O
MONOTEÍSMO BÍBLICO
E OS
DEUSES DA CRIAÇÃO
RAYOM RA
PRÓLOGO
PARTE I - HISTÓRIA E RELIGIÃO
Capítulo I SOB A POEIRA DAS ESTRELAS
Capítulo II PORTAIS DO TEMPO
Capítulo III CRONOLOGIAS DE PERSONAGENS BÍBLICOS
Capíulo IV OS PATRIARCAS QUE A HISTÓRIA NÃO RECONHECE
Capítulo V A MONTAGEM DA BÍBLIA
Capítulo VI OS DEZ MANDAMENTOS
Capítulo VII AS ALIANÇAS DE IEVE COM OS HEBREUS DO ÊXODO
Capítulo VIII A ARCA DA ALIANÇA
PARTE II - ESOTERISMO E CRIAÇÃO
Capítulo VIII A ARCA DA ALIANÇA
PARTE II - ESOTERISMO E CRIAÇÃO
Capítulo IX PROCESSO EVOLUCIONISTA
Capítulo X A CRIAÇÃO DO SISTEMA SOLAR
Capítulo XI CARMA DO SISTEMA SOLAR
Capítulo XII DIFÍCEIS MOMENTOS NA TERRA
Capítulo XIII MUNDOS
Capítulo XIV CADEIAS PLANETÁRIAS
Capítulo XV DOS REINOS À HUMANIDADE
Capítulo XVI O ADVENTO DAS RAÇAS
A PRIMEIRA RAÇA
A PRIMEIRA RAÇA
A SEGUNDA RAÇA
A TERCEIRA RAÇA
A QUARTA RAÇA
PRIMEIRA SUBRAÇA ATLANTE
SEGUNDA SUBRAÇA ATLANTE
TERCEIRA SUBRAÇA ATLANTE
QUARTA SUBRAÇA ATLANTE
QUINTA SUBRAÇA ATLANTE
SEXTA SUBRAÇA ATLANTE
SÉTIMA SUBRAÇA ATLANTE
A QUARTA RAÇA
PRIMEIRA SUBRAÇA ATLANTE
SEGUNDA SUBRAÇA ATLANTE
TERCEIRA SUBRAÇA ATLANTE
QUARTA SUBRAÇA ATLANTE
QUINTA SUBRAÇA ATLANTE
SEXTA SUBRAÇA ATLANTE
SÉTIMA SUBRAÇA ATLANTE
ASPECTOS GERAIS DA CIVILIZAÇÃO
ATLANTE:
RAÇA ARIANA - A QUINTA RAÇA
PRIMEIRA SUBRAÇA ARIANA
SEGUNDA SUBRAÇA ARIANA
SEGUNDA SUBRAÇA ARIANA
TERCEIRA SUBRAÇA
ARIANA
QUARTA SUBRAÇA ARIANA
QUINTA SUBRAÇA ARIANA
ASPECTOS GERAIS DO PERÍODO ARIANO
BIBLIOGRAFIA
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“Este livro foi colocado na internet em 2009
num site específico de literatura, obtendo boa aceitação. De lá para cá temos
retirado algum material dele e colocado no Arca de Ouro. Mas tendo verificado que um
número de sites o têm divulgado integralmente resolvemos também - finalmente - fazer o mesmo em nosso blog, porém o dividindo em três partes, acreditando ser
melhor assim.
Portanto, agradecemos sua atenção, prezado amigo leitor, na disposição em lê-lo e pelos possíveis comentários, caso se sinta inclinado a isso".
PRÓLOGO
Ao intitularmos essa obra: “O Monoteísmo
Bíblico e os Deuses da Criação”, poderíamos também ter escrito ao inverso como: “Os
Deuses da Criação e o Monoteísmo Bíblico”, pois na cronologia histórica o
monoteísmo não determina um final à existência de deuses solares. Nenhuma
crença ou nova verdade pode apagar todas as verdades anteriores ou as
substituir para sempre. Muito menos em se tratando da humanidade e seus
períodos de evolução cíclica de consciência.
O monoteísmo egípcio já aparecera antes
do monoteísmo hebreu com Amenophis IV, o fundador do culto a Aton, chamado
também de Amenhotep IV ou Akhenaton, sem que os altos sacerdotes egípcios
propagadores do monoteísmo, entendessem que o banimento dos deuses criadores
seria para sempre, substituídos pela gestão de um único e absoluto Deus Solar.
Sabiam que não seria simplesmente assim porque eram iniciados nos verdadeiros
mistérios e conhecedores das funções dos deuses.
Moisés ao implantar o monoteísmo hebreu
e tentar estabelecer uma religião unicamente racial para seu povo falhou nessa
intenção por três principais motivos. O primeiro, foi a necessidade de trazer
leis morais e sociais; o segundo, foi de construir uma arca e montar uma tenda
para Deus; e o terceiro, de precisar introduzir um culto de magia. Houve,
nesses eventos, não só a inserção dos hábitos histórico-religiosos da milenar
cultura egípcia, como de práticas de sacrifícios e imolações animais já antes introduzidas em rituais de povos politeístas. Não existiu, portanto, a
originalidade absoluta de um credo monoteísta judeu, mas sim casuísmo. A bem da
verdade, o Egito sempre esteve presente na alma de Moisés e dos hebreus e
jamais deles se apartou, não importando o fato da troca de um panteão de deuses
para uma só e absoluta divindade.
Entretanto, o monoteísmo criaria raízes
e grassaria por todo o oriente médio e mais tarde fundamentaria a própria
religião cristã espalhando-se pelo mundo.
Na versão esotérica da criação, os
deuses solares estiveram e estão sempre presentes na Terra. O politeísmo, na
realidade, nunca foi descartado das hostes criadoras de todos os reinados. A
máxima budista de que não há um Deus, mas deuses criadores ficou relegada e
mantida distante de muitas das religiões, mesmo porque os fundamentos das
existências do universo e nosso sistema solar sempre evocaram um Onipotente,
no que concordam os budistas com esse pensamento brahamânico.
Ou seja, há o Imanifesto e
Impronunciável, o Ininteligível Brahman ou Parabrahaman. Abaixo Dele há a
trindade Brahmâ-Vishnu-Shiva e abaixo da trindade, ao alcance de nossas humanas
compreensões, desfilam os deuses criadores e mantenedores de nosso sistema
solar.
Há suficientes argumentos nas páginas
dessa obra onde comentamos da existência de muitas hierarquias de seres
superiores, que são exatamente os deuses solares dos antigos e também - por
aparente incoerência - os introdutores dos monoteísmos egípcio e judeu. Não há
como fugir dessa verdade e não nos incomodamos em absoluto com a crença cristã
monoteísta, porém a aceitamos com conceitos acima das considerações religiosas.
A trindade cósmica de Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo, ou dos três
Logos dos gnósticos, vem em si mesma impregnada da necessidade de um trabalho
colaborador de gerações politeístas. É bem diferente a explicação gnóstica da
trindade daquela esposada pelas religiões cristãs. Nos cultos ofitas a trindade
se desdobra em quatro, na tetraktys, com Sophia procedendo de
Sigé-Bythos-Ennoia, o que a concepção indu mostra-nos algo parecido. No
induísmo, o Brahman Supremo, Incognoscível e Incorpóreo, gera uma emanação
temporal que faz nascer o Brahmâ masculino e imanifesto que vai resultar em
três Logos ou Deuses Absolutos. Mas do terceiro Logos imediatamente emana Anima
Mundi, a Alma Universal, e em seguida diversos deuses hierárquicos que vêm
atuar e levar adiante todo o Grande Plano da Criação para o sistema solar.
O livro aqui apresentado tem duas partes
distintas colocadas não com a intenção de traçar paralelos a fim de tecer
propositais impasses e neles agregar mais dúvidas quanto à existência de Deus
ou de personagens bíblicos. Mas como duas faces de uma mesma realidade, embora
o deus cristão difira em alguns aspectos importantes do deus bramânico. A
Bíblia por si só é um livro polêmico onde o ceticismo não consegue provas
inequívocas de suas narrativas, ou não deseja reconhecer as evidências. Mas
qual das grandes e significativas religiões mundiais conseguiu realmente provar
suas inteiras origens senão basear-se muito mais nas crenças da tradição oral,
e nos pergaminhos ou crônicas chamadas comumente pelos leigos descrentes de apócrifos?
E pareceria mesmo incongruência precisar-se apelar unicamente às provas
materiais a fim de que a comunidade cética viesse reconhecer a legitimidade de uma
religião. E para quê? Pois para religiões e religiosos o descaso cético e o
ateísmo a nada abalam. Sua importância é menos do que o relativo.
Se uma religião possui um credo ou um
livro sagrado com códigos morais conducentes aos bons atos para agregação do
ser humano em sociedades, as demais provas materiais sobre seus fundadores
tornam-se secundárias. Se os céticos não se satisfazem com a fé e nem com os
livros sagrados, pior para eles. Mesmo dez mil provas materiais nunca os
convenceriam, pois o ceticismo é fundamentalmente intolerante.
As ciências se por um lado ajudam no
reconhecimento de fatos religiosos, por outro lado vêm aumentar o ceticismo e o
ateísmo. Os laboratoristas céticos jamais se deixam dobrar diante de achados
arqueológicos - a não ser que lhes sirvam para sedimentar ainda mais o
materialismo - e não lhes servindo, a
eles adicionam novas hipóteses dúbias que logo transformam em teorias a
compendiar teses refutadoras. E por faltar maiores provas nas histórias das
religiões a contento dos céticos, os relatos dos feitos de seus grandes homens
deixam de ser possibilidades reais, vindo para eles cair no patamar do imaginário crente.
E sem provas consideradas sólidas fica valendo o fisiologismo revelado pelos
historiadores da oficialidade acadêmica, respaldado pelo valioso auxílio de
fragmentos arqueológicos muito bem escolhidos.
Nada é perfeito nesse mundo, muito menos
são perfeitas as religiões. A história já demonstrou o quanto o homem foi capaz
de destruir, fosse ele religioso ou não. Mas os historiadores não fazem o menor
esforço para reconhecer o invisível. Para eles, o invisível é inexistente,
portanto irrelevante para as causas da verdade e não se ajusta às proposições
racionalistas do cientificismo moderno ou da filosofia materialista. É,
portanto, um completo celeiro de crendices sem quaisquer bases ou respaldos.
Pois a história do homem biológico é a única existente, objeto que foi de um
inegável ciclo evolutivo desde um passado avoengo macacóide, ou de um ancestral
comum elo de todas as espécies, jamais encontrado e nunca visto, que as
ciências vêm dimensionando em formato elusivo de nova fábula darwinista. Para o
cético, a crença nunca fez o conteúdo humano de massa e ossos diferente, e não
é possível reconhecer no religioso atitudes instintivas e gestos espontâneos
que o ateu não possua. Isso por si só já lhes serve para demonstrar que a
religião não atua de dentro para fora, e o cérebro é elemento condicionante
único, comum a todos, acumulativo e lógico da realidade concreta, mas,
infelizmente, sendo também originante da mente humana abstrata criadora de
ilusões.
Assim, dentro do ceticismo moderno cada
vez mais enraizado nas instituições acadêmicas, as grandes verdades milenares
guardadas e mantidas pelas religiões anteriores ao cristianismo, notadamente
orientais, e pelo próprio cristianismo, vão sendo desmentidas e ridicularizadas
pelos adoradores da tecnologia. Os homens voltados unicamente ao materialismo
já edificaram um pedestal de barro e ali depositaram seu deus único e
verdadeiro - as ciências num todo -
destituindo o Deus Onipotente e seus prepostos. E resolveram fechar seus ouvidos aos
estudiosos do ocultismo, que demonstram que a linguagem oculta e simbológica
dos mestres da sabedoria milenar, pode ser na atualidade perfeitamente
decodificada para desnudar as mesmas coisas que as ciências somente agora
descobriram. E também orientar para a aceitação de determinados caminhos que
ajudem a deslindar outros enigmas científicos.
A linguagem científica é naturalmente
técnica, especializada e complexa. A física, a química, a matemática, a
antropologia e demais ciências afins estão presentes em quase todas as teses e
descobertas. O deleite dos homens ateus das ciências é justamente esse:
pertencer a uma casta fechada, elitista e destacada; falar uma linguagem
própria seletiva, codificada, ininteligível ao populacho e inacessível ainda
aos neófitos, e trabalhar teorias e experimentos sob uma égide
implementadora do progresso mundial. Portanto, eles são as ciências!
Nesses termos, a conciliação é
impossível. A ambiciosa mente científica não entende os objetivos mentais e
espirituais dos sábios das religiões esotéricas. Antes, desdenham-nos, pois
dizem que não fosse o dedicado trabalho cético, investigativo e experimental o
mundo hoje estaria milênios atrasado, e as conquistas humanas que só as ciências
permitiram alcançar não teriam acontecido.
Mas que dizer dos males modernos que
sempre marcham interligados com as conquistas científicas e tecnológicas, que
municiam homens de íntimos selvagens habilitando-os a destruir milhões de vidas
com uns poucos apertos de botões ou gatilhos? E os males que a tecnologia
computadorizada e outros inventos maravilhosos trouxeram à juventude e aos
povos escravizados pelas nações ricas e mais poderosas? Não, senhores, essa
conversa vai longe, o debate é muito mais amplo e profundo do que venha parecer
aos simplistas pragmáticos, e o bem e o mal não se apartam nunca das idéias
progressistas! As ciências não podem resolver esses problemas, mas podem sem
dúvidas agravá-los e o fazem, não por serem ciências, mas por seus
representantes não saberem ensinar a domar o animal-homem que também existe
neles, e por fingir a inexistência da alma universal. A sabedoria das ciências
materiais avança do cérebro para fora, se limita a um mundo turbulento
tridimensional, e fornece armas a qualquer um sem qualquer responsabilidade com
valores morais, ao passo que a sabedoria esotérica permeia a alma humana como
um bálsamo e avança intimamente em paz e ao infinito, sob o seguro auxílio de
princípios reguladores dos elementos causais.
Considerando o lado esotérico da
sabedoria do mundo, podemos afirmar que as ciências humanas avançaram
extraordinariamente num curtíssimo espaço de tempo, comparativamente ao imenso
passado ancestral, porque os deuses assim quiseram. Os deuses fizeram os homens
redescobrir as ciências ao invés de os homens por si mesmos as terem descoberto
como a algo inusitado. Há um organismo diretor emanando dia e noite sobre a
Terra e sobre os homens. Todos os avanços das áreas humanas seguem um cronograma
adrede, implícito nos caminhos da evolução. Deus assim quer, O Logos assim
garantiu, e as hierarquias solares do conhecimento e sabedoria fazem-no
funcionar através das pobres e orgulhosas criaturas humanas. Se os homens de
ciências realmente soubessem que são meros instrumentos da vontade de Deus,
ficariam imensamente envergonhados pelo ceticismo. Mais ainda, por entregar os
produtos de suas pesquisas aos monopólios internacionais que dominam e
escravizam povos.
Quando o grande sábio inventor croata
Nikola Tesla afirmou que há abundante e inextinguível energia livre no planeta,
facilmente manipulável para uso gratuito de todas as pessoas, o fizeram
calar-se e com o tempo tiraram-lhe várias de suas patentes de inventos práticos
que o mundo de hoje se habituou utilizar. Aquele fantástico cérebro disse em
sua autobiografia que desde a infância ouvia vozes e comunicações mentais; que
costumava ter visões, e em ocasiões de ampliação de consciência ficava doente,
sendo obrigado a descansar para se recuperar. Declarava que seu conhecimento
científico lhe era transmitido por extraterrestres.
Tesla nada lucrou com seus inventos, mas
esses mesmos inventos rendem incontáveis somas de dinheiro para aquelas
empresas do “pool” monopolista mundial que graças ao croata são hoje
multibilionárias. E pelas experiências científicas de Tesla caberia aqui a
pergunta: seriam os extraterrestres os deuses solares da criação? Achamos que sim, porém nem todos!
Rayom Ra
PARTE I
HISTÓRIA E RELIGIÃO
CAPÍTULO I
SOB A
POEIRA DAS ESTRELAS
O enigma da vida é o único e verdadeiro
legado que o homem carrega. Antes mesmo de tentar conhecer-se como criatura,
ele olhou para o céu e procurou entender as estrelas sonhando pela primeira
vez. A imensidão do firmamento sempre foi instigante para todos os povos de
todas as nações. Parece-nos que a grandiosidade infinita do universo sempre
inspirou para que se construíssem monumentos gigantescos em comemoração e
devoção a alguém incrivelmente poderoso, que criara tantas coisas distantes,
mas que magicamente estivesse presente sobre as cabeças e sob os pés dos
homens. E este arquiteto, tantas vezes antropomorfizado, moraria nas estrelas,
no azul ou negro do céu, ou dentro do abrasante sol. Quando desejasse, estaria
nos uivos dos ventos ou ressoar das águas, no ribombar dos trovões, na rapidez
dos relâmpagos ou no clarão dos raios! Poderia aparecer para quem mais amasse,
viver dentro dele, fazer coisas impossíveis; matar e ressuscitar. Mas de tudo o
que criara, o céu a rebrilhar na negra noite sempre fora o maior dos Seus
enigmas, e se conseguisse entendê-lo, entenderia também o Seu próprio mistério!
Os orientais, mais precisamente chineses
e tibetanos, há milênios já ensinavam que o solo da Terra, as formas viventes e
o corpo humano são nutridos de energia cósmica e da matéria provinda das
estrelas. Os corpos celestes, diziam eles, sofrendo processo de desintegração
ou explodindo, pairam pelo espaço em poeira, e essa poeira é atraída para a
Terra por ação do campo magnético formado entre a Terra e a Lua. Dessa
afirmação, encontramos certa coincidência na teoria da moderna astronomia
quando ela define as galáxias como conjuntos de estrelas envoltos por gás e
poeira. Vemos, assim, que a distância das antiquíssimas civilizações para o
século atual não invalida a relação de conhecimento nesta curiosa
particularidade.
A astronomia, com frequência, vem reajustando
e reciclando seus postulados sempre que novas descobertas são comprovadas, e
pelo caráter de suas investigações permeia teses e afirmações com espírito científico.
Em que pese às descobertas registradas
nos anais da astronomia, notadamente no passado através de homens como Hiparco,
Ptolomeu, Galileu, Copérnico, Kepler e muitos outros, não há como dissociar da
oficialidade científica o conhecimento vigente da remota antiguidade,
emergente, principalmente, dos sumérios e
chineses. É inegável a aceitação por astrônomos de um legado de informações dos
antigos como partida de um estudo mais pormenorizado das constelações, em
particular de nosso sistema solar. Entretanto, certas afirmações tradicionais
foram aos poucos desmentidas ou desmistificadas, e estando assim resolvidas
pelo pensamento atualizado dos astrônomos, segundo suas épocas, foram largadas
ao esquecimento por que homens de pensamento racional e mentes investigativas
não convivem com crenças.
Com o tempo, as noções de massa, peso,
volume, distância, movimento, velocidade, órbita, grau, temperatura, etc.,
foram sendo cada vez mais trabalhadas conduzindo a conclusões mais exatas.
Porém, a astrologia foi suficientemente negada pelos astrônomos antigos e
continuaria a sê-la na atualidade As descobertas da antiga astronomia
misturavam-se com os conceitos da astrologia, pois na antiguidade era dado aos
sacerdotes, e tão somente a eles, o direito a esses estudos. Não existia assim
o epíteto de uma astronomia para cálculos físicos e exatos e de uma astrologia
aparte, mais ampliada e interpretativa, para revelações espirituais ou
esotéricas. Para que modernamente viesse existir essa desejável separação, o
propósito religioso dos povos da antiguidade foi oportuna e adequadamente
desprezado pela razão científica. No entanto, na era cristã, com evidentes
interesses eclesiásticos, a igreja vigorosamente interveio no trabalho científico, obrigando no século XVII a Galileu Galilei, renomado astrônomo, a
abjurar de afirmações conclusivas sobre o sistema heliocêntrico por ele
defendido, sob ameaça de queimá-lo vivo como bruxo.
Um dos aspectos que se autoafirmou e
veio materializar-se definitivamente por conta da evolução mental dos povos,
foi o fundamento da astronomia como inegável ciência independente, não
sectária, respaldada pela matemática e geometria e estribada por leis da
física. Já a astrologia, ganharia o desprezo de profissionais dos muitos
segmentos da ciência oficial, e salvo por poucos e antigos astrônomos não
ortodoxos a astrologia simplesmente nunca existiu, muito embora, hodiernamente, seja ensinada em
cursos legalizados e universidades tendo grande aceitação por quem segue ou
acredita nas revelações esotéricas.
Apesar de peremptoriamente negada, a
astrologia praticada pelos sábios sacerdotes da antiguidade trazia comprovadas
previsões apreciadas pelos reis de muitas nações e diferentes classes sociais
que rodeavam as cortes. Além do mais, ficou patenteado que a
astronomia-astrológica dos antigos portava nas suas fímbrias uma ciência
embrionária, que muitos milênios depois se organizaria com aparelhos de
insuspeitada tecnologia, iniciada por uma era de invenções em que surgiriam o
astrolábio (muito embora os sumérios já o conhecessem, conforme achado
arqueológico), a luneta, o quadrante, o sextante, o telescópio e muitos outros.
Mas apesar do extraordinário impulso acontecido nos estudos dos astros,
corroborado por cálculos e fórmulas matemáticas, era com evidente
constrangimento que os céticos astrônomos curvavam-se à veracidade de
afirmações dos precursores de sua ciência, cujas condições de observação do céu
eram totalmente desprovidas dos recursos tecnológicos que eles ali agora
destacadamente possuíam.
Como então os precursores da astronomia
puderam ter aquelas percepções maravilhosas? E como faziam os cálculos astronômicos senão precisos com incríveis
aproximações? As previsões de eclipses
solares e lunares, as entradas periódicas das estações, os calendários anuais
com 365 dias e tais como organizados por acádio-sumérios, chineses, egípcios,
maias, astecas, indus e outros povos, de onde teriam surgido?
Lendas burlescas, estereotipadas,
profundamente infantilizadas foram notadamente divulgadas nos dois últimos
séculos por estudiosos da astronomia, a fim de desmerecer a inteligência e
extraordinária percepção dos sacerdotes, reis e sábios da antiguidade - todos
iniciados nos mistérios - que investigavam e detectavam os efeitos produzidos
pelos astros nos homens e na natureza. Mas ao invés de depreciá-los, o que
exatamente se provou foi o contrário pela estupidez dos propagadores das
fábulas. Aliás, esse pensamento depreciativo sobre os antigos estende-se
também, em alguns casos, às outras ciências que eles tão bem souberam
manipular, como nas construções de magníficas cidades e pirâmides, a exemplo do
Egito. E quando os homens do pensamento objetivo não conseguem explicar, de que
maneira os antigos chegaram à exata cifra de 3,14159, análoga ao Pi (grego),
representando a razão constante entre o comprimento da circunferência e seu
diâmetro, tantas vezes repetida nas relações geométricas da figura da grande
pirâmide de Gizeh, a ciência acadêmica simplesmente se cala ou finge ignorar. O
que as ciências buscam somente reconhecer é que a grande pirâmide de Gizeh foi
construída aproximadamente em 2550 a.C - data essa objeto de intensas
discussões e nenhum consenso – no reinado do faraó Kheops, para servir-lhe de
símbolo e talvez túmulo de sua realeza, e mais tarde viria servir de templo
para as práticas das crenças egípcias.
Interessantíssimo dado, exarado das
medidas da grande pirâmide pelos sérios pesquisadores, relaciona-se com as suas
faces. Cada face da grande pirâmide mede exatamente 9.131 pés. Se
multiplicarmos esse valor por 4 (os 4 lados da pirâmide) obteremos a cifra
36,524, que multiplicada por 10 dará igual a 365,24, número hoje entendido
pelos cálculos astronômicos a expressão mais exata de um ano solar. Há dezenas
de outras importantes relações geométricas e matemáticas aplicadas à astronomia,
nos cálculos feitos com as muitas medidas encontradas na grande pirâmide, senão
exatas com aproximações desprezíveis, que céticos astrônomos ortodoxos fariam
bem a si mesmos em aceitá-las sem subterfúgios, deixando de lado os seus
preconceitos. O que os assusta e incomoda é admitir que a astronomia é mais
antiga do que suas conclusões na fé histórica acadêmica, e dentro dessa
realidade indesejada a astronomia emergiria da ciência astrológica ainda mais
antiga.
Lembro-me bem, quando jovem estudante,
das palavras de meu professor que se aproveitara de uma historieta folclórica,
para explicar à turma como se teriam originado os rudimentos da matemática.
