sábado, 15 de abril de 2017

Magia - A Grande Ciência


  Segundo Deveria e outros orientalistas “as nações mais antigas, mais cultas e ilustradas, consideravam a Magia como uma ciência sagrada inseparável da religião(1) Os egípcios, por exemplo, constituíam-se em um dos povos mais sinceramente religioso, como eram e ainda são hoje em dia os indus. “A magia consiste no culto dos deuses, e se a adquire mediante esse culto”, dizia Platão. Como, pois, uma nação que, graças ao irrecusável testemunho de inscrições e papiros, fazendo assim provar que havia crido firmemente na Magia durante milhares de anos, podia ter sido induzida ao erro por espaço de tanto tempo? É provável que gerações após gerações de uma hierarquia ilustrada e piedosa, muitas das quais levaram uma vida de martírio próprio, de santidade e ascetismo pudessem continuar a enganarem-se a si próprias e enganando ao povo (ou tão somente a este último), por prazer de perpetuar a crença nos “milagres?”.

  Dizem que os fanáticos são capazes de qualquer coisa para inculcar a crença em seu deus e em seus ídolos. Porém, a isso contestaremos que em tal caso os brahamanes e os rekhget-amens ou hierofantes egípcios não houvessem popularizado a crença no poder do homem mediante as práticas mágicas, para disporem dos serviços dos deuses; deuses que na realidade não são outra coisa que as potências ocultas da natureza, personificadas pelos mesmos sacerdotes instruídos, em que eles veneravam tão somente os atributos do Princípio Uno desconhecido e sem nome.

  Como expressa muito notadamente Proclo, o platônico: “Quando os antigos sacerdotes consideravam que existia certa aliança e simpatia mútua entre as coisas naturais e entre as coisas manifestas e os poderes ocultos, e descobrissem que todas as coisas subsistem no todo, fundaram desta mútua simpatia e similitude uma ciência sagrada.... e aplicaram para fins ocultos tanto a natureza celestial quanto a terrestre, graças as quais, e por efeito de certa similitude, deduziram a existência de virtudes divinas nesta mansão inferior”.

  A Magia é a ciência de comunicar-se com potências supremas e supramundanas e dirigi-las, assim como de exercer comando sobre as de esferas inferiores; é um conhecimento prático dos mistérios ocultos da Natureza, conhecidos unicamente por uns poucos, por razão de serem tão difíceis de aprender sem incorrer em pecados contra a Natureza.

  Os místicos antigos e os da Idade Média dividiam a Magia em três classes: Teurgia, Goécia e Magia Natural. “Desde há muito tempo, a Teurgia tem sido apropriada como a esfera particular dos teósofos e metafísicos, disse Kenneth Mackenzie. A Goécia é magia negra e a Magia natural ou branca se tem elevado saudável com suas asas a uma alta posição de um estudo exato e progressivo”. Os comentários colocados por nosso copioso e sábio irmão são dignos de atenção.

  Os desejos materiais, realistas dos tempos modernos, têm contribuído para desacreditar a Magia e pô-la no ridículo. A fé (em si mesmo) é um elemento essencial na Magia, e existia muito tempo antes de outras ideias que presumem sua preexistência. Tem-se dito que se requer de um sábio para se fazer de louco e as ideias de um homem devem ser exaltadas quase até a loucura, isto é, as aptidões de seu cérebro terão de aumentar até um nível muito mais elevado que o baixo e miserável estado da civilização moderna, antes que ele possa converter-se num verdadeiro mago; por que ele, ao ir-se em busca desta ciência, implica a certo grau de isolamento e abnegação.

  Um isolamento muito grande, por certo, na sua realização constitui-se por si só num fenômeno maravilhoso, num milagre. Por outro lado, a Magia não é nenhuma coisa sobrenatural. Segundo expõem Jâmblico: “eles, por meio da teurgia sacerdotal, declaram que podem remontar às Essências mais elevadas e universais e até aquelas que estão sobre os destinos, isto é, até Deus e o Demiurgo, sem fazer uso da matéria nem assumir coisa alguma, exceto a observação de um tempo razoável”.

  Alguns já começam a reconhecer a existência de poderes e influências sutís na Natureza, do que até agora nada sabiam. Porém, como justamente notou o doutor Carter Blake: “o décimo nono século não é aquele que tenha observado a gênesis dos novos métodos do pensamento nem a consumação dos antigos” ao que adita Mr. Bonwich: “se os antigos sabiam muito pouco de nosso modo de investigação dos segredos da Natureza, nós sabemos menos ainda daquilo que empregavam.

