domingo, 15 de janeiro de 2017

Nirmânakâya, Sambhogakâya, Dharmakâya - As Vestiduras de um Buddha

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  NIRMÂNAKÂYA é uma coisa inteiramente distinta, em filosofia esotérica, do significado popular que se dá a esta palavra e das ideias dos orientalistas. Alguns denominam o corpo Nirmânakâya “Nirvana com restos” (Schlagintweit e outros), no suposto, provavelmente, de que é uma espécie de condição nirvânica, durante a qual se conservam a consciência e a forma. Outros dizem que é um dos Trikâyas (três corpos), com o “poder de adquirir qualquer forma aparente para propagar o Budismo” (segundo opina Eitel); e também que é “o avatar encarnado de uma divindade” e assim sucessivamente.

  O ocultismo, por outro lado, diz que Nirmânakâya, ainda que signifique literalmente um “corpo” transformado, é um estado ou condição. A forma é a do adepto ou yogue que elege ou entra em dito estado post mortem com preferência à condição de Dharmakâya, ou estado nirvânico absoluto.

  E obra assim, por que o último kâya (corpo) se afasta para sempre do mundo da forma, conferindo-lhe um estado de bem-aventurança egoísta, da qual não pode participar nenhum outro ser vivente, uma vez que o adepto queda, desse modo, privado da possibilidade de ajudar a humanidade, ou mesmo aos devas.

  Como Nirmânakâya, entretanto, o homem deixa atrás de si somente o seu corpo físico e conserva todos os demais “princípios”, exceto o kâmico (desejos), por que o há extirpado para sempre de sua natureza, durante a vida, sem que possa jamais ressurgir em seu estado post mortem. Assim, pois, em vez de entrar em uma bem-aventurança egoísta, elege uma vida de auto sacrifício, uma existência que termina somente com o ciclo de vida a fim de poder ajudar a humanidade de um modo invisível, porém sumamente eficaz.

  Portanto, um Nirmânakâya não é, como se crê vulgarmente, o corpo “com que um Buddha ou Bodhisattva aparece na Terra”, senão aquele que seja um chutuktu ou um khubilkhan (termo tibetano significando uma encarnação de Buddha ou de algum Bodhisattva, como se crê no Tibet, onde há geralmente entre os lamas superiores cinco Chutuktus manifestos e dois ocultos), um adepto ou um yogue durante a vida, que se haja convertido desde então em um membro daquela Hoste invisível, que sem cessar vela sobre a humanidade e a protege dentro dos limites cármicos.

  Tomado, em comum, erroneamente, como sendo um Espírito, um Deva, por Deus mesmo, etc., um Nirmânakâya é sempre um anjo protetor, compassivo, um verdadeiro anjo guardião para aquele que se faz digno de sua ajuda. Quaisquer que sejam as objeções que possam apresentar contra essa doutrina, e por mais que se negue, e para se dizer a verdade, até agora nunca se tenham tornadas públicas na Europa, e, por conseguinte, posto que sejam desconhecidas dos orientalistas, devam ser necessariamente “um mito ou invenção moderna”; e ninguém se atreverá dizer que esta ideia de auxiliar a humanidade doente, a custo de quase interminável sacrifício de si mesmo, não seja uma das maiores e mais sublimes que haja saído do cérebro humano.

  Nirmânakâya, literalmente, corpo, envoltura ou vestidura livre de egoísmo, é aquele que tenha chegado a sobrepor-se á divina ilusão de um devachani (habitante do Devachan). Tal adepto permanece no plano astral (invisível) relacionado com nossa Terra, e desde então obra e vive possuindo todos os princípios, à exceção do kâma-rupa (corpo de desejos) e do corpo físico.

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  SAMBHOGAKÂYA, uma das três “Vestiduras” gloriosas, ou corpos, obtidos pelos ascetas no “Caminho”. Algumas seitas consideram este corpo como o segundo, ao passo que outras o consideram como o terceiro dos Buddhakchetras ou formas de Buddha.

  Significa literalmente: “Corpo de Compensação”. De tais Buddhakchetras há sete, dos quais os de Nirmânakâya, Sambhogakâya e Dharmakâya pertencem ao Trikâya ou tríplice qualidade.

  O Sambhogakâya possui todo o grande e completo conhecimento de um Adepto e todas as qualidades de um Nirmânakâya, porém com o brilho adicional de “três perfeições”, uma das quais é a completa obliteração de tudo quanto concerne a Terra.

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  DHARMAKÂYA, literalmente, “o corpo espiritual glorificado”, conhecido com o nome de “Vestidura de bem-aventurança”.

  É o terceiro, ou o mais elevado dos Trikâyas, atributo desenvolvido por todo o “Buddha”, ou seja: todo o Iniciado que tenha cruzado ou alcançado o fim do chamado “quarto Sendero” (no esoterismo, o sexto “portal” que precede a sua entrada no sétimo).

  É o mais elevado dos Trikâyas e o quarto dos Buddha-kchetra, ou planos búdicos de consciência, representados figuradamente no ascetismo búdico como uma roupagem ou vestidura de luminosa espiritualidade. No budismo espiritual do Norte, estas vestiduras ou roupagens são: Nirmânakâya, Sambhogakâya e Dharmakâya, esta última a mais elevada e sublime de todas, porquanto põe o asceta em um umbral do Nirvâna. Sem dúvida, para o verdadeiro significado esotérico, veja-se o que diz a Voz do Silêncio:

  1º. O corpo, vestidura ou forma Nirmânakâya é aquela forma etérea que alguém adotaria no momento em que, abandonando o seu corpo físico, aparecesse em seu corpo astral, possuindo, por acréscimo, todo o conhecimento de um Adepto. O Bodhisattva vai desenvolvendo esta forma em si mesmo à medida que avança no caminho. Uma vez alcançada a meta, depois de recusar a fruição da recompensa, continua na Terra como Adepto: e quando morre, em lugar de encaminhar-se ao Nirvâna, permanece naquele corpo glorioso que tenha tecido para si próprio; invisível para a humanidade não iniciada, a fim de velar por ela, protege-la e guia-la pelo caminho da Justiça.

  2º. Sambhogakâya, ou “corpo de Compensação”, é o mesmo que Nirmânakâya, porém com o brilho adicional de “três perfeições”, uma das quais é a completa obliteração de tudo quanto concerne a Terra.

  3º. Dharmakâya é o de um Buddha completo, ainda que propriamente não seja um corpo de modo algum, senão tão somente um sopro ideal; a consciência abismada na Consciência Universal, ou a Alma livre de todo atributo. Uma vez Dharmakâya, o Adepto, ou Buddha, abandona atrás de si toda a relação possível com esta Terra e a todo pensamento com ela ligado. Assim é que, para poder ajudar a humanidade, o Adepto que tenha adquirido o direito ao Nirvâna, “renuncia ao corpo Dharmakâya”, segundo a fraseologia mística; não conserva de Sambhogakâya outra coisa que o vasto e completo conhecimento, e permanece em seu corpo Nirmânakâya.

  A escola esotérica ensina que Gautama Buddha, com vários de seus Arhats, é um Nirmânakâya deste gênero, um “Buddha de Compaixão”, e que não se conhece nenhum que seja mais elevado que ele, por razão de sua grande renúncia e sacrifício para o bem da humanidade.

Fonte: Glosario Teosófico, por H.P. Blavatski
Tradução Espanhol/Português: Rayom Ra
  
Rayom Ra
  http://arcadeouro.blogspot.com.br

             

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