Dizia o sábio professor que um pastor reunia pedras para controlar o rebanho de
ovelhas. Cada pedra corresponderia a uma cabeça; assim, ao final do dia, ao
trazer o rebanho de volta ao curral, em sobrando pedra, ele concluiria que
alguma rês teria se extraviado, fora roubada ou comida por animais famintos. A
lenda nada tem a ver diretamente com a astronomia, mas retrata uma ideia
caótica de que as ciências teriam surgido singelamente das necessidades
domésticas e por obra do acaso.
Outra história sobre as descobertas da
antiguidade ilustra com precisão o conceito propositalmente ingênuo que alguns
orgulhosos astrônomos atribuíam às suas narrativas, ainda hoje repetidas, para
tentar explicar como a astronomia teria surgido. Com isso, certamente,
pretendiam creditar a si próprios os méritos de terem tornado a astronomia uma
ciência totalmente racional, infinitamente acima da crendice popular de
antanho, que propagava ser a abóbada celeste sustentada por colunas e o
firmamento a refletir-se dessa abóbada para a Terra. Diziam, pois, e dizem os
estudiosos da astronomia, que os povos da Mesopotâmia, observando o céu,
catalogavam estrelas e constelações, tirando dos seus aparentes movimentos
todas as relações que mais tarde formariam o seu primitivo conhecimento
astronômico.
Ora, sabemos que de
uma só região não é possível deter-se a exata observação do firmamento. Além
disto, há épocas em que a observação é profundamente prejudicada pelas más
condições atmosféricas. Ademais, a Mesopotâmia, nesse caso, embora oferecesse
visão privilegiada do céu em grande parte do ano, ainda assim não permitiria
por si só que todo o conhecimento estelar compendiado pelos sacerdotes
estivesse exclusivamente sobre suas cabeças. Como então explicar, por exemplo,
a perfeita noção que detinham do cinturão formado pelas constelações austrais e
boreais e do zodíaco com seus signos e divisões, obtida a olho nu? Segundo achados arqueológicos, os sumérios já
teriam mapeado essas constelações, e, mais tarde, os gregos, absorvendo esse
conhecimento, não só o ampliariam como criariam extensa e genial mitologia,
cujas lendas e simbolismos se perpetuariam na memória. Por outro lado, a
criação de um verdadeiro tratado mitológico, não contemplaria os gregos com a
originalidade dessa rica mitologia, pois os mesmos sumérios formulariam antes
dos gregos lendas e simbolismos a fim de também manter vivas suas descobertas
astronômicas.
Mas voltando às
nossas proposições, admitimos que para antigos sacerdotes astrônomos obtivessem
noções mais completas de tudo o que exploravam, teriam de viajar para outros
locais a fim de exercer melhores observações. E viajariam solitários e
independentes, aqueles aficionados da astronomia, normalmente idosos, para
lugares mais amplos e distantes ou a topos montanhosos, com o único e
gratificante fito da pesquisa, sendo obrigados a atravessar regiões inóspitas
onde tribos selvagens atacavam viajantes e caravanas? E quantos mil quilômetros
necessitariam percorrer até atingir os lugares especiais? Que equipamentos
conseguiriam levar a fim de suportar sol abrasante, tempestades de areia,
climas gélidos ou o constante perigo de animais selvagens e famintos? E os
víveres quanto durariam? Uma série de outras desvantagens e dificuldades
poderiam aqui ser elencadas para demonstrar que aventuras dessa natureza seriam
desencorajantes e perigosas, ou mesmo impossíveis realizar. Desse modo, apesar
dos zigutes, que eram torres de observações estelares, tornava-se profundamente
incompatível a realização de estudos astronômicos sob a ótica apresentada pelos
formuladores de lendas, o que vem reforçar aos nossos olhos o propósito
consciente de se desmerecer a sabedoria bem mais recuada revelada pelos
estudiosos da antiguidade.
Convenhamos: desejar
passar ideias simplórias para inexperientes estudantes embutidas nas fábulas
descritas é tentar formar falsos e prematuros conceitos na mente juvenil a fim
de que outro julgamento, que não o de uma autoridade científica inquestionável,
não venha pôr em dúvida todas as revelações da matemática e descobertas da astronomia segundo seus
propagadores.
A astronomia,
evidentemente, possui história até certo ponto fascinante. As primeiras
notícias que nos chegaram acerca de seus iniciadores, remontam ao século VII
a.C. com Thales de Mileto, grego fundador da escola jônica, Entretanto, são
muito mais antigos os registros dos povos sumérios instalados na Mesopotâmia
que ultrapassam em muito os 8000 anos admitidos por historiadores quando
fabricavam tabuinhas de argila com escrita cuneiforme, indicando efemérides dos
astros. Têm-se notícias de que esses povos teriam sido os primeiros a
confeccionar um calendário com 365 dias anuais.
Da mesma forma
têm-se notícias de que os chineses, na época de Fou-hi, há aproximadamente 5000
anos, já sabiam contar o tempo com suas principais subdivisões de horas, dias,
meses e anos, bem como previam eclipses, além de ter elaborado um complicado
zodíaco e manufaturado horóscopos.
É realmente um
mistério para os homens de bom senso entender como povos de hábitos tão
rudimentares puderam dar extraordinários saltos nas observações astronômicas,
transplantando-as para inteligentes lendas ou adaptando-as às suas vidas
diárias.
Observando-se a
cronologia dos povos da antiguidade, oficializada pela história universal, nos
deparamos com inúmeras hipóteses acerca de suas atividades e modus vivendi do
que unicamente com provas incontestes. Isto porque é somente possível recompor
o mosaico histórico humano a partir de provas documentais concretas
laboriosamente buscadas por investigadores ou heroicos arqueólogos. O trabalho,
assaz interessante, encerra artística e talentosa meticulosidade para realinhar
fatos ligados às provas encontradas, mas logicamente não pode garantir, de
maneira absoluta e inquestionável, a virtual remontagem da história em perfeita
escala cronológica, sem hiatos ou interregnos. Ademais, as provas arqueológicas
encontradas em muitas escavações, serviram, em diversos casos, somente para
despertar fecunda e entusiasta imaginação nos estudiosos e pesquisadores. Imensos
e verdadeiros sítios arqueológicos, que poderiam melhor elucidar, encontram-se
sob extensas camadas de pedra, terra ou areia, ou afundados sob escombros de
prédios soterrados, escondendo eras de sofrimento humano, sem permitir que
conheçamos sequer vestígios de suas existências. Insuspeitadas civilizações
podem perfeitamente estar sob as profundezas dos mares e oceanos, ou debaixo de
camadas de macios terrenos de florestas americanas, asiáticas ou australianas,
acobertadas por troncos e raízes. Fatores naturais como inundações, terremotos,
incêndios, erupções vulcânicas, maremotos ou mesmo glaciações as teriam feito
desaparecer, sepultando-lhes definitivamente a memória a profundidades
inalcançáveis pelos atuais métodos de pesquisas.
Provas até agora
rescaldadas não demonstram incontestavelmente que a saga dos povos da
antiguidade e dos períodos pré-históricos e antediluvianos, tenha ocorrido
exatamente como é apresentada. Sabemos muito pouco dos avoengos. Precisaríamos
utilizar outros métodos para obter novas informações e melhor compor elementos
reveladores de nossas distantes e verdadeiras origens. Porém, que métodos
poderiam ser esses para revolucionar a história? Para as ciências palavras
semeadas não bastam, exceto as hipóteses aventadas a partir de provas
materiais. Não obstante, nestes casos e curiosamente, as hipóteses e o
pensamento cético irredutível fazem também a história recair em fantasias ou
romantismos, e nem sempre os resultados da investigativa dos pesquisadores e
empreendedores se mostram justos ou cautelosos nas suas conclusões e nem
honestos, mas suficientemente férteis na direção cética.
A cronologia histórica se baseia nas
provas antropológicas dos mais antigos fósseis de que temos notícias, datados
de 14.000.000 de anos, descobertos em 1932 na Índia, pertencentes à espécie
Ramapithecus. Essa espécie primata teria vivido durante o período Mioceno
Superior. Em 1961, na África, descobriu-se o Kenyapithecus Wickeri do mesmo
período. O Homo Sapiens - o homem de Cro-magnon – segundo se afirmava, somente
deixaria registros de sua passagem há 35000 anos, sendo supostamente o mais
próximo representante de uma espécie primitiva que teria gerado o homem
civilizado. Mas segundo afirmam outros e dissidentes paleontólogos e antropólogos,
o homem moderno não teria vindo do Homem de Cro-magnon, e sim do Homem da
Galiléia. Em 1987, nas cavernas de Qafzeh e de Kebara, no Monte Carmelo, foram
encontrados fósseis que revelaram tanto o Neanderthalensis como seu evoluído
Cro-magnon, terem vivido há 70, 80, 100 ou mais mil anos e o Homem de
Cro-magnon, que se supunha mais refinado do que o Neanderthalensis, teria
vivido antes do próprio Neanderthalensis! Ou ambos teriam vivido juntos, logo a
linha evolucionária do homem moderno seria outra, nada a ver com o
Neadentharlensis ou com o Cro-magnon. As novas e estonteantes descobertas
viriam ser corroboradas pelos achados posteriores no Sítio da Galiléia. E tem
mais, o neuroanatomista Terrence Deacon concluiria que o Neanderthalensis não
tinha nada de idiota, pois seu cérebro era maior do que o nosso!
Resumo da ópera:
considerando os milhões de anos passados, pouco existe de concreto e nada
definitivo a respeito das origens, vida e hábitos daqueles primitivos seres. E
muito menos se sabe do suposto ancestral comum originante de todas as espécies,
incluindo nós, seres humanos! E os hiatos são tão verdadeiros como são
verdadeiras as farsas montadas pelos homens, que se passaram por honestos
pesquisadores quando afirmaram ter desenterrado fósseis que fariam parte dos
compêndios de biologia e livros escolares sob as mais cândidas das verdades
antropológicas.
Foi assim que
Eugene Dubois montara o Pithecantropus Erectus – O Homem de Java –
utilizando-se de uma calota macacóide, um fêmur humano, dois dentes de macacos,
complementando bizarramente o resto com massa.
“O próprio Eugene Dubois
concluiria numa fase posterior de sua vida que a calota craniana de seu amado
Pithecanthropus, pertencia a um grande Gibão, um símeo que os evolucionistas
não consideram esteja tão intimamente relacionado aos humanos.” (A História
Secreta da Raça Humana – Michael A. Cremo e Richard I. Thompson”.
O Homem de Pitdown
teria uma parceria perfeita entre o pesquisador Charles Dawson e um padre
jesuíta Pierre Teilhard de Chardin, que juntos construiriam o Homem de Pitdown,
sendo facilmente comprovado que tanto o crânio quanto a mandíbula eram
pertencentes a donos diferentes, pois o crânio era humano e a mandíbula de um
macaco.
O padre Teilhard de
Chardin participaria com outros parceiros de nova e ambiciosa aventura, dessa
vez na montagem do Homem de Pequim, ou o Sinanthropus Pekinensis, pois o
material coletado para construir o Homem de Pequim também se comprovaria com
acerto pertencer a alguma espécie símea e jamais a um ancestral humano.
Da mesma forma o
Australophitecus, o Ramapithecus e o recente achado batizado de Lucy, não
resistiram a um exame mais acurado de especialistas, sendo comprovadamente
enxertos com ossos humanos e de macacos, com crânios não desenvolvidos o
suficiente para comparar-se com uma remota possibilidade hominídea. Nada,
portanto, que os identificasse ancestrais do homem moderno.
O que dizer então
aos nossos filhos que aprenderam essas inverdades em livros escolares da
oficialidade acadêmica?
* * *
Ao final da II
grande guerra, experiências com foguetes programados e dirigidos para a
destruição foram intensificadas para alcançar novos e superiores patamares. Com
efeito, cientistas de diversas nacionalidades aprisionados pelas forças aliadas
foram conduzidos a laboratórios diferentes, mas se mantiveram leais quanto as
suas futuras aspirações, com base no conhecimento acumulado através das
experiências tecnológicas desenvolvidas para os nazistas. Fossem eles
compulsados a realizar o que realizaram, ainda assim não estariam isentos de
possíveis julgamentos por crimes contra a humanidade, pois alguns cientistas
obrigados a trabalhar para os nazis, prefeririam a morte a colaborar
espontaneamente no desenvolvimento de armas tão perigosamente letais de
extermínio em massa. Assim achávamos. Mas não foi o que se viu. Ao que consta, ao invés de enfrentar
tribunais pós-guerra, verdadeiro exército de cientistas foi imediatamente
reaproveitado pelas duas maiores potências mundiais a fim de desenvolver
projetos de uma nova tecnologia. O mundo então testemunharia com enorme espanto
grandes transformações nos aparatos tecnológicas que se processariam a partir
da metade do século XX.
As bombas atômicas
lançadas por americanos contra pacíficos cidadãos japoneses, em 1945, passaram
a ser mais frequentemente testadas não somente por americanos, mas também pelos
soviéticos que, mediante espionagem, conseguiriam obter sua fórmula de
fabricação. Paralelamente ao surgimento das terríveis, cruéis e desumanas
bombas atômicas, começaria uma corrida armamentista com a fabricação em série de
novas armas e equipamentos de guerra, que jamais terminaria.
As duas
superpotências opunham-se política e ideologicamente, ameaçando-se mutuamente,
deixando o mundo com a respiração suspensa ante a perspectiva do
desencadeamento de uma guerra nuclear. Era a época da guerra fria. Fosse um
jogo de cena para o mundo e por detrás das cortinas se cumprimentassem, isso
era somente suspeitado por alguns dos mais sagazes críticos, entretanto para
milhões a possibilidade de uma real guerra nuclear era apavorante. A criação da
bomba atômica representava a inteira subversão dos valores humanos, nítida e
hipocritamente manipulados num plano inconciliável com as aspirações dos
humanistas modernos.
Concomitantemente
ao aperfeiçoamento das bombas atômicas, à desmedida e tresloucada proliferação
de novas armas e equipamentos de guerra, e às experiências com armas químicas e
mísseis de longo alcance, houve também uma superpotencialização tecnológica
alcançada pelo desenvolvimento da era dos foguetes espaciais. Sondas
planetárias, satélites espiões, naves exploradoras, eram distinguidos por uma
altíssima e refinada tecnologia sem precedentes, estabelecendo entre Estados
Unidos e União Soviética outra disputa na superfície e fora da Terra, chamada
popularmente de corrida espacial.
Que dizer das naves
tripuladas, dos engates com as estações orbitais, das trocas de tripulações e
dos reparos externos em pleno voo? E da aterrissagem (ou alunissagem) do homem na Lua, (hoje ainda se
levantam dúvidas quanto a esse fato, achando que tudo não passou de montagem em
estúdio), das promessas de vir pisar Marte e Júpiter ou de aproximar-se cada
vez mais do Sol? Diante de tantas e estonteantes novidades, chegávamos a
ironizar os pobres e heroicos Ícaro e Dédalo, pois se a lenda tivesse esperado
pela tecnologia de nossa era, Ícaro não teria encontrado a prematura morte!
A alta tecnologia
colocada em prática com sucessos e insucessos, viria trazer para a humanidade
uma versão virtual de vida, onde os recursos da eletrônica ostentavam velocidade
e eficiência só comparáveis ao crescente incremento das naves tripuladas, mas
expunham o homem a um novo somatório de obstinados hábitos e escravidão. O
homem do século XX tornava-se mecânico, atraído e fascinado por todos os tipos
de equipamentos e veículos sofisticados, cujas opções programáveis eram tantas
que se tornava desnecessário utilizá-las a todas para as reais necessidades. A
ânsia do consumo e o espanto às invenções causariam mudanças profundas na
mentalidade dos povos e na economia das nações.
Não pretendemos
destacar aspectos positivos e negativos deste processo mundialmente articulado,
embora seja inegável estarmos atualmente engajados na eletrônica quer queiramos
ou não. Mas é notório que os tradicionais métodos educativos - familiares e escolares – passaram por
radicais mudanças nas culturas de quase todos os povos. A rapidez obtida com a
utilização da informática, o uso cada vez mais frequente de celulares, os
aparelhos de vídeo com incríveis opções, as câmeras sensibilíssimas de captação
de imagens; as novas versões de veículos terrestres, aquáticos ou aéreos, a
reformulação do aparelhamento industrial e das prestadoras de serviços, as
utilidades domésticas, enfim, toda uma nova ordem de produção e consumo viria
colocar o homem cada vez mais atrelado aos chips e placas eletrônicos. A
televisão e o computador aceleram a globalização, e cremos que no polo positivo
isto seja bom, embora no polo negativo se prove profundamente assustador.
Colocamo-nos agora
diante de alguns problemas que pretenderam ser somente modernas soluções, pois
com a rapidez com que os importamos e suas mensagens inovadoras, não tivemos
tempo para desenvolver uma estratégia bem montada e absorvê-los. E como não
possuímos ainda uma cultura específica para essas coisas, faz-nos tremenda
falta neste momento a sabedoria dos antigos!
Parte desse
processo viria também consagrar um tipo relativamente novo de ciência chamada
Astronáutica, que nada tem a ver com a astronomia tradicional, mas que trouxe
imensas e surpreendentes contribuições aos compêndios dos pesquisadores do
universo e Via Láctea. Todos os estudiosos da astronomia ficaram estarrecidos
com o poder de alcance do extraordinário telescópio espacial Hubble, lançado na
órbita da Terra, capaz de obter inacreditáveis imagens sem distorções muito
além dos limites do até então inescrutável. Com isto, novos horizontes se
abriram, e afirmações antes não refutáveis foram corrigidas ou reconsideradas
devido às novíssimas provas obtidas pelo Hubble. Ao mesmo tempo, laboratórios
de pesquisas foram também reequipados com novos e poderosíssimos telescópios
que muito auxiliaram para recentes descobertas.
CAPÍTULO
II
PORTAIS DO
TEMPO
Para muitos, é claro e lógico que o
enigma da existência humana não começou exatamente com Adão e Eva conforme
relatado na Bíblia. A Bíblia é de difícil compreensão. Milhares de páginas já
foram escritas por pensadores de diversos povos com o intuito de trazer à
discussão uma possível realidade física proposta no Velho Testamento, como obra
acabada.
É por demais prosaica para o homem
intelectual do século XXI a revelação do enigma da vida na face da Terra, num
livro que trata unicamente da saga de um só povo. Não há a possibilidade, com
as ferramentas de que dispõem nossas ciências acadêmicas, de uma mensuração
cronológica que pudesse registrar com provas o período da existência planetária
onde Adão e Eva tenham sido criados. Da manifestação do Pensamento de Deus
criando os céus, a Terra, as trevas, o firmamento, as águas e tudo mais que
veio a existência, teriam se passado sete dias. Depois viria a formação do
homem, depois a formação da mulher. Em que época tudo isto teria ocorrido?
Estes atos da Criação Divina abrangeriam a Via Láctea ou todo o Cosmos onde
existem trilhões de sistemas solares? Ou se restringiriam tão somente ao nosso
sistema solar?
Através da visão do Primeiro Livro de
Moisés, chamado Gênesis, é impossível definir-se qualquer cronologia conducente
a uma conclusão plausível. E a questão da criação da humanidade por um único e
escolhido povo seria infantilmente mantida por séculos pela ignorância leiga
de religiosos condicionados pela Igreja.
Entendemos, não obstante, que os véus
lançados sobre as narrativas do Velho Testamento, encerram, em muitas
instâncias, o propósito de criar uma aura de mistério e respeito. Entender a
história da criação alocada num simples conto onde a magia de um Pai
extraordinariamente onipotente, antropomorfizado e profundamente preocupado com
o bem, a natureza e o homem, seria, a primeira vista, de fácil assimilação às
mentes primárias de almas impressionáveis, porém às outras mentes não. Mais
tarde, o povo judeu, por sua própria cultura, admitiria a dificuldade de
definitivamente descerrar os véus da história da criação.
É provável que o Velho Testamento ao ser
escrito, reescrito, compilado e recompilado (imaginamos toda uma cuidadosa
estruturação para que fosse coligido), tivesse também a intenção de impor o
respeito e temor a Deus, aliado ao fato de que auxiliasse a novamente despertar
uma autoestima, e até certo ponto o orgulho a um povo que por séculos fosse
mantido cativo no Egito. Ou seja, o Deus IHVH dos judeus, por intermédio de seu
libertador Moisés, os relembraria de que eram um povo eleito, descendentes de
Abraão, e filhos de Jacob, ao qual fora prometido um futuro glorioso sobre a
Terra.
O Pentateuco, entretanto, não dá provas
de ter sido escrito por Moisés. E para livres pensadores permanece
irrespondível a questão: quem de fato o teria escrito? Para israelitas,
principalmente ortodoxos, foi sem dúvida Moisés quem o escreveu, ou pelo menos
o recebeu, mas essa afirmativa realmente carece de provas concretas, visto
muitas situações protagonizadas pelo salvador dos judeus, tanto no Egito como
no êxodo, serem fenomênicas e aparentemente inverossímeis. Os fenômenos
físicos, por oportuno, provocados pelos poderes divinos atribuídos a Moisés,
também foram, alguns deles, identicamente atribuídos a Baco, no próprio Egito,
antes do aparecimento do salvador hebreu, conta-nos a antiga tradição gnóstica.
Outras questões acerca da existência dos
heróis bíblicos vêm à tona com frequência. E apesar de todos os recursos das
ciências modernas e proposições de pesquisadores e historiadores eruditos, nada
mudou. Tudo permanece no campo das conjeturas trazendo infindáveis discussões
como antes. Muitas provas escritas em que se baseiam os historiadores são
testemunhadas por manuscritos considerados, muitas vezes, apócrifos, e cujas
datas normalmente divergem.
Sabe-se que os judeus comemoraram em 03
de outubro de 2006 de nosso calendário gregoriano o ano 5766 (data completa e
cabalisticamente significativa), para eles, da criação do mundo. Segundo a
história universal, os sumérios, povo caucasiano de pele escura cuja
descendência era atribuída dos dravidianos da Índia, provindos da Ásia Central,
ao chegarem ao vale da Mesopotâmia já ali encontraram tribos semitas.
Instalaram-se inicialmente às margens do Eufrates expandindo sua civilização e
absorvendo todos os outros grupamentos, impondo-lhes sua cultura mais
adiantada. Mais tarde, os cananeus ocupariam a Terra Sagrada onde, supõe a
história, iniciou-se propriamente a civilização do povo judeu. Canaã, dos
cananeus, estaria situada na região da Palestina e mais tarde seria o ponto de
destino dos israelitas provindos do Egito, após marcharem 40 anos pelo deserto.
Segundo o Gênesis de Moisés, Deus criou
o homem e a mulher e os colocou no Éden ou Jardim do Paraíso. Do Éden saia um rio,
chamado Pisom, que rodeava a terra de Havila. Outro rio, no mesmo Éden, chamado
Giom, circundava a terra de Cuxe. Um terceiro rio era o Tigre e um quarto o
Eufrates.
O que se conclui é que os sumérios ao
chegarem da Ásia Central há mais de 8000 anos, teriam se instalado na
Mesopotâmia. Já os cananeus, tribos árabes semitas, provavelmente vindos também
da Ásia fundariam Canaã na Palestina e não na Mesopotâmia, onde pretensamente
ficaria o Jardim do Éden.
Muitos religiosos cristãos desejariam
que a história universal pudesse ter duas metades, a exemplo de um globo ou
esfera, onde um dos hemisférios registrasse a lenta e gradativa evolução da
raça humana desde os tempos imemoriais, e o outro, o superior, revelasse a
evolução da raça a partir da chegada de Cristo.
Hoje se fala da interferência de seres
extraterrestres na evolução da raça humana, a conduzindo a caminhos outros que
não os alcançados unicamente pela ambição dos conquistadores e visão dos
reformadores de sociedades. Uma destas propostas seria a presença de Adão e Eva
na Terra, produto de um Deus Planetário extraterrestre, em cujas mãos estaria
aprimorar o genes das raças. Daí, o surgimento de uma nova raça. Mas há quantos
mil anos isto teria acontecido?
