terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A Natureza e a Mãe Divina - (2)



O SENTIDO DA VIDA

  Este planeta inteiro e todas as formas de vida nele contidas é uma grande pirâmide de coisas vivas, porém nós não estamos no pináculo. O organismo humanoide é somente um degrau. Sinto muito desapontar-lhes de suas ilusões sobre os seres humanos como as coisas maiores no mundo. Eles não são. O organismo humanoide é um navio. É o que ele é. Não o teremos por muito tempo. Deveríamos tê-lo por alguns dias a mais, ou meses, ou anos. Ninguém sabe quanto tempo temos de vida. 

  O organismo humanoide é um vaso que canaliza e transforma forças, do mesmo modo que cada um dos demais corpos recebe, transforma e transmite energia. Os minerais fazem isso: também as plantas e os animais. O organismo humanoide não é diferente. Mas nós raramente tocamos nesta verdadeira potência de transformar energia. Isso por que nossas mentes são verdadeiras bagunças. Psicologicamente, somos um desastre. A fim de aproveitarmos o poder total do organismo humanoide, temos de usá-lo sabiamente, mas com as mentes que possuímos não fazemos isso sabiamente. Ao invés, abusamos dele até que morra e o resultado é que nossas almas, habitantes dos corpos, recebem as consequências desse abuso.

  Eis porque, não faz muito tempo, um grande encontro aconteceu nos mundos internos entre aquelas divindades que são responsáveis por guiar a humanidade, e todas as evidências foram colocadas à mesa. O julgamento deu em que esta humanidade falhou. Então, o final dos tempos está diante de nós. É uma simples verdade já predita em todas as religiões do mundo. Estamos no começo deste final por que a humanidade falhou.

  Exatamente como no reino mineral um pequeno número daquelas sementes embrionárias da consciência teve suficiente força e sabedoria para graduar-se alcançando o reino animal. Mesmo uns poucos do reino animal tiveram a força, a sabedoria e o desenvolvimento para emergirem de animais e se tornaram humanoides, ou animais intelectuais. Porém, agora, nesse útero, muito poucos têm a força e a sabedoria para deixarem de ser animais e se tornarem anjos, verdadeiros mestres. Muito poucos

  A maioria das sementes na humanidade já está perdida – está por demais corrompida e degenerada. Então, a natureza, em seu grande amor por todas as coisas vivas, absorverá aquelas sementes por meio de uma de suas faces Kali Ma, Durga, Persephone, Hecate, a Morte-Mãe Divina, que estão à frente dos mundos infernais. Ela tomará todas aquelas almas decaídas, sementes que falharam, e as reciclará, purgando-as de todas as suas impurezas de modo que um dia, em muitos milhares de anos futuros, possam tentar de novo, estando outra vez puras. Isto que é o inferno: reciclagem de energia pela natureza. Este planeta inteiro já está afundando naquilo.

  Quando aquelas forças descem da Árvore da Vida, conforme vemos, as coisas começam a ficar mais complicadas. A uma determinada altura, ao Absoluto, ao Ain Soph, a Kether, a vida é muito simples. É uma só, unida. É Deus. Nível a Nível, descendo as sefirotes, a vida vai se tornando mais complexa. As Três Leis se tornam Seis Leis, Doze Leis, por toda a descida, até que alcancemos o mundo físico, que deve ter Quarenta e Oito Leis modificando a existência desse mundo. Podemos ainda sentir a simplicidade da vida (de 48 leis) se sairmos da cidade. Se formos para o interior as coisas se tornam mais amenas, mais simples, sem complicadores. Mas quando entramos para a cidade fica tudo muito complicado, muito confuso, pesado, muito denso. Assim é por que as pessoas com suas mentes complicadas refletem as leis que as regulamentam e todas as mentes dos humanoides residem no inferno, por que nossas mentes são cheias de raiva, luxuria, ambição, gula e mais coisas. Essas são todas forças mecânicas complicadas que reverberam em nosso meio ambiente e quanto mais caírmos vítimas delas, mais as fortalecemos; por consequência, tornamos também a vida bem mais complicada. E desde que ficamos todos juntos nas cidades, e nos infectando mutuamente, a vida vai afundando cada vez mais. As leis estão afundando em um plano abaixo, acima de Malkuth, dentro do abismo onde cada nível do inferno se torna pior, mais e mais denso, mais e mais complicado – uma vez que todas aquelas pressões estão lá a fim de purificar as almas; de purga-las.

laws of nature

  Dessa maneira, aquilo que em nosso mundo achamos tão bom, maravilhoso e admirável está realmente afundando e será destruído pela natureza, purgada. Nada permanecerá. Nada.

