terça-feira, 21 de abril de 2015

Duas Humanidades


Two-humanities

  “Humano” é uma palavra composta por duas terminologias: “Hum” e “Manas”. A palavra Manas é do Sânscrito, que significa mente. Assim é porque quando dizemos “homem” estamos indicando a mente. A mente é caracterizada pela razão. A razão distingue os animais racionais – vocês e eu – dos animais irracionais. A mente existe em animais, plantas e minerais. Não é exatamente patrimônio dos seres humanos. No entanto, a diferença entre a mente dos reinos inferiores da natureza e a nossa mente é que nós raciocinamos. Raciocínio é precisamente a diferença, motivo pelo qual somos chamados “homem”.

  A outra palavra em “humano” é “Hum”.  Hum é o espírito. Isso está relacionado com o Latim “humus”, significando “terra ou chão”, aquele espírito do qual o homem é feito, conforme o livro do Genesis, em que no início Deus fez a mente (o homem) do humus, ou da poeira da terra. É um símbolo. Aquela poeira implica o humus, os elementos, elementos químicos e outros desconhecidos (arquetípicos) sobre os quais o Espírito de Deus, o “espírito-terra” está pairando, segundo o Livro do Genesis.

  Quando estudamos a frase “no início o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”, isso é uma referência relacionada com todos os reinos da natureza. A diferença entre os reinos inferiores e o reino humano é que nós como animais racionais podemos tirar vantagens da força espiritual que está pairando sobre qualquer situação. A fim de tirar vantagens desse espírito-terra, esse Espírito de Deus, precisamos ter, sobretudo, conhecimento, uma vez que isso não ocorre mecanicamente.

  Separe aquele espírito-terra do denso ou bruto por meio de um coração dócil, com muita atenção. Em grande medida ele sobe da terra ao céu e o superior e o inferior estarão aumentados em poder”.

  É impossível compreender este parágrafo de Hermes Trimegisto sem os mistérios da Alquimia Sexual e dos mundos infernais.

  Eis porque o título da palestra é “Duas Humanidades”, a humanidade mecânica e a humanidade cognitiva. Com esse título estamos indicando o caminho que o Espírito de Deus criou para um modo mecânico e o caminho que o Espírito de Deus criou para um modo cognitivo – inteligente – que é o objetivo do universo. É isso que em outras palestras chamamos Parkdolg-Duty of the Being, que significa, “as obrigações cósmicas do Ser” ou “as obrigações cósmicas do espírito” que cada um de nós tem no íntimo. As obrigações cósmicas do Ser são adquirir cognição, consciência, conhecimento de si próprio dentro da matéria.

  Nós sempre enfatizamos a Árvore da Vida, o hieróglifo construído por dez esferas que chamamos as dez Sephiroth onde a síntese nos mostra as diferentes partes do Ser. No topo da Árvore da Vida vemos o primeiro triângulo, que chamamos Triângulo de Deus, do Espírito, do Logos. Logos em Grego significa “Verbo”. Lembremo-nos que isso está escrito no Evangelho de João.

  “No início era o Verbo. O Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.

  O Logos é dividido em três, que na Kabbalah são chamados Kether, Chokmah e Binah (coroa, sabedoria e entendimento). No Cristianismo, esses três aspectos são chamados Pai, Filho e Espírito Santo. No Induísmo, Brahman, Vishnu, Shiva. Tem diferentes nomes em diferentes religiões, porém sempre possui os mesmos atributos explicados de diferentes maneiras segundo a cultura e raça.

  Em Grego, cosmos significa ordem, organização. No universo, encontramos sete cosmos. Nós, seres humanos, somos chamados os “microcosmos” os cosmos menores. Somos os cosmos menores do cosmos maior (o cosmos imenso). Macro significa imensidão e micro significa muito pequeno.

  A fim de existir, todos os cosmos têm essas três forças primárias que são as forças criativas do universo: o positivo, o negativo e o neutro.

  Nós possuímos três cérebros: O cérebro intelectual localizado em nossa cabeça, o cérebro emocional localizado entre o coração e o umbigo e o cérebro motor-instintivo-sexual no baixo abdome, relacionado com os movimentos, instintos e atividade sexual. É isso que a Bíblia chamou a força de Deus. Possuímos os três cérebros e se nos observarmos veremos que pensamos, sentimos e agimos em cada situação, mas infelizmente fazemos essas coisas mecanicamente.

  Nos três cérebros, temos aquilo que chamamos no esoterismo Bobbin-Kandelnosts, que em inglês significam os valores vitais que o cosmos coloca nos três cérebros a fim de que estejamos vivos. Para pensarmos, sentirmos, nos movermos ou termos instintos, necessitamos de força vital. São os valores vitais chamados Bobbin-Kandelnosts. Há certa quantidade de Bobbin-Kandelnosts que possuímos em nossos três cérebros de acordo com a Lei do Carma (causa e efeito). É por isso e graças a esses valores que estamos vivos. Quando esses valores vitais se extinguem, após os usarmos completamente então, consequentemente, advém a morte.

  Dentro de nós existem outras forças que atuam através de nossos cérebros, Sabemos que pensamos, que temos pensamentos, uma mente. A mente se expressa através de nosso cérebro intelectual na cabeça.  A emoção se expressa através do cérebro emocional do coração ao umbigo. Qualquer tipo de energia motora se expressa através do motor instintual e centros sexuais.

  As forças energéticas do pensamento, emoção e ação vêm dos corpos sutis chamados corpos protoplasmáticos, corpos lunares. Eles estão relacionados com o mecanicismo da natureza. Os corpos protoplasmáticos pertencem às dimensões interiores. Aqueles corpos utilizam o corpo físico através dos três cérebros. Quando estamos fisicamente cansados e vamos para a cama descansar, deixamos lá o corpo físico e utilizamos os corpos protoplasmáticos a fim de existirmos fora do corpo físico. É isso que as pessoas comumente chamam de sonhos; usamos os corpos lunares nas dimensões dos sonhos.

  Conforme vemos, tudo o que eu estou explanando nesse instante são coisas que todos possuímos. Quando estamos cansados e vamos para a cama descansar deixamos nosso corpo físico; todos nós usamos corpos protoplasmáticos – a mente e a emoção – nas dimensões interiores onde temos nossos sonhos. Dia seguinte, quando o corpo físico está recuperado nas suas forças, retornamos a ele a fim de pensar, sentir e agir de novo, a fim de tocar para adiante nossas vidas. Isso que é comumente chamada projeção astral (porém não consciente) porque a dimensão para onde vamos quando dormimos é chamada dimensão astral.

  Contudo, uma vez que cada um vive nesse mundo físico mecanicamente (inconscientemente) todo corpo astral se projeta mecanicamente para dentro da dimensão astral, a dimensão dos sonhos. Esse mecanicismo relaciona-se com a Lua que é o planeta que regula o mecanicismo da natureza. A Lua regula as quatro estações, as marés, as ondas do mar. Tudo nessa natureza se move devido a Lua. Então, nós agimos mecanicamente de acordo com aquelas regulagens mecânicas que chamamos a Roda do Samsara, que está relacionada com o mundo cabalístico de Malkuth.

  Nesse mundo de Malkuth (a roda do Samsara) infelizmente vivemos automaticamente. Ignoramos porque estamos aqui, de onde viemos, por quanto tempo vamos permanecer nesse mundo físico, etc. Isso é devido a que nossa Consciência está enclausurada ao máximo dentro dos corpos protoplasmáticos e sujeita às diferentes atividades da natureza que comumente os animais irracionais seguem por instinto. Contudo, instintivamente nós seguimos também essas leis mecânicas, e como são instintuais não apresentam diferenças entre agirem no animal irracional ou no animal racional.

