quarta-feira, 12 de junho de 2013

Princípios e Personalidades [Reflexos do que Somos] (II)


        Nos princípios secundários, que todas as forças opositoras estão presentemente enfatizando, o uso da mente inferior envolve o perigo da crítica, o emprego de métodos sancionados pelo tempo nos três mundos – métodos envolvendo o ataque pessoal, a inventiva e o uso da força segundo linhas destrutivas, e um espírito contrário à lei da unidade. O termo “forças de oposição” é usado corretamente se você o utilizar somente num sentido científico e significa o polo contrastante que conduz ao equilíbrio.  Lembrem-se, portanto, que os grupos de oposição podem ser muito sinceros, mas a mente concreta age neles como uma barreira ao livre desempenho da visão superior. Sua sinceridade é grande, mas seu ponto de consecução segundo algumas linhas é menos do que o daqueles que aderem aos princípios básicos, vistos à luz da intuição.

       Um princípio é aquilo que incorpora algum aspecto da verdade no que se baseia este nosso sistema; é a filtragem até a consciência do homem, de um pouco de ideia na qual nosso Logos baseia tudo que Ele Faz. A base de toda ação lógica é o amor em ação e a ideia fundamental sobre a qual Ele baseia a ação conectada com a Hierarquia humana é o poder em impulsionar para diante – chamem-no evolução, se preferirem, chamem-no impulso inerente, se acharem melhor, mas é o amor provocando a movimentação e o impulso para diante até a realização. É a condução de um e de todos para uma expressão adiante. Dai, este princípio deveria fundamentar toda atividade e o governo das organizações menores, se fundamentando no amor conduzindo à atividade, deveria levar uma urgência divina em todos os seus membros, conduzindo-os igualmente à máxima expressão e assim tendendo à mais adequada realização e mais satisfatório esforço.

       Um princípio, quando realmente fundamental, apela imediatamente para a intuição e provoca imediata reação de assentimento do Ser Superior do homem. Não apela – ou o faz pouco – para a personalidade. Incorpora um conceito do ego em sua relação com outros. Um princípio é aquilo que governa sempre a ação do ego em seu próprio plano, e é somente quando ficamos mais e mais sob a orientação daquele ego, que nossa personalidade concebe e responde a tais ideias. Este é um ponto a ser conservado na mente em todos os contatos com os outros e deveria modificar julgamentos. Alcançar um princípio de maneira justa marca um ponto na evolução.

       Um princípio é aquilo que anima uma afirmação que diz respeito ao maior bem do maior número. Que um homem devesse amar a sua mulher é uma afirmação de um princípio governando a personalidade, mas ele precisa mais tarde ser transmutado num princípio maior de que um homem deve amar a seus semelhantes. Princípios são de três espécies e o superior deve ser alcançado através do inferior.

       1. Princípios governando o ser inferior pessoal, lidando com as ações ou vida daquele ser inferior. Incorporam o terceiro aspecto ou o aspecto da atividade da manifestação lógica e formam a base do progresso posterior. Controlam o homem durante seu pouco evoluído estado e durante seu período em que não pensa e poderia ser mais facilmente compreendido se eu dissesse que eles são incorporados nas regras comumente aceitas da vida decente. Não matarás, não roubarás, têm a ver com a vida ativa de um homem, com a formação de um caráter.

       2. Princípios governando o Ser Superior e lidando com o aspecto amor ou sabedoria. É com estes que nós estamos agora ocupados e metade das perturbações no mundo atual surge do fato de que estes princípios superiores, tendo que ver com o amor ou sabedoria em toda sua plenitude, somente agora estão começando a ser apreendidos pela massa da humanidade.

       Do rápido reconhecimento de sua autenticidade e na tentativa de torna-los fatos, sem previamente ajustar o meio ambiente a estes ideais, resultam os frequentes choques e lutas entre os que sofrem a atuação dos princípios governando a personalidade e os que governam o Ser Superior. Até que uma parte maior da raça seja governada pela consciência da alma esta guerra é inevitável e não pode ser evitada. Quando o plano emocional for dominado pelo Intuicional, então virá a compreensão universal.

