Janmashtami é a data em que se comemora o
nascimento de Krishna, importante figura do Oriente que – como Jesus – é
contada por meio de mistérios e metáforas das escrituras e da mitologia. No
caso dele, indianas. A celebração acontece no 8º dia de lua minguante do mês de
Bhadon (que corresponde a agosto/setembro), variando de ano para ano. Este ano
aconteceu no dia 25 de agosto.
Krishna nasceu em uma prisão na cidade de
Mathura, onde os pais – Vasudeva e Devaki – eram mantidos em cárcere pelo
perverso irmão de Vasudeva, Kansa, que havia roubado o trono do pai. À época,
um decreto que determinava a morte de todos os recém-nascidos do sexo masculino
estava em voga, mas um episódio surpreendente narra a forma com que Vasudeva
conseguiu salvar seu filho do fatídico evento: assim que Devaki teve Krishna em
seus braços, miraculosamente, as portas trancadas da cela se abriram e os
guardas caíram ao chão, em profunda letargia, permitindo que a criança fosse
levada sem qualquer violência.
O destino escolhido pelo pai foi uma
localidade pastoril em Gokula, próximo a Brindaban, às margens do rio Yamuna.
Um casal bondoso o acolheu durante os seus primeiros anos: O pastor Nanda e sua
esposa Yasoda. Desde muito pequeno, Krishna já impressionava pela sabedoria
precoce e exibição de poderes “mágicos”. Era levado, como qualquer criança
saudável, e uma passagem especial de sua infância dá a dimensão de sua grandiosidade
espiritual.
Fazia parte da traquinagem do menino
surrupiar o queijo que as queijadeiras preparavam diariamente em sua
comunidade. Uma vez, no entanto, Krishna encheu a boca em excesso e Yasoda
temeu que ele sufocasse. Imediatamente, ela abriu a boca do garoto e – contam
as narrativas populares – que era terra o que comia. Yasoda, ao olhar para a
boca aberta, pôde contemplar todo o universo. Ela então se deu conta de que
aninhava em seus braços alguém muito especial.
Ainda jovem, Krishna retornou a Mathura e
libertou os pais da prisão ao derrotar Kansa. Depois de receber, no ashram
(eremitério) do sábio Sandipini, a educação formal, assumiu as
responsabilidades de um rei e envolveu-se em campanhas contra governantes
perversos. Sua mais famosa vitória se deu na batalha de Kurukshetra (contaremos
no item a seguir) junto aos Pandavas e aos Kuravas. Krishna esteve envolvido em
muitas questões entre eles, atuando como aliado e conselheiro.
Depois de cumprir a missão aqui na Terra, que
havia sido designada por Deus, ele se retirou para a floresta. Ali, deixou o
corpo em resultado de uma ferida acidental provocada pela seta de um caçador
que, por engano, o confundira com um cedro – enquando ele repousava numa
clareira.
krishna_flauta
“Com as melodias encantadoras de sua flauta
celestial, Sri Krishna está chamando todos os devotos para o abrigo da união
divina no Samadhi da meditação, para ali se banharem no bem-aventurado amor de
Deus.”
Paramahansa Yogananda em A Yoga do Bhagavad
Gita
O grande legado dessa importante figura da
humanidade é ter nos deixado a divina mensagem da Yoga: o caminho da atividade
correta e da meditação para a comunhão divina e a salvação. Como citamos
anteriormente aqui neste blog, na publicação intitulada “O significado da vida
de Krishna para o homem moderno”, toda a trajetória do mestre oriental é
inspiradora pelo fato de nos mostrar que não é necessário fugir das
responsabilidades da vida material para alcançarmos novos degraus na senda espiritual.
Os problemas podem ser resolvidos trazendo Deus para cá, onde Ele nos colocou,
como Yogananda, ainda em “A Yoga do Bhagavad Gita”, explicou: “Não importa qual
seja nosso ambiente, O Céu tem de vir à mente em que reina a comunhão com
Deus.”
O papel de Krishna na guerra de Kurukshetra *Trecho extraído do livro “A Yoga do Bhagavad
Gita”, de Paramahansa Yogananda
Os cinco príncipes Pandavas e a centena que
compunha a progênie dos Kauravas foram criados e educados juntos, recebendo a
orientação de seu preceptor Drona. Arjuna era superior a todos em habilidade;
ninguém conseguia igualá-lo. Surgiu inveja e inimizade entre os Kauravas contra
os Pandus.A seu tempo, a disputa entre os Kurus e os
Pandus a respeito do governo do reino chegou ao clímax. Duryodhana, ardendo em
invejoso desejo de supremacia, engendrou uma esperteza: um jogo de dados
fraudulento. Por meio de astuciosa maquinação elaborada por Duryodhana e seu
perverso tio Shakuni, artista consumado na fraude e no logro, Yudhisthira [o
irmão mais velho dos Pandavas] foi derrotado, lance após lance, e finalmente
perdeu seu reino, depois a ele mesmo e seus irmãos e, em seguida, a Draupadi,
esposa deles. Desse modo, Duryodhana roubou aos Pandus o reino deles e fez com
que fossem para o exílio por doze anos na floresta e passassem um décimo
terceiro ano disfarçados, sem serem reconhecidos. Depois disso, se
sobrevivessem, poderiam voltar e reivindicar seu reino perdido. No momento
aprazado, os honestos Pandus, tendo cumprido todas as condições de seu exílio,
voltaram e exigiram seu reino; mas os Kurus se recusaram a abandonar sequer um
pedaço de terra que fosse do tamanho de uma agulha.