  - [Magia: Sabedoria: a Ciência e Arte de utilizar conscientemente poderes invisíveis (espirituais) para produzir efeitos visíveis. A vontade, o amor e a imaginação são poderes mágicos que todos possuem, e aquele que sabe a maneira de desenvolvê-los e servir-se deles de um modo consciente e eficaz, é um Mago.

  Aquele que os emprega para o bem pratica a magia branca; e o que os usa para fins egoístas ou maus é um mago negro. (2) Paracelso, emprega a palavra Magia para designar o mais elevado poder do espírito humano para governar todas as influências exteriores com o objetivo de fazer o bem. A ação de servir-se de poderes invisíveis para fins reprováveis o denomina de necromancia, por que os elementais dos mortos são frequentemente utilizados como meio de transmitir más influências. A feitiçaria não é Magia. Fala-se desta na mesma relação que as trevas detêm com a luz. A feitiçaria trata das forças da alma animal; a Magia trata do poder supremo do Espírito. (F. Hartmann)].

   (1) A respeito desta colocação, os ensinamentos da igreja cristã sobre um mundo espiritual superposto ao mundo físico da maneira como são passados, para muitos estudantes de magia é algo desprezível mantido por pessoas ignorantes, bem diferentes de uma realidade científico-espiritual somente encontrada em grandes e tradicionais escolas de mistérios. Nada mais enganoso e discriminatório, em relação aos maus estudantes daquelas boas escolas, pois no Velho e Novo Testamentos são encontradas iniludíveis referências da simbologia oculta que magos entendiam, a começar por Moisés que escreveu o Pentateuco.
  A magia está não somente embutida em toda a simbologia da Igreja, mas também claramente assente na sua liturgia e muito mais especialmente, na missa, copiados todos esses básicos modelos da antiga gnose como forças em si mesmas, sendo peças importantes e incontestes na infraestrutura da igreja de Cristo na Terra. 
  O estudante de magia que despreza qualquer derivação ou denominação da igreja cristã, por acha-la estúpida e idólatra, enredada no mercantilismo da fé e artífice dos inomináveis crimes praticados contra a humanidade, precisará antes de tudo entender que o cristianismo atravessou uma era negra da humanidade, em que grandes representantes de Deus na Terra precisaram em muito ocultarem-se das forças opressoras por que a humanidade necessitava viver nela mesma o seu resgate cármico acumulado, conforme bem alertou Jesus ao dizer: “Não penseis que vim trazer paz a Terra, não vim trazer a paz, mas a espada”. Entendamos aqui onde está o ensinamento oculto e onde está a profecia terrena.
  Os mansos e sábios que se ofereceram ao mundo e que de tempos em tempos foram supliciados e martirizados pelos déspotas mandatários, a isto desejaram passar para que o exemplo da fé trazida pelo Maior de Deus, que encarnou a verdadeira Luz, fosse reforçado e lembrado sem véus, pois além de suas corajosas pregações, dos amargores e traição, foi cruelmente crucificado pelos homens sem luz, perdoando-os.
  Lembremos também que homens com indignas participações sacerdotais na necessária religião cristã, sabotaram os mais coerentes princípios esposados pelo Grande Mestre e Profetas inspirados, sendo hoje, muitíssimos deles, pela lei de causa e efeito, os ancestrais de suas próprias e atuais encarnações. (Rayom Ra)

  (2) Neste particular é sabido que os praticantes da magia branca usam os poderes da natureza na curva ascendente do arco de manifestação da Vida, na forma de elementos positivos em evolução. O mago negro utiliza-se dos poderes descendentes do arco para seus atos nefandos. Sabemos que o arco compreende de um lado as forças e hierarquias de seres elementais que descem para a formação dos planos ou dimensões, trazendo nele a natureza “involucionária” na sua polaridade negativa. Opostamente, o outro arco leva para cima todos os habitantes de reinos e hierarquias de seres elementais nas suas realidades evolucionárias, após incontáveis eras de experiências e avanços. (Rayom Ra)

  Fonte: Glosario Teosofico por HPB
  Tradução Espanhol/Português – Rayom Ra

Rayom Ra
      http://arcadeouro.blogspot.com. 

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