O texto aqui apresentado foi extraído
de um clássico da literatura ocultista, de autoria de A. Van der
Naillen, cuja edição que obtivemos é ainda de 1928. Nesta obra é visto
claramente de que modo os brahmanes, naqueles tempos, já tratavam a
ciência sob os aspectos objetivo, oculto e iniciático, usando da física,
matemática, geometria, astronomia-astrológica, alquimia, filosofia,
etc. Hoje, certamente, com o enorme avanço tecnológico e construções de
centrais de altas pesquisas cósmicas, as iniciativas instrumentais
daqueles pesquisadores do passado não mais surpreenderiam, porém suas
conclusões e resultados comprovados são eternos.
Uma das grandes lições que permaneceu no tempo até os dias de hoje é
que a obra veio reafirmar que a ciência pode falsamente se apresentar
sob dois aparentes aspectos, que, não obstante, para os iniciados e
lúcidos homens do espírito, se constituem numa única e perfeita síntese,
muito embora para aqueles de mente objetiva, continue a ser tratada sob
o lado unicamente materialista.
Não há duas ciências, a ciência é uma só - vem de Deus, o Criador de
todos os universos. Usamos viciosamente o termo ciência material e
ciência espiritual, como se fossem coisas uniformemente opostas que, no
entanto, em diversos graus se complementam. E graças a um processo
evolucionário, despertam-se visões maiores, consciências se ampliam e
mentes se desenvolvem libertas dos liames e aprisionamentos do intelecto tridimensional percebendo a ciência com maior profundidade. Não
adianta tentar convencer a um cético ou a um crítico limitado e
unicamente cerebral de que as dimensões são mundos que se diferenciam
por frequências vibratórias e são tão reais para os sentidos superiores,
com leis de regências tão perfeitas e ordenadas, que se assemelham às
leis observadas pelas mentes científicas em nosso mundo dos sentidos
físicos.
Quod est superius est sicut quod est inferius. Como é em cima é embaixo, como é embaixo é em cima. Axioma hermético, básico, fundamental -
abc dos neófitos do ocultismo, que os orgulhosos físicos, matemáticos e
teóricos desprezam e fingem não existir. As leis objetivas, tão
cantadas em prosas e versos pelos materialistas, regem também o mundo
oculto, pois a matéria - sabem os ocultistas há milênios - não é causa,
não é princípio, mas sim decorrência, reflexo, condicionamento de
"algo", cujos princípios de energia e força são tão superiores nas suas
fontes que os homens laboratoristas, ateus e céticos, por mais que
dissequem esta aparente solidez e nela realizem, estão ainda distantes
de sua causa primordial. E, principalmente, de sua real compreensão e
manipulação, ao contrário do que entende e realiza o ocultista avançado
que alça voos para mais longe. Mas vamos ao texto, um pouco longo, é
verdade, que, no entanto, vale a pena ser lido porque, como dissemos,
retrata verdades eternas:
Capítulo V - "No fim da primeira semana, após a sua iniciação como
neófito, o brahmane notificou o bispo Angelo que no dia seguinte
fá-lo-ia entrar na sala do segundo grau da Confraria para receber a
necessária iniciação. Convidou-o, primeiramente, a retirar-se para a sua
cela onde deveria jejuar, orar e meditar profundamente. No momento
aprazado o brahmane veio ter com Angelo e os dois se dirigiram ao
edifício especialmente consagrado ao segundo grau.
Este edifício achava-se um pouco afastado do primeiro grau e era de um
aspecto mais imponente. No alto da entrada principal lia-se em
sânscrito: "O que existe em cima existe em baixo: o que existe nos céus, existe na Terra; tal o Macrocosmo, assim é o Micro cosmo".
O bispo Angelo não pode esconder uma exclamação de alegria ao ser
conduzido a um grande laboratório científico muito bem montado.
