quinta-feira, 17 de novembro de 2022

O Monoteísmo Bíblico e os Deuses da Criação - (2) - [R]

PARTE II

ESOTERISMO E CRIAÇÃO

CAPÍTULO IX
PROCESSO EVOLUCIONISTA

  Salientaremos nesta segunda parte do livro um pensamento diverso e mais amplo do aposto na primeira parte, visto a ênfase dada até agora explicitar muito mais os aspectos religiosos da Bíblia e o rigor de suas controvérsias com a história e arqueologia.

  Para o estudante do esoterismo a linguagem empregada nas narrativas bíblicas pende propositalmente para os simbolismos. Nomes, lugares e eventos induzem a outras conotações interpretativas, ao contrário da literalmente entendida pelos religiosos e leigos.

  O Velho Testamento apresenta maior dificuldade de aceitação histórica do que o Novo. A suspeitosa cronologia atribuída às suas narrativas não permitiu até agora reunir elementos concretos para a remontagem de uma linha sequencial crível. Além da inexistência de provas cabais do que é narrado, há muitos hiatos entre determinados acontecimentos e um sem número de aparentes incongruências. Nem dos personagens se tem documentos lídimos e comprobatórios. Praticamente todos os personagens citados no Pentateuco se tornaram elementos sem perspectivas de provas, restando tão somente o reconhecimento pela fé religiosa. Do mesmo modo, conforme vimos, muitos locais, regiões e cidades não batem nas suas localizações com as recentes provas alinhadas pelas descobertas arqueológicas.

  Situação diferente vamos encontrar nas páginas do Novo Testamento que já apresentam possibilidades mais reais e concretas de aceitação devido a proximidade de seus eventos com a organização da história recente. Nesse caso, foi possível reunir amostras de provas do curso dos acontecimentos e assim oferecer maior credibilidade. Ainda assim, Jesus não teria existido para a história oficial num prolongamento de eventos perfeitamente comprobatórios. Restam ainda dúvidas de sua existência, exceto por conta de um pronunciamento do historiador Flavius Josephus do século I ao referir-se, entre os anos 38 e 39, a certo profeta de Nazaré numa carta dirigida a Tiberius pelo senador romano Publius Lentulus, que teria vivido na Galiléia no tempo de Jesus, descrevendo-o fisicamente e ressaltando sua alta moralidade.

  Tanto a existência da pessoa Publius Lentulus como a autenticidade de sua carta foram negadas ao longo da história, mas não de forma totalmente convincente. Da mesma maneira, a declaração de Flavius Josephus é ainda hoje alvo de suspeições, críticas e interpretações, por existir em todas as épocas motivações políticas ou interesses de outra natureza. Para o religioso, contudo, Jesus foi incontestavelmente verdadeiro e quem duvidar desta afirmativa comete apostasia.

  Já o esotérico vive num mundo muitas vezes aparte das assertivas históricas e visão literal-retilínea de muitos religiosos. As bases do pensamento esotérico emergem tanto de fontes materiais palpáveis, como associadas às revelações de outro naipe. As escolas tradicionais dos ensinamentos ocultos com suas obras escritas ao alcance dos muitos estudantes, auxiliam-nos a edificar um pensamento sobre bases diferentes do oficializado pelas instituições do mundo contemporâneo. Há no esoterismo outra realidade não mencionada nos anais da história e ciências oficiais sobre o nascimento do universo, a construção do sistema solar, o surgimento do planeta Terra, e a criação da humanidade e sua endógene. A sabedoria esotérica vem sendo mantida há milhões de anos em livros de especiais feituras, isentos dos efeitos do tempo e intempéries, em pergaminhos, na tradição oral ou em registros acima do espaço físico material. O estudante das ciências ocultas pode ter acesso gradativo a estas fontes segundo seu avanço mental e espiritual.

  Ao contrário das religiões o esoterismo não é para todos. A prova está no cuidado e resguardo de suas revelações. Há ainda muitos níveis mentais e espirituais a serem atingidos pela humanidade, motivo pelo qual muitas revelações se encontram preservadas pelos mestres do esoterismo. Há luzes superiores não alcançadas pelas ciências materiais e que somente abrem-se ao esotérico. Mas não é condição sine qua non possuir diplomação universitária ou grande aptidão intelectual para se tornar esotérico. As qualificações acadêmicas somente valerão ao estudante se houver íntima e verdadeira espiritualidade. E nem sempre um praticante de magia ou um teórico em assuntos do esoterismo é na verdadeira acepção e significado do termo, um iniciado, mesmo pertencendo aos altos graus das escolas tradicionais. Para tanto, o estudante necessita antes de tudo tornar-se espiritualista. A espiritualização da personalidade é essencial para o desenvolvimento de faculdades superiores conscientemente dirigidas.

  Não raro o estudante se complica e se atrasa na caminhada evolutiva, justamente por não desejar obedecer às orientações disciplinadoras de seus superiores do mundo espiritual. Por conta das desobediências abrem-se janelas em seu íntimo, e ele recebe energias e projeções astrais e mentais prejudiciais a sua integridade, não sabendo como rechaçá-las. Algumas vezes, envolve-se em situações ocasionadas por essas invasões, decresce em sua frequência vibratória e assim cai por terra.

  Desse modo, o esotérico não é necessariamente um intelectual, mas sim seguidor das lições que as aprende passo a passo pela vivência e observação. Com o tempo poderá despertar a intelectualidade e até falar ou discursar sabiamente. Há muitos exemplos no mundo de homens e mulheres que mais tarde atingiram status mental superior às suas iniciais categorias de pessoas comuns.

  O intelectual do mundo, por mais brilhante ou altiloquente que possa revelar-se, conforme citamos, não entenderá jamais o esoterismo e nem a espiritualidade como de fato devam ser praticados. A menos que deixe a vaidade e o orgulho intelectual de lado e aceite a humildade. O intelecto desenvolvido e somente polarizador de valores materiais, é o grande empecilho e principal responsável por afastar o homem de sua origem espiritual, conduzindo-o ao ateísmo. Não é pelo fato de se ter tornado intelectual que o homem terá aprendido a dominar o orgulho, a vaidade, a avareza, o egoísmo, o racismo, as taras, a crueldade e demais defeitos da personalidade. Em ocasiões, ao contrário do desejável, é justamente pelo fator intelectivo desperto e irresponsavelmente usado que virá intensificar ainda mais elementos negativos e ultrajantes para a alma.

  Tão pouco o religioso dedicado às liturgias será um realizado se não trabalhar duramente a espiritualidade. O grande erro das religiões é passar aos que aceitam seus dogmas a ideia de que unicamente as práticas religiosas conduzirão à salvação. Não há paraíso e nem inferno fora de nós mesmos. Criamos em nosso íntimo o próprio destino. As dimensões onde almas de semelhantes inclinações se encontram após a morte dos corpos físicos, representam prolongamentos de suas consciências no espaço-tempo.