Quando se tornou inevitável a guerra, Arjuna,
da parte dos Pandus, e Duryodhana, da parte dos Kurus, foram em busca do apoio
de Krishna à sua causa. Duryodhana chegou primeiro ao palácio de Krishna e
sentou-se arrogantemente à cabeceira do leito em que Krishna estava repousando,
fingindo dormir. Arjuna chegou e ficou humildemente de pé, de mãos postas, aos
pés de Krishna. Quando o avatar abriu os olhos, foi portanto Arjuna que ele viu
primeiro. Ambos pediram a Krishna que ficasse com eles na guerra. Krishna
declarou que um lado teria seu enorme exército e o outro lado teria ele próprio
como conselheiro pessoal – porque, contudo, ele não pegaria em armas no
combate. Foi dado a Arjuna ser o primeiro a escolher. Sem hesitar, ele
sensatamente escolheu o próprio Krishna; o ambicioso Duryodhana regozijou-se em
ficar com o exército.
Antes da guerra, Krishna serviu como
mediador, para tentar resolver a disputa de maneira amigável, viajando de
Dwarka para Hastinapura, a capital dos Kurus, a fim de persuadir Dhritarashtra,
Duryodhana e os outros Kurus a devolverem aos Pandavas o reino que de direito
era deles. Mesmo ele, entretanto, não foi capaz de levar Duryodhana,
enlouquecido pelo poder, e seus seguidores a aceitarem uma decisão justa, e foi
declarada a guerra. O campo em que se deu o conflito foi Kurukshetra. O
primeiro versículo do Bhagavad Gita começa na véspera dessa batalha. No final,
ocorreu a vitória dos Pandus. Os cinco irmãos reinaram com nobreza sob a
suserania do mais velho, Yudhisthira, até que, no final de suas vidas,
retiraram-se para o Himalaia e, ali, entraram nos domínios celestes.
A batalha de Kurukshetra é narrada no épico
indiano “Mahabharata” (http://www.omnisciencia.com.br/o-mahabharata/p), do qual
faz parte o Bhagavad Gita – principal escritura sagrada hindu. Detalhes sobre a
simbologia do evento podem ser obtidos no já citado “A Yoga do Bhagavad Gita”
(http://www.omnisciencia.com.br/a-yoga-do-bhagavad-gita/p), do mestre iogue
indiano Paramahansa Yogananda.
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Inspirações sobre Krishna
*Trechos extraídos do livro “A Eterna Busca
do Homem” (http://www.omnisciencia.com.br/a-eterna-busca-do-homem/p), de
Paramahansa Yogananda
“Mestre é alguém que refinou sua consciência
para receber e refletir perfeitamente a luz de Deus. O sol brilha igualmente
sobre um pedaço de carvão e um diamante, mas só o diamante reflete a luz solar.
A luz de Deus também brilha igualmente em todos as fases da vida, mas em
algumas o reflexo é mais forte que em outras. O homem de realização reflete
plenamente a luz divina.”
“Em algum lugar, em alguma época, encarnações
divinas como Jesus Cristo e Jadava Krishna desenvolveram a estatura espiritual
que as predestinou nascerem como avatares. Livres das compulsões cármicas do
renascimento, esses seres regressam à Terra só para ajudar na libertação da
humanidade.”
“Saber que os avatares divinos, para se tornarem
perfeitos, já tiveram de passar pelos mesmos tipos de provas e experiências
humanas por que passamos nos dá esperança em nossa própria luta.”
Bibliografia:
- A Eterna Busca do Homem: http://www.omnisciencia.com.br/a-eterna- busca-do-homem/p
- A Yoga do Bhagavad Gita: http://www.omnisciencia.com.br/a-yoga-do-bhagavad-gita/p
- Todos os livros de Paramahansa Yogananda em
português: http://www.omnisciencia.com.br/colecao-yogananda
Fonte: https://www.nowmaste.com.br/janmashtami-e-vida-de-krishna/
Rayom Ra
http://arcadeouro.blogspot.com.br
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