Atravessando-o, reconheceu com prazer muitos objetos que lhe eram
familiares. Entretanto, grande foi a sua surpresa ao ver ali diversos
aparelhos de forma estranha que não conhecia e cujo uso sequer
suspeitava.
Em um compartimento vizinho, viu um laboratório de química não só muito
bem provido, mas contendo ainda alambiques, retortas, fornos, frascos
de feitios estranhos e maravilhosos. Aquele lugar mais parecia o
laboratório de um alquimista, tal como vem descrito nos vetustos
alfarrábios, do que o laboratório das universidades modernas. Abrindo
uma porta, o brahmane conduziu seu companheiro à presença de um irmão de
hábito branco e de respeitável aparência, que estava entregue ao estudo
de um manuscrito, um velho papiro descoberto recentemente no Egito.
Seus traços fisionômicos lembravam antes um europeu do que um indu.
Levantou-se ao aproximarem-se os visitantes, mostrando-se muito
satisfeito em receber o bispo, dizendo-lhe em tom amistoso:
-Tenho prazer com a vinda de meu irmão e sinto-me feliz por ter o privilégio de dar-lhe a instrução do segundo grau.
Fechando com o maior cuidado o papiro egípcio, disse ao companheiro do bispo:
- Pode o meu irmão deixar comigo o candidato e retirar-se.
O brahmane fez uma profunda saudação e saiu lançando olhar afetuoso ao prelado.
- Sentai-vos, irmão, disse o Mestre de hábito branco, e comecemos
imediatamente porque a vossa demora no templo será limitada.
Angelo obedeceu; e o Mestre abriu, então, uma magnífica caixinha de
madeira, balsâmica e designando o seu conteúdo, disse:
- Esta caixinha está cheia de cristais, todos perfeitos e de diferentes
substâncias materiais: carbonatos, sulfatos, nitratos, silicatos, etc.
Eis aqui, nesta segunda caixa, cristais metálicos, puros, e na terceira,
pedras preciosas: rubis, granadas, etc. Todos estes cristais, quando
puros, têm uma forma geométrica particular, e cada forma tem por base um
ou outro dos seis tipos fundamentais, a saber: o cubo perfeito, os dois
prismas oblíquos. Cada um destes cristais tem também o seu polo norte, o
seu polo sul e o seu magnetismo equatorial ou diamagnetismo. Fazendo-se
passar os vértices de um volumoso cristal de rocha diante dos olhos
fechados de um sensitivo, este imediatamente perceberá uma impressão de
calor ou de frio, conforme o polo que lhe for apresentado.
Os cristais sendo geometricamente perfeitos, em relação com a própria natureza da substância, tem cada um a sua aura individual, com as suas propriedades distintas, isto é, com as características particulares de atração e de repulsão. O que existe em baixo é como o que existe em cima. Estes cristais têm os seus correspondentes no mundo oculto. Eles representam as qualidades perfeitas da alma, sem fraquezas, sem desvios, qualidades absolutamente seguras, e que se afirmam por si mesmas, de uma maneira positiva, em todas as circunstâncias da vida.
- Aqui está terra comum que apanhei no jardim esta manhã. Conforme
estás vendo, lanço-a neste vaso cheio d'água e agito-a. Esta água
barrenta é a imagem da vida em muitos homens que têm atingido a meia
idade. A mistura parece muito impura; algumas partículas flutuam à
superfície, outras ficam suspensas no meio do caminho e a massa maior
forma no fundo um depósito aparentemente inerte.
Este vaso com a sua mistura heterogênea representa, exatamente, o carma
do homem. Cada ser humano é uma mistura semelhante a esta, mais ou
menos impura, conforme o estado do seu carma ou de sua alma. Todavia,
cada partícula de substância contida neste vaso, corresponde diretamente
à substância de um dos cristais desta caixa, e encerra as suas
possibilidades.