  Práticas religiosas são meramente credos; qualquer pessoa pode exercê-las mecânica e organizadamente ou com perfeita técnica, no entanto não cumprindo de fato os preceitos e mandamentos morais no cotidiano pouco terá de fato realizado. A ortodoxia pode também conduzir ao engessamento do racional e do caritativo, quando normas e disciplinas são impostas com tal energia e firmeza que não permitam aberturas para reflexões. Neste tipo de interpretação e aplicação do “espírito da letra,” coração e mente são tiranizados, portanto a própria alma, deixando assim que o pensamento religioso concreto se materialize duramente sobre a razão e consciência da espiritualidade. Esse é um dos principais e nefastos fatores conducentes ao fanatismo e às idéias religiosas obsessivas.

  Os grandes homens que falaram e obraram em nome de Deus estavam libertos da ortodoxia religiosa. Fizeram-se senhores de si mesmos, transcenderam normas e dogmatismos e ao iluminar-se deixaram definitivamente as discrepâncias e preconceitos para trás. Alguns realizaram voluntariamente disciplinas religiosas, mas para seus objetivos maiores de libertação comprovaram sua total inutilidade e as largaram, partindo para insólitos desafios. E por terem emergido livres e conscientemente para a liberdade ‑ unicamente por isto ‑ não escaparam à condenação da estreiteza sacerdotal e nem dos aprisionadores dogmáticos. Assim se passou com Manes, Francisco de Assis, Buda, Jesus e outros luminares.

  As religiões não são absolutamente o caminho reto para a verdadeira vida. As salvações estão justamente acima das religiões, pois as estruturas e edificações religiosas tiveram a mão e o cérebro limitados do homem. As religiões são sustentáculos de energias que se ancoram de maneira tecnicamente possível, atraídas por fórmulas recitativas, rituais, pregações ou práticas que necessitam estar todos os dias ativados. Essas energias em movimento se dão e se recebem através das mentes de seus praticantes, e cada religioso se torna responsável pelo teor-qualidade externado por sua religião.

  As religiões representaram através dos séculos e milênios justamente estágios necessários para a humanidade, organizadas inicialmente segundo respectivos grupos raciais e idiossincrasias. E esses grupos foram e são nutridos por campos vibratórios de energias especialmente qualificadas. Assim foi possível manobrar um aumento da capacidade de absorção e retenção das energias a cada um dos praticantes. Por aparente paradoxo, essa ideia, para melhor entendimento e aceitação, precisou ser trabalhada em níveis acima do entendimento comum não alcançado pelas religiões. As tradições religiosas foram, e ainda são, fases ou faces de um todo, cuja perspectiva real desse todo, incabível no pensamento humano, é mais ampla e completa do que supuseram até mesmo sacerdotes e mentores responsáveis por tocá-las adiante e mantê-las ativas.

  A humanidade evolui em ciclos e espirais cíclicas. As religiões, por si sós, não conseguem entender o que seja a verdadeira marcha evolutiva humana por se ocupar de um só momento sobre a esteira de revelações mensuradas para efeitos definidos. Há religiões que nasceram de crenças e práticas primitivas. Não foram e nem são religiões organizadas para uma finalidade produtiva dentro de um organograma mundial. Por isso, muitas não sobreviveram e outras se tornaram arremedos de culturas em vias de extinção, e cujos resquícios de memória teriam permanecido no atavismo de grupamentos étnicos. As primitivas religiões de adoração ao Sol, à Lua, ao vento, fogo, água, terra, céu, estrelas e aos fenômenos gerais da natureza, estão nesse enquadramento de uma minoria, veiculadas a raízes mais profundas e distantes.

  Houve um tempo do existir uma religião natural e espontânea, embora orientada nos seus fundamentos básicos segundo as leis da natureza. Mas o ciclo dessa devoção terminaria quando os primeiros ramos raciais deixaram o estágio infantil e mergulharam noutra fase do conhecimento. Esse novo ciclo, contudo, traria conflitos que até hoje se procuram solucionar para a grande massa humana.  As limitações das religiões e o mau emprego das interpretações doutrinárias estão longe ainda de conduzir o homem a uma síntese universal com seu Criador.  Por outro lado, os avanços das ciências concretas iludem e seduzem milhões a uma realidade unicamente material.

  Embora o vocábulo religião advenha do latim “religiõ” ou “religo”, ou seja, significando mais amplamente ligar de novo o homem a sua divina origem, essa origem para milhões ainda não foi sequer vislumbrada e nem demonstrada convincentemente por qualquer das religiões não esotéricas. O que se observou do passado foram evoluções parciais da consciência humana relativas às manifestações e disciplinas da personalidade. Sabem os esotéricos da formação sétupla das unidades de consciência em estágios evolutivos na Terra. Unidades de consciência somos nós e o processo do aprendizado torna necessário adquirirmos o conhecimento de sermos possuidores de outros veículos além de um corpo sólido material.

  Em resumo: o ser em evolução é uma unidade de consciência denominada também de espírito, possuidora de uma alma bem mais complexa do que é ensinado nas religiões, e manifestada na Terra por um conjunto de veículos chamado na sua integral contextura de personalidade. Portanto, a tríplice edificação espírito-alma-personalidade, estrutura cada unidade de consciência inserida num plano evolutivo. O grande objetivo, a verdadeira meta, a realização transcendental em nossa vida planetária, num primeiro e grande estágio, é elevarmos de tal forma a totalidade de nossa consciência que possamos exercer a triplicidade desta estrutura pelo conhecimento e sabedoria de leis superiores. E até onde sabemos, esse sistema solar nos deterá somente por um determinado tempo, sendo necessário mais adiante, no curso dessa evolução, ancorar-nos noutro sistema solar, talvez até de outra galáxia, para ulteriores aprendizados.

  Esse pensamento, entretanto, precisa transcender a concepção da existência de vida inteligente unicamente no espaço físico onde movemos nossos corpos biológicos. A dimensão física do sistema solar é concretamente circunscrita por uma quantidade de matéria apropriada pelo Criador para esse tipo de manifestação. Elevando a consciência sobre essa visão a humanidade pode considerar verdadeiras outras dimensões formadas de matéria mais sutil, porém tão real e tangível naquelas dimensões quanto é tangível a matéria do mundo físico, onde, para a maioria, os sentidos aqui estão subjugados. E uma vez entendida essa realidade, e em se trabalhando conscientemente essa ideia, acaba-se por despertar a intuição plena destacada do instinto intelectual, e também a visão mental de outras dimensões.

CAPÍTULO X
A CRIAÇÃO DO SISTEMA SOLAR

  Cientistas de modo geral são céticos quanto à existência de um Criador. Embora a lógica ateísta de algumas teses das ciências materiais possa ser asseverada por leis físicas e demonstrada matematicamente é tudo muito limitado e questionável, devido ao fato de o homem nada inventar, mas unicamente redescobrir e transformar. O enquadramento de fenômenos naturais dentro de situações previsíveis ou a aplicação de leis físicas para o utilitarismo, somente vêm reforçar que a natureza é inteligente. O homem trabalha a matéria e dela obtém outros recursos, mas não cria leis para suas transformações: se apropria das leis existentes na natureza e as dirige para seus objetivos na medida de suas investigações.