  A Consciência é o que chamamos de alma. Também é chamada de Essência. No Budismo Zen, a Consciência, a alma, a essência é chamada Buddhata (buddhadhatu). Assim há diferentes nomes. Buddhata, a Consciência, a alma, é parte de Tiphereth, que é a Sephirah relacionada com o segundo triângulo da Árvore da Vida. O segundo triângulo da Árvore da Vida é formado pelos três Sephiroth: Chesed, Geburah, Tiphereth (graça, austeridade e beleza). Na tradução fiel as chamamos:

  O Espírito, a individualidade de cada um de nós, esse é Chesed, a graça.
  A Alma Divina, que é Geburah, a austeridade.
  A Alma Humana, que é Tiphereth, a beleza.

  O Buddhata é uma partícula, um embrião daquela alma humana (Tiphereth) que habita nas dimensões superiores. O Buddhata é precisamente o elemento que nesses tempos a psicologia chama a Consciência. Não é uma alma humana completa, porque para termos uma alma completamente desenvolvida temos de desempenhar o Partkdolg-Duty do Ser. Nesse caso, o Ser, o Espírito é Chesed (a graça). O Espírito precisa desempenhar o Partkdolg-Duty dentro de nós, que é sua tarefa cósmica: adquirir conhecimento de sua própria condição.

  Fisicamente, somos matéria do Espírito. Os corpos protoplasmáticos internos (a mente e as emoções que habitam o mundo dos sonhos, a quinta dimensão) são também matéria. Logo, nós também temos de adquirir conhecimento dentro da matéria ou, melhor dizendo, o Espírito tem de adquirir conhecimento dentro da matéria, não somente no físico, no sentido de ser uma individualidade conhecedora, significando não mecânica.

  Ignoramos muitas coisas sobre o corpo físico. Quando dizemos: “Nós ignoramos”, não significa que não tenhamos lido sobre o assunto. Significa que não somos conscientes daquilo, que ignoramos aquilo; que não temos conhecimento daquilo. Ser conscientes é termos conhecimento, significa estarmos sabedores de nosso ego em qualquer nível: conhecendo-nos a nós próprios.

  O Espírito segue as leis mecânicas da natureza em todos os reinos: o mineral, o vegetal e o animal. As almas que evoluem naqueles reinos seguem as regras do cosmos, do mecanicismo da natureza no aspecto evolução. Na evolução, tudo é construtivo, tudo é positivo no caminho evolucionário, no entanto mecânico. As mentes nos reinos mineral, vegetal e animal obedecem às leis da natureza que são mecânicas, ou seja, elas não possuem conhecimento. Elas não são conscientemente sabedoras daquilo. Elas somente seguem as regras.

  Quando penetramos nesse nível no qual adquirimos intelecto, razão; então temos a oportunidade de nos tornarmos conhecedores de tudo aquilo, Daí, nosso Ser, nosso Espírito, poder desempenhar o Partkdolg-Duty, sua tarefa cósmica que é despertar sua Consciência. Vemos, enquanto nos reinos animal, vegetal e mineral, que todos aqueles espíritos ou forças que animam aqueles reinos não têm conhecimento pessoal – autoconhecimento – unicamente porque eles seguem o mecanicismo da Lua.

  O primeiro passo é entrar no reino do humanoide intelectual. Não podemos chamar de nível intelectual o “reino humano”, porque a humanidade verdadeira não tem controle de sua matéria. No início dissemos que Manas significa mente, porém quando falamos sobre a mente, também falamos da matéria. A matéria existe em todos os níveis. No nível físico, que é do corpo físico ou qualquer coisa que seja física no universo – a matéria é física é celular. Porém, a matéria também existe internamente. Os corpos protoplasmáticos através dos quais sonhamos são também feitos de matéria, porém molecular, atômica, sendo mais sutis do que a matéria física. Por conseguinte, existem muitos tipos de matéria: matéria mecânica e cognizantes (inteligentes).  

                                                       Tipos de Humanoides

  Quando estudamos a humanidade, essa sociedade, descobrimos que há três tipos de humanoides que atuam mecanicamente, que não são ainda cognizantes de si próprios.

  O primeiro tipo é chamado instintual sendo psicologicamente centrado no centro motor-sexual-instintual. Seu centro de gravidade é o centro instintual, o centro motor.

  Acima do primeiro tipo está o tipo emocional. Esse tipo tem seus centros de gravidade psicológicos no centro emocional. Em outras palavras, sua Consciência é primariamente influenciada por emoções.

  Acima do humanoide emocional está o humanoide intelectual, cujo centro de gravidade está no intelecto, na cabeça.

  Observando a humanidade por esse ângulo, compreendemos que não há organização e há conflito entre esses três tipos de indivíduos mecânicos.

  Consideremos um exemplo em que possamos ver a relação desses três tipos dentro de nós próprios nesse exato momento, dentro de nosso corpo físico, e assim compreendermos como está essa sociedade.

  Digamos, por exemplo, que um parente nosso tenha morrido e vamos ao funeral. Emocionalmente nos sentimos tristes, depressivos, porque amávamos muito aquela pessoa. Quando nos encontramos em frente ao caixão sentimos uma grande dor em nosso centro emocional. Naquele momento, nosso corpo emocional protoplasmático está ativo através de nosso cérebro emocional. Então, pelo nosso cérebro intelectual, se observarmos, veremos como nosso cérebro trabalha. Desejaremos saber: “Por que ele tem de partir? Eu o amava tanto. O que será de minha vida agora?” Essa é outra pessoa em nós, outro ego, ainda que trabalhando através da mente protoplasmática, tentando analisar o que estamos sentindo. Então, se observarmos no centro motor, é o desejo escapando dali; o desejo que não quer enfrentar a situação. Talvez haja ali alguém de quem não gostemos, e ainda assim temos de permanecer naquele lugar. Portanto, há três aspectos de nós ali nessa situação: um que quer sair, o outro que está sofrendo e outro pensando no que fazer agora que ele morreu.

  Semelhantes estados psicológicos contraditórios acontecem em qualquer evento de nossas vidas. É muito difícil encontrar uma pessoa que esteja com seus três cérebros em equilíbrio num momento real. Normalmente, o cérebro intelectual faz uma coisa, o emocional está fazendo outra, e o cérebro motor faz algo a mais. Desse modo, psicologicamente, estamos sempre em conflito.

  Para controlar os três cérebros existe o Partkdolg-Duty do Espírito, mas se observarmos a sociedade, ninguém faz isso. Veremos que há pessoas centradas no cérebro intelectual que é organizador em diferentes lugares. São pessoas muito intelectuais. Elas gostam de ir à biblioteca e ler livros. São chamadas traças de bibliotecas. Há outras pessoas que são mais emocionais. Algumas gostam de ir ao “American Idol” cantar para se sentirem felizes e se tornarem ídolos, ou irem a Hollywood para tornarem-se atores ou atrizes. Tudo o que fazem está relacionado com o centro emocional. Há outras que não são emocionais ou intelectuais, são bastante instintivas. Vão e gostam de praticar karatê, kung fu, boxe ou praticar um esporte. Como podemos ver há diferentes atividades nesse mundo, relacionadas com os três cérebros.

  Esta sociedade é controlada pelos humanoides intelectuais. Os humanoides intelectuais controlam emoções e instintos.

  Entre esses três tipos de pessoas mecânicas há muitos tipos de vícios e degenerações. Entre as pessoas instintivas é comum encontrar-se dependentes de drogas. Eles gostam de sentir as sensações no corpo relacionadas às drogas e álcool. Muitas pessoas gostam de assistir pornografias usando seus intelectos, emoções e centros sexuais no modo errado. Há pessoas que gostam de brigar; essas são muito instintivas. Olham-se para elas e logo elas querem brigar somente porque as olhamos. São realmente muito instintivas.

  Observemos a sociedade do mundo todo: a humanidade inteira é uma humanidade mecânica. Somos aquilo que a Bíblia chama “a confusão das línguas”, porque a língua do intelectual é diferente da língua do emocional e esta é diferente da língua do instintivo. Isso é devido a que há grande número de problemas nessa sociedade. Primeira e segunda guerra mundial entre esses três tipos de humanoides. Eles brigaram entre eles.

