sábado, 18 de dezembro de 2010

Porque Não Devemos Ignorar As Forças Negras - Parte II

       Quando falamos de Forças Negras, não estamos nos referindo a seres ou almas que simplesmente vivem à sombra da luz, por ignorância ou caminhos errantes, onde perderam os rumos de seus destinos. Os chamados Magos Negros ou Senhores da Face Negra, não são absolutamente desta categoria de mentes iludidas, dominadas pelos vícios e prazeres da carne que como tal não têm nenhum poder sobre si próprios. Os Senhores da Face Negra, bem ao contrário do que apregoam alguns espiritistas e pseudo ocultistas, são seres altamente inteligentes que desenvolveram o aspecto vontade em suas mentes, sabendo o que desejam e como atuar com seus poderes para chegar aos objetivos.

       Tal como a Fraternidade Branca e seus contatos, aqueles, em réplica negativa, possuem seus respectivos escalões na Terra recebendo forças adicionais  - quando necessárias para seus planos - de outros escalões maiores e cósmicos de bilhões de anos no universo, cujos representantes de tempos em tempos se trasladam de um sistema solar a outro, associados ou em circunstanciais conluios com núcleos iguais em planetas de matéria física ou não.

       Reproduzimos, a seguir, trechos ditados pelo Mestre Djwhal Khul para A.A. Bailey, onde são destacadas precisas informações sobre a vida iniciática de seguidores de ambas as polaridades na Terra, uma vez que este tema, para melhor entendimento, requeira avançarmos para campos da sabedoria oculta e suas inerências.

       A Hierarquia Planetária da Fraternidade Branca é evidentemente formada por seres de grande sabedoria e luz. Na Terra fazem cumprir as mesmas leis evolucionárias a que estão submetidas todas as cadeias e vidas de nosso sistema solar, nos cinco mundos objetivos de diferentes graus vibratórios. Como tal, inumeráveis vidas que se inserem no programa orientado para este sistema solar são oriundas do sistema solar anterior do qual o nosso é sua segunda encarnação, ou para cá viajam de outros sistemas solares para estágios de aprendizados ou missionários. Assim, essas vidas estarão incluídas no processo evolucionário da via cármica sublimatória em Cristo, ou, por infelicidade, como acontece, poderão cair na via da mão esquerda de que estamos tratando, polarizando-se nos poderes da matéria.

       A Entrada Através dos Portais da Iniciação

       Logicamente, se evidencia que o emprego da palavra “Portal” é puramente simbólico. A interpretação que se lhe dá o estudante esotérico comum e o teósofo ortodoxo é a de um ponto de entrada que para ele significa a oportunidade oferecida de passar por uma nova experiência e revelação – grande parte daqueles a considera como devida recompensa pela disciplina e aspiração, sendo, não obstante, uma interpretação de importância secundária, baseada em anelantes desejos.

        O Portal da Iniciação

        O verdadeiro significado da frase “Portal da Iniciação” é obstrução, algo que fecha o caminho que deva abrir-se, ou que se interpõe ao aspirante ocultando seu objetivo. Este significado é dos mais exatos e o aspirante captará mais facilmente sua utilidade. Se imaginarmos um homem avançando no sendero evolutivo, até que um dia se encontre diante de um portal aberto, pelo qual possa passar tranquilamente, estaremos muito longe da verdade. (...) Logicamente deve haver uma sedimentação de seu caráter, presumindo-se que seja estável no equipamento do candidato. Estas características, por oportuno, têm pouco a ver com a iniciação e com o fato da abertura do “Portal” que conduz ao sendero.

       Indicam, verdadeiramente, a etapa alcançada no sendero de evolução como resultado do experimento, da experiência e da contínua expressão que deveriam ser comuns a todos os aspirantes que tenham alcançado a etapa em que enfrentam o discipulado, por que são do despertar inevitável e significam simplesmente a reação da personalidade no tempo e à experiência. Entretanto, é verdade indiscutível que ninguém pode atravessar este portal sem antes haver despertado as particularidades do caráter, e isso se deve a que o aspirante progrediu até certa etapa do despertar, obtendo automaticamente alguma medida de autocontrole, compreensão mental e pureza.

