quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Lições de Ocultismo (IV) - Djwal Kuhl



                                                SALVAÇÃO DA MORTE – [B]             

     Há uma grande diferença entre o método científico de trazer as pessoas à encarnação e a maneira perfeitamente cega, e, muitas vezes, atemorizada e certamente ignorante, pela qual nós as expelimos da encarnação. Eu procuro hoje abrir a porta do Ocidente a um método mais novo e mais científico de manipular o processo de morrer, e procurarei ser perfeitamente claro.

     O que tenho a dizer não despreza, de nenhum modo, a moderna ciência médica com seus paliativos e competência. Tudo que defendo é uma sã aproximação à morte; tudo o que procuro fazer é uma sugestão que, quando a dor tenha passado e sobrevindo a fraqueza, a pessoa que está morrendo tenha permissão para se preparar, mesmo se aparentemente inconsciente, para a grande transição. Não esqueçam de que é preciso força e forte sustentação no equipamento nervoso para produzir dor.

     Será impossível conceber-se um tempo em que o ato de morrer seja um triunfante final da vida? Será impossível visualizar o tempo em que as horas gastas no leito de morte possam ser apenas um glorioso prelúdio para uma saída consciente? Quanto ao fato de o homem dever livrar-se da desvantagem do invólucro físico, possa ser para si e para os que o cercam a alegre e por muito tempo esperada consumação? Não poderão vocês visualizar o tempo em que, em vez de lágrimas e medo, e a recusa de aceitar o inevitável, a pessoa que está por morrer e seus amigos combinassem mutuamente a hora e que nada, a não ser a felicidade, caracterizasse a passagem? Que nas mentes daqueles deixados para trás o pensamento da tristeza não entre e que os leitos mortuários venham a ser considerados como ocasiões mais felizes do que os nascimentos e casamentos? Digo-lhes, que antes que se passe muito tempo isto se tornará assim para os inteligentes da raça, e, pouco a pouco, para os demais.

     Vocês dizem que por enquanto somente há crenças relativas à imortalidade e nenhuma evidência segura. No acúmulo do testemunho, nas certezas internas do coração humano, no fato da crença, na persistência eterna como uma ideia nas mentes dos homens, existe segura indicação. Mas a indicação dará lugar à convicção e ao conhecimento antes que outro século se tenha passado, pois um acontecimento ocorrerá e uma revelação será dada à raça que transformará a esperança e a crença em conhecimento. No meio tempo, que uma nova atitude ante a morte seja cultivada, e uma nova ciência da morte seja inaugurada. Que ela deixe de ser a única coisa que nós não podemos controlar e que, inevitavelmente, nos derrotará, e comecemos a controlar nossas passagens para o outro lado e a compreender algo da técnica da transição.

     Antes que eu me aprofunde em maiores detalhes neste assunto, gostaria de fazer referência à “trama do cérebro”, que está intacta na maioria, mas é não existente para o vidente iluminado.

     No corpo humano, como sabem, temos um corpo vital subjacente, interpenetrante, que é a contraparte do físico, sendo maior que o físico e ao qual chamamos o corpo duplo ou duplo etérico. É um corpo de energia composto de centros de força e nadis ou condutores de força. Estes são subjacentes ou a contraparte do sistema nervoso – os nervos e os gânglios nervosos. Em dois lugares no corpo vital humano há orifícios de saída para a força da vida. Uma abertura está no plexo solar e a outra está no cérebro, no vértice da cabeça. Protegendo ambas está uma trama de matéria etérica, densamente tecida, composta de fios entrelaçados de energia vital.

     Durante o processo da morte, a pressão da energia vital, chocando-se contra a trama, produz finalmente uma perfuração ou abertura. Por esta, a força vital se derrama à medida que a potência da influência abstrativa da alma aumenta. No caso dos animais, das crianças, e de homens e mulheres que estejam inteiramente polarizados nos corpos físico e astral, a porta de saída é o plexo solar e é aquela trama que é perfurada, assim permitindo a saída. No caso dos tipos mentais, das unidades humanas mais evoluídas, é a trama no alto da cabeça na região da fontanela que é rompida, assim novamente permitindo a saída do ser racional pensante.

