Quem sois,
A desejar viajar ao mundo
e sofrer por nós,
Neste planeta cheio de generais,
De falsos heróis a pseudo santos,
De pregadores políticos
a roqueiros sem lar,
Mensageiros de todas as espécies,
De profetas eletrônicos,
A tantos milhares de Barrabás?
Dizei-me, dizei-me ..., se sois capaz!
Com pés no chão
e olhos presos no horizonte,
Sem a mente ilusionada
por diversas vacilações,
Nem códigos, credos e sutras,
Lidos, relidos, sortidos,
Quantos dizeres terrenos,
ó nosso Pai,
Amalgamados às nostalgias do tempo,
Que não
vos ecoem mais?
Dizei-me, dizei-me ..., se sois capaz!
Eu vos imploro,
do fundo de vosso coração,
Onde a mágoa escondida,
Mexe e remexe, sempre viva,
Pulsa, machuca, sangra e drena
Exatamente como antes,
Queimando-vos,
em brasas alquímicas,
E não vos deixa jamais?
Dizei-me, dizei-me ..., se sois capaz!
De adentrar livremente
um caminho interno,
Até agora por ninguém,
exatamente trilhado,
Como o Único e Primeiro fez,
A Quem tudo deveis,
E decidistes segui-Lo sem prantos,
Que por Ele um dia morrestes,
E morrestes muitos dias mais?
Dizei-me, dizei-me ..., se sois capaz!
Para essa viagem transcendente,
Ao caminho,
que ainda não palmilhastes,
Sem bagagens temporais,
Não vos incomodem
as conquistas passadas,
As glórias, amores, os risos e flores,
Que à margem,
sem resquícios deitastes,
Com todas as magias ancestrais?
Dizei-me, dizei-me ..., se sois capaz!
De jurar ao vosso próprio coração,
Abjurar a todas as fantásticas quimeras,
E aspirar sem anseios a esta nova terra,
E findo o milagre da transmutação,
Nos cascalhos abrolhos a um canto deixar,
Vossas vestes surradas, suadas, sem cor,
Que nenhuma vos serve mais?
Dizei-me, dizei-me..., se sois capaz!
Que nada vos prenda aqui e agora,
Simples, desnudo, indiferente,
Qual doce criança ou noviço confiante,
Um novo universo, em vidas miríades,
E depois, nesta terra que agora sois vós,
Estareis às manhãs, às tardes, às noites,
Em
ofertas sinceras daquilo que traz?
Dizei-me, dizei-me ..., se sois capaz!
De morrer via crucis sem nada pedir,
Nem nada impedir o que a vós predestina,
Mágoas, rancores, perdidos ardores,
Lançados ao fogo da renovação,
E nas cinzas deixadas a história sereis,
Lágrimas róseas, douradas, azuis,
Crisálidas vivas em parto de paz?
Dizei-me, dizei-me ..., se inda sois capaz!
Por Rayom Ra
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