Cada uma é um carbonato, um sulfato, um nitrato, um silicato ou
qualquer outro sal de um metal puro; mas estes elementos, considerados
tais como eles são, não tem forma geométrica, pois que eles estão
misturados ao acaso a outras partículas com as quais não têm afinidade
natural. Entretanto, cada uma destas partículas encerra um princípio de
utilidade latente e tem sua aura própria com suas atrações e repulsões
especiais, muitas vezes pouco poderosas, é verdade, mas sempre em
atividade. Estas partículas informes, não sendo cristalizadas, não têm
eixo de polarização, nem de diamagnetismo bem definidos; resulta, pois,
que suas atrações e repulsões são desiguais, operam-se de alguma sorte
ao acaso, desenvolvem atividades anormais que se contrariam
frequentemente e deixam assim a mistura nas mesmas condições de
intolerância e de perturbação.
- Sim, disse o bispo muito interessado pelas explicações do mestre, é a
pintura do estado moral do homem, quando suas paixões têm plena ação
sobre ele, ou quando um amor desordenado pelo dinheiro ou qualquer outra
influência nefasta cega sua consciência moral.
- Agora, continuou o Mestre, concluamos o que diz respeito à mistura.
Suponde que queiramos reduzir cada partícula à sua pureza original, à
sua forma cristalina mais elevada. Filtraremos o conteúdo do vaso e
deixaremos cristalizar a matéria que está em dissolução. Levaremos os
sólidos depositados no filtro, à ebulição, em três ácidos
sucessivamente, diluiremos e filtraremos de novo. Ajuntando, um após
outro, alguns reativos químicos, puros, para acelerar a separação das
substâncias de menor afinidade, veremos os elementos tornarem-se puros
gradativamente e tomarem, pela evaporação, a sua forma cristalina,
natural e original. E assim, meu irmão, mais uma vez, a inscrição mística "o que existe em baixo existe em cima" ficará comprovada.
Em certo período da vida, quando as paixões começam a declinar, ou
quando a inteligência ou a razão se afirmam por si mesmas, o homem
examina-se minuciosamente e depois de ter constatado com sinceridade o
estado de sua moralidade, decide-se a alterar o curso de sua vida. É
possível que esta determinação seja o resultado de um despertar da alma,
que estava até então adormecida sob seu envólucro material. Este
despertar da alma, esta volta à consciência pode igualmente ter sido
acidental e ser produzida sob a influência, seja, da palavra eloquente
de um inspirado, seja da leitura de um livro que contenha princípios
elevados de moral, porém mais comumente sob a influência da desgraça da
perda de um ente querido. Estes incentivos são representados pelos
reativos químicos puros que separam os corpos conforme os graus de
afinidade, isto é, os três ácidos e o fogo.
O despertar da consciência na alma produz o primeiro impulso moral;
abre um caminho e, o que é mais, um caminho ascensional. O processo da
purificação começa; as associações nefastas dissolvem-se; a filosofia e
as altas ciências tornam-se objetos de estudo; a prece e a meditação
sobre as coisas divinas e a música inspiradora da alma são fatores que
impelem a essa ascensão. Isto traz como imediata consequência, tornar-se
o carma superior e adquirir à aura qualidades mais elevadas.
Nosso carma é a soma total de nossas auras. Os ensinamentos que
constituem o segundo grau da iniciação, vos mostram, meu irmão, que
existem três espécies diferentes de auras no homem. A zona áurica mais
próxima da cabeça, emanação de todo o corpo, é a aura animal ou nervosa;
a zona superposta e como que enxertada à anterior e cuja irradiação
atinge uma distância maior, é a aura intelectual ou supra nervosa; a
terceira zona áurica, capaz de irradiar-se até ao espaço infinito é a
aura espiritual ou celeste.
O homem pode possuir apenas uma aura, ou pode ter duas, ou ser o feliz
possuidor das três auras. Apesar de distintas, a zona animal é a base do
desenvolvimento da zona intelectual e esta deve servir de fundamento à
zona espiritual. Se um indivíduo gozar perfeita saúde e a harmonia
estiver nele estabelecida, sua aura nervosa corresponderá às exigências
para a formação da zona áurica intelectual. Se esta última zona repousar
em várias e sólidas qualidades intelectuais, constituirá a melhor, mais
firme e mais fecunda base para a formação da aura espiritual ou
celeste.
