sábado, 6 de agosto de 2022

O Eterno Giro do Presente - IV

  Muitos tesouros do conhecimento oculto e da sabedoria interdimensional ainda jazem guardados no longínquo passado. Para tentarmos descobri-los sob tantos véus necessitamos pedir e até implorar para que possamos receber pequenas porções. Isso porque os círculos de luzes abriram-se em tempos de civilizações que floresciam no mundo terreno para depois os círculos de novo ocultarem-se. Houve pausas entre um tempo e outro, interregnos entre anteriores e novas manifestações da sabedoria e novamente ocasos. Mas os princípios de hoje para o alcance desses desideratos continuam basicamente os mesmos para aqueles que pretendam adentrar cada vez mais em suas próprias almas.

  O eterno girar do tempo sempre traz de volta o passado que o futuro já abrangeu em suas cartas quânticas. E por artimanhas que não bem entendemos voltamos sempre ao eterno presente. Para além das esferas dos corpos celestes de nosso sistema solar, além das bordas dimensionais da Via Láctea e de tantas outras incontáveis galáxias, existirá o tudo e o nada, pelo menos isso está assim conceitualmente exposto nas postulações esotéricas.  

  E já que existe a dimensão zero – um Absoluto – num eterno presente dentro da esfera de um não tempo, a configurar um tudo nas considerações cabalísticas, e ainda assim quisermos voar nas asas da imaginação sem fim nem começo, podemos justapor a ideia do nada sobre uma base filosófica abstrata como ponto de partida. E assim colocarmos questões: oh! Mas o nada já não é alguma coisa? A dimensão zero, existe para a cabala, mas para a física e a matemática o zero detém uma relação de existência com os demais símbolos algébricos, porém o nada, que coisa adimensional é esta?

  Bem, adentremos em rápidas considerações de nossa tradicional física tridimensional onde aqueles irredutíveis defensores – famosos na mídia ou ilustres desconhecidos da internet – rechaçam sempre os muitos argumentos – senão todos – dos investigadores do quantismo. Temos assim que Einstein contestou algumas das postulações metafísicas explicando, muito contrariado, diga-se de passagem, e com sua usual e profética convicção afirmou por escrito que a gravidade era ou seria uma distorção das formas geométricas das quatro dimensões, coisa que ele sintetizava e mal explicava nas suas respectivas decorrências. E como na física, metafísica ou teoria quântica das supercordas nada fica barato, estava criado um caroço curvo e multidimensional para ser desossado, trazido pela excelência do nada mais, nada menos, pai da Teoria da Relatividade.

  No esoterismo, na gnose, e demais linhas dos estudos dos mistérios do oculto é sabido que ainda não podemos ir muito além daquilo que realmente se conhece sobre a existência do universo, a partir deste arcabouço espaço-tempo em que vivemos no “infinito-finito”. Os gênios da física se debatem sempre com teorias calcadas sobre a linguagem elitista dos símbolos, e há milênios os avanços no entendimento sobre o universo vêm andando muito pouco. Simplesmente porque a física de todos os tempos é produto de cérebros materiais e os enigmas que se levantam sobre o cosmos são tratados por teorias dentro de formulismos e conceitos quase sempre vazios de experienciações concretas, e como não podia deixar de ser, muito distantes ou inalcançáveis da realidade onde vivemos.

  Não é sem razão que os mestres do ocultismo – sim eles existem em corpos físicos ou espirituais – nos falam de iniciações maiores nas esferas invisíveis aos olhos dos homens comuns terrenos. Tais iniciações maiores são unicamente alcançadas por consciências de âmbitos muito aprofundados, e as suas visões multidimensionais de grandiosas obras do Criador vão sempre se ampliando por pessoais entendimentos. Muitos deste mundo terreno se admiram do avanço da ciência e tecnologia que varam nossos tempos como nunca, mas que avanço é esse em mãos de seres sem verdadeira sabedoria? Basta olharmos para a beligerância das nações e de seus dirigentes que rosnam sempre contra seus vizinhos.

