, numa só vida, unir-se-iam em completa e final bem-aventurança com o Pai
Eterno. Mas que estariam a conduzir-se, em primeiro lugar, para a salvação de
suas próprias almas das corrupções do mundo e em seguida para o desatamento de
milenares e profundos laços cármicos. A reencarnação no budismo sempre foi um
paradigma bem aceito pelos orientais, enquanto que no cristianismo,
posteriormente ao gnosticismo esotérico ensinado por Jesus aos seus muitos
discípulos, essa noção foi ocultada pelo sacerdócio corrompido.
E embora Jesus seja do Segundo Raio veio ao
mundo físico para trabalhar universalmente com o Sexto Raio, mas sua afinidade
com Cristo se dá com o Segundo Raio, que é o mesmo Raio de Buda, e de todos os
Bodhisattvas.
Rayom Ra
Rayom Ra
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