O academismo das ciências teoriza que a
vida se iniciou há milhões de anos, passando por fases distintas de um processo
seletivo natural, sem a manipulação de uma Inteligência Transcendental. Ou
seja, para as ciências a vida é inteligente porque é simplesmente a vida, e os
elementos consubstanciadores da matéria: o ar, a terra, o fogo e a água,
surgiriam naturalmente porque são simplesmente elementos. O processo terrenal
espontâneo começaria a produzir vida evolutiva a partir da água marinha e as
formas protoplasmáticas unicelulares ou as proteicas, conseguiriam dividir-se
por meiose ou cissiparidade. Mais tarde, por outro qualquer processo em que
talvez existissem polaridades opostas, se atrairiam formando elementos
pluricelulares heterogêneos. Ou a formação de um sub-reino onde os protozoários
dariam origem aos metazoários. Daí, por mutações e evolução espontânea, uma
determinada linha evolutiva chegaria a algas, a peixes comuns, e milhões de
anos depois aportaria a terra em formas de vida anfíbias.
Depois disto, passando por diversos
outros ciclos, esses produtos marinhos chegariam a animais, alcançariam o
estágio de primatas, e finalmente se tornariam homens. Certamente toda a
multiplicidade da fauna e flora teria da mesma maneira surgido do mar se
diversificando em muitas espécies. Quem acreditar nesta incrível e mirabolante
epigênese não conseguirá evidentemente identificar um Criador.
Para que a vida amorfa chegasse à
morfogênica, tudo teria se iniciado na Terra há 4.5 bilhões de anos, quando da
formação do carbono e da matéria orgânica. Este é o período Pré-cambriano
calculado pelas ciências. Mas cabe aqui uma pergunta: se este período se
destaca principalmente pela presença de elementos gasosos mutantes como, por
exemplo, o hidrogênio transformando-se em hélio até formar o carbono, de onde
os elementos realmente teriam se originado?
Para isto comentarmos, cremos necessitar
entender de teorias cosmogônicas-holísticas, pois é importante ressaltar que as
ciências não aceitam e nem adaptam suas teses a nenhuma teogonia. Claro que o
planeta Terra nessa cronologia científica já estaria em formação. Sua matriz
ainda seria gasosa e provavelmente superaquecida.
Tanto o universo como um todo e a Terra
em sendo um ponto insignificante para o todo, surgiriam de imensa explosão
chamada pelos astrônomos de o big-bang.
As ciências admitem não saber o que teria originado essa explosão há 15
bilhões de anos, mas admitem que a partir do big-bang o universo se expandiria.
Se estivermos entendendo o que as
ciências afirmam, extrapola-se o paradoxo de uma inicial inexistência. Da
inexistência aconteceria a explosão; a matéria se autocriando, se
auto-expandindo e imediatamente concebendo naturalmente todas as conhecidas
leis físicas, matemáticas, quânticas e etc., afirmações estas comprovadamente
sustentadas pelos cientistas, e muitíssimo mais tarde -
inferimos ainda - a matéria criaria o cérebro humano, que
finalmente descobriria que todo o universo é tão somente matéria!
O segundo período, denominado Cambriano,
é aquele adrede comentado, em que a vida começaria do mar sob forma unicelular
há mais ou menos 600 milhões de anos.
O período seguinte, chamado sirusiano,
distinguiria as primeiras formas da flora terrenal há mais ou menos 440 milhões
de anos, desenvolveria a flora marítima e possivelmente formações meio híbridas
“flora-fauna”..
O quarto período, denominado devoniano,
estabeleceria há 400 milhões de anos, o aparecimento dos anfíbios, ou seja, a
vida autogenética evoluiria de seu exclusivo habitat marinho para a terra.
No quinto período, o carbonífero, há 350
milhões de anos, as espécies maiores e mais sólidas da flora terrenal se
diversificariam constituindo-se em grandes árvores, surgindo neste mesmo
período os animais invertebrados.
Nos 300 milhões de anos seguintes, em
diversos outros períodos, os mamíferos, as aves e animais gigantes, a exemplo
de dinossauros e répteis voadores, e também os macacos, se desenvolveriam até o
período pleistoceno. No pleistoceno, há
mais de um milhão de anos, apareceria o homem.
O homem surgindo no período pleistoceno,
se transformaria unicamente em homo sapiens há mais ou menos 35000 anos (hoje
não mais, porém de 100 mil anos para trás), através do homem de Cro-magnon.
Nessa última afirmação científica, podemos depreender que a natureza seria
extraordinariamente lenta na construção dos três reinos não humanos e
admiravelmente rápida na constituição do homem intelectual, pois o homem de
Cro-magnon, neste particular, se desenvolveria com nítida vantagem sobre seus
antecessores macacos e humanoides.
Sob essa ótica, reforçamos que a teoria
evolucionista, segundo a materialidade científica, precisaria assumir que um
fantástico impulso teria se estabelecido na genética humana tão somente a
partir dos primeiros espécimes do homo sapiens, não acontecido nos períodos ou
ciclos anteriores. E por que unicamente a partir do homo sapiens?
* *
*
Testemunhamos hoje a evolução da
tecnologia e do pensamento humano numa escala incrivelmente rápida,
comparando-se com as conquistas registradas pela história universal. Neste
segmento, alguns homens expoentes dos diversos ramos das ciências, mercê da
coragem e desprendimento investigativo, desafiariam decididamente a postura e o
despotismo religiosos já a partir do século XV. Ao promoverem na Europa a
abertura das descobertas científicas, nos revelariam a existência de um
especial e sistemático enfoque, que de tão firmemente conduzido incentivava-os
a compensar um tempo sufocante e ociosamente perdido nas dobras caleidoscópicas
dos calendários. Esse hiato artificialmente produzido, frustrante e sugador das
possibilidades de um progresso mental espontâneo, atrelador e inimigo do
arejamento social dos povos religiosos, resultava, principalmente, das
perseguições e trevas originárias do arcaico pensamento eclesiástico e de seus
atos criminosos contra a humanidade.
Fossem aquelas as razões preliminares, o
que mais justificaria a ânsia dos homens das ciências em aplicar-se febrilmente
às teorias e experimentos práticos em prol de um conhecimento mais amplo da
vida, a fim de oferecer melhores condições para a família humana? Fama,
fortuna, reconhecimento? Não cremos que essas mesquinhas ambições transitassem
em suas mentes como objeto principal matizando suas almas com a euforia da
aquisição pessoal. Ao contrário, cremos, isto sim, num móvel impessoal e
superior a tudo, acima de todas as coisas materiais e perecíveis,
estimulando-lhes a visão prática incorporativa de irremovível vontade.
Olhando mais detidamente os períodos do
avanço mental dos povos da antiguidade, notamos que muitos milênios se passaram
durante os quais civilizações formaram núcleos culturais absorvidos uns dos
outros. Porém, pelo tempo decorrido, as contribuições humanitárias foram poucas
em relação às grandes populações viventes nas principais metrópoles ou cidades
cosmopolitas. As mais refinadas transformações e conquistas sociais foram
sempre experimentadas pelas classes elitistas e privilegiadas, enquanto a
obrigatória subserviência e a escravatura foram os pontos de destaques
negativos suportados por outras classes inferiores nas sociedades dominadoras.
Da Suméria a China, da China ao Egito ou
do Egito a Roma, o poderio militar foi a primeira e principal garantia de
conquistas, domínio e imposição cultural aos povos dominados. Entretanto, a
história descreve que as mudanças acontecidas no comportamento social dos
impérios dominadores, foram trabalhadas em primeiro plano nos seus próprios
pensamentos raciais idiossincráticos. Porém, os componentes de suas culturas,
não detiveram básica nem obrigatoriamente métodos originais, mas sim,
maiormente, adaptações. E nesses casos, as ideias mais bem moldadas não
anexaram algo totalmente revolucionário que alavancasse, ex abrupto,
transcendentais mudanças na expansão cultural para povos vizinhos. Em suma,
durante milênios não haveria tantas novidades no pensamento cultural antigo, e
de modo geral os povos conquistados absorviam porções do conhecimento dos seus
conquistadores sem, contudo, participar diretamente das melhores partes sociais
e culturais. Contudo, foram por vezes instados a absorver essas culturas
adventícias para melhor poder servir aos seus senhores.
As mudanças mais notáveis relativas ao
pensamento humanitário, artístico ou mesmo científico que a história antiga
revela, tiveram início com a civilização grega, em Atenas. Nesse tempo, as
artes se desenvolveram influenciando fortemente a sociedade ateniense,
descortinando novos e mais amplos horizontes e trazendo uma visão mais sensível
da alma humana. A sensibilidade artística marcaria presença nas diferentes
atividades gregas como uma ponte interligando todas. Nessa explosão de talento
e qualidade artística, os gregos conseguiriam elevar aos mais altos patamares,
a filosofia, a poesia, a literatura, a dramaturgia, a oratória, a legislação, a
escultura, a engenharia, a arquitetura e naturalmente a genial mitologia ligada
à religião. As classes sociais inferiores, no entanto, se manteriam subjugadas
pelas castas como acontecido nas organizações das sociedades dos povos
anteriores aos gregos, ou contemporâneos deles. O rico veio do pensamento
sensível em profícua expansão, somente tomava impulsos com a participação
direta e criadora das classes elitistas.
O período de influência grega se
estenderia do ano 1000 a.C.
até aproximadamente 30 a.C.,
apesar de todas as guerras, invasões de seus territórios e perdas de
soberanias.
Em seguida viriam as conquistas dos
romanos, que tendo vencido aos exércitos gregos, absorveriam a quase totalidade
de sua religião e mitologia, estabelecendo também avanços da visão criativa. Os
romanos, a par de cuidar notavelmente de seus aparatos bélicos, organizariam
seus exércitos com os melhores equipamentos e multiplicariam as frotas de
navios de guerra e transportes. Com isso, tornariam vastíssimo o seu império
pelo mundo antigo, acumulando extraordinária riqueza provinda dos povos
conquistados.
Os romanos conseguiriam também acender
extraordinárias luzes a iluminar os valores humanos, quer de aplicação prática
e objetiva, quer do pensamento intelectual subjetivo. Durante sua influência, o
império romano imprimiu grande progresso à engenharia, edificando prédios
públicos, habitações, templos, praças, pontes, estádios e monumentos com
arquitetura refinada e marcante. Arcos, cúpulas, pilares e abóbadas traziam a
imperial personificação da qualidade romana. Ao mesmo tempo, a engenharia
realizava pavimentações de longuíssimas vias conectando metrópoles de seus
territórios.
A literatura, a oratória e o direito
formaram grandes destaques em sua cultura, sendo que os fundamentos do direito
romano são ainda hoje adotados em muitas sociedades democráticas. Entretanto,
como seus antecessores gregos, as diversas castas da sociedade romana foram
sempre as principais beneficiárias das leis e conquistas sociais. Esses
privilégios não os tinham os escravos, serviçais, soldados, artesãos, pequenos
comerciantes, pecuaristas, agricultores, e outras classes populares de menor
expressão. O ciclo de dominação romana se estenderia de 750 a.C. a 476 d.C.
* *
*
O
tempo edifica portais para todas as conquistas. O tempo é uma abstração,
ensina-nos a física newtoniana. Mas Einstein estudou as relações do tempo
encontrando a fórmula ou equação da teoria da relatividade E=mc2, mundialmente
conhecida, que coloca espaço, matéria e velocidade em relação direta com os
fatores objetivos do tempo. A contagem subjetiva do tempo reside também em
nossos corpos temporais, na vida de bilhões de células, no nascer, crescer,
maturar e envelhecer da vida orgânica. A vida é imensurável, no entanto a
possuímos aprisionada de maneira mágica, e a vemos exteriormente nas diferentes
formas que compõem os reinos da natureza. No entanto, não podemos deter o
tempo, senão unicamente registrá-lo e administrá-lo. Nossas referências cronológicas
externas estão adstritas ao sol, à lua, às estrelas e ao girar do planeta
Terra. A relatividade de nossos pensamentos, entretanto, nos impulsiona a
produzir mudanças cíclicas individuais e coletivas que revolucionam os
estereótipos das sociedades.
A
história universal acusa no seu decurso alguns destes momentos que não foram
detectados por meras coincidências, senão trabalhados por forças muito acima da
resistência humana. Esses períodos normalmente destacados pelo surgimento de
líderes desprendidos, externam e magnetizam o pensamento com novas ideias e
brilhante originalidade, levando, às vezes, séculos ou milênios até serem
perfeitamente entendidas e assimiladas. E os ungidos e abençoados de todos os
tempos, forjados com a têmpera de um especial quilate, sendo livres pensadores,
filósofos arrebatados, ou portadores de visão muito acima de suas épocas, não
foram nunca produtos de escolas ou academias. Mas ao contrário, sem, contudo,
desprezá-las, fizeram-se por si próprios, por pessoais esforços e dedicadas
disciplinas. Norteavam-se, simplesmente, por suas intuições e visões mentais, e
colocaram seus corações e privilegiados cérebros a favor da humanidade, sem
jamais desistir de seus ideais quaisquer que fossem as adversidades.
CAPÍTULO
III
CRONOLOGIAS
DE PERSONAGENS BÍBLICOS
As religiões e crenças ocuparam sempre
papéis importantes e principais nas culturas das grandes e médias civilizações.
Em muitos casos, as divindades mudavam de roupagem e nomes, mas os cultos eram
manifestações mais ou menos idênticas aos dos povos conquistados ou
conquistadores. O Egito conseguiu aprofundar mais intensamente suas crenças,
não somente pelo tempo em que permaneceu como sólido império, mas também porque
essa decorrência se deveu à sua organização e administração socioeconômica. E,
principalmente, pela grandiosa cultura esotérico-religiosa que concebeu e
praticou. A despeito de sofrer diversas invasões e conquistas, a terra dos
faraós se manteria em destaque por muitos milênios.
Na Europa, o quadro religioso desenhado
pelas várias práticas dos povos, tomaria novas e lentas feições durante a
ascensão, apogeu e gradual decadência do império romano. A religião cristã se
estruturaria de maneira diferente das antigas religiões nascidas no oriente, impondo
um pensamento coordenado com base nos escritos monoteístas da tradição judaica.
Montaria uma bíblia para representar o sagrado cânon de suas revelações, e com
o tempo adotaria o ritual da missa e a prática de sacramentos - herdados das
antigas tradições gnósticas orientais - e conceituaria seus dogmas. Elegeria
através dos séculos, para autoridade máxima temporal, um primaz que se
assentaria num trono. Enviaria missionários em expedições por todo o mundo a
fim de fundar núcleos, que mais tarde se chamariam congregações, e lhes
determinaria pregar sob um rígido corpo litúrgico doutrinário.
Embora firmemente
sustentado por homens e mulheres de boa vontade, em cujos corações
permaneceriam imaculadas as principais mensagens de um iluminado, o avanço do
cristianismo ao seu início seria comedido. Mas a estrela que indicara o caminho
aos magos viria novamente reverberar para os seguidores desse recente
movimento. O cristianismo primitivo então escreveria indelevelmente as mais
belas páginas de uma história iniciada com as pregações de um homem simples e
muito amado, que nada impusera, mas que um dia dissera que cada um buscasse em
si mesmo a alma de uma criança e a inabalável fé no Pai Eterno. E de posse
dessas singelas verdades, os primeiros cristãos veriam as portas do céu se
abrir e lhes ser oferecidas todas as respostas de que necessitassem para
socorrer o mundo com palavras e compaixão.
Já o islamismo surgiria no oriente no
século VII desta mesma era. Alojaria alguns ensinamentos cristãos em suas
doutrinas, imprimindo aos povos árabes uma inegável força religiosa que
universalizaria um pensamento em torno do profeta Maomé, em Alá - o Deus único
- e nas sagradas escrituras do Alcorão reveladas a Maomé.
As revelações védicas, a religião
brahmânica e o induismo, de modo geral, nada tinham em comum com o pensamento
europeu tanto ocidental como oriental, embora vestígios de suas tradições se
fizessem presentes nas culturas greco-romanas. Os europeus haviam resistido ao
budismo que basicamente estancara às margens do Mediterrâneo, transformando-se
em cultos gnósticos entre alguns povos do oriente médio e na Grécia. Pouco
antes da decadência daquela antiga e brilhante civilização helênica, o
gnosticismo lá mesmo tomaria feições teóricas esotéricas e filosóficas. Por
outro lado, os essênios - ramo étnico
originário de antigos semitas -
herdariam da nata do budismo as práticas dos segredos ritualísticos e os
profundos conhecimentos medicinais da flora que os iniciadores do gnosticismo
lhes passariam, e se constituiriam numa seita especialmente pura onde os
cristãos primitivos beberiam de suas graças.
O zoroastrismo tinha se transformado em
longínquas lembranças após a conquista do império Persa por Alexandre em 330 a.C., que mandara queimar
os originais do Zend-Vesta - a memória doutrinária da religião do fogo.
Entretanto, a religião não morreria, e mais tarde com a queda do império
macedônio passaria por profundas transformações em grupamentos étnicos persas.
Séculos depois chegaria à Índia sob a denominação de Parsis, tornando-se até
hoje casta religiosa importante embora somente contando aproximadamente com
duas centenas de milhares de seguidores.
As religiões raciais ou mundiais e
primitivas crenças, normalmente apresentam personagens e heróis com genealogias
extremamente simples ou excessivamente complicadas, onde fatos possíveis se
misturam ao impossível ou a realidade com a irrealidade. Vemos hoje uma grande
crise abertamente discutida por historiadores, arqueólogos, paleontólogos,
exegetas e eruditos de diferentes segmentos, acerca da real existência dos
personagens bíblicos e consequentemente sobre a autenticidade da Bíblia. Da
década de 70 para cá, pesquisas arqueológicas vêm municiando os investigadores
com elementos objetivos que obrigatoriamente determinaram uma nova visão acerca
dos fatos e narrações bíblicos. O império israelita fundado por Davi e
continuado por Salomão, é fortemente questionado devido à ausência de um
suporte cabal da linha descritiva histórica. Os questionamentos não param por
aí, mas remetem ao início de tudo, conduzindo procedentes dúvidas à autoria do
primeiro livro do Pentateuco, ao próprio Pentateuco e ao Velho Testamento como
um todo. A falta de provas sobre a vida do personagem e herói Moisés no Egito,
onde outros fatos contemporâneos puderam ser atestados pelos achados
arqueológicos e pergaminhos traduzidos, menos sobre Moisés, e a igual certeza
da inexistência dos patriarcas Noé, Abraão e Jacob, já formam consenso numa
frente de pesquisadores dissidentes.
Autoridades mundiais do campo
investigativo teriam hipoteticamente discutido a Bíblia como entidade
confiável, sob o prisma histórico e o religioso, concluindo que o livro mais
famoso do mundo fora, dentre outras coisas:
1. - codificador de textos ricos sobre o antigo comportamento social judaico;
2. - guia geográfico pictórico dos territórios semíticos e judeus;
3. - norteador de estudos do antigo oriente médio;
4. - fusionista sociológico dos povos estrangeiros intrarelacionados com os judeus;
5. -depositário da memória de incontáveis manobras de guerra, de ocupações imigratórias aos territórios palestinos e mesopotâmicos ou de ondas migratórias de ramos “etno-raciais” semíticos em situações sócio-econômicas diversas;
6. - exaltador de escolhida “linhagem-tronco” patriarcal repovoadora do mundo após o anunciado dilúvio;
7. - relator de um processo doutrinário instado por leis divinas outorgadas a Moisés, mais tarde confirmadas por profetas e homens iluminados de todos os tempos;
8. - testemunho de punições impostas por Deus aos homens não convertidos, ou que mesmo convertidos O desobedeceram, e às cidades pecadoras impenitentes adoradoras dos politeísmos;
9. - retransmissor de uma retórica propositalmente matizada para bênçãos e louvações ao Altíssimo, estabelecida, via de regra, nos textos dos livros e crônicas e, finalmente,
10. - arauto e exortador de uma nova e mais recente visão espiritual universalista, minuciosa e subliminarmente formatada etapa após etapa desde Adão e Eva, concretizada milênios após pelas supernais mensagens e milagres realizados por Cristo.
1. - codificador de textos ricos sobre o antigo comportamento social judaico;
2. - guia geográfico pictórico dos territórios semíticos e judeus;
3. - norteador de estudos do antigo oriente médio;
4. - fusionista sociológico dos povos estrangeiros intrarelacionados com os judeus;
5. -depositário da memória de incontáveis manobras de guerra, de ocupações imigratórias aos territórios palestinos e mesopotâmicos ou de ondas migratórias de ramos “etno-raciais” semíticos em situações sócio-econômicas diversas;
6. - exaltador de escolhida “linhagem-tronco” patriarcal repovoadora do mundo após o anunciado dilúvio;
7. - relator de um processo doutrinário instado por leis divinas outorgadas a Moisés, mais tarde confirmadas por profetas e homens iluminados de todos os tempos;
8. - testemunho de punições impostas por Deus aos homens não convertidos, ou que mesmo convertidos O desobedeceram, e às cidades pecadoras impenitentes adoradoras dos politeísmos;
9. - retransmissor de uma retórica propositalmente matizada para bênçãos e louvações ao Altíssimo, estabelecida, via de regra, nos textos dos livros e crônicas e, finalmente,
10. - arauto e exortador de uma nova e mais recente visão espiritual universalista, minuciosa e subliminarmente formatada etapa após etapa desde Adão e Eva, concretizada milênios após pelas supernais mensagens e milagres realizados por Cristo.
Entretanto, essa visão da Bíblia
colocada por nós não mais seria completamente aceita e nem confirmada pelos
estudiosos de sua sociologia histórico-religiosa, pois conforme ressaltado
anteriormente, e mesmo sem ateísmos, se levantam enormes controvérsias quanto à
veracidade e autenticidade de seus escritos.
Sabe-se que a igreja católica sempre
procurou despistar nas suas exegeses uma interpretação racional do Gênesis. Nem
jamais admitiu questionamentos acerca dos trinta e nove principais livros que
compõem o sagrado cânon bíblico. Foi preciso que protestos iniciados por
Marinho Lutero e Calvino, exigindo reformas, forçassem a igreja católica reagir
e mudar de posição. Martinho Lutero criticara abertamente noventa e cinco teses
da igreja e aos abusos do papado, o que lhe custaria à excomunhão pelo papa
Leão X e constantes perseguições. Em 1521, refugiando-se em Wartburg em
Eisenach, Turingia, Alemanha, esse ex-monge agostiniano iniciaria a tradução da
Bíblia para o alemão, sendo o trabalho impresso em setembro de 1522. Para essa
tradução, Martinho Lutero, por ser erudito, tomaria textos em hebraico e grego
bem como a Vulgata de São Jerônimo traduzida do hebraico para o latim.
Daí em diante, se desencadearia um efeito
cascata que os ansiosos por reformas conduziriam em vários movimentos
protestantes, questionando principalmente a interpretação dos textos bíblicos.
Em decorrência destes vivos e permanentes protestos começariam a surgir
congregações dissidentes na Alemanha, Holanda, França, Suíça, Hungria, Polônia
e Inglaterra bem como dissensões entre os próprios protestantes e guerras entre
católicos e protestantes. Por outro lado, a rejeição à autoridade de Roma
criaria personificações nas interpretações bíblicas e consequentes mudanças no
comportamento reformista, dentre as quais o casamento de chefes de
congregações.
Tratemos agora diretamente da cronologia
envolvendo alguns personagens bíblicos. Segundo o Velho Testamento, o homem
estaria povoando a terra a partir dos descendentes de Adão. A descendência
adâmica se iniciaria com Caim, o primogênito de Adão; depois nasceria Abel
- assassinado por Caim - vindo mais tarde Sete. A lista dos descendentes
de Caim é menor; a de Abel não é mencionada; a de Sete é extensa e destaca Noé
na décima geração. De Noé uma nova descendência repovoaria a terra, visto o
dilúvio ter afogado todos os povos e seres vivos.
Achamos interessante recalcular o tempo
de existência do homem sobre a terra a partir da geração de Sete, o terceiro
filho de Adão, cuja relação de nomes é mais específica quanto às datas de
nascimento e morte de cada personagem. Iniciaremos com Adão, estabelecendo o
ano zero anterior a ele, e o ano um a partir do seu nascimento. Temos então o
seguinte:
ANO DO
CALENDÁRIO
PROGRESSIVO
EM QUE
MORREU.
(DE ADÃO AO EGITO)
PERSONAGEM ANO DO
NASCIMENTO ANOS DE VIDA
1.ADÃO 01 930 930
2.SETE 130 912 1042
3.ENOS 235 905 1140
4.CAINÃ 325 910 1235
5.MAALELEL 395 895 1290
6.JEREDE 460 962 1422
7.ENOQUE 622 365 (987)
8.MATUSALÉM 687 969 1656
9.LAMEQUE 874 777 (1651)
10.NOÉ 1056 950 2006
Comentemos agora sobre relações de fatos
e datas durante o dilúvio e logo após ele.
1. Diz o Gen. 07.6 “Tinha Noé seiscentos anos de idade, quando as águas do dilúvio
inundaram a terra.”