     Nos psíquicos, e no caso dos médiuns e videntes inferiores – pessoas clarividentes e clariaudientes – a trama do plexo solar é permanentemente rompida desde cedo na vida e facilmente, por isso, elas entram e saem do corpo, enquanto em transe, como se chama, funcionando no plano astral. Mas para estes tipos não há continuidade de consciência e não parece haver relação entre a sua existência no plano físico e os acontecimentos que eles relatam enquanto no transe, dos quais eles habitualmente permanecem totalmente inconscientes no estado vigil. Toda a performance está abaixo do diafragma e se relaciona primariamente com a vida sensorial animal. No caso da clarividência consciente e no trabalho dos psíquicos e videntes superiores não há transe, obsessão ou mediunidade. É a trama no cérebro que é perfurada, e a abertura naquela região permite o influxo da luz, da informação e da inspiração; ela confere também o poder de passar ao estado de Samadhi, que é a correspondência espiritual para a condição de transe da natureza animal.

     No processo da morte, estas são, portanto, as duas principais saídas: o plexo solar para o ser humano polarizado astralmente e focalizado no plano físico, por conseguinte, da vasta maioria, e o centro da cabeça para o ser humano polarizado mentalmente e orientado espiritualmente. Este é o primeiro e mais importante fato a se ter presente, e ver-se-á facilmente como a inclinação de uma tendência da vida e o foco da atenção da vida, determinam o modo de saída na morte. Pode-se também ver que um esforço para controlar a vida astral e a natureza emocional e para se orientar para o mundo mental e para as coisas espirituais, tem um importante efeito nos aspectos fenomênicos do processo da morte.

     Se o estudante estiver pensando claramente, tornar-se-lhe-á aparente que uma saída diz respeito ao homem espiritual e altamente evoluído, ao passo que a outra diz respeito ao ser humano de grau inferior que mal avançou para além do estágio animal. Que então do homem comum? Uma terceira saída está agora em uso temporário; bem abaixo da ponta do coração se encontra outra trama etérica cobrindo um orifício de saída. Temos, por conseguinte, a seguinte situação:

   1. A saída na cabeça, usada pelo homem do tipo intelectual, pelos discípulos e iniciados do mundo.

   2. A saída do coração, usada pelo homem (ou mulher) bondoso, bem intencionado, que é um bom cidadão, um amigo inteligente e um trabalhador filantropo.

   3. A saída na região do plexo solar, usada pelo homem emocional, não inteligente, que não pensa, e por aqueles cuja natureza animal é forte.

     Este é o primeiro ponto da nova informação que lentamente se tornará conhecimento comum no Ocidente durante o próximo século (Séc. XXI). Muito dele já é conhecido pelos pensadores do Oriente e está na natureza de um primeiro passo na direção de uma compreensão racional do processo da morte.

     O segundo ponto a ser alcançado é que pode haver uma técnica de morrer e um treino dado durante a vida que conduzirá à utilização daquela técnica.

     No que se refere ao treino ao qual um homem pode submeter-se, darei algumas deixas que conduzirão a um novo significado a muito da obra que está sendo agora realizada por todos os aspirantes. Os Irmãos Mais Velhos da raça que guiaram a humanidade através de longos séculos estão agora ocupados preparando pessoas para o próximo grande passo a ser dado. Este passo trará uma continuidade de consciência que afastará todo temor da morte e ligará os planos físico e astral em tal íntima relação que na realidade constituirão um só plano. Assim como uma unidade tem que ser alcançada entre os vários aspectos do homem, também uma similar unificação tem que ter lugar na conexão com os vários aspectos da vida planetária. Os planos têm que ser sintonizados da mesma forma que a alma e o corpo. Isto já foi em grande parte realizado entre o plano etérico e o plano físico denso. Agora está sendo levado rapidamente à frente entre o físico e o astral.

     No trabalho que está sendo feito pelos pesquisadores em todos os departamentos do pensamento e da vida humana, esta unificação se está processando, e no treino agora sugerido aos aspirantes sérios e sinceros, há outros objetivos além de simplesmente produzir o alinhamento da alma e do corpo. Todavia, não é posto ênfase neles, devido à tendência do homem de enfatizar indevidamente os objetivos errados. Poder-se-ia indagar se seria possível dar um simples conjunto de regras que pudessem ser seguidas agora por todos os que procuram estabelecer tal ritmo, que a própria vida não fosse somente organizada e construtiva, mas quando o momento de abandonar invólucro externo chegasse, que não houvesse nenhum problema ou dificuldade. Dar-lhes-ei, portanto, quatro regras simples que se ligam com muito do que todos os estudantes estão fazendo agora:

   1. Aprendam a se manter focalizados na cabeça através da visualização e meditação, e através da firme prática da concentração; desenvolvam a capacidade de viver crescentemente como o rei sentado no trono entre as sobrancelhas. Esta é uma regra que pode ser aplicada aos assuntos da vida cotidiana.