Quanto mais desenvolvida a força intelectual do homem, maiores serão as
possibilidades para o seu desenvolvimento espiritual. Quanto mais fraca
for a sua inteligência, tanto mais se aproximará a sua zona espiritual
da zona animal e mais sofrerá a sua influência. Estas são verdades
ocultas de grande importância, meu irmão, e eu vos recomendo com
instância que mediteis sobre elas profundamente.
Diz-se,
e efetivamente assim é, que dois caminhos se abrem diante do homem,
pelos quais ele pode chegar à compreensão das coisas espirituais, e são
eles: a ciência e a fé!
Uma fé ilimitada aliada à nulificação dos atrativos sensuais, ao jejum,
às preces, às constantes meditações, às aspirações ardentes para o Pai
Infinito, a uma vida reta e exemplar, abre completamente as portas de
ouro, e o mais humilde neófito pode atravessá-las. Todavia, meu irmão,
ele será aí um simples visitante, um ser negativo, admitido simplesmente
em virtude de suas preces e súplicas; não obstante ele será feliz e
partilhará das eternas festas espirituais no mundo supra-sensível. Mas o
homem da ciência, sobre cuja zona áurica intelectual bastante
desenvolvida, enxertou-se uma zona espiritual radiante, entra pelas
portas de ouro como por um direito de nascimento; é como se estivesse em
sua própria casa. É um ser positivo; ordena, dirige, é um verdadeiro
agente do Todo Poderoso na execução das leis evolutivas.
Já vos disse que o carma do homem é a totalidade de suas zonas áuricas.
É preciso conhecer muito bem a influência destas zonas não só para o
bem como para o mal, sobre todas as coisas que estejam em contato com
elas, porém, particularmente, sobre os seres humanos. Todas as
influências exercidas pelo homem constituem a sua responsabilidade.
Quanto mais ignóbeis forem os seus atos, mais desprezível será o seu
carma e tanto mais nefasta será a sua influência sobre os seus
semelhantes. De onde se conclui que um grande dever se impõe ao homem: a
purificação de seu carma.
Os mais altos mistérios estão ligados a este carma, porém o seu
conhecimento não faz parte do segundo grau da iniciação. A reencarnação,
por meio do carma, é pouco compreendida, se bem que a idéia principal
não deixe de ser seguramente exata. Um erro generalizado entre os
budistas é que o ser humano se reencarna sobre a terra, após uma série
mais ou menos longa de séculos, passada no mundo supra-sensível; só
então toma de novo um corpo de carne, osso e sangue, e preenche
novamente uma existência terrena semelhante àquela que já teve; é esta
uma idéia material e grosseira da reencarnação das forças áuricas
adquiridas pelo homem durante sua vida terrestre. Aqui está tudo quanto
me é permitido dizer-vos sobre este assunto, meu irmão; logo adiante
tereis mais sobre esta importante questão e sobre as operações do carma.
Espero que o Supremo Mestre que preside o terceiro grau vos dará um dia
a explicação da lei da reencarnação. Vamos agora ao laboratório das
ciências físicas.
- Já passei por esta sala, Mestre, e fiquei admirado da magnífica
coleção de aparelhos que possuís. Muitos desses instrumentos me são
desconhecidos.
- Sim, estudamos sempre, e nossos estudos ajudados pela intuição e
pelas faculdades da percepção, tornam-se-nos comparativamente mais
fáceis. Vou dar-vos um exemplo de alguns dos resultados a que chegamos.
Aqui está um instrumento vibratório.
- Parece um pouco com um órgão de igreja.
- Assim é; tem alguns tubos, mas também tem outras peças e acessórios.
