quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

O Monoteísmo Bíblico e os Deuses da Criação - (1)

O

MONOTEÍSMO BÍBLICO

E OS

DEUSES DA CRIAÇÃO



                                                               RAYOM RA

                                                          =================


PRÓLOGO

PARTE I - HISTÓRIA E RELIGIÃO
                                                                                                                                                                      Capítulo I        SOB A POEIRA DAS ESTRELAS                                               
Capítulo II       PORTAIS DO TEMPO                                                               
Capítulo III      CRONOLOGIAS DE PERSONAGENS BÍBLICOS                          
Capíulo IV       OS PATRIARCAS QUE A HISTÓRIA NÃO RECONHECE                                   
Capítulo V       A MONTAGEM DA BÍBLIA                                                                
Capítulo VI      OS DEZ MANDAMENTOS                                                                 
Capítulo VII     AS ALIANÇAS DE IEVE COM OS HEBREUS DO ÊXODO 
Capítulo VIII    A ARCA DA ALIANÇA                                                             

PARTE II  -  ESOTERISMO E CRIAÇÃO

Capítulo IX       PROCESSO EVOLUCIONISTA                                                          
Capítulo X        A CRIAÇÃO DO SISTEMA SOLAR                                              
Capítulo XI       CARMA DO SISTEMA SOLAR                                                     
Capítulo XII      DIFÍCEIS MOMENTOS NA TERRA                                                     
Capítulo XIII     MUNDOS                                                                                
Capítulo XIV     CADEIAS PLANETÁRIAS                                                                 
Capítulo XV      DOS REINOS À HUMANIDADE                                                   
Capítulo XVI     O ADVENTO DAS RAÇAS   
                                                        
A PRIMEIRA RAÇA                
A SEGUNDA RAÇA              
A TERCEIRA RAÇA               
A QUARTA RAÇA         

PRIMEIRA SUBRAÇA ATLANTE
SEGUNDA SUBRAÇA ATLANTE
TERCEIRA SUBRAÇA ATLANTE       
QUARTA    SUBRAÇA ATLANTE          
QUINTA     SUBRAÇA ATLANTE         
SEXTA       SUBRAÇA ATLANTE            
SÉTIMA     SUBRAÇA ATLANTE  
  
                                            ASPECTOS GERAIS DA CIVILIZAÇÃO ATLANTE:  
       
RAÇA ARIANA - A QUINTA RAÇA
PRIMEIRA SUBRAÇA ARIANA            
SEGUNDA SUBRAÇA ARIANA           
TERCEIRA SUBRAÇA ARIANA           
QUARTA    SUBRAÇA ARIANA              
QUINTA     SUBRAÇA ARIANA 
               
                                                 ASPECTOS GERAIS DO PERÍODO ARIANO     

                                   BIBLIOGRAFIA                                  

                                                                     
 ============================================================================

Este livro foi colocado na internet em 2009 num site específico de literatura, obtendo boa aceitação. De lá para cá temos retirado algum material dele e colocado no Arca de Ouro. Mas tendo verificado que um número de sites o têm divulgado integralmente resolvemos também - finalmente - fazer o mesmo em nosso blog, porém o dividindo em três partes, acreditando ser melhor assim. 
Portanto, agradecemos sua atenção, prezado amigo leitor, na disposição em lê-lo e pelos possíveis comentários, caso se sinta inclinado a isso".
 
                                                                PRÓLOGO

  Ao intitularmos essa obra: “O Monoteísmo Bíblico e os Deuses da Criação”, poderíamos também ter escrito ao inverso como: “Os Deuses da Criação e o Monoteísmo Bíblico”, pois na cronologia histórica o monoteísmo não determina um final à existência de deuses solares. Nenhuma crença ou nova verdade pode apagar todas as verdades anteriores ou as substituir para sempre. Muito menos em se tratando da humanidade e seus períodos de evolução cíclica de consciência.

  O monoteísmo egípcio já aparecera antes do monoteísmo hebreu com Amenophis IV, o fundador do culto a Aton, chamado também de Amenhotep IV ou Akhenaton, sem que os altos sacerdotes egípcios propagadores do monoteísmo, entendessem que o banimento dos deuses criadores seria para sempre, substituídos pela gestão de um único e absoluto Deus Solar. Sabiam que não seria simplesmente assim porque eram iniciados nos verdadeiros mistérios e conhecedores das funções dos deuses.

  Moisés ao implantar o monoteísmo hebreu e tentar estabelecer uma religião unicamente racial para seu povo falhou nessa intenção por três principais motivos. O primeiro, foi a necessidade de trazer leis morais e sociais; o segundo, foi de construir uma arca e montar uma tenda para Deus; e o terceiro, de precisar introduzir um culto de magia. Houve, nesses eventos, não só a inserção dos hábitos histórico-religiosos da milenar cultura egípcia, como de práticas de sacrifícios e imolações animais já antes introduzidas em rituais de povos politeístas. Não existiu, portanto, a originalidade absoluta de um credo monoteísta judeu, mas sim casuísmo. A bem da verdade, o Egito sempre esteve presente na alma de Moisés e dos hebreus e jamais deles se apartou, não importando o fato da troca de um panteão de deuses para uma só e absoluta divindade.

  Entretanto, o monoteísmo criaria raízes e grassaria por todo o oriente médio e mais tarde fundamentaria a própria religião cristã espalhando-se pelo mundo.

  Na versão esotérica da criação, os deuses solares estiveram e estão sempre presentes na Terra. O politeísmo, na realidade, nunca foi descartado das hostes criadoras de todos os reinados. A máxima budista de que não há um Deus, mas deuses criadores ficou relegada e mantida distante de muitas das religiões, mesmo porque os fundamentos das existências do universo e nosso sistema solar sempre evocaram um Onipotente, no que concordam os budistas com esse pensamento brahamânico.

  Ou seja, há o Imanifesto e Impronunciável, o Ininteligível Brahman ou Parabrahaman. Abaixo Dele há a trindade Brahmâ-Vishnu-Shiva e abaixo da trindade, ao alcance de nossas humanas compreensões, desfilam os deuses criadores e mantenedores de nosso sistema solar.

  Há suficientes argumentos nas páginas dessa obra onde comentamos da existência de muitas hierarquias de seres superiores, que são exatamente os deuses solares dos antigos e também - por aparente incoerência - os introdutores dos monoteísmos egípcio e judeu. Não há como fugir dessa verdade e não nos incomodamos em absoluto com a crença cristã monoteísta, porém a aceitamos com conceitos acima das considerações religiosas. A trindade cósmica de Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo, ou dos três Logos dos gnósticos, vem em si mesma impregnada da necessidade de um trabalho colaborador de gerações politeístas. É bem diferente a explicação gnóstica da trindade daquela esposada pelas religiões cristãs. Nos cultos ofitas a trindade se desdobra em quatro, na tetraktys, com Sophia procedendo de Sigé-Bythos-Ennoia, o que a concepção indu mostra-nos algo parecido. No induísmo, o Brahman Supremo, Incognoscível e Incorpóreo, gera uma emanação temporal que faz nascer o Brahmâ masculino e imanifesto que vai resultar em três Logos ou Deuses Absolutos. Mas do terceiro Logos imediatamente emana Anima Mundi, a Alma Universal, e em seguida diversos deuses hierárquicos que vêm atuar e levar adiante todo o Grande Plano da Criação para o sistema solar.

  O livro aqui apresentado tem duas partes distintas colocadas não com a intenção de traçar paralelos a fim de tecer propositais impasses e neles agregar mais dúvidas quanto à existência de Deus ou de personagens bíblicos. Mas como duas faces de uma mesma realidade, embora o deus cristão difira em alguns aspectos importantes do deus bramânico. A Bíblia por si só é um livro polêmico onde o ceticismo não consegue provas inequívocas de suas narrativas, ou não deseja reconhecer as evidências. Mas qual das grandes e significativas religiões mundiais conseguiu realmente provar suas inteiras origens senão basear-se muito mais nas crenças da tradição oral, e nos pergaminhos ou crônicas chamadas comumente pelos leigos descrentes de apócrifos? E pareceria mesmo incongruência precisar-se apelar unicamente às provas materiais a fim de que a comunidade cética viesse reconhecer a legitimidade de uma religião. E para quê? Pois para religiões e religiosos o descaso cético e o ateísmo a nada abalam. Sua importância é menos do que o relativo.

  Se uma religião possui um credo ou um livro sagrado com códigos morais conducentes aos bons atos para agregação do ser humano em sociedades, as demais provas materiais sobre seus fundadores tornam-se secundárias. Se os céticos não se satisfazem com a fé e nem com os livros sagrados, pior para eles. Mesmo dez mil provas materiais nunca os convenceriam, pois o ceticismo é fundamentalmente intolerante.

  As ciências se por um lado ajudam no reconhecimento de fatos religiosos, por outro lado vêm aumentar o ceticismo e o ateísmo. Os laboratoristas céticos jamais se deixam dobrar diante de achados arqueológicos - a não ser que lhes sirvam para sedimentar ainda mais o materialismo -  e não lhes servindo, a eles adicionam novas hipóteses dúbias que logo transformam em teorias a compendiar teses refutadoras. E por faltar maiores provas nas histórias das religiões a contento dos céticos, os relatos dos feitos de seus grandes homens deixam de ser possibilidades reais, vindo para eles cair no patamar do imaginário crente. E sem provas consideradas sólidas fica valendo o fisiologismo revelado pelos historiadores da oficialidade acadêmica, respaldado pelo valioso auxílio de fragmentos arqueológicos muito bem escolhidos.

  Nada é perfeito nesse mundo, muito menos são perfeitas as religiões. A história já demonstrou o quanto o homem foi capaz de destruir, fosse ele religioso ou não. Mas os historiadores não fazem o menor esforço para reconhecer o invisível. Para eles, o invisível é inexistente, portanto irrelevante para as causas da verdade e não se ajusta às proposições racionalistas do cientificismo moderno ou da filosofia materialista. É, portanto, um completo celeiro de crendices sem quaisquer bases ou respaldos. Pois a história do homem biológico é a única existente, objeto que foi de um inegável ciclo evolutivo desde um passado avoengo macacóide, ou de um ancestral comum elo de todas as espécies, jamais encontrado e nunca visto, que as ciências vêm dimensionando em formato elusivo de nova fábula darwinista. Para o cético, a crença nunca fez o conteúdo humano de massa e ossos diferente, e não é possível reconhecer no religioso atitudes instintivas e gestos espontâneos que o ateu não possua. Isso por si só já lhes serve para demonstrar que a religião não atua de dentro para fora, e o cérebro é elemento condicionante único, comum a todos, acumulativo e lógico da realidade concreta, mas, infelizmente, sendo também originante da mente humana abstrata criadora de ilusões.

  Assim, dentro do ceticismo moderno cada vez mais enraizado nas instituições acadêmicas, as grandes verdades milenares guardadas e mantidas pelas religiões anteriores ao cristianismo, notadamente orientais, e pelo próprio cristianismo, vão sendo desmentidas e ridicularizadas pelos adoradores da tecnologia. Os homens voltados unicamente ao materialismo já edificaram um pedestal de barro e ali depositaram seu deus único e verdadeiro  -  as ciências num todo  -  destituindo o Deus Onipotente e seus prepostos.  E resolveram fechar seus ouvidos aos estudiosos do ocultismo, que demonstram que a linguagem oculta e simbológica dos mestres da sabedoria milenar, pode ser na atualidade perfeitamente decodificada para desnudar as mesmas coisas que as ciências somente agora descobriram. E também orientar para a aceitação de determinados caminhos que ajudem a deslindar outros enigmas científicos.

  A linguagem científica é naturalmente técnica, especializada e complexa. A física, a química, a matemática, a antropologia e demais ciências afins estão presentes em quase todas as teses e descobertas. O deleite dos homens ateus das ciências é justamente esse: pertencer a uma casta fechada, elitista e destacada; falar uma linguagem própria seletiva, codificada, ininteligível ao populacho e inacessível ainda aos neófitos, e trabalhar teorias e experimentos sob uma égide implementadora do progresso mundial. Portanto, eles são as ciências!

  Nesses termos, a conciliação é impossível. A ambiciosa mente científica não entende os objetivos mentais e espirituais dos sábios das religiões esotéricas. Antes, desdenham-nos, pois dizem que não fosse o dedicado trabalho cético, investigativo e experimental o mundo hoje estaria milênios atrasado, e as conquistas humanas que só as ciências permitiram alcançar não teriam acontecido.

  Mas que dizer dos males modernos que sempre marcham interligados com as conquistas científicas e tecnológicas, que municiam homens de íntimos selvagens habilitando-os a destruir milhões de vidas com uns poucos apertos de botões ou gatilhos? E os males que a tecnologia computadorizada e outros inventos maravilhosos trouxeram à juventude e aos povos escravizados pelas nações ricas e mais poderosas? Não, senhores, essa conversa vai longe, o debate é muito mais amplo e profundo do que venha parecer aos simplistas pragmáticos, e o bem e o mal não se apartam nunca das idéias progressistas! As ciências não podem resolver esses problemas, mas podem sem dúvidas agravá-los e o fazem, não por serem ciências, mas por seus representantes não saberem ensinar a domar o animal-homem que também existe neles, e por fingir a inexistência da alma universal. A sabedoria das ciências materiais avança do cérebro para fora, se limita a um mundo turbulento tridimensional, e fornece armas a qualquer um sem qualquer responsabilidade com valores morais, ao passo que a sabedoria esotérica permeia a alma humana como um bálsamo e avança intimamente em paz e ao infinito, sob o seguro auxílio de princípios reguladores dos elementos causais.

  Considerando o lado esotérico da sabedoria do mundo, podemos afirmar que as ciências humanas avançaram extraordinariamente num curtíssimo espaço de tempo, comparativamente ao imenso passado ancestral, porque os deuses assim quiseram. Os deuses fizeram os homens redescobrir as ciências ao invés de os homens por si mesmos as terem descoberto como a algo inusitado. Há um organismo diretor emanando dia e noite sobre a Terra e sobre os homens. Todos os avanços das áreas humanas seguem um cronograma adrede, implícito nos caminhos da evolução. Deus assim quer, O Logos assim garantiu, e as hierarquias solares do conhecimento e sabedoria fazem-no funcionar através das pobres e orgulhosas criaturas humanas. Se os homens de ciências realmente soubessem que são meros instrumentos da vontade de Deus, ficariam imensamente envergonhados pelo ceticismo. Mais ainda, por entregar os produtos de suas pesquisas aos monopólios internacionais que dominam e escravizam povos.

  Quando o grande sábio inventor croata Nikola Tesla afirmou que há abundante e inextinguível energia livre no planeta, facilmente manipulável para uso gratuito de todas as pessoas, o fizeram calar-se e com o tempo tiraram-lhe várias de suas patentes de inventos práticos que o mundo de hoje se habituou utilizar. Aquele fantástico cérebro disse em sua autobiografia que desde a infância ouvia vozes e comunicações mentais; que costumava ter visões, e em ocasiões de ampliação de consciência ficava doente, sendo obrigado a descansar para se recuperar. Declarava que seu conhecimento científico lhe era transmitido por extraterrestres.

  Tesla nada lucrou com seus inventos, mas esses mesmos inventos rendem incontáveis somas de dinheiro para aquelas empresas do “pool” monopolista mundial que graças ao croata são hoje multibilionárias. E pelas experiências científicas de Tesla caberia aqui a pergunta: seriam os extraterrestres os deuses solares da criação?  Achamos que sim, porém nem todos!

                        Rayom Ra
PARTE  I

HISTÓRIA E RELIGIÃO

CAPÍTULO I
SOB A POEIRA DAS ESTRELAS

  O enigma da vida é o único e verdadeiro legado que o homem carrega. Antes mesmo de tentar conhecer-se como criatura, ele olhou para o céu e procurou entender as estrelas sonhando pela primeira vez. A imensidão do firmamento sempre foi instigante para todos os povos de todas as nações. Parece-nos que a grandiosidade infinita do universo sempre inspirou para que se construíssem monumentos gigantescos em comemoração e devoção a alguém incrivelmente poderoso, que criara tantas coisas distantes, mas que magicamente estivesse presente sobre as cabeças e sob os pés dos homens. E este arquiteto, tantas vezes antropomorfizado, moraria nas estrelas, no azul ou negro do céu, ou dentro do abrasante sol. Quando desejasse, estaria nos uivos dos ventos ou ressoar das águas, no ribombar dos trovões, na rapidez dos relâmpagos ou no clarão dos raios! Poderia aparecer para quem mais amasse, viver dentro dele, fazer coisas impossíveis; matar e ressuscitar. Mas de tudo o que criara, o céu a rebrilhar na negra noite sempre fora o maior dos Seus enigmas, e se conseguisse entendê-lo, entenderia também o Seu próprio mistério!

  Os orientais, mais precisamente chineses e tibetanos, há milênios já ensinavam que o solo da Terra, as formas viventes e o corpo humano são nutridos de energia cósmica e da matéria provinda das estrelas. Os corpos celestes, diziam eles, sofrendo processo de desintegração ou explodindo, pairam pelo espaço em poeira, e essa poeira é atraída para a Terra por ação do campo magnético formado entre a Terra e a Lua. Dessa afirmação, encontramos certa coincidência na teoria da moderna astronomia quando ela define as galáxias como conjuntos de estrelas envoltos por gás e poeira. Vemos, assim, que a distância das antiquíssimas civilizações para o século atual não invalida a relação de conhecimento nesta curiosa particularidade.

  A astronomia, com frequência, vem reajustando e reciclando seus postulados sempre que novas descobertas são comprovadas, e pelo caráter de suas investigações permeia teses e afirmações com espírito científico.

  Em que pese às descobertas registradas nos anais da astronomia, notadamente no passado através de homens como Hiparco, Ptolomeu, Galileu, Copérnico, Kepler e muitos outros, não há como dissociar da oficialidade científica o conhecimento vigente da remota antiguidade, emergente, principalmente, dos sumérios e chineses. É inegável a aceitação por astrônomos de um legado de informações dos antigos como partida de um estudo mais pormenorizado das constelações, em particular de nosso sistema solar. Entretanto, certas afirmações tradicionais foram aos poucos desmentidas ou desmistificadas, e estando assim resolvidas pelo pensamento atualizado dos astrônomos, segundo suas épocas, foram largadas ao esquecimento por que homens de pensamento racional e mentes investigativas não convivem com crenças.

  Com o tempo, as noções de massa, peso, volume, distância, movimento, velocidade, órbita, grau, temperatura, etc., foram sendo cada vez mais trabalhadas conduzindo a conclusões mais exatas. Porém, a astrologia foi suficientemente negada pelos astrônomos antigos e continuaria a sê-la na atualidade As descobertas da antiga astronomia misturavam-se com os conceitos da astrologia, pois na antiguidade era dado aos sacerdotes, e tão somente a eles, o direito a esses estudos. Não existia assim o epíteto de uma astronomia para cálculos físicos e exatos e de uma astrologia aparte, mais ampliada e interpretativa, para revelações espirituais ou esotéricas. Para que modernamente viesse existir essa desejável separação, o propósito religioso dos povos da antiguidade foi oportuna e adequadamente desprezado pela razão científica. No entanto, na era cristã, com evidentes interesses eclesiásticos, a igreja vigorosamente interveio no trabalho científico, obrigando no século XVII a Galileu Galilei, renomado astrônomo, a abjurar de afirmações conclusivas sobre o sistema heliocêntrico por ele defendido, sob ameaça de queimá-lo vivo como bruxo.

  Um dos aspectos que se autoafirmou e veio materializar-se definitivamente por conta da evolução mental dos povos, foi o fundamento da astronomia como inegável ciência independente, não sectária, respaldada pela matemática e geometria e estribada por leis da física. Já a astrologia, ganharia o desprezo de profissionais dos muitos segmentos da ciência oficial, e salvo por poucos e antigos astrônomos não ortodoxos a astrologia simplesmente nunca existiu,  muito embora, hodiernamente, seja ensinada em cursos legalizados e universidades tendo grande aceitação por quem segue ou acredita nas revelações esotéricas.

  Apesar de peremptoriamente negada, a astrologia praticada pelos sábios sacerdotes da antiguidade trazia comprovadas previsões apreciadas pelos reis de muitas nações e diferentes classes sociais que rodeavam as cortes. Além do mais, ficou patenteado que a astronomia-astrológica dos antigos portava nas suas fímbrias uma ciência embrionária, que muitos milênios depois se organizaria com aparelhos de insuspeitada tecnologia, iniciada por uma era de invenções em que surgiriam o astrolábio (muito embora os sumérios já o conhecessem, conforme achado arqueológico), a luneta, o quadrante, o sextante, o telescópio e muitos outros. Mas apesar do extraordinário impulso acontecido nos estudos dos astros, corroborado por cálculos e fórmulas matemáticas, era com evidente constrangimento que os céticos astrônomos curvavam-se à veracidade de afirmações dos precursores de sua ciência, cujas condições de observação do céu eram totalmente desprovidas dos recursos tecnológicos que eles ali agora destacadamente possuíam.

  Como então os precursores da astronomia puderam ter aquelas percepções maravilhosas? E como faziam os cálculos astronômicos senão precisos com incríveis aproximações?  As previsões de eclipses solares e lunares, as entradas periódicas das estações, os calendários anuais com 365 dias e tais como organizados por acádio-sumérios, chineses, egípcios, maias, astecas, indus e outros povos, de onde teriam surgido?

  Lendas burlescas, estereotipadas, profundamente infantilizadas foram notadamente divulgadas nos dois últimos séculos por estudiosos da astronomia, a fim de desmerecer a inteligência e extraordinária percepção dos sacerdotes, reis e sábios da antiguidade - todos iniciados nos mistérios - que investigavam e detectavam os efeitos produzidos pelos astros nos homens e na natureza. Mas ao invés de depreciá-los, o que exatamente se provou foi o contrário pela estupidez dos propagadores das fábulas. Aliás, esse pensamento depreciativo sobre os antigos estende-se também, em alguns casos, às outras ciências que eles tão bem souberam manipular, como nas construções de magníficas cidades e pirâmides, a exemplo do Egito. E quando os homens do pensamento objetivo não conseguem explicar, de que maneira os antigos chegaram à exata cifra de 3,14159, análoga ao Pi (grego), representando a razão constante entre o comprimento da circunferência e seu diâmetro, tantas vezes repetida nas relações geométricas da figura da grande pirâmide de Gizeh, a ciência acadêmica simplesmente se cala ou finge ignorar. O que as ciências buscam somente reconhecer é que a grande pirâmide de Gizeh foi construída aproximadamente em 2550 a.C - data essa objeto de intensas discussões e nenhum consenso – no reinado do faraó Kheops, para servir-lhe de símbolo e talvez túmulo de sua realeza, e mais tarde viria servir de templo para as práticas das crenças egípcias.

  Interessantíssimo dado, exarado das medidas da grande pirâmide pelos sérios pesquisadores, relaciona-se com as suas faces. Cada face da grande pirâmide mede exatamente 9.131 pés. Se multiplicarmos esse valor por 4 (os 4 lados da pirâmide) obteremos a cifra 36,524, que multiplicada por 10 dará igual a 365,24, número hoje entendido pelos cálculos astronômicos a expressão mais exata de um ano solar. Há dezenas de outras importantes relações geométricas e matemáticas aplicadas à astronomia, nos cálculos feitos com as muitas medidas encontradas na grande pirâmide, senão exatas com aproximações desprezíveis, que céticos astrônomos ortodoxos fariam bem a si mesmos em aceitá-las sem subterfúgios, deixando de lado os seus preconceitos. O que os assusta e incomoda é admitir que a astronomia é mais antiga do que suas conclusões na fé histórica acadêmica, e dentro dessa realidade indesejada a astronomia emergiria da ciência astrológica ainda mais antiga.

