quinta-feira, 12 de março de 2015

Budismo e Cristianismo - Dois Caminhos Um Só Objetivo

Monges, Tailândia, Sacerdócio, Budismo, Budistas
  Essas duas religiões mundiais vêm cumprindo seus papéis na panorâmica dos povos naquilo que conhecemos como evolução espiritual. Todas as grandes religiões foram projetadas para chegar a um desiderato segundo suas épocas e psicologia dos povos. O desenvolvimento mental dos povos está interligado com a própria espiritualidade numa relação não clara para observadores críticos. As práticas dos ensinamentos daqueles que acabaram por tornar-se grandes mentores religiosos de nossas raças, vêm conduzindo num tempo calculado em ciclos terrenos, ao apuramento mental e espiritual de enorme contingente mundial de almas. 
Membros do clero participam da missa ministrada pelo Papa Francisco em Aparecida (SP)
  O que sempre  pautou o surgimento de profetas, ou magos e, principalmente, Avatares, tais como Vyasa, Zarathustra, Buda ou Jesus foi exatamente o ciclo anteriormente cumprido pelos povos e a inauguração de um novo. Essa visão está acima da compreensão do homem comum, mas não de parte de iniciados mais avançados e Mestres-Manus. E esses últimos são os Mestres veladores das raças.

  O planejamento para a evolução de nosso planeta incluiu todas as vidas de reinos e espécies no que poderíamos chamar um completo “cronograma planetário”, onde as etapas evolutivas obrigaram a que vidas de reinos fossem, de tempos em tempos, arrojadas para a Terra nos seus planos dimensionais.

  Assim, os ciclos pregressos se foram cumprindo sob os olhos e atenções das Hierarquias Solares, mais tarde também da Grande Fraternidade Branca Universal, e as humanidades, em seus mais variados compassos, foram despertando visões interiores em percentuais crescentes, alargando suas percepções de consciência – e isso veio representar os avanços.

  O comportamento intelectual do homem nem sempre está uniformemente ligado ao desenvolvimento mental e espiritual das unidades de vida. Para a evolução do ego e futuro despertar da consciência é necessária outra visão que não esteja nublada ou cortinada pela crítica fria e calculista do intelecto. Tecnicamente, o intelecto não faz parte do propósito “evolução da alma”, pois representa um instrumento externo que busca estabelecer ou interpretar analogias com símbolos e conceituações, daquilo que o ego-personalidade, obstruído pelos véus da matéria, não consegue ainda entender nem perceber por intuições, visões e revelações internas. O intelecto soma informações exteriores, as tabula e setoriza num processamento que inclui variados temas e níveis, semelhantes aos processadores software.

  Os Avatares, tendo plantado as sementes que depois resultariam em modelos de religiões, seguem aquele cronograma planetário, estabelecendo em organogramas temporais os percursos por onde os grupamentos raciais e povos mundiais ali avançarão até o objetivo traçado e calculado. Esse objetivo normalmente é longo até a sua linha de chegada como foi, por exemplo, com a religião do fogo, iniciada na Pérsia por Zaratustra, e como vem sendo com o budismo e o cristianismo. O tempo é justamente o mestre por detrás das cortinas que observa seus alunos em suas práticas religiosas, em seus aviltamentos das escrituras e doutrinas e nas deturpações que sempre acontecem e que desviam muitos milhões da trilha previamente traçada, balizada com seus sinais corretamente postados nas margens esquerda e direita.

  As religiões tendo sido calcadas sobre o conhecimento oculto das leis naturais em suas ações sobre as vidas encarnadas, sempre detiveram os índices de estarem em maior escala nas grandes massas populacionais mais impressionáveis e pouco trabalhadas num sentido mais interior ou esotérico. Daí as oposições entre as polaridades positivo-negativo serem normalmente interpretadas em todos os acontecimentos e seus significados em bem e mal.

  Relacionados a Buda e Cristo, nesse criticismo, podemos também aduzir, dentre outros fatos, os aspectos das polaridades trabalhadas por esses dois Avatares, Buda e Jesus, reveladores dos elementos primordiais de suas religiões que depois serviriam aos homens comuns para a elaboração e expansão do budismo e cristianismo, respectivamente. Em ambas as religiões, houve sempre, basicamente, três níveis de entendimento das verdades estampadas nas pregações originais, quais sejam: o nível das massas, o nível dos mais adiantados nos estudos e práticas e o nível dos iniciados nos diversos segmentos esotéricos.