  Existe um sem número de seitas das diferentes religiões, pessoas que são muito fanáticas, simbolizadas na Bíblia como fariseus, que são exatamente os tipos emocionais. Encontramos também grande número de pessoas que estão no centro intelectual, que na Bíblia são chamadas Escribas ou Saduceus, que intelectualizam as religiões. Intelectualmente elas discordam em diferentes coisas; e por isso que nunca se entendem. Vejamos o exemplo do Cristianismo.  O Cristianismo é uma bela religião, mas ninguém a entende. A prova está em que eles discordam, assim não podem ser unidos: Católicos brigam com Protestantes e vice versa. Muitas pessoas religiosas discordam e sempre brigam entre elas. Por que discordam? Porque cada pessoa é também um conflito interno, centrada em diferentes partes de seu corpo. Elas não têm organização dentro de si mesmas. Se não temos organização dentro de nós não podemos ter organização fora. Naturalmente, se observamos como o Cristianismo é contra os Muçulmanos, e o Islam é contra o Judaísmo então temos uma grande confusão, porque intelectual ou emocionalmente eles não se entendem mutuamente.

  A Gnose estuda a síntese, a base das religiões. Nós não temos conflitos religiosos. Porém, há pessoas que têm conflitos: Cristãos contra Muçulmanos, Muçulmanos contra Judeus, etc. Cada um quer acusar o irmão, a irmã ou outra religião a fim de justificar que está certo, mas a realidade é que o problema existe no íntimo de cada um de nós, nos três cérebros, porque estamos seguindo o mecanicismo da Lua através da matéria que é lunar.

  Fisicamente, fomos criados mecanicamente. Viemos para esse mundo sem sabermos por quê. O corpo físico nos foi dado gratuitamente. Não lutamos por ele, porém temos de seguir as leis físicas a fim de permanecermos vivos. Temos de nos esforçar a fim de sermos conhecedores daquilo que temos, pois temos de tirar proveito de nossa fisicalidade, da mente, das emoções, não obstante aquele que tem de fazer isso é nosso Ser.

  O Ser é o Espírito, nosso Pai que está no céu. Devemos compreender a Oração do Senhor Jesus que diz:

  “Pai nosso que estais no Céu santificado seja o Vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu”.

  É isso precisamente que temos de fazer: trazer o reino de Deus, o reino do Espírito para dentro de nós. Essa não é uma oração para crer-se. “Venha a nós o vosso reino” é feito pela ação, pelo exercitar da pressão de sua vontade em nossos três cérebros: “venha a nós o vosso reino, assim na Terra (nossa fisicalidade) como no Céu”.

  Então, precisamos compreender de onde e quem é aquele que tem de realizar tal pressão: é a Consciência, a alma, o Buddhata. Infelizmente – dentro de nós – esse Buddhata, essa alma, essa Consciência encontra-se dispersa, dividida em muitos pedaços: está armadilhada em nossa raiva, sensualidade, prazer, ganância, preguiça, gula, etc., e nos muitos outros defeitos interiores. Cada um deles é matéria protoplasmática que atua de acordo com as leis da natureza, as leis mecânicas da Lua. O Ser tem de exercitar o controle sobre aqueles elementos protoplasmáticos que temos em nosso interior. Isso é precisamente; “venha a nós o vosso reino”.

  É isto que no gnosticismo chamamos a lua psicológica. Assim, como uma Lua existe lá fora que movimenta toda a matéria mecanicamente, e todas as almas dentro da matéria seguem aquela lei mecanicamente, outra lua tem de existir. Precisamos criar outra lua interiormente para deixar de lado a mecanicidade da Lua. Isso é precisamente o Partkdolg-Duty do Ser que implica super esforços, o trabalho da força de vontade dentro de nós.

  “A alma humana”, como Descartes o grande filósofo colocou: “como a força de vontade atua na glândula pineal”. A glândula pineal é aquela glândula no verdadeiro centro de nosso cérebro intelectual.

  Se você introduz uma agulha de orelha a orelha, e outra na raiz do nariz entre as sobrancelhas, exatamente ali onde as duas agulhas de cruzam é onde se encontra a glândula pineal. Nessa pequena glândula pineal é onde a alma habita como força de vontade. A alma, como força de vontade, tem de estar conectada com o coração. No coração temos o altar da alma. Temos então a glândula pineal e o coração. É por isso que no Gnosticismo dizemos que temos de desenvolver a intuição.

  Há dois tipos de intuição: palpite, aqui no coração, é intuição quando você segue o coração, o palpite. Há outro tipo de intuição na glândula pineal que vem por imagens. Algo, um pensamento ou uma imagem vem à nossa mente instantaneamente. Essa é chamada intuição superlativa que algumas vezes trabalha durante nossos sonhos, quando nosso Espírito envia-nos mensagens por imagens.

  Intuição superlativa está relacionada com a glândula pineal. Relaciona-se com aqueles sonhos que nos são muito estranhos – falando simbolicamente. Essas são mensagens que o Espírito nos envia. Essas mensagens vêm-nos através da glândula pineal. Elas têm de ser interpretadas, então meditamos delas a fim de ouvirmos a voz do silêncio, a voz de Deus, e desse modo compreenderemos o que o Espírito, nosso Deus interno, está nos dizendo quando tenta nos guiar. Ele quer desempenhar o seu Partkdolg-Duty, sua tarefa cósmica, mas para isso o Espírito precisa ter o controle da Consciência. Em outras palavras, ele tem de nos controlar.

  Soa sacrílego dizer isso, mas é o que é: temos de permiti-lo fazer isso, porque dentro de nós há outro aspecto que é o diabo, o ego, os defeitos e vícios que temos. Normalmente, nossa vontade é seguir a vontade do diabo, seguir a confusão de línguas, o mecanicismo da mente. Mas temos de seguir a vontade de Deus pelo exercício da pressão. Para tanto temos de lembrar de Deus. Não acreditar em Deus, mas lembrar de Deus de momento a momento. Crer em Deus é fácil; qualquer um pode crer em Deus desde que crer esteja relacionado com a mente intermediária. O cérebro intelectual é o veículo da mente onde temos todas as nossas crenças ou não crenças. Encontramos pessoas que realmente acreditam em Deus e outras que são chamadas atéias, que não acreditam em Deus. Ainda aqui, não estamos falando sobre crenças. Estamos falando sobre recordação, que é uma atividade da glândula pineal.

  Deus não tem forma, e somente para lembrar, Deus está aqui e agora, exercitando o controle de nossos três cérebros, para nos tornar conhecedores, para adquirirmos autoconhecimento; então, nós como uma alma, estaremos habilitados a receber ajuda de nosso Ser interior.

  Como dissemos: “Pai nosso que estais no céu”. No Gnosticismo, na Kabbalah, o céu é aqui na cabeça. Certo, se observarmos a Árvore da Vida, conforme dissemos no início, Kether, Chokmah, Binah – Pai, Filho e Espírito Santo, as três forças primárias – o Logos relacionado com nossa cabeça de nosso corpo físico. Assim, quando dizemos; “Pai nosso que estais no céu” significa que estamos nos lembrando do Ser interior na glândula pineal. Não dizer isso mecanicamente! Lembremos-nos de que há muitas pessoas mecânicas relacionadas com crenças, que acreditam em Deus. Não queremos ser pessoas mecânicas, não. Queremos ser indivíduos cognizantes, que se lembrem de Deus, sendo sempre cognizantes, que permitam à força da glândula pineal agir em nosso corpo físico, em nossos três cérebros, sermos conscientes daquela matéria lunar protoplasmática que está em nós.