       O primeiro conjunto de princípios é apreendido pelo homem através da rapinagem e o subsequente desastre que resulta de tal tipo de conquista. Ele roubou, ele sofreu a penalidade e não roubou mais. O princípio lhe foi introduzido pela dor e ele aprendeu que somente aquilo que lhe pertencia por direito e não pela violência poderia ser apreciado. O mundo está aprendendo esta lição em grupos, agora, pois, ao se apoderarem e conservarem indevidamente, seus revolucionários descobrem que a propriedade roubada não satisfaz, mas traz aborrecimentos. Assim em tempo eles aprendem os princípios.

       O segundo conjunto de princípios é aprendido através da renúncia e do serviço. Um homem (tendo aprendido os primeiros princípios) se afasta das coisas da personalidade e no serviço aprende a força do amor em seu significa oculto. Ele dá e consequentemente recebe; ele vive a vida da renúncia e a riqueza dos céus se derrama sobre ele; ele dá tudo e está cheio até a saciedade; nada pede para si e é o homem mais rico da Terra.

       Os primeiros princípios dizem respeito à unidade diferenciada e à evolução através da heterogeneidade. Os princípios tais como os que a raça está aprendendo agora dizem respeito aos grupos; a pergunta não é – “Que será melhor para o homem?”, mas “Que será melhor para muitos?” e somente aqueles que podem pensar com a visão dos muitos como um, podem estabelecer satisfatoriamente estes princípios. Eles são os mais importantes, pois são os princípios básicos deste sistema de amor.

       O problema hoje é que os homens estão confusos. Certos primeiros princípios, os fundamentos da atividade inferior, estão agora incorporados e herdados e uns poucos dos princípios superiores ou do amor estão filtrando-se através de seus cérebros confusos, provocando um aparente momentâneo choque de ideias. Por isso, eles dizem como Pilatos: “Que é a verdade?”. Se simplesmente se lembrarem que os princípios superiores lidam com o bem do grupo e os inferiores com o bem do indivíduo, pode ser que tudo se esclareça. A atividade inferior da vida pessoal, não importando quanto ela seja boa ou valiosa, deve finalmente transcender até a superior vida de amor que procura o bem do grupo e não da unidade.

       Tudo que tende à síntese e divina expressão nas coleções de unidades se está aproximando do ideal e se aproximando dos princípios superiores. Vocês têm uma ilustração do que eu digo, no fato de que muitas das lutas que surgem nas organizações são baseadas em que algumas pessoas de valor seguem personalidades, sacrificando-se por um princípio, sim, mas um princípio governando a vida da personalidade. Outras percebem tenuemente alguma coisa superior e procurando o bem dos grupos e não o de uma pessoa tropeçam num princípio superior e, assim fazendo introduzem a força do ego. Estão trabalhando pelos outros e ajudam o seu grupo. Quando os egos e personalidades se chocam, a vitória do superior é certa; o princípio inferior deve dar passagem ao princípio superior.

       Uma pessoa estando concentrada no que lhe parece de suma importância, o cumprimento do desejo da vida pessoal, e (neste período) fica somente secundariamente interessada no bem dos muitos, embora possa ter momentos em que pensa ser esta a sua primeira intenção. Outra que pouco se importa com o que possa acontecer ao eu pessoal, está somente interessada na ajuda aos muitos. A disputa se reduz, para usar uma expressão adequada, à questão do motivo egoísta ou não egoísta, e, como se sabe, os motivos variam com a velocidade do tempo e o homem se aproxima da meta do caminho probatório.

       3. Princípios ainda mais elevados são aqueles compreendidos pelo espírito e somente são prontamente compreendidos pela consciência monádica. Somente quando o homem transcende sua vida pessoal ativa e substitui a vida do amor ou sabedoria tal como conduzido pelo ego, pode ele começar a compreender o objetivo daquela vida de amor e conhece-la como poder demonstrado. Assim como a personalidade lida com os princípios que governam a vida de atividade do ser inferior e o ego trabalha com a lei do amor, tal como demonstrada no trabalho do grupo, ou o amor se mostrando na síntese dos muitos nos poucos, também a Mônada lida com a vida ativa do amor cujo poder é demonstrado na síntese dos poucos em um.