   Lembro-me bem, quando jovem estudante, das palavras de meu professor que se aproveitara de uma historieta folclórica, para explicar à turma como se teriam originado os rudimentos da matemática. Dizia o sábio professor que um pastor reunia pedras para controlar o rebanho de ovelhas. Cada pedra corresponderia a uma cabeça; assim, ao final do dia, ao trazer o rebanho de volta ao curral, em sobrando pedra, ele concluiria que alguma rês teria se extraviado, fora roubada ou comida por animais famintos. A lenda nada tem a ver diretamente com a astronomia, mas retrata uma ideia caótica de que as ciências teriam surgido singelamente das necessidades domésticas e por obra do acaso.

  Outra história sobre as descobertas da antiguidade ilustra com precisão o conceito propositalmente ingênuo que alguns orgulhosos astrônomos atribuíam às suas narrativas, ainda hoje repetidas, para tentar explicar como a astronomia teria surgido. Com isso, certamente, pretendiam creditar a si próprios os méritos de terem tornado a astronomia uma ciência totalmente racional, infinitamente acima da crendice popular de antanho, que propagava ser a abóbada celeste sustentada por colunas e o firmamento a refletir-se dessa abóbada para a Terra. Diziam, pois, e dizem os estudiosos da astronomia, que os povos da Mesopotâmia, observando o céu, catalogavam estrelas e constelações, tirando dos seus aparentes movimentos todas as relações que mais tarde formariam o seu primitivo conhecimento astronômico.
                                                     
  Ora, sabemos que de uma só região não é possível deter-se a exata observação do firmamento. Além disto, há épocas em que a observação é profundamente prejudicada pelas más condições atmosféricas. Ademais, a Mesopotâmia, nesse caso, embora oferecesse visão privilegiada do céu em grande parte do ano, ainda assim não permitiria por si só que todo o conhecimento estelar compendiado pelos sacerdotes estivesse exclusivamente sobre suas cabeças. Como então explicar, por exemplo, a perfeita noção que detinham do cinturão formado pelas constelações austrais e boreais e do zodíaco com seus signos e divisões, obtida a olho nu?  Segundo achados arqueológicos, os sumérios já teriam mapeado essas constelações, e, mais tarde, os gregos, absorvendo esse conhecimento, não só o ampliariam como criariam extensa e genial mitologia, cujas lendas e simbolismos se perpetuariam na memória. Por outro lado, a criação de um verdadeiro tratado mitológico, não contemplaria os gregos com a originalidade dessa rica mitologia, pois os mesmos sumérios formulariam antes dos gregos lendas e simbolismos a fim de também manter vivas suas descobertas astronômicas.

  Mas voltando às nossas proposições, admitimos que para antigos sacerdotes astrônomos obtivessem noções mais completas de tudo o que exploravam, teriam de viajar para outros locais a fim de exercer melhores observações. E viajariam solitários e independentes, aqueles aficionados da astronomia, normalmente idosos, para lugares mais amplos e distantes ou a topos montanhosos, com o único e gratificante fito da pesquisa, sendo obrigados a atravessar regiões inóspitas onde tribos selvagens atacavam viajantes e caravanas? E quantos mil quilômetros necessitariam percorrer até atingir os lugares especiais? Que equipamentos conseguiriam levar a fim de suportar sol abrasante, tempestades de areia, climas gélidos ou o constante perigo de animais selvagens e famintos? E os víveres quanto durariam? Uma série de outras desvantagens e dificuldades poderiam aqui ser elencadas para demonstrar que aventuras dessa natureza seriam desencorajantes e perigosas, ou mesmo impossíveis realizar. Desse modo, apesar dos zigutes, que eram torres de observações estelares, tornava-se profundamente incompatível a realização de estudos astronômicos sob a ótica apresentada pelos formuladores de lendas, o que vem reforçar aos nossos olhos o propósito consciente de se desmerecer a sabedoria bem mais recuada revelada pelos estudiosos da antiguidade.

 Convenhamos: desejar passar ideias simplórias para inexperientes estudantes embutidas nas fábulas descritas é tentar formar falsos e prematuros conceitos na mente juvenil a fim de que outro julgamento, que não o de uma autoridade científica inquestionável, não venha pôr em dúvida todas as revelações da matemática e  descobertas da astronomia segundo seus propagadores.

  A astronomia, evidentemente, possui história até certo ponto fascinante. As primeiras notícias que nos chegaram acerca de seus iniciadores, remontam ao século VII a.C. com Thales de Mileto, grego fundador da escola jônica, Entretanto, são muito mais antigos os registros dos povos sumérios instalados na Mesopotâmia que ultrapassam em muito os 8000 anos admitidos por historiadores quando fabricavam tabuinhas de argila com escrita cuneiforme, indicando efemérides dos astros. Têm-se notícias de que esses povos teriam sido os primeiros a confeccionar um calendário com 365 dias anuais.

  Da mesma forma têm-se notícias de que os chineses, na época de Fou-hi, há aproximadamente 5000 anos, já sabiam contar o tempo com suas principais subdivisões de horas, dias, meses e anos, bem como previam eclipses, além de ter elaborado um complicado zodíaco e manufaturado horóscopos.

  É realmente um mistério para os homens de bom senso entender como povos de hábitos tão rudimentares puderam dar extraordinários saltos nas observações astronômicas, transplantando-as para inteligentes lendas ou adaptando-as às suas vidas diárias.

  Observando-se a cronologia dos povos da antiguidade, oficializada pela história universal, nos deparamos com inúmeras hipóteses acerca de suas atividades e modus vivendi do que unicamente com provas incontestes. Isto porque é somente possível recompor o mosaico histórico humano a partir de provas documentais concretas laboriosamente buscadas por investigadores ou heroicos arqueólogos. O trabalho, assaz interessante, encerra artística e talentosa meticulosidade para realinhar fatos ligados às provas encontradas, mas logicamente não pode garantir, de maneira absoluta e inquestionável, a virtual remontagem da história em perfeita escala cronológica, sem hiatos ou interregnos. Ademais, as provas arqueológicas encontradas em muitas escavações, serviram, em diversos casos, somente para despertar fecunda e entusiasta imaginação nos estudiosos e pesquisadores. Imensos e verdadeiros sítios arqueológicos, que poderiam melhor elucidar, encontram-se sob extensas camadas de pedra, terra ou areia, ou afundados sob escombros de prédios soterrados, escondendo eras de sofrimento humano, sem permitir que conheçamos sequer vestígios de suas existências. Insuspeitadas civilizações podem perfeitamente estar sob as profundezas dos mares e oceanos, ou debaixo de camadas de macios terrenos de florestas americanas, asiáticas ou australianas, acobertadas por troncos e raízes. Fatores naturais como inundações, terremotos, incêndios, erupções vulcânicas, maremotos ou mesmo glaciações as teriam feito desaparecer, sepultando-lhes definitivamente a memória a profundidades inalcançáveis pelos atuais métodos de pesquisas.

  Provas até agora rescaldadas não demonstram incontestavelmente que a saga dos povos da antiguidade e dos períodos pré-históricos e antediluvianos, tenha ocorrido exatamente como é apresentada. Sabemos muito pouco dos avoengos. Precisaríamos utilizar outros métodos para obter novas informações e melhor compor elementos reveladores de nossas distantes e verdadeiras origens. Porém, que métodos poderiam ser esses para revolucionar a história? Para as ciências palavras semeadas não bastam, exceto as hipóteses aventadas a partir de provas materiais. Não obstante, nestes casos e curiosamente, as hipóteses e o pensamento cético irredutível fazem também a história recair em fantasias ou romantismos, e nem sempre os resultados da investigativa dos pesquisadores e empreendedores se mostram justos ou cautelosos nas suas conclusões e nem honestos, mas suficientemente férteis na direção  cética.

  A cronologia histórica se baseia nas provas antropológicas dos mais antigos fósseis de que temos notícias, datados de 14.000.000 de anos, descobertos em 1932 na Índia, pertencentes à espécie Ramapithecus. Essa espécie primata teria vivido durante o período Mioceno Superior. Em 1961, na África, descobriu-se o Kenyapithecus Wickeri do mesmo período. O Homo Sapiens - o homem de Cro-magnon – segundo se afirmava, somente deixaria registros de sua passagem há 35000 anos, sendo supostamente o mais próximo representante de uma espécie primitiva que teria gerado o homem civilizado. Mas segundo afirmam outros e dissidentes paleontólogos e antropólogos, o homem moderno não teria vindo do Homem de Cro-magnon, e sim do Homem da Galiléia. Em 1987, nas cavernas de Qafzeh e de Kebara, no Monte Carmelo, foram encontrados fósseis que revelaram tanto o Neanderthalensis como seu evoluído Cro-magnon, terem vivido há 70, 80, 100 ou mais mil anos e o Homem de Cro-magnon, que se supunha mais refinado do que o Neanderthalensis, teria vivido antes do próprio Neanderthalensis! Ou ambos teriam vivido juntos, logo a linha evolucionária do homem moderno seria outra, nada a ver com o Neadentharlensis ou com o Cro-magnon. As novas e estonteantes descobertas viriam ser corroboradas pelos achados posteriores no Sítio da Galiléia. E tem mais, o neuroanatomista Terrence Deacon concluiria que o Neanderthalensis não tinha nada de idiota, pois seu cérebro era maior do que o nosso!

  Resumo da ópera: considerando os milhões de anos passados, pouco existe de concreto e nada definitivo a respeito das origens, vida e hábitos daqueles primitivos seres. E muito menos se sabe do suposto ancestral comum originante de todas as espécies, incluindo nós, seres humanos! E os hiatos são tão verdadeiros como são verdadeiras as farsas montadas pelos homens, que se passaram por honestos pesquisadores quando afirmaram ter desenterrado fósseis que fariam parte dos compêndios de biologia e livros escolares sob as mais cândidas das verdades antropológicas.

  Foi assim que Eugene Dubois montara o Pithecantropus Erectus – O Homem de Java – utilizando-se de uma calota macacóide, um fêmur humano, dois dentes de macacos, complementando bizarramente o resto com massa.

“O próprio Eugene Dubois concluiria numa fase posterior de sua vida que a calota craniana de seu amado Pithecanthropus, pertencia a um grande Gibão, um símeo que os evolucionistas não consideram esteja tão intimamente relacionado aos humanos.” (A História Secreta da Raça Humana – Michael A. Cremo e Richard I. Thompson”.

  O Homem de Pitdown teria uma parceria perfeita entre o pesquisador Charles Dawson e um padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin, que juntos construiriam o Homem de Pitdown, sendo facilmente comprovado que tanto o crânio quanto a mandíbula eram pertencentes a donos diferentes, pois o crânio era humano e a mandíbula de um macaco.

  O padre Teilhard de Chardin participaria com outros parceiros de nova e ambiciosa aventura, dessa vez na montagem do Homem de Pequim, ou o Sinanthropus Pekinensis, pois o material coletado para construir o Homem de Pequim também se comprovaria com acerto pertencer a alguma espécie símea e jamais a um ancestral humano.

  Da mesma forma o Australophitecus, o Ramapithecus e o recente achado batizado de Lucy, não resistiram a um exame mais acurado de especialistas, sendo comprovadamente enxertos com ossos humanos e de macacos, com crânios não desenvolvidos o suficiente para comparar-se com uma remota possibilidade hominídea. Nada, portanto, que os identificasse ancestrais do homem moderno.

  O que dizer então aos nossos filhos que aprenderam essas inverdades em livros escolares da oficialidade acadêmica?

mica, transplantando-as em inteligentes lendas ou adaptando-as as suas prmos a cifra 36.524, ou seja, andando-se com a v
*     *     *

  Ao final da II grande guerra, experiências com foguetes programados e dirigidos para a destruição foram intensificadas para alcançar novos e superiores patamares. Com efeito, cientistas de diversas nacionalidades aprisionados pelas forças aliadas foram conduzidos a laboratórios diferentes, mas se mantiveram leais quanto as suas futuras aspirações, com base no conhecimento acumulado através das experiências tecnológicas desenvolvidas para os nazistas. Fossem eles compulsados a realizar o que realizaram, ainda assim não estariam isentos de possíveis julgamentos por crimes contra a humanidade, pois alguns cientistas obrigados a trabalhar para os nazis, prefeririam a morte a colaborar espontaneamente no desenvolvimento de armas tão perigosamente letais de extermínio em massa. Assim achávamos. Mas não foi o que se viu.  Ao que consta, ao invés de enfrentar tribunais pós-guerra, verdadeiro exército de cientistas foi imediatamente reaproveitado pelas duas maiores potências mundiais a fim de desenvolver projetos de uma nova tecnologia. O mundo então testemunharia com enorme espanto grandes transformações nos aparatos tecnológicas que se processariam a partir da metade do século XX.

 As bombas atômicas lançadas por americanos contra pacíficos cidadãos japoneses, em 1945, passaram a ser mais frequentemente testadas não somente por americanos, mas também pelos soviéticos que, mediante espionagem, conseguiriam obter sua fórmula de fabricação. Paralelamente ao surgimento das terríveis, cruéis e desumanas bombas atômicas, começaria uma corrida armamentista com a fabricação em série de novas armas e equipamentos de guerra, que jamais terminaria.

  As duas superpotências opunham-se política e ideologicamente, ameaçando-se mutuamente, deixando o mundo com a respiração suspensa ante a perspectiva do desencadeamento de uma guerra nuclear. Era a época da guerra fria. Fosse um jogo de cena para o mundo e por detrás das cortinas se cumprimentassem, isso era somente suspeitado por alguns dos mais sagazes críticos, entretanto para milhões a possibilidade de uma real guerra nuclear era apavorante. A criação da bomba atômica representava a inteira subversão dos valores humanos, nítida e hipocritamente manipulados num plano inconciliável com as aspirações dos humanistas modernos.

  Concomitantemente ao aperfeiçoamento das bombas atômicas, à desmedida e tresloucada proliferação de novas armas e equipamentos de guerra, e às experiências com armas químicas e mísseis de longo alcance, houve também uma superpotencialização tecnológica alcançada pelo desenvolvimento da era dos foguetes espaciais. Sondas planetárias, satélites espiões, naves exploradoras, eram distinguidos por uma altíssima e refinada tecnologia sem precedentes, estabelecendo entre Estados Unidos e União Soviética outra disputa na superfície e fora da Terra, chamada popularmente de corrida espacial.

  Que dizer das naves tripuladas, dos engates com as estações orbitais, das trocas de tripulações e dos reparos externos em pleno voo? E da aterrissagem (ou alunissagem) do homem na Lua, (hoje ainda se levantam dúvidas quanto a esse fato, achando que tudo não passou de montagem em estúdio), das promessas de vir pisar Marte e Júpiter ou de aproximar-se cada vez mais do Sol? Diante de tantas e estonteantes novidades, chegávamos a ironizar os pobres e heroicos Ícaro e Dédalo, pois se a lenda tivesse esperado pela tecnologia de nossa era, Ícaro não teria encontrado a prematura morte!

  A alta tecnologia colocada em prática com sucessos e insucessos, viria trazer para a humanidade uma versão virtual de vida, onde os recursos da eletrônica ostentavam velocidade e eficiência só comparáveis ao crescente incremento das naves tripuladas, mas expunham o homem a um novo somatório de obstinados hábitos e escravidão. O homem do século XX tornava-se mecânico, atraído e fascinado por todos os tipos de equipamentos e veículos sofisticados, cujas opções programáveis eram tantas que se tornava desnecessário utilizá-las a todas para as reais necessidades. A ânsia do consumo e o espanto às invenções causariam mudanças profundas na mentalidade dos povos e na economia das nações.

  Não pretendemos destacar aspectos positivos e negativos deste processo mundialmente articulado, embora seja inegável estarmos atualmente engajados na eletrônica quer queiramos ou não. Mas é notório que os tradicionais métodos educativos -  familiares e escolares – passaram por radicais mudanças nas culturas de quase todos os povos. A rapidez obtida com a utilização da informática, o uso cada vez mais frequente de celulares, os aparelhos de vídeo com incríveis opções, as câmeras sensibilíssimas de captação de imagens; as novas versões de veículos terrestres, aquáticos ou aéreos, a reformulação do aparelhamento industrial e das prestadoras de serviços, as utilidades domésticas, enfim, toda uma nova ordem de produção e consumo viria colocar o homem cada vez mais atrelado aos chips e placas eletrônicos. A televisão e o computador aceleram a globalização, e cremos que no polo positivo isto seja bom, embora no polo negativo se prove profundamente assustador.

  Colocamo-nos agora diante de alguns problemas que pretenderam ser somente modernas soluções, pois com a rapidez com que os importamos e suas mensagens inovadoras, não tivemos tempo para desenvolver uma estratégia bem montada e absorvê-los. E como não possuímos ainda uma cultura específica para essas coisas, faz-nos tremenda falta neste momento a sabedoria dos antigos!

  Parte desse processo viria também consagrar um tipo relativamente novo de ciência chamada Astronáutica, que nada tem a ver com a astronomia tradicional, mas que trouxe imensas e surpreendentes contribuições aos compêndios dos pesquisadores do universo e Via Láctea. Todos os estudiosos da astronomia ficaram estarrecidos com o poder de alcance do extraordinário telescópio espacial Hubble, lançado na órbita da Terra, capaz de obter inacreditáveis imagens sem distorções muito além dos limites do até então inescrutável. Com isto, novos horizontes se abriram, e afirmações antes não refutáveis foram corrigidas ou reconsideradas devido às novíssimas provas obtidas pelo Hubble. Ao mesmo tempo, laboratórios de pesquisas foram também reequipados com novos e poderosíssimos telescópios que muito auxiliaram para recentes descobertas.

CAPÍTULO II
PORTAIS DO TEMPO
    
  Para muitos, é claro e lógico que o enigma da existência humana não começou exatamente com Adão e Eva conforme relatado na Bíblia. A Bíblia é de difícil compreensão. Milhares de páginas já foram escritas por pensadores de diversos povos com o intuito de trazer à discussão uma possível realidade física proposta no Velho Testamento, como obra acabada.

  É por demais prosaica para o homem intelectual do século XXI a revelação do enigma da vida na face da Terra, num livro que trata unicamente da saga de um só povo. Não há a possibilidade, com as ferramentas de que dispõem nossas ciências acadêmicas, de uma mensuração cronológica que pudesse registrar com provas o período da existência planetária onde Adão e Eva tenham sido criados. Da manifestação do Pensamento de Deus criando os céus, a Terra, as trevas, o firmamento, as águas e tudo mais que veio a existência, teriam se passado sete dias. Depois viria a formação do homem, depois a formação da mulher. Em que época tudo isto teria ocorrido? Estes atos da Criação Divina abrangeriam a Via Láctea ou todo o Cosmos onde existem trilhões de sistemas solares? Ou se restringiriam tão somente ao nosso sistema solar? 

  Através da visão do Primeiro Livro de Moisés, chamado Gênesis, é impossível definir-se qualquer cronologia conducente a uma conclusão plausível. E a questão da criação da humanidade por um único e escolhido povo seria infantilmente mantida por séculos pela ignorância leiga de religiosos condicionados  pela Igreja.

  Entendemos, não obstante, que os véus lançados sobre as narrativas do Velho Testamento, encerram, em muitas instâncias, o propósito de criar uma aura de mistério e respeito. Entender a história da criação alocada num simples conto onde a magia de um Pai extraordinariamente onipotente, antropomorfizado e profundamente preocupado com o bem, a natureza e o homem, seria, a primeira vista, de fácil assimilação às mentes primárias de almas impressionáveis, porém às outras mentes não. Mais tarde, o povo judeu, por sua própria cultura, admitiria a dificuldade de definitivamente descerrar os véus da história da criação.

  É provável que o Velho Testamento ao ser escrito, reescrito, compilado e recompilado (imaginamos toda uma cuidadosa estruturação para que fosse coligido), tivesse também a intenção de impor o respeito e temor a Deus, aliado ao fato de que auxiliasse a novamente despertar uma autoestima, e até certo ponto o orgulho a um povo que por séculos fosse mantido cativo no Egito. Ou seja, o Deus IHVH dos judeus, por intermédio de seu libertador Moisés, os relembraria de que eram um povo eleito, descendentes de Abraão, e filhos de Jacob, ao qual fora prometido um futuro glorioso sobre a Terra.

  O Pentateuco, entretanto, não dá provas de ter sido escrito por Moisés. E para livres pensadores permanece irrespondível a questão: quem de fato o teria escrito? Para israelitas, principalmente ortodoxos, foi sem dúvida Moisés quem o escreveu, ou pelo menos o recebeu, mas essa afirmativa realmente carece de provas concretas, visto muitas situações protagonizadas pelo salvador dos judeus, tanto no Egito como no êxodo, serem fenomênicas e aparentemente inverossímeis. Os fenômenos físicos, por oportuno, provocados pelos poderes divinos atribuídos a Moisés, também foram, alguns deles, identicamente atribuídos a Baco, no próprio Egito, antes do aparecimento do salvador hebreu, conta-nos a antiga tradição gnóstica.

  Outras questões acerca da existência dos heróis bíblicos vêm à tona com frequência. E apesar de todos os recursos das ciências modernas e proposições de pesquisadores e historiadores eruditos, nada mudou. Tudo permanece no campo das conjeturas trazendo infindáveis discussões como antes. Muitas provas escritas em que se baseiam os historiadores são testemunhadas por manuscritos considerados, muitas vezes, apócrifos, e cujas datas normalmente divergem. 

  Sabe-se que os judeus comemoraram em 03 de outubro de 2006 de nosso calendário gregoriano o ano 5766 (data completa e cabalisticamente significativa), para eles, da criação do mundo. Segundo a história universal, os sumérios, povo caucasiano de pele escura cuja descendência era atribuída dos dravidianos da Índia, provindos da Ásia Central, ao chegarem ao vale da Mesopotâmia já ali encontraram tribos semitas. Instalaram-se inicialmente às margens do Eufrates expandindo sua civilização e absorvendo todos os outros grupamentos, impondo-lhes sua cultura mais adiantada. Mais tarde, os cananeus ocupariam a Terra Sagrada onde, supõe a história, iniciou-se propriamente a civilização do povo judeu. Canaã, dos cananeus, estaria situada na região da Palestina e mais tarde seria o ponto de destino dos israelitas provindos do Egito, após marcharem 40 anos pelo deserto.

  Segundo o Gênesis de Moisés, Deus criou o homem e a mulher e os colocou no Éden ou Jardim do Paraíso. Do Éden saia um rio, chamado Pisom, que rodeava a terra de Havila. Outro rio, no mesmo Éden, chamado Giom, circundava a terra de Cuxe. Um terceiro rio era o Tigre e um quarto o Eufrates.

  O que se conclui é que os sumérios ao chegarem da Ásia Central há mais de 8000 anos, teriam se instalado na Mesopotâmia. Já os cananeus, tribos árabes semitas, provavelmente vindos também da Ásia fundariam Canaã na Palestina e não na Mesopotâmia, onde pretensamente ficaria o Jardim do Éden.

  Muitos religiosos cristãos desejariam que a história universal pudesse ter duas metades, a exemplo de um globo ou esfera, onde um dos hemisférios registrasse a lenta e gradativa evolução da raça humana desde os tempos imemoriais, e o outro, o superior, revelasse a evolução da raça a partir da chegada de Cristo.

  Hoje se fala da interferência de seres extraterrestres na evolução da raça humana, a conduzindo a caminhos outros que não os alcançados unicamente pela ambição dos conquistadores e visão dos reformadores de sociedades. Uma destas propostas seria a presença de Adão e Eva na Terra, produto de um Deus Planetário extraterrestre, em cujas mãos estaria aprimorar o genes das raças. Daí, o surgimento de uma nova raça. Mas há quantos mil anos isto teria acontecido?

