Seria aconselhável o estudante ler com
cuidado o comentário sobre esta regra tal como dada no Tratado Sobre o Fogo Cósmico. Verificar-se-á como ele é
extremamente abstruso e como é cheio de informação ocultista quase velada. Isto
deve todavia ser estudado.
A palavra “plano astral” deve também ser analisada e uma ideia geral
conquistada quanto à sua natureza e à sua função como o campo de batalha dos
sentidos, e como o lugar de onde a magia é operada. O desejo inteligente e
construtivo do mago branco, agindo sob a instrução de sua própria alma e por
isso ocupado com o trabalho do grupo, é a força motivadora por trás de todos os
fenômenos mágicos. Este trabalho mágico é iniciado na própria vida do mago,
estende-se ao mundo do plano astral e daí (quando potente ali) pode começar a
se demonstrar no plano físico e, finalmente, nos planos superiores.
Ocuparemos, por conseguinte, bastante tempo
nesta regra, pois ela cobre o trabalho e atividade imediatos do aspirante
inteligente. É a mais importante neste livro, do ponto de vista do estudante
comum. Ela não pode ser compreendida onde não houver contato com a alma, nem
pode a força mágica da alma exteriorizar-se em manifestação no plano físico até
que o significado de suas frases esotéricas se tenha de certo modo plasmado na
experiência do mago.
A maior parte dos aspirantes sinceros está
agora num ponto a meio do caminho e pode, ou afogar-se (e assim não fazer mais
nenhum progresso nesta vida), permanecer como estão – e assim se apegarem ao
terreno conquistado – ou se tornarem verdadeiros magos práticos, eficientes na
magia branca, que está baseada no amor, animada pela sabedoria e
inteligentemente aplicada às formas.
Dividiremos, por conseguinte, esta regra em
várias partes, para estuda-la com mais facilidade, e depois tomá-las-emos
degrau por degrau, de modo a dominar suas aplicações à vida média do discípulo
probacionário e a ganhar uma sábia compreensão de suas amplas implicações.
Estas três divisões são:
1. A resposta dos elementos astrais e o
consequente fluxo e refluxo das águas.
2. Os perigos do ponto do meio do caminho,
sua natureza e a oportunidade que ele concede.
3. O lugar onde a magia se opera.
Estudaremos agora o primeiro ponto que é resumido
para nós nas palavras:
Os
Agnisurians respondem ao som.
As
águas descem e sobem.
A situação poderia ser descrita com precisão
através dos seguintes dados. As regras já estudadas expõem a verdade a respeito
do mago.
1. A alma comunicou-se com seu instrumento
nos três mundos
2. O homem no plano físico reconhece o
contato e a luz na cabeça brilha, algumas vezes reconhecida pelo aspirante e
outras vezes não.
3. A alma emite sua nota. Um pensamento-forma
se cria em consonância com a meditação unida
da alma e do homem, seu instrumento.
4. Este pensamento-forma, incorporando a
vontade do ego ou alma, cooperando com a personalidade, toma para si mesmo uma
forma tríplice, constituída da matéria de todos os três planos e vitalizada
através da atividade e pelas emanações dos centros do coração, da garganta e de
ajna do mago branco; a alma em conjugação com seu instrumento.
5. Os invólucros da personalidade, cada um
com sua própria vida individual, sentem que estão perdendo sua força e a
batalha entre as forças da matéria e a força da alma é violentamente renovada.
6. Esta batalha deve ser travada no plano
astral e decidirá três coisas:
a) Se a alma será, em qualquer vida (pois
alguma vida mantém o estágio crítico), o fator dominante e a personalidade daí
por diante será a serva da alma.
b) Se o plano astral deixará de ser o plano
da ilusão, para tornar-se o campo do serviço.
c) Se o homem pode tornar-se um ativo
cooperador da Hierarquia, capaz de criar e controlar a matéria mental e assim
realizar os propósitos da Mente Universal, que são impulsionados pelo ilimitado
e infinito amor e são a expressão da Vida Una.
Este é o ponto fundamental de toda a
situação, e quando o homem tiver dominado as forças que se lhe opõem, ele
estará pronto para a segunda iniciação, que marca a libertação da alma do corpo
astral. Daí por diante, a alma usará o corpo astral e modelará o desejo de
acordo com o próprio divino.