Este aparelho é usado para descobrir a que nota vibratória da escala
musical um corpo corresponde. Cada corpo no universo está em harmonia
vibratória com um determinado número de corpos de diferentes naturezas e
também em repulsão com outros. Vêde que a lingueta de cada um destes
pretensos tubos do órgão, corresponde a uma fita ou atadura fina de
metal laminado à qual a lingueta transmite fielmente as suas vibrações.
Agora, meu irmão, tende a bondade de vos colocardes sobre estas fitas
metálicas, depois de descalçardes as vossas sandálias, e facilmente
descobrireis a nota musical com a qual o vosso corpo está em harmonia.
Assim como as notas do campanário respondem à voz do vigilante, cantando
as horas da noite, assim o vosso corpo corresponderá aos sons destes
tubos quando um deles for consoante às vibrações que regem os movimentos
dos átomos que o compõem.
O bispo Angelo, tendo descalçado as sandálias, colocou os pés sobre a
primeira fita metálica. O Mestre abaixou uma alavanca e um dos tubos
emitiu uma nota baixa, cujas vibrações foram facilmente percebidas.
Observando atentamente o bispo e vendo que sua atitude permanecia
inalterável, convidou-o a colocar-se na fita metálica seguinte. Foram
experimentadas mais de vinte fitas metálicas, uma após outra, sem que o
bispo sentisse a mais leve impressão insólita; entretanto à medida que
os sons dos tubos iam se tornando mais graves, uma espécie de tremor
fazia vibrar-lhe todo o corpo. Por fim, o Mestre produziu o som de uma
nota grave com uma entonação tão profunda que parecia impossível ter
sido produzido por meio de um instrumento terrestre. O bispo deixando rapidamente a lâmina metálica, empalideceu, e com a respiração opressa exclamou:
- Nunca em minha vida experimentei uma tão estranha sensação. Cada átomo de meu corpo parece vibrar. Sorrindo amavelmente o Mestre colocou uma grande concha na orelha do bispo.
- Estás ouvindo um murmúrio?
- Sim, um som baixo e cantante.
- Este aparelho é apenas um amplificador do som, semelhante à orelha
humana. Inspirando-se na forma da concha da orelha e suas qualidades de
amplificar o som, alguns de nossos velhos Mestres imaginaram um aparelho
que possuísse todas as suas propriedades e cuja forma aperfeiçoaram com
o acréscimo de dispositivos especiais. Aqui está esse aparelho, disse,
apontando para uma máquina misteriosa de cobre, contendo numerosas
câmaras internas em espiral, e que apresentavam externamente a forma de
uma concha e a de uma orelha humana, ao mesmo tempo.
Este
instrumento não modifica o número das vibrações produzidas pelo tubo ou
por qualquer outro instrumento sonoro ao qual se aplique, por isso que a
elevação da nota não varia. Ele simplesmente intensifica as vibrações
até mil vezes.
Permiti-me agora aplicar a lâmina metálica a este intensificador, e
tende a bondade de colocar ainda uma vez os vossos pés sobre ele, apenas
por um momento. O bispo obedeceu.
Sendo de novo abaixada a alavanca, o tubo reproduziu o mesmo som grave, profundo e misterioso e, em menos de um segundo, o bispo caiu sem sentidos nos braços do Mestre. Este, apoiando o polegar no nervo meridiano, entre as sobrancelhas de seu desfalecido companheiro, e pronunciando algumas palavras estranhas fez com que o bispo quase instantaneamente tornasse a si.
Sendo de novo abaixada a alavanca, o tubo reproduziu o mesmo som grave, profundo e misterioso e, em menos de um segundo, o bispo caiu sem sentidos nos braços do Mestre. Este, apoiando o polegar no nervo meridiano, entre as sobrancelhas de seu desfalecido companheiro, e pronunciando algumas palavras estranhas fez com que o bispo quase instantaneamente tornasse a si.