  A questão do evolucionismo por geração espontânea após o big-bang parece ao esotérico uma incrível ingenuidade da mente científica de nossos dias. É só comparável às interpretações de nativos acerca da existência do universo e fenômenos da natureza. Aliás, os nativos, em suas primitivas crenças, sempre acreditaram num criador, não importando a forma como o descreviam, ao contrário da mente científica que se julga soberana pela tecnologia até agora desenvolvida. Entretanto, vemos que essa posição antes com ares de absolutismos, dia a dia se enfraquece.

  O mundo cansou-se de atestar erros avaliativos de cientistas cujas arrogantes declarações somente causaram ora medo, ora preocupações ou falsas expectativas do desvendamento definitivo de certos enigmas da existência humana. Da mesma forma, religiões assoberbaram-se da sabedoria. Fanáticos criaram crenças e movimentos pseudo verdadeiros, ou divulgaram profecias sobre um final do mundo que não aconteceu.

  Essa volúpia pelo reconhecimento popular jamais guiou a expressão do pensamento de verdadeiros esotéricos, mesmo porque a filosofia de suas investigações e ensinamentos nunca foi aberta indiscriminadamente. E aqueles que se aventuraram ao longo da história a pregar ao mundo certas verdades universais para a libertação das várias algemas terrenas, foram sistematicamente anatematizados, calados à força ou mortos pelos poderosos a quem não interessava a liberdade do pensamento.

  O esotérico cultua o conhecimento investigativo de uma sabedoria tão antiga que se perde nos anais do tempo terreno. E, principalmente, trabalha com afinco para a evolução planetária e de seus habitantes. O próprio pensamento científico de todas as áreas foi trabalhado desde os seus primórdios pelos homens devotados ao esoterismo.

  O termo esotérico é proveniente de esotéricos, palavra grega que significa interno, oculto. Essa terminologia é aplicada genericamente ao praticante das artes místicas, mas principalmente àquele que se dedica a vivenciar as verdades do ocultismo. O esoterismo, portanto, se interioriza na investigação, conhecimento e prática das ciências ocultas. Mas o esotérico é também um estudioso das ciências materiais, por isso achamos adequado dizer em poucas palavras que esoterismo são apropriações do oculto através de estudos e práticas iniciáticas, e em certo grau de consequentes relações com o mundo objetivo.

  Há várias conceituações sobre a criação do universo. O conhecimento humano de Deus e Seus propósitos para nosso sistema solar são tão elevados e incompreensíveis que na atualidade, por mais que nos esforcemos por entendê-los, atingiremos unicamente ínfima parcela dessa realidade. A sabedoria da criação é somente detida pelo esotérico em pequenas porções, segundo sua evolução mental e espiritual. O cérebro humano jamais poderá armazenar todas as informações sobre Deus, porque é feito de matéria condicionada ao espaço-tempo e Deus é infinito e transcendente a tudo.

  Há muitas inteligências obrando no sistema solar constituindo hierarquias. Esse é um dos motivos pelo qual existem interpretações diversas sobre Deus e Sua obra, pois quando representantes dessas hierarquias superiores, que nada têm a ver com a evolução da humanidade terrena - senão a intenção de ajudar ‑ se põem a esclarecer, surgem controvérsias. As hierarquias próximas de nosso mundo, por vigiar-nos mais de perto e conhecer melhor nossas dificuldades e caminhos percorridos, passam-nos com maior frequência informações e conhecimentos esotéricos não disponíveis ainda às fontes histórico-científicas, e mais apropriados a nossa pequena evolução.

  Podemos inicialmente dizer que toda e qualquer especulação acerca de Deus é inútil se não procurar-se antes entender alguns aspectos externos de Sua obra. Ainda que a fração do conhecimento esotérico da criação possa parecer grande, ela é mínima ao nosso atual estágio evolutivo. Mesmo grandes mestres da estatura espiritual de Cristo, Buda ou Jesus têm conhecimentos limitados, embora esses conhecimentos nos pareçam infinitos.

  Alice Bailey traz as seguintes definições sobre os princípios criadores:

 “Há um Ilimitado e Imutável Princípio: uma Realidade Absoluta que antecede todo o Ser condicionado em manifestação. Está além do limite e alcance de qualquer pensamento ou expressão humanos. O Universo manifestado está contido nesta Absoluta realidade e representa um símbolo condicionado Dela. Na totalidade deste Universo manifestado, três aspectos são concebidos:

1. O Primeiro Logos Cósmico, impessoal e imanifesto, o precursor do Manifestado.
2. O Segundo Logos Cósmico, Espírito-Matéria, Vida, o Espírito do Universo.
         3. O Terceiro Logos Cósmico, Ideação Cósmica, a Alma Mundi Universal.”
     
       Destes três princípios básicos criativos, em sucessivas graduações, emana uma sequência ordenada de inúmeros Universos que compreendem astros manifestados e sistemas solares.
       Cada sistema solar é a manifestação da energia e vida de uma grande Existência Cósmica, a Quem chamamos, na falta de melhor definição, um Logos Solar.
       Este Logos Solar encarna ou vem à manifestação através de um sistema solar. Este sistema solar é o corpo, ou forma, desta Vida cósmica, sendo ele próprio tríplice.
       Este tríplice sistema solar pode ser descrito em termos de três aspectos ou de três Pessoas (como a teologia cristã costuma estabelecer)”.

  Religiões esotéricas como o budismo e o taoismo, por exemplo, não se prendem muito a explicar sobre um Criador como acontece com as religiões monoteístas. Na verdade, preferem não estimular muito essa questão, mas trazer ao homem métodos do despertar nele de sua própria divindade. O budismo, neste particular, não reafirma a presença de um deus único e criador, antes fala de vários outros deuses criadores. Entendemos esta referência não de maneira total e radical, pois o conhecimento milenar bramânico, precedente ao budismo, fala de um Criador absoluto, inabordável, plasmador de tudo o que o universo contém, chamado Brahman. Sobre isto, Helena Petrovna Blavatski nos traz a seguinte definição:

 “Brahman ou Brahma, é o impessoal, supremo e incognoscível Princípio do Universo, de cuja essência tudo emana e a qual tudo retorna. É incorpóreo, imaterial, inato, eterno, sem começo nem fim. É onipresente, onipenetrante, anima desde o deus mais portentoso até o mais diminuto átomo mineral.”

“Brahmâ, é o Deus criador masculino, que existe só periodicamente em sua manifestação e logo entra de novo em pralaya, isto é, desaparece e é aniquilado. Desaparece e volta a Brahma do qual procedeu.”

