Encerra-se
o primeiro ciclo do movimento umbandista em solo brasileiro. Durante esse
período, ele angariou grande número de simpatizantes e fiéis. Se observardes,
não houve movimento filosófico e religioso no orbe terrícola que durante tão
curto espaço de tempo consolidasse tal número de seguidores, caracterizando
expressiva hoste. Constatai a sabedoria do Alto, da Fraternidade Branca, que
planejou essa movimentação, que previu o sincretismo como maneira de, no menor
período possível, arregimentar tantos simpatizantes, decorrência natural da
própria formação racial do nativo de vossa pátria, em estreita conformidade com
o carma da nação. O fato de não haver nenhuma codificação doutrinária foi
fundamental nesse ciclo inicial de consolidação da Umbanda, pois, caso
contrário, o movimento se estreitaria, tornando-se excludente e discricionário,
ficando restrito a uma minoria étnica e social.
Não
temos a pretensão, nestas singelas elucidações totalmente comprometidas com a
verdade, de impor caminhos às criaturas nem de causar qualquer mal-estar aos
mais ortodoxos em seus valores. Mas estamos comprometidos com o conhecimento
universalista e crístico que palpita no Cosmo e com a expansão de vossas
consciências neste início de Nova Era. É irreversível a unificação dos homens
em um único sentimento amoroso neste Terceiro Milênio. Todo conceito novo e
diferente de início desarranja a casa mental acomodada, qual tempestade de
verão em solo empoeirado que, quando finda, traz brisa refrescante e bem-estar.
Sem nos
tornar digressivos nestes escritos, ou assaz maçantes àqueles acostumados aos
raciocínios estreitos de uma única verdade, anestesiados que se encontram pela
mesmice dos pensamentos previsíveis gerados pela leitura dos suaves romances,
historietas novelescas e folhetins poéticos que hipnotizam a mente,
paralisando-a diante da realidade espiritual perene que vos cerca, é chegado o
momento de serdes mais “ousados” na proposta universalista e crística. É só
olhardes para o que está ocorrendo em vosso orbe, em constante ameaça de uma
Terceira Guerra Mundial, ação nefasta das sombras e de imprevisíveis
repercussões no equilíbrio planetário, neste grão de poeira “insignificante” no
Universo infinito, para sentirdes no âmago das vossas almas de crianças quanto
estais necessitados de mensagens com este teor, livres dos destrutivos
convencionalismos religiosos terrenos.
Lembrai-vos
de que os espíritos, no mais das vezes, não são espíritas, umbandistas,
muçulmanos, cristãos, católicos, esotéricos, maçons, ocultistas, hinduístas,
budistas, entre tantas outras denominações terrenas, na concepção limitada e
linear da maioria dos retidos no ciclo carnal. Sois consciências em evolução,
saudosos do Pai, tentando voltar ao seio da Divindade, à Perfeição Absoluta, Crística
e Amorosa, e quiçá uma parcela significativa seja de consciências com um mínimo
de Luz que já poderiam estar em paragens vibratórias mais sutilizadas, mas às
quais, por benevolência, os Maiorais sidéreos concederam a permissão para a
continuidade evolutiva e existencial, prestando auxílio caridoso a esta
humanidade terrícola tão carente de despertamento amoroso e do verdadeiro
sentimento crístico. Resgatai o conhecimento universalista milenar e antigo,
destituído de mistérios, como forma de libertação das consciências que estão
paralisadas, qual mofo persistente em porão escuro.
Um dos
mistérios antigos da existência está simbolizado no número três, que seria como
se fosse um pêndulo girando, ora da direita para a esquerda, ora da esquerda
para a direita, produzindo o equilíbrio e o movimento no Cosmo. É a Trindade
Divina: Vida, Verbo e Luz – Vita, Verbum e Lux -, que, na simbologia da
Cosmogênese, podeis considerar também como a trindade cristã: Pai, Filho e
Espírito Santo. O Pai é a Vida, o poder e a força que rege todas as Leis de
Causalidade no Infinito cósmico; é a vida em constante expansão, o movimento e
a vibração que nunca cessam no Universo. O Filho é o Verbo, a palavra que
sintetiza a forma, que estabelece os meios de manifestação da vida oriunda do
Pai. O Espírito Santo é a Luz, não sendo nem substância, nem inteligência, mas
o resultado da inteligência do Pai com a substância do Filho, sendo a Lei Maior
Divina que regula a manifestação da forma nas diversas latitudes do Cosmo. Esse
é o simbolismo do triângulo e da Cosmogênese Divina que já estiveram presentes
no orbe terrícola em toda a sua amplitude, com a antiga Aumbandhã.
A
significação dessa simbologia é que todas as formas de manifestação da vida são
provindas de um mesmo Pai, e um princípio espiritual é a Lei da Harmonia no
Cosmo, o Hálito de Deus onipresente e não encarnante, expressado como Orixás
Maiores, regulamentando a manifestação dos espíritos na forma através das
diversas densidades energéticas existentes no Cosmo. São os princípios
herméticos caracterizando a Magia Universal ou Aumbandhã, a Senhora da Luz,
agindo do microcosmo ao macrocosmo, da bactéria ao anjo, do protozoário ao
arcanjo, pela equanimidade das leis cósmicas em todas as faixas vibracionais do
Cosmo. A matéria-prima da Criação é a energia muito bem manipulada pelos
alquimistas, ou o fluido cósmico universal dos espiritualistas e espíritas
estudiosos. Essa magia dos orixás, movimento e vibração que rege a vida em
todas as formas de manifestação, é oriunda da Consciência Cósmica, a mente do
Pai, que Se sobrepõe a todos os demais espíritos, cocriadores, pois o Criador é
uno.