Pálido como a morte, o prelado olhou em torno como a certificar-se de
que estava realmente vivo. Reanimou-se rapidamente pela segurança que
lhe dava o Mestre, de que não corria perigo algum, pois que aquela
experiência era dirigida por mãos hábeis. Em seguida, pediu-lhe que
referisse as suas sensações.
- Elas são fáceis de relatar, disse ele, procurando ainda respirar;
logo que o som foi emitido pelo tubo, senti uma série de vibrações
atravessar-me todo o corpo, parecendo que toda a minha estrutura física
fosse reduzir-se a pequenos fragmentos, ou antes, a pó. É só o que me
lembro; quase imediatamente perdi os sentidos.
- Sim, é o resultado do choque produzido pelo ressonador, todavia, não
corríeis perigo. Para vos mostrar até onde pode estender-se este poder
vibratório, vamos tentar uma experiência neste pedaço de granito. Ele
deve pesar uma tonelada e meia, mais ou menos. Podeis constatar a
solidez da pedra com este martelo de aço. O Bispo Angelo deu algumas marteladas sobre o bloco e disse:
- É absolutamente sólido.
- Ponde agora a vossa mão sobre a pedra, enquanto eu fizer vibrar os
diversos tubos para achar a nota que lhe é correspondente; só me
avisareis quando sentirdes a vibração.
Colocando uma das mãos sobre a pedra enquanto a alavanca era abaixada,
recuou rapidamente ao primeiro som produzido, lançando ao mesmo tempo um
olhar ansioso ao Mestre. Este, com um sorriso afável disse-lhe:
- Não há perigo, meu irmão, as vibrações vão ser dirigidas contra a pedra.
Uma após outra, foram as fitas metálicas aplicadas sobre a massa de
granito até que se alcançou a última nota de uma altura elevadíssima. O
bispo sentiu então a rocha estremecer do que deu ciência ao Mestre o
qual colocou a sua própria mão sobre o granito. Após ter ensaiado duas
ou três notas mais, o tremor da rocha tornou-se tão acentuado, que o
Mestre disse:
- Uma vez que acabamos de encontrar o número de vibrações a que esta
pedra corresponde, vamos colocar o ressonador no lugar apropriado ao seu
fim. É da maior importância que o instrumento seja colocado em
distância focal exata da rocha e sob o ângulo de inclinação necessária.
As vibrações amplificadas devem ser projetadas sobre a massa de maneira a
obter-se o máximo de efeito.
E cercando-se do aparelho, notou o número do tubo cujo som fizera
vibrar o granito. Em seguida, tirou de seu encaixe entre muitas placas
grandes desligadas, metálicas e cor de bronze, uma que trazia o mesmo
número que o tubo e colocou-a em justaposição ao instrumento
intensificador.
- Esta placa metálica, explicou o Mestre, produz, quando percutida, o
mesmo número de vibrações que o tubo e em consonância com as moléculas
do bloco de granito. Todavia, as vibrações produzidas por esta placa
metálica têm um caráter mais estridente e destrutivo. Ora, como o nosso
intento é destruir a rocha de uma só vez, devemos empregar os meios mais
eficazes.
- Destruir todo este bloco de granito de uma só vez! - exclamou o bispo com admiração.
- Assim é, replicou o instrutor. O ressonador está perfeitamente
ajustado e a placa metálica suspensa em distância conveniente; tomai
este malho de madeira e batei sobre a placa uma pancada tão forte quanto
vos seja possível.
O bispo, levantando o martelo com suas vigorosas mãos, descarregou uma
violenta pancada. O resultado foi terrível, mas em vez de destruir a
placa, como ele esperava, ouviu-se um som agudo e ensurdecedor,
acompanhado de um medonho estampido. A enorme massa de granito jazia
quebrada no solo, reduzida a milhares de fragmentos. Quando o bispo Angelo percebeu o espantoso efeito da pancada que
vibrara, ficou como que petrificado, a olhar fixamente aquele amontoado
de fragmentos pequeninos. Ele estava absolutamente maravilhado.