  O academismo das ciências teoriza que a vida se iniciou há milhões de anos, passando por fases distintas de um processo seletivo natural, sem a manipulação de uma Inteligência Transcendental. Ou seja, para as ciências a vida é inteligente porque é simplesmente a vida, e os elementos consubstanciadores da matéria: o ar, a terra, o fogo e a água, surgiriam naturalmente porque são simplesmente elementos. O processo terrenal espontâneo começaria a produzir vida evolutiva a partir da água marinha e as formas protoplasmáticas unicelulares ou as proteicas, conseguiriam dividir-se por meiose ou cissiparidade. Mais tarde, por outro qualquer processo em que talvez existissem polaridades opostas, se atrairiam formando elementos pluricelulares heterogêneos. Ou a formação de um sub-reino onde os protozoários dariam origem aos metazoários. Daí, por mutações e evolução espontânea, uma determinada linha evolutiva chegaria a algas, a peixes comuns, e milhões de anos depois aportaria a terra em formas de vida anfíbias.

  Depois disto, passando por diversos outros ciclos, esses produtos marinhos chegariam a animais, alcançariam o estágio de primatas, e finalmente se tornariam homens. Certamente toda a multiplicidade da fauna e flora teria da mesma maneira surgido do mar se diversificando em muitas espécies. Quem acreditar nesta incrível e mirabolante epigênese não conseguirá evidentemente identificar um Criador.

  Para que a vida amorfa chegasse à morfogênica, tudo teria se iniciado na Terra há 4.5 bilhões de anos, quando da formação do carbono e da matéria orgânica. Este é o período Pré-cambriano calculado pelas ciências. Mas cabe aqui uma pergunta: se este período se destaca principalmente pela presença de elementos gasosos mutantes como, por exemplo, o hidrogênio transformando-se em hélio até formar o carbono, de onde os elementos realmente teriam se originado?

Para isto comentarmos, cremos necessitar entender de teorias cosmogônicas-holísticas, pois é importante ressaltar que as ciências não aceitam e nem adaptam suas teses a nenhuma teogonia. Claro que o planeta Terra nessa cronologia científica já estaria em formação. Sua matriz ainda seria gasosa e provavelmente superaquecida.

  Tanto o universo como um todo e a Terra em sendo um ponto insignificante para o todo, surgiriam de imensa explosão chamada pelos astrônomos de o big-bang.  As ciências admitem não saber o que teria originado essa explosão há 15 bilhões de anos, mas admitem que a partir do big-bang o universo se expandiria.
                                                                                                                             
  Se estivermos entendendo o que as ciências afirmam, extrapola-se o paradoxo de uma inicial inexistência. Da inexistência aconteceria a explosão; a matéria se autocriando, se auto-expandindo e imediatamente concebendo naturalmente todas as conhecidas leis físicas, matemáticas, quânticas e etc., afirmações estas comprovadamente sustentadas pelos cientistas, e muitíssimo mais tarde  -  inferimos ainda  -  a matéria criaria o cérebro humano, que finalmente descobriria que todo o universo é tão somente matéria!

  O segundo período, denominado Cambriano, é aquele adrede comentado, em que a vida começaria do mar sob forma unicelular há mais ou menos 600 milhões de anos.

  O período seguinte, chamado sirusiano, distinguiria as primeiras formas da flora terrenal há mais ou menos 440 milhões de anos, desenvolveria a flora marítima e possivelmente formações meio híbridas “flora-fauna”..
      
  O quarto período, denominado devoniano, estabeleceria há 400 milhões de anos, o aparecimento dos anfíbios, ou seja, a vida autogenética evoluiria de seu exclusivo habitat marinho para a terra.

  No quinto período, o carbonífero, há 350 milhões de anos, as espécies maiores e mais sólidas da flora terrenal se diversificariam constituindo-se em grandes árvores, surgindo neste mesmo período os animais invertebrados.

  Nos 300 milhões de anos seguintes, em diversos outros períodos, os mamíferos, as aves e animais gigantes, a exemplo de dinossauros e répteis voadores, e também os macacos, se desenvolveriam até o período pleistoceno.  No pleistoceno, há mais de um milhão de anos, apareceria o homem.

  O homem surgindo no período pleistoceno, se transformaria unicamente em homo sapiens há mais ou menos 35000 anos (hoje não mais, porém de 100 mil anos para trás), através do homem de Cro-magnon. Nessa última afirmação científica, podemos depreender que a natureza seria extraordinariamente lenta na construção dos três reinos não humanos e admiravelmente rápida na constituição do homem intelectual, pois o homem de Cro-magnon, neste particular, se desenvolveria com nítida vantagem sobre seus antecessores macacos e humanoides.

  Sob essa ótica, reforçamos que a teoria evolucionista, segundo a materialidade científica, precisaria assumir que um fantástico impulso teria se estabelecido na genética humana tão somente a partir dos primeiros espécimes do homo sapiens, não acontecido nos períodos ou ciclos anteriores. E por que unicamente a partir do homo sapiens? 
*     *     *
  Testemunhamos hoje a evolução da tecnologia e do pensamento humano numa escala incrivelmente rápida, comparando-se com as conquistas registradas pela história universal. Neste segmento, alguns homens expoentes dos diversos ramos das ciências, mercê da coragem e desprendimento investigativo, desafiariam decididamente a postura e o despotismo religiosos já a partir do século XV. Ao promoverem na Europa a abertura das descobertas científicas, nos revelariam a existência de um especial e sistemático enfoque, que de tão firmemente conduzido incentivava-os a compensar um tempo sufocante e ociosamente perdido nas dobras caleidoscópicas dos calendários. Esse hiato artificialmente produzido, frustrante e sugador das possibilidades de um progresso mental espontâneo, atrelador e inimigo do arejamento social dos povos religiosos, resultava, principalmente, das perseguições e trevas originárias do arcaico pensamento eclesiástico e de seus atos criminosos contra a humanidade.

  Fossem aquelas as razões preliminares, o que mais justificaria a ânsia dos homens das ciências em aplicar-se febrilmente às teorias e experimentos práticos em prol de um conhecimento mais amplo da vida, a fim de oferecer melhores condições para a família humana? Fama, fortuna, reconhecimento? Não cremos que essas mesquinhas ambições transitassem em suas mentes como objeto principal matizando suas almas com a euforia da aquisição pessoal. Ao contrário, cremos, isto sim, num móvel impessoal e superior a tudo, acima de todas as coisas materiais e perecíveis, estimulando-lhes a visão prática incorporativa de irremovível vontade.

  Olhando mais detidamente os períodos do avanço mental dos povos da antiguidade, notamos que muitos milênios se passaram durante os quais civilizações formaram núcleos culturais absorvidos uns dos outros. Porém, pelo tempo decorrido, as contribuições humanitárias foram poucas em relação às grandes populações viventes nas principais metrópoles ou cidades cosmopolitas. As mais refinadas transformações e conquistas sociais foram sempre experimentadas pelas classes elitistas e privilegiadas, enquanto a obrigatória subserviência e a escravatura foram os pontos de destaques negativos suportados por outras classes inferiores nas sociedades dominadoras.

  Da Suméria a China, da China ao Egito ou do Egito a Roma, o poderio militar foi a primeira e principal garantia de conquistas, domínio e imposição cultural aos povos dominados. Entretanto, a história descreve que as mudanças acontecidas no comportamento social dos impérios dominadores, foram trabalhadas em primeiro plano nos seus próprios pensamentos raciais idiossincráticos. Porém, os componentes de suas culturas, não detiveram básica nem obrigatoriamente métodos originais, mas sim, maiormente, adaptações. E nesses casos, as ideias mais bem moldadas não anexaram algo totalmente revolucionário que alavancasse, ex abrupto, transcendentais mudanças na expansão cultural para povos vizinhos. Em suma, durante milênios não haveria tantas novidades no pensamento cultural antigo, e de modo geral os povos conquistados absorviam porções do conhecimento dos seus conquistadores sem, contudo, participar diretamente das melhores partes sociais e culturais. Contudo, foram por vezes instados a absorver essas culturas adventícias para melhor poder servir aos seus senhores.

  As mudanças mais notáveis relativas ao pensamento humanitário, artístico ou mesmo científico que a história antiga revela, tiveram início com a civilização grega, em Atenas. Nesse tempo, as artes se desenvolveram influenciando fortemente a sociedade ateniense, descortinando novos e mais amplos horizontes e trazendo uma visão mais sensível da alma humana. A sensibilidade artística marcaria presença nas diferentes atividades gregas como uma ponte interligando todas. Nessa explosão de talento e qualidade artística, os gregos conseguiriam elevar aos mais altos patamares, a filosofia, a poesia, a literatura, a dramaturgia, a oratória, a legislação, a escultura, a engenharia, a arquitetura e naturalmente a genial mitologia ligada à religião. As classes sociais inferiores, no entanto, se manteriam subjugadas pelas castas como acontecido nas organizações das sociedades dos povos anteriores aos gregos, ou contemporâneos deles. O rico veio do pensamento sensível em profícua expansão, somente tomava impulsos com a participação direta e criadora das classes elitistas.

  O período de influência grega se estenderia do ano 1000 a.C. até aproximadamente 30 a.C., apesar de todas as guerras, invasões de seus territórios e perdas de soberanias.

  Em seguida viriam as conquistas dos romanos, que tendo vencido aos exércitos gregos, absorveriam a quase totalidade de sua religião e mitologia, estabelecendo também avanços da visão criativa. Os romanos, a par de cuidar notavelmente de seus aparatos bélicos, organizariam seus exércitos com os melhores equipamentos e multiplicariam as frotas de navios de guerra e transportes. Com isso, tornariam vastíssimo o seu império pelo mundo antigo, acumulando extraordinária riqueza provinda dos povos conquistados.

  Os romanos conseguiriam também acender extraordinárias luzes a iluminar os valores humanos, quer de aplicação prática e objetiva, quer do pensamento intelectual subjetivo. Durante sua influência, o império romano imprimiu grande progresso à engenharia, edificando prédios públicos, habitações, templos, praças, pontes, estádios e monumentos com arquitetura refinada e marcante. Arcos, cúpulas, pilares e abóbadas traziam a imperial personificação da qualidade romana. Ao mesmo tempo, a engenharia realizava pavimentações de longuíssimas vias conectando metrópoles de seus territórios.

  A literatura, a oratória e o direito formaram grandes destaques em sua cultura, sendo que os fundamentos do direito romano são ainda hoje adotados em muitas sociedades democráticas. Entretanto, como seus antecessores gregos, as diversas castas da sociedade romana foram sempre as principais beneficiárias das leis e conquistas sociais. Esses privilégios não os tinham os escravos, serviçais, soldados, artesãos, pequenos comerciantes, pecuaristas, agricultores, e outras classes populares de menor expressão. O ciclo de dominação romana se estenderia de 750 a.C. a 476 d.C.
*     *     *
  O tempo edifica portais para todas as conquistas. O tempo é uma abstração, ensina-nos a física newtoniana. Mas Einstein estudou as relações do tempo encontrando a fórmula ou equação da teoria da relatividade E=mc2, mundialmente conhecida, que coloca espaço, matéria e velocidade em relação direta com os fatores objetivos do tempo. A contagem subjetiva do tempo reside também em nossos corpos temporais, na vida de bilhões de células, no nascer, crescer, maturar e envelhecer da vida orgânica. A vida é imensurável, no entanto a possuímos aprisionada de maneira mágica, e a vemos exteriormente nas diferentes formas que compõem os reinos da natureza. No entanto, não podemos deter o tempo, senão unicamente registrá-lo e administrá-lo. Nossas referências cronológicas externas estão adstritas ao sol, à lua, às estrelas e ao girar do planeta Terra. A relatividade de nossos pensamentos, entretanto, nos impulsiona a produzir mudanças cíclicas individuais e coletivas que revolucionam os estereótipos das sociedades.

 A história universal acusa no seu decurso alguns destes momentos que não foram detectados por meras coincidências, senão trabalhados por forças muito acima da resistência humana. Esses períodos normalmente destacados pelo surgimento de líderes desprendidos, externam e magnetizam o pensamento com novas ideias e brilhante originalidade, levando, às vezes, séculos ou milênios até serem perfeitamente entendidas e assimiladas. E os ungidos e abençoados de todos os tempos, forjados com a têmpera de um especial quilate, sendo livres pensadores, filósofos arrebatados, ou portadores de visão muito acima de suas épocas, não foram nunca produtos de escolas ou academias. Mas ao contrário, sem, contudo, desprezá-las, fizeram-se por si próprios, por pessoais esforços e dedicadas disciplinas. Norteavam-se, simplesmente, por suas intuições e visões mentais, e colocaram seus corações e privilegiados cérebros a favor da humanidade, sem jamais desistir de seus ideais quaisquer que fossem as adversidades.

CAPÍTULO III
CRONOLOGIAS DE PERSONAGENS BÍBLICOS

  As religiões e crenças ocuparam sempre papéis importantes e principais nas culturas das grandes e médias civilizações. Em muitos casos, as divindades mudavam de roupagem e nomes, mas os cultos eram manifestações mais ou menos idênticas aos dos povos conquistados ou conquistadores. O Egito conseguiu aprofundar mais intensamente suas crenças, não somente pelo tempo em que permaneceu como sólido império, mas também porque essa decorrência se deveu à sua organização e administração socioeconômica. E, principalmente, pela grandiosa cultura esotérico-religiosa que concebeu e praticou. A despeito de sofrer diversas invasões e conquistas, a terra dos faraós se manteria em destaque por muitos milênios.

  Na Europa, o quadro religioso desenhado pelas várias práticas dos povos, tomaria novas e lentas feições durante a ascensão, apogeu e gradual decadência do império romano. A religião cristã se estruturaria de maneira diferente das antigas religiões nascidas no oriente, impondo um pensamento coordenado com base nos escritos monoteístas da tradição judaica. Montaria uma bíblia para representar o sagrado cânon de suas revelações, e com o tempo adotaria o ritual da missa e a prática de sacramentos - herdados das antigas tradições gnósticas orientais - e conceituaria seus dogmas. Elegeria através dos séculos, para autoridade máxima temporal, um primaz que se assentaria num trono. Enviaria missionários em expedições por todo o mundo a fim de fundar núcleos, que mais tarde se chamariam congregações, e lhes determinaria pregar sob um rígido corpo litúrgico doutrinário.

  Embora firmemente sustentado por homens e mulheres de boa vontade, em cujos corações permaneceriam imaculadas as principais mensagens de um iluminado, o avanço do cristianismo ao seu início seria comedido. Mas a estrela que indicara o caminho aos magos viria novamente reverberar para os seguidores desse recente movimento. O cristianismo primitivo então escreveria indelevelmente as mais belas páginas de uma história iniciada com as pregações de um homem simples e muito amado, que nada impusera, mas que um dia dissera que cada um buscasse em si mesmo a alma de uma criança e a inabalável fé no Pai Eterno. E de posse dessas singelas verdades, os primeiros cristãos veriam as portas do céu se abrir e lhes ser oferecidas todas as respostas de que necessitassem para socorrer o mundo com palavras e compaixão.

  Já o islamismo surgiria no oriente no século VII desta mesma era. Alojaria alguns ensinamentos cristãos em suas doutrinas, imprimindo aos povos árabes uma inegável força religiosa que universalizaria um pensamento em torno do profeta Maomé, em Alá - o Deus único - e nas sagradas escrituras do Alcorão reveladas a Maomé.

  As revelações védicas, a religião brahmânica e o induismo, de modo geral, nada tinham em comum com o pensamento europeu tanto ocidental como oriental, embora vestígios de suas tradições se fizessem presentes nas culturas greco-romanas. Os europeus haviam resistido ao budismo que basicamente estancara às margens do Mediterrâneo, transformando-se em cultos gnósticos entre alguns povos do oriente médio e na Grécia. Pouco antes da decadência daquela antiga e brilhante civilização helênica, o gnosticismo lá mesmo tomaria feições teóricas esotéricas e filosóficas. Por outro lado, os essênios -  ramo étnico originário de antigos semitas -  herdariam da nata do budismo as práticas dos segredos ritualísticos e os profundos conhecimentos medicinais da flora que os iniciadores do gnosticismo lhes passariam, e se constituiriam numa seita especialmente pura onde os cristãos primitivos beberiam de suas graças.

  O zoroastrismo tinha se transformado em longínquas lembranças após a conquista do império Persa por Alexandre em 330 a.C., que mandara queimar os originais do Zend-Vesta - a memória doutrinária da religião do fogo. Entretanto, a religião não morreria, e mais tarde com a queda do império macedônio passaria por profundas transformações em grupamentos étnicos persas. Séculos depois chegaria à Índia sob a denominação de Parsis, tornando-se até hoje casta religiosa importante embora somente contando aproximadamente com duas centenas de milhares de seguidores.

  As religiões raciais ou mundiais e primitivas crenças, normalmente apresentam personagens e heróis com genealogias extremamente simples ou excessivamente complicadas, onde fatos possíveis se misturam ao impossível ou a realidade com a irrealidade. Vemos hoje uma grande crise abertamente discutida por historiadores, arqueólogos, paleontólogos, exegetas e eruditos de diferentes segmentos, acerca da real existência dos personagens bíblicos e consequentemente sobre a autenticidade da Bíblia. Da década de 70 para cá, pesquisas arqueológicas vêm municiando os investigadores com elementos objetivos que obrigatoriamente determinaram uma nova visão acerca dos fatos e narrações bíblicos. O império israelita fundado por Davi e continuado por Salomão, é fortemente questionado devido à ausência de um suporte cabal da linha descritiva histórica. Os questionamentos não param por aí, mas remetem ao início de tudo, conduzindo procedentes dúvidas à autoria do primeiro livro do Pentateuco, ao próprio Pentateuco e ao Velho Testamento como um todo. A falta de provas sobre a vida do personagem e herói Moisés no Egito, onde outros fatos contemporâneos puderam ser atestados pelos achados arqueológicos e pergaminhos traduzidos, menos sobre Moisés, e a igual certeza da inexistência dos patriarcas Noé, Abraão e Jacob, já formam consenso numa frente de pesquisadores dissidentes.

  Autoridades mundiais do campo investigativo teriam hipoteticamente discutido a Bíblia como entidade confiável, sob o prisma histórico e o religioso, concluindo que o livro mais famoso do mundo fora, dentre outras coisas:  

 1. - codificador de textos ricos sobre o antigo comportamento social judaico; 
 2. - guia geográfico pictórico dos territórios semíticos e judeus; 
 3. - norteador de estudos do antigo oriente médio; 
 4. - fusionista sociológico dos povos estrangeiros intrarelacionados com os judeus;
 5. -depositário da memória de incontáveis manobras de guerra, de ocupações imigratórias aos territórios palestinos e mesopotâmicos ou de ondas migratórias de ramos “etno-raciais” semíticos em situações sócio-econômicas diversas; 
 6. - exaltador de escolhida “linhagem-tronco” patriarcal repovoadora do mundo após o anunciado dilúvio; 
 7. - relator de um processo doutrinário instado por leis divinas outorgadas a Moisés, mais tarde confirmadas por profetas e homens iluminados de todos os tempos;   
 8. - testemunho de punições impostas por Deus aos homens não convertidos, ou que mesmo convertidos O desobedeceram, e às cidades pecadoras impenitentes adoradoras dos politeísmos; 
 9. - retransmissor de uma retórica propositalmente matizada para bênçãos e louvações ao Altíssimo, estabelecida, via de regra, nos textos dos livros e crônicas e, finalmente, 
10. - arauto e exortador de uma nova e mais recente visão espiritual universalista, minuciosa e subliminarmente formatada etapa após etapa desde Adão e Eva, concretizada milênios após pelas supernais mensagens e milagres realizados por Cristo.

  Entretanto, essa visão da Bíblia colocada por nós não mais seria completamente aceita e nem confirmada pelos estudiosos de sua sociologia histórico-religiosa, pois conforme ressaltado anteriormente, e mesmo sem ateísmos, se levantam enormes controvérsias quanto à veracidade e autenticidade de seus escritos.

  Sabe-se que a igreja católica sempre procurou despistar nas suas exegeses uma interpretação racional do Gênesis. Nem jamais admitiu questionamentos acerca dos trinta e nove principais livros que compõem o sagrado cânon bíblico. Foi preciso que protestos iniciados por Marinho Lutero e Calvino, exigindo reformas, forçassem a igreja católica reagir e mudar de posição. Martinho Lutero criticara abertamente noventa e cinco teses da igreja e aos abusos do papado, o que lhe custaria à excomunhão pelo papa Leão X e constantes perseguições. Em 1521, refugiando-se em Wartburg em Eisenach, Turingia, Alemanha, esse ex-monge agostiniano iniciaria a tradução da Bíblia para o alemão, sendo o trabalho impresso em setembro de 1522. Para essa tradução, Martinho Lutero, por ser erudito, tomaria textos em hebraico e grego bem como a Vulgata de São Jerônimo traduzida do hebraico para o latim.
      
  Daí em diante, se desencadearia um efeito cascata que os ansiosos por reformas conduziriam em vários movimentos protestantes, questionando principalmente a interpretação dos textos bíblicos. Em decorrência destes vivos e permanentes protestos começariam a surgir congregações dissidentes na Alemanha, Holanda, França, Suíça, Hungria, Polônia e Inglaterra bem como dissensões entre os próprios protestantes e guerras entre católicos e protestantes. Por outro lado, a rejeição à autoridade de Roma criaria personificações nas interpretações bíblicas e consequentes mudanças no comportamento reformista, dentre as quais o casamento de chefes de congregações.

  Tratemos agora diretamente da cronologia envolvendo alguns personagens bíblicos. Segundo o Velho Testamento, o homem estaria povoando a terra a partir dos descendentes de Adão. A descendência adâmica se iniciaria com Caim, o primogênito de Adão; depois nasceria Abel -  assassinado por Caim -  vindo mais tarde Sete. A lista dos descendentes de Caim é menor; a de Abel não é mencionada; a de Sete é extensa e destaca Noé na décima geração. De Noé uma nova descendência repovoaria a terra, visto o dilúvio ter afogado todos os povos e seres vivos.
  Achamos interessante recalcular o tempo de existência do homem sobre a terra a partir da geração de Sete, o terceiro filho de Adão, cuja relação de nomes é mais específica quanto às datas de nascimento e morte de cada personagem. Iniciaremos com Adão, estabelecendo o ano zero anterior a ele, e o ano um a partir do seu nascimento. Temos então o seguinte:

                                                                                                         ANO DO CALENDÁRIO
                                                                                                         PROGRESSIVO EM QUE
                                                                                                          MORREU.
                                                                                                    (DE ADÃO AO EGITO)
PERSONAGEM          ANO DO NASCIMENTO     ANOS DE VIDA
                                                
  1.ADÃO                               01                              930                               930
  2.SETE                              130                              912                             1042
  3.ENOS                             235                              905                             1140
  4.CAINà                           325                              910                             1235
  5.MAALELEL                     395                              895                             1290
  6.JEREDE                         460                              962                             1422
  7.ENOQUE                        622                              365                             (987)
  8.MATUSALÉM                 687                              969                             1656
  9.LAMEQUE                      874                              777                            (1651)
10.NOÉ                              1056                              950                             2006     
      

       Comentemos agora sobre relações de fatos e datas durante o dilúvio e logo após ele.
       1. Diz o Gen. 07.6 “Tinha Noé seiscentos anos de idade, quando as águas do dilúvio inundaram a terra.”
       Se Noé nasceu em 1056, seria, portanto, 1656 o ano do dilúvio, coincidentemente com o ano da morte de Matusalém.

       2. Diz o Gen. 07.11.12  “No ano seiscentos da vida de Noé, aos dezessete dias do segundo mês, nesse dia romperam-se todas as fontes do grande abismo e as comportas dos céus se abriram.”
        “E houve copiosa chuva sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites.”