 Interessante notar sempre que as consistentes mudanças no pensamento da humanidade vêm inauguradas por grandes mentores cuja sabedoria é impossível mensurar. É plausível Buda ter surgido na Era de Touro, sendo provável ter nascido em Virgem, pois Buda era também conhecido por Nebo, significando Mercúrio. Duas de suas grandes encarnações anteriores estiveram ligadas a Mercúrio, pois foi Hermes no Egito e Orpheu na Grécia. Mercúrio é um planeta de dupla polaridade (vide as duas hastes do Caduceu) e na astrologia tradicional rege tanto Virgem, um signo do elemento Terra, como Gêmeos do elemento ar. Como também Jesus, que seguramente não nasceu nem em Capricórnio nem em Peixes, mas tal como Buda, em Virgem, sendo chamado de Nabu Meschiha significando o Messias-Mercúrio. Virgem é o signo que estimula a cruzar os obscuros umbrais das provas destemidas e vem colocar o candidato diante dos portais das iniciações.

  Da Era de Touro para Peixes, passando por Áries, os elementos devocionais implicados na filosofia mentalista de Buda foram trabalhados como uma necessidade onde os percalços precisariam ser admitidos sob Maia ou a Ilusão, a fim de que a conquista final do Homem Total se desse sob á égide da persistência intransigente e do subjetivismo que anulariam para sempre Maia. Buda subiu galgando mentalmente o caminho do meio – o Antakarana – a fim de alcançar o ponto zero de atração da Terra para poder conhecer o Eu Real. Precisou primeiro conhecer-se interiormente, assumir a sabedoria intuitiva e a bem-aventurança do Nirvana para poder descer e ensinar.

 Já Jesus, conheceu primeiro o mundo, entregou-se ao Pai, alojou a atividade salvadora para os homens terrenos, exemplificado no simbolismo do pé, do peixe e dos pescadores, e caminhou nesse mesmo mundo para a atividade sintetizadora da Alma e dessa para o sacrifício da crucificação e morte simbólica. Jesus não morreu fisicamente na cruz, antes simbolizou o sacrifício e subjugação definitiva do ego-personalidade em holocausto da missão reveladora. Nessa mesma encarnação processou a dissolução de sua própria Alma, a quarta grande iniciação para a qual já vinha obrando, que se consumaria no episódio da crucificação, e em seguida obteve na própria cruz a abertura da segunda de suas iniciações maiores numa mesma encarnação – a quinta naquele momento, e que mais tarde a consumaria definitivamente.

 Assim tivemos Buda a ensinar a ligação da Alma com Atma – o Nirvana redentor e purificador – através da meditação pela trilha do caminho do meio, no cumprimento das oito regras e no entendimento das quatro nobres verdades. Buda comprovaria em si mesmo como a personalidade, pela meditação e desapegos, se desligaria da polaridade negativa terrena, anulando-a e configurando os aspectos psicológicos superiores pelo Antakarana em direção da Alma Superior ou Atma.

 Como a afinidade com a ciência da meditação estivesse bem desenvolvida nos povos asiáticos antes do Sakyamuni encarnar-se com a missão de um Buda Salvador, Buda chegou ao objetivo desejado pelo método mental da anulação da polaridade negativa para uma realização totalmente positiva no Nirvana e por esse mesmo método estabeleceu a maior parte de sua pregação.

 Inversamente a Buda, Jesus trabalharia noutro sentido com nobres princípios. Sua metodologia versava no mergulho cada vez maior da personalidade no mundo ou polo negativo para o permanente trabalho cooperativo com a humanidade, mas ao respaldo dos ensinamentos do Cristo nele próprio – Jesus – a fim de que o Superior ou Ego-Alma operando vibratoriamente com o inferior, ou ego-personalidade, estimulasse – através da santa devoção, das preces, das obras assistenciais, do amor-inteligente e da entrega absoluta – em como chegar à remissão do ego-personalidade. A salvação viria da Alma para a Terra, pelos caminhos retos a serem trilhados pela personalidade purificada ou em procedimentos de purificação. E pela constante devoção às etapas desse trabalho os seguidores viriam gerar momentos de sucessivas sublimações dos desejos terrenos para o reino do outro mundo.

 Ao iniciar sua missão, Jesus visava bem mais a natureza psicológica das populações do Médio Oriente e pouco mais tarde, cumprindo seu traçado prévio, o movimento avançaria para a diversidade do Ocidente.