  Isso que é chamada de lua psicológica. Quando começamos a fazer isso, estamos criando uma Lua psicológica interiormente. Desse modo, estamos criando um centro cognizante de gravidade, um centro permanente de gravidade em nossa alma, em nossa consciência, na glândula pineal. Nesse mesmo instante, nosso centro de gravidade encontra-se disperso por toda a parte. É isso que Mestre Jesus destaca no Evangelho:

  Ouviste que foi dito: amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.
  Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem:
  Para que vos torneis filhos de vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos. (pois se não amamos os nossos inimigos, não podemos criar o centro de gravidade)
  Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?
  E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo?
  Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é vosso Pai celeste”.
  Mateus 5: 43-48

  Tudo isso significa que não devemos amar a nós próprios em demasia; que não temos que ter autoestima, nos adorarmos, pois é precisamente o contrário do que outros psicólogos estão ensinando nesses dias e era, ou seja, que temos de nos adorar. Por que devemos adorar o ódio, o orgulho, a vaidade, a sensualidade, a ganância e todos os vícios e erros que temos em nossos íntimos? Isso é estupidez! Temos sim que lutar contra isso! Assim, quando estamos diante de nosso vizinho e ele nos está acusando, temos de receber aquilo com altivez. E como receber aquilo com altivez? Pela observação pessoal naquele verdadeiro momento em que somos insultados; a reação nos três cérebros daqueles elementos que temos intimamente. Usualmente orgulho, autoestima. É doloroso quando alguém nos acusa ou nos insulta. A reação mecânica será de raiva. É isso precisamente que estamos dizendo: não ficarmos raivosos, não odiarmos nosso vizinho.
 
  Mestre Jesus disse: “Amai vossos inimigos”. Mas como iremos amar nossos inimigos se nos amamos em demasia? Impossível! É por isso que nesses dias e era há tanta guerra, tanto ódio, porque cada um se ama demais. Quando nos amamos em demasia não podemos amar nosso vizinho. Se amamos nosso Deus, então, naturalmente, podemos amar nosso vizinho. Pois quando amamos nosso Deus, estamos contra os inimigos Dele que carregamos intimamente, porque Deus é amor. Mas tudo o que temos intimamente é mecânico.

  O que Mestre Jesus ensina é o que chamamos Santa Negação: negar aqueles elementos que cada um de nós carrega em abundância no íntimo; ainda que não seja de um modo masoquista, pois é mecanicamente. Há muitas pessoas que recebem insultos, acusações e pensam que estão fazendo bem, que isso seja o caminho certo. Ainda assim, isso é mecanicismo. Não estamos aqui os ensinando a serem masoquistas, mas serem conhecedores, a controlar a raiva, o orgulho. É somente possível sermos cognizantes, conscientes de nós próprios, no momento em que recebemos o insulto.

  Quando alguém nos está insultando e nos lembramos de Deus em nosso íntimo, então dizemos: “Eis a oportunidade de amar meu vizinho, amar meu inimigo”. Mas, para tanto, precisamos segurar as rédeas de nossa raiva que quer lançar-se sobre aquela pessoa e esbofeteá-la. E, naturalmente, para isso temos de estar contrariamente à nossa raiva, uma vez que a raiva salta-nos quando o orgulho é afrontado ou também é nossa autoestima e presunção. É fácil vermos que quando estamos conscientes, cognizantes; significa estarmos nos lembrando de Deus e nos observando.

  É assim que se adquire um centro cognizante de gravidade. Significa que não estamos mais centrados em nosso ego, em nossa autoestima, em nossos defeitos, vícios e erros, porém estamos agora centrados na alma, em nossa Consciência. Isso não é fácil, porque é uma luta de todos os momentos, permanente. A fim de adquirir esse centro de gravidade na Consciência precisamos praticar dia a dia até finalmente controlarmos os três cérebros, adquirirmos o controle protoplasmático dos corpos. Daí em diante não seremos mais intelectuais, emocionais ou instintuais. Seremos, então, diferentes, pessoas equilibradas.

                                                      A Pessoa Equilibrada

  Um homem equilibrado é aquele que exercita controle de qualquer elemento psicológico dentro de seus três cérebros. Ao chegarmos ao nível de um homem equilibrado, estaremos prontos para entrar no reino do céu.

  O reino do céu que é pregado nos Evangelhos não é para a humanidade mecânica, porque o reino do céu é outro nível acima da humanidade mecânica. No reino do céu encontramos harmonia. Não encontramos lutas como aqui, nesse mundo físico. Lá todas as coisas são pacíficas.

  Como iremos adentrar no reino do céu se temos a psicologia da destruição, o caos dentro de nós? As pessoas pensam que quando morrem fisicamente, porque exatamente acreditam nessa ou naquela religião, irão para o céu. Como eles podem estar indo para o céu se seus íntimos estão em conflitos? O diabo não pode estar no céu. Temos de estar no controle de nossa própria psicologia. Senão será, como Mestre Samael Aun Weor explana em um de seus livros, ao falar de um macaco da selva colocado num salão luxuoso com pessoas muito bem vestidas. Todos dirão: “Que faz esse macaco aqui, pulando em tudo e destruindo as coisas?”. Se formos para o céu com esse caos que carregamos intimamente, será exatamente como aquilo. Os anjos nos olhariam e diriam: “Que faz esse macaco aqui?”

  Temos de ganhar o direito de entrar no reino do céu e isso se faz pelo controle de nossa psique. Não é pela crença.

  Eis porque está escrito na Bíblia outra mensagem de Mestre Jesus nas parábolas João 3: 12-13.

  Se tratando de coisas terrenas não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais? Ora ninguém (mecânico) subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do homem (a alma humana, a psique)”.

  Mestre Jesus também disse em Mateus 25:31-46

  Quando vier o Filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
  E todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas;
  E porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda;
  Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de Meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.
  Porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes;
  Estava nu e me vestistes, enfermo e me visitastes; preso e fostes ver-me.
  Então perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber?
  E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos?
  E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar?
  O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos, a mim o fizestes.
  Então o Rei dirá aos que estiveram à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.
  Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber;
  Sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso não fostes ver-me.
  E eles lhe perguntarão; Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso, e não te assistimos?
  Então lhes responderá: Em verdade vos digo que sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer.
  E irão estes para o castigo eterno, porém os justos para a vida eterna”.
                                                                                                

                                                     As Ovelhas e as Cabras

  Alguém pode perguntar: “Bem, quem são aqui as cabras e quem são as ovelhas?” Cada pessoa pode até pensar que é uma ovelha mansa; ainda que sejamos honestos conosco temos de admitir que somos mesmo cabras.

  Em astrologia, a cabra está associada com Capricórnio. Capricórnio está relacionado com os joelhos e pernas, sendo um signo da terra.

  Há outro animal que se parece com uma cabra, porém não é uma cabra. É o carneiro. O filhote do carneiro é um cordeiro. Lembremos-nos do que é dito: “O cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo é Cristo”. O cordeiro está associado com o signo de Áries, e Áries comanda a cabeça.

  Temos agora dois animais.  A cabra está abaixo e o cordeiro está acima, ou o cordeiro de Áries que comanda, como dissemos, a cabeça; Pai, Filho e o Espírito Santo, os três átomos de o Pai, Filho e Espírito Santo estão na cabeça. Assim, encontramos aqui “aqueles à sua direita”, as ovelhas estão no céu, e “aqueles à sua esquerda”, as cabras, estão abaixo, no Klipoth, relacionado com Saturno, que é a morte, porque Capricórnio é comandado por Saturno. Áries é comandado por Marte, o Deus do fogo. Deus é fogo.

  Ao centro, entre Capricórnio e Áries, ou seja, entre a cabra (pernas) e o cordeiro (cabeça), encontramos o coração. Tiphereth é o coração; é o Nous, o Filho do Homem. Tiphereth está relacionado com a Alma Humana, a Consciência, o Buddhata. No coração, temos de escolher entre as ovelhas acima ou as cabras abaixo. Elas estão dentro de nós. Não é o que as pessoas pensam: “Se eu acreditar naquilo que esta religião diz, ou o que a Bíblia diz, então estarei sendo uma ovelha, e se eu não quiser seguir aquela crença, então estarei sendo uma cabra”. Não, não se trata de uma crença, porém de um trabalho psicológico que temos de realizar. O trabalho psicológico está dentro de nosso corpo físico e dentro de nossos corpos lunares protoplasmáticos. É o trabalho da alma aqui, no coração, na união com o Nous, o Espírito.