  Para além deste profundo útero da humanidade, a umas poucas sementes será dado o correto direito de serem iniciadas a um novo nível de vida. Não todas as sementes. Não é um direito dado automaticamente a todas as almas, uma vez que para alcançar um novo nível, cada um tem de escapar da natureza mecânica. Aquele que se move dentro da natureza consciente, para verdadeiramente se tornar Adão, um homem feito à imagem de Deus, que pode comandar as plantas, os animais e os minerais, que possa criar vida, possa organizar a vida, ajudar os outros; esse é um mestre, é Adão, um ser humano real. É um processo através do qual aquele alcança a perfeição, estágio por estágio. Não é nada fácil.

  Os cientistas sabem que somente usamos uma pequena fração do que o corpo realmente tem dentro dele. Eles divergem em suas avaliações. O próprio cérebro é somente usado por nós entre três a cinco por cento de sua capacidade. Alguns avaliam em dez por cento, mas achamos que é menos dado ao comportamento do que podemos observar. E acerca de nossas glândulas? Há muitas coisas em nossos corpos que ignoramos, muitos poderes, muitas habilidades. Temos ouvido histórias de algumas pessoas que aprenderam como usá-los, visto que podemos aprender como fazer isso.

OS CORPOS DA ALMA

  Nosso corpo físico, na cabala, é chamado Malkuth. Isso significa “o reino”. Temos um corpo físico segundo o reino a que pertencemos. Todos nós temos corpos humanoides. Estamos no reino humanoide. Nosso próprio Malkuth é humanoide, não é ainda humano. Esse corpo tem sua fisiologia. Ele tem uma coluna espinhal. Tem três sistemas nervosos. Tem um sofisticado e muito belo conjunto de órgãos e sistemas que recebem energia, a transformam e a transmitem. Entretanto, não temos controle sobre ele. Tudo dentro de nós acontece automaticamente, mecanicamente, sem qualquer conhecimento ou intervenção de nossa parte. O que queremos, de fato, é comer, beber, dormir e ter sexo sem, entretanto, sabermos por quê.

  Entretanto, o corpo físico é somente um aspecto do que nos faz uma entidade viva. O corpo físico existe por que tem um aspecto que chamamos de corpo vital, o corpo de energia. Ele pode ser chamado de corpo etérico, ou o corpo de Chi, ou Prâna. É o corpo em que os acupunturistas trabalham ou as pessoas com Chi kung. Eles trabalham com esse corpo de energia que potencializa o corpo físico. Esses dois não podem estar separados em termos de existência. O corpo físico e o corpo vital são realmente um em duas partes. E o que é interessante aqui: dissemos-lhes anteriormente que a vida veio descendo através de dimensões e o corpo vital está na quarta dimensão. Não está aqui na terceira dimensão, diretamente. Ele é multidimensional no sentido de que esta energia é a que potencializa nosso corpo físico. Ao sentirmos nosso braço ou perna adormecer, estaremos sentindo uma separação entre esses dois aspectos: o vital e o físico. Quando uma amputação remove um braço ou uma perna e a pessoa ainda sente seu braço ou perna, ela está sentindo o corpo vital que ainda está lá.

five bodies of the soul on the Tree of Life

  O corpo vital está na quarta dimensão, que chamamos Éden. É nesse onde está toda a nossa energia e forças. Superior a isso, na quinta dimensão, temos o corpo astral e o corpo mental relacionados com Hod e Netzach na Árvore da Vida. O corpo emocional, o corpo astral, está relacionado com nossas emoções e sentimentos. Está relacionado com o coração. O corpo mental é o corpo do pensamento relacionado com o cérebro, a mente.

  Acima disso, existe o que é chamado um corpo causal, o corpo da força de vontade, o corpo da consciência, da vontade consciente. Infelizmente, nenhum de nós já tem esses corpos de forma completa. Temos sombras deles, embriões.