- Eis aí o resultado - exclamou o Mestre, assumindo uma atitude cheia de solenidade - o resultado de uma vibração destruidora.
O prelado permaneceu largo tempo sem dizer uma palavra, parecendo
mergulhado em profundas cogitações. Ao sair daquela abstração, perguntou
gravemente:
- Qual a filosofia ou a lei capaz de explicar estes extraordinários fatos? pois que fatos eles são, forçoso reconhecê-lo.
- É natural a vossa pergunta, e um espírito científico como o vosso não
descansará enquanto não obtiver uma resposta científica. Entretanto,
esta resposta envolve a exposição de uma verdade oculta da mais elevada
importância. A perfeita compreensão da lei do movimento vibratório
fornece a chave da produção dos pretensos milagres, como a germinação e o
crescimento espontâneo da mangueira que já conheceis e muitos outros
igualmente maravilhosos. Não ignorais que neste universo do Pai
Infinito, tudo é movimento constante, ininterrupto, movimento eterno;
que nada é nem pode ser imóvel.
Os átomos e moléculas que compõem todos os corpos estão em incessante movimento; atraem-se e repelem-se mutuamente; são constantemente impelidos para diante e para cima pelo Espírito do Infinito que impregna todas as substâncias ainda mesmo as suas partículas mais íntimas e ocultas. Os membros de nossa Confraria do Himalaia chamam a este espírito - Aura de Parabraham.
Esta atividade universal é mantida em movimento pela influência de
vibrações. Uma verdade importantíssima conhecida apenas pelos ocultistas
é que existem duas espécies de vibrações - a construtiva e a
destrutiva. As vibrações construtivas são aquelas que servem para
edificar, cimentar ao mesmo tempo, trabalhando eternamente a síntese do
universo. Tais são, primeiramente, as vibrações que emanam da aura de
Parabraham, e também as que transmitem a luz do sol; são dotadas de
vitalidade e produzem toda a vegetação. Originam transformações
moleculares, de natureza progressiva, em toda a matéria, quer
inorgânica, quer orgânica e atuam em todas as esferas celestes e
terrestres. São de fato os agentes daquilo a que chamamos Natureza.
As vibrações procedidas de um pensamento profundo e sério, emanando de
um cérebro bem equilibrado, calmo e moral, são construtivas e positivas
em sua natureza e têm, portanto, uma grande influência para o bem. Se
assim sucede com o cérebro moral do homem, com mais forte razão pode-se
verificar sobre o cérebro do Adepto ou iniciado do terceiro grau. As
vibrações voluntárias que emanam de seu cérebro, são extraordinariamente
poderosas, como mais tarde sabereis.
As vibrações destrutivas são aquelas que provocam os ruídos e os
elementos perturbadores, tais como a discórdia, a cólera e as más
paixões. No reino humano, animal e vegetal, são destrutivas da vida pela
moléstia, porque esta resulta, simplesmente, da agregação inarmônica de
moléculas com polaridades invertidas, que, estabelecendo correntes
magnéticas anormais, induzem as forças vitais a se desviarem de seu
curso natural, trazendo, por conseguinte, as febres ou talvez a morte. As vibrações construtivas também determinam a perfeita cristalizaação
das substâncias puras, semelhantes aos cristais que vistes há pouco. As
vibrações destrutivas, quando intensificadas, neutralizam a força
construtiva de cristalização que une os átomos; vistes há instantes um
exemplo disto pela destruição de um bloco de granito cujos fragmentos
ali estão.
- É verdadeiramente maravilhoso! exclamou o bispo Angelo. Quanta coisa
tem ainda a física a aprender! Custa-me, todavia, a compreender a
misteriosa germinação da semente de abóbora naquele experiência feita no
vaso de flor sobre a relva. Não havia ali agente produtor de
vibrações...