       3. Diz o Gen. 08.2.3.4.5 “ Fecharam-se as fontes do abismo e também as comportas dos céus e a copiosa chuva dos céus se deteve.”
       “As águas iam se escoando continuamente de sobre a terra e minguaram ao cabo de cento e cinquenta dias.”
       “No dia dezessete do sétimo mês, a arca repousou sobre as montanhas de Ararate.”
       “E a águas foram minguando até ao décimo mês, em cujo primeiro dia apareceram os cumes dos montes.”
       
         Temos aqui o seguinte resumo:
a.   40 dias de chuva, de 17/02/1656 (ano bissexto) à 28/03/1656.
b. 150 dias de água se escoando, de 28/03/1656 à 25/08/1656.
c.   37 dias de águas minguando,  de 25/08/1656 à 01/10/1656.
              227 dias

       4. Diz Gen. 08.6.10.12  “Ao cabo de quarenta dias abriu Noé a janela que fizera na arca.”
       “Esperou ainda outros sete dias e de novo soltou a pomba fora da arca.” (Já a tinha soltado antes e ela retornara no mesmo dia).
       “Então esperou mais sete dias e soltou a pomba; ela, porém, já não tornou a ele.”
     
         Nesta nova contagem temos então:
        a. 40 dias - até abrir a janela em 10/11/1656.
        b. 07 dias - até soltar a pomba em 17/11/1656.
        c. 07 dias - até soltar novamente a pomba em 24/11/1656.
            54 dias

       5. Diz o Gen. 08.13.14.15.16  “ Sucedeu que, no primeiro dia do primeiro mês do ano seiscentos e um, as águas se secaram de sobre a terra. Então Noé removeu a cobertura da arca, e olhou, e eis que o solo estava enxuto.”
        “E aos vinte e sete dias do segundo mês, a terra estava seca.”
       “Então disse Deus a Noé: saia da arca e, contigo, tua mulher, e teus filhos, e as mulheres de teus filhos.”
     
        Prosseguindo nos cálculos, temos:
       a.  38 dias até Noé remover a cobertura da arca, em 01/01/1657.
       b.  57  dias para Deus ordenar que saíssem da arca, em 27/02/1657.  
            95 dias

        Todos os dias da permanência de Noé e os ocupantes a bordo da arca (exceção da pomba que não voltou) foram, portanto:
       De 17/02/1656 à 17/02/1657 = 365 dias + 1 dia do ano bissexto = 366 dias
       E até 27/02/1657 foram mais 10 dias, perfazendo o total de 376 dias, ou:
       Um ano bissexto e dez dias.

  Há fatos, no entanto, em que não pudemos nos basear devido a encontrarmos aparentes incongruências. Um desses fatos se refere aos três filhos de Noé: Sem, Cão e Jafé que teriam sido gerados quando Noé contava 500 anos de idade. Se os três nasceram no mesmo ano teriam sido trigêmeos, ou Noé teria três esposas ou concubinas. Mas nenhuma referência sobre essas possibilidades foi encontrada por nós nos textos do Gênesis. Outro fato vem do Gen. 07.6., onde é dito que Noé tinha 600 anos de idade quando as águas do dilúvio inundaram a terra. E como o dilúvio tivera início por nossos cálculos em 17/02/1656, em 27/02/1657, data em que saíram da arca, Noé já estaria com 601 anos.

  Ora, é também dito no Gen 11.10 que Arfaxade, filho de Sem, nasceria dois anos após o dilúvio quando Sem tinha 100 anos. Pelos nossos cálculos, Arfaxade teria nascido em 1656, que seria o ano do dilúvio, e o ano 600 de vida de Noé. E se o ano do dilúvio foi o ano 600 de Noé, 2 anos depois sua idade seria 602; logo Sem já teria 102 anos. Assim, Arfaxade nasceria em 1658 e não em 1656 de nossos cálculos.
      
  Muito embora povos antigos já dividissem o dia em vinte e quatro horas, fizessem contagens de semanas, meses e ano de 365 dias, certamente o ano bissexto não seria computado por eles. A diferença de seis horas cumulativas, gerando mais vinte e quatro horas a cada quatro anos, só seria oficialmente ajustada em 1582 pelo Papa Gregório XIII, ficando o calendário oficial a partir daí conhecido por gregoriano em homenagem àquele Papa. Assim, há a possibilidade de a diferença de dois anos aqui consignada estar ligada a alguma data pretérita de nossos cálculos onde o ano bissexto não seria computado. Se isto for relevante para conclusões outras, agradeceríamos aos investigadores realizar possíveis correções ou novas interpretações.

  Finalmente, os personagens bíblicos de quem tratamos, tendo vivido acima dos 100 anos, alguns mais de 200 e muitos tendo ultrapassado 600, 700 ou atingido 969 anos como Matusalém, é algo para nós incrível, mesmo sendo eles homens bíblicos.
    
        Continuando com as gerações a partir de Noé, teríamos:
                                                                                                                   ANO DO CALENDÁRIO
                                                                                                                PROGRESSIVO EM QUE
                                                                                                                           MORREU
PERSONAGEM       ANO DO NASCIMENTO /ANOS IDADE      (DE ADÃO AO EGITO)

01. SEM                                1556                              600                                     2156
02. ARFAXADE                    1656                              438                                      2094
03. SALÁ                               1691                             433                                      2124
04. EBER                              1721                              464                                      2185
05. PELEGUE                       1755                              239                                    (1994)
06. REÚ                                1785                              239                                     (2024)
07. SERUGUE                      1817                              230                                     (2047)
08. NAOR                             1847                              148                                     (1995)
09. TERÁ                              1876                              205                                     (2081)
10. ABRÃO                           1946                              175                                     (2121)

  Verificamos que mais dez gerações decorreriam até 2185, ano da morte de Eber. Abrão teria morrido 64 anos antes e surgiriam mais três importantes personagens após este patriarca:
                                                                                                                  ANO DO CALENDÁRIO
                                                                                                                 PROGRESSIVO EM QUE
                                                                                                                            MORREU
PERSONAGEM       ANO DO NASCIMENTO / ANOS DE VIDA(DE ADÃO AO EGITO)

11. ISAQUE                            2046                                180                                  2226
12. JACOB                             2106                                147                                  2253
 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
13. JOSÉ                                2197                                110                                  2307
                                                                                            + Cativeiro do Egito   430 
                                                                                          
                                                                                                     ÊXODO              2737

  De Abrão a José haveria novas conotações na vida e tradição judaicas. Se contarmos Adão como o primeiro patriarca, Noé seria o segundo, Abrão o terceiro e Jacob o quarto. Jacob geraria doze filhos que constituiriam mais tarde as doze tribos de Israel. José, o décimo primeiro filho de Jacob, protagonizaria interessante história no Egito para onde teria sido vendido como escravo pelos seus irmãos. Jacob, todos os seus demais filhos, e famílias, acabariam viajando para o Egito anos mais tarde, chamados por José que se tornara chanceler do faraó, e lá eles permaneceriam.

  De acordo com nossa cronologia, de Adão até o êxodo teriam se passado 2737 anos. Os historiadores informam que o êxodo teria ocorrido nos anos 1490 a.C., 1440 a.C., 1400 a.C., 1300 a.C., 1290 a.C. 1200 a.C., ou próximo a essas datas. Considerando que José teria vivido no Egito dos 17 aos 110 anos, portanto 93 anos, e teria 30 anos quando interpretou os sonhos do faraó, teriam se passado 13 anos até aquele instante. Os 7 anos de fartura se passaram e entraram nos 7 anos de fome; os irmãos de José teriam chegado ao Egito 2 anos após a fome se ter alastrado. Temos então aqui o seguinte cálculo:

   a. Da chegada de José ao Egito até ser recebido pelo faraó  =      13 anos
   b. Primeira etapa das previsões de José se passaram           =       07 anos
   c. A família de José chega ao Egito quando ainda teriam
       mais 5 dos 7 anos de fome                                                      =       02 anos
                                                                                                                   ______ 
                                                                   22 anos                                                                                                     
  Daí teríamos José com 39 anos. Se José morreu com 110 anos, sua família teria permanecido livre no Egito por 71 anos, pois não há referências que de lá tenha saído antes da morte de José.
       Diz o Ex. 01.8.9.11.14. “Entrementes se levantou novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José.”
       “Ele disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós.”
       “E puseram sobre eles feitores de obras, para os afligirem com suas cargas. E os israelitas edificaram a Faraó as cidades-celeiros, Pitom e Ramessés.”
       “E lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o serviço em que na tirania os serviam.”
  Consideremos agora a cronologia tomada oficialmente pela história, apesar de não haver consenso exato sobre datas, e que caminha em sentido inverso a partir do nascimento de Jesus Cristo (para muitos Jesus Cristo teria nascido em 3 d.C.), e optemos por 1300 a.C. (séc.XIV a.C.) o ano do êxodo do Egito liderado por Moisés. Desta forma, temos o seguinte, desde Adão:
   
    a. De Adão ao êxodo de Moisés   =                2737 anos
    b. Do êxodo de Moisés à Cristo   =                1300 anos
    c. De Cristo aos nossos dias       =                 2009 anos
                                                                       6046 anos, sendo essa, portanto, a resultante histórico-religiosa desde Adão até o século XXI de nossa era (quando esse livro foi escrito, em 2009).

  Se os judeus comemoraram em 2009 o 5769 aniversário da criação do mundo, temos uma diferença em nossos cálculos de 277 anos que poderia ser absorvida na idade de Adão, sobrando-lhe ainda 653 anos, pois segundo o Velho Testamento Adão teria vivido 930 anos. Por outro lado, as cifras 6046 e 5769 são, sem a menor dúvida, inexpressivas para conter todo o período da criação do mundo, a partir de Adão, qualquer que seja a dimensão tencionada, quer seja da Via Láctea onde se encontra o nosso sistema solar, quer do macro-universo onde tudo mais existe, ou simplesmente do planeta.

  Historicamente as divergências são enormes; talvez o pensamento cronológico judeu pudesse ser explicado de outra maneira, uma vez que a arqueologia rastreia a civilização suméria na Mesopotâmia encontrando vestígios de sua existência já na era do Bronze Antigo. Admitindo esses fatos, poderíamos situar aleatoriamente em 8000 a.C. uma faixa de existência da civilização suméria, que também ultrapassaria o cálculo judaico da fundação do mundo. 

  Se a criação do mundo tivesse acontecido há somente 6046 anos, por exemplo, e Adão e Eva existiram de fato conforme a Bíblia relata, por que então não admitir uma época mais remota onde a existência teria se originado? Ou melhor organizar os argumentos da criação do universo e do homem em fatores-grupos separados e distintos, não exatamente consequentes como estão sob cronologia confusa, apertada e conflitante?

  Estando nossos cálculos aproximados, poderíamos considerar também nos 6046 anos oferecidos pelas histórias bíblicas que os anos bissextos fossem todos levados em conta e computados os seus dias extras. Assim fizemos preliminarmente por mera curiosidade, e atingimos à soma adicional de 4 anos 2 meses e 22 dias. Se computássemos esse adicional teríamos 6050 anos decorridos na história da criação. Já antes mencionáramos possibilidade semelhante ao abordarmos o dilúvio, e não cremos também nesse caso ser necessário este detalhamento por que a data da libertação dos judeus do cativeiro egípcio está longe de atingir um consenso, pois existindo tantas divergências entre historiadores e religiosos, surgiram grandes diferenças numéricas.

CAPÍTULO IV
OS PATRIARCAS QUE A HISTÓRIA NÃO RECONHECE

  Neste capítulo vamos procurar analisar aspectos históricos dos patriarcas judeus e suas relações socioculturais formadoras da inicial infraestrutura do Velho Testamento. Os aspectos religiosos foram no passado relativamente aceitos sem muitas discussões, muito embora sem provas concretas suficientes, mas com os historiadores dando crédito material aos textos bíblicos quando identificavam cidades ou locais fisicamente conhecidos ou não.

  Hoje, porém, esta visão mudou e conturbou completamente uma possível coerência no processo histórico, sob cujos desdobramentos os textos bíblicos em diversas ocasiões convergiriam. O que mais causa divergências e cisões entre arqueólogos, sociólogos, historiadores e pesquisadores são as diferentes constatações de que as culturas dos povos se teriam desenvolvido em períodos não coincidentes com aqueles asseverados pelos textos bíblicos. Em alguns casos, se afastam de tal forma dos relatos religiosos que robustecem ainda mais a colocação dos argumentos díspares de quem diverge. Mesmo o Egito não escapa do esquadrinhamento de fatos imprecisos ou inexistentes e que produzem hiatos na sua memória arqueológica, por não existir elos sequenciais de elementos concretos corroborantes com as narrativas bíblicas.

  De Adão historicamente nada se pode comentar, exceto que o texto bíblico descreve propositalmente o paraíso no lugar onde existiu a antiga Mesopotâmia. O que Adão teria realizado não é cabal nem procedente, mesmo porque quase nada é dito de seus hábitos em comum com Eva no Jardim do Éden. A única trilha a seguir no contexto religioso é aquela deixada por seus descendentes até Noé. Não há, portanto, conteúdo em Adão e Eva como personalidades, sobre as quais se pudessem analisar e inferir racionalmente como a história necessita.

 De acordo com nossos cálculos, o começo da povoação da terra com Adão e Eva teria acontecido há aproximadamente 6046 anos, cifra esta, reafirmamos, insignificante perante os anais universais e cronologia humana. Aventamos, porém, que o cálculo judaico de 5769 anos, dessa mesma distância de polos humanos, possa ser explicado pela sabedoria milenar cabalística. A data popularmente fixada do início de seu calendário é a de 07 de outubro de 3760 a.C., e como já nos referimos, apesar da diferença de 277 anos, não muda a espinha dorsal de nossos cálculos, pois alcançaria os 653 anos que Adão ainda viveria até atingir 930 anos de idade. Porém, a cabala caldeu-hebraica mantém tradições herméticas onde se guardam explicações mais profundas não só dos sistemas numéricos relacionados com as forças divinas, como crônicas e livros sagrados de uma sabedoria antiquíssima. Esse assunto não abordaremos nesta obra.

  Teria sido a Mesopotâmia realmente o Jardim do Éden? Que a Mesopotâmia foi o berço da civilização dos povos do oriente médio não há dúvidas. Muito embora ramos étnicos semíticos tivessem alargado o círculo de seus grupamentos nômades para mais além do Tigre e Eufrates, é inegável a influência por eles recebida dos povos culturalmente adiantados viventes na Mesopotâmia. Todavia, o Gênesis bíblico ao prefaciar o Velho Testamento com a criação da natureza terrena e humana em poucas linhas, sob uma cosmogonia bastante resumida, não explicaria o necessário, deixando aos historiadores e pesquisadores modernos uma única saída a fim de tentar entender a razão e o sentido de tal revelação. E como os operadores da ciência material são na prática inerentemente agnósticos ou ateus, o concretismo é a única via de suas pesquisas. Mesmo reconhecendo no ser humano uma psique reveladora de sensações, pensamentos e toda a sorte de emoções, não é competência da ciência anelar filosoficamente algo imaterial sobrepondo-se ao material. Nem atribuir um Deus invisível e intangível a quem a psique, anima, ego ou superego instintivamente reverencia, se dobra e oferece segundo sua cultura. Na realidade, permeia-lhe, não obstante, à ciência concreta, a alma física do anacronismo que homens procuram exorcizar com esforço racional e tecnológico. Mas, de todos os modos, na contra mão da via que percorrem, um inevitável paradoxo os obriga a seguidamente reconhecer um paradigma invariável, persistente e inexplicavelmente constante com a inclinação humana, que vem revelar sempre na alma dos povos a imorredoura certeza a algo invisível e superior a todas as demais vidas e formas da natureza.
     
  Dessa maneira, partindo das crenças de genealogias sagradas de povos preexistentes aos judeus, a pesquisa procurou analogias e paralelos para entender a cosmogonia bíblica. E não foi difícil encontrar coincidências no Gênesis bíblico com os relatos mitológicos sumérios.

  Evidenciava-se que os sumérios tinham chegado à Mesopotâmia antes do povo judeu, subjugando com suas milícias e adiantada cultura os semitas ali viventes, conforme já vimos. Alguns registros históricos apontam 6.000 anos de existência da civilização suméria; outros levantam suspeitas e suposições de que esse tempo possa ser maior, puxando a lenda do Jardim do Éden para um período ainda mais recente. Os cananeus, que anteriormente viviam pela região da Mesopotâmia, seriam antes da invasão suméria pequenas e esparsas tribos semitas que não podiam representar uma influente cultura. Mas somente após o êxodo do Egito, e com a civilização suméria decaída e fragmentada, que os judeus teriam chegado a Canaã dos cananeus na Palestina com sua força militar e religião monoteísta, lá se instalando. Admite-se que os cananeus, nessa época, já utilizavam o termo hebreu para designar seu ramo étnico, que os judeus somente após a conquista de Canaã absorveriam e adotariam. Portanto, hebreu antes do êxodo, não seria somente epíteto de especial ramo semítico israelita conforme atribuíam a Moisés e ao povo judeu escravo no Egito.

  Além disso, o hebraico é um idioma muito mais antigo, originário da África e lá existente há mais ou menos 8.000 anos a.C., levado para a Ásia e depois falado tanto por fenícios como por cananeus. Sua forma escrita, mais tarde trabalhada pelos rabinos judeus que lhe introduziriam sinais massoréticos, estabelece similitudes com o aramaico falado por Jesus e alguns povos da antiga Palestina e Mesopotâmia. Desse modo, os sumérios teriam sido muito anteriores aos judeus do Velho Testamento e não poderiam de forma alguma se revestir com um proselitismo judaico, senão o oposto, visto a cultura politeísta suméria, durante milênios, ser a mais forte e assimilada forçosa ou casuisticamente pelos povos espalhados desde a Síria Oriental até a Mesopotâmia.

  A mitologia suméria é extensa e apresentaremos unicamente trechos de algumas de suas histórias, iniciando pelo conceito que possuíam da existência de duas grandes forças cósmicas chamadas Apsu e Tiamat. Apsu representava o poder positivo e masculino; Tiamat representava o poder negativo e feminino. Quando se uniram criaram Anu, o céu, Enlil, a terra, e Ea, o mar. Ea criara o homem do barro, mas como a terra era Enlil, ele reinava sobre tudo. Havia outros deuses representados pelos planetas (vemos aqui como a astronomia suméria já descobrira outros planetas) que foram criados pelas três forças ou deuses que também criaram o Sol e a Lua.

  Os homens estavam mergulhados no pecado e Enlil decidiu castigá-los afogando-os com uma grande inundação. Ea, a deusa das águas, foi contra esta drástica punição e procurou Utnapishtem, seu amigo, contando-lhe a decisão de Enlil. Utnapishtem resolveu então construir um grande barco que abrigasse toda a sua família e a salvasse do dilúvio.

  Outra lenda vem ressaltar o pensamento cultural sumério e diz respeito à busca da imortalidade, fazendo lembrar o Jardim do Éden por seus elementos simbólicos. Gilgamesh, rei sumério, teria governado após o dilúvio. Seria ele mais deus do que humano, tendo 2/3 de origem divina e 1/3 terrena, e por toda a vida andara em busca de aventuras. Seus feitos remetem ao herói grego Heracles e ao bíblico Nimrod, filho de Cuxe da linhagem de Noé.

  Gilgamesh, após a morte de Enkidu, seu amigo de aventuras, busca pelos frutos da árvore da vida, de apanágio dos deuses, para oferecê-los aos homens a fim de torná-los imortais. Procura Utnapishtem que lhe informa onde estaria a árvore da vida. O pai da humanidade pós-diluviana o alerta, contudo, de que não seria possível dar imortalidade aos homens, pois Ea, ao criá-los, dera-lhes o legado imutável da morte. Mas Gilgamesh, intrépido, suficiente, acostumado a vencer desafios vai à busca da árvore da vida, encontrando-a. Porém, a serpente guardiã ataca-o e o mata.

  Os sumérios entendiam a separação do céu e da terra, descrevendo também Enlil como o deus do ar, o separador, quando todas as coisas tiveram origem. Interessante, da mesma forma, é a lenda do herói Etana, levado aos céus no dorso de enorme águia e que observara a forma esférica do planeta e as águas separadas da terra. Segundo seu relato, a extensão de terra, qual gigantesca montanha plana encurvada para baixo, flutuava sobre as águas de Ea.

  No capítulo do Gênesis bíblico há a referência ao Deus Criador de todo o universo trabalhando durante seis dias e descansando no sétimo dia. Jehova, IHVH (IEVE), Jah-Eva ou Jah-Hovah, tornou-se o Deus único formador do credo religioso hebreu monoteísta. Esse Deus, destarte, é muitas vezes mencionado como Eloha, IHVH Alhim ou Jeovah Elohim. Segundo os hebreus, Elohim eram deuses conhecidos como co-criadores do universo, da natureza e dos homens. Seriam as próprias forças criadoras, tantas vezes mencionadas no politeísmo sumério e por outros povos da Ásia.

  Essa relação, ao invés de tergiversar dos textos bíblicos, vem reforçar a antiga ideia da concepção cósmica por deuses criadores que o Deus dos judeus sozinho encarnaria e assumiria com o objetivo de estabelecer uma visão cosmogenética mais simplificada, que terminaria por não acontecer, visto o relato de o Gênesis ser abreviado, confuso e aparentemente sem nexo.

  Por outro lado, a arqueologia não encontrou ainda meios para definir uma data precisa, ou o mais aproximado possível, de quando definitivamente o dilúvio teria ocorrido, se de fato ocorreu conforme diz o Velho Testamento. Cientistas são categóricos em afirmar que pelos estudos dos solos, acidentes geográficos e condições ambientais de muitas regiões dos continentes, até o momento não há indícios de que há milênios tenha de fato acontecido uma inundação daquela magnitude.

  Estudos acurados indicam também que seria impossível a natureza provocar inundação de uma só vez em todo o planeta, cobrindo montanhas, oceanos, mares e rios em somente quarenta dias de chuva. Mesmo chovendo mais do que quarenta dias, se verificaria aumento de volume ínfimo de água por toda a Terra, embora para nós esse mesmo volume viesse a se revelar assombrosamente grande. Ademais, segundo ainda afirmam homens das ciências, a natureza, além de tudo, não reúne condições de formar tanta elevação de nuvens que possa precipitar uma inundação em escala planetária.

  O Noé bíblico, tanto quanto Abraão, Jacob, José e Moisés, são reconhecidos e respeitados pelo Islam que, principalmente, consideram Abraão um muçulmano da maior envergadura. Esta atribuição se deve por sua aceitação e fé a um Deus único, pois nos tempos dos patriarcas não existia ainda cristianismo ou islamismo.

  Noé é frequentemente citado nas predicas muçulmanas com elementos adicionais não encontrados no Velho Testamento, como ilustra uma passagem em que se volta a Deus para lamentar a morte de seu filho, afogado durante o dilúvio. Deus, no entanto, o consola dizendo que ele verdadeiramente não era seu filho, pois o procedimento dele era pecaminoso.

  Já Ismael, outro filho de Abraão, é considerado ancestral da linhagem de Maomé, profeta do Islam, e devido a isso os muçulmanos reclamam totais direitos sobre a Palestina. Os muçulmanos advertem que os judeus perderam o direito às terras por que as tribos de Israel haviam mergulhado no pecado ao adotar cultos politeístas pagãos em Canaã, e por se terem degradado. Deus então os castigou com o cativeiro da Babilônia e depois os fez dispersar em diásporas pelo mundo, sem país nem pátria.

  Sabe-se que o movimento sionista sediado nos Estados Unidos e Europa, afirmava ter os judeus o direito de voltar as suas origens na Palestina. Baseavam-se nos argumentos de que foram injustamente perseguidos no mundo inteiro, principalmente na Europa por autoridades da igreja processadoras dos progroms, que eram execuções de judeus não convertidos.  O movimento de retomada judaica, com ajuda do barão de Rothschild no final do século XIX, já providenciaria assentamentos judeus em primeiras colônias agrícolas na Palestina. A partir de 1917, os sionistas construiriam assentamentos rurais e urbanos restabelecendo a cultura hebraica na terra. Em 1933 os judeus já eram mais de 20% da população palestina.