Vale à pena o estudante saber onde ele se
acha e qual é seu particular problema. O homem comum está aprendendo a
controlar o corpo físico e a organizar seu plano de vida física. O estudante no
caminho probacionário está aprendendo uma lição semelhante em relação com seu
corpo astral, seu foco, seus desejos e seu trabalho.
O estudante no caminho do discipulado aceito
tem que demonstrar este controle e começar a disciplinar a natureza da mente e
assim funcionar conscientemente no corpo mental. O trabalho do iniciado e do
adepto se desenvolve a partir destas realizações e não precisa ser tratado
aqui.
A batalha se espalha sobre uma boa série de
vidas, mas em certa vida ela se torna crítica; o lance final é feito e Arjuna
triunfa na luta, mas somente ao deixar Krishna assumir as rédeas do controle,
aprendendo o controle mental e pela revelação da forma de Deus. Distinguindo
entre a alma e a forma, e por uma visão da perfeição da glória que pode
irradiar das formas “habitadas por Deus”,
ele aprende a escolher o caminho da luz e a ver sua forma e todas as formas
como custódios da luz. Assim ele se empenha no trabalho de fazer o corpo astral
simplesmente um refletor daquela luz e, dominando o desejo, através da
subjugação dos “Agnisuryans” que constituem seu corpo astral e são a substância
viva do plano astral, ele aprende a atuar como um adepto naquele plano, a
atravessar sua ilusão e ver a vida
verdadeira.
Falando simbolicamente, a substância do plano
astral é animada por três tipos de força divina, as quais, quando reunidas,
produzem a grande ilusão. Estas são:
Primeiro, a força do desejo egoísta. Esta
energia involutiva desempenha uma grande parte do desenvolvimento da evolução,
pois o egoísmo é a alimentação das almas infantis. Daí o aspirante recusar ser
detido por ela.
Segundo, a força do medo. Este é o produto da
ignorância, e em seus estágios iniciais não é o produto do pensamento errado.
Ela é basicamente instintiva e dominante no reino animal não mental, assim como
no reino humano. Mas no humano seu poder é aumentado potencialmente através dos
poderes da mente e através da memória
do sofrimento e penas passadas e, através da antecipação daqueles que prevemos.
O poder do medo é enormemente agravado pelo pensamento-forma que nós mesmos
construímos de nossos próprios medos individuais e fobias. Este pensamento-forma
cresce em força à medida que lhe damos atenção, pois “a energia segue o pensamento”, até ficarmos dominados por ele. As
pessoas do segundo raio são peculiarmente dominadas por ele. Para a maioria
delas ele constitui o “morador do umbral”,
assim como a ambição e o amor ao poder, apoiados no desejo furioso e a falta de
escrúpulos formam o “Morador” para os
tipos do primeiro raio. A forma de pensamento cristalizada, da realização
intelectual com fins egoístas, e o uso do conhecimento para objetivos pessoais,
permanecem ante o portal do caminho no caso da pessoa do terceiro raio e, a não
ser que seja partida e rompida, dominá-lo-á e transformá-lo-á num mago negro.
Vocês terão ouvido muitas vezes que o medo é
uma ilusão. Entretanto, essa afirmação não ajuda. Ela é uma generalização que
se pode admitir, a qual, contudo, continua profundamente difícil aplicar
individualmente. Os medos aos quais os aspirantes estão sujeitos (observem o
modo de usar as palavras) são raramente de uma natureza egoísta exceto na medida
em que o sofrimento os tenha inibido de prosseguir na direção dos
acontecimentos. Seus medos estão envoltos em aparente amor por seus entes
queridos. Entretanto, cada discípulo deveria fazer a si próprio uma pergunta
muito prática: quantas das horas de tortura foram gastas em realidade e em
acontecimentos tangíveis, e quantas em premonições ilusórias e em dúvidas e em
indagações, baseadas naquilo que jamais aconteceu?
Gostaria de assinalar para meus irmãos que
precisam fazer duas coisas: meditar sobre a verdade da vida diária, usando o
conceito de verdade praticada e vivida como o seu pensamento-semente na
meditação; para esse fim eu sugeriria que memorizem e usem em todas as vezes,
quando dominados por medos ilusórios e desnecessários pressentimentos, a
seguinte fórmula de oração:
“Que a
realidade governe cada um de meus pensamentos, e a verdade seja o guia de minha
vida”.