 Estes, entendemos, foram os princípios básicos, trabalhados diferentemente em dupla polaridade no budismo e cristianismo.

 Os modelos religiosos populares, tanto búdicos como cristãos, foram e são ainda degraus para o entendimento e práticas mais aprofundadas. Já os budistas esotéricos bem mais exercitam e desenvolvem seus poderes internos no silêncio e ao retiro de longas etapas de meditações. Em segundo plano, tanto para o iniciado esotérico como para o seguidor religioso, é-lhes requerido amar incondicionalmente a humanidade. A estratégia de Buda, claro está, não significou que todos pudessem alcançar de uma só vez o objetivo final por Ele apregoado. Essa mesma chegada em diversas etapas ao objetivo colimado, aconteceu também noutra Era Maior – a de Peixes – com o cristianismo, onde as novas energias astrológicas dessa era, com diferentes visões e com outros valores motivadores, proporiam a salvação de cada alma humana pelo trabalho ininterrupto do despertar do Cristo Interno nos seus primeiros níveis.

  Nunca é demais ressaltar que Jesus e Buda, profundos conhecedores da índole e psicologia dos povos, deixassem de antecipar que suas presenças nos seus ensinamentos não viessem a ser desfiguradas e tergiversadas pelas gerações futuras. Esses dois grandes Avatares, na realidade, não fundaram as religiões. Eles plantaram novas sementes com seus métodos a níveis distintos para a salvação dos seres humanos engolfados na matéria aprisionante, mas, verdadeiramente, não implantaram as religiões.

  O budismo e o cristianismo viriam edificar um arcabouço mais ou menos heterogêneo sobre o que permanecera das pregações originais de seus divinos mentores tempos depois de suas partidas. Para que as trevas encarnadas na alma humana não lançassem anátemas malditos sobre os ensinamentos dos núcleos e organizações que se formavam, que viessem destruir a essência das verdades estabelecidas, é natural entendermos que tanto Buda quanto Jesus teriam descido novamente com outras vestiduras, usando de projeções etéricas, e não físicas propriamente, envoltos pela sabedoria missionária com que houveram anteriormente se transportado para a Terra, a fim de assistir os povos nas ações e expandimentos de seus métodos e praticas verdadeiras. Também viriam encarnar-se de tempos em tempos mensageiros luminosos e abalisados, a fim de trazer outros esclarecimentos aos seguidores de Buda ou de Jesus. 

  Teria de ser desse modo, pois obras de um teor mundial como essas duas religiões precisariam decisivamente ser compartilhadas pelas mãos, mentes e almas das vidas auxiliadas – e nada mais natural e lógico que isso acontecesse – porém, os enganos, desvios e crimes revelados pelos seres humanos nunca são descartados nesses caminhos. 

 Pois é fato que entre uma e outra metodologia religiosa, o aspecto consciência de enorme massa humana, a despeito de todas as vicissitudes e obstáculos de suas respectivas eras, obteve evidentes impulsos de Buda para Jesus e de Jesus para a Era de Aquário, redimensionando mais claramente visões internas sobre um nebuloso e tumultuado passado de magias, perseguições, ilusões e adorações insensatas, que agora – as novas visões – se por um lado, prometiam vias difíceis e mais estreitas de fugas da roda incessante dos renascimentos dolorosos, por outro lado, abririam veredas que levariam à finalmente escapar-se desse longo caminho da Quarta Ronda planetária.

  Essas promessas, que não foram logo auferidas in totum pelos ardentes seguidores daqueles ciclos, não poderiam mesmo representar, necessariamente, que todos chegariam numa só vida ao Nirvana e nem, numa só vida, unir-se-iam em completa e final bem-aventurança com o Pai Eterno. Mas que estariam a conduzir-se, em primeiro lugar, para a salvação de suas próprias almas das corrupções do mundo e em seguida para o desatamento de milenares e profundos laços cármicos. A reencarnação no budismo sempre foi um paradigma bem aceito pelos orientais, enquanto que no cristianismo, posteriormente ao gnosticismo esotérico ensinado por Jesus aos seus muitos discípulos, essa noção foi ocultada pelo sacerdócio corrompido.

 E embora Jesus seja do Segundo Raio veio ao mundo físico para trabalhar universalmente com o Sexto Raio, mas sua afinidade com Cristo se dá com o Segundo Raio, que é o mesmo Raio de Buda, e de todos os Bodhisattvas.

                                                                 Rayom Ra

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