"Não existindo ainda
o menor respeito pela obra e vida missionária de Francisco Cândido Xavier, por
parte de espíritos congelados no ceticismo, viciados na crítica cega e
atormentados por seus íntimos e irresolvíveis dramas, que, diariamente, com
avassalador ódio, torpedeiam gratuitamente a memória de Chico, abusando das palavras
– suas únicas e limitadas armas – resolvo reeditar um artigo singelo sobre essa
insigne alma de estatura imensa no plano das realizações espirituais, que pelos
belos e sacrificantes exemplos erigiu indeléveis marcos nas difíceis trilhas por onde
palmilhou"
Lendo o artigo
“Chico Xavier Charlatão”, em “Textos para Reflexão”, do meu amigo Raphael
Arrais, lembrei-me de um texto de pessoa amiga que viveu uma experiência diante
do Chico, que nos serve para termos uma dimensão da figura do conhecido médium,
e que resolvi reproduzi-lo:
“Fora convidado por Jorge, cardecista dos mais entusiastas, a ir ver o Chico Xavier num clube de um subúrbio do Rio de Janeiro. Era sábado, Jorge soubera que ele recepcionaria as pessoas que o procurassem, assim fomos.
“Fora convidado por Jorge, cardecista dos mais entusiastas, a ir ver o Chico Xavier num clube de um subúrbio do Rio de Janeiro. Era sábado, Jorge soubera que ele recepcionaria as pessoas que o procurassem, assim fomos.
Em lá chegando a
fila era imensa, mas aguardávamos, não tinha outro jeito. Ao cabo de algum
tempo alcançamos o portão que distava ainda alguns metros da porta que dava
acesso as dependências internas do clube onde Chico estaria. Houve confusão na
porta e Jorge reconheceu o amigo que o informara sobre a visita do Chico, e
coordenava a entrada das visitas. As pessoas ansiosas reclamavam de muitas
coisas e o rapaz ficara nervoso. Falei então ao ouvido de Jorge que precisávamos
nos concentrar e enviar energia para seu amigo. Ensinei-o rapidamente como
fazer uso de uma técnica de sintonia com correntes esotéricas e assim juntos
nos concentramos. Quase de imediato o tumulto cessou, Jorge olhou-me
enigmaticamente, e o rapaz o vislumbrou chamando-o.
Atravessamos o
pequeno pátio e nos chegamos. Fomos apresentados e após algumas palavras ele
disse aos nossos ouvidos para perguntar-lhe se podíamos ir ao banheiro. Assim
fizemos, e ele abriu a porta para nos mostrar onde seria o banheiro, fazendo
sinal pelo lado de dentro para que seguíssemos na direção onde Chico se
encontrava. Pensei comigo: quem tem padrinho não morre pagão, mas esperaria por
minha vez, entretanto não recusei aquela carona.
Entramos. Lá estava
Chico no fundo de um salão, diante de pequena mesa onde recebia uma a uma as
pessoas que dele se aproximavam, apertando-lhes as mãos e dizendo-lhes qualquer
coisa com o carinho que o distinguia. Há alguns metros de Chico se achava
Divaldo Franco que antes recebia as pessoas que haviam adquirido seu recente
livro, carimbava seu nome na primeira página e assinava seu autógrafo. Jorge e
eu estávamos a mais ou menos oito metros de Chico e uma aura de suave energia
tomava todo o ambiente. Incrível, pensei eu, como se estendia até aqui a
energia vinda do Chico. Além dessa aura energética pairava no ar um suave
perfume que jamais houvera antes sentido.
Jorge mandou que eu
fosse à frente e caminhei em direção do Divaldo uma vez que tinha comprado o
livro. Com aparente indiferença, diante de mesa semelhante a do Chico, falando
qualquer coisa com alguém ao lado, ele mecanicamente carimbou, assinou e sem ao
menos olhar-me devolveu-me o livro dizendo qualquer coisa como Deus o abençoe.
Tudo bem, consideremos que ficar ali horas carimbando e recebendo pessoas
estranhas deve mesmo ser qualquer coisa interminável, e se nada senti diante
desse outro médium pouco me importei, o alvo era o Chico e lá fui a sua
direção. Na medida em que me aproximava, mais a energia me tomava e sentia-me
leve... e feliz!
Parei diante
daquela figura tão querida e respeitada pelo mundo espírita, e mesmo não sendo
seguidor do cardecismo fui tomado de emoção. Estava diante de um gigante, o
maior pilar moderno de toda a doutrina espírita, aquele que para ouvi-lo ou
simplesmente vê-lo, pessoas viajavam muitos quilômetros, muitas horas ou dias,
vindas até de outros países. Ele representava a esperança de tantas vidas, o
consolo a quem ansiosamente perdera parentes, pois estariam diante de um
mensageiro de Deus. Sim, foi o que pensei naquele momento. Ele elevou o olhar e
pousou-o no meu rosto. Nova emoção, Chico contemplava-me! Não, não era o Chico,
era alguém mais, era Emmanuel, era André Luiz, eram tantos outros que deixavam
suas ocupações para simplesmente olhar-me, a mim pobre mortal, alguém somente
estudioso das ciências ocultas, sem nada de especial para dar ao próximo, ao
contrário deles arautos de tantas lições ao mundo de soberba sabedoria!
Alheio àqueles
pensamentos, ele com suavidade estendeu suas mãos e aconchegou a minha. As suas
pareciam seda, eram mornas, e lembrei que Jorge me houvera dito que as mãos de
Chico pareciam não possuir ossos. Para mim eram feitas de seda e ele
abençoou-me em nome de nossa Mãe Divina. Então dobrou a cerviz com sua peculiar
delicadeza e beijou minha mão.
Desabei. Desejei
que se abrisse uma cratera sob meus pés e nela afundasse. Se o Chico soubesse
como aquele beijo naquele momento me fizera mal certamente não me teria
beijado. Nada deixando transparecer e ainda alheio à minha luta íntima, Chico
despediu-me com novas e carinhosas palavras, aguardando por um novo admirador.
Sequer olhei para traz a fim de localizar Jorge, torcendo para que ele não
tivesse visto o que Chico não deveria me ter feito. Não me importava a quantos ele
igualmente houvesse presenteado com seu humilde e sincero beijo. Mas eu não o
merecera! Hoje já penso diferente e aquele ato serve-me de recordação de um
homem fantástico que andou por nossas terras e a quem todos os espíritas tanto
devem!
Contado por seu
amigo, soubera dia seguinte por Jorge, que por conta de um homem que dele se
aproximara Chico houvera deixado a esperar por quase duas horas a uma equipe de
televisão que pretendia entrevistá-lo. O homem era um desatinado, desejava
suicidar-se, e Chico dedicara todo esse tempo a convencê-lo a não cometer esse
ato, sem ao menos se importar com a reportagem!”
[ Publicado em 04 de maio de 2009 ]
Rayom Ra
[ Publicado em 04 de maio de 2009 ]
Rayom Ra
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