       Um lida com a vida do homem no plano físico, ou nos três mundos; o segundo com sua vida em níveis causais, e o último com sua vida após a conquista do objetivo do atual esforço humano. Um lida com unidades, outro com grupos e o último com a unidade. Um lida com a diferenciação no seu ponto mais diversificado; o segundo com os muitos transformados nos grupos egóicos, enquanto que o terceiro vê a diferenciação transformada de volta nos sete, o que marca a unidade para a hierarquia humana. Todos estes fatores e muitos outros produzem diferenças entre os seres humanos, e ao avaliar a si mesmo, o homem deve tê-los em consideração.

       Dever-se-á, por isso ter presente que um discípulo de qualquer dos Mestres terá seu especial equipamento, suas vantagens e deficiências individuais. Ele pode, todavia, estar seguro de que, até que o Caminho do Conhecimento tenha sido aduzido ao Caminho do Amor, ele jamais poderá alcançar as iniciações maiores, pois estas se produzem nos andares superiores do plano mental.

       Até que o caminho de luz esteja unido ao caminho da vida, a grande transição do quarto para o quinto reino não pode ser concretizada. Certas expansões da consciência são possíveis; iniciações nos planos astral e mental inferior podem ser alcançadas; alguma da visão pode ser vista, a sensação da Presença sentida; o Amado pode ser alcançado pelo amor, e a bem-aventurança e a alegria deste contato podem levar consigo sua alegria, mas aquela percepção clara que nasce da experiência vivida no Monte da Iluminação é uma coisa diferente da alegria experimentada no Monte da Bem-Aventurança. O Coração conduz numa, a Cabeça conduz na outra.

       Para responder categoricamente: O caminho do conhecimento é aquele do ocultista e do sábio; o do amor é o caminho do místico e do santo. O contato com a cabeça ou com o coração não depende do raio, pois ambos os caminhos precisam ser conhecidos; o místico precisa tornar-se ocultista; o ocultista branco tem sido o místico santificado. O verdadeiro conhecimento é o amor inteligente, pois ele é a fusão do intelecto com a devoção. A unidade é sentida no coração; sua aplicação inteligente à vida tem sido desenvolvida através do conhecimento.

       É de fundamental valor reconhecer a tendência do propósito da vida e saber se o método da cabeça ou o do coração é o objetivo de qualquer vida específica. Uma delicada discriminação espiritual é necessária aqui, contudo, para que a ilusão não desvie para o caminho da inércia. Meditem sobre estas palavras com cuidado e vejam que a questão esteja baseada num verdadeiro fundamento e não se desenvolva a partir de um complexo de inferioridade, a consideração da iniciativa de um irmão e uma consequente tendência ciumenta, ou uma plácida complacência que nega a atividade.

       Como regra geral para o aspirante médio ao discipulado, pode-se seguramente admitir que o passado viu muita aplicação do caminho do coração e que nesta encarnação o desenvolvimento mental é de fundamental importância.

       Uma antiga Escritura diz: “Não procure, ó, duas vezes abençoado Uno, atingir a essência espiritual antes que a mente absorva. Não é assim que se procura a sabedoria. Somente àquele que tem a mente na rédea e vê o mundo como um espelho podem ser confiados seguramente os sentidos internos. Somente aquele que sabe que os cinco sentidos são uma ilusão e nada permanece, salvo os dois seguintes, pode ser admitido no segredo do Cruciforme transposto”.

       “O caminho que é trilhado pelo Servidor é o caminho do fogo que passa através do seu coração e conduz à cabeça. Não é no caminho do prazer, nem no caminho da dor, que a libertação pode ser alcançada, nem a sabedoria virá chegar. É pela transcendência dos dois, fundindo-se a dor com o prazer que aquele objetivo é alcançado, aquele objetivo que fica adiante, como um ponto de luz visto na escuridão de uma noite de inverno. Aquele ponto de luz pode trazer à mente o pequenino candeeiro em algum escuro sótão, mas – à medida que o caminho que conduz àquela luz seja percorrido através da fusão dos pares de opostos – aquele pequeno ponto, frio e bruxoleante, cresce com firme irradiação, até que a quente luz de alguma lâmpada ardente venha à mente do que vagueia pelo caminho”.

       “Adiante, ó, Peregrino, com firme perseverança!  Não há um candeeiro, nem uma lâmpada terrestre alimentada com óleo. A radiação cresce sempre, até que o caminho termine num fulgor de glória e o errante dentro da noite se torne o filho do Sol e penetre nos portais daquela radiante orbe”.
                                    [Um Tratado Sobre Magia Branca]
Rayom Ra
 
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