  Ao longo do processo de nossa evolução através dos três reinos menores, a natureza esteve elaborando esses corpos internos para nós. Nossa alma – a nossa essência, a nossa centelha de consciência – foi um excerto da sefirote de Tiphereth. É a vontade consciente, porém simples. Àquela centelha, quando inicialmente emerge na natureza, lhe é dada o corpo mental, o corpo astral, o corpo vital e o corpo físico. Esses são presentes da natureza. A Mãe Divina diz: “Eis aqui os vasos que você necessita, os veículos de que necessita. Essa é sua mente, seu coração, seu corpo”. Nós os denominamos protoplásmicos, pois eles são uma modificação de forças na natureza que agora nos são ofertados. Eles não nos pertencem.

  No curso de milhões de anos aquela essência habita os corpos protoplásmicos, toma corpos físicos e gradualmente evolui como um mineral, uma planta, um animal até, eventualmente, ganhar o direito de entrar no reino humanoide. Aquela (essência) humanoide – vocês e eu – com seus velhos corpos entra em corpos físicos humanoides, os presentes da natureza, e carrega neles todas as nossas memórias,  todas as nossas histórias, todos o nosso conhecimento neles. Bem, pelo menos isso é como seria se fôssemos uma inocente humanidade que estivesse no caminho do Jardim do Éden quando pela primeira vez emergimos em corpos humanos. Mas não somos mais uma inocente humanidade. Descobrimos o desejo. Ficamos seduzidos com o poder, com a luxúria. E no curso de milhares de anos criamos egos, infectando esses corpos protoplásmicos com todo o nosso carma.

  Vemos então que esses corpos protoplásmicos são vasos para nossas almas. Porém, esses corpos são nossas mentes. O que pensamos, os pensamentos que sentimos, fluem de nosso corpo mental protoplásmico lunar. As emoções e sensações que sentimos em nossos corações fluem de nosso corpo astral protoplásmico lunar. As energias de nossos corpos, os instintos, os estímulos que nos impelem fluem de nosso corpo vital lunar, dentro de nosso corpo físico lunar. Tudo isso é estimulado por todos aqueles comportamentos, hábitos e desejos que foram desenvolvidos através de nossas passagens pelos três reinos inferiores. Então, somos animais dentro de um carro sofisticado, dirigindo por aí como malucos.

  Um Mestre é alguém que conquistou tudo isso; conquistou e aprendeu como transformar em alguma coisa diferente. A chave está dentro do corpo. Cada corpo tem uma coluna espinhal. O corpo físico tem uma coluna espinhal. O corpo vital tem uma; idem, o corpo astral, o corpo mental e o corpo causal. Vemos que todos esses corpos são reflexos de um no outro através de diferentes dimensões. A natureza trabalha sobre modelos.

A COLUNA ESPINHAL E KUNDALINI

A espinha é onde tudo em nós está organizado. Essa é a nossa Árvore da Vida. Essa é a nossa Árvore do Conhecimento. É a nossa espinha. Nossos sistemas nervosos, nosso cérebro, nossas habilidades em perceber, ver, tocar, andar, correr, comer, fazer cada coisa; tudo flui dentro e fora de nossa coluna. Não podemos ficar vivos sem uma espinha; não podemos funcionar. É o pilar central de nosso templo. Entretanto, realmente não a compreendemos, o que realmente ela seja, o que pode fazer, o que está oculto no interior dela.

 
spinal column and kundalini

  A Mãe Divina cria esses corpos para nós – nos dá esses vasos. Então, recebemos instruções em como usá-los. Essas instruções estão codificadas em nossas religiões. Estão em nossas consciências se soubermos como recuperá-las. Não temos de obtê-las de um livro. Podemos obtê-las diretamente de nossa Mãe Divina.

  O que nos deparamos quando examinamos aqueles reinos é que os reinos mineral e vegetal usam toda a energia neles mesmos, de um modo bastante balanceado e eficiente, a fim de apressar seus desenvolvimentos. O reino animal, também, nesse mesmo modo, seguindo o curso de seu desenvolvimento, usa suas energias segundo as leis nele aplicadas.