       Quero assinalar também que até o mago negro possui estas qualidades, pois são o sine qua non de toda arte mágica, tanto negra quanto branca. O mago negro atravessa pelo portal da iniciação que se abre duas vezes nas duas primeiras iniciações. O atravessa por força de sua vontade e realizações de seu caráter, por que o aspecto da alma que é consciente do grupo está nele tão ativo como está em seu irmão que trata de afiliar-se à Grande Loja Branca. Sem dúvida, o mago negro carece do aspecto amor. Não esqueçam que tudo é energia e nada mais. À energia, aspecto da alma, que denominamos atração magnética (a qualidade que constrói o grupo), dela compartilha o mago negro juntamente com o aspirante espiritual. Essencialmente é consciente do grupo e, ainda que seus motivos sejam separatistas, seus métodos são os do grupo e somente pode obtê-los da alma.

       Aqui temos novamente outra razão pela qual a Loja de Mestres não considera a primeira e a segunda iniciações como iniciações maiores, porém sim a partir da terceira (1) por que na terceira iniciação toda a vida da personalidade está inundada com energia procedente da Tríade Espiritual, via “pétalas do sacrifício” (2) do aspecto vontade e propósito da alma. A este tipo de energia o mago negro não responde. Pode responder e responde ao conhecimento – muito antigo e duramente adquirido – acumulado nas “pétalas do conhecimento” da alma; pode apropriar-se e utilizar a energia de atração (erroneamente denominada de amor por alguns estudantes), acumulada nas “pétalas do amor” da alma, porém não pode responder nem empregar a energia do amor divino expressada no Plano Divino, o qual controla todo conhecimento e o transforma em sabedoria, pondo em ação e aclarando o móvel que põe em atividade a atração magnética amorosa, que chamamos consciência e coesão grupais verdadeiras.

       Neste ponto, os dois caminhos – escuridão e luz – divergem amplamente. Até o não recebimento da terceira iniciação, a ilusão pode condicionar a atitude de quem trata de compreender a vida de um homem no sendero e ainda confundir o espúrio com o real. O mago negro leva também uma vida disciplinada, análoga ao aspirante espiritual; pratica a pureza para sua própria proteção, não com a finalidade de ser um canal para a energia da luz; trabalha com poder (o poder da atração magnética), e com grupos, porém para seus próprios fins egoístas e satisfação de seus pessoais propósitos ambiciosos. Porém, na terceira iniciação, ao verdadeiro iniciado espiritual chega-lhe a revelação, a recompensa da perseverança e a pureza corretamente motivadas – a revelação do propósito divino, tal como a alma o registra em términos de plano hierárquico, ainda que, todavia, não em términos de mônada. A este propósito e a amorosa Vontade de Deus (empregando uma trivial frase cristã), não pode responder o irmão negro por que suas metas são diferentes. Eis aqui o verdadeiro significado da frase a miúdo empregada e mal interpretada, “a separação dos caminhos”.

       Porém, ambos os grupos de aspirantes (os negros e os brancos) permanecem ante o portal da iniciação e dão os passos necessários para abri-los em duas ocasiões similares. Ambos se sobrepõem ao ilusório depois da segunda iniciação, e veem claramente o caminho que têm adiante, porém suas metas surgem amplamente diferentes; um, olha o amplo caminho que conduz cada vez mais profundamente para a matéria e ao materialismo, à obscuridade e ao “poder negro”, outro leva ao caminho reto e estreito, ao sendero do fio da navalha, que conduz para a luz e vida. Um dos grupos jamais se liberou dos princípios que regiam o primeiro sistema solar, princípios totalmente relacionados com a matéria e a substância que foram, naquela época e período (tão remotos que sua antiguidade somente pode ser estabelecida em números super astronômicos), os fatores condicionantes para a iniciação de então. Certas unidades da humanidade existentes naquela época, estavam tão completamente condicionadas por estes princípios materiais que deliberadamente não se haviam preparado para captar outra série de princípios (mais expressivos de natureza divina), que seus propósitos seguiram, sendo materialistas, “fixos e egoístas”, e devido a eles criaram inteligentemente uma planificada distorção da vontade divina.