   2. Aprendam a prestar um serviço do coração e não uma insistência emocional na atividade dirigida à manipulação dos assuntos alheios. Isto envolve, anteriormente, a tal atividade, a resposta a duas perguntas; Estarei prestando este serviço a um indivíduo como um indivíduo, ou o estarei prestando como um membro de um grupo para um grupo? Será meu motivo um impulso egóico, ou estarei sendo conduzido pela emoção, pela ambição de brilhar e pelo amor a ser amado ou admirado? Estas duas atividades resultarão na focalização das energias vitais acima do diafragma e assim negarão o poder atrativo do plexo solar. Daí, aquele centro se tornará crescentemente inativo e não haverá tanto perigo em perfurar a trama naquela localização.

   3. Aprendam, ao irem dormir, a retirar a consciência para a cabeça. Isto deveria ser praticado como um exercício definido ao adormecerem. Não se deveria permitir ser arrastado ao sono, mas tentar preservar a consciência intacta até que haja uma passagem consciente para o plano astral. O relaxamento, a cuidadosa atenção e uma direção firme para o alto, para o centro da cabeça, devem ser tentados, pois até que o aspirante tenha aprendido a ficar firmemente consciente de todos os processos em marcha ao adormecer e a preservar ao mesmo tempo sua positividade, há perigo neste trabalho. Os primeiros passos devem ser dados com inteligência e repetidos por muitos anos, até que a facilidade no trabalho da abstração seja realizada.

   4. Registrem e observem todos os fenômenos relacionados com o processo da retirada, quer sejam seguidos no trabalho da meditação, quer ao adormecer. Ver-se-á, por exemplo, que muitas pessoas despertam com um começo quase doloroso, assim como caíram adormecidos. Isto é devido ao fato de saírem de consciência através de uma trama que não esteja adequadamente clara, através de um orifício parcialmente fechado. Outros podem ouvir um ruído bastante alto na região da cabeça. Isto é causado pelos ares vitais na cabeça, dos quais não estamos habitualmente conscientes, produzido por uma sensibilidade interna da aura, que cria a consciência dos sons sempre presentes, mas não habitualmente registrados. Outros verão luz ao adormecerem, ou nuvens coloridas, ou bandeiras e faixas na cor violeta, todos os quais sendo fenômenos etéricos. Esses fenômenos, que não são de real importância, estão relacionados com o corpo vital, com emanações prânicas e com a trama de luz.

     O desempenho desta prática e o acompanhamento destas quatro regras por um período de anos farão muito bem para facilitar a técnica do leito de morte, pois o homem que terá aprendido manipular seu corpo ao adormecer, terá uma vantagem sobre o homem que nunca tenha prestado qualquer atenção ao processo.

     Com relação à técnica de morrer, somente me é possível por agora fazer uma ou duas sugestões. Não lido aqui com atitudes dos observadores em expectativa, lido somente com aqueles pontos que tornarão mais fácil a passagem da alma que parte.

     Que se faça silêncio no aposento. Este é frequentemente o caso, naturalmente. Deve-se lembrar de que a pessoa que está morrendo pode estar habitualmente inconsciente. Esta inconsciência é aparente, mas não real. Em novecentos casos dentre mil a consciência cerebral está ali, com plena consciência dos acontecimentos, mas há completa paralisia da vontade para expressar, e completa incapacidade para gerar a energia que indicará vitalidade. Quando o silêncio e a compreensão reinarem no aposento do doente, a alma que parte pode apossar-se de seu instrumento com clareza até o último minuto e pode fazer a preparação devida.

     Mais tarde, quando mais se conhecer a respeito da cor, somente as luzes alaranjadas serão permitidas no aposento do doente que está por morrer, e estas somente serão instaladas com a devida cerimônia quando não houver, com certeza, nenhuma possibilidade de recuperação. A cor laranja ajuda a focar na cabeça, assim como o vermelho estimula o plexo solar e o verde tem efeito definido sobre o coração e as correntes de vida.