  Porém, há uma grande mudança que acontece na transição entre esses reinos. No reino mineral há sempre uma troca de forças – positiva e negativa. Os minerais combinam-se e recombinam-se a fim de criar novos componentes, novos elementos. E vemos isso em todos os diferentes modos em que mensuramos forças nos minerais – eletricidade e magnetismo, acidez, e aqueles tipos de forças que sempre têm uma polaridade positiva e uma negativa. Vemos o mesmo no reino vegetal. Nele vemos a emergência da sexualidade em muitos níveis, de assexuados a sexuados, mas nesse reino também vemos que quando sexuais vão somente a certo grau.

  Assim, vemos que, por todos esses reinos, a sexualidade começa mais ou menos simples e avança através de mais e mais formas sofisticadas de combinações, até chegar ao reino humanoide.

  No reino humanoide deste planeta nós esquecemos a lei cósmica. Ao reino animal é dada a lei do instinto e eles seguem as instruções de seu mais profundo íntimo ao obedecer aquele instinto. Eles somente usam suas forças sexuais segundo seus instintos, que na maioria dos casos é para a propagação. Eles somente usam o processo para procriar um filho, é isso. Não o usam todos os dias para diversão.

  Daí que quando aquelas almas graduam-se alcançando o reino humanoide são dadas a elas novas leis. Tornando-se humanoides aquelas forças precisam ser operadas e transformadas. Aquelas leis estão relacionadas com a castidade. A ciência daquelas leis é chamada Tantra ou Alquimia. É o método pelo qual um organismo humanoide usa todas as energias e forças geradas nos órgãos sexuais, as transforma, as eleva pela coluna sexual da espinha a fim de nutrir o cérebro e o sistema endócrino, a fim de desenvolver plenamente o cérebro.

  Isso é o mais antigo e belo segredo que uma vez foi chamado a Arca, nas tradições judaico-cristãs. A Arca é realmente A Aron Kadosh “a caixa sagrada”. Essa Arca é Tantra, ou Alquimia. É a ciência de tomar aquelas forças e combinando um homem com uma mulher, combinam aquelas forças, retendo-as, a fim de transformá-las e enviá-las para cima da espinha.

  O que é aquela energia? Por que ela é necessária? Aquela energia é a Mãe Divina. Em cada nível da vida, em cada reino, ela cria através do sexo. O grande poder da Mãe Divina é o seu útero. É isso que a faz ser o que ela é, do nível cósmico ao nível atômico. O poder da mãe está em sua habilidade de fazer um filho, criar vida.

  Porém, a Mãe Cósmica não pode fazer isso conosco na medida em que permaneçamos um animal. Se permanecermos como um animal, ela pode somente criar animais através de nós. Assim era, do porque no passado ser dada uma pista à alma que trabalhava seriamente no desenvolvimento espiritual. Uma vez despertada a consciência, uma vez alcançado certo grau espiritual de qualquer tradição, era dada a chave, o conhecimento secreto, o mais elevado tantra: a transmutação sexual, a castidade científica. É o primeiro mandamento – não fornicar, mas tomar aquelas forças, usá-las; entretanto sob a vontade divina, não na vontade animal; era tomar aquelas energia interiores e dá-las a Mãe Divina. Com isso, ela podia criar alguma coisa acima do animal.

  Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
  Disse-lhe Nicodemos: Como um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mâe, e nascer?
  Jesus respondeu: Na verdade na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito.. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vós é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves à sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele nascido do Espírito”. João 3.

  Se quisermos nascer de novo, precisamos tomar o espírito e a água. Aquele espírito é o Daemon, espírito em grego. Aquele espírito é o poder criativo da Mãe Divina. A água é sexual, o mayim em hebreu; as águas do Gênesis, criação. Aquelas águas são sexuais.

  A Mãe Divina cria minerais através de suas forças sexuais. Ela cria plantas através de suas forças sexuais. Ela cria animais através de suas energias sexuais. Ela cria mais animais sexuais como nós através de nossa sexualidade animal. Mas como ela pode criar um anjo? Como ela pode criar um Mestre, um Buda? Através da luxúria? Obviamente, não. Como viria um Deus através da luxúria, raiva ou orgulho?

  Se nossa tradição de luxúria e fornicação é tão grande, então por que estamos em tamanha prostituição? Viemos de milhões de anos com luxúria e inveja. Não criamos mais quaisquer anjos e os poucos emergentes decorreram por que tinham conhecimento secreto. Eles conquistaram a si mesmos, auto purgando-se de toda aquela sujeira.