- Enganai-vos, meu caro irmão. O cérebro do homem bem exercitado, bem
preparado pelos meios ocultos conhecidos exclusivamente pela nossa
Confraria, é o aparelho vibratório melhor e mais eficaz que existe não
só para receber como para produzir vibrações, quer construtivas, quer
destrutivas. É capaz de projetar essas vibrações a qualquer distância,
nos limites da sua aura com efeito positivo e absoluto. O brahamane que
realizou a experiência à vossa vista sobre o gramado, recebera a missão
de um poder elevado com o fim de chamar a vossa atenção para as forças
ocultas da natureza. O Mestre sabia muito bem que não irieis atribuir a
uma grosseira mistificação o crescimento espontâneo de uma planta, sob
os vossos próprios olhos e sob condições que vós mesmos impusestes. Ele
sabia também que refletiríeis maduramente sobre o assunto, que, por fim,
verieis entre nós. E aqui estás, meu caro irmão, ajuntou o Mestre com o
rosto iluminado por um afetuoso sorriso.
- Efetivamente, e grande é a minha satisfação por ter sido assim.
- Efetivamente, e grande é a minha satisfação por ter sido assim.
- Agora, passemos a uma outra seção de nosso laboratório. E o Mestre
conduziu o bispo Angelo onde havia vários aparelhos elétricos.
- Devo agora, fazer-vos conhecer do que se compõem o éter dos
cientistas, que, conforme eles asseveram, enche os espaços
interplanetários. A esse éter nós chamamos Akasa. Contém ele a essência
de todas as substâncias que existem na natureza. Para ilustrar o meu
pensamento vou fazer algumas experiências simples. Sobre este pedaço de
zinco puro faço convergir um jato de gás que o faz arder com uma chama
verde, até que fique totalmente consumido. Onde está o metal? Que foi
feito do zinco? Deve estar em alguma parte. E efetivamente assim é; suas
partes essenciais existem no Akasa. Passemos agora a uma outra
experiência.
Dirigindo-se a uma outra câmara escura, produziu uma poderosa corrente elétrica de natureza complexa.
- Ao longo deste fio de cobre percebeis chamas, ou melhor fagulhas de
cor acobreada. Esta cor é devida a partículas infinitesimais que a
corrente elétrica eliminou do fio de cobre. É na realidade cobre no
estado radiante. Para onde vai este cobre? Para o Akasa. Assim, contém o Akasa os elementos, em sua forma essencial, de toda a
matéria e de todas as substâncias do universo. Se é possível decompor a
matéria em suas partes essenciais e dissipá-la assim no Akasa, não
existirão também leis sintéticas por meio das quais possam os elementos
ser retirados do Akasa e recondensados em sólidos ou formas manifestadas
de matéria? Neste frasco que contêm a solução aquosa de um sal de
cobre, vêde a corrente elétrica provocar um depósito de cobre metálico
puro sobre uma lâmina de platina. Não é este um exemplo de síntese ou
restauração da matéria à forma manifestada de que vos acabo de falar?
Se o cérebro humano que é a mais sensível e complexa de todas as
baterias elétricas e magnéticas, obedecendo à vontade humana, pudesse
dirigir suas correntes no Akasa, e tirar-lhes os elementos essenciais e
não manifestos na matéria; se ele pudesse, por condensação, integrá-los e
trazê-los assim a uma forma visível - seria, posso afirmá-lo - um
processo involutivo ou materialização. E, na verdade, meu caro irmão,
exclamou entusiasticamente o Mestre, devo provar que todos os elementos
contidos no Akasa, obedecem à vontade firme e concentrada do Adepto do
terceiro grau da Confraria do Himalaia.
Além disto, a matéria no estado radiante constitui as auras de todas as
coisas existentes, e essa matéria áurica forma a parte integrante do
Akasa. As auras que emanam constantemente das plantas, dos minerais e
dos animais constituem o Akasa ".
Fonte: Nos Templos do Himalaia - Ed. Pensamento - 1928.
Rayom Ra
http://arcadeouro.blogspot.com
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