  Como dissemos, na glândula pineal está assentada a força de vontade. Na glândula pineal temos o assento ou um átomo do Espírito Santo. Quando nos concentramos naquele assento e exercitamos o controle de nossa mente, nosso coração e sexo, então estamos seguindo o Cristo, as forças superiores. Ainda, se nos concentrarmos no assento do desejo que está em nosso baixo ventre (abaixo da cintura), onde estão as forças da mecanicidade da natureza, são as forças animais ou instintuais que todos seguimos, então:

  Ao anjo da Igreja em Pérgamo escreve:
  Estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes:
  Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de satanás, e que conservas o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dia de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.
  Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel, para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição.
  Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas.
  Portanto, arrepende-te, e se não, venho a ti sem demora, e contra eles pelejarei com a espada da minha boca”. Apocalipse 2:12-16

  No coração temos o que é chamado o Filho de Deus, o Filho do Homem. O Filho do Homem tem diferentes significados, porém no corpo físico o Filho do Homem é chamado o Átomo Nous, que é o centro magnético, uma força Crística no ventrículo esquerdo do coração. Essa é a inteligência que temos no corpo físico que purifica o sangue. É aquela inteligência que toma o sangue impuro, o bombeia para os pulmões a fim de que venha receber o oxigênio, e o faz retornar ao coração a fim de ser reenviado ao corpo inteiro. Essa inteligência atômica aqui no coração é chamada de Átomo Nous, que na Kabbalah, em Alquimia, é chamada o Filho do Homem. Se desejarmos procurar pelo Filho do Homem olhemos para dentro de nós, que está lá o átomo.

  Se começarmos a seguir aquele átomo que realiza a purificação não somente de nosso sangue, mas de nossa psique, então o átomo intensificará, se desenvolverá, tornando-se um ser humano completo, um Filho do Homem dentro de nós, porque o átomo segue as leis Solares. Vemos assim que há duas leis aqui que esta humanidade segue.

  A lei lunar, a lei mecânica da natureza.
  A lei Solar, as forças Solares que são as forças Solares de Cristo.
   
  Seguindo as forças superiores é como conseguimos nos sintonizar com nosso Espírito particular e começar a criar a lua psicológica, que é o centro de gravidade. Tendo feito isso não seremos mais um indivíduo mecânico seguidor de suas emoções, de seus pensamentos, de seus instintos que acabam por trazer-nos um caos. Qualquer coisa que fizermos, se começarmos a exercitar a pressão em nossa Consciência, será Solar. A lua que criaremos – a lua psicológica – refletirá a luz Solar, conscientemente, não mecanicamente, e comandará todos os reinos. Todas as criaturas dos reinos mineral, vegetal e animal seguem mecanicamente essa energia, porém quando começamos a trabalhar na via Gnóstica, então exercemos pressão na Consciência e criamos a lua psicológica na qual a luz, a força Solar, estará refletida em nós, mas conscientemente.

  Devemos direcionar a Consciência do mesmo modo quando guiamos a luz de uma lanterna. Quando estamos num quarto, na escuridão, e queremos ver onde as coisas estão, direcionamos a luz a todos os lados que queremos: assim iluminamos nossos passos. Precisamente, nesse sentido, devemos direcionar nossa Consciência – com força de vontade. Isso significa que quando em diferentes situações psicológicas devemos direcionar nossa Consciência por meio da força de vontade, pois nesse exato instante nossa Consciência está em todos os lugares.

  Não temos o controle. Tudo é movido pelas leis mecânicas da natureza e a Consciência está aqui, lá, por toda parte. Eis porque estamos no caos. Não temos controle de nossas vidas e sofremos, porque quando alguém nos insulta, reagimos com raiva, nosso fígado dói e diferentes sintomas aparecem. Entretanto, quando estamos controlando as emoções, os pensamentos, as ações, a ação instintual; quando agimos conscientemente, então aquela lua psicológica está sendo criada pouco a pouco, e estaremos entrando nessa qualidade de pessoa – como dissemos – que é equilibrada.  Essa pessoa (nós) não está no reino do céu, mas também não está mais no reino da confusão das línguas do reino do inferno, porque as pessoas na confusão das línguas ou reino do inferno são escravas do mecanicismo de suas funções psicológicas, ao passo que fazendo o trabalho Gnóstico, psicologicamente separamos nossos seres da humanidade. Então, começamos a entendê-los, compreende-los melhor.

  Eis porque começamos a amar nosso inimigo – com compreensão, com análise, meditação, porque esse é o caminho. Se não compreendermos, se não entendermos que aquele que nos insulta é uma vítima de sua própria raiva, de sua autoestima, sendo por isso que nos fere e insulta – se não o compreendermos nesse exato momento, naturalmente, poderemos reagir também respondendo ao insulto. Entretanto, se formos conscientes daquele momento e nos controlarmos, então sentiremos pena daquela pessoa que está zangada, porque compreenderemos que ela está sofrendo. Então diremos: “Por que estaria eu me identificando com essa emoção? Se essa pessoa está raivosa e me insultando, por que devo agir da mesma forma? Deixe-me controlar meu orgulho e minha raiva. Eu tenho que compreender, meditar, a fim de não estar no mesmo nível. Eu tenho de me controlar. Eu tenho minha própria lua psicológica. Se essa pessoa gosta de seguir o mecanicismo da natureza, certo, deixo-a seguir, mas eu continuo a seguir minha lua psicológica interior, minha própria consciência. Eu continuo refletindo a luz do Sol de modo consciente”. É assim que começamos a amar nosso inimigo.

  Começamos a separação dentro de nosso coração entre as cabras e as ovelhas. A ovelha é o elemento que é fogo, que está relacionado com as forças superiores de nossa cabeça, de nosso Deus que adentra em nosso corpo. A cabra é o mecanicismo que temos no corpo que seguimos instintualmente. Algumas vezes, por exemplo, nosso corpo não está sentindo fome, porém como apreciamos um tipo de comida passamos a ter fome, mas isso é sermos glutões. Se nos observarmos então diremos: “Meu corpo físico está alimentado. Por que devo comer isso? Eu não vou seguir essa cabra”. Se observarmos as cabras, vemos que comem de tudo. Esse animal é realmente interessante. Há algum tempo – quando visitando a América do Sul – observei uma cabra muito velha com uma grande barba; ela gostava de beber cerveja, qualquer tipo de cerveja. Derramávamos cerveja e ela bebia engolindo o líquido e comendo qualquer coisa em redor. Essa é a cabra.

  Precisamos controlar nossa particular cabra e transformar a cabra numa ovelha, porque todas aquelas cabras abaixo de nosso abdome são malignas. Todos esses vícios, erros, instintos são malignos porque são causadores de doenças em nosso corpo físico e mente, em nosso coração, pois os estamos seguindo mecanicamente. Entretanto, se começarmos a trazer nossa Consciência para todas as coisas que fazemos, então estaremos trazendo as cabras para nosso coração e daí operando tudo conscientemente, cuidando de nossas vidas.

  Quando o Filho do Homem estiver vindo em sua glória, em Hebreu é Hod, estará então a luz astral vindo ao coração. Quando o Filho do Homem vem em sua glória, significa que nossa Consciência começa a ser controlada pela luz Solar em nosso coração. Então veremos a divisão entre as cabras e as ovelhas em nós.

  Naturalmente, que essa parábola vai além da interpretação interior, pois, obviamente, a pessoa que segue o mecanicismo é da mesma forma uma cabra externamente. Existem muitas, há grandes quantidades de cabras externamente! As ovelhas são poucas, aquelas que se controlam, controlam suas Consciências, controlam seus corpos protoplasmáticos. Aquelas querem criar suas luas psicológicas. Na verdade são poucas, porque dentre as cabras há aquelas que acreditam ser ovelhas, uma vez que cabras e ovelhas [fisicamente] se assemelham.

  Compreendamos: não é para acreditar que sejamos ovelhas. Precisamos sim controlar nossas mentes; temos de exercitar um domínio psicológico dentro de nós a fim de fazermos a separação.