“Brahmâ, masculino, com o final largo (â), é o Deus ou Princípio Criador do universo, ou em outras palavras, é a personificação temporal do poder criador de Brahma (Brahman).”

  Pralaya, entre os indus, é um período de repouso, ou de não atividade externa entre duas manifestações de um universo. Ou seja, um universo se manifesta durante certo e longuíssimo período, depois se recolhe em pralaya, cessando todas as suas atividades externas, desaparecendo da manifestação objetiva. Após um período em pralaya o universo volta a se manifestar. A manifestação de um universo é denominada pelo esoterismo indu de manvantara. Há manvantaras de diversas magnitudes, caracterizados em manvantaras maiores e menores como há os pralayas respectivos aos manvantaras. O sistema solar é um destes universos que vive seus pralayas.  

  Os budistas foram através dos tempos melhor se organizando em suas doutrinas. Vejamos o que continua a nos dizer HPB: 
  “Buddhismo ou budismo. É a filosofia religiosa ensinada por Gautama Buda. O budismo está atualmente dividido em duas igrejas distintas: a do sul e a do norte. Diz-se que a primeira é a forma mais pura, por haver conservado mais religiosamente as doutrinas originais do Senhor Buda. É a religião do Ceilão (Sri Lanka), Sião (Tailândia), Birmânia (Mianmar) e outros países, ainda que o budismo do norte se ache limitado ao Tibet, China e Nepal...”

  Desse modo, tudo o que Buda possa ter passado oralmente aos seus iniciados hoje se transformou em doutrina. Se os budistas pregam a existência de vários deuses solares ou forças criadoras, nisto fica subentendido, na atual nomenclatura, as hierarquias criadoras. E é desta maneira que o moderno esoterismo se refere aos antigos deuses, pois o trabalho construtor de nosso sistema solar e sua manutenção são de responsabilidades de hierarquias.

  Sem dúvida que os deuses criadores constituem as hierarquias que no passado se ocuparam em trabalhar em prol da criação do sistema solar e de sua evolução. E continuam em seus trabalhos. Já a Bíblia, conforme vimos na primeira parte desta obra, no capítulo do Gênesis, vem destacar logo ao seu início a presença dos Elohim ‑ plural de Eloha ‑ portanto, deuses. Essa realidade em nosso sistema solar não independe de e nem descarta a possibilidade de um Deus Superior ‑ como o Brahman indu ‑ a Presença Onipotente e Onipresente de Quem tudo emana.

  Outros universos existem ‑ ao que sabemos pelo menos sete grandes universos contendo inúmeros universos menores - e além dos sete universos, há novos em formação.  Outros deuses criadores também existem com idênticas atribuições as de Brahmâ.

  Mas voltando às origens de nosso sistema solar, entendemos a manifestação de um Logos Criador como sendo o Brahmâ masculino indu, uma personificação do Imanifesto Brahman, que o idealizou através de Sua projeção. Imaginamos que do Seu véu de existência Brahman modelou uma ideia, como a um Deus Etéreo, e a fez projetar-se a fim de criar e vivificar o Logos com princípios inteligentes e perfeitos para edificar no espaço-tempo um novo sistema solar.

  E por que deveria um novo sistema solar vir à existência neste nosso universo (ou super universo) em que nossa galáxia é tão somente uma em milhões? Quanto a isto estamos longe de saber, mas o fato de certa maneira nos desperta também reflexões acerca de ulteriores evoluções de deuses e hierarquias a cada avanço dos universos, que, nas suas construções, condensam estados dimensionais ainda superiores as dimensões de nosso sistema solar. 

  Temos então o Incorpóreo, o Criador masculino Brahmâ, chamado Logos Criador ou Primeiro Logos, trazendo concretamente o sistema solar à existência através de duas manifestações objetivas, chamadas no esoterismo de Segundo e Terceiro Logos. Imaginamos que do Primeiro Logos emanou o Segundo e do Segundo emanou o Terceiro. Entretanto, esse desdobramento pode não ter tido uma sequência pausada e ordenada dessa maneira, pois tanto o Segundo como o Terceiro Logos possam se ter manifestado simultaneamente e cremos de fato que foi assim.

  Costuma-se dizer que a criação não teve começo nem terá fim. Bem, digamos que essa frase resuma nossa incapacidade de entender o universo. Mas o sistema solar foi uma necessidade em meio às miríades de tantas outras criações, vindo à existência objetiva numa determinada faixa vibratória do tempo, numa porção espaço-matéria.

  Há bilhões de sistemas solares surgidos em galáxias de tantas nebulosas. O grande manvantara ou grande manifestação do macro-universo continua em expansão. Para melhor nos situar estabeleçamos que os sete grandes universos que englobam inumeráveis outros universos menores, existam num só universo maior como resultado de uma só ideação de um inabordável Criador. Essa ideação que a tudo envolve, penetra, absorve e se expande, seja por nós chamado de macro-universo, existindo num contexto objetivo e subjetivo de manifestação. Ao nosso universo como sendo um dos sete grandes universos, contendo muitas nebulosas com bilhões de galáxias e sistemas solares (imaginamos), chamaremos de super-universo; à nossa galáxia, com seus sistemas solares, onde o nosso se acha incluído, chamaremos simplesmente de universo.  E o grande círculo de existência aonde vivemos, nos movemos e temos nosso ser, chamaremos eventualmente de universo de nosso sistema solar.

  Nosso sistema solar, portanto, precisou vir à manifestação onde a galáxia chamada Via-Láctea existiria. O Logos Solar ao manifestar-se já encontrou um tipo de matéria nesse universo objetivo, começando imediatamente nela trabalhar pela ação de seu terceiro aspecto chamado de Mente Universal.

  Os indus chamam de mulaprakriti a matéria que deu origem ao sistema solar. No ocidente ela é chamada, dentre tantos outros nomes, de matéria primordial, matéria pregenética, aether, ou matéria raiz, sendo a mesma encontrada pelo Logos em estado de caos, ou seja, em repouso, indiferenciada, não ordenada, mas com todos os princípios de efetiva produtividade e transformação latentes.

  A origem dessa matéria é somente suspeitada pelos ocultistas, pois se admite que ela se tenha originado do véu de Brahman que interpenetra o super-universo. Num determinado momento de Sua existência, Brahman modificaria a contextura de Sua matéria em tais e imensuráveis proporções que ela pudesse ser utilizada na construção de novos universos e sistemas solares. Algo inimaginável tanto em volume quanto na Ideação.

  Ao encontrar essa matéria primordial disponível, o Terceiro Logos ou Mente Universal delimitou o campo de sua atividade expandindo Sua consciência num determinado espaço-matéria, produzindo o que se convencionou chamar de o Grande Círculo de Sua Existência. Vejamos o que nos passa Arthur E. Powell:

  “Podemos ilustrar este processo preparatório por meio de duas séries de símbolos: um que mostra a tríplice manifestação da consciência do Logos, e outro, o triplo câmbio na matéria em correspondência com o triplo câmbio de consciência.
Tomamos inicialmente a manifestação da consciência uma vez que o lugar do universo fora demarcado:

1. O Logos mesmo aparece como um ponto no centro da esfera (ou círculo).

2. O Logos avança desde o ponto em três direções até a circunferência ou círculo de matéria (formando um tripé de segmentos equidistantes).