     Certos tipos de música serão usados quando muito mais a respeito do som for compreendido, mas não há nenhuma música por enquanto que facilite o trabalho da alma em abstrair-se do corpo, embora certas notas no órgão serão suficientes. No exato momento da morte, se soar a própria nota da pessoa, ela coordenará as duas correntes de energia e finalmente romperá o fio da vida, mas o conhecimento disto é muito perigoso para transmitir por enquanto e somente mais tarde poderá ser dado. Eu indicaria o futuro e as linhas segundo as quais o estudo oculto futuro correrá. (*)

     (*) Mais uma vez se demonstra a orientação segura e definida do movimento Nova Era rumo aos destinos mais conscientes da humanidade. O livro que tenho em mão registra como data de sua publicação o ano de 1951. Logicamente sua preparação recua em mais anos. Mestre D.K. fala-nos de luzes e sons. Porém, na época em que o livro foi escrito, estes itens não existiam na forma tecnológica aprofundada e de tão fácil manuseio como hoje experimentamos. 

     E embora os desenlaces definitivos das almas não sejam mais comumente nos leitos dos próprios lares como tradicionalmente acontecia, pois com a criação de unidades de emergências em clínicas e hospitais, os pacientes lá ficam internados, e lá muitas vezes vêm a morrer, também, em ocasiões, quando nada mais é possível a medicina realizar, e os doentes tenham condições financeiras para arcar com as despesas – mesmo dos planos de saúde - eles são conduzidos aos quartos particulares onde aguardam pela morte. Nestes casos, será possível aos familiares e amigos organizar o pequeno rito para o desenlace.

     O que, também, nos chama a atenção, respeita ao fato de que atualmente as músicas eletrônicas especialmente elaboradas têm alcançado excelentes qualidades para as diversas finalidades esotéricas, ou mesmo religiosas. E trazem sons maravilhosos que os instrumentos tradicionais não conseguem produzir nem alcançar, tornando assim a meditação, a concentração, a harmonização, as terapias, os exercícios corporais e a sintonia com determinadas notas bem mais fáceis e possíveis. Com isto, na hipótese acima bastante viável - pois eu mesmo já participei de algo para um paciente, no resguardo de quarto hospitalar – é até possível a nota pessoal do doente em vias de desencarnar ser ouvida pelo próprio órgão de audição física. Vemos, assim, essas e outras linhas de visão futura que foram reveladas há algumas décadas, a se concretizarem no presente”. (Rayom Ra)

     Constatar-se-á, também, que a pressão sobre certos centros nervosos e sobre certas artérias, facilitará o trabalho (Esta ciência do morrer é mantida sob custódia, como muitos estudantes sabem, no Tibet). A pressão sobre a veia jugular e sobre certos grandes nervos na região da cabeça e sobre um particular ponto na medula oblongata mostrar-se-á útil e eficiente. Uma definida ciência da morte será inevitavelmente elaborada mais tarde, mas somente quando o fato da alma for reconhecido, e sua relação com o corpo tiver sido cientificamente demonstrada.

     Frases mântricas serão também empregadas e claramente elaboradas na consciência da pessoa agonizante por aqueles em torno dela, ou empregadas deliberada e mentalmente pela própria pessoa. Cristo demonstrou seu uso quando exclamou alto: “Pai, em Tuas mãos entrego meu espírito”. E temos outro exemplo nas palavras: “Senhor, agora deixa Teu Servo em paz”.

     O firme uso da Palavra Sagrada entoada a meia-voz num tom especial (ao qual o agonizante responderá, como se verificará), poderá mais tarde constituir também uma parte do ritual de transição acompanhado pelo ungir com óleo, tal como preservado na Igreja Católica. A extrema unção tem uma base científica oculta. O alto da cabeça do homem que morre também deveria ser colocado simbolicamente na direção do Oriente e os pés e mãos deveriam estar cruzados. Somente o sândalo deveria ser queimado na sala e nenhum incenso de nenhuma outra espécie permitido, pois o sândalo é o incenso do Primeiro Raio, ou destruidor, e a alma está no processo de destruir sua habitação.

     Isto é tudo o que posso comunicar no momento sobre o tema da morte para apreciação do público em geral. Mas conjuro todos vocês a levarem o estudo da morte e de sua técnica tão longe quanto possível e a prosseguirem na investigação oculta deste assunto.

                                                [Um tratado Sobre Magia Branca]

Rayom Ra

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