  Em 29 de novembro de 1947, a ONU aprovaria o retorno dos judeus à Palestina que como estado judeu teria 14000 km2, indo de Haifa à Telaviv e do deserto de Neguev até o Golfo de Acaba, incluindo-se nesta partilha parte da Galiléia. Os árabes teriam um estado com 11500 km2, da Cisjordânia à faixa de Gaza. Jerusalém seria elevada a uma posição de destaque internacional. Essa divisão desagradou os árabes e gerou a guerra que se estendeu entre os anos 1948 e 1949.

  Terroristas judeus promoveriam muitos ataques contra os colonos palestinos que resistiam à invasão, matando famílias, queimando suas propriedades e obrigando a enorme contingente de colonos emigrar para países árabes. Aproximadamente 300 mil palestinos, que insistiriam em permanecer, passariam a viver em condições sociais inferiores, sem muitos direitos de cidadãos livres, ou em situações de pobreza em acampamentos. Estas ações terroristas israelenses são conhecidas como o massacre de Doir Yassin.

  A genealogia bíblica estabelece em duas ocasiões, a cada dez gerações, o aparecimento de um patriarca. A exceção fica por conta de Jacob - filho de Isaque o primogênito de Abraão - nascido gêmeo de Esaú. Noé representa a décima geração a partir de Adão e Abraão é também a décima a partir de Noé. Porém, há dúvidas quanto à data do nascimento de Abraão na cidade de Ur, na Caldéia, como acontece com as datas de eventos que incluem personagens bíblicos. O nascimento de Abraão estaria condicionado ao período entre os anos 2000 a.C. a 1500 a.C. (pelos nossos cálculos teria nascido em 2091 a.C.), e nesse mesmo período se registraria a reunificação do império sumério após a expulsão dos guti, povo nômade originário dos montes Zagros, no Alto Tigre. Esses nômades tinham se infiltrado nas cidade-estados sumérias em 2230 a.C., quando os sumérios vinham minando o domínio acádio com constantes rebeliões. Os acádios, por seu turno, povo também nômade provindo do deserto da Síria conquistariam aos grupos, antes dos guti, as cidade-estados sumérias entre 2350 a.C. e 2340 a.C.

  Apesar de alguns historiadores serem cautelosos num julgamento definitivo sobre a realidade ou não da existência dos patriarcas bíblicos, outros demonstram o mais profundo ceticismo quanto ao fato. Grande número de pesquisadores no mundo inteiro, no entanto, está interessado unicamente em comprovar a veracidade dos relatos bíblicos sem preconceitos. Achados arqueológicos têm sido para uns a via única comprobatória de falhas e inverdades dos relatos do Velho Testamento. Duas conhecidas correntes de estudiosos, nos Estados Unidos e na Europa, divergem em vários pontos sobre critérios interpretativos dos elementos arqueológicos coligidos. A Maximalista se apresenta não radical, comedida, postulante da aceitação de fatos bíblicos como sendo históricos desde que não possam ser contestados nem sejam comprovadamente falsos. Já a corrente Minimalista desconsidera e julga falsos os fatos onde não haja evidências possíveis de comprovação.

  A nós parece-nos haver grande precipitação dos Minimalistas em julgar fatos bíblicos dessa forma, pois dificilmente há consenso ou absoluta certeza de uma amostra arqueológica ou documento histórico serem eminentemente comprobatórios de mentiras e enganos, ou suficientes de per si para conclusões definitivas.

  Dúvidas levantadas quanto à existência de Abraão e, por conseguinte, de outros patriarcas, decorrem também da instituição de novos hábitos adotados por eles que não seriam nem originais e nem da mesma época de seus clãs. No caso de Abraão, descobriu-se que hábitos de tribos semitas idênticos aos esposados ou instituídos por esse patriarca, segundo a Bíblia, já existiam desde o primeiro milênio da era anterior à Cristo. Um caso discutido é o modelo de um contrato achado em escavações e atribuído a pertencer a Abraão, que mais tarde se descobriria ser de data muito anterior ao patriarca e de prática comum entre antigos semitas. Outro caso é o da circuncisão instituído por Abraão, a mando de Deus como prova de aliança entre Deus e sua descendência, mas cuja origem e referência histórica recuam milênios ao continente africano onde já era hábito de primitivas etnias. Mesmo na Palestina, os cananeus a praticavam e da mesma maneira os egípcios entre os períodos do Bronze Médio (2200 a.C. - 1550 a.C.) ao Bronze Recente (1550 a.C. - 1200 a.C.).

  Uma história não bíblica conta que Abraão respeitante ao Deus único, veio ter com Melquisedeque que o abençoou, fortalecendo-lhe a mensagem de que seus descendentes povoariam a terra como as incontáveis estrelas se espalhavam no céu. Algumas vezes, os relatores de textos antigos confundiam Melquisedeque, rei de Salém, com o próprio Deus. Desse modo, Abraão teria falado pessoalmente com Deus encarnado.

  Jacob seria o patriarca a realizar propriamente as promessas feitas a Abraão pelo Deus único, relativamente ao povo judeu. Isaque geraria dois filhos gêmeos por Rebeca - sua mulher -  chamados Esaú e Jacob. Esaú nasceria primeiro, vindo Jacob segurando seu calcanhar. Mais tarde, estando Isaque a morrer, pretendia dar a benção ao primogênito Esaú. Jacob, sabedor de que seu pai não enxergava bem, e seguindo orientação de Rebeca, vestiu-se com a roupa do irmão cobrindo o pescoço e as mãos com a pele de cabritos, recebendo de Isaque a benção.

  Jacob teria tido doze filhos que constituiriam as doze tribos de Israel, porque Deus trocara o nome de Jacob para Israel. José, seu décimo primeiro filho, acabaria vendido por seus irmãos a mercadores nômades, sendo levado ao Egito onde um rico comerciante chamado Putifar o compraria. Mais tarde, interpretaria os sonhos do faraó reinante na cidade de Menphis, que segundo a história seria hicso -  povo asiático semita invasor do Egito - onde os hicsos permaneceriam durante a 15ª. e 16ª. dinastias, sendo depois expulsos. José, já como chanceler do Egito, mandaria buscar toda a sua família e descendentes, que entrariam no Egito livremente por 71 anos, mas passado esse tempo seus descendentes permaneceriam escravos por 430 anos, contados após a morte de José, sendo finalmente libertos por Moisés.

  Neste ponto, começa a maior das polêmicas envolvendo a criação da Bíblia. A tradição sacerdotal (a mesma que religiosa) atribui a Moisés a autoria dos cinco primeiros livros. Investigadores rechaçam a existência de Moisés, sua origem hebraica e todos os seus atos fantásticos praticados no Egito e fora dele, obedientes à vontade do Deus de Israel. Os fatos concatenados pela arqueologia e pesquisadores não sequenciam uma relação histórica conducente ao libertador hebreu.
      
  A história argumenta que havia constantes emigrações de povos semitas ao Egito em busca de água, alimentos ou trabalho assalariado muito antes do período bíblico do êxodo. Em épocas turbulentas, ou quando o governo egípcio necessitava de mão de obra, os estrangeiros eram proibidos de sair do país, sendo feitos escravos. Os egípcios, já antes de Moisés, mantinham possessões nas regiões da Palestina e Mesopotâmia cobrando impostos nas cidades-estado, e realizando toda a sorte de comércio. Portanto, era comum o intercâmbio egípcio com povos semitas e povos de outros países distantes, como a Grécia. Os gregos, por oportuno, gozavam de respeito e prestígio no Egito.

  Quanto a José, sua possível existência é admitida pelos historiadores pelo fato de terem encontrado provas arqueológicas identificadoras de hábitos ou de acontecimentos da vida egípcia, coincidentes com as descrições bíblicas à época em que José lá teria vivido. Mas quanto a Moisés, afirmam, nada comprovar sua existência, sendo também pouco provável ter existido um Moisés egípcio ou hebreu, ou mesmo parte egípcio parte hebreu. Ademais, não há qualquer referência nos anais egípcios identificadora da ocorrência das dez pragas relatadas no livro do Gênesis. Na época da partida do povo israelita muitos outros semitas lá permaneceriam, e somente mais tarde viajariam ou não de volta para seus grupamentos étnicos de origem, em pequenos êxodos, como sempre acontecia. Porém, em existindo de fato aquele êxodo espetacular narrado no Velho Testamento, de seiscentos mil homens israelitas além de mulheres e crianças, teriam também se misturado aos israelitas, os caldeus, danus, filisteus, arameus e tilkers, visto a Bíblia deixar subentendida a não permanência no Egito de nenhum outro escravo semita após o êxodo, senão unicamente os livres nativos egípcios.

  A história não desata e os religiosos somente repetem a Bíblia ou ressaltam manuscritos apócrifos. Neste ponto, as duas correntes são inconciliáveis, mesmo por que o religioso crê, imagina e se satisfaz. A história, ao contrário, manuseia, tange, rearticula e procura comprovações sem o que nada pode guardar, afirmar ou restabelecer.

  São muitas as lendas de um hebreu que teria nascido no Egito de mãe judia e lançado ao Nilo com três meses de idade. Esse ato extremo o teria realizado a mãe de Moisés por que o faraó antes determinara que todos os recém-nascidos varões, filhos de Israel, fossem mortos pelas parteiras hebreias Sifra e Pua. Visto os meninos judeus continuarem a nascer porque as parteiras não os matando mentiam ao faraó, dizendo chegar sempre atrasadas aos partos, o faraó mandou seu povo lançar ao Nilo todos os meninos hebreus recém-nascidos.

  É dito em êxodo 2; 1 a 5, sobre o nascimento de Moisés:
  “Foi-se um homem da casa de Levi e casou com uma descendente de Levi. E a mulher concebeu e deu à luz um filho; e vendo que era formoso, escondeu-o por três meses. Não podendo, porém, escondê-lo por mais tempo tomou um cesto de junco, calafetou-o com betume e piche, e, pondo nele o menino largou-o no carriçal à beira do rio. Sua irmã ficou de longe para observar o que lhe haveria de suceder. Desceu a filha do faraó para se banhar no rio, e as suas donzelas passeavam pela beira do rio; vendo ela o cesto no carriçal enviou a sua criada e o tomou.”

  Moisés seria criado por sua própria mãe descoberta nas proximidades do rio, e mais tarde, já grande, iria ter com a filha do faraó que a partir de então o criaria como filho. A tradição religiosa afirma ter Moisés realizado coisas grandiosas no Egito antes da saída israelita do cativeiro. A corrente de desconfiados historiadores continua negando aqueles feitos e a origem hebraica do salvador.

  Neste particular, inferimos outra vez que historicamente o termo hebreu poderia perfeitamente ter sido adotado pelos judeus no Egito, uma vez que os cananeus, como vimos, assim se denominavam há milênios, antes mesmo da conquista suméria na Mesopotâmia. Povos semitas já mencionados emigravam aos grupos para o Egito em constantes e temporárias viagens, podendo alguns grupos cananeus terem lá permanecido também escravos, e se misturado aos israelitas. Consoante a regra comum de trocas e absorções culturais de ramos étnicos na convivência simples ou estreitada, e consoante ao caldeamento étnico que forçosamente acontece nesses casos, ocorreriam também no Egito semelhantes fatos. Assim, adicionamos esse ingrediente às discussões históricas, quando entendem que a designação de povo hebreu se incorporou idiossincraticamente aos israelitas somente no retorno judeu à Canaã, tendo existido o êxodo ou não.

  A propósito da discussão sobre o êxodo, decorrem muitas outras dúvidas da existência de locais, povoações e cidades na época desse grande acontecimento. Os 40 anos de peregrinação pelo deserto, sob penitência imposta pelo Deus IHVH, são da mesma forma postos em dúvida, e também devido ao fato de Josué não ter escrito o sexto livro na sua totalidade, embora não tenha havido maiores preocupações durante séculos para esclarecer o fato. Uma das evidências constatadas nas investigações sobre Josué, reside nos diferentes estilos empregados nas narrativas com datas diversas. Os textos mostram os pronomes “nós” e “nos” revelando que mais de uma pessoa testemunharia os acontecimentos e colaboraria na manufatura do livro. Outra evidência ocorre nas descrições dos acontecimentos que teriam lugar após a morte de Josué, como as conquistas de Hebrom e Dã por Otoniel. Sobre isto, defende o Talmude, o livro sagrado judeu, que os últimos versos do livro de Josué teriam sido escritos por seu filho Pinkbas.

  Por outro lado, cidades como Ai, Gabaon e Jericó, segundo comprova a arqueologia, ainda não existiam no século XIII a.C., logo não poderiam ter caído em mãos israelitas conforme atestam os textos bíblicos. A existência do próprio Israel como entidade histórica e a maneira soberba como vem descrita é fartamente contestada. Os historiadores e arqueólogos sugerem que ao invés do grande êxodo, Israel teria emergido dos cananeus e a nomenclatura Israel atribuída às doze tribos de Jacob, também surgiria na antiga Canaã sob influência egípcia, não sendo, portanto, primazia do patriarca judeu a originalidade do mencionado epíteto quando Deus substituira seu antigo nome. O império egípcio, como vimos, estendia-se além de suas naturais fronteiras alcançando cidades-estado palestinas e mesopotâmicas. Daí, influenciar cananeus, e, neste caso, israelitas. Os cananeus, tribos árabes provindas da Ásia à época de suas migrações da Mesopotâmia para a Palestina, se infiltrariam e se instalariam em locais diversos. A teoria dos historiadores admite que os israelitas, mediante os extorsivos tributos egípcios, teriam se afastado da antiga Canaã migrando para as montanhas do Efraim, lá se espalhando por diversas regiões constituindo outros povoados. Por outro lado, o nome Israel é uma aglutinação epônimo de Isis (mãe natureza ou alma universal), Ra (deus solar, pai) e El (sufixo designativo de majestade, poder ou senhor), todos do panteão de deuses egípcios.

  Mais tarde, se verificariam pequenos êxodos dos nômades israelitas de volta à Canaã, devido aos seguidos conflitos com os primitivos moradores do Efraim, com ocupação gradual e pacífica das cidades-estado cananéias, sem existir, portanto, a tomada à força através de guerras, conforme afirma o Livro de Josué. Desse modo, os israelitas teriam voltado às suas origens por outros motivos, tendo continuado o culto da circuncisão, bem como mantido a proibição do consumo de carne suína. Reafirmam, assim, os pesquisadores, que esses mesmos hábitos sócio-religiosos, os israelitas já os possuíam antes das migrações a Efraim, por que teriam sido passados pelos egípcios aos cananeus.

  Todos estes fatos descaracterizariam um preâmbulo ao aparecimento dos reinos de Davi e Salomão, pois as provas arqueológicas vêm alinhar elementos concretos de negação ao estabelecido nos livros bíblicos, reforçando antigas e profundas dúvidas históricas e desconfianças, que fragilizariam os mitos da existência dos patriarcas e narrativa do êxodo hebreu. Ao mesmo tempo, assomam cada vez mais certezas de que o conteúdo do Velho Testamento não seja outra coisa senão uma fábula ou grande ficção, aliado aos fatos adicionais de que Samaria e Jerusalém, nas épocas dos reis Davi e Salomão, seriam cidades com populações insignificantes, portanto não dignas de representar tão majestosos e faustuosos impérios. Entretanto, a polêmica continua.

CAPÍTULO V
A MONTAGEM DA BÍBLIA

  Historiadores e boa gama de religiosos concordam que a Bíblia não foi escrita unicamente nas épocas em que seus autores teriam vivido. Este é um dos poucos pontos convergentes destas duas correntes que no mais divergem, às vezes, diametralmente. A tradição religiosa aponta um tempo de mais de 1500 anos para que a Bíblia fosse escrita na sua totalidade, ou seja, teria começado com Moisés no deserto ou Monte Sinai e terminado com João na Ilha de Patmos.

  O Velho Testamento nos seus pródromos fora constituído por manuscritos originais que teriam sido armazenados na Arca da Aliança e aceitos como ditados por IHVH ou por Ele inspirados. Assim assevera a tradição sacerdotal. Muito mais tarde, em 90 d.C., foi proposto ao Conselho Judaico de Jamnia que sete outros livros e quatro acréscimos pudessem fazer parte da Bíblia, o que foi negado. Somente em 8 de abril de 1546, o Concílio de Trento admitiria incorporar à Bíblia aqueles sete outros livros e os quatro acréscimos, chamados apócrifos, formando-se assim a atual Bíblia católica com os trinta e nove livros originais e os adicionais.

  Moisés teria escrito os cinco primeiros livros chamados o Pentateuco. Constituir-se-ia então de o Gênesis, que narraria os atos da criação; o Êxodo, que trataria dos acontecimentos da saída ou fuga dos judeus do cativeiro egípcio; o Levítico, que estabeleceria as leis para a regulamentação da vida judaica e todo um ritualismo sacerdotal; o Números, relativo ao acercamento ou censo do povo saído do Egito, e o Deuteronômio, um tipo de reedição do Levítico onde Deus traria novas leis para os judeus. Josué daria continuidade ao trabalho realizado por Moisés, entrando com o povo judeu definitivamente na terra de Canaã, depois de 40 anos de peregrinação pelo deserto. Os relatos dessa incrível viagem punitiva do Deus IHVH aos homens, e todas as suas vicissitudes, terminariam nos livros de Moisés. O Livro de Josué descreveria, principalmente, as dificuldades encontradas em Canaã, o cumprimento das novas ordens de Deus para o povo judeu, as guerras que precisariam empreender para lá definitivamente instalar-se e as manobras de repartições das regiões que as doze tribos iriam ocupar. Portanto, do Pentateuco até Malaquias, se constituiria o antigo formato do Velho Testamento.

  Os sete livros adicionais denominados deuterocanônicos são: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, Macabeus I e Macabeus II e os quatro acréscimos, Ester (Ester), Cântico dos Três Santos Filhos (Daniel), História de Suzana (Daniel) e Bel e o Dragão (Daniel), aprovados pelo Concílio de Trento, passariam a formar com os trinta e nove livros anteriores a nova Bíblia. Esse ato oficial eclesiástico da Igreja Católica viria de encontro aos protestos dos reformistas protestantes, ecoando pelo mundo religioso como represália ou autêntica vingança clerical. Os livros do Velho Testamento católico passaram então a somar 46, contra os mesmos 39 do Velho Testamento protestante. Assim, somando-se os 27 livros do Novo Testamento, a Bíblia católica passou a ter 73 livros contra 66 da Bíblia protestante.

  Já o Novo Testamento, constitui-se das narrativas dos quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), dos Atos dos Apóstolos, Epístolas de Paulo, Hebreus, Epístolas de Tiago, de Pedro, de João e de Judas e o Apocalipse de João. Assim, nesta apropriação por nós resumida se estrutura a Bíblia, mas excetuando os sete livros e escritos adicionais, se costuma definir o cânon bíblico somente com os trinta e nove livros originais, ou seja, os formadores da estrutura reta, da régua certa de medir.

  As escriturações, traduções e compilações teriam agregado em épocas diferentes, em torno de quarenta homens. O vocábulo Bíblia, deriva do grego biblos que significa pequenos livros, que uma vez organizados compactaram-se num único e quase definitivo tomo. Os manuscritos bíblicos foram inicialmente escritos em grego, aramaico e hebraico.

  A cronologia religiosa levanta sempre dúvidas que conduzem a discussões com os historiadores no que tange às datas dos manuscritos mais antigos. Na realidade, a criação e organização da Bíblia, além de comportar um período bastante longo, possuem episódios esparsos. O Pentateuco, segundo a tradição, ou um segmento dela, começaria a ser escrito pelo libertador hebreu cerca de 1490 a.C., data essa em absoluto consensual, pois existe quase uma dezena de datas acerca da saída de Moisés do Egito. Não se sabe ao certo qual idioma Moisés teria adotado originalmente. O Egito, na época em que supostamente Moisés lá teria vivido, absorvia grande influência cultural grega. Supõe-se que os gregos já existiam no século XV a.C. como grande nação, embora o período histórico de seu florescimento cultural e expansão de suas conquistas militares se registrasse entre 1000 a.C. e 30 a.C.

  Muitas palavras da linguagem egípcia à época provinham de etimologia grega. Faraó, designação do rei egípcio; a cidade de Heracleópolis; Philae ou File uma ilha do Alto Nilo; o próprio nome Moisés, originado de Mosh ou Mês (para uns derivado de Tutmoses) são algumas dessas reminiscências, dentre tantas outras, que influenciariam à semântica egípcia. Diz-se que Moisés falava Ático, idioma ou dialeto literário da antiga Grécia.

  Sob este prisma, podemos admitir que a influência hebraica possa também ter chegado a Moisés no Egito nessa mesma época, por força da presença nômade cananéia e de outros povos semitas ou dos africanos, visto o hebreu ser idioma antiquíssimo originário da África. Além do mais, a tradução do vocábulo hebreu significa “aquele que vem de fora,” formando assim prova aparente de uma assimilação externa. O hebraico de Moisés, se nesse idioma ele se expressava, deferiria provavelmente do atual em relação à formação vocálica escrita, pois as vogais só foram introduzidas de forma massorética há mais ou menos 1000 anos. É também provável Moisés ter falado e escrito em aramaico devido à grande semelhança existente entre esses dois idiomas praticados contemporaneamente.

  A formação da Bíblia, sem dúvida, incorporaria um tempo bastante longo para vir representar uma entidade histórico-religiosa. O termo Testamento provém do hebraico Barith, significando aliança, pacto ou contrato e se vincula às origens dos manuscritos revelados. O Velho Testamento, organizado num certo espaço-tempo sob os eventos principais dos semitas judeus, com narrativas especialmente direcionadas e exemplos propositalmente conduzidos, traduziria a vontade superior do Deus IHVH para uma linguagem artificialmente humana. Através da presença moral e devotada fé dos patriarcas Noé, Abraão, Jacob e Moisés, anexadas à obediência do continuador Josué, a aliança do divino com o humano aconteceria entre relativos limites geográficos do mundo afro-asiático - testemunha de tantas revelações e intermediações cíclicas de deuses e mensageiros celestiais - e outras latitudes mundiais. A aliança, não obstante, tantas vezes evocada para as tribos israelitas, não seguiria simplesmente o seu caminho em tempo integral, mas tomaria diversas e tumultuadas direções ou novas e inesperadas vertentes, segundo as necessidades dos momentos e os elementos físicos habilmente engendrados.

  Os eventos maiores, quase sempre físicos, representativos das diferentes etapas da aliança de Deus com os patriarcas semitas, ressaltariam em Noé com a construção da arca do dilúvio e o subsequente repovoamento da espécie humana sobre a Terra. Em Abraão, com a promessa de uma descendência tão ampla que se rivalizaria em número com as estrelas no céu, suplementada pela instituição da circuncisão nos fiéis. Em Jacob, com a reunião de seus doze filhos formadores das cabeças das doze grandes tribos de Israel, consumando-se neles a promessa a Abraão, iniciada em Isaque, e respeitante à expansão do povo de Deus em Canaã. Finalmente em Moisés, com a consolidação das doze tribos durante o êxodo do Egito, o estabelecimento dos Dez Mandamentos, a construção da Arca da Aliança anelada às imolações e preceitos ritualísticos, e a conquista de Canaã. O Pentateuco, elemento memorizador dos quatro maiores eventos formulados por Deus para as tribos de Israel, com suas importantes e posteriores decorrências, se constituiria, com o passar dos séculos, no sagrado e fundamental cânon substanciador do credo religioso judaico rabínico.