  Então, quando começamos a ter autocontrole de nossa Consciência, da mente, do coração e do sexo, estaremos entrando em outro nível e podemos nos tornar um homem Solar, ou um Ser humano Solar, um tipo de indivíduo que não é mais mecânico, mas cognizantes não somente no mundo tridimensional. Ao aconselhá-los a fazer essas práticas de controle dos três cérebros é no sentido de que estejam conscientes de suas fisicalidades, de suas psiques dentro do mundo físico. Porém, esse mundo físico não é o único mundo. Acima dele está o mundo etérico, acima deste está aquele que é o mundo astral, acima deste está aquele que é o mundo mental, acima deste está aquele que é o mundo causal, acima deste está aquele que é o mundo da consciência, acima deste está aquele que é o mundo espiritual e acima deste está aquele que é o Logos, o mundo do Logos. Vemos que há muitos céus, ou muitos níveis. Há nove céus acima de nós, porém estamos aqui na Terra.

  Como esperarmos estar conscientes, sermos cognizantes dos mundos superiores, do reino dos céus, conforme Mestre Jesus informou se não estamos conscientes desta terra? Primeiro temos de estar conscientes daqui, criar nossa lua psicológica, a fim de criar o sol psicológico. Esse é um próximo passo. Para tanto Mestre Jesus falou:

  A isto respondeu Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. João 3:3

  Nascer de novo não é assunto de crer em alguma coisa, Nascemos de novo quando aplicamos a energia sexual que é a única energia que cria no reino mineral, no vegetal, no animal e no humano. Portanto, nascer de novo não é assunto de crença, mas de utilização da força sexual e para isso necessitamos conhecer Tantra.

  A fim de desempenhar o Tantra, temos de começar a controlar os três cérebros, porque se vamos praticar Tantrismo seguindo nossa cabra, ela gosta de fornicar. Obviamente, ao praticar Sahja Maithuna (tantra) necessitamos transmutar nossa energia sexual, mas não podemos praticar a transmutação sexual se estamos seguindo a cabra. Entretanto, se estamos acostumados a manter o centro de gravidade em nossa Consciência, no instante do ato sexual diremos: “Nesse ato sexual – estou roubando o fogo dessa minha cabra”.

  Agora compreendemos porque Lúcifer é simbolizado com as pernas de uma cabra. Lúcifer tem o poder do sexo, ele tem o tridente. O tridente é o símbolo das três forças primárias agindo mecanicamente em nosso corpo, em nossos três cérebros: intelecto emoção e instinto. Esse é o garfo de Lúcifer: nossos três cérebros.

  Lúcifer com as pernas de cabra reside em nosso sexo; Lúcifer diz: “Ó, você quer me controlar? Eu tenho a força dos três cérebros aqui no sexo”. Mais ainda: se seguirmos nossa cabra então comeremos do fruto proibido. E Lúcifer poderá dizer: “Experimente de novo na próxima vez e talvez...”

  O modo de se fazer é controlando nossos três cérebros, ou seja, controlar nossos três cérebros quando desempenharmos o ato sexual. Nosso ego, naturalmente, porque somos o mal, Lúcifer é a energia. Lúcifer não é um indivíduo que exista externamente. Ele está interiormente. Ele é a força sexual que utiliza o garfo, o poder dos três cérebros para a mecanicidade da natureza. Temos de transformar o nosso mal em um ser humano. É como diz a mitologia: temos de transformar o jumento em homem.

  Isso me lembra de Jesus entrando em Jerusalém enquanto montava o jumento, controlando o animal. Contudo, qualquer pessoa que vá ao Oriente Médio, para a Terra Santa, e entre em Jerusalém, o jumento está no comando das rédeas, porque o animal o está controlando. Temos de entrar como Jesus, controlando o animal, o jumento, que é o mesmo símbolo da cabra.

  Fazemos essa divisão quando separamos as cabras das ovelhas durante toda a vida. O Filho do Homem em nosso coração tem de fazer isso.

  Esses elementos, que são a sensualidade, ódio, orgulho são condenados, lançados ao inferno. Temos de desintegrá-los, eles são inimigos de Deus que está dentro de nós. É assim que morremos psicologicamente. Desse modo, pouco a pouco, o Homem Solar vem aparecendo dentro de nós. O segundo nascimento não é mecânico como as pessoas pensam.

  O homem Solar é formado pelos corpos solares, o traje do casamento da alma que temos de criar para nosso Filho do Homem que temos em nosso coração:

  O Corpo Solar Astral
  O Corpo Solar Mental
  O Corpo Solar Causal

  Quando criamos o corpo Solar astral então entramos em outro nível, somos um ser humano que detém controle de suas emoções superiores e está consciente quando sai de seu corpo. Quando o corpo está dormindo ele é consciente no nível astral. Ele não está dormindo como nós. Após ter criado o Corpo Solar Mental ele então é consciente no plano mental. Finalmente, ele cria o corpo da força de vontade e entra no Tiphereth, o mundo causal. Conforme dissemos noutras palestras, ele cria Shem, Ham e Japheth, os três filhos internos de Noé. Então ele se torna um Homem Solar. Ele entra no reino do céu.

  Então temos duas humanidades: a cognizante que está relacionada com os Corpos Solares astral, mental e causal, esses sintonizados com as dimensões superiores, com o reino do céu, como Mestre Jesus estabelece; e temos a humanidade mecânica relacionada com o reino da confusão das línguas.

  A fim de entrarmos no reino do céu, precisamos aniquilar nossa lua mecânica e temos de criar nossos Corpos Solares.

  Há outros versículos que desejo ler para vocês, relatando o que Jesus disse em Mateus 6: 19-24.

  Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde os ladrões escavam e roubam;
  Mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, e onde ladrões não escavam nem roubam;
  Porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração;
  São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; Se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!
  Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um, e amar ao outro; ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas (mammon)”.

  Vocês alguma vez leram isso? As pessoas leem e comentam sobre isso muitas vezes. De que olho está Jesus falando aqui? Não é relativo ao olho físico. É o olho da pineal, o olho intuitivo. Aquele olho que nos permite entrar nas dimensões superiores, que nos permite ver o céu. Se vocês ouviram sobre isso, o terceiro olho é o que os mitólogos chamam o olho ciclópico. Os Ciclopes têm somente um olho, significando que são unicamente capazes de ver o espírito, não a fisicalidade. Então naquele olho temos luz, conforme explanamos, se exercitamos aquele controle do “Nosso Pai que estais no céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”, então a força de nosso Deus entra pela glândula pineal e exercita na nossa terra, que é a nossa fisicalidade, a vontade, como é no céu. “Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”. Significa que na terra que é a nossa própria terra, nossa fisicalidade, é feita a vontade de Deus.

  Quando a vontade de Deus é feita na nossa terra (o corpo), então o terceiro olho começa a operar. Há então luz ali e nosso reino, nossa vida, será cheia de vida. Porém, se não ligarmos para o terceiro olho, o assento da alma, e não fizermos isso, então “Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!”.

  Se sentamos em meditação e observamos o centro de nosso cérebro, então podemos inquerir: “Quanta luz terei naquele centro, naquela glândula pineal, no chackra Sahasrara?”. E se houver ali escuridão, quanta haverá! Isso significa o quanto estão as trevas relacionadas com nossos defeitos. Porém, se quisermos ver luz, então começamos por desenvolver nossa Consciência. Começamos trabalhando com a luz psicológica. Não podemos servir a dois mestres ou odiaremos um e amaremos outro. A divisão está dentro de nós, a cabra e a ovelha, ou Deus e mammon; a mesma coisa; não podemos servir a dois mestres.

  Quando entramos nesse caminho desejamos a nossa auto-realização, ao mesmo tempo podemos sair e estar com o vizinho, agindo como o diabo. Então, empreender esforços no sentido de servir somente Deus é um esforço psicológico; é um trabalho que temos de realizar todos os dias seguindo nossa Consciência e aclarando nossa psique; mammon é a mente, e Deus está na glândula pineal, ali, no centro de nosso cérebro. E não podemos servir Deus na glândula pineal e a mammon ao mesmo tempo.