Se Noé nasceu em 1056, seria, portanto,
1656 o ano do dilúvio, coincidentemente com o ano da morte de Matusalém.
2. Diz o Gen. 07.11.12 “No ano
seiscentos da vida de Noé, aos dezessete dias do segundo mês, nesse dia
romperam-se todas as fontes do grande abismo e as comportas dos céus se
abriram.”
“E houve copiosa
chuva sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites.”
3. Diz o Gen. 08.2.3.4.5 “ Fecharam-se as fontes do abismo e também
as comportas dos céus e a copiosa chuva dos céus se deteve.”
“As águas iam se
escoando continuamente de sobre a terra e minguaram ao cabo de cento e cinquenta dias.”
“No dia dezessete
do sétimo mês, a arca repousou sobre as montanhas de Ararate.”
“E a águas foram
minguando até ao décimo mês, em cujo primeiro dia apareceram os cumes dos
montes.”
Temos aqui o seguinte resumo:
a. 40 dias de chuva, de
17/02/1656 (ano bissexto) à 28/03/1656.
b. 150 dias de água se escoando, de 28/03/1656 à 25/08/1656.
c. 37 dias de águas minguando, de 25/08/1656 à 01/10/1656.
227 dias
4. Diz Gen. 08.6.10.12 “Ao cabo de quarenta dias abriu
Noé a janela que fizera na arca.”
“Esperou ainda
outros sete dias e de novo soltou a pomba fora da arca.” (Já a tinha soltado
antes e ela retornara no mesmo dia).
“Então esperou mais
sete dias e soltou a pomba; ela, porém, já não tornou a ele.”
Nesta nova contagem temos então:
a. 40 dias - até abrir a janela em
10/11/1656.
b. 07 dias - até soltar a pomba em
17/11/1656.
c. 07 dias - até soltar
novamente a pomba em 24/11/1656.
54 dias
5. Diz o Gen. 08.13.14.15.16 “
Sucedeu que, no primeiro dia do primeiro mês do ano seiscentos e um, as águas
se secaram de sobre a terra. Então Noé removeu a cobertura da arca, e olhou, e
eis que o solo estava enxuto.”
“E aos vinte e
sete dias do segundo mês, a terra estava seca.”
“Então disse Deus a
Noé: saia da arca e, contigo, tua mulher, e teus filhos, e as mulheres de teus
filhos.”
Prosseguindo nos cálculos, temos:
a.
38 dias até Noé remover a cobertura da arca, em 01/01/1657.
b.
57 dias para Deus ordenar
que saíssem da arca, em 27/02/1657.
95 dias
Todos os dias da permanência de Noé e
os ocupantes a bordo da arca (exceção da pomba que não voltou) foram, portanto:
De 17/02/1656 à 17/02/1657 = 365 dias +
1 dia do ano bissexto = 366 dias
E até 27/02/1657 foram mais 10 dias,
perfazendo o total de 376 dias, ou:
Um ano bissexto e dez dias.
Há fatos, no entanto, em que não pudemos
nos basear devido a encontrarmos aparentes incongruências. Um desses fatos se
refere aos três filhos de Noé: Sem, Cão e Jafé que teriam sido gerados quando
Noé contava 500 anos de idade. Se os três nasceram no mesmo ano teriam sido
trigêmeos, ou Noé teria três esposas ou concubinas. Mas nenhuma referência sobre
essas possibilidades foi encontrada por nós nos textos do Gênesis. Outro fato
vem do Gen. 07.6., onde é dito que Noé tinha 600 anos de idade quando as águas
do dilúvio inundaram a terra. E como o dilúvio tivera início por nossos
cálculos em 17/02/1656, em 27/02/1657, data em que saíram da arca, Noé já
estaria com 601 anos.
Ora, é também dito no Gen 11.10 que Arfaxade, filho de Sem,
nasceria dois anos após o dilúvio quando Sem tinha 100 anos. Pelos nossos
cálculos, Arfaxade teria nascido em 1656, que seria o ano do dilúvio, e o ano
600 de vida de Noé. E se o ano do dilúvio foi o ano 600 de Noé, 2 anos depois
sua idade seria 602; logo Sem já teria 102 anos. Assim, Arfaxade nasceria em
1658 e não em 1656 de nossos cálculos.
Muito embora povos antigos já dividissem
o dia em vinte e quatro horas, fizessem contagens de semanas, meses e ano de
365 dias, certamente o ano bissexto não seria computado por eles. A diferença
de seis horas cumulativas, gerando mais vinte e quatro horas a cada quatro
anos, só seria oficialmente ajustada em 1582 pelo Papa Gregório XIII, ficando o
calendário oficial a partir daí conhecido por gregoriano em homenagem àquele
Papa. Assim, há a possibilidade de a diferença de dois anos aqui consignada
estar ligada a alguma data pretérita de nossos cálculos onde o ano bissexto não
seria computado. Se isto for relevante para conclusões outras, agradeceríamos
aos investigadores realizar possíveis correções ou novas interpretações.
Finalmente, os personagens bíblicos de
quem tratamos, tendo vivido acima dos 100 anos, alguns mais de 200 e muitos
tendo ultrapassado 600, 700 ou atingido 969 anos como Matusalém, é algo para
nós incrível, mesmo sendo eles homens bíblicos.
Continuando com as gerações a partir de
Noé, teríamos:
ANO DO
CALENDÁRIO
PROGRESSIVO
EM QUE
MORREU
PERSONAGEM
ANO DO NASCIMENTO /ANOS IDADE (DE ADÃO AO EGITO)
01.
SEM 1556 600 2156
02.
ARFAXADE 1656 438 2094
03.
SALÁ
1691 433 2124
04.
EBER
1721
464
2185
05.
PELEGUE 1755 239 (1994)
06.
REÚ
1785
239
(2024)
07.
SERUGUE 1817 230 (2047)
08.
NAOR
1847
148
(1995)
09.
TERÁ
1876
205
(2081)
10. ABRÃO 1946
175
(2121)
Verificamos que mais dez gerações
decorreriam até 2185, ano da morte de Eber. Abrão teria morrido 64 anos antes e
surgiriam mais três importantes personagens após este patriarca:
ANO DO
CALENDÁRIO
PROGRESSIVO EM QUE
MORREU
PERSONAGEM
ANO DO NASCIMENTO / ANOS DE
VIDA / (DE ADÃO AO EGITO)
11.
ISAQUE
2046
180 2226
12.
JACOB 2106
147
2253
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
13. JOSÉ 2197 110 2307
13. JOSÉ 2197 110 2307
+ Cativeiro do Egito 430
ÊXODO 2737
De Abrão a José haveria novas conotações
na vida e tradição judaicas. Se contarmos Adão como o primeiro patriarca, Noé
seria o segundo, Abrão o terceiro e Jacob o quarto. Jacob geraria doze filhos
que constituiriam mais tarde as doze tribos de Israel. José, o décimo primeiro
filho de Jacob, protagonizaria interessante história no Egito para onde teria
sido vendido como escravo pelos seus irmãos. Jacob, todos os seus demais
filhos, e famílias, acabariam viajando para o Egito anos mais tarde, chamados
por José que se tornara chanceler do faraó, e lá eles permaneceriam.
De acordo com nossa cronologia, de Adão
até o êxodo teriam se passado 2737 anos. Os historiadores informam que o êxodo
teria ocorrido nos anos 1490
a.C., 1440
a.C., 1400
a.C., 1300
a.C., 1290
a.C. 1200
a.C., ou próximo a essas datas. Considerando que José
teria vivido no Egito dos 17 aos 110 anos, portanto 93 anos, e teria 30 anos
quando interpretou os sonhos do faraó, teriam se passado 13 anos até aquele
instante. Os 7 anos de fartura se passaram e entraram nos 7 anos de fome; os
irmãos de José teriam chegado ao Egito 2 anos após a fome se ter alastrado.
Temos então aqui o seguinte cálculo:
a. Da chegada de José ao Egito até ser
recebido pelo faraó = 13 anos
b. Primeira etapa das previsões de José se
passaram = 07 anos
c. A família de José chega ao Egito quando
ainda teriam
mais 5 dos 7 anos de fome
= 02 anos
______
22 anos
22 anos
Daí teríamos José com 39 anos. Se José
morreu com 110 anos, sua família teria permanecido livre no Egito por 71 anos,
pois não há referências que de lá tenha saído antes da morte de José.
Diz o Ex. 01.8.9.11.14. “Entrementes se levantou novo rei sobre o Egito, que não conhecera a
José.”
“Ele disse ao seu
povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é mais numeroso e mais forte do que
nós.”
“E puseram sobre
eles feitores de obras, para os afligirem com suas cargas. E os israelitas
edificaram a Faraó as cidades-celeiros, Pitom e Ramessés.”
“E lhes fizeram
amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho
no campo; com todo o serviço em que na tirania os serviam.”
Consideremos agora a cronologia tomada
oficialmente pela história, apesar de não haver consenso exato sobre datas, e
que caminha em sentido inverso a partir do nascimento de Jesus Cristo (para
muitos Jesus Cristo teria nascido em 3 d.C.), e optemos por 1300 a.C. (séc.XIV a.C.) o
ano do êxodo do Egito liderado por Moisés. Desta forma, temos o seguinte, desde
Adão:
a. De Adão ao êxodo de Moisés = 2737 anos
b. Do êxodo de Moisés à Cristo = 1300 anos
c. De
Cristo aos nossos dias = 2009 anos
6046 anos, sendo essa, portanto, a resultante
histórico-religiosa desde Adão até o século XXI de nossa era (quando esse livro foi escrito, em 2009).
Se os judeus comemoraram em 2009 o 5769
aniversário da criação do mundo, temos uma diferença em nossos cálculos de 277
anos que poderia ser absorvida na idade de Adão, sobrando-lhe ainda 653 anos,
pois segundo o Velho Testamento Adão teria vivido 930 anos. Por outro lado, as
cifras 6046 e 5769 são, sem a menor dúvida, inexpressivas para conter todo o
período da criação do mundo, a partir de Adão, qualquer que seja a dimensão tencionada, quer seja
da Via Láctea onde se encontra o nosso sistema solar, quer do macro-universo
onde tudo mais existe, ou simplesmente do planeta.
Historicamente as divergências são
enormes; talvez o pensamento cronológico judeu pudesse ser explicado de outra
maneira, uma vez que a arqueologia rastreia a civilização suméria na Mesopotâmia
encontrando vestígios de sua existência já na era do Bronze Antigo. Admitindo
esses fatos, poderíamos situar aleatoriamente em 8000 a.C.
uma faixa de existência da civilização suméria, que também ultrapassaria o
cálculo judaico da fundação do mundo.
Se a criação do mundo tivesse acontecido
há somente 6046 anos, por exemplo, e Adão e Eva existiram de fato conforme a
Bíblia relata, por que então não admitir uma época mais remota onde a
existência teria se originado? Ou melhor organizar os argumentos da criação do
universo e do homem em fatores-grupos separados e distintos, não exatamente
consequentes como estão sob cronologia confusa, apertada e conflitante?
Estando nossos cálculos
aproximados, poderíamos considerar também nos 6046 anos oferecidos pelas
histórias bíblicas que os anos bissextos fossem todos levados em conta e
computados os seus dias extras. Assim fizemos preliminarmente por mera
curiosidade, e atingimos à soma adicional de 4 anos 2 meses e 22 dias. Se
computássemos esse adicional teríamos 6050 anos decorridos na história da
criação. Já antes mencionáramos possibilidade semelhante ao abordarmos o
dilúvio, e não cremos também nesse caso ser necessário este detalhamento por
que a data da libertação dos judeus do cativeiro egípcio está longe de atingir
um consenso, pois existindo tantas divergências entre historiadores e
religiosos, surgiram grandes diferenças numéricas.
CAPÍTULO
IV
OS
PATRIARCAS QUE A HISTÓRIA NÃO RECONHECE
Neste capítulo vamos procurar analisar
aspectos históricos dos patriarcas judeus e suas relações socioculturais
formadoras da inicial infraestrutura do Velho Testamento. Os aspectos
religiosos foram no passado relativamente aceitos sem muitas discussões, muito
embora sem provas concretas suficientes, mas com os historiadores dando crédito
material aos textos bíblicos quando identificavam cidades ou locais fisicamente
conhecidos ou não.
Hoje, porém, esta visão mudou e
conturbou completamente uma possível coerência no processo histórico, sob cujos
desdobramentos os textos bíblicos em diversas ocasiões convergiriam. O que mais
causa divergências e cisões entre arqueólogos, sociólogos, historiadores e
pesquisadores são as diferentes constatações de que as culturas dos povos se
teriam desenvolvido em períodos não coincidentes com aqueles asseverados pelos
textos bíblicos. Em alguns casos, se afastam de tal forma dos relatos
religiosos que robustecem ainda mais a colocação dos argumentos díspares de
quem diverge. Mesmo o Egito não escapa do esquadrinhamento de fatos imprecisos
ou inexistentes e que produzem hiatos na sua memória arqueológica, por não
existir elos sequenciais de elementos concretos corroborantes com as narrativas
bíblicas.
De Adão historicamente nada se pode comentar,
exceto que o texto bíblico descreve propositalmente o paraíso no lugar onde
existiu a antiga Mesopotâmia. O que Adão teria realizado não é cabal nem
procedente, mesmo porque quase nada é dito de seus hábitos em comum com Eva no
Jardim do Éden. A única trilha a seguir no contexto religioso é aquela deixada
por seus descendentes até Noé. Não há, portanto, conteúdo em Adão e Eva como
personalidades, sobre as quais se pudessem analisar e inferir racionalmente
como a história necessita.
De acordo com nossos cálculos, o começo
da povoação da terra com Adão e Eva teria acontecido há aproximadamente 6046
anos, cifra esta, reafirmamos, insignificante perante os anais universais e
cronologia humana. Aventamos, porém, que o cálculo judaico de 5769 anos, dessa
mesma distância de polos humanos, possa ser explicado pela sabedoria milenar
cabalística. A data popularmente fixada do início de seu calendário é a de 07 de outubro de 3760
a.C., e como já nos referimos, apesar da diferença de 277 anos, não muda a espinha
dorsal de nossos cálculos, pois alcançaria os 653 anos que Adão ainda viveria
até atingir 930 anos de idade. Porém, a cabala caldeu-hebraica mantém tradições
herméticas onde se guardam explicações mais profundas não só dos sistemas
numéricos relacionados com as forças divinas, como crônicas e livros sagrados
de uma sabedoria antiquíssima. Esse assunto não abordaremos nesta obra.
Teria sido a Mesopotâmia realmente o
Jardim do Éden? Que a Mesopotâmia foi o berço da civilização dos povos do
oriente médio não há dúvidas. Muito embora ramos étnicos semíticos tivessem
alargado o círculo de seus grupamentos nômades para mais além do Tigre e
Eufrates, é inegável a influência por eles recebida dos povos culturalmente
adiantados viventes na Mesopotâmia. Todavia, o Gênesis bíblico ao prefaciar o
Velho Testamento com a criação da natureza terrena e humana em poucas linhas,
sob uma cosmogonia bastante resumida, não explicaria o necessário, deixando aos
historiadores e pesquisadores modernos uma única saída a fim de tentar entender
a razão e o sentido de tal revelação. E como os operadores da ciência material
são na prática inerentemente agnósticos ou ateus, o concretismo é a única via
de suas pesquisas. Mesmo reconhecendo no ser humano uma psique reveladora de
sensações, pensamentos e toda a sorte de emoções, não é competência da ciência
anelar filosoficamente algo imaterial sobrepondo-se ao material. Nem atribuir
um Deus invisível e intangível a quem a psique, anima, ego ou superego
instintivamente reverencia, se dobra e oferece segundo sua cultura. Na
realidade, permeia-lhe, não obstante, à ciência concreta, a alma física do anacronismo que homens
procuram exorcizar com esforço racional e tecnológico. Mas, de todos os modos, na contra mão da via que percorrem, um
inevitável paradoxo os obriga a seguidamente reconhecer um paradigma
invariável, persistente e inexplicavelmente constante com a inclinação humana,
que vem revelar sempre na alma dos povos a imorredoura certeza a algo invisível
e superior a todas as demais vidas e formas da natureza.
Dessa maneira, partindo das crenças de
genealogias sagradas de povos preexistentes aos judeus, a pesquisa procurou
analogias e paralelos para entender a cosmogonia bíblica. E não foi difícil
encontrar coincidências no Gênesis bíblico com os relatos mitológicos sumérios.
Evidenciava-se que os sumérios tinham
chegado à Mesopotâmia antes do povo judeu, subjugando com suas milícias e
adiantada cultura os semitas ali viventes, conforme já vimos. Alguns registros
históricos apontam 6.000 anos de existência da civilização suméria; outros
levantam suspeitas e suposições de que esse tempo possa ser maior, puxando a
lenda do Jardim do Éden para um período ainda mais recente. Os cananeus, que
anteriormente viviam pela região da Mesopotâmia, seriam antes da invasão
suméria pequenas e esparsas tribos semitas que não podiam representar uma
influente cultura. Mas somente após o êxodo do Egito, e com a civilização
suméria decaída e fragmentada, que os judeus teriam chegado a Canaã dos
cananeus na Palestina com sua força militar e religião monoteísta, lá se
instalando. Admite-se que os cananeus, nessa época, já utilizavam o termo
hebreu para designar seu ramo étnico, que os judeus somente após a conquista de
Canaã absorveriam e adotariam. Portanto, hebreu antes do êxodo, não seria somente
epíteto de especial ramo semítico israelita conforme atribuíam a Moisés e ao
povo judeu escravo no Egito.
Além disso, o hebraico é um idioma muito
mais antigo, originário da África e lá existente há mais ou menos 8.000 anos
a.C., levado para a Ásia e depois falado tanto por fenícios como por cananeus.
Sua forma escrita, mais tarde trabalhada pelos rabinos judeus que lhe
introduziriam sinais massoréticos, estabelece similitudes com o aramaico falado
por Jesus e alguns povos da antiga Palestina e Mesopotâmia. Desse modo, os
sumérios teriam sido muito anteriores aos judeus do Velho Testamento e não
poderiam de forma alguma se revestir com um proselitismo judaico, senão o
oposto, visto a cultura politeísta suméria, durante milênios, ser a mais forte
e assimilada forçosa ou casuisticamente pelos povos espalhados desde a Síria
Oriental até a Mesopotâmia.
A mitologia suméria é extensa e
apresentaremos unicamente trechos de algumas de suas histórias, iniciando pelo
conceito que possuíam da existência de duas grandes forças cósmicas chamadas
Apsu e Tiamat. Apsu representava o poder positivo e masculino; Tiamat
representava o poder negativo e feminino. Quando se uniram criaram Anu, o céu,
Enlil, a terra, e Ea, o mar. Ea criara o homem do barro, mas como a terra era
Enlil, ele reinava sobre tudo. Havia outros deuses representados pelos planetas
(vemos aqui como a astronomia suméria já descobrira outros planetas) que foram
criados pelas três forças ou deuses que também criaram o Sol e a Lua.
Os homens estavam mergulhados no pecado
e Enlil decidiu castigá-los afogando-os com uma grande inundação. Ea, a deusa
das águas, foi contra esta drástica punição e procurou Utnapishtem, seu amigo,
contando-lhe a decisão de Enlil. Utnapishtem resolveu então construir um grande
barco que abrigasse toda a sua família e a salvasse do dilúvio.
Outra lenda vem ressaltar o pensamento
cultural sumério e diz respeito à busca da imortalidade, fazendo lembrar o
Jardim do Éden por seus elementos simbólicos. Gilgamesh, rei sumério, teria
governado após o dilúvio. Seria ele mais deus do que humano, tendo 2/3 de
origem divina e 1/3 terrena, e por toda a vida andara em busca de aventuras.
Seus feitos remetem ao herói grego Heracles e ao bíblico Nimrod, filho de Cuxe
da linhagem de Noé.
Gilgamesh, após a morte de Enkidu, seu
amigo de aventuras, busca pelos frutos da árvore da vida, de apanágio dos
deuses, para oferecê-los aos homens a fim de torná-los imortais. Procura
Utnapishtem que lhe informa onde estaria a árvore da vida. O pai da humanidade
pós-diluviana o alerta, contudo, de que não seria possível dar imortalidade aos
homens, pois Ea, ao criá-los, dera-lhes o legado imutável da morte. Mas
Gilgamesh, intrépido, suficiente, acostumado a vencer desafios vai à busca da
árvore da vida, encontrando-a. Porém, a serpente guardiã ataca-o e o mata.
Os sumérios entendiam a separação do céu
e da terra, descrevendo também Enlil como o deus do ar, o separador, quando
todas as coisas tiveram origem. Interessante, da mesma forma, é a lenda do
herói Etana, levado aos céus no dorso de enorme águia e que observara a forma
esférica do planeta e as águas separadas da terra. Segundo seu relato, a
extensão de terra, qual gigantesca montanha plana encurvada para baixo, flutuava
sobre as águas de Ea.
No capítulo do Gênesis bíblico há a
referência ao Deus Criador de todo o universo trabalhando durante seis dias e
descansando no sétimo dia. Jehova, IHVH (IEVE), Jah-Eva ou Jah-Hovah, tornou-se
o Deus único formador do credo religioso hebreu monoteísta. Esse Deus,
destarte, é muitas vezes mencionado como Eloha, IHVH Alhim ou Jeovah Elohim.
Segundo os hebreus, Elohim eram deuses conhecidos como co-criadores do
universo, da natureza e dos homens. Seriam as próprias forças criadoras, tantas
vezes mencionadas no politeísmo sumério e por outros povos da Ásia.
Essa relação, ao invés de tergiversar
dos textos bíblicos, vem reforçar a antiga ideia da concepção cósmica por
deuses criadores que o Deus dos judeus sozinho encarnaria e assumiria com o
objetivo de estabelecer uma visão cosmogenética mais simplificada, que
terminaria por não acontecer, visto o relato de o Gênesis ser abreviado,
confuso e aparentemente sem nexo.
Por outro lado, a arqueologia não
encontrou ainda meios para definir uma data precisa, ou o mais aproximado
possível, de quando definitivamente o dilúvio teria ocorrido, se de fato
ocorreu conforme diz o Velho Testamento. Cientistas são categóricos em afirmar
que pelos estudos dos solos, acidentes geográficos e condições ambientais de
muitas regiões dos continentes, até o momento não há indícios de que há
milênios tenha de fato acontecido uma inundação daquela magnitude.
Estudos acurados indicam também que
seria impossível a natureza provocar inundação de uma só vez em todo o planeta,
cobrindo montanhas, oceanos, mares e rios em somente quarenta dias de chuva.
Mesmo chovendo mais do que quarenta dias, se verificaria aumento de volume
ínfimo de água por toda a Terra, embora para nós esse mesmo volume viesse a se
revelar assombrosamente grande. Ademais, segundo ainda afirmam homens das
ciências, a natureza, além de tudo, não reúne condições de formar tanta
elevação de nuvens que possa precipitar uma inundação em escala planetária.
O Noé bíblico, tanto quanto Abraão,
Jacob, José e Moisés, são reconhecidos e respeitados pelo Islam que,
principalmente, consideram Abraão um muçulmano da maior envergadura. Esta
atribuição se deve por sua aceitação e fé a um Deus único, pois nos tempos dos
patriarcas não existia ainda cristianismo ou islamismo.
Noé é frequentemente citado nas predicas
muçulmanas com elementos adicionais não encontrados no Velho Testamento, como
ilustra uma passagem em que se volta a Deus para lamentar a morte de seu filho,
afogado durante o dilúvio. Deus, no entanto, o consola dizendo que ele
verdadeiramente não era seu filho, pois o procedimento dele era pecaminoso.
Já Ismael, outro filho de Abraão, é
considerado ancestral da linhagem de Maomé, profeta do Islam, e devido a isso
os muçulmanos reclamam totais direitos sobre a Palestina. Os muçulmanos
advertem que os judeus perderam o direito às terras por que as tribos de Israel
haviam mergulhado no pecado ao adotar cultos politeístas pagãos em Canaã, e por
se terem degradado. Deus então os castigou com o cativeiro da Babilônia e
depois os fez dispersar em diásporas pelo mundo, sem país nem pátria.
Sabe-se que o movimento sionista sediado
nos Estados Unidos e Europa, afirmava ter os judeus o direito de voltar as suas
origens na Palestina. Baseavam-se nos argumentos de que foram injustamente
perseguidos no mundo inteiro, principalmente na Europa por autoridades da
igreja processadoras dos progroms, que eram execuções de judeus não
convertidos. O movimento de retomada
judaica, com ajuda do barão de Rothschild no final do século XIX, já
providenciaria assentamentos judeus em primeiras colônias agrícolas na
Palestina. A partir de 1917, os sionistas construiriam assentamentos rurais e
urbanos restabelecendo a cultura hebraica na terra. Em 1933 os judeus já eram
mais de 20% da população palestina.