Que cada um diga isto para si mesmo tão constantemente
quanto se faça necessário, forçando a mente a focalizar a atenção sobre o
significado destas palavras. Sugiro ainda o bom senso e o cultivo de uma
atitude da mente que recuse permitir tempo
para que cresçam os medos ilusórios.
O medo é o principal obstáculo,
frequentemente, para um passo muito vital que poderia ser dado adiante nesta
vida, mas muitos têm que se atrasar até uma outra, se a devida oportunidade não
for aproveitada e a natureza da vontade poderosamente exercitada.
O aspirante do primeiro raio que fracassa em
dominar seu Morador pode tornar-se um
“destruidor de almas”, como se chama,
e ser condenado (até aprender sua lição) a trabalhar nas forças da matéria, e
com formas que mantêm todas as almas na prisão. Este é o significado oculto das
mal compreendidas palavras, morte e destruição. Deste tipo, o Diabo é o grande
protótipo.
O aspirante do segundo raio que constrói seu
Morador e permite seu controle firme e crescente, se torna um “enganador de almas”. Ele é o verdadeiro
Anticristo, e através de falso ensinamento e da operação dos assim chamados
milagres, através do hipnotismo e da sugestão coletiva, ele lança um véu sobre
o mundo e força os homens a caminharem na grande ilusão. É interessante anotar
que o trabalho do Diabo, o aprisionador de almas, está começando a perder sua
força, porque a raça está na iminência de compreender que a verdadeira morte é
a imersão na forma e que a matéria é somente uma parte do todo divino. O
pensamento-forma deste “Morador do Umbral”
que a humanidade construiu por milhões de anos está à beira da destruição. Mas
o trabalho do Anticristo está somente se erguendo agora para o seu acme e a
ilusão da riqueza, da possessividade, do falso ensinamento exercerá crescente
influência, mas o período da ilusão será mais breve do que o da destruição,
porque todos esses fatores funcionam sob seus próprios ciclos e têm seus
próprios fluxo e refluxo.
A pessoa do terceiro raio que também falhe em
demolir seu “Morador do Umbral” se torna o que se chama um “manipulador de almas” e usa a mente para
destruir o verdadeiro e em pôr um véu entre o homem e a realidade. Deve-se
lembrar de que nenhum destes nomes e destas atividades se refere à alma em seu
próprio plano, mas somente às almas humanas encarnadas no plano físico. Isto
deverá ser enfatizado, pois em seu próprio plano as almas de todos os homens
permanecem livres da ilusão e nenhuma pode ser destruída, enganada ou
manipulada. Somente as “almas na prisão”
são sujeitas às atividades das forças do mal e somente por um período. O
primeiro grupo trabalha através dos governos, através da política e do
intercâmbio entre as nações e seu número é relativamente pequeno. O grupo do
segundo raio que ilude e engana, trabalha através das agências religiosas,
através da psicologia de massa e do mau uso e da má aplicação da devoção e das
artes. Eles são mais numerosos. O terceiro grupo trabalha primariamente através
das relações comerciais no mundo dos negócios e através do uso do dinheiro, da
concretização de prâna ou energia universal, e do símbolo exterior do fluxo e
refluxo universais. Esses pensamentos são sugestivos, mas não vitais, lidando
com as tendências cósmicas.
Em terceiro lugar, a força de atração sexual.
Esta é uma atração do plano físico e um retrocesso de um tipo de energia
involutiva no caminho do retorno. Cosmicamente falando, ela se manifesta como a
força atrativa entre o espírito e a matéria; espiritualmente falando, ela é
demonstrada como a atividade da alma, ao procurar levar o ser inferior à plena
realização. Fisicamente falando, é o impulso que tende a unir o macho e a fêmea
com o propósito da procriação. Quando o homem era puramente animal, não havia
pecado envolvido. Quando a este impulso foi acrescentado o desejo emocional,
então o pecado se instalou e o propósito pelo qual o impulso se manifestava foi
pervertido para o da satisfação do desejo. Agora que a raça é mais mental e a
força da mente está se fazendo sentir no corpo humano, uma situação ainda mais
séria se apresenta, que somente poderá ser resolvida quando a alma assumir o
controle do seu instrumento tríplice.