  A energia sexual é a própria Mãe Divina. É o seu poder: chamamos isso kundalini. Chamamos isso a Mãe Divina Kundalini. Devi Kundalini, a Deusa Kundalini. Algumas pessoas falam disso como sendo exatamente uma energia na natureza. Mas não é. Não é uma energia mecânica. Não podemos liga-la e desliga-la como a um interruptor. Não podemos engana-la. Há grande número de pessoas achando que se for a certo ashram e pagar determinado valor em dinheiro, pode despertar seu kundalini em duas semanas. Isso é óleo de cobra: mente e frauda. Não podemos enganar a Mãe Divina. Ela nos conhece há milhões de anos; conhece nossos caminhos. Ela somente nos dará o que merecermos – nada mais, nada menos.

   Pois, para ela nascer em nossa espinha será para nos dar Seu poder. Podemos imaginar isso? Podemos sinceramente acreditar que merecemos manobrar o poder da Mãe Divina? Perguntemos-nos: merecemos? O que faríamos se nos fosse dado tal poder, com nossas mentes como são agora: o que faríamos com ele? Alimentaríamos nossa luxúria? Nosso orgulho? Transformaríamos-nos em pessoas importantes? Tentaríamos ser famosos; obtermos poderes no mundo; conseguirmos dinheiro? Sim. É exatamente aquilo que faríamos.

  Por que a Mãe Divina nos daria aquele poder quando houvéssemos provado que não temos interesse em ajudar o planeta, em ajudar os outros, nossos irmãos e irmãs dos demais reinos? Queremos matá-los a todos; conquistá-los, queremos consumir tudo que alimente nossos desejos. Não nos importamos com nada exceto com nossos desejos, então por que ela nos daria aquele poder?

  Ainda assim, há milhares de livros; há grupos e escolas que ensinam podermos despertar nosso kundalini e obtermos aquele poder, sendo nós, exatamente, o que somos agora. Bem, direi a vocês um segredo que desejaria esconder-lhes: sim, é possível obterem aquele poder naquilo que eles ensinam e que esteja relacionado com o kundalini, porém, estará invertido. Não é o poder divino. Lembremos-nos de que todas as forças da natureza estão polarizadas – são energias polarizadas. Então, do mesmo modo que podem elevar-se pela espinha, podem também fluir para baixo.

  O fluxo para baixo da energia é a cauda do demônio. Eis por que demônios são descritos com caudas. A cauda representa os seus poderes animais ativos e inflamados pela luxúria, orgulho, inveja, etc. Podemos ter facilmente aquele tipo de poder, bem fácil. É tão simples quanto lermos um par de livros, aprendermos um par de técnicas, e, instantaneamente, podermos então trabalhar com aqueles poderes por que todos nós estamos muito próximos da ponta de assim nos tornarmos, por direito: demônios despertos, devido aos nossos egos, aos nossos desejos, orgulho e luxúrias.

  Entretanto, subir não é fácil – é muito difícil. Cada simples passo ao longo da coluna espinhal é acompanhado de testes, ordálias. Precisamos nos pôr a provas, temos de conquistarmos a nós próprios. Nada nos espaços superiores nos é dado de graça. Se algo nos vem muito fácil é porque nada vale. O que seja de valor é custoso; ou seja, conquistar o status de um Anjo exige pagarmos um preço e aquele preço é a eliminação de tudo dentro de nós que seja contrário ao estado angélico.

  O positivo, o kundalini que flui para cima, deve passar através de cada vértebra da espinha. Cada simples vértebra de nossa coluna espinhal representa testes – testes psicológicos; testes de desejos, orgulhos, luxúrias, medos, invejas, gulas, cobiças e de todos os elementos que temos interiormente. Quando passamos em um teste recebemos aquela força. Passo a passo podemos galgar os trinta e três degraus. Temos ouvido sobre os trinta e três anos da vida de Jesus, os trinta e três degraus dos Franco Maçons.  Aqueles são símbolos dos degraus que temos de escalar na espinha, trazendo aquela energia de volta a Deus, nos purificando de todos os nossos elementos animais.

  Elevar o kundalini é um processo sexual; é onde nascemos de novo. O que seja nascer é a alma. Tudo o que é nascido é pelo sexo. Cada coisa viva nasceu do sexo.