3. A consciência do Logos volta sobre si mesma, manifestando-se em cada ponto de contato com o círculo, um dos três aspectos fundamentais da consciência, conhecidos como vontade-sabedoria-atividade, ou com outros términos. Este triângulo, junto com os três formados pelas linhas traçadas pelo ponto, produz a divina tétrade, chamada às vezes o Quaternário Cósmico.

Tomando agora os câmbios produzidos na matéria universal em correspondência com as manifestações da consciência, temos na esfera de substância primordial, a matéria virgem do espaço.

1. O Logos aparece como um ponto irradiando a esfera da matéria (de novo o círculo com o ponto no centro).

2. O ponto vibrando entre o centro e a circunferência, trazendo assim a linha que marca a separação entre espírito e matéria (uma linha traçada horizontalmente saída do ponto nas direções direita e esquerda medindo o diâmetro do círculo).

3. O ponto com a linha que gira com o mesmo, vibrando em ângulo reto com a anterior vibração, formando a cruz primordial dentro do círculo (a cruz perfeita).

Assim se diz que a cruz procede do Pai (o ponto) e do Filho (o diâmetro). Representa o Terceiro Logos, a Mente Criadora, a Atividade Divina disposta para manifestar-nos como Criador.”

  Portanto, o terceiro aspecto do Logos, o Espírito Santo, tirou a matéria de seu repouso e estabilidade agindo através dos três atributos que na própria matéria pregenética já existiam, quais sejam: inércia (tamas), movimento (rajas) e ritmo (sattva). Esse estado da matéria original, antes que o Logos nela trabalhasse, e de alguma maneira tendo sofrido a ação do próprio Deus universal Brahman, detinha condições tais que seus átomos pudessem ser especialmente ativados.

  No estado evolutivo em que a humanidade terrena se encontra, é realmente impossível saber-se com exatidão quais são os objetivos do Criador ao trazer a existência tantas coisas soberbas. O esotérico de iniciações menores sabe muito pouco a este respeito, mas entende a necessidade de trabalhar sob seguras instruções de Adeptos ou Mestres do Conhecimento a fim de auxiliar todo o planeta no seu desenvolvimento. Este trabalho realizado conscientemente com a aplicação correta das energias a cada situação, e no que tange à participação humana, propicia melhores condições de o Grande Plano da Criação ser mais bem conduzido.

  Ao mesmo tempo em que trabalha como operário desse Plano, o esotérico aprende, desenvolve sua consciência e vai gradativamente despertando uma visão interior mais clara de tudo o que o rodeia e ao que interpenetra ao processo evolutivo. Deste modo evolui, passando de um ser humano comum acostumado a analisar primeiramente com o cérebro tridimensional, para aspirante ou iniciado aos mistérios em que se vê instado, antes de tudo, a usar à intuição e ao pensamento abstrato que passa a desenvolver.

  Nesta nova proposta é necessário ao estudante procurar entender que aquilo que particularmente vê nas modificações das formas físicas e na continuidade dessas modificações, consequentemente nas transformações gerais dos reinos mineral, vegetal, animal e humano, são efeitos e não causas. Se assim for perseverante nas observações, e tendo usado de seguidas reflexões, logo perceberá claramente o mecanismo gerador dos efeitos inerente às formas e forças globais da natureza.

  Esse mecanismo atuante e transformador da Vida em todos os reinos conduz os impulsos, acertos e correções para a totalidade das espécies e organismos vivos. Nada escapa dessa regência planetária, mesmo porque ela é um segmento da ação de um mecanismo ainda maior, incrivelmente abarcante, que contém o círculo de existência do sistema solar

  As interpretações de situações cármicas entre alguns esotéricos não escapam ao engano ao analisar, principalmente, o particular excluído do todo que é a Vida na sua totalidade. Efeitos cármicos são comumente associados às faltas cometidas contra as leis da natureza, gerando com isso, exclusivamente, relações punitivas. A aplicação dos princípios dessa lei é, no entanto, muito mais abarcante, pois começa nos primórdios da criação do próprio sistema solar. Há na imanente e transcendente Vida o indissociado impulso volitivo divino da evolução, manifestado através de todos os fatores condicionantes às miríades de vidas menores. Isso vale tanto para um microscópico verme, um elefante, uma floresta, uma rocha, ou para multidões de seres humanos que se acotovelam nas ruas de grandes metrópoles. Enfim, todas as vidas menores encontradas no planeta são também formas em evolução emanadas de uma só Vida (a Criação como princípio infinito), quer sejam essas vidas estruturas moleculares simples quer organismos complexos. 

  Nessa ideia, podemos inicialmente afirmar que a totalidade da matéria diferenciada em pequenas vidas manifestadas no sistema solar, está condicionada a exercer o processo evolutivo até um estágio futuro que foge de nossas atuais conjeturas, sem que a lei da evolução processe modificações na imanente consciência do próprio Logos. Pois é a consciência do Logos que impulsiona as múltiplas vidas e formas materiais do seu próprio corpo solar a adquirir experiências e não o oposto.  Isso também nos habilita dizer que o Logos ou Deus Solar transcende a tudo, e nada existe que não esteja em Sua consciência. Como tal, o Grande Plano da Criação na Mente do Logos está perfeitamente alinhado e predeterminado a desenvolver toda a sua potencialidade em etapas de um longuíssimo futuro, conforme idealizado desde a sua concepção numa dimensão fora do espaço-tempo.
  
CAPÍTULO XI
CARMA DO SISTEMA SOLAR
      
  Vamos procurar demonstrar neste capítulo a interpretação adicional da comumente chamada lei do carma. O termo carma provém de Karma ou Karman, do idioma sânscrito, língua clássica dos brâmanes da Índia, que significa ação, lei de retribuição ou de causa e efeito.

  Necessitamos entender que o Logos, ao fazer existir o sistema solar, imprimiu nos átomos de sua matéria a ideia intrínseca da evolução. Espírito e matéria na sua pureza original, antes da manifestação do Logos Solar, não estavam separados. A separação aconteceu quando o Logos imanifesto proveu condições embrionárias a que espírito e matéria viessem agir e obrar no universo objetivo como vida e forma. Na realidade, espírito e matéria ficaram separados tão somente em aparência por invisível véu que, não obstante, é suficiente para provocar tantas oposições nas relações das polaridades positivo (espírito) x negativo (matéria).