A humanidade está agora no ponto do meio do
caminho como esta regra demonstra. O homem é arrastado pelo desejo egoísta e
pela ambição, pois todos nós temos qualidades do primeiro raio. Ele é torturado
pelo medo – seu próprio, medos familiares, medos nacionais e raciais, pois
todos nós agitamos ao ritmo do segundo raio. Ele é dominado pelo sexo e pelo
dinheiro que é uma outra dimensão da energia da matéria e daí tem um tríplice
problema para lidar com o qual ele está bem equipado através do seu tríplice veículo
e das tríplices potências de sua alma divina. Fechemos a instrução naquela
observação – bem equipado para lidar. Nós podemos ultrapassar a inércia mental
e começar a atuar como almas no comando de nosso ambiente. A alma é onisciente
e onipotente.
O FLUXO
E REFLUXO CÍCLICO
Consideremos agora as palavras “o fluxo e
refluxo das águas”. Na compreensão da lei dos ciclos nós adquirimos
conhecimento das leis subjacentes da evolução e chegamos à conscientização do
trabalho rítmico da criação. Incidentalmente também nós ganhamos equilíbrio à
medida que estudamos os impulsos de nossa própria vida, pois eles também têm
seu fluxo e refluxo e alternam entre períodos de luz e períodos de trevas.
Nós temos conosco sempre aquela ocorrência
diária simbólica na qual a parte do mundo em que vivemos emerge na luz clara do
sol, e mais tarde volta para a curativa escuridão da noite. Nossa própria
familiaridade com o fenômeno nos faz perder de vista seu significado simbólico
e esquecer que sob a grande lei, períodos de luz e trevas, do bem e do mal, de
imersão e emergência, de progresso para a iluminação e aparente traição nas
trevas, caracterizam o crescimento de todas as formas, distinguem o
desenvolvimento de raças e constituem o problema do aspirante que construiu para
si mesmo um quadro de caminhar numa condição constantemente iluminada e de
deixar para trás todos os lugares em trevas.
Nestas instruções não me é possível lidar com
o fluxo e refluxo da vida divina em sua manifestação nos vários reinos da
natureza e através do caminho evolutivo da humanidade, através da experiência
nas raças, nações e famílias. Eu procuro, todavia, elaborar de algum modo a
experiência cíclica de uma alma encarnada, indicando o aparente fluxo e refluxo
de seu desabrochar.
O ciclo predominante para toda alma é aquele
de sua penetração na encarnação e de seu retorno ou fluir de volta para o
centro de onde veio. De acordo com o ponto de vista dependerá a compreensão
deste fluxo e refluxo. As almas podem esotericamente ser consideradas como
aqueles “procurando a luz de experiência”
e por isso voltadas para a expressão física, e aqueles “procurando a luz da compreensão” e por isso retirando-se do reino
da condição humana para modelar seu caminho para o íntimo, para a consciência
da alma, e assim tornarem-se “moradores
na luz eterna”. Sem apreciar o significado dos termos, os psicólogos
pressentiram estes ciclos e chamam a certos tipos de extrovertidos e a outros
de introvertidos. Estes assinalam um fluxo e refluxo na experiência individual
e são as finas correspondências da vida aos grandes ciclos da alma. Esta
entrada e saída, a trama da existência encarnada, compõem os grandes ciclos de
qualquer alma individual, e um estudo dos tipos de pralaya abordados na
Doutrina Secreta e no Tratado Sobre o Fogo Cósmico seria de real valor para o
estudante.
Há também um fluxo e refluxo na experiência
da alma em qualquer dos planos e isto, nos estágios iniciais do
desenvolvimento, cobrirá muitas vidas. Eles são bem extremados em sua
expressão. Um estudo do fluxo e refluxo racial tornará isto mais claro. Nos dias
de Lemúria o fluxo ou o ciclo de saída foi usado no plano físico e o refluxo
conduziu o aspecto vida bem de volta para a própria alma e não houve um fluxo e
refluxo secundário nos planos astral ou mental.