       Temos aqui um indício da natureza do mal e a chave de uma parte, somente uma, do mistério encerrado na enunciação de que o mal e o bem deveriam se ter superado, passando a um bem maior e mais includente. Recordem que os magos negros de hoje foram os iniciados de um sistema solar anterior. Quando o portal da iniciação estiver preparado para abrir-se pela terceira vez, então os caminhos se irão separar-se. Alguns seguem a intenção egoísta e a fixa determinação de continuar nessa condição separatista da matéria, enquanto que em outros a vontade divina estará claramente plasmada, convertendo-se em poder motivador de suas vidas.

       A Grande Loja Branca de Sírios instruiu para que o portal permanecesse fechado pela terceira vez aos irmãos da obscuridade. O mal, tal como o entendemos, não tem absolutamente cabimento em Sírios. Para o mago negro, na terceira oportunidade o portal de iniciação apresenta uma barreira e um obstáculo insuperáveis; para o verdadeiro neófito espiritual significa “superação”.

       (1). Ver nossa obra:  (clique no título) NO ARCO DAS INICIAÇÕES
       (2) A referência às pétalas do sacrifício é relativa ao corpo causal do ego, cuja contextura é semelhante a de um lótus, com três carreiras distintas de pétalas, contendo cada carreira três pétalas. Da carreira mais interior para a mais exterior, temos o seguinte.
 
       A primeira carreira, denominada de pétalas do sacrifício, detém a seguinte disposição cromática: a) pétala 1, cores amarelo, laranja, verde, violeta e rosa. b) pétala 2, cores amarelo, laranja, violeta, rosa e azul. c) pétala 3, cores amarelo, laranja, rosa, azul e índigo.
       A segunda carreira, denominada de pétalas do amor, detém: a) pétala 1, cores rosa, laranja, verde e violeta. b) pétala 2, cores rosa, laranja, e azul. c) pétala 3 cores rosa, laranja, amarelo e índigo.
       A terceira carreira, denominada de pétalas do conhecimento, detém: a) pétala 1, cores laranja, verde e violeta. b) pétala 2, cores laranja, rosa e azul. c) pétala 3, cores laranja, amarelo e índigo.

       Há ainda um quarto segmento no desenho do corpo causal, que é seu núcleo onde três outras pétalas permanecem fechadas até que todas as demais hajam se aberto, conhecido na sabedoria oriental como “a jóia do lótus”.

       Com relação às pétalas do corpo causal, reside nelas a grande diferença entre os adeptos da magia negra e da branca, visto a sequência da segunda carreira de pétalas do lótus somente se abrir mediante a ação crística do amor-sabedoria, o que os Senhores da Face Negra se recusam a cumprir e, portanto, não poderão avançar mais por este caminho de libertação dos liames da matéria. Para nós, o futuro dos magos negros, de evolução iniciada em tempos imemoriais da primeira encarnação de nosso sistema solar, permanece envolta por algumas hipóteses dos antigos ocultistas. Uma delas é que tendo se colocado contra as correntes do processo evolucionário, os adeptos da magia negra romperão suas ligações com o corpo causal e com suas mônadas, perdendo assim todos os bilhões ou trilhões de anos de suas vidas pregressas do processo evolucionário. Entretanto, não sabemos realmente seja esse o destino final dos caminhantes da via da mão esquerda, pois mais adiante os que se acercaram dos ensinamentos dos mestres da luz os perderão de vistas não podendo mais ser contaminados e nem subjugados pelos seus negros poderes, por estarem libertos das influências das polaridades que oscilam entre a luz e as sombras.

       Rayom Ra

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