Em 29 de novembro de 1947, a ONU aprovaria
o retorno dos judeus à Palestina que como estado judeu teria 14000 km2, indo de
Haifa à Telaviv e do deserto de Neguev até o Golfo de Acaba, incluindo-se nesta
partilha parte da Galiléia. Os árabes teriam um estado com 11500 km2, da
Cisjordânia à faixa de Gaza. Jerusalém seria elevada a uma posição de destaque
internacional. Essa divisão desagradou os árabes e gerou a guerra que se
estendeu entre os anos 1948 e 1949.
Terroristas judeus promoveriam muitos
ataques contra os colonos palestinos que resistiam à invasão, matando famílias,
queimando suas propriedades e obrigando a enorme contingente de colonos emigrar
para países árabes. Aproximadamente 300 mil palestinos, que insistiriam em
permanecer, passariam a viver em condições sociais inferiores, sem muitos
direitos de cidadãos livres, ou em situações de pobreza em acampamentos. Estas
ações terroristas israelenses são conhecidas como o massacre de Doir Yassin.
A genealogia bíblica estabelece em duas
ocasiões, a cada dez gerações, o aparecimento de um patriarca. A exceção fica
por conta de Jacob - filho de Isaque o primogênito de Abraão - nascido gêmeo
de Esaú. Noé representa a décima geração a partir de Adão e Abraão é também a
décima a partir de Noé. Porém, há dúvidas quanto à data do nascimento de Abraão
na cidade de Ur, na Caldéia, como acontece com as datas de eventos que incluem
personagens bíblicos. O nascimento de Abraão estaria condicionado ao período
entre os anos 2000 a.C.
a 1500 a.C.
(pelos nossos cálculos teria nascido em 2091 a.C.), e nesse mesmo período se
registraria a reunificação do império sumério após a expulsão dos guti, povo
nômade originário dos montes Zagros, no Alto Tigre. Esses nômades tinham se
infiltrado nas cidade-estados sumérias em 2230 a.C., quando os
sumérios vinham minando o domínio acádio com constantes rebeliões. Os acádios,
por seu turno, povo também nômade provindo do deserto da Síria conquistariam
aos grupos, antes dos guti, as cidade-estados sumérias entre 2350 a.C. e 2340 a.C.
Apesar de alguns historiadores serem
cautelosos num julgamento definitivo sobre a realidade ou não da existência dos
patriarcas bíblicos, outros demonstram o mais profundo ceticismo quanto ao
fato. Grande número de pesquisadores no mundo inteiro, no entanto, está
interessado unicamente em comprovar a veracidade dos relatos bíblicos sem
preconceitos. Achados arqueológicos têm sido para uns a via única comprobatória
de falhas e inverdades dos relatos do Velho Testamento. Duas conhecidas
correntes de estudiosos, nos Estados Unidos e na Europa, divergem em vários
pontos sobre critérios interpretativos dos elementos arqueológicos coligidos. A
Maximalista se apresenta não radical, comedida, postulante da aceitação de
fatos bíblicos como sendo históricos desde que não possam ser contestados nem
sejam comprovadamente falsos. Já a corrente Minimalista desconsidera e julga
falsos os fatos onde não haja evidências possíveis de comprovação.
A nós parece-nos haver grande
precipitação dos Minimalistas em julgar fatos bíblicos dessa forma, pois
dificilmente há consenso ou absoluta certeza de uma amostra arqueológica ou
documento histórico serem eminentemente comprobatórios de mentiras e enganos,
ou suficientes de per si para conclusões definitivas.
Dúvidas levantadas quanto à existência
de Abraão e, por conseguinte, de outros patriarcas, decorrem também da
instituição de novos hábitos adotados por eles que não seriam nem originais e
nem da mesma época de seus clãs. No caso de Abraão, descobriu-se que hábitos de
tribos semitas idênticos aos esposados ou instituídos por esse patriarca,
segundo a Bíblia, já existiam desde o primeiro milênio da era anterior à
Cristo. Um caso discutido é o modelo de um contrato achado em escavações e
atribuído a pertencer a Abraão, que mais tarde se descobriria ser de data muito
anterior ao patriarca e de prática comum entre antigos semitas. Outro caso é o
da circuncisão instituído por Abraão, a mando de Deus como prova de aliança
entre Deus e sua descendência, mas cuja origem e referência histórica recuam
milênios ao continente africano onde já era hábito de primitivas etnias. Mesmo
na Palestina, os cananeus a praticavam e da mesma maneira os egípcios entre os
períodos do Bronze Médio (2200
a.C. - 1550
a.C.) ao Bronze Recente (1550 a.C. - 1200 a.C.).
Uma história não bíblica conta que
Abraão respeitante ao Deus único, veio ter com Melquisedeque que o abençoou,
fortalecendo-lhe a mensagem de que seus descendentes povoariam a terra como as
incontáveis estrelas se espalhavam no céu. Algumas vezes, os relatores de
textos antigos confundiam Melquisedeque, rei de Salém, com o próprio Deus.
Desse modo, Abraão teria falado pessoalmente com Deus encarnado.
Jacob seria o patriarca a realizar
propriamente as promessas feitas a Abraão pelo Deus único, relativamente ao
povo judeu. Isaque geraria dois filhos gêmeos por Rebeca - sua mulher - chamados Esaú e Jacob. Esaú nasceria
primeiro, vindo Jacob segurando seu calcanhar. Mais tarde, estando Isaque a
morrer, pretendia dar a benção ao primogênito Esaú. Jacob, sabedor de que seu
pai não enxergava bem, e seguindo orientação de Rebeca, vestiu-se com a roupa
do irmão cobrindo o pescoço e as mãos com a pele de cabritos, recebendo de
Isaque a benção.
Jacob teria tido doze filhos que
constituiriam as doze tribos de Israel, porque Deus trocara o nome de Jacob
para Israel. José, seu décimo primeiro filho, acabaria vendido por seus irmãos
a mercadores nômades, sendo levado ao Egito onde um rico comerciante chamado
Putifar o compraria. Mais tarde, interpretaria os sonhos do faraó reinante na
cidade de Menphis, que segundo a história seria hicso - povo asiático semita invasor do Egito - onde
os hicsos permaneceriam durante a 15ª. e 16ª. dinastias, sendo depois expulsos.
José, já como chanceler do Egito, mandaria buscar toda a sua família e
descendentes, que entrariam no Egito livremente por 71 anos, mas passado esse tempo seus descendentes permaneceriam escravos por
430 anos, contados após a morte de José, sendo finalmente libertos por Moisés.
Neste ponto, começa a maior das polêmicas
envolvendo a criação da Bíblia. A tradição sacerdotal (a mesma que religiosa)
atribui a Moisés a autoria dos cinco primeiros livros. Investigadores rechaçam
a existência de Moisés, sua origem hebraica e todos os seus atos fantásticos
praticados no Egito e fora dele, obedientes à vontade do Deus de Israel. Os
fatos concatenados pela arqueologia e pesquisadores não sequenciam uma relação
histórica conducente ao libertador hebreu.
A história argumenta que havia
constantes emigrações de povos semitas ao Egito em busca de água, alimentos ou
trabalho assalariado muito antes do período bíblico do êxodo. Em épocas
turbulentas, ou quando o governo egípcio necessitava de mão de obra, os
estrangeiros eram proibidos de sair do país, sendo feitos escravos. Os
egípcios, já antes de Moisés, mantinham possessões nas regiões da Palestina e
Mesopotâmia cobrando impostos nas cidades-estado, e realizando toda a sorte de
comércio. Portanto, era comum o intercâmbio egípcio com povos semitas e povos
de outros países distantes, como a Grécia. Os gregos, por oportuno, gozavam de
respeito e prestígio no Egito.
Quanto a José, sua possível existência é
admitida pelos historiadores pelo fato de terem encontrado provas arqueológicas
identificadoras de hábitos ou de acontecimentos da vida egípcia, coincidentes
com as descrições bíblicas à época em que José lá teria vivido. Mas quanto a
Moisés, afirmam, nada comprovar sua existência, sendo também pouco provável ter
existido um Moisés egípcio ou hebreu, ou mesmo parte egípcio parte hebreu.
Ademais, não há qualquer referência nos anais egípcios identificadora da
ocorrência das dez pragas relatadas no livro do Gênesis. Na época da partida do
povo israelita muitos outros semitas lá permaneceriam, e somente mais tarde
viajariam ou não de volta para seus grupamentos étnicos de origem, em pequenos
êxodos, como sempre acontecia. Porém, em existindo de fato aquele êxodo
espetacular narrado no Velho Testamento, de seiscentos mil homens israelitas
além de mulheres e crianças, teriam também se misturado aos israelitas, os
caldeus, danus, filisteus, arameus e tilkers, visto a Bíblia deixar
subentendida a não permanência no Egito de nenhum outro escravo semita após o
êxodo, senão unicamente os livres nativos egípcios.
A história não desata e os religiosos
somente repetem a Bíblia ou ressaltam manuscritos apócrifos. Neste ponto, as
duas correntes são inconciliáveis, mesmo por que o religioso crê, imagina e se
satisfaz. A história, ao contrário, manuseia, tange, rearticula e procura
comprovações sem o que nada pode guardar, afirmar ou restabelecer.
São muitas as lendas de um hebreu que
teria nascido no Egito de mãe judia e lançado ao Nilo com três meses de idade.
Esse ato extremo o teria realizado a mãe de Moisés por que o faraó antes
determinara que todos os recém-nascidos varões, filhos de Israel, fossem mortos
pelas parteiras hebreias Sifra e Pua. Visto os meninos judeus continuarem a
nascer porque as parteiras não os matando mentiam ao faraó, dizendo chegar
sempre atrasadas aos partos, o faraó mandou seu povo lançar ao Nilo todos os
meninos hebreus recém-nascidos.
É dito em êxodo 2; 1 a 5, sobre o nascimento de
Moisés:
“Foi-se
um homem da casa de Levi e casou com uma descendente de Levi. E a mulher
concebeu e deu à luz um filho; e vendo que era formoso, escondeu-o por três
meses. Não podendo, porém, escondê-lo por mais tempo tomou um cesto de junco,
calafetou-o com betume e piche, e, pondo nele o menino largou-o no carriçal à
beira do rio. Sua irmã ficou de longe para observar o que lhe haveria de
suceder. Desceu a filha do faraó para se banhar no rio, e as suas donzelas
passeavam pela beira do rio; vendo ela o cesto no carriçal enviou a sua criada
e o tomou.”
Moisés seria criado por sua própria mãe
descoberta nas proximidades do rio, e mais tarde, já grande, iria ter com a
filha do faraó que a partir de então o criaria como filho. A tradição religiosa
afirma ter Moisés realizado coisas grandiosas no Egito antes da saída israelita
do cativeiro. A corrente de desconfiados historiadores continua negando aqueles
feitos e a origem hebraica do salvador.
Neste particular, inferimos outra vez que
historicamente o termo hebreu poderia perfeitamente ter sido adotado pelos
judeus no Egito, uma vez que os cananeus, como vimos, assim se denominavam há
milênios, antes mesmo da conquista suméria na Mesopotâmia. Povos semitas já
mencionados emigravam aos grupos para o Egito em constantes e temporárias
viagens, podendo alguns grupos cananeus terem lá permanecido também escravos, e
se misturado aos israelitas. Consoante a regra comum de trocas e absorções
culturais de ramos étnicos na convivência simples ou estreitada, e consoante ao
caldeamento étnico que forçosamente acontece nesses casos, ocorreriam também no
Egito semelhantes fatos. Assim, adicionamos esse ingrediente às discussões
históricas, quando entendem que a designação de povo hebreu se incorporou idiossincraticamente
aos israelitas somente no retorno judeu à Canaã, tendo existido o êxodo ou não.
A propósito da discussão sobre o êxodo,
decorrem muitas outras dúvidas da existência de locais, povoações e cidades na
época desse grande acontecimento. Os 40 anos de peregrinação pelo deserto, sob
penitência imposta pelo Deus IHVH, são da mesma forma postos em dúvida, e
também devido ao fato de Josué não ter escrito o sexto livro na sua totalidade,
embora não tenha havido maiores preocupações durante séculos para esclarecer o
fato. Uma das evidências constatadas nas investigações sobre Josué, reside nos
diferentes estilos empregados nas narrativas com datas diversas. Os textos
mostram os pronomes “nós” e “nos” revelando que mais de uma pessoa testemunharia
os acontecimentos e colaboraria na manufatura do livro. Outra evidência ocorre
nas descrições dos acontecimentos que teriam lugar após a morte de Josué, como
as conquistas de Hebrom e Dã por Otoniel. Sobre isto, defende o Talmude, o
livro sagrado judeu, que os últimos versos do livro de Josué teriam sido
escritos por seu filho Pinkbas.
Por outro lado, cidades como Ai, Gabaon
e Jericó, segundo comprova a arqueologia, ainda não existiam no século XIII
a.C., logo não poderiam ter caído em mãos israelitas conforme atestam os textos
bíblicos. A existência do próprio Israel como entidade histórica e a maneira
soberba como vem descrita é fartamente contestada. Os historiadores e
arqueólogos sugerem que ao invés do grande êxodo, Israel teria emergido dos
cananeus e a nomenclatura Israel atribuída às doze tribos de Jacob, também
surgiria na antiga Canaã sob influência egípcia, não sendo, portanto, primazia
do patriarca judeu a originalidade do mencionado epíteto quando Deus
substituira seu antigo nome. O império egípcio, como vimos, estendia-se além de
suas naturais fronteiras alcançando cidades-estado palestinas e mesopotâmicas.
Daí, influenciar cananeus, e, neste caso, israelitas. Os cananeus, tribos
árabes provindas da Ásia à época de suas migrações da Mesopotâmia para a
Palestina, se infiltrariam e se instalariam em locais diversos. A teoria dos
historiadores admite que os israelitas, mediante os extorsivos tributos
egípcios, teriam se afastado da antiga Canaã migrando para as montanhas do
Efraim, lá se espalhando por diversas regiões constituindo outros povoados. Por
outro lado, o nome Israel é uma aglutinação epônimo de Isis (mãe natureza ou
alma universal), Ra (deus solar, pai) e El (sufixo designativo de majestade,
poder ou senhor), todos do panteão de deuses egípcios.
Mais tarde, se verificariam pequenos
êxodos dos nômades israelitas de volta à Canaã, devido aos seguidos conflitos
com os primitivos moradores do Efraim, com ocupação gradual e pacífica das
cidades-estado cananéias, sem existir, portanto, a tomada à força através de
guerras, conforme afirma o Livro de Josué. Desse modo, os israelitas teriam
voltado às suas origens por outros motivos, tendo continuado o culto da
circuncisão, bem como mantido a proibição do consumo de carne suína. Reafirmam,
assim, os pesquisadores, que esses mesmos hábitos sócio-religiosos, os
israelitas já os possuíam antes das migrações a Efraim, por que teriam sido
passados pelos egípcios aos cananeus.
Todos estes fatos descaracterizariam um
preâmbulo ao aparecimento dos reinos de Davi e Salomão, pois as provas
arqueológicas vêm alinhar elementos concretos de negação ao estabelecido nos
livros bíblicos, reforçando antigas e profundas dúvidas históricas e
desconfianças, que fragilizariam os mitos da existência dos patriarcas e
narrativa do êxodo hebreu. Ao mesmo tempo, assomam cada vez mais certezas de
que o conteúdo do Velho Testamento não seja outra coisa senão uma fábula ou
grande ficção, aliado aos fatos adicionais de que Samaria e Jerusalém, nas épocas
dos reis Davi e Salomão, seriam cidades com populações insignificantes,
portanto não dignas de representar tão majestosos e faustuosos impérios.
Entretanto, a polêmica continua.
CAPÍTULO V
A MONTAGEM
DA BÍBLIA
Historiadores e boa gama de religiosos
concordam que a Bíblia não foi escrita unicamente nas épocas em que seus
autores teriam vivido. Este é um dos poucos pontos convergentes destas duas
correntes que no mais divergem, às vezes, diametralmente. A tradição religiosa
aponta um tempo de mais de 1500 anos para que a Bíblia fosse escrita na sua
totalidade, ou seja, teria começado com Moisés no deserto ou Monte Sinai e
terminado com João na Ilha de Patmos.
O Velho Testamento nos seus pródromos
fora constituído por manuscritos originais que teriam sido armazenados na Arca
da Aliança e aceitos como ditados por IHVH ou por Ele inspirados. Assim
assevera a tradição sacerdotal. Muito mais tarde, em 90 d.C., foi proposto ao
Conselho Judaico de Jamnia que sete outros livros e quatro acréscimos pudessem
fazer parte da Bíblia, o que foi negado. Somente em 8 de abril de 1546, o Concílio
de Trento admitiria incorporar à Bíblia aqueles sete outros livros e os quatro
acréscimos, chamados apócrifos, formando-se assim a atual Bíblia católica com os
trinta e nove livros originais e os adicionais.
Moisés teria escrito os cinco primeiros
livros chamados o Pentateuco. Constituir-se-ia então de o Gênesis, que narraria
os atos da criação; o Êxodo, que trataria dos acontecimentos da saída ou fuga dos
judeus do cativeiro egípcio; o Levítico, que estabeleceria as leis para a
regulamentação da vida judaica e todo um ritualismo sacerdotal; o Números,
relativo ao acercamento ou censo do povo saído do Egito, e o Deuteronômio, um
tipo de reedição do Levítico onde Deus traria novas leis para os judeus. Josué
daria continuidade ao trabalho realizado por Moisés, entrando com o povo judeu
definitivamente na terra de Canaã, depois de 40 anos de peregrinação pelo
deserto. Os relatos dessa incrível viagem punitiva do Deus IHVH aos homens, e
todas as suas vicissitudes, terminariam nos livros de Moisés. O Livro de Josué
descreveria, principalmente, as dificuldades encontradas em Canaã, o
cumprimento das novas ordens de Deus para o povo judeu, as guerras que precisariam
empreender para lá definitivamente instalar-se e as manobras de repartições das
regiões que as doze tribos iriam ocupar. Portanto, do Pentateuco até Malaquias,
se constituiria o antigo formato do Velho Testamento.
Os sete livros adicionais denominados
deuterocanônicos são: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico,
Baruque, Macabeus I e Macabeus II e os quatro acréscimos, Ester (Ester),
Cântico dos Três Santos Filhos (Daniel), História de Suzana (Daniel) e Bel e o
Dragão (Daniel), aprovados pelo Concílio de Trento, passariam a formar com os
trinta e nove livros anteriores a nova Bíblia. Esse ato oficial eclesiástico da
Igreja Católica viria de encontro aos protestos dos reformistas protestantes,
ecoando pelo mundo religioso como represália ou autêntica vingança clerical. Os
livros do Velho Testamento católico passaram então a somar 46, contra os mesmos
39 do Velho Testamento protestante. Assim, somando-se os 27 livros do Novo
Testamento, a Bíblia católica passou a ter 73 livros contra 66 da Bíblia
protestante.
Já o Novo Testamento, constitui-se das
narrativas dos quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), dos Atos dos
Apóstolos, Epístolas de Paulo, Hebreus, Epístolas de Tiago, de Pedro, de João e
de Judas e o Apocalipse de João. Assim, nesta apropriação por nós resumida se
estrutura a Bíblia, mas excetuando os sete livros e escritos adicionais, se
costuma definir o cânon bíblico somente com os trinta e nove livros originais,
ou seja, os formadores da estrutura reta, da régua certa de medir.
As escriturações, traduções e compilações
teriam agregado em épocas diferentes, em torno de quarenta homens. O vocábulo
Bíblia, deriva do grego biblos que significa pequenos livros, que uma vez
organizados compactaram-se num único e quase definitivo tomo. Os manuscritos
bíblicos foram inicialmente escritos em grego, aramaico e hebraico.
A cronologia religiosa levanta sempre
dúvidas que conduzem a discussões com os historiadores no que tange às datas
dos manuscritos mais antigos. Na realidade, a criação e organização da Bíblia,
além de comportar um período bastante longo, possuem episódios esparsos. O
Pentateuco, segundo a tradição, ou um segmento dela, começaria a ser escrito
pelo libertador hebreu cerca de 1490
a.C., data essa em absoluto consensual, pois existe
quase uma dezena de datas acerca da saída de Moisés do Egito. Não se sabe ao
certo qual idioma Moisés teria adotado originalmente. O Egito, na época em que
supostamente Moisés lá teria vivido, absorvia grande influência cultural grega.
Supõe-se que os gregos já existiam no século XV a.C. como grande nação, embora
o período histórico de seu florescimento cultural e expansão de suas conquistas
militares se registrasse entre 1000
a.C. e 30
a.C.
Muitas palavras da linguagem egípcia à
época provinham de etimologia grega. Faraó, designação do rei egípcio; a cidade
de Heracleópolis; Philae ou File uma ilha do Alto Nilo; o próprio nome Moisés,
originado de Mosh ou Mês (para uns derivado de Tutmoses) são algumas dessas reminiscências,
dentre tantas outras, que influenciariam à semântica egípcia. Diz-se que Moisés
falava Ático, idioma ou dialeto literário da antiga Grécia.
Sob este prisma, podemos admitir que a
influência hebraica possa também ter chegado a Moisés no Egito nessa mesma
época, por força da presença nômade cananéia e de outros povos semitas ou dos
africanos, visto o hebreu ser idioma antiquíssimo originário da África. Além do
mais, a tradução do vocábulo hebreu significa “aquele que vem de fora,” formando
assim prova aparente de uma assimilação externa. O hebraico de Moisés, se nesse
idioma ele se expressava, deferiria provavelmente do atual em relação à
formação vocálica escrita, pois as vogais só foram introduzidas de forma
massorética há mais ou menos 1000 anos. É também provável Moisés ter falado e
escrito em aramaico devido à grande semelhança existente entre esses dois
idiomas praticados contemporaneamente.
A formação da Bíblia, sem dúvida,
incorporaria um tempo bastante longo para vir representar uma entidade
histórico-religiosa. O termo Testamento provém do hebraico Barith, significando
aliança, pacto ou contrato e se vincula às origens dos manuscritos revelados. O
Velho Testamento, organizado num certo espaço-tempo sob os eventos principais
dos semitas judeus, com narrativas especialmente direcionadas e exemplos
propositalmente conduzidos, traduziria a vontade superior do Deus IHVH para uma
linguagem artificialmente humana. Através da presença moral e devotada fé dos
patriarcas Noé, Abraão, Jacob e Moisés, anexadas à obediência do continuador
Josué, a aliança do divino com o humano aconteceria entre relativos limites
geográficos do mundo afro-asiático - testemunha de tantas revelações e
intermediações cíclicas de deuses e mensageiros celestiais - e outras latitudes
mundiais. A aliança, não obstante, tantas vezes evocada para as tribos
israelitas, não seguiria simplesmente o seu caminho em tempo integral, mas
tomaria diversas e tumultuadas direções ou novas e inesperadas vertentes,
segundo as necessidades dos momentos e os elementos físicos habilmente
engendrados.
Os eventos maiores, quase sempre
físicos, representativos das diferentes etapas da aliança de Deus com os
patriarcas semitas, ressaltariam em Noé com a construção da arca do dilúvio e o subsequente repovoamento da espécie humana sobre a Terra. Em Abraão, com a
promessa de uma descendência tão ampla que se rivalizaria em número com as
estrelas no céu, suplementada pela instituição da circuncisão nos fiéis. Em
Jacob, com a reunião de seus doze filhos formadores das cabeças das doze
grandes tribos de Israel, consumando-se neles a promessa a Abraão, iniciada em
Isaque, e respeitante à expansão do povo de Deus em Canaã. Finalmente em
Moisés, com a consolidação das doze tribos durante o êxodo do Egito, o
estabelecimento dos Dez Mandamentos, a construção da Arca da Aliança anelada às
imolações e preceitos ritualísticos, e a conquista de Canaã. O Pentateuco,
elemento memorizador dos quatro maiores eventos formulados por Deus para as tribos
de Israel, com suas importantes e posteriores decorrências, se constituiria,
com o passar dos séculos, no sagrado e fundamental cânon substanciador do credo
religioso judaico rabínico.