Mais tarde a maré irrompeu sobre as praias do
plano astral, embora incluindo o físico em menor grau. O fluxo dirigiu sua
atenção para a vida emocional e o impulso de volta para o centro não levou em
conta, de nenhum modo, a vida mental. Isto teve seu acme para a humanidade nos
dias de Atlântida e é ainda verdadeiro também para muitos, hoje. Agora o fluxo
e refluxo é crescentemente inclusivo e a experiência mental tem seu lugar de
modo que todos os três aspectos são tocados pela vida da alma; todos são
incluídos na energia emergente da alma que se encarna, e por muitas vidas e
séries de vidas esta força cíclica é usada. Dentro do aspirante surge uma
compreensão do que vai acontecendo e ele desperta para o desejo de controlar
conscientemente este fluxo e refluxo ou, para simplificar, conduzir as forças
da energia emergente para qualquer direção escolhida ou retirá-la para seu
centro de acordo com a própria vontade. Ele procura conter este processo de ser
conduzido para uma encarnação sem ter qualquer propósito consciente e se recusa
a ver a maré de sua vida se lançar sobre as esferas emocionais ou mentais da
existência e depois ver novamente aquela vida retirada sem sua volição
consciente. Ele permanece no ponto do meio do caminho e quer controlar seus
próprios ciclos, o “fluxo e refluxo”
como ele próprio pode designá-lo. Com propósito consciente ele anseia caminhar
nas trevas da existência encarnada e com igualmente propósito ele procura
retirar-se para seu próprio centro. A partir daí ele se torna um aspirante.
A vida do aspirante começa a repetir ciclos
mais anteriores. Ele é assaltado por um súbito estímulo da natureza física e
violentamente arrastado por antigos desejos e apetites. Isto pode ser seguido
por um ciclo no qual o corpo físico esteja consciente da saída, de si, da
energia vital e fica desvitalizado, por não ser o assunto de atenção. Isto
concorre para muito da doença e falta de vitalidade de muitos de nossos mais
queridos servidores. O mesmo processo pode afetar o corpo emocional, e períodos
de exalação, e da mais alta aspiração, se alternam com períodos da mais
profunda depressão e falta de interesse. O fluxo pode passar para o corpo
mental e produzir um ciclo de intensa atividade mental. Constante estudo, muito
pensamento, aguda investigação e um firme impulso intelectual caracterizarão a
mente do aspirante. A isto pode suceder-se um ciclo no qual todo o estudo é
insosso e a mente parece ficar inteiramente apática e inerte. Torna-se um
esforço pensar e a futilidade de fases de pensamento assalta a mente. O aspirante decide que ser é melhor que fazer. Podem esses ossos secos
viver? Ele pergunta, e não tem desejo de vê-los revitalizados.
Todos os sinceros buscadores da verdade estão
conscientes desta instável experiência e frequentemente consideram-na como um
pecado ou como uma condição a ser tenazmente combatida. Então é o tempo de
apreciar que o “lugar do meio do caminho
que não é nem seco nem molhado deve fornecer a base onde seus pés se apoiam”.
Esta é uma forma de dizer que ele necessita conscientizar duas coisas:
1. Que estados de sentimentos são imateriais
e não indicam o estado da alma. O aspirante deve centrar-se na consciência da
alma, recusar-se a se deixar influenciar pelas condições alternantes às quais
ele parece sujeito e simplesmente “permanecer
no ser espiritual” e, então: “tendo
feito tudo, permanecer”.
2. Que a consecução do equilíbrio somente é
possível onde a alternância tenha sido regra e que o fluxo e refluxo cíclicos
continuarão enquanto a atenção da alma flutuar entre um ou outro aspecto da
forma e do verdadeiro homem espiritual.
O ideal é alcançar tal condição de controle
consciente que voluntariamente um homem possa ser focalizado em sua consciência
da alma, ou focalizado no seu aspecto-forma, cada ato de atenção focalizado
sendo conseguido através de um objetivo específico e conscientizado,
necessitando tal focalização.
Mais tarde, quando as palavras do grande
instrutor Cristão tiverem significado, ele poderá dizer que “se no corpo ou fora do corpo” é um
assunto de pouca importância. O ato do serviço a ser prestado determinará o
ponto onde o ego está concentrado, mas será o mesmo ego, quer liberto temporariamente
da consciência da forma ou imerso na forma para funcionar em diferentes
aspectos do divino todo. O homem espiritual busca o progresso do plano e
identifica-se com a mente da natureza. Retirando-se para o ponto no meio do
caminho, ele aspira conscientizar sua divindade e então, tendo feito isso, ele
se focaliza em sua forma mental que o põe em contato com a Mente Universal.
Ele suporta a limitação de modo que assim
possa conhecer e servir. Ele procura alcançar os corações dos homens e levar-lhes
“inspiração” das profundezas do
coração espiritual. Novamente ele reivindica o fato de sua divindade e então,
através de uma identificação temporária com seu corpo de percepção sensorial,
de sentimento e de emoção, ele se acha sintetizado com o aparelho sensitivo de
manifestação divina que conduz o amor de Deus a todas as formas do plano
físico.