  As importantes decorrências que seguiriam justapostas aos eventos maiores instituídos pela vontade de Deus sedimentariam ao longo dos 40 anos de peregrinação pelo deserto, novos e destacados elementos na estrutura emocional-mental dos israelitas, ou viriam se amalgamar a algumas de suas anteriores tradições. Os decretos divinos regulamentariam também, de várias maneiras, o monoteísmo judeu, modelando a alma de IHVH à alma israelita.

  A Bíblia, em constante elaboração desde o êxodo em1300 a.C, seria ainda por cerca de 2754 anos para o mundo ocidental, o último tradicional e sobrevivente elo material a testemunhar a aliança espiritual de Deus com um povo. Pelo menos assim pensariam por todo esse tempo os eruditos operários judeus, tradutores e recopiadores dos textos bíblicos, até 1000 d.C., responsáveis através daquelas escriturações pela conservação de suas longuíssimas tradições histórico-religiosas com as fontes originais. Isso estaria considerado pelo fato de a Arca da Aliança, as Tábuas dos Dez Mandamentos e os pergaminhos escritos por Moisés nunca terem sido encontrados. E foi somente em 1454 d.C. que Gutenberg imprimiu a Bíblia pela primeira vez dando fim ao percurso dos manuscritos e iniciando a era da tipografia.

  Mesmo o Novo Testamento, pelas palavras de Jesus Cristo, viria confirmar o Velho. Mas as palavras não convenceriam os rabinos seguidores da Torah e nem os convenceriam a presença física do próprio Cristo ou os milagres por ele concebidos. Eles aguardavam por outro libertador, que chegaria com glória e esplendor para reunificar as tribos de Israel e recolocar a nação judaica à sua antiga condição de povo eleito. E nesse ponto residiria o problema até hoje não resolvido, responsável pela ruptura do processo histórico-religioso judeu.

  A conciliação entre os dois períodos históricos jamais ocorreria, muito menos a conciliação religiosa. A tradição mosaica reafirmaria seu ortodoxismo, enquanto Cristo espalharia a nova mensagem. A Bíblia, em breve futuro, estaria montada de duas histórias: a do Velho Testamento, cujos escritos representariam os pilares fundamentais instituídos por IHVH e construídos pelo esforço humano, e a do Novo Testamento, que assentaria o arcabouço da fé judaica em Cristo, após o palco das lutas em Canaã, a desobediência a IHVH e os posteriores flagelos suportados.

  Porém, os judeus não se afastariam de suas milenares tradições religiosas. Tanto os sacerdotes propagadores da Torah quanto aqueles do povo a quem a mensagem crística se destinaria, não a acolheriam da maneira desejada. Tendo contribuído para a condenação de Jesus e vociferado por sua crucificação, inúmeros, a despeito da infâmia, teriam obtido curas milagrosas e extraordinários benefícios pela fé dos apóstolos. Mas em seguida à destruição de Jerusalém e à segunda diáspora israelita, milhares esqueceriam Cristo, voltando aos antigos hábitos sócio-religiosos mantidos pela tradição oral patriarcal. E nisso, uma vez mais, se consumariam as palavras do nazareno ao predizer que nenhum profeta é reconhecido em sua própria terra. Os verdadeiros cristãos seguidores de Jesus, pregadores na Palestina e nas cidades longínquas, partiriam mais tarde para terras estrangeiras onde, por eles, a universalidadeel de Cristo conheceria outra acolhida, mas onde palmilhariam também um calvário sob constantes sombras, sacrifícios e mortes.

  Apesar de todas as dificuldades os missionários ensinariam que o enviado de Deus era Cristo e quem com ele vivesse, viveria em Deus. Esse elo, uma vez formado, seria inquebrantável, uma novíssima e mais perfeita aliança, por que dispensaria sacrifícios de animais, altares de holocaustos, templos suntuosos erigidos por mãos humanas, ou heróicas conquistas terrenas, pois o seu reino não seria deste mundo.

  Voltando à organização da Bíblia, os manuscritos originais do Pentateuco de Moisés, os de Josué, os demais pertencentes ao sagrado cânon religioso hebreu e mesmo os apócrifos - esses últimos selecionados entre quase cem relativos aos dois Testamentos - teriam a linha existencial plena de situações atípicas. Os manuscritos do Pentateuco, e provavelmente também os de Josué, estariam inicialmente guardados e condicionados à Arca da Aliança, juntamente com as Tábuas (Pedras) dos Dez Mandamentos. Todos os demais manuscritos em pergaminhos, após certo tempo, necessitariam ser recopiados a fim de que seus conteúdos não se perdessem com a degradação dos materiais utilizados. Mas após o desaparecimento da Arca da Aliança e durante os tumultuosos séculos de guerras, destruições de cidades e escravidões, aqueles documentos e outras provas materiais sob cuidados sacerdotais, seriam transferidos a lugares seguros e ocultados. As ocultações poderiam ocorrer em túneis, grutas, cavernas e poços abandonados, em subsolos de edifícios, ou no interior de tumbas e mausoléus. Alguns documentos teriam viajado emergencialmente às cidades vizinhas ou a países distantes.

  Mesmo guardando a tradição desde o aparecimento dos patriarcas, por cujos milênios passados se confundiriam mentes e anotações escribas, os mais antigos manuscritos cuidadosamente recopiados, apócrifos ou não, ou compondo o sagrado cânon bíblico, remontam tão somente aos séculos III ou IV a.C. O tempo muitas vezes aliado das lendas e epopeias de heróis semitas, se tornaria, por um lado, a contramão de sua verdadeira história. Sendo a Bíblia testemunha de duas versões tradicionais, a religiosa e a histórica, não haveria mesmo como conservar tangível a originalidade manuscrita que pudesse fazer os céticos hodiernos dobrar-se ante o sacramentado e o indiscutível. Por outro lado, essa possível originalidade se dissolvida e devorada pelas longínquas e nebulosas cortinas das intempéries humanas, vem não obstante servir de pano de fundo para a reafirmação de uma viva e inquestionável tradição, que sendo forte e desafiadora sobreviveu aos laços sufocadores do tempo e se provou por si própria de uma extraordinária e perene longa vida na alma hebraica, independentemente de qualquer outro elemento concreto de discussão.

  Contam os historiadores que em 622 a.C., durante o reinado de Josias e na ocasião da reforma do Templo de Jerusalém, os operários encontraram um livro antigo. Esse livro corresponderia ao Deuteronômio que faz parte do atual cânon bíblico. O interessante nessa história é a profecia constante no livro sobre um rei escolhido por Deus que seria o ungido para realizar reformas na sociedade e salvar o povo hebreu. Desnecessário dizer-se que esse rei seria o próprio Josias, cujo nome estava ali consignado. A profecia acabaria por realizar-se e Josias reunificaria temporariamente os reinos de Judá e Israel, mas não viveria para essa glória, pois morreria em campo de guerra.

  Muitos acontecimentos levantariam discussões quanto ao valor dos manuscritos formadores da Bíblia. Ao decorrer de séculos e milênios, como dissemos, os escribas teriam realizado o minucioso trabalho de recopiar os manuscritos e os eruditos de proceder às traduções. Neste longo processo intelectual, não se sabe quantas inferências acidentais ou propositais teriam acontecido modificando a pureza original dos textos. Mas se por um lado existissem possibilidades de erros dos copistas ou de conscientes inferências, por outro lado existiam os especialistas que examinavam e comparavam os documentos. O trabalho era conhecido como Crítica Textual. Ao término, chegavam aos Textos-Padrão.

  Havia uma importante categoria escriba de origem judaica. Era a família Massoreta, de membros profundamente conhecedores do hebraico, grego, aramaico e de outros idiomas, que faziam correções ortográficas e gramaticais entre os anos 500 d.C. e 1000 d.C. Foi deles o trabalho de introduzir os sinais “massoréticos” no idioma escrito hebraico. Os sinais introduzidos foram as vogais não existentes até então nos textos.

  Judá e Israel, por oportuno, formariam os dois reinos. A origem desses dois reinos aconteceria, principalmente, por disputas da hegemonia sobre todo o Israel. Judá representaria a mais numerosa das tribos que havia partido do Egito. Segundo o censo, reuniria 74600 pessoas entre descendentes diretos de Jacob e agregados. Caberia a Judá a região sul de Canaã, compreendida desde o deserto de Negueve ao Sefelá, e cujas cidades como Hebrom, Arade, Belém, Berseba, Bete-Somes e Laquim, fariam parte de seus domínios.

  A separação de Judá e Israel se daria após a morte do rei Salomão em 931 a.C. e por ocasião da disputa do trono. Judá e Benjamim permaneceriam aliados tendo como capital Jerusalém sob o reinado de Roboão, filho de Salomão. Israel se constituiria ao norte com as dez outras tribos, tendo como capital Samaria.

  Da divisão das tribos judaicas surgiriam as quatro principais tradições fundamentadas na interpretação do Pentateuco: a javista, do sul, adotando as tradições do Deus Javé (IEVE ou IHVH); a eloista, do norte, seguindo as tradições do Deus Eloi (Elohim ou Elhim); a deuteronomista, permanecendo obediente ao livro do Deuteronômio, que como antes dissemos teria sido encontrado nas revirações das obras que operários realizavam no Templo de Jerusalém, em 622 a.C., e a quarta tradição, associada ainda ao Pentateuco, que se consolidaria por volta de 587 a.C., fora dos reinos de Judá e Israel, no exílio dos judeus na Babilônia, que se chamaria sacerdotal.

  Esta última tradição emergiria espontaneamente do seio do povo de Judá, por ele ter sido despojado de muitos dos elementos materiais que davam base espiritual ao seu credo monoteísta, reiniciando a transmissão oral. Dessa maneira, os prisioneiros judeus garantiriam a memória de suas principais e importantes tradições sócio-religiosas.

  De acordo com relatos históricos, Nabucodonosor II teria sitiado Jerusalém em 598 a.C. e o jovem rei Joaquim se renderia sem resistência. O próprio rei, o aparato da nobreza hebraica, oficiais militares e artesãos seriam levados prisioneiros para a Babilônia, num total de mais ou menos dez mil pessoas. O Templo de Jerusalém seria saqueado e todos os objetos sagrados de ouro, prata, adornos e pedras preciosas tomariam o destino da Mesopotâmia. Em lugar do rei Joaquim permaneceria Zedequias, nomeado por Nabucodonosor II. Mas em 587 a.C. uma nova onda de prisioneiros judeus sofreria o exílio para a mesma Babilônia, em decorrência de uma segunda revolta contra seus dominadores, e o Templo de Jerusalém seria destruído.

  Gedalias, o novo rei nomeado por Nabucodonosor II, governando um número pequeno de judeus pobres, seria assassinado dois meses depois, e o fato acarretaria a fuga da população para o Egito pelo temor da vingança babilônica, ficando Jerusalém abandonada.

  O período do cativeiro da Babilônia abrange e coincide com o surgimento de três dos principais profetas citados no Velho Testamento, cujos respectivos livros lhes atribuem à autoria. São eles Jeremias, Ezequiel e Daniel.

  A cidade da Babilônia cairia em mãos do persa Ciro em 539 a.C., e durante seu primeiro ano de mandato, entre 538-537 a.C., ele libertaria os judeus para retornar a Judá a fim de reconstruir a cidade de Jerusalém e o Templo de Salomão. Jerusalém, entretanto, abandonada por cinquenta anos, fora tomada de samaritanos, praticantes de uma tradição religiosa que diferia em alguns princípios da praticada pelos judeus de Judá. Houve conflitos e divisões que ainda hoje permanecem.

  Da maior importância para a confecção e montagem da Bíblia seriam as ações de Esdras, descendente de Aarão que nos tempos de Moisés teria sido designado por Deus a ser o sumo sacerdote de Israel. Esdras, em hebraico, Ezra, significando “aquele que ajuda,” lideraria em 457 a.C., o segundo êxodo judeu dos cativos da Babilônia. Esdras seria mandado pelo rei Artaxerxes a seguir para Jerusalém devido à dissolução dos hábitos religiosos monoteístas judeus, pela adesão ao politeísmo pagão de outros povos. Faria pregações diárias sobre os princípios sociais, religiosos e morais estabelecidos pelas leis mosaicas.

  O Livro de Esdras trata, principalmente, do retorno dos judeus da Babilônia, do recambiamento dos objetos levados do Templo de Salomão por Nabucodonosor II, da reconstrução do Templo em Jerusalém e da reimplantação dos hábitos mosaicos. Nessa época, registra-se a primeira diáspora de judeus pelo mundo, daqueles que saindo da Babilônia não desejaram retornar para Jerusalém.

  Neste ponto a crítica dos historiadores dissidentes é incisivamente enfática ao não concordar com a biografia religiosa de Esdras. Além do fato, argumentam que o Livro de Josué teria sido escrito durante o exílio na Babilônia, em 566 a.C., e o Pentateuco de Moisés, em Judá, em mais ou menos 600 a.C. Baseiam essas asserções nos alinhamentos dos achados arqueológicos.

   A Bíblia em si mesma foi transplantada de uma tradução da Torah hebraica. A Torah constitui-se dos cinco livros chamados Tanakh. De acordo com a tradição judaica a Torah escrita e a Torah oral foram reveladas simultaneamente por Deus a Moisés no Monte Sinai. A Torah oral seria propriamente a maneira de ensinar o cumprimento dos mandamentos da Torah escrita. Algumas revelações sobre as tradições da Torah não coincidem. Há uma versão de que Moisés seria o seu autor mesmo antes do êxodo, portanto ainda em solo egípcio. Moisés teria tido a visão futura dos acontecimentos e da sua própria morte, transferindo todos os fatos dessa vidência para a Torah. Uma terceira versão confirma a existência da Torah antes mesmo da criação do mundo, formulada pelo Criador para a evolução humana. E ainda, a tradição judaica afirma ter Moisés revelado os fatos na sua essência, mas a compilação final da Torah se desenvolveria e tomaria forma posteriormente, através de outras pessoas.

  Por outro lado, a tradição também dá conta de que a Torah viria somente ser revelada e difundida a partir de Esdras, portanto após o cativeiro da Babilônia, e por essa afirmativa histórico-religiosa não teria existido antes de Josias.

       Tanakh ou Tanach, do hebraico, é uma sigla chamada acrônimo, construída a partir de outras palavras, designando um conjunto de livros sagrados reconhecidos como a Bíblia judaica. A sigla veio a ser formada das palavras: Torah ou Pentateuco, Nevim ou Livro dos Profetas e Kethuuim ou escritos. O Tanakh é também conhecido como Medra. Já o Mishná trata da compilação da Torah oral, redigida detalhadamente por volta de 200 d.C., orientada por Judá Hanasi.

  O Talmude é uma coleção de leis e tradições judaicas, datado de 499 d.C., que agrega a Torah oral em sessenta e três capítulos, onde estão transcritos valores religiosos, morais e éticos dos costumes hebraicos. O Talmude é a base ou referência material da ortodoxia judaica, pois estabelece comentários detalhados da Torah de Moisés incluída na Mishná.

  Outra forma de transmissão se chamaria Midrash ou Midraxe hebraica, surgida na Palestina no século I a.C. criada especialmente pelos judeus com estilo próprio, abrangendo antiga tradição oral judaica da Torah de Moisés, passada de pai para filho. Segundo a tradição, IHVH teria escrito a Torah em fogo negro sobreposto ao fogo branco, revelando com isto que o fogo negro seria a Torah escrita ao passo que o fogo branco a Torah oral.

  Vemos, assim, que a escrituração do Velho Testamento foi sempre a constante preocupação dos rabinos judeus das três grandes correntes do judaísmo, a saber: a reformista, a conservadora e a ortodoxa.

  No século III a.C., entre os anos 287 e 247, surgiria a Septuaginta que foi a tradução da Torah do hebraico para o grego, encomendada por Ptolomeu II, rei do Egito. Desejava o monarca descendente do general Ptolomeu, de Alexandre Magno, enriquecer a biblioteca de Alexandria recém-inaugurada, com o Velho Testamento hebreu. O trabalho de tradução da Torah seria realizado em setenta e dois dias, por setenta e dois rabinos. A Septuaginta estabeleceria um marco na história judaica, tornando-se a base ou referência de futuras traduções do Velho Testamento.

  Mais tarde, no século IV d.C., seria a vez da Vulgata, que foi a tradução da Bíblia do hebreu para o latim, feita por São Jerônimo, atendendo solicitação do papa Dâmaso I. A Vulgata se transformaria num exemplar mais fácil para a compreensão dos textos, em comparação com todas as traduções anteriores. A Vulgata seria somente revista por ordem do Concílio Vaticano II no tempo de Paulo VI, terminando sua revisão em 1995 com o nome de Nova Vulgata.

  De tudo o que se diga ou possa ainda dizer-se da Bíblia, é inegável reconhecê-la como o livro portador das mais polêmicas páginas que o mundo ocidental jamais viu. Entre verdades históricas, simbolismos, mitos e tradições a Bíblia reúne material que obriga pesquisadores, religiosos, e até mesmo ateus, a insistentemente mantê-la guardada na memória e objeto freqüente de conversas.

CAPÍTULO VI
OS DEZ MANDAMENTOS

       Não há dúvidas de que os dez mandamentos expressam um código veiculador de regras sócio-religiosas. Tem sido, sobretudo, na Bíblia, um guia moral subscrito não por uma autoridade temporal, mas pela divindade absoluta revelada aos judeus e reconhecidamente severa, disciplinadora e até iracunda.

  Nas suas origens não seria elemento alternativo, opcional, evocativo de uma liderança humana. Viria de todo do Deus IHVH, por conduto de Moisés, seu maior representante na Terra, imposto para obrigatória observação. Assim também afirma e reafirma a tradição rabínica. E é desta maneira que o Livro do Êxodo nos passa a transmissão dos dez mandamentos pelo Deus dos hebreus no Monte Sinai.

  Sinai ou Horeb seria o lugar, o monte ao pé do qual o povo hebreu acamparia enquanto o líder Moisés subiria para encontrar Deus. As tantas e assustadoras lendas acerca desse monte mantinham os viandantes afastados. Diziam haver nele fumaça, fogo e espíritos que caminhavam.

  Em 1904 o egiptólogo inglês Flenders Petrie chegaria ao Sinai da Arábia Saudita, com o intuito de explorá-lo. Subiria. E o que descobriria pouco tempo depois de iniciadas as escavações? Enigmática edificação egípcia, estendendo-se por santuários anexos, túneis e câmaras perfeitamente escavados. Encontraria fornos e inúmeros objetos de variados portes e formatos, concluindo que no passado, nesses locais, se teriam realizado intensas atividades. O exame das esculturas e representações murais remeteria às datas anteriores ao êxodo hebreu, havendo inclusive referências coincidentes ao tempo em que Moisés teria vivido no Egito.

  Não seria de estranhar a razão de os egípcios terem assentado bases num monte no deserto da Arábia, pois em sucessivas incursões em busca de ouro e especiarias quando subjugavam os semitas da Mesopotâmia e Palestina e transformavam muitas de suas metrópoles ou cidades-estado em estados-tributários, costumavam sair de suas principais rotas e avançar por outras regiões. E o Monte Sinai da região saudita não distava muito das terras egípcias.

  Duas principais questões avocadas na ocasião da descoberta seriam: Moisés teria subido o monte com o único objetivo de tentar falar com IHVH?  E o Deus IHVH, de fato, nesse lugar, lhe teria passado as leis que na sua essência não seriam tão diferentes das regras morais já existentes para sumérios, caldeus, egípcios, gregos e outros povos da antiguidade?

  Arriscamos-nos a dizer que é temerário acreditar irrestritamente em linhas históricas delineadas pelos arqueólogos, como também o é, da mesma forma, aceitar a tradição religiosa sem reflexões ou discussões. Assim, para entrarmos na discussão histórico-religiosa dos dez mandamentos necessitaremos novamente vir fazendo pequenos retrospectos sobre a vida e personalidade de Moisés, hoje de existência e feitos tão contestados por correntes de historiadores cada vez mais céticos.

  Conforme vimos, Moisés supostamente participaria de rituais secretos nos templos e pirâmides egípcias e seria o escolhido para nova tentativa de estabelecer o monoteísmo, visto o pensamento de Akhenaton ter também desaparecido com sua morte. Em assim sendo, e para o cumprimento dessa grande missão, Moisés necessitaria do auxílio e sabedoria dos sacerdotes adeptos do monoteísmo. Os mandamentos gravados em primeira vez em madeira e em segunda vez em tábuas de pedra, poderiam perfeitamente ter sido talhados por oficiais artesãos. Nada inverossímil nessa suposição, uma vez que, mais adiante, a Bíblia diz que IHVH mandaria Moisés chamar os artesãos Bezalel e Aoliabe bem como colocaria habilidades noutros homens para que construíssem a arca em ouro e fabricassem todos os demais aparatos do templo no deserto.

  Há polêmicas acerca da origem e interpretações dos dez mandamentos. Para alguns, seu conteúdo seria Asseret Hadibrot que significa as Dez Falas ou os Dez Ditos.

  Não é novidade os povos terem cultuado deuses e divindades com diversas e variadas conotações politeístas. Mas sumérios e caldeus, por exemplo, já cultuavam também deuses trinos. Por vezes, a expressão criadora de um deus se desdobrava a quatro, como nos ensinamentos dos próprios sumérios e indus que mais tarde, no século II de nossa era, com idêntico pensamento, seria reafirmado pelos ofitas do Egito. O nome Elohim não foi originário do vocabulário hebreu e veiculava mais do que uma força divina, um coletivo de deuses criadores. Eloha, no singular, era para sumérios e caldeus unicamente um dos Elohim.

  Em nosso idioma o vocábulo Deus denota plural por sua própria formação morfológica. E se Deus era Elhim ou Elohim, reconhecido pela antiga cabala hebraica rabínica como sete poderes criadores, a origem do politeísmo já começaria no próprio Deus.

  O Gênesis nos dá provas deste coletivismo deífico quando descreve as etapas da criação, mencionando inicialmente o Deus Criador como uma só expressão. Mais adiante, no versículo 26 do Capítulo I do Gênesis, a mensagem é outra, como segue: “Também disse Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança.” Indubitável a revelação no texto pluralizando forças criadoras.

  A idéia da tríade os sumérios representavam com Bel, Ea, Anu; os egípcios com Osíris, Isis e Horus; os indus com Brahma, Vishnu e Shiva ou Sat, Chit e Ananda; os parsi com Ahura-Mazda, Spento (Angro-Main Yush) e Aramaiti e os babilônicos com Talmus, Marduk e Baal. Entretanto, o monoteísmo introduzido por Moisés aos hebreus não falaria de tríade e nem de trindade, pelo menos o Livro do Gênesis a nada disto se refereria, apesar de deixar misteriosas pistas acerca de Eloha-Elohim. Nem posteriormente, na decorrência do êxodo, haveria qualquer citação a esse respeito por parte de Moisés, o que indubitavelmente nos conduz a uma mensagem principal e proposital acerca de um Deus único, sem qualquer outra conotação de pluralidade, semelhante ao solitário Aton, Deus-Sol egípcio, divinizado por Amenophis IV.
     
  Precisamos considerar que o primitivismo cultuou certas idéias religiosas que com o tempo sofreriam algumas transformações. Se os caldeus-sumérios desenvolveram uma civilização altamente utilitária há mais ou menos 6.000 anos na Mesopotâmia, segundo a história oficial, foram realmente exceção junto às tribos semitas ali viventes. Não foi sem motivos que rapidamente suplantaram as tribos vizinhas imprimindo-lhes sua adiantada cultura. E de onde teriam adquirido tal cultura e por qual razão a trariam para a Mesopotâmia?  A história oficial sabe muito pouco dos sumérios, que seriam um ramo dravidiano da Ásia Central que por motivos desconhecidos se fixariam na região dos rios Tigre e Eufrates na Caldéia.  