  Mammon está relacionado com o bem estar, a riqueza na terra. É um demônio um indivíduo que acumula ouro , dinheiro. Está claro porque se diz que essa sociedade é uma sociedade mammon. Todos querem dinheiro e mais dinheiro. “Dê-me ouro, intelectualismo”. Tudo em relação com essa mente. “Eu quero ser famoso”, temos de ser milionários, etc. Isso é mammon. Estar contra mammon é estar contra nossa mente e não ser escravo do dinheiro. Necessitamos dinheiro, OK, mas não sejamos escravos do dinheiro, não nos identifiquemos com ele; sigamos as regras de Deus. Foi isso que Jesus disse: “Apeguem-se aos tesouros do céu”. O céu está na cabeça, relaciona-se com a glândula pineal e além de nossa Consciência. “Não se apeguem aos tesouros da terra”, porque todos na Terra querem ser ricos, ter tesouros. Não é mal termos o que necessitamos, termos dinheiro. É bom, mas não nos identifiquemos com ele. Não façamos de nossas vidas somente cobiças; não seja somente correr atrás do dinheiro a razão de estarmos vivendo. Tenhamos aquilo de que necessitamos. O que necessitamos? Necessitamos comer, vestir, ter um abrigo. Roupas, alimento e abrigo são as necessidades para as quais precisamos ter dinheiro nesses dias e era. Em eras passadas, em tempos de antanhos não precisávamos de dinheiro para essas coisas, mas necessitamos disto, então tenhamos exatamente aquilo que satisfaça as nossas necessidades. Porém, permitamos que nossa prioridade seja o reino de nossa própria Consciência, o reino de nosso próprio Espírito, pois se queremos hoje trabalhar para Deus e amanhã para mammon, ou pela manhã para mammon e à tarde para Deus, então estaremos servindo a dois senhores ao mesmo tempo. Não podemos fazer isso.

Se trabalhamos porque necessitamos de dinheiro a fim de sobreviver, façamos isso, porém em nosso trabalho estejamos conscientes de nós próprios. Trabalhemos pelo nosso Deus. Estejamos no inferno como um anjo, não como um demônio. Isso é difícil, porque nenhum dos demônios gosta de estar no inferno agindo como um anjo, mas como demônio, ainda mais que o anjo é testado no inferno. Desejamos ser um anjo? Desejamos despertar nossa Consciência? A Consciência é despertada aqui no inferno onde precisamos ser testados de modo que possamos trabalhar por nós próprios.

  É assim que essas coisas têm de ser compreendidas, porque há pessoas que, por exemplo, dizem: “Primeiro quero ter meu lar, meu carro, e uma soma de dinheiro no banco, para depois trabalhar para Deus”. Isso é ridículo, pois então o ego da ganância dentro de nós dirá: “Bem, você precisa disso, disso e mais disso”, e dessa forma passam-se os anos, ficamos velhos e finalmente morremos. E dos tesouros que estivemos acumulando em quantidade não levamos um centavo, nada, porque vamos sós para a cova, é isso aí. Então vamos para outras dimensões. Nossa vida física acabou. Assim, por que temos de nos identificar com os tesouros da terra, com mammon?

  É por isso que Jesus disse aos seus discípulos:

    Então disse Jesus a seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus.
  E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus. Mateus 19: 23, 24.

   Ser rico não é somente estar realizado com dinheiro. Há um número enorme de pessoas que financeiramente são pobres, mas psicologicamente falando, são muito ricas. Em qual situação são eles os ricos? Eles são muito orgulhosos, têm um monte de defeitos, vícios e defendem suas psicologias, seus orgulhos contra qualquer coisa. São muito “ricos”. Em outras palavras, os tesouros que estão acumulando dentro deles próprios estão relacionados com a terra, com Klipoth. Se olharmos para dentro deles a fim de vermos se têm algo de piedoso em suas Consciências, em seus céus, não veremos nada. Nem mesmo acreditam em Deus. Existem ateus que unicamente estão preocupados em conseguir dinheiro, e dizem: “Deus não existe”, somente isso. Eles têm todos os seus tesouros na terra. Obviamente, não possuem nada no céu.

  Porém, a vós próprios acumulem tesouros no céu”, então, obviamente, para ser rico no céu é algo psicológico. “Não acumulem a vós próprios os tesouros da terra”, assim, ser rico na terra é algo relacionado com defeitos psicológicos e vícios. Dessa maneira, quanta luxúria, ganância, ira, orgulho, vaidade, preguiça, gula, etc., temos dentro de nós? Se temos muito, então somos o rico da parábola em Mateus 19:23,24.

  Então, sendo rico na terra torna-se muito difícil que possamos entrar no reino do céu. Eis porque está também escrito:

  “Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”.

  Ser pobre de espírito significa psicologicamente ser pobre em defeitos, não significa sem vintém, ou adorar a pobreza aqui nesse mundo físico. Não. “Pobre de espírito” significa que psicologicamente estamos contrários aos nossos defeitos e vícios. Logo, sendo pobre de espírito e o reino do espírito sendo para nós, significa que empilhamos para nós tesouros no céu, assim nossa Consciência está expandindo no céu, expandindo e penetrando na humanidade cognizante. Pobre em atitudes egoísticas, esse é o significado dessa bênção. Não tem nada a ver com dinheiro, pois há inúmeras pessoas, grandes Mestres como, por exemplo, Saint Germain; ele é pobre de espírito, mas ele é o mestre que sempre aparece muito bem vestido e com muita riqueza, mas ele não é reconhecido por sua riqueza. Ele anda na trilha de Deus e detém controle sobre sua natureza inferior.

  Pobre de espírito é a atitude relacionada com nossa pessoal psicologia, e ser rico na terra é estar identificado com nosso orgulho, nossa ira, nossa autoestima, nossa auto importância. Torna-se muito fácil sermos ricos na terra como quando estamos diante de uma pessoa que nos vai servir. Em particular, na agência de correios experimentei isso. Eu estava lá e eles vieram atender-me. Eu fui pagar-lhes. Mas eles são sempre, como podemos dizer – assim, muito zangados – então nos tratam muito mal.

  Pessoalmente, minha autoestima e auto importância são muitas vezes feridas. Vejam, eu vou lá despachar livros para as pessoas que querem saber sobre Gnose, então, quando eu volto aqui, digo: “Bem, ela estava certa”, ou “ele estava certo”, mas normalmente é ela, porque ele é muito bom; vocês sabem, por causa de seus estresses eles agem mal contra os clientes... Bem, ela tem o direito de estar zangada. Quem saberia quantos clientes ela atendeu lá, então ela está realmente cansada, e tratando-me muito mal, sem gentileza, porém ela está oferecendo um serviço e eu tenho de pagar. Por que eu deveria querer gentileza dessa pessoa? Eu tenho de amá-la. Porém, acreditem, quando estou meditando minha autoestima me diz: “para o inferno com ela. Como você irá amá-la?”. Então eu digo para minha auto-estima; “Cale-se. Você tem de morrer aqui, porque eu tenho de amar meus inimigos”. Isso não é o certo? E, claro, há muito do orgulho em mim que diz: “Não. Você vai permitir que essa pessoa tire onda com você, e tripudie?”, então eu digo ao meu defeito: “se aquela pessoa está aborrecida ou estressada com seu trabalho o problema é dela, não meu, eu não tenho que me identificar com ela. Deixe-na estar zangada. Se Deus não a freia, por que eu irei fazer isso? Não me identificarei com ela”. Dai, deixo o lugar com o rabo entre as pernas e digo: “eu tenho de ser humilde aqui”.

  Assim, se normalmente não temos esse tipo de conhecimento, reagimos de imediato e respondemos mecanicamente. Eu vi muitas discussões por lá, pessoas reagindo e brigando entre elas. Algumas vezes, ligado a isso, as pessoas dizem; “isso é inacreditável, essas pessoas são preguiçosas. Veja, estão batendo papo entre elas e nós aqui esperando por quase meia hora...” etc., etc., Bla-bla-bla-bla-bla… As pessoas são muito impacientes.