Novamente ele procura ajudar na
materialização do plano divino no plano físico. Ele sabe que todas as formas
são o produto da energia corretamente usada e dirigida. Com pleno conhecimento
de sua divina Filiação e uma potente conscientização da mente de tudo que
aquele termo engloba, ele focaliza suas forças no corpo vital e se torna um
ponto focal para a transmissão da energia divina e a partir daí um construtor
em união com as energias construtoras do Cosmos. Ele conduz a energia do
pensamento iluminado e do desejo santificado até o corpo etérico, e assim
trabalha com inteligente devoção.
Pedem-me uma definição mais clara de “ponto do meio do caminho”. Para o probacionário ele é o plano emocional, o
Kurukshetra, ou o plano da ilusão, onde a terra (natureza física) e a água
(natureza emocional) se encontram.
Para o discípulo
ele é o plano mental onde a forma e a alma fazem contato e a grande transição
se torna possível. Para o discípulo avançado e o iniciado, o ponto do meio do
caminho é o corpo causal, o karana sarira, o corpo espiritual da alma, que fica
como intermediário entre o espírito e a matéria, vida e forma, a mônada e a
personalidade.
Isto pode também ser discutido e compreendido
em termos dos centros. Como todo estudante sabe, há dois centros na cabeça. Um
centro fica entre as sobrancelhas e tem o corpo pituitário como sua
manifestação objetiva. O outro fica na região do topo da cabeça e tem a
glândula pineal como seu aspecto concreto. O místico puro tem sua consciência
centrada no topo da cabeça, quase inteiramente no corpo etérico. O homem
mundano avançado está centrado na região da pituitária. Quando, através do
desenvolvimento oculto e do conhecimento esotérico, a relação entre a personalidade
e a alma se estabelece; há um ponto no meio do caminho no centro da cabeça, no
campo magnético chamado a “luz na cabeça”
e é aqui que o aspirante toma a sua posição. Este é o ponto de importância
vital. Não é nem terra, ou físico, nem água, ou emocional. Poderia ser
considerado como o corpo vital, ou etérico, que se tornou o campo do serviço
consciente, do controle dirigido e da força de utilização na direção de fins específicos.
Aqui o mago toma sua posição e através de seu
corpo de força ou de energia desempenha o trabalho criativo mágico. Um ponto é
manipulado nesta regra, de maneira abstrusa, mas ele se esclarece, se as
palavras forem estudadas com cuidado. No fecho da regra nos é dito que quando “água, terra e ar se encontram” há o
lugar para o exercício da magia. Curiosamente, nestas palavras a ideia da
localização é omitida e somente a equação do tempo é considerada.
O ar é o símbolo do veículo búdico, do plano
do amor espiritual e quando os três acima enumerados (em seus aspectos de
energia) se encontram, isso indica uma focalização na consciência da alma e uma
centralização do homem no corpo espiritual. Daquele ponto de força, fora da
forma, da esfera central da unificação e do ponto focalizado dentro daquele
círculo de consciência, o homem espiritual projeta sua consciência para o ponto
do meio do caminho dentro da cavidade cerebral, onde o trabalho mágico precisa,
em relação com o plano físico, ser desenvolvido.
Esta habilidade em projetar a consciência do
plano da conscientização da alma para aquele do trabalho mágico criador nos
subplanos etéricos, é gradualmente tornado possível à medida que o estudante,
em seu trabalho de meditação, desenvolve a facilidade em focalizar sua atenção
em um ou outro dos centros no corpo. Isto é realizado através dos centros de
força no corpo etérico. Ele gradualmente ganha aquela plasticidade e aquela
fluidez da consciência autodirigida que o capacitará a atuar nos centros, assim
como um músico utiliza as sete notas musicais. Quando isto tiver sido realizado
ele pode começar a se treinar em focalizações mais amplas e mais extensas e
deverá aprender a retirar sua consciência, não só para o cérebro, mas para a
alma em seu próprio plano e daí redirigir suas energias na execução do trabalho
mágico da alma.
O segredo fundamental dos ciclos está nesta
retirada e na subsequente refocalização da atenção e deve ser lembrado nesta
conexão que a lei básica a todo trabalho mágico é que “a energia segue o pensamento”. Se os aspirantes lembrarem-se disso
viverão através de seus períodos de aridez com maior facilidade e serão
cônscios do propósito subjacente.