  Para entrar naquele processo de nascimento precisamos ter uma esposa. Uma pessoa solteira não pode fazer isso por que sozinha não pode ter um filho. Uma pessoa solteira não pode engendrar uma criança, fazer nascer uma criança. Isso requer um casal. Como é em cima é embaixo. O anjo nasce da castidade, do tantra. Eis porque nas antigas tradições, o mais secreto, o símbolo sagrado de toda religião é um casal unido em um ato sexual; mesmo na cristandade, no judaísmo – que eles agora renegam, entretanto a evidência está lá nas escrituras; podemos aprender sobre isso nos websites gnósticos. O mais antigo símbolo que estava oculto no Santo dos Santos do Templo de Salomão era de dois anjos unidos em um abraço sexual. Os judeus sabem disso. Eles ficam quietos. Quando os romanos viram aquilo disseram que destruiriam o templo por que pensaram que era depravação. Viram pelo modo como eram suas mentes, como se aquilo fosse degenerado como às suas próprias mentes. Não viram como algo sagrado e puro.

  Aquele símbolo sexual codifica o segredo que, um homem e uma mulher trabalhando em cooperação sexual e castidade científica de forças unidas, conjugam, as transformam e a Mãe Divina as toma criando-lhes vida interna. O que é físico é físico; o que é espiritual é espiritual. Ao conduzirmos nossa energia sexual e a transformarmos em espiritual, fazemos nascer espiritualmente. Isso cria a alma.

INICIAÇÃO E CRESCIMENTO ESPIRITUAL

  O que acontece então é que passando pelas ordálias, satisfazendo os testes que a Mãe Divina nos apresenta, pouco a pouco elevamos a força do kundalini na coluna espinhal. Despertamos os chackras ao longo da coluna. Despertamos todos os poderes ocultos do ser humano real. Em outras palavras, começamos a voltar ao Éden, a recuperar nosso lugar de onde decaímos.

  Há uma espinha em cada corpo. Há uma espinha no corpo físico. Quando aquela energia alcança o topo, recebemos uma iniciação; graduamos-nos para um novo nível. É a Primeira Iniciação dos Mistérios Maiores, o kundalini ou a serpente do corpo físico. Naquele momento, uma conexão é feita com a alma, com nosso espírito, com o profundo íntimo, e nosso Ser interno se torna um Mestre. Conforme vemos, nosso profundo íntimo, nosso Ser, vem trabalhando com nossa Mãe Divina ao longo de todos esses milênios a fim de elevar aquela centelha consciente através de todos os reinos, finalmente alcançando o reino humanoide, a alma humana; e a pessoa em um corpo humanoide, por último aproveita aquela energia e alcança alguma coisa. Aquele profundo íntimo se torna um Mestre – não a pessoa humana, não o corpo físico, não a alma – o profundo íntimo se torna um Mestre, nosso Mestre interno. Isso é nosso Atma, nosso Chesed, nosso Buda interno.

  Entretanto, isso é somente o início. O mesmo processo tem então de acontecer no corpo vital. Aquelas energias têm de se elevar pela coluna espinhal do corpo vital, e trinta e três degraus de testes e ordálias têm de se passar. E novamente com o corpo astral e novamente com o corpo mental e o corpo causal. Cinco serpentes.  Não já vimos um Buda com cinco serpentes sobre sua cabeça? Esse é o significado. 

  Há cinco serpentes relacionadas com esses cinco corpos. Há mais serpentes que essas, porém para nossa palestra de hoje estamos falando somente de cinco Serpentes de Fogo, relacionadas com cinco Iniciações dos Mistérios Maiores. A razão é que a pessoa que opera para elevar aquelas energias da Mãe Divina dentro dela e alcança a Quinta Iniciação dos Mistérios Maiores, torna-se propriamente um Mestre, um Mestre verdadeiro – não um Mestre completo, porém um Mestre que está começando – uma vez que elevou as forças da Mãe Divina para iluminar o seu corpo físico, iluminar sua energia, seu coração, sua mente, e fazer valer e sustentar sua vontade consciente. Essa pessoa tem a Mãe Divina interiormente. Ela é, por fim, uma criança da Mãe Divina. Nos mundos internos ela é um Buda, realmente um anjo, mas não está pronta por que o ego ainda está vivo.