As importantes decorrências que
seguiriam justapostas aos eventos maiores instituídos pela vontade de Deus
sedimentariam ao longo dos 40 anos de peregrinação pelo deserto, novos e
destacados elementos na estrutura emocional-mental dos israelitas, ou viriam se
amalgamar a algumas de suas anteriores tradições. Os decretos divinos
regulamentariam também, de várias maneiras, o monoteísmo judeu, modelando a
alma de IHVH à alma israelita.
A Bíblia, em constante elaboração desde
o êxodo em1300 a.C, seria ainda por cerca de 2754 anos para o mundo ocidental,
o último tradicional e sobrevivente elo material a testemunhar a aliança
espiritual de Deus com um povo. Pelo menos assim pensariam por todo esse tempo
os eruditos operários judeus, tradutores e recopiadores dos textos bíblicos,
até 1000 d.C., responsáveis através daquelas escriturações pela conservação de
suas longuíssimas tradições histórico-religiosas com as fontes originais. Isso
estaria considerado pelo fato de a Arca da Aliança, as Tábuas dos Dez
Mandamentos e os pergaminhos escritos por Moisés nunca terem sido encontrados.
E foi somente em 1454 d.C. que Gutenberg imprimiu a Bíblia pela primeira vez
dando fim ao percurso dos manuscritos e iniciando a era da tipografia.
Mesmo o Novo Testamento, pelas palavras
de Jesus Cristo, viria confirmar o Velho. Mas as palavras não convenceriam os
rabinos seguidores da Torah e nem os convenceriam a presença física do próprio
Cristo ou os milagres por ele concebidos. Eles aguardavam por outro libertador,
que chegaria com glória e esplendor para reunificar as tribos de Israel e
recolocar a nação judaica à sua antiga condição de povo eleito. E nesse ponto
residiria o problema até hoje não resolvido, responsável pela ruptura do
processo histórico-religioso judeu.
A conciliação entre os dois períodos
históricos jamais ocorreria, muito menos a conciliação religiosa. A tradição
mosaica reafirmaria seu ortodoxismo, enquanto Cristo espalharia a nova
mensagem. A Bíblia, em breve futuro, estaria montada de duas histórias: a do
Velho Testamento, cujos escritos representariam os pilares fundamentais
instituídos por IHVH e construídos pelo esforço humano, e a do Novo Testamento,
que assentaria o arcabouço da fé judaica em Cristo, após o palco das lutas em
Canaã, a desobediência a IHVH e os posteriores flagelos suportados.
Porém, os judeus não se afastariam de
suas milenares tradições religiosas. Tanto os sacerdotes propagadores da Torah
quanto aqueles do povo a quem a mensagem crística se destinaria, não a
acolheriam da maneira desejada. Tendo contribuído para a condenação de Jesus e
vociferado por sua crucificação, inúmeros, a despeito da infâmia, teriam obtido
curas milagrosas e extraordinários benefícios pela fé dos apóstolos. Mas em
seguida à destruição de Jerusalém e à segunda diáspora israelita, milhares
esqueceriam Cristo, voltando aos antigos hábitos sócio-religiosos mantidos pela
tradição oral patriarcal. E nisso, uma vez mais, se consumariam as palavras do
nazareno ao predizer que nenhum profeta é reconhecido em sua própria terra. Os
verdadeiros cristãos seguidores de Jesus, pregadores na Palestina e nas cidades
longínquas, partiriam mais tarde para terras estrangeiras onde, por eles, a
universalidade de Cristo
conheceria outra acolhida, mas onde palmilhariam também um calvário sob
constantes sombras, sacrifícios e mortes.
Apesar de todas as dificuldades os
missionários ensinariam que o enviado de Deus era Cristo e quem com ele
vivesse, viveria em Deus. Esse elo, uma vez formado, seria inquebrantável, uma
novíssima e mais perfeita aliança, por que dispensaria sacrifícios de animais,
altares de holocaustos, templos suntuosos erigidos por mãos humanas, ou
heróicas conquistas terrenas, pois o seu reino não seria deste mundo.
Voltando à organização da Bíblia, os
manuscritos originais do Pentateuco de Moisés, os de Josué, os demais
pertencentes ao sagrado cânon religioso hebreu e mesmo os apócrifos - esses
últimos selecionados entre quase cem relativos aos dois Testamentos - teriam a
linha existencial plena de situações atípicas. Os manuscritos do Pentateuco, e
provavelmente também os de Josué, estariam inicialmente guardados e
condicionados à Arca da Aliança, juntamente com as Tábuas (Pedras) dos Dez
Mandamentos. Todos os demais manuscritos em pergaminhos, após certo tempo,
necessitariam ser recopiados a fim de que seus conteúdos não se perdessem com a
degradação dos materiais utilizados. Mas após o desaparecimento da Arca da
Aliança e durante os tumultuosos séculos de guerras, destruições de cidades e
escravidões, aqueles documentos e outras provas materiais sob cuidados
sacerdotais, seriam transferidos a lugares seguros e ocultados. As ocultações
poderiam ocorrer em túneis, grutas, cavernas e poços abandonados, em subsolos
de edifícios, ou no interior de tumbas e mausoléus. Alguns documentos teriam
viajado emergencialmente às cidades vizinhas ou a países distantes.
Mesmo guardando a tradição desde o
aparecimento dos patriarcas, por cujos milênios passados se confundiriam mentes
e anotações escribas, os mais antigos manuscritos cuidadosamente recopiados,
apócrifos ou não, ou compondo o sagrado cânon bíblico, remontam tão somente aos
séculos III ou IV a.C. O tempo muitas vezes aliado das lendas e epopeias de
heróis semitas, se tornaria, por um lado, a contramão de sua verdadeira
história. Sendo a Bíblia testemunha de duas versões tradicionais, a religiosa e
a histórica, não haveria mesmo como conservar tangível a originalidade
manuscrita que pudesse fazer os céticos hodiernos dobrar-se ante o sacramentado
e o indiscutível. Por outro lado, essa possível originalidade se dissolvida e
devorada pelas longínquas e nebulosas cortinas das intempéries humanas, vem não
obstante servir de pano de fundo para a reafirmação de uma viva e
inquestionável tradição, que sendo forte e desafiadora sobreviveu aos laços
sufocadores do tempo e se provou por si própria de uma extraordinária e perene
longa vida na alma hebraica, independentemente de qualquer outro elemento
concreto de discussão.
Contam os historiadores que em 622 a.C., durante o reinado
de Josias e na ocasião da reforma do Templo de Jerusalém, os operários
encontraram um livro antigo. Esse livro corresponderia ao Deuteronômio que faz
parte do atual cânon bíblico. O interessante nessa história é a profecia
constante no livro sobre um rei escolhido por Deus que seria o ungido para
realizar reformas na sociedade e salvar o povo hebreu. Desnecessário dizer-se
que esse rei seria o próprio Josias, cujo nome estava ali consignado. A
profecia acabaria por realizar-se e Josias reunificaria temporariamente os
reinos de Judá e Israel, mas não viveria para essa glória, pois morreria em
campo de guerra.
Muitos acontecimentos levantariam
discussões quanto ao valor dos manuscritos formadores da Bíblia. Ao decorrer de
séculos e milênios, como dissemos, os escribas teriam realizado o minucioso
trabalho de recopiar os manuscritos e os eruditos de proceder às traduções.
Neste longo processo intelectual, não se sabe quantas inferências acidentais
ou propositais teriam acontecido modificando a pureza original dos textos. Mas
se por um lado existissem possibilidades de erros dos copistas ou de
conscientes inferências, por outro lado existiam os especialistas que
examinavam e comparavam os documentos. O trabalho era conhecido como Crítica
Textual. Ao término, chegavam aos Textos-Padrão.
Havia uma importante categoria escriba
de origem judaica. Era a família Massoreta, de membros profundamente
conhecedores do hebraico, grego, aramaico e de outros idiomas, que faziam
correções ortográficas e gramaticais entre os anos 500 d.C. e 1000 d.C. Foi
deles o trabalho de introduzir os sinais “massoréticos” no idioma escrito
hebraico. Os sinais introduzidos foram as vogais não existentes até então nos
textos.
Judá e Israel, por oportuno, formariam
os dois reinos. A origem desses dois reinos aconteceria, principalmente, por
disputas da hegemonia sobre todo o Israel. Judá representaria a mais numerosa
das tribos que havia partido do Egito. Segundo o censo, reuniria 74600 pessoas
entre descendentes diretos de Jacob e agregados. Caberia a Judá a região sul de
Canaã, compreendida desde o deserto de Negueve ao Sefelá, e cujas cidades como
Hebrom, Arade, Belém, Berseba, Bete-Somes e Laquim, fariam parte de seus
domínios.
A separação de Judá e Israel se daria
após a morte do rei Salomão em 931
a.C. e por ocasião da disputa do trono. Judá e Benjamim
permaneceriam aliados tendo como capital Jerusalém sob o reinado de Roboão, filho
de Salomão. Israel se constituiria ao norte com as dez outras tribos, tendo
como capital Samaria.
Da divisão das tribos judaicas surgiriam
as quatro principais tradições fundamentadas na interpretação do Pentateuco: a
javista, do sul, adotando as tradições do Deus Javé (IEVE ou IHVH); a eloista,
do norte, seguindo as tradições do Deus Eloi (Elohim ou Elhim); a
deuteronomista, permanecendo obediente ao livro do Deuteronômio, que como antes
dissemos teria sido encontrado nas revirações das obras que operários
realizavam no Templo de Jerusalém, em 622 a.C., e a quarta tradição, associada ainda
ao Pentateuco, que se consolidaria por volta de 587 a.C., fora dos reinos de
Judá e Israel, no exílio dos judeus na Babilônia, que se chamaria sacerdotal.
Esta última tradição emergiria
espontaneamente do seio do povo de Judá, por ele ter sido despojado de muitos
dos elementos materiais que davam base espiritual ao seu credo monoteísta,
reiniciando a transmissão oral. Dessa maneira, os prisioneiros judeus
garantiriam a memória de suas principais e importantes tradições
sócio-religiosas.
De acordo com relatos históricos,
Nabucodonosor II teria sitiado Jerusalém em 598 a.C. e o jovem rei
Joaquim se renderia sem resistência. O próprio rei, o aparato da nobreza
hebraica, oficiais militares e artesãos seriam levados prisioneiros para a
Babilônia, num total de mais ou menos dez mil pessoas. O Templo de Jerusalém
seria saqueado e todos os objetos sagrados de ouro, prata, adornos e pedras
preciosas tomariam o destino da Mesopotâmia. Em lugar do rei Joaquim
permaneceria Zedequias, nomeado por Nabucodonosor II. Mas em 587 a.C. uma nova onda de
prisioneiros judeus sofreria o exílio para a mesma Babilônia, em decorrência de
uma segunda revolta contra seus dominadores, e o Templo de Jerusalém seria
destruído.
Gedalias, o novo rei nomeado por
Nabucodonosor II, governando um número pequeno de judeus pobres, seria
assassinado dois meses depois, e o fato acarretaria a fuga da população para o
Egito pelo temor da vingança babilônica, ficando Jerusalém abandonada.
O período do cativeiro da Babilônia
abrange e coincide com o surgimento de três dos principais profetas citados no
Velho Testamento, cujos respectivos livros lhes atribuem à autoria. São eles Jeremias,
Ezequiel e Daniel.
A cidade da Babilônia cairia em mãos do
persa Ciro em 539 a.C.,
e durante seu primeiro ano de mandato, entre 538-537 a.C., ele libertaria os
judeus para retornar a Judá a fim de reconstruir a cidade de Jerusalém e o Templo
de Salomão. Jerusalém, entretanto, abandonada por cinquenta anos, fora tomada
de samaritanos, praticantes de uma tradição religiosa que diferia em alguns
princípios da praticada pelos judeus de Judá. Houve conflitos e divisões que
ainda hoje permanecem.
Da maior importância para a confecção e
montagem da Bíblia seriam as ações de Esdras, descendente de Aarão que nos
tempos de Moisés teria sido designado por Deus a ser o sumo sacerdote de
Israel. Esdras, em hebraico, Ezra, significando “aquele que ajuda,” lideraria
em 457 a.C.,
o segundo êxodo judeu dos cativos da Babilônia. Esdras seria mandado pelo rei
Artaxerxes a seguir para Jerusalém devido à dissolução dos hábitos religiosos
monoteístas judeus, pela adesão ao politeísmo pagão de outros povos. Faria
pregações diárias sobre os princípios sociais, religiosos e morais
estabelecidos pelas leis mosaicas.
O Livro de Esdras trata, principalmente,
do retorno dos judeus da Babilônia, do recambiamento dos objetos levados do
Templo de Salomão por Nabucodonosor II, da reconstrução do Templo em Jerusalém
e da reimplantação dos hábitos mosaicos. Nessa época, registra-se a primeira
diáspora de judeus pelo mundo, daqueles que saindo da Babilônia não desejaram
retornar para Jerusalém.
Neste ponto a crítica dos historiadores
dissidentes é incisivamente enfática ao não concordar com a biografia religiosa
de Esdras. Além do fato, argumentam que o Livro de Josué teria sido escrito
durante o exílio na Babilônia, em 566
a.C., e o Pentateuco de Moisés, em Judá, em mais ou
menos 600 a.C. Baseiam essas asserções nos alinhamentos dos achados
arqueológicos.
A Bíblia em si mesma foi transplantada
de uma tradução da Torah hebraica. A Torah constitui-se dos cinco livros
chamados Tanakh. De acordo com a tradição judaica a Torah escrita e a Torah
oral foram reveladas simultaneamente por Deus a Moisés no Monte Sinai. A Torah
oral seria propriamente a maneira de ensinar o cumprimento dos mandamentos da
Torah escrita. Algumas revelações sobre as tradições da Torah não coincidem. Há
uma versão de que Moisés seria o seu autor mesmo antes do êxodo, portanto ainda
em solo egípcio. Moisés teria tido a visão futura dos acontecimentos e da sua
própria morte, transferindo todos os fatos dessa vidência para a Torah. Uma
terceira versão confirma a existência da Torah antes mesmo da criação do mundo,
formulada pelo Criador para a evolução humana. E ainda, a tradição judaica
afirma ter Moisés revelado os fatos na sua essência, mas a compilação final da
Torah se desenvolveria e tomaria forma posteriormente, através de outras
pessoas.
Por outro lado, a tradição também dá
conta de que a Torah viria somente ser revelada e difundida a partir de Esdras,
portanto após o cativeiro da Babilônia, e por essa afirmativa histórico-religiosa
não teria existido antes de Josias.
Tanakh ou Tanach, do hebraico, é uma
sigla chamada acrônimo, construída a partir de outras palavras, designando um
conjunto de livros sagrados reconhecidos como a Bíblia judaica. A sigla veio a
ser formada das palavras: Torah ou Pentateuco, Nevim ou Livro dos Profetas e
Kethuuim ou escritos. O Tanakh é também conhecido como Medra. Já o Mishná trata
da compilação da Torah oral, redigida detalhadamente por volta de 200 d.C.,
orientada por Judá Hanasi.
O Talmude é uma coleção de leis e
tradições judaicas, datado de 499 d.C., que agrega a Torah oral em sessenta e
três capítulos, onde estão transcritos valores religiosos, morais e éticos dos
costumes hebraicos. O Talmude é a base ou referência material da ortodoxia
judaica, pois estabelece comentários detalhados da Torah de Moisés incluída na
Mishná.
Outra forma de transmissão se chamaria
Midrash ou Midraxe hebraica, surgida na Palestina no século I a.C. criada
especialmente pelos judeus com estilo próprio, abrangendo antiga tradição oral
judaica da Torah de Moisés, passada de pai para filho. Segundo a tradição, IHVH
teria escrito a Torah em fogo negro sobreposto ao fogo branco, revelando com
isto que o fogo negro seria a Torah escrita ao passo que o fogo branco a Torah
oral.
Vemos, assim, que a escrituração do
Velho Testamento foi sempre a constante preocupação dos rabinos judeus das três
grandes correntes do judaísmo, a saber: a reformista, a conservadora e a
ortodoxa.
No século III a.C., entre os anos 287 e
247, surgiria a Septuaginta que foi a tradução da Torah do hebraico para o
grego, encomendada por Ptolomeu II, rei do Egito. Desejava o monarca
descendente do general Ptolomeu, de Alexandre Magno, enriquecer a biblioteca de
Alexandria recém-inaugurada, com o Velho Testamento hebreu. O trabalho de
tradução da Torah seria realizado em setenta e dois dias, por setenta e dois
rabinos. A Septuaginta estabeleceria um marco na história judaica, tornando-se
a base ou referência de futuras traduções do Velho Testamento.
Mais tarde, no século IV d.C., seria a
vez da Vulgata, que foi a tradução da Bíblia do hebreu para o latim, feita por
São Jerônimo, atendendo solicitação do papa Dâmaso I. A Vulgata se
transformaria num exemplar mais fácil para a compreensão dos textos, em
comparação com todas as traduções anteriores. A Vulgata seria somente revista
por ordem do Concílio Vaticano II no tempo de Paulo VI, terminando sua revisão
em 1995 com o nome de Nova Vulgata.
De tudo o que se diga ou possa ainda
dizer-se da Bíblia, é inegável reconhecê-la como o livro portador das mais
polêmicas páginas que o mundo ocidental jamais viu. Entre verdades históricas,
simbolismos, mitos e tradições a Bíblia reúne material que obriga pesquisadores,
religiosos, e até mesmo ateus, a insistentemente mantê-la guardada na memória e
objeto freqüente de conversas.
CAPÍTULO
VI
OS DEZ
MANDAMENTOS
Não há dúvidas de que os dez mandamentos
expressam um código veiculador de regras sócio-religiosas. Tem sido, sobretudo,
na Bíblia, um guia moral subscrito não por uma autoridade temporal, mas pela
divindade absoluta revelada aos judeus e reconhecidamente severa,
disciplinadora e até iracunda.
Nas suas origens não seria elemento
alternativo, opcional, evocativo de uma liderança humana. Viria de todo do Deus
IHVH, por conduto de Moisés, seu maior representante na Terra, imposto para
obrigatória observação. Assim também afirma e reafirma a tradição rabínica. E é
desta maneira que o Livro do Êxodo nos passa a transmissão dos dez mandamentos
pelo Deus dos hebreus no Monte Sinai.
Sinai ou Horeb seria o lugar, o monte ao
pé do qual o povo hebreu acamparia enquanto o líder Moisés subiria para
encontrar Deus. As tantas e assustadoras lendas acerca desse monte mantinham os
viandantes afastados. Diziam haver nele fumaça, fogo e espíritos que
caminhavam.
Em 1904 o egiptólogo inglês Flenders
Petrie chegaria ao Sinai da Arábia Saudita, com o intuito de explorá-lo.
Subiria. E o que descobriria pouco tempo depois de iniciadas as escavações?
Enigmática edificação egípcia, estendendo-se por santuários anexos, túneis e
câmaras perfeitamente escavados. Encontraria fornos e inúmeros objetos de
variados portes e formatos, concluindo que no passado, nesses locais, se teriam
realizado intensas atividades. O exame das esculturas e representações murais
remeteria às datas anteriores ao êxodo hebreu, havendo inclusive referências
coincidentes ao tempo em que Moisés teria vivido no Egito.
Não seria de estranhar a razão de os
egípcios terem assentado bases num monte no deserto da Arábia, pois em sucessivas
incursões em busca de ouro e especiarias quando subjugavam os semitas da
Mesopotâmia e Palestina e transformavam muitas de suas metrópoles ou cidades-estado
em estados-tributários, costumavam sair de suas principais rotas e avançar por
outras regiões. E o Monte Sinai da região saudita não distava muito das terras
egípcias.
Duas principais questões avocadas na
ocasião da descoberta seriam: Moisés teria subido o monte com o único objetivo de tentar falar com IHVH? E
o Deus IHVH, de fato, nesse lugar, lhe teria passado as leis que na sua
essência não seriam tão diferentes das regras morais já existentes para
sumérios, caldeus, egípcios, gregos e outros povos da antiguidade?
Arriscamos-nos a dizer que é temerário
acreditar irrestritamente em linhas históricas delineadas pelos arqueólogos,
como também o é, da mesma forma, aceitar a tradição religiosa sem reflexões ou
discussões. Assim, para entrarmos na discussão histórico-religiosa dos dez
mandamentos necessitaremos novamente vir fazendo pequenos retrospectos sobre a
vida e personalidade de Moisés, hoje de existência e feitos tão contestados por
correntes de historiadores cada vez mais céticos.
Conforme vimos, Moisés supostamente
participaria de rituais secretos nos templos e pirâmides egípcias e seria o
escolhido para nova tentativa de estabelecer o monoteísmo, visto o pensamento
de Akhenaton ter também desaparecido com sua morte. Em assim sendo, e para o
cumprimento dessa grande missão, Moisés necessitaria do auxílio e sabedoria dos
sacerdotes adeptos do monoteísmo. Os mandamentos gravados em primeira vez em
madeira e em segunda vez em tábuas de pedra, poderiam perfeitamente ter sido
talhados por oficiais artesãos. Nada inverossímil nessa suposição, uma vez que,
mais adiante, a Bíblia diz que IHVH mandaria Moisés chamar os artesãos Bezalel
e Aoliabe bem como colocaria habilidades noutros homens para que construíssem a
arca em ouro e fabricassem todos os demais aparatos do templo no deserto.
Há polêmicas acerca da origem e
interpretações dos dez mandamentos. Para alguns, seu conteúdo seria Asseret
Hadibrot que significa as Dez Falas ou os Dez Ditos.
Não é novidade os povos terem cultuado
deuses e divindades com diversas e variadas conotações politeístas. Mas
sumérios e caldeus, por exemplo, já cultuavam também deuses trinos. Por vezes,
a expressão criadora de um deus se desdobrava a quatro, como nos ensinamentos dos
próprios sumérios e indus que mais tarde, no século II de nossa era, com
idêntico pensamento, seria reafirmado pelos ofitas do Egito. O nome Elohim não
foi originário do vocabulário hebreu e veiculava mais do que uma força divina,
um coletivo de deuses criadores. Eloha, no singular, era para sumérios e
caldeus unicamente um dos Elohim.
Em nosso idioma o vocábulo Deus denota
plural por sua própria formação morfológica. E se Deus era Elhim ou Elohim,
reconhecido pela antiga cabala hebraica rabínica como sete poderes criadores, a
origem do politeísmo já começaria no próprio Deus.
O Gênesis nos dá provas deste
coletivismo deífico quando descreve as etapas da criação, mencionando
inicialmente o Deus Criador como uma só expressão. Mais adiante, no versículo
26 do Capítulo I do Gênesis, a mensagem é outra, como segue: “Também disse
Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança.” Indubitável a
revelação no texto pluralizando forças criadoras.
A idéia da tríade os sumérios
representavam com Bel, Ea, Anu; os egípcios com Osíris, Isis e Horus; os indus
com Brahma, Vishnu e Shiva ou Sat, Chit e Ananda; os parsi com Ahura-Mazda,
Spento (Angro-Main Yush) e Aramaiti e os babilônicos com Talmus, Marduk e Baal.
Entretanto, o monoteísmo introduzido por Moisés aos hebreus não falaria de
tríade e nem de trindade, pelo menos o Livro do Gênesis a nada disto se
refereria, apesar de deixar misteriosas pistas acerca de Eloha-Elohim. Nem
posteriormente, na decorrência do êxodo, haveria qualquer citação a esse
respeito por parte de Moisés, o que indubitavelmente nos conduz a uma mensagem
principal e proposital acerca de um Deus único, sem qualquer outra conotação de
pluralidade, semelhante ao solitário Aton, Deus-Sol egípcio, divinizado por Amenophis
IV.
Precisamos considerar que o primitivismo
cultuou certas idéias religiosas que com o tempo sofreriam algumas
transformações. Se os caldeus-sumérios desenvolveram uma civilização altamente
utilitária há mais ou menos 6.000 anos na Mesopotâmia, segundo a história
oficial, foram realmente exceção junto às tribos semitas ali viventes. Não foi
sem motivos que rapidamente suplantaram as tribos vizinhas imprimindo-lhes sua
adiantada cultura. E de onde teriam adquirido tal cultura e por qual razão a
trariam para a Mesopotâmia? A história
oficial sabe muito pouco dos sumérios, que seriam um ramo dravidiano da Ásia
Central que por motivos desconhecidos se fixariam na região dos rios Tigre e
Eufrates na Caldéia.