 A influência suméria modificaria o pensamento religioso das tribos mesopotâmicas e palestinas e introduziria, além do religioso, novos elementos básicos culturais extensivos também aos gregos e egípcios e a outros povos da África. No entanto, a ligação suméria com o oriente mais afastado, onde na Índia os dravidianos possivelmente praticariam ensinamentos védicos, não está clara para a história. Se os dravidianos tivessem trazido da Índia para a Mesopotâmia e Palestina todo o pensamento védico lá ensinado, naturalmente o teriam implantado in totum e seria também assimilado pelos povos semitas, o que não aconteceu. Embora a cosmogonia entendida pelos sumérios não fugisse à idéia central da criação do universo e sistema solar, e gênesis de deuses e homens, conforme ressaltado nos ensinamentos arianos, sua filosofia de vida era eminentemente prática, voltada para a transformação utilitária da matéria e de seus elementos. Os indus, ao contrário, destacaram sempre e basicamente um pensamento religioso místico ‑ contemplativo e meditativo ‑ no intuito de sobrepor-se às clamantes necessidades físicas e materiais. A religiosidade indu edificou-se sempre sobre atitudes de purificação, desapego e negação à concentrada atividade para a posse material.

  Os sumérios dravidianos, contudo, contrariando alguns dos preceitos religiosos da Índia, desenvolveriam as aptidões de transformar a matéria através de grandes conhecimentos da física, astrologia, química, matemática, medicina, arquitetura, mineração e de outras ciências afins, usufruindo do utilitarismo e conforto tecnológico que com o tempo grassariam parcialmente para povos vizinhos. Esses fatos tão visíveis e destacados no mundo antigo nos levam a concluir que a civilização suméria teria começado na Mesopotâmia com a cultura dravidiana trazida do oriente distante, mas sofreria um impulso fantástico pouco tempo depois deles ali se terem estabelecido.

  Portariam também fundamentos morais que os adaptariam, conforme já analisados, e os aplicariam ao cotidiano, que tal como suas atividades científicas, seriam identicamente absorvidos em proporções bem menores pela vizinhança semita. Alguns destes fundamentos remontam há mais de 10.000 anos, desde a tradição védica oral, quando os arianos pregavam regras disciplinadoras da vida social.

  Os ensinamentos védicos são extremamente amplos, que, como dissemos, os dravidianos deles teriam também absorvido. Parte deles é aplicada excelentemente à psicologia religiosa esotérica. São hinos, cantos, rituais, devoções, sacrifícios e conhecimentos compilados em quatro textos principais, chamados Rig-Veda, Sama-Veda, Yajur-Veda e Atharva-Veda. A palavra veda deriva da raiz sânscrito vid que é conhecimento. As escriturações dos textos védicos datam de mais ou menos 1500 anos a.C. As origens da tradição oral, entretanto, perdem-se nas noites do tempo remontando talvez há mais de 20.000 anos.

  Dos Vedas, podemos destacar os “Aforismos de Patanjali”, do Livro II, atitudes, que nos parecem assemelhar-se aos mandamentos bíblicos. Os cinco primeiros mandamentos estabelecidos são:

1. Inofensividade                    4. Continência
2. Verdade                                5. Não avareza.
3. Não roubar

  Esses mandamentos são regras básicas aos candidatos desejosos de levar vida asceta e àqueles portadores de intensa devoção religiosa, não recolhidos ao ascetismo. Cabem também ao povo. No entanto, se flexibilizam diante da impossibilidade da absoluta conciliação com os afazeres da vida material e familiar, atenuando assim as observâncias em alguns aspectos.

       Outros cinco mandamentos são essencialmente devocionais de obliteração ou negação à vida material, mas principalmente de práticas sacerdotais:

         1. Purificação interna e externa       4. Estudos espirituais.
2. Gozo (satisfação, alegria)             5. Devoção a Ishvara.
 3. Aspiração ardente                            (o Deus Criador Indu)

  Inegável a presença do pensamento sumério nos povos do Oriente Médio e Egito. Os egípcios, por oportuno, influenciariam gregos que em contrapartida influenciariam egípcios nos períodos de certas dinastias. Mas por trás das cenas estaria a originalidade suméria, mesmo nos períodos de domínios caldeu-sumério, acádio-sumério, assírio-sumério e babilônico.  

  Houve, desse modo, diversos amálgamas religiosos, ajustes, influências idiossincráticas, novos conceitos e novas práticas, mas nada tão absolutamente diferente que por milênios as religiões deixassem de possuir em traços comuns. Nas destacadas civilizações o povo praticava as religiões abertamente enquanto os sacerdotes as praticavam ocultamente sob certos cuidados e segredos.

  O Egito, embora se situasse na África, não produziu um povo com raízes unicamente africanas. Sua situação geográfica favoreceu a miscigenação com etnias nômades dos vários ramos raciais distintos de fora do continente, e mais tarde com semitas do Oriente Médio e grupamentos indo-europeus que chegavam em sucessivos êxodos em busca de água e alimentos.  Apesar desse caldeamento, o Egito conseguiu isolar a casta real, a nobreza, a classe sacerdotal, os oficiais militares e os altos funcionários de administração, destacando-os dos emergentes de camadas inferiores do povo representados por trabalhadores, artesãos e escravos.

  As sucessórias investiduras da emblemática divina faraônica representavam para muitos reis os cargos de sumo ou altos sacerdotes, e essas proeminências facilitavam a implantação e conservação das idéias religiosas politeístas, muito embora existissem sempre disputas e cisões sacerdotais, principalmente entre as capitais Tebas e Menphis do alto e baixo Egito.

  O Egito, ao longo das dinastias, pôde produzir sua própria nomenclatura simbológica, riquíssima mitologia e três linguagens próprias de comunicação, a par de desenvolver adiantada ciência para a época, que em alguns aspectos era cercada de mistérios, como, por exemplo, as técnicas empregadas para as mumificações. E sob essa pulsante sabedoria, Moisés se instruiria e viria se preparar para introduzir no mundo semita o pensamento monoteísta. A isso se seguiria imediatamente um código moral disciplinador, sócio-religioso, chamado de os Dez Mandamentos. O motivo pareceria evidente, não sendo outro senão a mudança das conceituações politeístas já extenuadas após milênios de práticas.

  A longa caminhada humana, ao reinado de tantos deuses terrestres e extraterrestres, estaria assim aos pródromos de um novo rumo para um Deus unificador. Os períodos histórico-religiosos dos politeísmos seriam, a partir dessa aceitação, pouco a pouco soterrados pelo novo e sintetizador ciclo que se apresentava. Permeava-se de uma só crença e varreria em definitivo das mentes semitas as múltiplas interpretações do passado motivadoras de absurdas idolatrias.

  Os dez mandamentos, contudo, como todas as grandes e importantes revelações bíblicas e marcantes eventos, trariam com o tempo interpretações diversas e polêmicas. Mas para o povo a quem se destinariam naquele momento, e por conter claras coibições, os mandamentos se encaixariam básica e literalmente às necessidades de severa e necessária disciplina. Foram, na maior parte, imposições imperativo-negativas embora, mais adiante, nas revelações do Livro do Deuteronômio, Moisés introduzisse novas e disciplinadoras regras e comentasse sobre os deveres e cuidados acerca das ordens divinas.

   Os dez mandamentos, em síntese, viriam traduzir as seguintes primeiras regras disciplinadoras:

1.  Não terás outros deuses diante de mim.
         2.   Não farás imagens de esculturas e não as adorarás.
3.  Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.
4.  Guardarás o dia de sábado para O santificar.      
         5.  Honrarás a teu pai e tua mãe.
6.  Não matarás.
7.  Não adulterarás.
8.  Não furtarás.
9.  Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
        10. Não cobiçarás a mulher do teu próximo nem os seus  
            pertences.

  O texto bíblico discorre sobre seis dessas regras e, sem dúvidas, é um breve discurso reconhecido como os dez ditos ou dez falas.

CAPÍTULO VII
AS ALIANÇAS DE IHVH COM OS HEBREUS DO ÊXODO

  Este capítulo nos servirá para revermos e reavaliarmos os principais e marcantes eventos introdutórios do monoteísmo revelado a Moisés.

   Entendemos uma aliança como a forma de um compromisso mútuo ou de um pacto entre partes. Admitamos que o Deus IHVH resolvesse fazer uma aliança com o povo judeu a fim de estabelecer o monoteísmo na Terra. Mas em todas as aparições aos protagonistas Deus jamais solicitou a colaboração voluntária deles, antes os informou que eram escolhidos e deveriam realizar o que Ele determinaria. A contrapartida humana se daria através da fé e obediência e se procedessem como mandado veriam Sua glória entre o povo.

  Essa disposição representou propriamente mais que um pacto entre partes, mas uma imposição superior. Em termos espirituais, talvez pudéssemos definir a intenção de IHVH como instrumento definitivo para obrigatória oblação e sacrifício judeu. Nesse caso, não seria de fato uma aliança espontânea e nem os motivos reais de tal aproximação e inferência divina seriam revelados. Eis um mistério!

  A aliança, no entanto, como citada no Pentateuco, caracterizaria definidas etapas que iriam gerar marcantes e sucessivos acontecimentos como capítulos de uma história adrede delineada. Começaria, talvez, desde Adão, passando por Noé, Abraão, Isaque, Jacob e por Moisés, terminando finalmente com Josué em Canaã. Seriam, nesse caso, sete situações maiores sedimentadas com o sangue semita. E como cada uma dessas etapas desdobraria novos e definitivos rumos na história, preferimos definir essas variações como necessidades impostas a fim de reafirmar e levar adiante o roteiro básico com diferentes personagens, fossem eles principais ou secundários, ou intra-relacionados. Assim, com o tempo, Deus firmaria novas alianças, que repercutiriam nas gerações presentes e futuras dos judeus semitas, visando sempre tangíveis resultados.
     
  Ao analisar o Pentateuco e concentrar nossa atenção nas situações decorridas no êxodo, por ser o êxodo, talvez, o maior dos eventos épicos na história semita, acusamos a evolução de quatro grandes e significativos momentos nascidos das novas alianças. Os enfoques, por si sós, representariam os quatro grandes impulsos sedimentares para as aquisições de outros valores sócio-religiosos pelos hebreus. A cada uma daquelas alianças - reforçamos - se acentuariam contextuais decorrências perfeitamente segmentadas sob a égide de um determinismo perfeitamente encadeado.

  Acreditadas ou não, as narrativas bíblicas ressaltam, a nosso ver, a incontestável sabedoria de Moisés cimentada por uma invejável cultura sacerdotal.

   Embora sistematicamente lenta através dos milênios, a marcha evolutiva humana em todo o mundo, atingiria periódicos e destacados ciclos de transições. Nesse prisma, os fatos históricos catalogados ao longo do tempo, evocariam também com certa frequência elementos culturais e religiosos que sob muitos aspectos foram reveladores de mútuas identidades entre os povos. Daí, podermos concluir e reafirmar que alguns episódios transcritos nas páginas do Velho Testamento, recomendam-nos uma olhadela aos hábitos religiosos dos egípcios.

  Se a Bíblia é ou não uma espantosa obra ficcionista, é outra história e discussão. Mas os delineamentos progressivos de seus textos conduzem os personagens semíticos a transitar com frequência de um polo a outro por importantes conexões de práticas egípcias. Além do Pentateuco, essas similitudes percorrem outros livros e crônicas do Velho Testamento, insistimos nesta convergência.

  É possível admitir-se a sabedoria humana sacerdotal de Moisés sendo a todo o momento testada ou estimulada por um Deus sabedor há longuíssimo tempo das nuances anímicas dos vários povos da antiguidade. A visão de IHVH se materializaria e obraria através do conteúdo cerebral de Moisés. Desse modo, ambos empreenderiam enormes esforços no sentido de implementar elementos mais bem trabalhados para um novo ciclo sócio-religioso judeu.

  É sempre bom relembrar que escravos não tinham tanta liberdade para cultos religiosos, senão para aqueles permitidos por seus senhores. Essa oportuna observação implica no entendimento de uma perda de identidade idiossincrática e uma consciente ou inconsciente assimilação de outros valores dos povos dominadores.

  Por mais de 400 anos a inicial mensagem de IHVH a Abraão, sobre a multiplicidade de sua descendência, pareceria ter caído no esquecimento. Esse mesmo fato se daria com a revelação de Deus a Jacob acerca das doze tribos de Israel que herdariam Canaã.

   Moisés surgiria então como o grande pilar, a ponte vertical entre o Deus de Israel e seu povo a fim de fazer cumprir a promessa a Jacob em Betel. Notemos, no entanto, que Deus falaria a Jacob sobre Canaã numa visão futura, não definindo na ocasião o tempo ou data do acontecimento. As principais consecuções das promessas aos hebreus tomariam vulto séculos depois, a partir do solo egípcio, continuando numa vertente planejada para a consecução final, visto as novas alianças, todas elas, ensejarem acontecimentos espírito-matéria. O Livro do Êxodo relata que a primeira e substancial aliança de IHVH com os hebreus aconteceria justamente na libertação do jugo egípcio, com todas as implicações entre Moisés e Ramsés II.

  Por outro lado, podemos entender a proximidade cronológica dos cultos a Aton e a IHVH como tentativas reais e verdadeiras de se estabelecer definitivamente o monoteísmo.

  Com IHVH se inauguraria um ciclo judaico que se afirmaria diferente dos eventos liderados por Noé, Abraão, Isaque ou Jacob, cujas provas de fé haviam orientado basicamente os seus respectivos clãs. Com aqueles antigos patriarcas o Deus único não inspiraria a organização e consolidação de um credo. Mas com os israelitas do êxodo IHVH imprimiria no seu animismo sucessivos registros sobrenaturais de efeitos físicos tangíveis, com a intermediação de Moisés, de carne e osso como eles. As impressões dos efeitos terrenos produziriam, ademais, na psique coletiva, figuras críveis e indeléveis para as gerações futuras. Entretanto, naqueles momentos eles se tornavam testemunhas co-responsáveis por ter visto, conhecido e participado!

  A própria identificação do Deus de Abrão, Isaque e Jacob trazia uma conotação mais séria, mais definitiva, pois somente aqui ele revelaria seu nome, como descrito em Êxodo 6:2 “Falou mais a Moisés e disse: Eu Sou o Senhor” (IHVH). Sabemos do respeito que os hebreus tinham por Deus, ao evitar chamar-lhe pelo verdadeiro nome, substituindo IHVH por Adonai, que significa Senhor.

   A épica viagem rumo à Canaã prometida faria uma pausa ao pé do Monte Sinai, que Moisés subiria, conforme já vimos, e onde se desenrolaria a dramática apresentação dos dez mandamentos. A prova material das Tábuas dos Dez Mandamentos se constituiria na inequívoca segunda grande aliança de IHVH com os hebreus. A alocação dessas dez regras viria de fato requerer, a partir dali, a rígida postura moral desejada por IHVH. Essa postura seria mais do que necessária para fundamentar os pilares sobre os quais o monoteísmo pudesse firmemente edificar-se e avançar como um culto desejável, possuidor de um código único e agregador. Esse código unificaria todas as demais práticas forjadas por outras crenças politeístas em que cada deus, bom ou vingativo, induzia a particulares e pessoais atitudes e cultos. A diferença básica se iniciava agora na contextura pragmática dos dez mandamentos, sob a rígida determinação de IHVH para obediência de todos. Os hebreus, no entanto, necessitariam de mais elementos para materializar um culto monoteísta e fundamentar sua fé religiosa.

  Mais adiante, Deus mandaria construir a arca que se consubstanciaria, juntamente com o tabernáculo e seus implementos ritualísticos, na terceira grande aliança. A surpreendente arca requerida pelo Deus IHVH seria qualquer coisa inusitada para um povo semita não acostumado a esse tipo de vínculo com outros deuses. Ao invés de uma imagem por Ele já proibida mandaria construir a arca para oficializar sua presença física entre o povo. No Egito havia arcas, veremos isso no próximo capítulo, mas eram objetos de cultos sacerdotais privativos, e não do povo, muito menos de escravos. Agora IHVH determinava a Moisés construir uma arca como no Egito, e justamente para um povo que lá estivera escravizado!

  A arca se constituiria em algo difícil e operoso para sua construção e de mão de obra artística e artesanal. Os objetos que a acompanhariam, todos confeccionados como os queria IHVH, identificavam a montagem de um templo especial, em pleno deserto, para a prática da magia. A magia, para seu pleno e perfeito funcionamento, necessitaria de uma organizada e complicada liturgia, ordenada e imposta nos seus mínimos detalhes pelo próprio Deus dos judeus ‑  segundo os informaria Moisés    e com imolações de animais.

  A quarta grande aliança de IHVH com os judeus do êxodo detalhada no Pentateuco e complementada sua narrativa no Livro de Josué, seria justamente a posse das terras prometidas de Canaã. Essa quarta aliança aconteceria quarenta anos depois de iniciada a difícil peregrinação pelo deserto. A posse definitiva de Canaã se daria após a morte de Moisés, conduzida em grande parte pelo incansável espírito de Josué, empreendedor de inúmeras guerras.

CAPÍTULO VIII
A ARCA DA ALIANÇA

  Não poderíamos deixar de comentar mais profundamente sobre a Arca da Aliança, revelada nos textos do Pentateuco como o maior dos engenhos de opulência mágica, que seria mandado construir pelo Deus dos hebreus. A presença da arca evocaria mais tarde o imenso zelo davídico e a profunda devoção salomônica, e de tal sorte que o riquíssimo e artístico Templo de Jerusalém seria erigido, principalmente, em função de sua existência.

  Segundo os capítulos do Êxodo, Moisés receberia a incumbência de IHVH para construir a arca. Em 24:12, é dito:
“Então disse o Senhor a Moisés: sobe a mim ao monte e fica lá; dar-te-ei tábuas de pedra e a lei e os mandamentos, que escrevi, para os ensinares.” Em 24:18, temos: “E Moisés, entrando pelo meio da nuvem, subiu ao monte e lá permaneceu quarenta dias e quarenta noites.”

  Em Êxodo 25:10-16, temos: “Também farão uma arca de madeira de acácia, de dois côvados e meio será o seu comprimento, de um côvado e meio a largura e de um côvado e meio a altura.” Seguindo-se a isto, Deus estabeleceria os demais detalhes acerca da construção da arca e de tudo mais que desejava a fim de materializar uma fantástica aliança com os hebreus.

  O metal básico que fundiriam para cobrir o interior e o exterior da arca, fazer as argolas para os varais, cobrir os varais e esculpir os querubins do propiciatório, seria o ouro, como é descrito em Êxodo 25:10: “De ouro puro a cobrirás; por dentro e por fora a cobrirás e farás sobre ela uma bordadeira de ouro ao redor. Fundirás para ela quatro argolas de ouro e as porás nos quatro cantos da arca: duas argolas num lado dela e duas argolas noutro lado. Farás também varais de madeira de acácia e os cobrirás de ouro, meterás os varais nas argolas aos lados da arca, para se levar por meio deles a arca. Os varais ficarão nas argolas da arca não se tirarão dela. E porás na arca o testemunho que te darei.”

  Em Êxodo 25:17-22, temos: “Farás também um propiciatório de ouro puro; de dois côvados e meio será seu comprimento e a largura de um côvado e meio. Farás dois querubins de ouro: de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório; um querubim, na extremidade de uma parte e o outro na extremidade da outra parte: de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele. Os querubins estenderão as asas por cima, cobrindo com elas o propiciatório; estarão eles de faces voltadas uma para a outra, olhando para o propiciatório. Porás o propiciatório em cima da arca e dentro dela porás o Testemunho que eu te darei. Ali virei a ti, e de cima do propiciatório do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel.”

  O que se estabeleceria entre o Deus IHVH e o povo israelita nestes episódios seria a determinante imposição para a prática do credo judeu, começado com a subjacente doutrina básica devocional, moral e social calcada nos dez mandamentos, e os decretos das primeiras leis igualmente morais e sociais por Ele mandados. Entretanto, o advento da Arca da Aliança, suplementado por grande aparato material para fins ritualísticos, configuraria, na verdade, um culto de pura magia!

  Isto fica bem claro quando Deus determina o que queria para as ofertas. No capítulo do Êxodo 25:1-9, temos: “Disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel que me tragam oferta; de todo homem cujo coração o mover para isso, dele receberei a minha oferta. Esta é a oferta que dele receberei: ouro, prata e bronze, e o estofo azul e púrpura e carmesim, e linho puro, e pelos de cabra, e peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de animais marinhos, madeira de acácia, azeite para a luz, especiarias para o óleo de unção, e para o incenso aromático, pedras de ônix, e pedras de engaste, para a estola sacerdotal e para o peitoral. E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles. Segundo a tudo que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis.”

  Ao falar do candelabro em Êxodo 25: 31-40, Deus destacaria que o candelabro precisaria ser de ouro puro e batido, com todos os detalhes desejados e segundo o modelo mostrado a Moisés no monte. Em 26:13, IHVH daria todas as especificações das dez cortinas de linho retorcido, estofo azul, púrpura e carmesim, e com querubins. Haveria ainda muitos e meticulosos detalhes passados a Moisés sobre a feitura das cortinas.

  Em Êxodo 26:14-30, Deus ensinaria fazer a coberta de peles e as tábuas e de 31 a 37 daria as instruções sobre o véu de estofo azul, púrpura e carmesim e de linho fino retorcido bem como discorreria sobre a manufatura das colunas de madeira de acácia. Ensinaria, da mesma forma, onde colocar a arca e como instalar os véus separando o Santo Lugar e o Santo dos Santos, além de dar outros detalhes envolvendo a mesa, o candelabro, uma porta, o reposteiro, etc.

  Em Êxodo 27: 01-19 IHVH explicaria como construir o altar do holocausto com madeira de acácia e a maneira de dispor outros objetos complementares, como chifres, recipientes para recolher cinzas, pás, bacias, garfos e braseiros, e onde os chifres seriam recobertos de bronze e quais objetos seriam feitos do próprio bronze, etc. Neste capítulo, Deus ensinaria, também, a construir o átrio do tabernáculo voltado para o meridional sul e muitas outras coisas relativas a isso. Nos versículos 20 e 21 falaria do azeite para o candelabro.

  Em Êxodo 28, Deus nomearia Arão sacerdote e discorreria longamente sobre as vestes sacerdotais, sua feitura, modelo e adornos com ouro e especial pedraria. Interessante, sobretudo, em Êxodo 29, são as instruções de Deus acerca dos sacrifícios ou imolações de animais, o banho de sangue, as unções, o corte dos corpos animais, a assadura da carne, os cheiros, os pães e tudo mais que serviriam de oferta do povo para Deus.

  Adiante, Deus falaria do altar do incenso, do pagamento do resgate, da bacia de bronze, do óleo de santa unção, do incenso sagrado e dos artífices.

  A história da Arca da Aliança prosseguiria até o saque ao Templo de Jerusalém no reinado de Roboão, a partir do que se perderia o seu rastro. Durante o tempo em que a arca teria permanecido em mãos hebraicas, as situações de guerra lhes seriam favoráveis, conforme relato em Josué 6:2;11;16 sobre a destruição de Jericó: “Então disse o Senhor a Josué:Olha, entreguei na tua mão a Jericó, ao seu rei e aos seus valentes. Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando-a uma vez: assim fareis por seis dias. Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifres de carneiros adiante da arca; no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as trombetas. Assim a arca do Senhor rodeou a cidade contornando-a uma vez. Entraram no arraial e ali pernoitaram. E sucedeu que, na sétima vez, quando os sacerdotes tocavam as trombetas, disse Josué ao povo: Gritai; porque o Senhor vos entregou a cidade.”

  Sob a proteção da Arca da Aliança, Moisés já teria vencido outros reis e tomado suas terras para os israelitas. Josué, continuando a servir IHVH e sob o poder e proteção da arca venceria trinta e um reis que reinavam do Jordão para o ocidente, desde Baal-Gade, no vale do Líbano, até o monte Halaque, que sobe a Seir; a qual terra Josué deu em possessão às tribos de Israel, segundo as suas divisões (Josué 12: 7-24).