  Vemos assim que este processo por inteiro é imensamente operativo. Há grande número de desafios, muitas ordálias, mas que não estão próximas de eliminar o ego – isso vem depois. Isso trata somente do retorno ao Éden e da criação da alma. Em outras palavras: em cada uma dessas serpentes transcendemos os corpos protoplásmicos, especialmente no terceiro topo: Hod, Netzach e Tiphereth.

  Quando a serpente do kundalini está de pé no corpo astral, o que está realmente acontecendo é que nossa Mãe Divina está criando um novo corpo para nós, a menos que já tivéssemos um. Ela cria um corpo astral solar. Isso, esotericamente, e numa iniciação, é o primeiro aparecimento de Cristo. Cristo primeiro aparece em nós quando criamos o Cristo Astral, o corpo astral solar. Esse é um corpo de ouro. É um corpo que é criado da castidade científica, criado da purificação das forças sexuais, unido com prece, aspiração, sabedoria e inteligência da Mãe Divina. Isso é representado em todas as religiões, quando Athena tem as armas fabricadas na forja por Vulcão para dá-las a Teseu ou Perseu. Aquelas armas representam os corpos solares – a armadura, o escudo, o capacete. Esses são aqueles corpos solares. É a carruagem de Ezequiel; o merkabah dos cabalistas; é o soma heliakon dos gregos, o sahu dos egípcios. É a barca de Ra que atravessa os lagos da paz. É a alma. Esse é um antigo mistério.

  Cada um desses corpos é exatamente um vaso, um veículo como o nosso corpo físico, porém melhor, por que não é feito da fornicação, do pecado. Foram todos feitos de átomos divinos. São corpos de incrível beleza, esplendores e poderes. Eles são adquiridos por uma razão, não por diversão e distração, nem para que possamos ir ao plano astral investigar as vidas de outras pessoas, espiar nossos vizinhos, ou vermos se o que suspeitamos de nossas esposas é verdade. Esses corpos são necessários por que a fim de eliminarmos o ego completamente necessitamos dessas armas – necessitamos de proteção, de armamentos. Se tentarmos penetrar em nossos mundos infernais com nossos corpos protoplásmicos – que estão infectados do ego – não teremos nada com que nos defender, nenhuma proteção – visto que os corpos protoplásmicos estão doentes. Os corpos solares são perfeitos – bem..., em seus caminhos para a perfeição. Os corpos solares são aperfeiçoados nas iniciações das Serpentes de Luz, que vêm depois.

  Um Mestre é aquele que alcançou as Iniciações dos Mistérios Maiores relacionados com a sefira Tiphereth e recebeu a espada. A espada é simbólica. Já ouvimos sobre a espada flamígera que guarda a entrada do Éden. A espada flamígera de qualquer grande Deus ou Anjo é o kundalini. O que a espada representa? Força de Vontade.

  Exatamente agora, nossa vontade como humanidade está em conquistarmos aos demais, apunhalando os outros pelas costas, roubando e mentindo; nutrindo nossa luxúria. Nossa vontade está toda em servir nossa própria vontade. Mas a Mãe Divina dá uma espada flamígera a um Mestre que a servirá, tornando-se um expoente da Vontade Divina. Kundalini é a espada. Isso é algo que é conquistado, que não é dado de graça. É o que a Mãe Divina quer.  Eis por que existimos. É para criarmos a alma, voltarmos para Deus, e avançarmos em nossa evolução.

  Através das Iniciações dos Mistérios Maiores o iniciado transcende as leis mecânicas da natureza. Todos nós, neste momento, somos totais vitimas das leis mecânicas da natureza. Detemos pouco ou nenhum controle sobre o que acontece em nossas vidas, em nossas comunidades e cultura. Não podemos controlar a nós próprios e nem à natureza. Pensamos que podemos, porém uma pequena tempestade ao longo de nossas vidas vem nos demonstrar outra coisa, ou alguém dorme na direção de uma máquina e mata um número de pessoas, ou destrói uma área da natureza por negligência ou estupidez. Sequer podemos controlar nossa natureza interior; somos escravos de nossa natureza animal.