  O sistema solar é o campo de manifestação em que se encontram as matrizes vida x forma impulsionadas a realizar o plano evolutivo. Mas vidas x formas pluralizadas são aspectos menores, diferenciados em suas matrizes, e constituem no planeta Terra reinos que se diversificam em inúmeras famílias, grupos e ramos. Para que haja evolução há que existir ação e movimento, e esses fatores coexistem em toda a natureza onde, principalmente, se condiciona o fator instinto. Identificamos ação, o impulso subjetivo primevo imanente em Deus para criar, e movimento, a consciência e o impulso inatos da ação provisionada, externada e dirigida para gerar os objetivos predeterminados. Ação, já no universo manifestado, segue outra vertente e interpenetra os mundos com a Inteligência e Energia-Força transformadoras do Logos, sob o manto da Alma Universal.

  Os quatro reinos se manifestam sob a influência de muitas leis reguladoras onde a multiplicidade das vidas e formas evoluem num ritmo sempre constante. O fator instinto, no entanto, é aquele que provoca nas formações e cérebros das organizações celulares, sob natural condicionamento, os impulsos que levam cada representante de um reino a agir, prover-se e buscar a preservação da espécie. Assim, o impulso instintivo está entre a ação e o movimento, e ambos, ação e movimento, se encontram de tal forma associados que aparentam ser um só fator.

  Todas as vidas se movem por orientação norteadora de suas necessidades. Os câmbios e as sucessivas situações em que as múltiplas vidas se inserem, provocam inicialmente a formação temporária e aparentemente individual da consciência onde se identificam elementos quantitativos. A reincidência do processo resulta no acúmulo de novos elementos quantitativos e, automaticamente, numa necessária seleção qualitativa pelos representantes das espécies. Portanto, as experiências com elementos quantitativos fazem exarar valores qualitativos.

  É mister que se aceite e entenda as relações espírito x matéria em suas prístinas purezas, com as relações vida x forma agindo no mundo objetivo. Vida x forma pluralizadas no universo de fenômenos são em si mesmas o reflexo simbólico de espírito x matéria. O reflexo é especialmente coordenado aos princípios duais e mutáveis da manifestação objetiva, de cujas experiências em futuro remotíssimo, espírito x matéria, de volta ao seu estado uno primordial, se beneficiarão. E aqui reside a grande sabedoria de Deus ou Logos ao engendrar tão maravilhoso plano evolutivo, onde as aparências das formas são o reflexo sólido das existências sutis acima deste mundo. Diríamos, em complemento, que vida x forma agem e atuam nos processos transformativos da natureza mergulhadas num campo de forças antagônicas, segundo inflexíveis leis, mas analogamente se revelam como a outra face virtual de espírito x matéria.

  HPB exemplificou as relações espírito x matéria numa única frase que se transformou em célebre axioma nos meios ocultistas. Disse ela: “matéria é espírito no ponto mais baixo de sua atividade cíclica e espírito é matéria no plano mais elevado”.

   Antes que o Logos tornasse o sistema solar manifestado Ele o possuía numa ideação. A ideação, num estado de "não ser", continha as matrizes de todas as formas objetivas. Havia no pensamento do Logos, para uma existência cósmica no já existente super-universo, prover formas a cinco estados básicos da matéria correlatos a cinco mundos ou dimensões intradependentes.

  O cérebro físico do homem é incapaz de entender esse processo na sua original concepção. Mas consegue aquilatar a existência dos mundos superiores que o Logos construiu a partir da matéria pregenética, que juntamente com o mundo físico são a expressão objetiva do sistema solar.

  Para termos uma breve e imperfeita ideia do que seria a formação desses mundos de nosso sistema solar, podemos nos situar como que engolfados em meio a uma área de um oceano onde possamos pisar, e onde cinco sucessivas ondas se levantariam e desceriam sobre nós, umas após outras. A onda mais alta, que atingiria nossa cabeça, seria o mundo mais sutil enquanto aquela que por último se movimentaria pesadamente abaixo de nossos joelhos seria o mundo concreto. O oceano corresponderia à totalidade cósmica da matéria-raiz, pregenética. Evidente que na formação dos mundos outros elementos, leis cósmicas, forças e energias interagiram. A matéria-raiz foi trabalhada no sentido de preencher as matrizes preexistentes dos cinco mundos, uma vez que os mundos Adi e Anupadaka já existiam de acordo com o modelo cósmico dos demais universos. Os átomos das ondas do oceano são de mesma ordem e estrutura, mas nos mundos do universo os átomos são modificados pelo Logos para caracterizar especialmente composições de matéria para cada um dos sete mundos, pois houve a necessidade de formar composições diferentes.

  Assim está o super-universo fundado e constituído sob um oceano de matéria primordial, também chamada matéria-raiz, matéria pregenética, mulaprakriti ou éter (aether). A matéria primordial, após a modificação, ficou sendo conhecida por prakriti (vyakta) ou akaza. Alguns nomes da matéria indiferenciada, e da diferenciada, em certas filosofias da Índia se repetem tanto num estado quanto noutro. Por isso definimos dessa maneira esses dois estados da mesma matéria a fim de evitar confusões nas citações. Entretanto, as energias em constantes e cíclicas atuações em todos os mundos, e as forças cósmicas que movem as energias, são as que provocam os impulsos evolutivos em toda a conjuntura do universo.

  Para a gestação de um super-universo, uma galáxia ou um sistema solar, nas medidas e proporções de suas manifestações objetivas, o Criador lança mão de certa quantidade de matéria correlata às necessidades. Essa matéria pregenética preenche às matrizes preexistentes antes da manifestação, ao passo que espírito-matéria, separados entre si, vêm existir em seguida ao universo manifestado.

  Podemos conjeturar da matéria primordial encontrada pelo Logos em caos ser também espírito, por estar concentrada num estado não diferenciado. Além disso, tudo que o Criador concebe vem indissociado ao Seu Espírito. Mas não cremos seja esse o ponto onde as filosofias orientais ressaltem a fusão e separação espírito-matéria, mas, exatamente, quando da ideação do Deus Inconcebível ao manifestar-Se em três Logos. Naquele momento, espírito e matéria quintessenciados foram trazidos à manifestação objetiva para atuar no novo universo, misturar-se à matéria primordial já diferenciada, e mergulhar no turbilhão de energias e forças.

  As mais intensas forças provocaram o mergulho da totalidade energia-vida (miríades de energias-vidas) nos mundos inferiores recém construídos pelo Logos, em períodos que fogem a mensuração exata do tempo ou atual avaliação. Apesar dessa dificuldade, se afirmam nos meios esotéricos que a existência de nosso sistema solar atinge alguns trilhões de anos.

  As ordens de vidas, chamadas espíritos ou mônadas, nascidas do Primeiro Logos, que dos mundos superiores ligam-se às vidas menores, elementais, e às suas respectivas formas de matéria, têm por objetivo experimentar fluxos de energias, forças e sensações, e assim acumular experiências nos processos de trocas.