Poderão aqui ser arguidos quais são os
perigos deste ponto do meio do caminho?
Os perigos de uma flutuação muito violenta
entre a terra e a água, ou entre a resposta emocional à vida e à verdade ou a
vida no plano físico.
Alguns aspirantes são muito emocionais em
suas reações; outros muito materialistas. O efeito disto é sentido no ponto do
meio do caminho e produz uma instabilidade violenta. Esta instabilidade tem um
efeito direto no centro do plexo solar que foi o “ponto do meio do caminho” nos tempos da primitiva Atlântida, e é
ainda o ponto do meio do caminho nos processos de transmutação da personalidade
aspirante. Ele transmuta e transmite as energias do centro sacro e do centro da
base da espinha e é o lugar de distribuição para todas as energias focalizadas
nos centros abaixo do diafragma.
Os perigos incidentes num derramamento
prematuro e descontrolado de pura energia espiritual no mecanismo da personalidade.
Aquela força vital espiritual entra através
da abertura craniana e se espalha pelos centros da cabeça. Deles seguir-se-á a
linha de menor resistência que é determinada pela tendência diária da vida de
pensamento do aspirante.
Um outro e bastante potente perigo é o
resultado, literalmente, da reunião da terra e da água. Ele se demonstra como o
derramamento na consciência cerebral (o aspecto terra) dos conhecimentos do
plano astral. Uma das primeiras coisas de que um aspirante se torna consciente
é uma tendência para o psiquismo inferior. É uma reação do centro do plexo
solar. Mas esse ponto do meio do caminho pode ser utilizado como uma “plataforma de lançamento” para o mundo
dos fenômenos astrais. Isto produzirá “morte
por afogamento”, pois a vida espiritual do aspirante pode ser inundada e
inteiramente submersa nos interesses das experiências psíquicas inferiores. É
aqui onde muitos valiosos aspirantes se perdem, temporariamente pode ser, mas
os tempos são tão críticos que é um motivo a ser deplorado se qualquer tempo
for perdido em experimento fútil e em ter que repassar qualquer caminho
escolhido.
Uma pista quanto ao significado destas
palavras deve ser achada na identificação do seguinte fato oculto. O lugar onde água e terra se encontram é o
centro do plexo solar. O lugar onde a
água, a terra e o ar se encontram é na cabeça. Terra é o símbolo da vida no
plano físico e da forma exotérica. Água é o símbolo da natureza emocional.
É do grande centro da vida da personalidade,
o plexo solar, que a vida é usualmente dirigida e o governo administrado.
Quando o centro de direção jaz abaixo do diafragma não há magia possível. A
alma animal controla e a alma espiritual é forçosamente inativa. O ar é o
símbolo da vida superior na qual o princípio do Cristo domina, no qual a
liberdade é experimentada e a alma chega à plena expressão. É o símbolo do
plano búdico, como a água é do emocional. Quando a vida da personalidade é
elevada até o céu, e a vida da alma desce sobre a terra, há o lugar de encontro
e lá o trabalho da magia transcendental se torna possível.
Este lugar do encontro é o lugar do fogo, o
plano da mente. Fogo é o símbolo do intelecto e todo trabalho mágico é um
processo inteligente, desenvolvido na força da alma e pelo uso da mente. Para
se fazer sentido no plano físico, um cérebro é necessário que seja receptivo
aos impulsos superiores e que possa ser impressionado pela alma utilizando a “chita” ou substância mental para criar
os necessários pensamentos-forma e assim expressar as ideias e propósitos da
inteligente alma amante. Estes são reconhecidos pelo cérebro e são fotografados
nas “áreas vitais” que se encontram
na cavidade cerebral.
Quando estas cavidades vitais podem ser
percebidas pelo mago em meditação e os pensamentos-forma impressos nesta
miniatura de reflexo da luz astral, então a verdadeira potência na magia pode
começar a se fazer sentir. O cérebro será “ouvido”
ocultamente às injunções e instruções da mente à medida que este transmite os
comandos da alma. As áreas vitais são impulsionadas para a atividade da forma
assim como sua correspondência superior, as “modificações do princípio do pensamento, a substância da mente”, (como
Patanjali a chama), são lançadas numa análoga atividade da forma. Estas podem
então ser vistas interiormente pelo homem que está procurando executar o trabalho
mágico e muito de seu sucesso depende de sua habilidade em registrar
impressões, exatamente, e ver com clareza as formas do processo na magia que ele está procurando demonstrar com
trabalho mágico no mundo exterior.