  Após a morte de Josué, adviria um período de decadência das tribos de Israel. Muitas se voltariam para cultos estranhos ao estabelecido por IHVH, tendo permitido a convivência nos seus clãs de povos semitas a adoradores de outros deuses. Como resultado, Deus os colocaria em mãos inimigas, em escravidão, durante alguns anos. Nesse quadro, Samuel relata a vitória dos filisteus sobre os israelitas no Capítulo 04:1-4, e a tomada da Arca da Aliança por estes inimigos, nos versículos 5-11.

  Em Samuel, Capítulo 5 há o seguinte relato que ilustra o poder da arca, apesar de todos os acontecimentos ao povo de Israel: “Os filisteus tomaram a arca de Deus e a levaram de Ebenezer a Asdode. Tomaram os filisteus a arca de Deus e a meteram na casa de Dagom junto a este. Levantando-se, porém, de madrugada os de Asdode, no dia seguinte, eis que estava caído Dagom com o rosto em terra diante da arca do Senhor; tomaram-no e tornaram a pô-lo no seu lugar. Levantando-se de madrugada no dia seguinte, pela manhã, eis que Dagom jazia caído de bruços diante da arca do Senhor; a cabeça de Dagom e as duas mãos estavam cortadas sobre o limiar, dele ficara apenas o tronco. Porém a mão do Senhor castigou duramente Asdode e os assolou e os feriu de tumores, tanto em Asdode como no seu território. Pelo que enviaram mensageiros e congregaram a si todos os príncipes dos filisteus, e disseram: Que faremos da arca do Deus de Israel? Responderam: Seja levada a arca do Deus de Israel até Gate e depois de cidade em cidade. E a levaram até Gate. Depois de a terem levado, a mão do Senhor foi contra aquela cidade, com mui grande terror; pois feriu os homens daquela cidade, desde o pequeno até o grande; e lhes nasceram tumores. Então levaram a arca de Deus a Ecrom. Sucedeu, porém, que, em lá chegando, os ecronitas exclamaram dizendo: Transportaram até nós a arca do Deus de Israel para nos matarem, a nós e a nosso povo. Os homens que não morreram eram atingidos com os tumores, e o clamor da cidade subiu até o céu.”

  O capítulo 6:13,15,19,20, em Samuel, continua: “Andavam os de Bete-Semes fazendo a saga do trigo no vale, e levantando os olhos viram a arca, e, vendo-a se alegraram. Os levitas desceram a arca do Senhor, como também o cofre que estava junto a ela, em que estavam as obras de ouro e os puseram sobre a grande pedra. No mesmo dia os homens de Bete-Semes ofereceram holocaustos e imolaram sacrifícios ao Senhor. Feriu o Senhor os homens de Bete-Semes, porque olharam para dentro da arca do Senhor, sim, feriu deles setenta homens; então o povo chorou, porquanto o Senhor fizera tão grande morticínio entre eles. Enviaram, pois, mensageiros aos habitantes de Quiriate-Jearim, dizendo: os filisteus devolveram a arca do Senhor, descei, pois, vós e fazei-a subir para vós outros.

  O capítulo 7:1 continua: “Então vieram os homens de Quiriate-Jearim e levaram a arca do Senhor à casa de Abinadabe, no outeiro, e consagraram a Eliazar, seu filho, para que guardasse a arca do Senhor.”

  Tempos depois, sendo já Davi rei de Judá, lutaria contra os filisteus, vencendo-os, e levaria a arca para Jerusalém. A arca teria ajudado Davi vencer guerras e manter-se rei até o último de seus dias.

  Salomão, seu filho, o sucederia. Logo construiria luxuoso templo em Jerusalém homenageando ao Senhor e no lugar mais interior, no Santo dos Santos, mandaria anciãos e sacerdotes de Israel depositar a Arca da Aliança. A arca conteria em seu interior tão somente as duas tábuas de pedra que Moisés ali pusera junto à Horeb e mais tarde, provavelmente, manuscritos.  Depois da morte de Salomão, haveria a divisão da nação judaica nos reinos de Israel e Judá e não saberiam mais, com certeza, do paradeiro da arca. Suspeita-se que a arca teria sido retirada do Templo de Jerusalém no sexto ano do reinado de Roboão, sucessor de Salomão, antes da invasão de Judá pelo faraó egípcio Sheshonq I. Na ocasião, os egípcios teriam levado objetos do templo, e Judá seria transformada em estado tributário. Inscrições murais no templo de Karnak, no Egito, são o testemunho histórico dessa invasão egípcia à Jerusalém. Outros sugerem que antes da invasão de Jerusalém por Nabucodonosor II, Jeremias a teria escondido numa gruta.

  Sobre a originalidade da arca recaem muitas dúvidas de pesquisadores e historiadores. Considerando que Moisés de fato tivesse vivido no Egito, e fosse figura sacerdotal de proa e destaque na realeza egípcia, teria ele assimilado não só idéias monoteístas avocadas pelo faraó Akhenaton, como veria e experimentaria o poder das invocações ritualísticas no interior dos templos. Fosse Moisés escolhido de Ra, Aton ou Amom Ra para representá-lo fora do Egito, visto não ter vingado a tentativa de Akhenaton em instituir para seu povo a religião monoteísta, esse fato, por si só, se explicaria e jogaria luz sobre muitas discussões e especulações acerca de Moisés. O pensamento monoteísta poderia perfeitamente transitar de um ideal egípcio para um ideal hebreu e ajustar-se à índole do povo de Israel. Moisés seria mais bem talhado para representar o papel de libertador, intérprete de um Deus único e organizador de Suas leis.

  Além disso, Moisés teria conhecido arcas de formatos idênticos ou de modelos aproximados àquela que mais tarde seria atribuída à manufatura original hebraica. As arcas no Egito eram construídas para atrair poderes dimanados dos deuses a quem estavam ligadas. Atuavam como “acumuladores vivos” de energia, com que os sacerdotes se vinculavam e manipulavam. Arqueólogos, em escavações no interior de pirâmides e templos, se depararam com arcas e atestaram referencias a elas em murais.

  Neste particular, há o interessante registro dos objetos encontrados na tumba do faraó Tutankamon, morto aos 19 anos, sucessor de Akhenaton, o Rei Sol, como segue:

   Em 1923, Howard Carter, ao escavar o Vale dos Reis, encontraria justamente a tumba de Tutankamon, meio irmão do faraó deus-sol Akhenaton, com data presumível de 1322 a.C. Existiam na tumba muitos objetos semelhantes aos descritos no Pentateuco de Moisés, que no deserto serviam para armar e organizar a tenda do templo. Havia quatro caixotes, um dentro do outro, acobertados sob um pano de linho puro destacado ao alto, lembrando o tabernáculo levantado pelos semitas. Um dos caixotes expunha num dos lados externos a pintura de dois seres de asas plenamente abertas, como anjos ou querubins. O caixote maior, forrado em ouro, estava guardado em cada face, respectivamente, pelas deusas Isis, Selkit, Neith e Neftis.

   Interessante nessa tumba seria a equivalência com o modelo da arca bíblica de um baú de madeira ali achado, coberto por dentro e por fora de lâminas de ouro, igualmente sustentado por duas varas apropriadas ao transporte, conforme configurado na construção da arca hebraica.

   Da mesma forma ressalta a barca solar ao carregar uma arca, de cujos cantos da arca elevam-se quatro colunas terminadas numa cobertura sobre capitéis. O corpo da barca, repousando sobre um baú, conforma-se, alarga-se e se estende a partir de duas formas de cabeças de Íbis, lembrando carrancas, uma na proa e outra na popa. Ambas as cabeças estão alinhadas na mesma direção, olhando para frente, além da proa.  De um lado e de outro da arca, viajando no meio da barca, há dois passageiros semelhantes a anjos. Um deles, sentado adiante da arca, parece conduzir a barca, estando com as costas levemente encostadas na arca, enquanto, o outro, em pé, atrás da arca, parece apoiar a arca. Todas as representações são de alabastro. A arca, a barca e o baú se apresentam decorados nas faces externas por franjas em ouro, bem como há ouro chapeando os detalhes que desenham as pétalas de lótus, fechadas nos copos sobre e ao longo das colunas, e mais acima nos seus braceletes sob os capitéis.

  Outra referência às arcas egípcias é encontrada no interior da Grande Pirâmide de Gizeh, na Câmara do Rei, onde próximo a um dos cantos, disposta um tanto enviesada, há a construção fixa de uma arca com 1.97 m de comprimento x 0.68 m de largura x 0.85 m de profundidade. Após medirem sua capacidade de armazenamento em 1.138,66 litros, verificaram ser esta capacidade a mesma da Arca da Aliança dos hebreus.

  Em virtude dessas e outras procedentes analogias levanta-se também a hipótese de a Arca da Aliança ter seguido já pronta do Egito com Moisés, onde originariamente a teriam construído e montado. Nesta linha, todos os acontecimentos importantes decorridos em presença da arca explicariam o interesse do faraó Sheshonq I em tentar recambiá-la de volta ao Egito, após a queda moral dos judeus perante seu Deus. Os registros sacerdotais egípcios mencionam a alma de Ra, representada pelo disco solar, como fonte das energias do criador do universo. Semelhanças de Ra com IHVH, ao ancoradouro de superiores energias, poderiam sem dúvida existir na arca em poder dos israelitas, fato que Sheshonq I certamente não ignorava e ao desejar a arca justificaria uma de suas alegações para invadir Jerusalém.

  Outra arca idealizada pelos egípcios acha-se encimada por um touro, uma serpente alada e Maat, a deusa da verdade. Esses símbolos, por demais evidentes, indicam as forças terrenas em constantes transmutações na alma humana sob as energias superiores dos deuses.

  A última e recente hipótese que se pode confrontar, relativa ao paradeiro da Arca da Aliança, se encontra nas notícias de sua localização no próprio Israel. O jornal “Discovery Times” publicou extensa reportagem com ilustrações de fotos, do trabalho de escavações de Ronald Wyatt e seus dois filhos que culminaria com a descoberta da arca. Uma das colunas do jornal começa informando: “On Wednesday, 6th January 1982, Ron discovered the cave chamber where the ark and other temple items had been hidden over 2600 years before. (Na quarta-feira, 6 de Janeiro de 1982, Ron descobriu a câmara da caverna onde a arca e outros pertences do templo se encontravam escondidos por mais de 2600 anos).”
                                                                                                 
  A arca e demais achados encontrar-se-iam ainda guardados na mesma caverna. O governo israelense teria reforçado a segurança da caverna e desde a descoberta tem mantido o fato em relativo segredo, por temer reações e agitações de religiosos extremistas. Um anjo com aspecto humano que guardava a Arca, segundo Wyatt, afirmaria que as Tábuas dos Dez Mandamentos somente estarão permitidas à visitação pública, após a divulgação de um decreto mundial que determinará a introdução do “Sinal da Besta” na humanidade. Sobre isto temos o seguinte:

  Não é mais segredo que em todo o mundo estudiosos da Bíblia e pesquisadores têm afirmado que o sinal da besta apocalíptica já vem sendo introduzido em homens, a par de seus indícios aparecerem nas embalagens de produtos comerciais. Os códigos de barra de produtos em mercados, e do comércio em geral, calcam-se na combinação 666 que é justamente o número apocalíptico da besta. Baseiam-se essas conclusões sobre o que é dito no capítulo 13, 16-17-18 do Apocalipse: “A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita, ou sobre a fronte. Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis”.

  As marcas seriam micro-chips ou bio-chips implantados no dorso da mão direita de seres humanos, de maneira indolor, que ajudam a identificar os sinalizados através de um código pessoal. Esses implantes, cuja tecnologia experimental é financiada em milhões de dólares por grandes companhias do monopólio internacional, realmente vêm sendo testados em jovens voluntários americanos e de outros países. Surpreendentemente, os resultados das pesquisas revelariam ser o dorso da mão direita e a testa, exatamente os pontos mais adequados para alojar os chips no corpo humano. Afirmam os denunciantes que, estando os chips aprovados, a população mundial passaria rapidamente pelos implantes, dando-se o fim da circulação do dinheiro no planeta, estabelecendo-se o consequente controle de todas as operações comerciais somente por computadores.

   Adicionalmente - e aqui se colocam alguns dos mais convincentes argumentos para a prática do monitoramento - acabariam os assaltos, os seqüestros, as fugas de presídios, as pessoas perdidas em florestas ou noutros lugares, o desaparecimento de crianças, adultos, etc. Em contrapartida, acabariam praticamente as instalações de bancos e empresas financeiras, ocorrendo o desemprego de milhões bem como - o pior de tudo - terminaria a privacidade da população mundial.

  Essas hipóteses, e mais a interferência de extraterrestres malignos infiltrados nos governos da Terra para essas finalidades, vêm sendo seguidamente debatidas em livros, na internet e em palestras de pesquisadores, religiosos e esotéricos.

  Por milênios os alienígenas invasores trabalhariam para essa culminância, mas não passariam despercebidos por Jesus, ao descobrir nos escribas e fariseus a presença infiltrada de uma raça alienígena conhecida por  reptiliana, conforme indicado em Mt. 23:13. “Ai, de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois, vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando. ’ Em Mt 23:33 ‘Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?’ ”

  Existe, pois, segundo denúncias desses pesquisadores, uma extensa rede mundial composta de grupos multibilionários, dos mesmos monopólios responsáveis pelo desenvolvimento dos bio-chips, dominadores das atividades básicas humanas, cujas cúpulas diretoras, ávidas e ambiciosas, estariam submissas àqueles seres a quem os seus ascendentes há séculos ou milênios os viriam servindo consciente ou inconscientemente.

  Há relatos de testemunhas que os teriam visto levar para suas cidades subterrâneas seres humanos sequestrados a fim de submetê-los às experiências genéticas diversas, ou para servir-lhes de alimento. Os reptilianos, por enquanto, não desejariam exterminar de todo a raça humana por querer aprender da identidade do homem com seu Criador, uma vez que por má conduta no seu planeta de origem teriam rompido a ligação com suas almas, não podendo mais evoluir. Estariam, assim, fadados ao desaparecimento ao invés de continuar a evolução física e espiritual. Pouco se importariam com a sorte dos seres humanos, que para eles nada mais são do que objetos e trampolins para suas finalidades.

  Isso viria coroar seus mais recentes e milenares esforços, desenvolvidos através das vias repulsivas palmilhadas por desgraçados seres humanos mergulhados nos lodaçais do fanatismo, ódio, vícios, prostituições, guerras e crimes de toda a sorte. Os infelizes irmãos derrotados, e muitos outros milhões enredados em seus egocentrismos, na soberba, materialismos e em vícios incuráveis, portadores de genes reptiliano herdados de seus próprios ascendentes, externando padrões vibratórios de diversas freqüências, reuniriam agora necessárias condições de melhor beneficiar aos mestres das trevas a uma “colagem” para a edificação de pontes condutoras a uma dimensão astral mais elevada.

  Diga-se, por oportuno, que os males da humanidade recuam em muito ao Éden, onde Caim teria morto Abel. A atração pelas vias erradas e ampliação do mal parecem inerentes às raças humanas. E não seriam somente os reptilianos os causadores desses males terrenos; outros extraterrestres já interpolariam na Terra, realizando mutações genéticas em primatas, homens e animais. Acresce que no decorrer dos milênios outros povos alienígenas provindos de planetas dentro e fora de nosso sistema solar, viriam aportar na Terra muito embora proporcionassem impulsos evolutivos utilitários, científicos e tecnológicos. Alguns seriam amistosos, outros não.

  O ceticismo se assoberba sobre fatos semelhantes e ainda interpõe imensos obstáculos na aceitação pelo menos razoável da hipótese de não sermos os únicos seres humanos a existir no universo. A despeito de muitas afirmações em contrário, baseadas nos argumentos da falta de evidências concretas de sinais de vida fora da Terra, acontecimentos cada dia mais frequentes da exploração de nosso planeta por alienígenas já fazem alguns céticos começar a baixar seus escudos. Antes diziam dos relatos meramente fantasiosos ou da imaginação fértil de esotéricos e ufólogos. Hoje já se contradizem ao constatar a exploração sobre assuntos de ovnis por pesquisadores acadêmicos. E como não podem mais negar, justificam a procedência da investigação unicamente pelo emprego de metodologia racional-científica, não se furtando em responsabilizar esotéricos e ufólogos por atrapalhar as pesquisas com suas crenças desprezíveis. E a despeito das confissões de governos sobre a existência de naves extra-planetárias na Terra, isso não os sensibiliza e recriminam essa posição, classificando-a como objeto especulativo sem nada absolutamente provado. Nem os extraordinários e surpreendentes “crop circles” são suficientes para um despojo de suas resistências. Os hilariantes desmentidos de pessoas antes testemunhas dos acontecimentos e suas bizarras e mentirosas encenações, ainda continuam bem-vindos e festejados pelo ceticismo cerrado.

  Na verdade, aos não céticos nada disso importa – e contam bilhões - pois a vida segue como sempre seguiu seus próprios rumos jamais precisando bater às portas do ceticismo a fim de poder se manifestar.

  Não bastando as provas testemunhais de fatos acontecidos diante dos narizes de estupefatas populações em todo o mundo, ou coletadas pela  tecnologia de consumo, comprovando os passeios e ingerências de extraterrestres na vida planetária, uma cascata de outras descobertas através do Hubble, de satélites e das prospecções de atentos pesquisadores, continua a afrontar a ortodoxia dos postulados mais rígidos do cientificismo hermético. Essas fontes propiciam que elementos concretos permeiem discussões cada vez mais frequentes, abrindo vias para proposições mais bem construídas e ousadas acerca de um universo infinitamente amplo em conceituações objetivas e subjetivas do que admitiam ferrenhos conservadores.

  Vejamos trecho de uma notícia veiculada em 19/10/09, pelo O Estado de São Paulo: WASHINGTON - Astrônomos descobriram 32 novos planetas fora do Sistema Solar, o que vem se somar à evidência em favor da ideia de que o Universo está repleto de possíveis palcos para o desenvolvimento de vida. Os cientistas não encontraram nenhum planeta do tamanho da Terra que parecesse habitável ou, de alguma forma, incomum. Mas o anúncio eleva o número de planetas já descobertos fora do Sistema Solar a mais de 400”.
      
  Essa informação evidentemente não é completa, mas revela por parte dos observadores a preocupação em busca de respostas das próprias ciências acerca das origens da vida no universo. Hoje as explicações antigas e veladas não satisfazem e a falta de respostas mais objetivas e sensatas vêm trazendo muitos incômodos, principalmente mediante tantos acontecimentos anotados na Terra, e nas especulações sobre as viagens da NASA em nosso sistema solar.

    o astrofísico Ralph Pudritz da McMaster University de Hamilton, Ontário, Canadá, dá uma largada mais distante ao afirmar que pelo padrão encontrado na formação de aminoácidos em meteoritos, de fontes hidrotermais profundas, se pode concluir que seres alienígenas poderiam ter compartilhado na Terra de uma base genética comum. Pelas leis básicas da termodinâmica o padrão é também aplicável a todo o universo conhecido. Baseado na existência de dez aminoácidos comuns encontrados em meteoritos antigos, Pudritz concluiu que eles poderiam gerar e replicar rapidamente.

  Por outro lado, o professor Sam Chang vai mais longe ainda. Ao estudar as sequências do DNA defende que as sequências não codificadas responsáveis por 97% do DNA humano são códigos genéticos de vidas alienígenas. Como se sabe, elas são comuns em todos os organismos vivos que conhecemos. O chefe do grupo do Projeto Genoma Humano fez ainda a revelação assustadora de que as cadeias alienígenas vigorando no DNA humano com suas próprias veias e artérias, possuem um sistema próprio imunológico que resiste a qualquer tipo de droga anti-cancerígena até hoje experimentado. Acredita o professor Chang, pelas constatações da ciência genética, que a evolução humana não aconteceu da maneira como geralmente se pensa.

  Bem, essas são informações mínimas de como especialistas de alto gabarito estão trabalhando em vários países sobre projetos especiais, naquilo que antes era considerado fantasia pelos céticos não especializados. E pouco importam as divergências. Pois as próprias ciências vêm seguidamente quebrando seus dogmas, deixando para trás as figuras ultrapassadas e descrentes que por muito tempo atravancaram o fluxo inovador de ideias e conceitos de outra realidade universal mais ousada. Esses avanços, com toda a certeza, virão entrar nos campos das suposições darwinistas e formarão concepções mais plausíveis e menos infantis do que a da simples origem humana a partir dos macacos, ou de um ancestral comum de restos fossilizados jamais encontrados. E colocarão em cheque o gênesis bíblico, as lendas que sobreviveram através dos tempos, de diversos povos, e as afirmações das escolas herméticas do ocultismo e esoterismo em geral. Isso será muito proveitoso e com certeza tocará profundamente naqueles pontos polêmicos jogados debaixo do tapete, ou permeados pela irracional negativa de ortodoxos de vários segmentos da cultura de nossas sociedades.

  Para estudantes do ocultismo, excetuando as conjeturas imaginosas dos pesquisadores inconformados, muitas dessas revelações das ciências ainda que embrionárias e algumas em níveis somente especulativos, não surpreendem e deixam rastros procedentes. Mormente quando é comprovado que povos antediluvianos nos legaram documentos valiosos, em figuras rupestres em cavernas, de máquinas voadoras e homens estranhamente vestidos. Além disso, outros povos de etnias mais recentes, através da tradição oral, conservam histórias sobre uma guerra travada nos céus e na superfície da Terra entre “deuses celestiais”, que teria provocado enormes destruições na natureza de todo o planeta, em homens e animais. Os antigos egípcios, os maias e astecas, têm representações de bizarros seres, homens-répteis, aviões, naves-foguetes, discos voadores e astronautas – fontes inequívocas e esclarecedoras - acerca de presenças alienígenas nas suas civilizações. Portanto, o planeta Terra sempre conviveu com a dicotomia do bem e do mal entre seres estelares e terrenos, entre deuses e demônios, e essas asserções assinaladas nos sagrados livros milenares, principalmente orientais, a história oficial vem nos repassar como lendas e crenças primitivas totalmente anímicas, sem quaisquer respaldos da realidade. Modernos e livres pesquisadores, destarte, entendem essas referências de muitas outras maneiras e redescobrem nos achados arqueológicos o quanto os teóricos e ortodoxos da cultura terrestre nos têm privado.

  Isso sem abordarmos os Vimanas, que eram naves voadoras dos deuses, extensivamente referidas nos livros dos Vedas de muitos milênios, especialmente no Mahabharata.

  Além desses povos acima citados, as escavações da arqueologia têm encontrado em todos os continentes outros templos de antiqüíssimas cidades, com milhares e milhões de anos de pré-existência, e os arqueólogos têm coletado objetos de metais de incríveis feituras que somente poderiam existir com o emprego de tecnologias de impossíveis manipulações por seres primitivos. Fora a constatação de imagens e figuras de tripulantes pilotando máquinas voadoras de complicadas montagens, descobertas nos acervos arqueológicos de civilizações desaparecidas, que o grande desvelador de enigmas, o precursor Erich von Däniken e outros lúcidos pesquisadores importantes já mostravam e mostram.

       O que mais se poderia concluir sobre tantas provas, senão que nosso planeta não é palco unicamente de povos que nele habitam e nossas ciências não são tão soberanas quanto alguns homens que a manipulam pretendem fazer crer? E nem tão avançadas que se pudessem comparar com as de extraterrestres que nos visitam há milênios, vindos desta mesma galáxia e de fora dela. Ou admitir isso seria cravar um punhal no próprio peito?

                                                     [SEGUE PARTE  2]
Siga os Links:
https://arcadeouro.blogspot.com/2017/12/o-monoteismo-biblico-e-os-deuses-da_6.html   (2)
O Monoteísmo Bíblico e os Deuses da Criação - (3)

Nenhum comentário:

Postar um comentário