  E vocês, se estiverem lá, digam: “Por que eu devo ficar zangado? Se eu começar a arguir como eles, o trabalho irá andar mais rápido? Não, irá continuar no mesmo curso. Se estou zangado ou não, tenho de encarar as consequências. Tenho de chegar à janela e fazer minhas coisas”. É mesmo estupidez ficar zangado, mas as pessoas não pensam assim. Elas são bla-bla-bla-bla-bla-bla, e comparando, falando de outras agências de correios e de outros lugares como esse, elas estarão desperdiçando muita energia.

  Vemos, dessa maneira, que muitas pessoas reagem mecanicamente com tudo na vida; quando vão às compras em outros lugares, ou quando se encontram em diferentes circunstâncias, contudo é nessas coisas que temos de realizar o nosso trabalho psicológico.

  Se vamos entrar no reino do céu (com uma humanidade cognizante) ou estaremos a continuar no mecanicismo dessa humanidade, na qual somos escravos, a humanidade oferece-nos uma oportunidade a fim de que saibamos por nós mesmos.

  Quando reconhecemos nossos defeitos e os aniquilamos saindo deles, dizemos: “Meu Deus, agora tenho outra virtude, outro poder em mim. Minha clarividência está no ponto. Aquela luz que estava envolta pela ira está de novo ativa em minha glândula pineal; a luz que estava prisioneira dentro de meu orgulho está agora ativa em minha Consciência. Obrigado Deus, aquele “eu” estava contra mim”. Então entendemos: “Tenho de agradecer àquela pessoa que me insultou, porque sem o seu insulto eu não teria percebido aquele defeito em mim. Obrigado a ela, estou crescendo espiritualmente”. Então amamos a pessoa. É assim que amamos nosso inimigo, quando percebemos que a pessoa que psicologicamente nos feriu, ao final de tudo nos estava fazendo o bem, então soubemos tirar vantagem da situação. Se não tiramos vantagem disso, se não meditamos e não compreendemos nossos defeitos, então, exatamente, desenvolvemos o masoquismo ou a mecanicidade.


                                                                     * * *
  Temos perguntas?

  1. P. – Passaremos por provações uma vez que essa vida é cheia de provações?

    R. – As provações nos chegam onde estamos trabalhando, onde vivemos com nossos parentes, com nossos conhecidos. Com eles temos nosso ginásio a fim de nos conhecermos a nós próprios, a fim de saber o que nosso orgulho alveja, nossa ira, nossa autoestima, etc. Ao interagirmos com as pessoas é desse modo que nos conhecemos. Então no sentido de nos conhecermos precisamos meditar e escapar do que não gostamos, através da meditação, através das técnicas que lhes ensinamos. É esse o caminho.

  Contudo, há alguns mestres que estão muito avançados. Eles não reagem mais diante de nada, mas ainda sentem que tem defeitos interiormente. Por conseguinte, eles saem propositalmente a procura de alguém que os insultem. Eles começam a falar a essa pessoa sobre o que eles mais amam e aguardam até que a pessoa os insulte e diga: “Estou enjoado e cansado de sua pregação aqui”, e começa a insultá-los. Ao se sentirem magoados porque a pessoa não quis ter o que eles tinham a dar, mesmo quando eles fazem isso com amor, então dizem: “Ok, muito obrigado” e dizem: “eu não tenho que carregar isso. Eu não tenho que me sentir magoado porque alguém diz não acreditar naquilo que eu acredito ou não segue o que eu sigo. Tenho que respeitar a livre vontade de cada um. Por que tenho que me identificar com isso?”.

  Entrementes, há outras pessoas que gostariam de nos forçar, abrir nossas mentes e colocar seus conhecimentos lá pela força.... Isso não é Deus... Temos de respeitar a liberdade alheia. Se pessoas gostam disso, bom, mas se não gostam pelo menos se esforçam. Mas há egos dentro de nós que se sentem ofendidos quando as pessoas nos debocham, ou nos insultam devido às suas crenças, ao seu caminho. Esse é precisamente o trabalho. O mecanicismo da natureza está sempre diante de nós. A oportunidade de entrar na humanidade cognizante está sempre diante de nós, a cada segundo. Depende de nós, só depende de nossa vontade fazer isso.

  2. P. – Os animais têm mentes?

   R.– O gato, o cachorro, têm mentes protoplasmáticas, mas, obviamente não raciocinam. Eles têm mentes, porém mentes instintuais. Nós somos os únicos que raciocinamos.

  2. P. Mas não há animais despertos?

    R. Os animais têm consciência própria, mas não da maneira cognizante; eles agem instintualmente, psicologicamente, não são individualizados. Vemos que um gato está sempre consciente dele próprio, porém os animais agem coletiva e instintivamente. Nós temos de ser conscientes de nós próprios também, mas agindo com leis superiores, com inteligência. Essas, no sentido de estudar; quando meditamos, nos analisamos, compreendemos e começamos a descobrir outras leis que se relacionam com nossa Consciência e nos tornamos conhecedores das leis mecânicas que estão agindo mecanicamente em nós durante todo o tempo, tal como em qualquer gato, ou cachorro. Meditação é a ferramenta que nos serve para descobrir e exercitar o controle de nossa psique. Primeiro, temos de controlar nossa lua. Essa lua mecânica está relacionada com nossa mente, coração e sexo: três cérebros que são nossa lua psicológica, através da qual sempre agimos mecanicamente. Ainda, no sentido de exercitar o controle sobre aquela lua mecânica, temos de criar nossa própria lua psicológica. Após isso, começamos a entrar na luz Solar, nas leis Solares que se relacionam com os reinos do céu, com o Filho do Homem.

  3. P. – Devemos tomar cuidado com o que falamos?

      R. O Logos é Deus, o Logos é a Palavra. A palavra é o som, a vibração. Deus não é uma pessoa. Por isso está escrito: “No início era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”.

  No início o Verbo falava a Ele mesmo sobre Ele mesmo. Esses são os três aspectos, três forças, três sons.

  Mas em nós, o Logos é a linguagem. Quando estamos sintonizados com as forças superiores e falamos, então aquele Logos é a mensagem. É a palavra, é o conhecimento que estamos dando. Porém, se não estamos sintonizados com as forças superiores, então a palavra pode ferir. Podemos ferir com a palavra, insultos que as pessoas usam com as forças dos três cérebros, mecanicamente. Eles, com suas palavras, com seus insultos, não somente degeneram suas psiques, sabemos, mas também seus corpos físicos, suas fisicalidades.

  Vocês sabiam que a qualidade do esperma que o homem cria e a qualidade do óvulo que a mulher cria estão relacionados com o que comemos, pensamos e falamos? É assim que a semente é feita diretamente, então quando engendramos uma criança, ela é herdeira de nossos pensamentos, palavras, etc. Não só fisicamente, mas de todos os maneirismos, da mecanicidade. Quando estamos mudando, a qualidade do esperma é diferente, do mesmo modo o óvulo e a qualidade da pessoa é psicologicamente maior. Assim, trazemos a nós, de acordo com nossas vidas, as diferentes circunstâncias e mesmo crianças.

  4. P. – Quanto ao êxtase dos santos?

   R. – No êxtase, diríamos, estamos elevando nossa Consciência. Nossa Consciência vibra com o mesmo som, afinada com nosso próprio Espírito, que é Deus interior. É uma vibração elevada. Deus vibra numa oitava maior. A fim de estarmos em união, que é a comunhão ou o “religare, re-união” para as religiões – a palavra religião vem de a união da Consciência com o espírito. Para chegarmos ao êxtase, temos de estar na mesma oitava de nosso Deus. Porém, quando entramos em nós próprios, descobrimos que a ira não está na mesma vibração da oitava de nosso Deus, nem o orgulho nem todos os defeitos. Então, temos de retirar nossa Consciência de todos aqueles elementos psicológicos e colocá-la na oitava de nosso Deus e isso é chamado religião ou união, ou Yug, Yoga, falando psicologicamente.

Tradução Inglês/Português: Rayom Ra

Fonte:
http://gnosticteachings.org/courses/beginning-here-and-now/698-the-two-humanities.html

                                                                     Rayom Ra

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