A influência suméria modificaria o
pensamento religioso das tribos mesopotâmicas e palestinas e introduziria, além
do religioso, novos elementos básicos culturais extensivos também aos gregos e
egípcios e a outros povos da África. No entanto, a ligação suméria com o
oriente mais afastado, onde na Índia os dravidianos possivelmente praticariam
ensinamentos védicos, não está clara para a história. Se os dravidianos
tivessem trazido da Índia para a Mesopotâmia e Palestina todo o pensamento
védico lá ensinado, naturalmente o teriam implantado in totum e seria também
assimilado pelos povos semitas, o que não aconteceu. Embora a cosmogonia
entendida pelos sumérios não fugisse à idéia central da criação do universo e
sistema solar, e gênesis de deuses e homens, conforme ressaltado nos ensinamentos
arianos, sua filosofia de vida era eminentemente prática, voltada para a
transformação utilitária da matéria e de seus elementos. Os indus, ao
contrário, destacaram sempre e basicamente um pensamento religioso místico ‑
contemplativo e meditativo ‑ no intuito de sobrepor-se às clamantes
necessidades físicas e materiais. A religiosidade indu edificou-se sempre sobre
atitudes de purificação, desapego e negação à concentrada atividade para a
posse material.
Os sumérios dravidianos, contudo,
contrariando alguns dos preceitos religiosos da Índia, desenvolveriam as
aptidões de transformar a matéria através de grandes conhecimentos da física,
astrologia, química, matemática, medicina, arquitetura, mineração e de outras
ciências afins, usufruindo do utilitarismo e conforto tecnológico que com o
tempo grassariam parcialmente para povos vizinhos. Esses fatos tão visíveis e
destacados no mundo antigo nos levam a concluir que a civilização suméria teria
começado na Mesopotâmia com a cultura dravidiana trazida do oriente distante,
mas sofreria um impulso fantástico pouco tempo depois deles ali se terem
estabelecido.
Portariam também fundamentos morais que
os adaptariam, conforme já analisados, e os aplicariam ao cotidiano, que tal
como suas atividades científicas, seriam identicamente absorvidos em proporções
bem menores pela vizinhança semita. Alguns destes fundamentos remontam há mais
de 10.000 anos, desde a tradição védica oral, quando os arianos pregavam regras
disciplinadoras da vida social.
Os ensinamentos védicos são extremamente
amplos, que, como dissemos, os dravidianos deles teriam também absorvido. Parte
deles é aplicada excelentemente à psicologia religiosa esotérica. São hinos,
cantos, rituais, devoções, sacrifícios e conhecimentos compilados em quatro
textos principais, chamados Rig-Veda, Sama-Veda, Yajur-Veda e Atharva-Veda. A
palavra veda deriva da raiz sânscrito vid que é conhecimento. As escriturações
dos textos védicos datam de mais ou menos 1500 anos a.C. As origens da tradição
oral, entretanto, perdem-se nas noites do tempo remontando talvez há mais de
20.000 anos.
Dos Vedas, podemos destacar os
“Aforismos de Patanjali”, do Livro II, atitudes, que nos parecem assemelhar-se
aos mandamentos bíblicos. Os cinco primeiros mandamentos estabelecidos são:
1. Inofensividade 4. Continência
2. Verdade 5. Não avareza.
3. Não roubar
Esses mandamentos são regras básicas aos
candidatos desejosos de levar vida asceta e àqueles portadores de intensa
devoção religiosa, não recolhidos ao ascetismo. Cabem também ao povo. No
entanto, se flexibilizam diante da impossibilidade da absoluta conciliação com
os afazeres da vida material e familiar, atenuando assim as observâncias em
alguns aspectos.
Outros cinco mandamentos são
essencialmente devocionais de obliteração ou negação à vida material, mas
principalmente de práticas sacerdotais:
1. Purificação interna e externa 4. Estudos espirituais.
2. Gozo (satisfação, alegria) 5. Devoção a Ishvara.
3. Aspiração ardente (o Deus Criador
Indu)
Inegável a presença do pensamento
sumério nos povos do Oriente Médio e Egito. Os egípcios, por oportuno,
influenciariam gregos que em contrapartida influenciariam egípcios nos períodos
de certas dinastias. Mas por trás das cenas estaria a originalidade suméria,
mesmo nos períodos de domínios caldeu-sumério, acádio-sumério, assírio-sumério
e babilônico.
Houve, desse modo, diversos amálgamas
religiosos, ajustes, influências idiossincráticas, novos conceitos e novas
práticas, mas nada tão absolutamente diferente que por milênios as religiões
deixassem de possuir em traços comuns. Nas destacadas civilizações o povo
praticava as religiões abertamente enquanto os sacerdotes as praticavam
ocultamente sob certos cuidados e segredos.
O Egito, embora se situasse na África,
não produziu um povo com raízes unicamente africanas. Sua situação geográfica
favoreceu a miscigenação com etnias nômades dos vários ramos raciais distintos
de fora do continente, e mais tarde com semitas do Oriente Médio e grupamentos
indo-europeus que chegavam em sucessivos êxodos em busca de água e
alimentos. Apesar desse caldeamento, o
Egito conseguiu isolar a casta real, a nobreza, a classe sacerdotal, os
oficiais militares e os altos funcionários de administração, destacando-os dos
emergentes de camadas inferiores do povo representados por trabalhadores,
artesãos e escravos.
As sucessórias investiduras da
emblemática divina faraônica representavam para muitos reis os cargos de sumo
ou altos sacerdotes, e essas proeminências facilitavam a implantação e
conservação das idéias religiosas politeístas, muito embora existissem sempre
disputas e cisões sacerdotais, principalmente entre as capitais Tebas e Menphis
do alto e baixo Egito.
O Egito, ao longo das dinastias, pôde
produzir sua própria nomenclatura simbológica, riquíssima mitologia e três
linguagens próprias de comunicação, a par de desenvolver adiantada ciência para
a época, que em alguns aspectos era cercada de mistérios, como, por exemplo, as
técnicas empregadas para as mumificações. E sob essa pulsante sabedoria, Moisés
se instruiria e viria se preparar para introduzir no mundo semita o pensamento
monoteísta. A isso se seguiria imediatamente um código moral disciplinador,
sócio-religioso, chamado de os Dez Mandamentos. O motivo pareceria evidente,
não sendo outro senão a mudança das conceituações politeístas já extenuadas
após milênios de práticas.
A longa caminhada humana, ao reinado de
tantos deuses terrestres e extraterrestres, estaria assim aos pródromos de um
novo rumo para um Deus unificador. Os períodos histórico-religiosos dos
politeísmos seriam, a partir dessa aceitação, pouco a pouco soterrados pelo
novo e sintetizador ciclo que se apresentava. Permeava-se de uma só crença e
varreria em definitivo das mentes semitas as múltiplas interpretações do
passado motivadoras de absurdas idolatrias.
Os dez mandamentos, contudo, como todas
as grandes e importantes revelações bíblicas e marcantes eventos, trariam com o
tempo interpretações diversas e polêmicas. Mas para o povo a quem se
destinariam naquele momento, e por conter claras coibições, os mandamentos se
encaixariam básica e literalmente às necessidades de severa e necessária
disciplina. Foram, na maior parte, imposições imperativo-negativas embora, mais
adiante, nas revelações do Livro do Deuteronômio, Moisés introduzisse novas e
disciplinadoras regras e comentasse sobre os deveres e cuidados acerca das
ordens divinas.
Os dez mandamentos, em síntese, viriam
traduzir as seguintes primeiras regras disciplinadoras:
1. Não terás outros
deuses diante de mim.
2.
Não farás imagens de esculturas e não as adorarás.
3. Não tomarás o nome do
Senhor teu Deus em vão.
4. Guardarás o dia de
sábado para O santificar.
5.
Honrarás a teu pai e tua mãe.
6. Não matarás.
7. Não adulterarás.
8. Não furtarás.
9. Não dirás falso
testemunho contra o teu próximo.
10. Não cobiçarás a mulher do teu próximo nem os seus
pertences.
O texto bíblico discorre sobre seis
dessas regras e, sem dúvidas, é um breve discurso reconhecido como os dez ditos
ou dez falas.
CAPÍTULO VII
AS ALIANÇAS DE IHVH COM OS HEBREUS DO ÊXODO
Este capítulo nos
servirá para revermos e reavaliarmos os principais e marcantes eventos
introdutórios do monoteísmo revelado a Moisés.
Entendemos uma
aliança como a forma de um compromisso mútuo ou de um pacto entre partes.
Admitamos que o Deus IHVH resolvesse fazer uma aliança com o povo judeu a fim
de estabelecer o monoteísmo na Terra. Mas em todas as aparições aos
protagonistas Deus jamais solicitou a colaboração voluntária deles, antes os
informou que eram escolhidos e deveriam realizar o que Ele determinaria. A
contrapartida humana se daria através da fé e obediência e se procedessem como
mandado veriam Sua glória entre o povo.
Essa disposição
representou propriamente mais que um pacto entre partes, mas uma imposição
superior. Em termos espirituais, talvez pudéssemos definir a intenção de IHVH
como instrumento definitivo para obrigatória oblação e sacrifício judeu. Nesse
caso, não seria de fato uma aliança espontânea e nem os motivos reais de tal
aproximação e inferência divina seriam revelados. Eis um mistério!
A aliança, no
entanto, como citada no Pentateuco, caracterizaria definidas etapas que iriam
gerar marcantes e sucessivos acontecimentos como capítulos de uma história
adrede delineada. Começaria, talvez, desde Adão, passando por Noé, Abraão,
Isaque, Jacob e por Moisés, terminando finalmente com Josué em Canaã. Seriam,
nesse caso, sete situações maiores sedimentadas com o sangue semita. E como
cada uma dessas etapas desdobraria novos e definitivos rumos na história,
preferimos definir essas variações como necessidades impostas a fim de
reafirmar e levar adiante o roteiro básico com diferentes personagens, fossem
eles principais ou secundários, ou intra-relacionados. Assim, com o tempo, Deus
firmaria novas alianças, que repercutiriam nas gerações presentes e futuras dos
judeus semitas, visando sempre tangíveis resultados.
Ao analisar o
Pentateuco e concentrar nossa atenção nas situações decorridas no êxodo, por
ser o êxodo, talvez, o maior dos eventos épicos na história semita, acusamos a
evolução de quatro grandes e significativos momentos nascidos das novas
alianças. Os enfoques, por si sós, representariam os quatro grandes impulsos
sedimentares para as aquisições de outros valores sócio-religiosos pelos
hebreus. A cada uma daquelas alianças - reforçamos - se acentuariam contextuais
decorrências perfeitamente segmentadas sob a égide de um determinismo
perfeitamente encadeado.
Acreditadas ou não,
as narrativas bíblicas ressaltam, a nosso ver, a incontestável sabedoria de
Moisés cimentada por uma invejável cultura sacerdotal.
Embora
sistematicamente lenta através dos milênios, a marcha evolutiva humana em todo
o mundo, atingiria periódicos e destacados ciclos de transições. Nesse prisma,
os fatos históricos catalogados ao longo do tempo, evocariam também com certa
frequência elementos culturais e religiosos que sob muitos aspectos foram
reveladores de mútuas identidades entre os povos. Daí, podermos concluir e
reafirmar que alguns episódios transcritos nas páginas do Velho Testamento,
recomendam-nos uma olhadela aos hábitos religiosos dos egípcios.
Se a Bíblia é ou
não uma espantosa obra ficcionista, é outra história e discussão. Mas os
delineamentos progressivos de seus textos conduzem os personagens semíticos a
transitar com frequência de um polo a outro por importantes conexões de
práticas egípcias. Além do Pentateuco, essas similitudes percorrem outros
livros e crônicas do Velho Testamento, insistimos nesta convergência.
É possível
admitir-se a sabedoria humana sacerdotal de Moisés sendo a todo o momento
testada ou estimulada por um Deus sabedor há longuíssimo tempo das nuances
anímicas dos vários povos da antiguidade. A visão de IHVH se materializaria e
obraria através do conteúdo cerebral de Moisés. Desse modo, ambos empreenderiam enormes esforços no sentido de
implementar elementos mais bem trabalhados para um novo ciclo sócio-religioso
judeu.
É sempre bom
relembrar que escravos não tinham tanta liberdade para cultos religiosos, senão
para aqueles permitidos por seus senhores. Essa oportuna observação implica no
entendimento de uma perda de identidade idiossincrática e uma consciente ou
inconsciente assimilação de outros valores dos povos dominadores.
Por mais de 400
anos a inicial mensagem de IHVH a Abraão, sobre a multiplicidade de sua
descendência, pareceria ter caído no esquecimento. Esse mesmo fato se daria com
a revelação de Deus a Jacob acerca das doze tribos de Israel que herdariam
Canaã.
Moisés surgiria
então como o grande pilar, a ponte vertical entre o Deus de Israel e seu povo a
fim de fazer cumprir a promessa a Jacob em Betel. Notemos, no entanto, que Deus
falaria a Jacob sobre Canaã numa visão futura, não definindo na ocasião o tempo
ou data do acontecimento. As principais consecuções das promessas aos hebreus
tomariam vulto séculos depois, a partir do solo egípcio, continuando numa
vertente planejada para a consecução final, visto as novas alianças, todas elas,
ensejarem acontecimentos espírito-matéria. O Livro do Êxodo relata que a
primeira e substancial aliança de IHVH com os hebreus aconteceria justamente na
libertação do jugo egípcio, com todas as implicações entre Moisés e Ramsés II.
Por outro lado,
podemos entender a proximidade cronológica dos cultos a Aton e a IHVH como
tentativas reais e verdadeiras de se estabelecer definitivamente o monoteísmo.
Com IHVH se
inauguraria um ciclo judaico que se afirmaria diferente dos eventos liderados
por Noé, Abraão, Isaque ou Jacob, cujas provas de fé haviam orientado
basicamente os seus respectivos clãs. Com aqueles antigos patriarcas o Deus
único não inspiraria a organização e consolidação de um credo. Mas com os
israelitas do êxodo IHVH imprimiria no seu animismo sucessivos registros
sobrenaturais de efeitos físicos tangíveis, com a intermediação de Moisés, de
carne e osso como eles. As impressões dos efeitos terrenos produziriam,
ademais, na psique coletiva, figuras críveis e indeléveis para as gerações
futuras. Entretanto, naqueles momentos eles se tornavam testemunhas
co-responsáveis por ter visto, conhecido e participado!
A própria
identificação do Deus de Abrão, Isaque e Jacob trazia uma conotação mais séria,
mais definitiva, pois somente aqui ele revelaria seu nome, como descrito em
Êxodo 6:2 “Falou mais a Moisés e disse: Eu
Sou o Senhor” (IHVH). Sabemos do respeito que os hebreus tinham por Deus,
ao evitar chamar-lhe pelo verdadeiro nome, substituindo IHVH por Adonai, que
significa Senhor.
A épica viagem rumo
à Canaã prometida faria uma pausa ao pé do Monte Sinai, que Moisés subiria,
conforme já vimos, e onde se desenrolaria a dramática apresentação dos dez
mandamentos. A prova material das Tábuas dos Dez Mandamentos se constituiria na
inequívoca segunda grande aliança de IHVH com os hebreus. A alocação dessas dez
regras viria de fato requerer, a partir dali, a rígida postura moral desejada
por IHVH. Essa postura seria mais do que necessária para fundamentar os pilares
sobre os quais o monoteísmo pudesse firmemente edificar-se e avançar como um
culto desejável, possuidor de um código único e agregador. Esse código
unificaria todas as demais práticas forjadas por outras crenças politeístas em
que cada deus, bom ou vingativo, induzia a particulares e pessoais atitudes e
cultos. A diferença básica se iniciava agora na contextura pragmática dos dez
mandamentos, sob a rígida determinação de IHVH para obediência de todos. Os
hebreus, no entanto, necessitariam de mais elementos para materializar um culto
monoteísta e fundamentar sua fé religiosa.
Mais adiante, Deus
mandaria construir a arca que se consubstanciaria, juntamente com o tabernáculo
e seus implementos ritualísticos, na terceira grande aliança. A surpreendente
arca requerida pelo Deus IHVH seria qualquer coisa inusitada para um povo
semita não acostumado a esse tipo de vínculo com outros deuses. Ao invés de uma
imagem por Ele já proibida mandaria construir a arca para oficializar sua
presença física entre o povo. No Egito havia arcas, veremos isso no próximo
capítulo, mas eram objetos de cultos sacerdotais privativos, e não do povo,
muito menos de escravos. Agora IHVH determinava a Moisés construir uma arca
como no Egito, e justamente para um povo que lá estivera escravizado!
A arca se
constituiria em algo difícil e operoso para sua construção e de mão de obra
artística e artesanal. Os objetos que a acompanhariam, todos confeccionados
como os queria IHVH, identificavam a montagem de um templo especial, em pleno
deserto, para a prática da magia. A magia, para seu pleno e perfeito
funcionamento, necessitaria de uma organizada e complicada liturgia, ordenada e
imposta nos seus mínimos detalhes pelo próprio Deus dos judeus ‑ segundo os informaria Moisés ‑ e
com imolações de animais.
A quarta grande
aliança de IHVH com os judeus do êxodo detalhada no Pentateuco e complementada
sua narrativa no Livro de Josué, seria justamente a posse das terras prometidas
de Canaã. Essa quarta aliança aconteceria quarenta anos depois de iniciada a
difícil peregrinação pelo deserto. A posse definitiva de Canaã se daria após a
morte de Moisés, conduzida em grande parte pelo incansável espírito de Josué,
empreendedor de inúmeras guerras.
CAPÍTULO
VIII
A ARCA DA
ALIANÇA
Não poderíamos deixar de comentar mais
profundamente sobre a Arca da Aliança, revelada nos textos do Pentateuco como o
maior dos engenhos de opulência mágica, que seria mandado construir pelo Deus
dos hebreus. A presença da arca evocaria mais tarde o imenso zelo davídico e a
profunda devoção salomônica, e de tal sorte que o riquíssimo e artístico Templo
de Jerusalém seria erigido, principalmente, em função de sua existência.
Segundo os capítulos do Êxodo, Moisés
receberia a incumbência de IHVH para construir a arca. Em 24:12, é dito:
“Então disse o Senhor a Moisés: sobe a mim ao monte e fica lá;
dar-te-ei tábuas de pedra e a lei e os mandamentos, que escrevi, para os
ensinares.” Em 24:18, temos: “E Moisés, entrando pelo meio da nuvem, subiu ao
monte e lá permaneceu quarenta dias e quarenta noites.”
Em Êxodo 25:10-16, temos: “Também farão uma arca de madeira de
acácia, de dois côvados e meio será o seu comprimento, de um côvado e meio a
largura e de um côvado e meio a altura.” Seguindo-se a isto, Deus
estabeleceria os demais detalhes acerca da construção da arca e de tudo mais
que desejava a fim de materializar uma fantástica aliança com os hebreus.
O metal básico que fundiriam para cobrir
o interior e o exterior da arca, fazer as argolas para os varais, cobrir os
varais e esculpir os querubins do propiciatório, seria o ouro, como é descrito
em Êxodo 25:10: “De ouro puro a cobrirás;
por dentro e por fora a cobrirás e farás sobre ela uma bordadeira de ouro ao
redor. Fundirás para ela quatro argolas de ouro e as porás nos quatro cantos da
arca: duas argolas num lado dela e duas argolas noutro lado. Farás também
varais de madeira de acácia e os cobrirás de ouro, meterás os varais nas
argolas aos lados da arca, para se levar por meio deles a arca. Os varais
ficarão nas argolas da arca não se tirarão dela. E porás na arca o testemunho
que te darei.”
Em Êxodo 25:17-22, temos: “Farás também um propiciatório de ouro puro;
de dois côvados e meio será seu comprimento e a largura de um côvado e meio.
Farás dois querubins de ouro: de ouro batido os farás, nas duas extremidades do
propiciatório; um querubim, na extremidade de uma parte e o outro na
extremidade da outra parte: de uma só peça com o propiciatório fareis os
querubins nas duas extremidades dele. Os querubins estenderão as asas por cima,
cobrindo com elas o propiciatório; estarão eles de faces voltadas uma para a
outra, olhando para o propiciatório. Porás o propiciatório em cima da arca e
dentro dela porás o Testemunho que eu te darei. Ali virei a ti, e de cima do
propiciatório do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho,
falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel.”
O que se estabeleceria entre o Deus IHVH
e o povo israelita nestes episódios seria a determinante imposição para a
prática do credo judeu, começado com a subjacente doutrina básica devocional,
moral e social calcada nos dez mandamentos, e os decretos das primeiras leis
igualmente morais e sociais por Ele mandados. Entretanto, o advento da Arca da
Aliança, suplementado por grande aparato material para fins ritualísticos,
configuraria, na verdade, um culto de pura magia!
Isto fica bem claro quando Deus
determina o que queria para as ofertas. No capítulo do Êxodo 25:1-9, temos: “Disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de
Israel que me tragam oferta; de todo homem cujo coração o mover para isso, dele
receberei a minha oferta. Esta é a oferta que dele receberei: ouro, prata e
bronze, e o estofo azul e púrpura e carmesim, e linho puro, e pelos de cabra, e
peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de animais marinhos, madeira de
acácia, azeite para a luz, especiarias para o óleo de unção, e para o incenso
aromático, pedras de ônix, e pedras de engaste, para a estola sacerdotal e para
o peitoral. E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles.
Segundo a tudo que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de
todos os seus móveis, assim mesmo o fareis.”
Ao falar do candelabro em Êxodo 25: 31-40, Deus destacaria que o candelabro precisaria ser de ouro
puro e batido, com todos os detalhes desejados e segundo o modelo mostrado a
Moisés no monte. Em 26:13, IHVH daria todas as especificações das dez cortinas
de linho retorcido, estofo azul, púrpura e carmesim, e com querubins. Haveria
ainda muitos e meticulosos detalhes passados a Moisés sobre a feitura das
cortinas.
Em Êxodo 26:14-30, Deus ensinaria fazer a
coberta de peles e as tábuas e de 31
a 37 daria as instruções sobre o véu de estofo azul,
púrpura e carmesim e de linho fino retorcido bem como discorreria sobre a
manufatura das colunas de madeira de acácia. Ensinaria, da mesma forma, onde
colocar a arca e como instalar os véus separando o Santo Lugar e o Santo dos
Santos, além de dar outros detalhes envolvendo a mesa, o candelabro, uma porta,
o reposteiro, etc.
Em Êxodo 27: 01-19 IHVH explicaria como
construir o altar do holocausto com madeira de acácia e a maneira de dispor
outros objetos complementares, como chifres, recipientes para recolher cinzas,
pás, bacias, garfos e braseiros, e onde os chifres seriam recobertos de bronze
e quais objetos seriam feitos do próprio bronze, etc. Neste capítulo, Deus
ensinaria, também, a construir o átrio do tabernáculo voltado para o meridional
sul e muitas outras coisas relativas a isso. Nos versículos 20 e 21 falaria do
azeite para o candelabro.
Em Êxodo 28, Deus nomearia Arão
sacerdote e discorreria longamente sobre as vestes sacerdotais, sua feitura,
modelo e adornos com ouro e especial pedraria. Interessante, sobretudo, em
Êxodo 29, são as instruções de Deus acerca dos sacrifícios ou imolações de
animais, o banho de sangue, as unções, o corte dos corpos animais, a assadura
da carne, os cheiros, os pães e tudo mais que serviriam de oferta do povo para
Deus.
Adiante, Deus falaria do altar do
incenso, do pagamento do resgate, da bacia de bronze, do óleo de santa unção,
do incenso sagrado e dos artífices.
A história da Arca da Aliança
prosseguiria até o saque ao Templo de Jerusalém no reinado de Roboão, a partir
do que se perderia o seu rastro. Durante o tempo em que a arca teria
permanecido em mãos hebraicas, as situações de guerra lhes seriam favoráveis,
conforme relato em Josué 6:2;11;16 sobre a destruição de Jericó: “Então disse o Senhor a Josué:Olha,
entreguei na tua mão a Jericó, ao seu rei e aos seus valentes. Vós, pois, todos
os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando-a uma vez: assim fareis por
seis dias. Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifres de carneiros
adiante da arca; no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes
tocarão as trombetas. Assim a arca do Senhor rodeou a cidade contornando-a uma
vez. Entraram no arraial e ali pernoitaram. E sucedeu que, na sétima vez, quando
os sacerdotes tocavam as trombetas, disse Josué ao povo: Gritai; porque o
Senhor vos entregou a cidade.”
Sob a proteção da Arca da Aliança, Moisés
já teria vencido outros reis e tomado suas terras para os israelitas. Josué,
continuando a servir IHVH e sob o poder e proteção da arca venceria trinta e um
reis que reinavam do Jordão para o ocidente, desde Baal-Gade, no vale do
Líbano, até o monte Halaque, que sobe a Seir; a qual terra Josué deu em
possessão às tribos de Israel, segundo as suas divisões (Josué 12: 7-24).