Poderia, portanto, ser dito que há três
etapas no processo de fazer formas:
Primeiro, a alma ou homem espiritual,
centralizado na consciência da alma e funcionando no “lugar secreto do altíssimo” visualiza o trabalho a ser feito. Este
não é um ato sequencial, mas o trabalho completo terminado da magia é visualizado por um processo que não envolve
absolutamente o elemento tempo ou conceitos espaciais. Em segundo lugar, a
mente responde à alma (chamando a atenção para o trabalho a ser executado), e é
lançada na atividade de fazer o pensamento-forma por esta impressão. De acordo
com a lucidez e iluminação da matéria cerebral, assim será a resposta a esta
impressão. Se a mente for um verdadeiro refletor e receptor da impressão da
alma, o pensamento-forma correspondente será fiel ao seu protótipo. Se não for
fiel (como é frequentemente o caso nas etapas iniciais do trabalho) então o
pensamento-forma criado será distorcido e incorreto, desequilibrado e “fora do modelo”.
É na meditação que este trabalho de apurada
recepção e correta construção é aprendido e daí a ênfase posto em todas as
escolas de percepção esotérica numa mente focalizada, numa capacidade de
visualizar, numa habilidade de construir pensamentos-forma e num apurado
domínio do intento egóico. Daí também a necessidade do mago começar o trabalho
prático da magia consigo mesmo como o assunto da experimentação mágica. Ele
começa a alcançar a visão do homem espiritual como ele é na essência. Ele conscientiza as virtudes e reações que
aquele homem espiritual evidenciaria no plano físico da vida. Ele constrói um
pensamento-forma de si mesmo como o homem ideal, o verdadeiro servidor, o perfeito mestre. Ele gradualmente coordena
suas forças de modo que a força para ser estas coisas na realidade externa
começa a tomar forma de modo que todos os homens possam vê-la. Ele cria um
modelo em sua mente que marca os contornos tão fielmente quanto possível do
protótipo e que serve para modelar o homem inferior e forçar conformidade ao
ideal.
À medida que aperfeiçoa a sua técnica, ele
descobre um poder transmutador, transformador em atividade sobre as energias
que constituem sua natureza inferior, até que tudo esteja subordinado e ele se
torne uma manifestação prática o que é esotérica e essencialmente. Quando isto
tem lugar, ele começa a ficar interessado no trabalho mágico no qual deve
participar todas as verdadeiras almas.
Então terceiro aspecto do processo de fazer a
forma se pode manifestar. O cérebro está sincronizado com a mente. A mente com
a alma e o plano é percebido. As áreas vitais na cabeça podem ser modificadas e
responder à força do trabalho mágico construtivo. Um pensamento-forma existe
então como resultado das duas atividades prévias, mas ele existe no lugar da
atividade cerebral e se torna um centro de focalização para a alma e um ponto
através do qual a energia pode fluir para o desempenho do trabalho mágico.
Este trabalho mágico, desenvolvido sob a
direção da alma (inspirando a mente que, por sua vez, impressiona o cérebro)
conduz então (como resultado desta atividade por três modos coordenados) à
criação de um centro de focalização ou forma dentro da cabeça do mago. A energia
que flui através deste ponto focal atua através de três agentes de distribuição
e dai todos os três estarem envolvidos em todo trabalho mágico.
1. O olho direito, através do qual a energia
vital do espírito se pode expressar.
2. O centro da garganta, através do qual a
Palavra, o segundo aspecto ou a alma se expressa.
3. As mãos através das quais a energia
criativa do terceiro aspecto trabalha.
O Mago Branco trabalha com os olhos abertos,
a voz proclamando e as mãos conferindo.
Estes pontos são de interesse técnico para o
experimentado trabalhado na magia, mas de interesse simbólico somente para os
aspirantes para quem estas palavras são dirigidas.
“Que a
visão interior possa ser nossa, que o olho veja claramente a glória do Senhor,
a voz fale somente para abençoar e as mãos sejam usadas somente para ajudar”,
pode bem ser a prece de cada um de nós.
Fonte: Um Tratado Sobre Magia Branca - D.K./AA Bailey
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Rayom Ra
http://arcadeouro.blogspot.com.
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