  Vejamos estar alertados sobre tempos e finais de tempos. Possuímos naves espaciais? Sim, possuímos. E aviões supersônicos carregados com bombas terrificantes e raios desintegradores de qualquer coisa? Sim, também. E mísseis de extraordinários efeitos letais? Sim e sim, e possuímos muito mais coisas destrutivas guardadas em arsenais bélicos das potências mundiais, como bombas atômicas que podem acabar com o planeta em minutos. E possuímos outras coisas da modernidade como internet, computadores, celulares, inteligências artificiais cibernéticas e robóticas: essas últimas a nos causar temores e conjeturas sobre o fim da liberdade humana em nosso planeta. E muitos mais itens febrilmente criados com tecnologia avançada consumidos com velocidade espantosa pelos povos.

  Entretanto todo este avanço com que na atualidade convivemos encontra-se adstrito a um mundo de transformações da matéria, seja esta densa ou plasmática ou de qualquer outra derivação a ela atribuída.

  Diferentes são os meios utilizados pelos homens do espírito que se auto libertam de todas estas ilusões do mundo material, adquirindo verdadeira sabedoria, aproximando-se cada vez mais do Criador. Pois a mais profunda de todas as sabedorias não vem da ciência material: da física, metafísica, cibernética, das invenções modernas que revertem em utilitarismo tecnológico na atualidade, mas sim é aquela sabedoria que habita dentro do próprio homem, na sua consciência. E bilhões de seres humanos de almas aprisionadas e escravas das hipnóticas ilusões deste mundo e suas inovações, precisam urgentemente começar ao menos acordar enquanto resta ainda tempo. E este é o maior de todos os alertas: de única e absoluta verdade indelevelmente alojada em nossas vidas, através das milenares sagas humanas por todo este planeta chamado Terra. Ou seja: urge a salvação de bilhões de almas pela retirada dos véus que nublam e os conduzem a reincidentes transes.

  Passemos a Sorman ainda no ashram onde lá nunca estivera com sua atenção cravada em ciência, tecnologia ou economia. Sua alma liberta dos problemas do mundo, na quietude do lugar, se lançava para outras visões e operosidade com que esperava chegar ao autoconhecimento. A meditação diária tornara-se parte indissociada de sua vida. Não tinha sonhos nem ambições exceto o forte desejo de alcançar a meta, chegar a um samadhi extraordinariamente profundo, que o realizasse integralmente. Neste tempo, ao abrigo de uma aura de energia e força daquela comunidade espiritual, vivera em parcial congelamento de suas inconstâncias e incompatibilidades com a própria existência. Embora esse tempo fosse de estabilidade e o abençoasse, e ele se absorvesse no trato de suas obrigações diárias com a comunidade ou em necessário lazer onde refazia suas boas energias, ainda assim, em algumas ocasiões, transitava em sua mente e emoções o ferrenho algoz que antes o desorganizara intimamente. Desejava, aquele, sempre reforçar a sua presença, remarcar o seu território. Mas com ajuda da companheira, Sorman conseguia expurga-lo por tempos, voltando a períodos de relativa paz. Até que chegara o momento de abandonar aquela vida no ashram.(*) 

  Desta feita o algoz não o compelira nem o provocara como antes. Sorman, por seu próprio ser interior, por enigmática decisão, agora auto imposta, resolvera abandonar a tudo quanto ali até então se dedicara, para de novo adentrar no mundo dos homens comuns, mundo anteriormente por ele desprezado. Era algo inexplicável – uma força ou vontade indômita que experienciava. Como não podia deixar de ser sua despedida de Rama, o guru, e de tudo quanto circunscrevera a sua breve estada ali neste inesquecível lugar fora, por momentos, extraordinariamente dramática, porém ele resistiu. Deixou Anita tomar sua própria decisão, o que ela faria logo em seguida, vindo em viagem com ela.

(*) Veja [Enigma Eu: https://arcadeouro.blogspot.com/2015/07/enigma-eu.html

Rayom Ra

http://arcadeouro.blogspot.com

Veja a Parte III: https://arcadeouro.blogspot.com/2022/08/o-eterno-giro-do-presente-iii.html

Veja a Parte V: https://arcadeouro.blogspot.com/2022/08/o-eterno-giro-do-presente-v.html

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