  Um Mestre comanda a natureza. Temos todos ouvido sobre Mestres como Krishna e Moisés realizando milagres; de Jesus trazendo a morte de volta à vida. Todos os profetas no desempenho de milagres; todos os santos, todos os Budas podem voar pelo ar, andar sobre as águas, comandar as chamas, acalmar as tempestades, abrir a terra. Isso por que o poder do kundalini na coluna espinhal de cada corpo os transforma em um sacerdote, um mago, um magista. Magi, ou mag, significa “sacerdote”.

  O triângulo de Netzach, Hod e Yesod na Cabala é chamado de Triângulo Mágico, ou o Triângulo do Sacerdócio por que é aqui que o verdadeiro sacerdote trabalha em benefício de outros. O verdadeiro sacerdote trabalha não em benefício dele próprio. Ele faz isso no exercício de sua vontade sobre as esferas mais baixas; os poderes da vontade consciente estão em Tiphereth, na sexta dimensão. Através da consciente vontade divina ele usa os poderes do consciente pensamento através do corpo mental em Netzach, na quinta dimensão. Através da consciente vontade divina ele usa os poderes do corpo astral – emoção consciente, emoção divina – em Hod. Através da consciente vontade divina ele usa o corpo vital e o corpo físico: Yesod e Malkuth. A Magia é desempenhada nessas esferas. Essas esferas são onde, pela consciente vontade, o mais profundo íntimo trabalha através de Sua alma humana, que somos nós, a fim de beneficiar outros, guiar as almas.

  Toda a natureza é organizada. Os minerais são em grupos, as plantas são em grupos ou famílias: os animais são em famílias e cada família é guiada. Cada família tem um guia. Esse guia, em sânscrito, é chamado um Deva, um Anjo, uma inteligência que é responsável por aquela família a fim de guia-la. Mesmo famílias humanoides têm guias, mas nós os ignoramos. Aqueles que estudaram As Ilíadas hão de lembrar-se de que a família de Priam tinha seus totens, as estátuas de seus deuses da família (deuses penates), a fim de protegê-los quando eles precisavam abandonar Tróia. Aquelas estátuas representavam o anjo guardião daquela família. Todos temos disso. Nossas famílias têm disso e nós como indivíduos temos disso, mas não os ouvimos. Persistimos e insistimos em seguir nossa estupidez, e nossos guias, nossos guardiões, tentam nos ajudar, porém há um limite para o que eles possam fazer. Causa e efeito é ainda a lei. Se atirarmos em nós próprios, morreremos.

  Um Mestre toma seu lugar no ranking daquelas hierarquias que operam na natureza. Um Mestre guia seres em outros níveis abaixo do seu. Seu próprio e profundo íntimo, seu Ser pessoal pode ter relações com certos reinos e se alcançarmos os degraus de mestrado, nosso Ser se colocará em certa posição de ajudar outras almas em diferentes reinos – talvez no mineral, no vegetal, no animal, talvez no humanoide ou no angélico. Existem Mestres que guiam e ensinam os anjos.

  Nosso verdadeiro caminho evolucionário não é o de ficarmos ricos. Não é tentarmos encher nossas casas com montes de tralhas e então morrermos. Não é esse o motivo de estarmos aqui. Estamos aqui para emergirmos da concha de nossos corpos como anjos, e subirmos no caminho evolucionário dentro do círculo consciente da humanidade – deixando o círculo inconsciente, nos tornando conscientes, e então irmos ajudar aos inconscientes. Essa é a nossa tarefa. 

  Ao longo desse processo, em milhões de anos, nossa Mãe Divina é quem nos está ajudando, tentando nos dar a habilidade de fazermos isso. Mas sempre escapulimos dela. Afastamos-nos dela, a ignoramos, blasfemamos. Fazemos isso fisicamente, psicologicamente. Não nos esqueçamos de nossa Mãe. Não estou falando de nossa mãe terrena. Falo de nossa Mãe interior. Voltemos-nos a Ela. Ela nos guiará. Ela é a única que nos toma de nosso nível infantil de um simples mineral nos conduzindo até ao nível de um deus. Se quisermos transcender o sofrimento Ela é a única que nos tomará pela mão por todo o caminho, e nunca nos abandonará. Mesmo agora que a abandonamos ela aguarda. Ela espera por nós psicológica e espiritualmente, porém enroscada em nossa espinha em nosso chackra Muladhara. Tudo potencialmente Dela está ali adormecido, aguardando ser despertado.

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