Após a morte de Josué, adviria um
período de decadência das tribos de Israel. Muitas se voltariam para cultos
estranhos ao estabelecido por IHVH, tendo permitido a convivência nos seus clãs
de povos semitas a adoradores de outros deuses. Como resultado, Deus os colocaria
em mãos inimigas, em escravidão, durante alguns anos. Nesse quadro, Samuel
relata a vitória dos filisteus sobre os israelitas no Capítulo 04:1-4, e a
tomada da Arca da Aliança por estes inimigos, nos versículos 5-11.
Em Samuel, Capítulo 5 há o seguinte
relato que ilustra o poder da arca, apesar de todos os acontecimentos ao povo
de Israel: “Os filisteus tomaram a arca
de Deus e a levaram de Ebenezer a Asdode. Tomaram os filisteus a arca de Deus e
a meteram na casa de Dagom junto a este. Levantando-se, porém, de madrugada os
de Asdode, no dia seguinte, eis que estava caído Dagom com o rosto em terra
diante da arca do Senhor; tomaram-no e tornaram a pô-lo no seu lugar.
Levantando-se de madrugada no dia seguinte, pela manhã, eis que Dagom jazia
caído de bruços diante da arca do Senhor; a cabeça de Dagom e as duas mãos
estavam cortadas sobre o limiar, dele ficara apenas o tronco. Porém a mão do
Senhor castigou duramente Asdode e os assolou e os feriu de tumores, tanto em
Asdode como no seu território. Pelo que enviaram mensageiros e congregaram a si
todos os príncipes dos filisteus, e disseram: Que faremos da arca do Deus de
Israel? Responderam: Seja levada a arca do Deus de Israel até Gate e depois de
cidade em cidade. E
a levaram até Gate. Depois de a terem
levado, a mão do Senhor foi contra aquela cidade, com mui grande terror; pois
feriu os homens daquela cidade, desde o pequeno até o grande; e lhes nasceram
tumores. Então levaram a arca de Deus a Ecrom. Sucedeu, porém, que, em lá
chegando, os ecronitas exclamaram dizendo: Transportaram até nós a arca do Deus
de Israel para nos matarem, a nós e a nosso povo. Os homens que não morreram
eram atingidos com os tumores, e o clamor da cidade subiu até o céu.”
O
capítulo 6:13,15,19,20, em
Samuel, continua: “Andavam os de
Bete-Semes fazendo a saga do trigo no vale, e levantando os olhos viram a arca,
e, vendo-a se alegraram. Os levitas desceram a arca do Senhor, como também o
cofre que estava junto a ela, em que estavam as obras de ouro e os puseram
sobre a grande pedra. No mesmo dia os homens de Bete-Semes ofereceram
holocaustos e imolaram sacrifícios ao Senhor. Feriu o Senhor os homens de
Bete-Semes, porque olharam para dentro da arca do Senhor, sim, feriu deles
setenta homens; então o povo chorou, porquanto o Senhor fizera tão grande
morticínio entre eles. Enviaram, pois, mensageiros aos habitantes de
Quiriate-Jearim, dizendo: os filisteus devolveram a arca do Senhor, descei,
pois, vós e fazei-a subir para vós outros.
O capítulo 7:1 continua: “Então vieram os homens de Quiriate-Jearim e
levaram a arca do Senhor à casa de Abinadabe, no outeiro, e consagraram a
Eliazar, seu filho, para que guardasse a arca do Senhor.”
Tempos depois, sendo já Davi rei de
Judá, lutaria contra os filisteus, vencendo-os, e levaria a arca para
Jerusalém. A arca teria ajudado Davi vencer guerras e manter-se rei até o
último de seus dias.
Salomão, seu filho, o sucederia. Logo
construiria luxuoso templo em Jerusalém homenageando ao Senhor e no lugar mais
interior, no Santo dos Santos, mandaria anciãos e sacerdotes de Israel
depositar a Arca da Aliança. A arca conteria em seu interior tão somente as
duas tábuas de pedra que Moisés ali pusera junto à Horeb e mais tarde,
provavelmente, manuscritos. Depois da
morte de Salomão, haveria a divisão da nação judaica nos reinos de Israel e
Judá e não saberiam mais, com certeza, do paradeiro da arca. Suspeita-se que a
arca teria sido retirada do Templo de Jerusalém no sexto ano do reinado de
Roboão, sucessor de Salomão, antes da invasão de Judá pelo faraó egípcio
Sheshonq I. Na ocasião, os egípcios teriam levado objetos do templo, e Judá
seria transformada em estado tributário. Inscrições murais no templo de Karnak,
no Egito, são o testemunho histórico dessa invasão egípcia à Jerusalém. Outros
sugerem que antes da invasão de Jerusalém por Nabucodonosor II, Jeremias a
teria escondido numa gruta.
Sobre a originalidade da arca recaem
muitas dúvidas de pesquisadores e historiadores. Considerando que Moisés de
fato tivesse vivido no Egito, e fosse figura sacerdotal de proa e destaque na
realeza egípcia, teria ele assimilado não só idéias monoteístas avocadas pelo
faraó Akhenaton, como veria e experimentaria o poder das invocações
ritualísticas no interior dos templos. Fosse Moisés escolhido de Ra, Aton ou
Amom Ra para representá-lo fora do Egito, visto não ter vingado a tentativa de
Akhenaton em instituir para seu povo a religião monoteísta, esse fato, por si
só, se explicaria e jogaria luz sobre muitas discussões e especulações acerca
de Moisés. O pensamento monoteísta poderia perfeitamente transitar de um ideal
egípcio para um ideal hebreu e ajustar-se à índole do povo de Israel. Moisés
seria mais bem talhado para representar o papel de libertador, intérprete de um
Deus único e organizador de Suas leis.
Além disso, Moisés teria conhecido arcas
de formatos idênticos ou de modelos aproximados àquela que mais tarde seria
atribuída à manufatura original hebraica. As arcas no Egito eram construídas
para atrair poderes dimanados dos deuses a quem estavam ligadas. Atuavam como
“acumuladores vivos” de energia, com que os sacerdotes se vinculavam e
manipulavam. Arqueólogos, em escavações no interior de pirâmides e templos, se
depararam com arcas e atestaram referencias a elas em murais.
Neste particular, há o interessante
registro dos objetos encontrados na tumba do faraó Tutankamon, morto aos 19
anos, sucessor de Akhenaton, o Rei Sol, como segue:
Em 1923,
Howard Carter, ao escavar o Vale dos Reis, encontraria justamente a tumba de
Tutankamon, meio irmão do faraó deus-sol Akhenaton, com data presumível de 1322 a.C. Existiam na tumba
muitos objetos semelhantes aos descritos no Pentateuco de Moisés, que no
deserto serviam para armar e organizar a tenda do templo. Havia quatro
caixotes, um dentro do outro, acobertados sob um pano de linho puro destacado
ao alto, lembrando o tabernáculo levantado pelos semitas. Um dos caixotes
expunha num dos lados externos a pintura de dois seres de asas plenamente
abertas, como anjos ou querubins. O caixote maior, forrado em ouro, estava
guardado em cada face, respectivamente, pelas deusas Isis, Selkit, Neith e
Neftis.
Interessante nessa tumba seria a
equivalência com o modelo da arca bíblica de um baú de madeira ali achado,
coberto por dentro e por fora de lâminas de ouro, igualmente sustentado por
duas varas apropriadas ao transporte, conforme configurado na construção da
arca hebraica.
Da mesma forma ressalta a barca solar ao
carregar uma arca, de cujos cantos da arca elevam-se quatro colunas terminadas
numa cobertura sobre capitéis. O corpo da barca, repousando sobre um baú,
conforma-se, alarga-se e se estende a partir de duas formas de cabeças de Íbis,
lembrando carrancas, uma na proa e outra na popa. Ambas as cabeças estão
alinhadas na mesma direção, olhando para frente, além da proa. De um lado e de outro da arca, viajando no
meio da barca, há dois passageiros semelhantes a anjos. Um deles, sentado
adiante da arca, parece conduzir a barca, estando com as costas levemente
encostadas na arca, enquanto, o outro, em pé, atrás da arca, parece apoiar a
arca. Todas as representações são de alabastro. A arca, a barca e o baú se
apresentam decorados nas faces externas por franjas em ouro, bem como há ouro
chapeando os detalhes que desenham as pétalas de lótus, fechadas nos copos
sobre e ao longo das colunas, e mais acima nos seus braceletes sob os capitéis.
Outra referência às arcas egípcias é
encontrada no interior da Grande Pirâmide de Gizeh, na Câmara do Rei, onde
próximo a um dos cantos, disposta um tanto enviesada, há a construção fixa de
uma arca com 1.97 m
de comprimento x 0.68 m
de largura x 0.85 m
de profundidade. Após medirem sua capacidade de armazenamento em 1.138,66 litros,
verificaram ser esta capacidade a mesma da Arca da Aliança dos hebreus.
Em virtude dessas e outras procedentes
analogias levanta-se também a hipótese de a Arca da Aliança ter seguido já
pronta do Egito com Moisés, onde originariamente a teriam construído e montado.
Nesta linha, todos os acontecimentos importantes decorridos em presença da arca
explicariam o interesse do faraó Sheshonq I em tentar recambiá-la de volta ao
Egito, após a queda moral dos judeus perante seu Deus. Os registros sacerdotais
egípcios mencionam a alma de Ra, representada pelo disco solar, como fonte das
energias do criador do universo. Semelhanças de Ra com IHVH, ao ancoradouro de
superiores energias, poderiam sem dúvida existir na arca em poder dos
israelitas, fato que Sheshonq I certamente não ignorava e ao desejar a arca
justificaria uma de suas alegações para invadir Jerusalém.
Outra arca idealizada pelos egípcios
acha-se encimada por um touro, uma serpente alada e Maat, a deusa da verdade.
Esses símbolos, por demais evidentes, indicam as forças terrenas em constantes
transmutações na alma humana sob as energias superiores dos deuses.
A última e recente hipótese que se pode
confrontar, relativa ao paradeiro da Arca da Aliança, se encontra nas notícias
de sua localização no próprio Israel. O jornal “Discovery Times” publicou
extensa reportagem com ilustrações de fotos, do trabalho de escavações de
Ronald Wyatt e seus dois filhos que culminaria com a descoberta da arca. Uma das colunas do jornal começa
informando: “On Wednesday, 6th January
1982, Ron discovered the cave chamber where the ark and other temple items had
been hidden over 2600 years before. (Na quarta-feira, 6 de Janeiro de 1982, Ron descobriu a câmara
da caverna onde a arca e outros pertences do templo se encontravam escondidos
por mais de 2600 anos).”
A arca e demais achados encontrar-se-iam
ainda guardados na mesma caverna. O governo israelense teria reforçado a
segurança da caverna e desde a descoberta tem mantido o fato em relativo
segredo, por temer reações e agitações de religiosos extremistas. Um anjo com
aspecto humano que guardava a Arca, segundo Wyatt, afirmaria que as Tábuas dos
Dez Mandamentos somente estarão permitidas à visitação pública, após a
divulgação de um decreto mundial que determinará a introdução do “Sinal da
Besta” na humanidade. Sobre isto temos o seguinte:
Não é mais segredo que em todo o mundo
estudiosos da Bíblia e pesquisadores têm afirmado que o sinal da besta
apocalíptica já vem sendo introduzido em homens, a par de seus indícios
aparecerem nas embalagens de produtos comerciais. Os códigos de barra de
produtos em mercados, e do comércio em geral, calcam-se na combinação 666 que é
justamente o número apocalíptico da besta. Baseiam-se essas conclusões sobre o
que é dito no capítulo 13, 16-17-18 do Apocalipse: “A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e
os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita, ou sobre a
fronte. Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca,
o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui está a sabedoria. Aquele que tem
entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse
número é seiscentos e sessenta e seis”.
As marcas seriam micro-chips ou
bio-chips implantados no dorso da mão direita de seres humanos, de maneira
indolor, que ajudam a identificar os sinalizados através de um código pessoal.
Esses implantes, cuja tecnologia experimental é financiada em milhões de
dólares por grandes companhias do monopólio internacional, realmente vêm sendo
testados em jovens voluntários americanos e de outros países.
Surpreendentemente, os resultados das pesquisas revelariam ser o dorso da mão
direita e a testa, exatamente os pontos mais adequados para alojar os chips no
corpo humano. Afirmam os denunciantes que, estando os chips aprovados, a
população mundial passaria rapidamente pelos implantes, dando-se o fim da
circulação do dinheiro no planeta, estabelecendo-se o consequente controle de
todas as operações comerciais somente por computadores.
Adicionalmente - e aqui se colocam
alguns dos mais convincentes argumentos para a prática do monitoramento -
acabariam os assaltos, os seqüestros, as fugas de presídios, as pessoas
perdidas em florestas ou noutros lugares, o desaparecimento de crianças,
adultos, etc. Em contrapartida, acabariam praticamente as instalações de bancos
e empresas financeiras, ocorrendo o desemprego de milhões bem como - o pior de
tudo - terminaria a privacidade da população mundial.
Essas hipóteses, e mais a interferência
de extraterrestres malignos infiltrados nos governos da Terra para essas
finalidades, vêm sendo seguidamente debatidas em livros, na internet e em
palestras de pesquisadores, religiosos e esotéricos.
Por milênios os alienígenas invasores
trabalhariam para essa culminância, mas não passariam despercebidos por Jesus,
ao descobrir nos escribas e fariseus a presença infiltrada de uma raça
alienígena conhecida por reptiliana,
conforme indicado em Mt. 23:13.
“Ai, de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois, vós não
entrais, nem deixais entrar os que estão entrando. ’ Em Mt 23:33 ‘Serpentes, raça de víboras! Como
escapareis da condenação do inferno?’ ”
Existe, pois, segundo denúncias desses
pesquisadores, uma extensa rede mundial composta de grupos multibilionários,
dos mesmos monopólios responsáveis pelo desenvolvimento dos bio-chips,
dominadores das atividades básicas humanas, cujas cúpulas diretoras, ávidas e
ambiciosas, estariam submissas àqueles seres a quem os seus ascendentes há
séculos ou milênios os viriam servindo consciente ou inconscientemente.
Há relatos de testemunhas que os teriam
visto levar para suas cidades subterrâneas seres humanos sequestrados a fim de
submetê-los às experiências genéticas diversas, ou para servir-lhes de
alimento. Os reptilianos, por enquanto, não desejariam exterminar de todo a
raça humana por querer aprender da identidade do homem com seu Criador, uma vez
que por má conduta no seu planeta de origem teriam rompido a ligação com suas
almas, não podendo mais evoluir. Estariam, assim, fadados ao desaparecimento ao
invés de continuar a evolução física e espiritual. Pouco se importariam com a
sorte dos seres humanos, que para eles nada mais são do que objetos e
trampolins para suas finalidades.
Isso viria coroar seus mais recentes e
milenares esforços, desenvolvidos através das vias repulsivas palmilhadas por
desgraçados seres humanos mergulhados nos lodaçais do fanatismo, ódio, vícios,
prostituições, guerras e crimes de toda a sorte. Os infelizes irmãos
derrotados, e muitos outros milhões enredados em seus egocentrismos, na
soberba, materialismos e em vícios incuráveis, portadores de genes reptiliano
herdados de seus próprios ascendentes, externando padrões vibratórios de
diversas freqüências, reuniriam agora necessárias condições de melhor
beneficiar aos mestres das trevas a uma “colagem” para a edificação de pontes
condutoras a uma dimensão astral mais elevada.
Diga-se, por oportuno, que os males da
humanidade recuam em muito ao Éden, onde Caim teria morto Abel. A atração pelas
vias erradas e ampliação do mal parecem inerentes às raças humanas. E não
seriam somente os reptilianos os causadores desses males terrenos; outros
extraterrestres já interpolariam na Terra, realizando mutações genéticas em
primatas, homens e animais. Acresce que no decorrer dos milênios outros povos
alienígenas provindos de planetas dentro e fora de nosso sistema solar, viriam
aportar na Terra muito embora proporcionassem impulsos evolutivos utilitários,
científicos e tecnológicos. Alguns seriam amistosos, outros não.
O ceticismo se assoberba sobre fatos
semelhantes e ainda interpõe imensos obstáculos na aceitação pelo menos
razoável da hipótese de não sermos os únicos seres humanos a existir no
universo. A despeito de muitas afirmações em contrário, baseadas nos argumentos
da falta de evidências concretas de sinais de vida fora da Terra,
acontecimentos cada dia mais frequentes da exploração de nosso planeta por
alienígenas já fazem alguns céticos começar a baixar seus escudos. Antes diziam
dos relatos meramente fantasiosos ou da imaginação fértil de esotéricos e
ufólogos. Hoje já se contradizem ao constatar a exploração sobre assuntos de
ovnis por pesquisadores acadêmicos. E como não podem mais negar, justificam a
procedência da investigação unicamente pelo emprego de metodologia
racional-científica, não se furtando em responsabilizar esotéricos e ufólogos
por atrapalhar as pesquisas com suas crenças desprezíveis. E a despeito das
confissões de governos sobre a existência de naves extra-planetárias na Terra,
isso não os sensibiliza e recriminam essa posição, classificando-a como objeto
especulativo sem nada absolutamente provado. Nem os extraordinários e
surpreendentes “crop circles” são suficientes para um despojo de suas
resistências. Os hilariantes desmentidos de pessoas antes testemunhas dos
acontecimentos e suas bizarras e mentirosas encenações, ainda continuam
bem-vindos e festejados pelo ceticismo cerrado.
Na verdade, aos não céticos nada disso
importa – e contam bilhões - pois a vida segue como sempre seguiu seus próprios
rumos jamais precisando bater às portas do ceticismo a fim de poder se
manifestar.
Não bastando as provas testemunhais de
fatos acontecidos diante dos narizes de estupefatas populações em todo o mundo,
ou coletadas pela tecnologia de consumo,
comprovando os passeios e ingerências de extraterrestres na vida planetária,
uma cascata de outras descobertas através do Hubble, de satélites e das
prospecções de atentos pesquisadores, continua a afrontar a ortodoxia dos
postulados mais rígidos do cientificismo hermético. Essas fontes propiciam que
elementos concretos permeiem discussões cada vez mais frequentes, abrindo vias
para proposições mais bem construídas e ousadas acerca de um universo
infinitamente amplo em conceituações objetivas e subjetivas do que admitiam
ferrenhos conservadores.
Vejamos trecho de uma notícia veiculada
em 19/10/09, pelo O Estado de São Paulo: “WASHINGTON - Astrônomos descobriram 32 novos planetas fora do
Sistema Solar, o que vem se somar à evidência em favor da ideia de que o
Universo está repleto de possíveis palcos para o desenvolvimento de vida. Os
cientistas não encontraram nenhum planeta do tamanho da Terra que parecesse
habitável ou, de alguma forma, incomum. Mas o anúncio eleva o número de
planetas já descobertos fora do Sistema Solar a mais de 400”.
Essa
informação evidentemente não é completa, mas revela por parte dos observadores
a preocupação em busca de respostas das próprias ciências acerca das origens da
vida no universo. Hoje as explicações antigas e veladas não satisfazem e a
falta de respostas mais objetivas e sensatas vêm trazendo muitos incômodos,
principalmente mediante tantos acontecimentos anotados na Terra, e nas
especulações sobre as viagens da NASA em nosso sistema solar.
Já o astrofísico Ralph
Pudritz da McMaster University de Hamilton, Ontário, Canadá, dá uma largada
mais distante ao afirmar que pelo padrão encontrado na formação de aminoácidos
em meteoritos, de fontes hidrotermais profundas, se pode concluir que seres
alienígenas poderiam ter compartilhado na Terra de uma base genética comum.
Pelas leis básicas da termodinâmica o padrão é também aplicável a todo o
universo conhecido. Baseado na existência de dez aminoácidos comuns encontrados
em meteoritos antigos, Pudritz concluiu que eles poderiam gerar e replicar
rapidamente.
Por outro lado, o professor Sam Chang
vai mais longe ainda. Ao estudar as sequências do DNA defende que as sequências
não codificadas responsáveis por 97% do DNA humano são códigos genéticos de
vidas alienígenas. Como se sabe, elas são comuns em todos os organismos vivos
que conhecemos. O chefe do grupo do Projeto Genoma Humano fez ainda a revelação
assustadora de que as cadeias alienígenas vigorando no DNA humano com suas
próprias veias e artérias, possuem um sistema próprio imunológico que resiste a
qualquer tipo de droga anti-cancerígena até hoje experimentado. Acredita o
professor Chang, pelas constatações da ciência genética, que a evolução humana não
aconteceu da maneira como geralmente se pensa.
Bem, essas são informações mínimas de
como especialistas de alto gabarito estão trabalhando em vários países sobre
projetos especiais, naquilo que antes era considerado fantasia pelos céticos
não especializados. E pouco importam as divergências. Pois as próprias ciências
vêm seguidamente quebrando seus dogmas, deixando para trás as figuras
ultrapassadas e descrentes que por muito tempo atravancaram o fluxo inovador de
ideias e conceitos de outra realidade universal mais ousada. Esses avanços, com
toda a certeza, virão entrar nos campos das suposições darwinistas e formarão
concepções mais plausíveis e menos infantis do que a da simples origem humana a
partir dos macacos, ou de um ancestral comum de restos fossilizados jamais
encontrados. E colocarão em cheque o gênesis bíblico, as lendas que
sobreviveram através dos tempos, de diversos povos, e as afirmações das escolas
herméticas do ocultismo e esoterismo em geral. Isso será muito proveitoso e com
certeza tocará profundamente naqueles pontos polêmicos jogados debaixo do
tapete, ou permeados pela irracional negativa de ortodoxos de vários segmentos
da cultura de nossas sociedades.
Para estudantes do ocultismo, excetuando
as conjeturas imaginosas dos pesquisadores inconformados, muitas dessas
revelações das ciências ainda que embrionárias e algumas em níveis somente
especulativos, não surpreendem e deixam rastros procedentes. Mormente quando é
comprovado que povos antediluvianos nos legaram documentos valiosos, em figuras
rupestres em cavernas, de máquinas voadoras e homens estranhamente vestidos.
Além disso, outros povos de etnias mais recentes, através da tradição oral,
conservam histórias sobre uma guerra travada nos céus e na superfície da Terra
entre “deuses celestiais”, que teria provocado enormes destruições na natureza
de todo o planeta, em homens e animais. Os antigos egípcios, os maias e
astecas, têm representações de bizarros seres, homens-répteis, aviões,
naves-foguetes, discos voadores e astronautas – fontes inequívocas e
esclarecedoras - acerca de presenças alienígenas nas suas civilizações.
Portanto, o planeta Terra sempre conviveu com a dicotomia do bem e do mal entre
seres estelares e terrenos, entre deuses e demônios, e essas asserções
assinaladas nos sagrados livros milenares, principalmente orientais, a história
oficial vem nos repassar como lendas e crenças primitivas totalmente anímicas,
sem quaisquer respaldos da realidade. Modernos e livres pesquisadores,
destarte, entendem essas referências de muitas outras maneiras e redescobrem
nos achados arqueológicos o quanto os teóricos e ortodoxos da cultura terrestre
nos têm privado.
Isso sem abordarmos os Vimanas, que eram
naves voadoras dos deuses, extensivamente referidas nos livros dos Vedas de
muitos milênios, especialmente no Mahabharata.
Além desses povos acima citados, as
escavações da arqueologia têm encontrado em todos os continentes outros templos
de antiqüíssimas cidades, com milhares e milhões de anos de pré-existência, e
os arqueólogos têm coletado objetos de metais de incríveis feituras que somente
poderiam existir com o emprego de tecnologias de impossíveis manipulações por
seres primitivos. Fora a constatação de imagens e figuras de tripulantes
pilotando máquinas voadoras de complicadas montagens, descobertas nos acervos
arqueológicos de civilizações desaparecidas, que o grande desvelador de
enigmas, o precursor Erich von Däniken e outros lúcidos pesquisadores
importantes já mostravam e mostram.
O que mais se poderia concluir sobre
tantas provas, senão que nosso planeta não é palco unicamente de povos que nele
habitam e nossas ciências não são tão soberanas quanto alguns homens que a
manipulam pretendem fazer crer? E nem tão avançadas que se pudessem comparar
com as de extraterrestres que nos visitam há milênios, vindos desta mesma
galáxia e de fora dela. Ou admitir isso seria cravar um punhal no próprio
peito?
[SEGUE PARTE 2]
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O Monoteísmo Bíblico e os Deuses da Criação - (3)
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