Há uma
magia universal que não contraria as Leis Naturais, atuando em todos os
recantos, agindo nas partículas subatômicas ou etéricas, sendo a manifestação
física como conheceis na matéria, a parte “visível” a vós das Leis Reguladoras
do Criador. Os orixás, vibrações provindas das leis reguladoras da vida,
estabelecem a compactação da energia cósmica e a mantém coesa nas sete faixas
vibratórias do Cosmo, para os espíritos em evolução se manifestarem na forma.
Tudo no Universo é vibração e energia, nas mais diversas formas de manifestação
do espírito. Vibrações são ondas, tendo comprimento e frequência que as
distinguem. Existem forças sutis que mantêm a harmonia cósmica em todos os
planos vibratórios. Os orixás são essas forças sutis que podemos definir
grosseiramente pela falta de correspondência no vocabulário terreno, como
Princípios Espirituais ou energias não-encarnantes, e que não se manifestam
mediunicamente. São agentes e veículos da magia universal, existentes nas sete
grandes faixas vibratórias do Cosmo. Ao contrário dos Elementais, que também
poderemos definir como veículos da magia, são receptivos somente aos
pensamentos para o bem, de maneira alguma estando associados ao mal, à
feitiçaria e à magia negra.
Esses
Princípios Espirituais e vibratórios do Cosmo, não-encarnantes, são denominados
na Umbanda de orixás Maiores ou Ancestrais. São conhecidos das civilizações
mais antigas de vosso orbe, desde a raça vermelha atlante, perdendo-se após os
cataclismos e migrações que houve, como abordado anteriormente, e estão na sua
maioria presentes nos alfabetos mais antigos. Não aprofundaremos os conceitos
no Esoterismo umbandista para não vos confundirdes. Para vosso entendimento,
poderemos dizer que esses Orixás dão sustentação à vida e ao equilíbrio
planetário, regulamentando as energias ou forças telúricas, ígneas, eólicas e
hídricas, presentes no Plano Astral em forma sutil e materializadas no plano
físico em relação com os quatro elementos que são a terra, o fogo, o ar e a
água. São em número de sete vibrações com frequências próprias: Oxalá, Yemanjá,
Yori, Xangô, Ogum, Oxossi e Yorimá. Oxalá representa o Incriado,
supervisionando as demais vibrações que interagem entre si e com o plano
material como conheceis. Yemanjá é o princípio feminino e está relacionado com
a água. Xangô é a ação na humanidade terrena e no mundo da forma física e Yori
seria a Divindade Se manifestando por meio da Lei do Carma. Ogum está
relacionado ao elemento fogo, as energias ígneas, sendo o mediador do fogo das
paixões humanas, e Oxossi está ligado ao elemento ar, às energias eólicas e à
natureza. A vibração de Yorimá – dos pretos velhos, a mais ativa de todas essas
forças na manipulação vibratória – está mais diretamente ligada ao elemento
terra e às energias telúricas. Na verdade, essas forças vibracionais se
intercruzam, interpenetrando-se, e não temos, no plano físico e no homem, só um
elemento que prepondere, e sim a presença dos quatro elementos da natureza.
Para
efeito de maior elucidação, em face das diferenças de nomenclatura das diversas
doutrinas espiritualistas e para ampliar o vosso entendimento, considerai que
existe uma correspondência vibratória das energias e suas formas de
manifestação por meio dos orixás em relação aos sete grandes campos ou planos
dimensionais: o Átmico com Oxalá, Yemanjá em referência ao Búdico, Yori ao
Mental Superior, Xangô está ligado ao Mental Inferior, Ogum está para o Plano Astral
e Oxossi e Yorimá estariam para o Etérico e o Físico, respectivamente.
O
movimento no Universo nunca cessa. Tudo oscila, propaga-se e vibra. Nada é como
era no milésimo de segundo anterior, embora o tempo, como o concebeis,
inexista. As afinidades atraem formas energéticas semelhantes. Há um princípio
que rege a harmonia no Cosmo, desde o inconcebível macrocosmo até o ainda
desconhecido e misterioso microcosmo humano. Os parâmetros que tendes para vos
situar no meio em que vos manifestais – a altura, o comprimento e a
profundidade – são reduzidos demais para que possais sentir as verdades que vos
cercam. Ampliai vosso entendimento por meio do conhecimento universalista, e
estejais receptivos a conceitos que não vos são simpáticos, mas que fazem sentido
quando submetidos à razão.
A
miscigenação étnica trouxe consequências culturais, sociais, filosóficas e
religiosas que vão resultar numa depuração da religiosidade de vossa pátria. A
Umbanda tem fundamento, e o ciclo que se inicia foi há muito esquematizado no
Espaço. A purificação dos seus aspectos ritualísticos e práticos resgatará sua
elevada significação cósmica e os antigos princípios esotéricos e filosóficos
em sua pureza doutrinária, contribuindo decisivamente com a unificação amorosa
no Terceiro Milênio. Existe uma espécie de convergência irreversível que levará
os homens a um outro estágio consciencial por sua Ancestralidade Divina,
unindo-os irreversivelmente sob a égide do Cristo planetário e das Altas
Fraternidades do Astral comprometidas com a ascensão crística e solidária da
humanidade.
FONTE: RAMATÍS - Samadhi, por Norberto Peixoto
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