  A necessidade de espíritos ligar-se vibratoriamente a outros mundos, ocupar formas e delas obter experiências as mais variadas, explicam o porquê de aqui estarmos. Mas o mecanismo para a obtenção dessas experiências envolve um conjunto de muitos outros fatores que se interligam em vários níveis e se associam ao processo evolutivo da criação. Portanto, espíritos que fazem incursões em nosso planeta desde mundos superiores, contando bilhões, são conhecidos pelo esotérico como unidades de consciência ou mônadas. Vieram à existência objetiva no manvantara do sistema solar juntamente com o Logos. Essencialmente, cada ser humano possuidor de uma alma é na sua mais alta expressão uma mônada.

  Precisamos agora definir mais apropriadamente o que sejam vidas, ou globalidade energia-vida, ou simplesmente Vida. Comecemos por Vida (em maiúsculo), que é a plenitude energias-vidas + essências elementais + formas + Consciência do Logos. Ou seja, Vida é a manifestação global do sistema solar sintetizada na expressão conectiva Consciência-Espírito-Matéria. Podemos chamar vidas à totalidade vida x forma na criação, logo após o Logos ter preenchido as matrizes do sistema solar com a matéria diferenciada, e construído os mundos. Os mundos apresentam matrizes diferenciadas em seus reinos relativas às miríades de vidas menores (menores dentro de um contexto de relatividade nas funções desempenhadas no universo da criação planetária, e não de menor importância). Essas vidas menores são, na aparência, pluralidades vida x forma que realizam o processo transformativo e evolucionário dos reinos. Na realidade, a vida pluralizada se ajusta às formas, e até atingir os estágios de animais adiantados e domésticos, próximos da individualização no reino humano, reagem como se forma e conteúdo fossem uma só expressão.

  As vidas são, na verdade, energias-vidas nascidas da imanência do Logos. Combinam-se nas essências dos quatro elementos e foram inicialmente precipitadas sobre as formas protótipos dos reinos numa só onda indiferenciada, com elas interagindo magneticamente. São energias vivas, vibrantes, portadoras de uma consciência virginal e mensagem subjetiva em seus átomos. Do amálgama inicial vida x forma, multiplicaram-se sob o aspecto consciência x reinos, características do segundo Logos, externando objetivamente seus pacientes trabalhos de transformação e qualificação da matéria. Nos mundos inferiores, antes de tudo, diferenciam-se em almas-grupos, e no reino animal, transitam das almas-grupos para formas mais evoluídas e independentes, qualificadas, cada uma, por sua própria coloração básica que se aproxima da individualização.
   
  Essa acentuada relação das formas individualizadas no reino animal, diz da evolução pregressa e gradativa das vidas reino após reino. Os produtos mais qualificados de um reino precedente passarão ao reino seguinte ao início de novos ciclos evolutivos que decorrem em bilhões de anos dentro da cronologia esotérica adstrita ao planeta Terra. Veremos mais adiante este assunto, embora resumidamente.

  Prosseguindo na análise das relações dos reinos com o processo criativo e evolucionário, vemos que as vidas de todos os reinos estão envoltas por formas de matéria que lhes proporcionam veículos de manifestação. Isso acontece nos minerais, vegetais, animais e homens. Ou seja, o exemplar de uma espécie é forma + conteúdo, sendo ambos energia-vida em dois estados diferentes, um condicionado na matriz da espécie e outro na forma sutil volátil da mesma espécie, ligado a energia-alma do reino. A energia-alma de um reino é a consciência diretora da energia-vida a imprimir tanto nos átomos constitutivos das formas densas das espécies como nas vidas voláteis (também elementais) sobre as formas, a mensagem de viver, realizar e preservar pelo impulso instintivo, segundo características gerais de cada grupamento de espécies.

  Sob esta conotação, podemos também ampliar a noção de energia-vida estendendo-a às formações de almas-grupos denominando-as conjuntos vibrantes de essências elementais e atômicas, imersos nos grupamentos dos reinos, possuídos de anima mundi, fruto da ação pensante e idealizadora do Logos. No entanto, para não causar confusão com novas nomenclaturas continuemos com a simples denominação de vidas (vida + forma). Quanto à essencialidade em si mesma de que tratamos nos reinos elementais e mundo atômico etérico, definimos como uma substância instituída ou combinada das formações dos quatro elementos da natureza, que nas almas-grupos se encontra adicionada da atomicidade etérica, e de alguma sorte assimilada pelo éter.

  Essa consciência diretora e evolucionária, que estamos chamando energia-alma enquanto atuante nas vidas inferiores dos reinos, nem sempre é claramente discernida justamente pela dificuldade em perceber-se os estágios primários. A consciência evolucionária é o manto do segundo Logos numa só alma, que vem unir as vidas tanto universalmente quanto nas suas afinidades de reinos. Somente assim se consegue explicar como todas as vidas de todos os reinos anseiam igual e ardentemente por viver.

  A intrarelação, a necessidade básica de todos os reinos em interagir, é a prova mais cabal dessa consciência universal integradora da Vida. Somente homens muito evoluídos mental e espiritualmente terão condições de sintonizar-se plenamente com essa vontade consciente do Logos que impregna a todos os átomos da existência com a mensagem evolucionária única. Essa ideia chega ao homem de mediana evolução de maneira fragmentária, via canal intuitivo. No mais, a consciência do Logos, Seu Espírito, despertará unicamente conjeturas ao homem reflexivo, embora em todos os homens seja indissociada(o) como vida autoconsciente manifestada(o) num grau mais elevado em relação aos reinos, e nas vidas dos reinos se imprima basicamente numa Entidade (que podemos também chamar na sua totalidade de Vida, Vida-Elemental, Vida-Reino, Egrégora-Reino, Energia-Criadora, etc.) através da ação, impulsos instintivos e movimentos. O esotérico trabalha com maior afinidade a ideia da criação porque é treinado na reflexão a meditar com frequência sobre os mecanismos subjetivos da Vida, e também porque se esforça no sentido de aprimorar a percepção intuitiva. O intuitivo “vê” com os olhos da alma tanto do interior para o exterior como ao inverso. Alice Bailey nos traz tópicos interessantes sobre a intradependência dos reinos:

  “Temos a substância terrestre ‑ o material sólido de nossa vida planetária organizado nas diversas formas minerais. Estas, por sua vez, possuem latentes aqueles elementos que sustentam e vitalizam as outras formas. Devemos recordar que cada reino depende e extrai a sua vida do reino que o precede, no aspecto tempo, durante o ciclo evolutivo. Cada reino é um reservatório de poder e de vitalidade para o reino seguinte que aparece segundo o Plano Divino.
  O reino vegetal, por exemplo, extrai a sua força vital de três fontes: o sol, a água e a terra. No processo construtivo é o conteúdo mineral das duas últimas fontes que tem capital importância. A verdadeira estrutura de todas as formas é devido aos materiais que se fixam gradualmente no corpo etérico, que toma forma e aparência sob o impulso ou desejo vital etérico (1). É a qualidade magnética do corpo etérico (2) que atrai os minerais necessários ao esqueleto.
  O reino animal por sua vez extrai a substância principalmente do sol, da água e do reino vegetal. A substância mineral requerida para a estrutura do esqueleto é apresentada numa forma mais avançada e sublimada, pois é extraída mais do reino vegetal do que do reino mineral. Cada reino oferece-se em sacrifício ao reino seguinte numa seqüência evolutiva. A Lei do Sacrifício determina a natureza de cada reino. Portanto, cada reino pode ser considerado como um laboratório no qual são preparadas estas formas de alimentação necessárias para a edificação de estruturas cada vez mais refinadas.
  O reino humano segue o mesmo processo e extrai a sua vida (quanto à forma) do reino animal, como também do sol, da água e do mundo vegetal. Nas primeiras etapas do desenvolvimento humano a alimentação animal era então cármica e essencialmente a alimentação correta para o homem; para o homem não evolucionado, sob o ponto de vista da forma animal, tal alimento é ainda mais ajustado e apropriado... A questão não é de modo nenhum o que se pensa muitas vezes nem como é apresentado por pensadores de hoje, e o fato de comer carne ‑ num certo estado de desenvolvimento humano ‑ não é nenhum delito”. 
 
(1) (2) "Desejo vital etérico e corpo etérico estão relacionados à dimensão física etérica planetária formada, principalmente, por quatro éteres. O mundo físico denso, na sua totalidade, é a contraparte do mundo etérico. A constituição sétupla do homem incluiu nesta sua contextura um veículo etérico correspondente. Todas as formas de vidas planetárias têm também esta contraparte etérica".

  Ao observarmos as sociedades atuais, e examinarmos esotericamente a história do homem, veremos que em milhões de anos a forma física humana e seu conteúdo mental tiveram variadas mudanças. Tudo em redor do homem mudou na medida em que ele foi tendo crescimento mental. A natureza é extremamente lenta nas suas transformações, entretanto, os sinais e provas são evidentes. Os reinos sofreram também mudanças quanto às formas de seus representantes, tendo ocorrido o desaparecimento completo de muitas espécies, e aglutinações de outras em novos grupos e subgrupos. Sob o ponto de vista científico, o homem passou a explorar os recursos dos reinos com pensamento utilitarista e com poderosos instrumentos, além de processar as mais diversas experiências em laboratórios. Desse modo criou e expandiu um leque de inesgotáveis possibilidades, aumentando seu conhecimento concreto dos reinos, aprendendo a preservar espécies e descobrindo, de certo modo, um dos aspectos do reino mineral de veiculador de poderosas energias.

  Esses poucos fatos vêm também revelar que tanto o gênero humano, representado como o quarto reino planetário, quanto às vidas dos demais reinos, se integram num andamento coexistente e passam por mutações secundárias. Entretanto, não é ainda chegado o momento em que as ciências virão entender o aspecto subjetivo dos reinos e das espécies e a própria lei da evolução num contexto planetário. Isto jamais acontecerá enquanto as ciências se revelarem autossuficientes e sem a aceitação de Deus como Entidade global de existência una. Para tanto, seria necessário o conhecimento das leis criadoras subjetivas, sustenedoras e transformadoras das formas existenciais; uma visão mais humilde e respeitosa da criação e a conscientização de um Plano Evolutivo elaborado fora do espaço-tempo, que vem sendo cumprido apesar de todos os percalços e desentendimentos humanos.

  No aspecto global e subjetivo de um reino, as miríades de vidas se transformam a todo instante. Há, necessariamente, uma ação inteligente e seletora agindo em todas as espécies, identificada pelo inato impulso do Logos ou Deus de nosso Sistema Solar vivente na alma universal. Essa alma universal, anima mundi, responsável por continuamente imprimir em todos os átomos de todas as células dos seres viventes, a mensagem da vida qualificada do segundo aspecto do Logos, é o véu ou manto que se estende e se entremeia no oceano etérico do universo, e que vem também coexistir e sustentar, nas formas organizadas, a mensagem evolucionária. Na realidade, anima mundi já nasceu com o Logos, mantendo-se em permanente sintonia com a cronologia planetária reguladora dos avanços cíclicos das múltiplas vidas de todos os mundos.

  A alma universal é em si mesma portadora da ideação imanente do Logos no sistema solar manifestado e tanto vem condicioná-la às matrizes de todos os astros e mundos, sob o manto do pensamento criador, como vem condicionar nessas matrizes e mundos os mesmos impulsos de ação e movimento que arrastam e impulsionam instintivamente as vidas pluralizadas dos reinos a viver e experimentar.

   A alma universal é uma só; as vidas (pequenas) são unidades em constantes movimentos. Quando o Logos inicialmente agiu nos reinos para estimular os seus avanços, incorporou nas matrizes um tipo de energia primária original, a energia-vida imanentemente Sua, não qualificada ainda com as afinidades e características de cada reino. A energia-vida, ao caracterizar-se em espécies, sob o pensamento do Logos e ação plasmadora da alma universal, pluralizou grupos-famílias afins, que se dividiram em subgrupos e ramos, pertencentes, estes segmentos, ao que se chamou mais tarde de almas-grupos. Há muitas almas-grupos em cada um dos três reinos não humanos, sob a energia e força dos sete raios principais, e cada vida de cada espécie age no sentido de obter suas experiências em relação direta com suas respectivas almas-grupos.

  A multiplicidade das vidas dos reinos, ao agir quantitativamente através das formas elementais dos representantes de cada espécie (formações essenciais atômicas condensadas do mundo etérico, combinadas com formações essências dos elementos condensadas do mundo astral, chamadas almas-elementais), dando formas subjetivas, por exemplo, a um elefante, uma onça, um gato, etc., vêm externar-se para colher experiências físicas através dos modelos materiais e exarar qualidades no plano geral evolucionário, estabelecendo, num certo espaço de tempo, os avanços energéticos qualitativos dos reinos. Isto não é possível aferir por instrumentos ou observação comum, pois esses índices ou saltos de qualidade se revelam nas dimensões superiores não visíveis aos olhares de câmeras das ciências terrenas.

 Temos então que cada espécie dos reinos vegetal, animal e grupamentos minerais interage nos níveis superiores de seus respectivos reinos através de almas-grupos, e essas almas-grupos somadas na amplitude mundial de um respectivo reino representam a energia-alma do reino. Nessa sequência, os resultados de todos os reinos somados virão cambiar na alma planetária, seus aspectos globais de qualidade.

  Temos então que a energia-vida é a Vida do Logos tanto espírito quanto matéria, que nas dimensões planetárias ao início de sua manifestação, ainda não está qualificada pelos resultados de ação e movimento encarnados objetivamente. E a alma universal é a imanência do Logos com a tríplice incumbência de vitalizar, qualificar e transformar, ou ainda de realizar objetivamente essa triplicidade a partir das características básicas representadas nas expressões vida-qualidade-aparência.

  Assim, num estágio inicial, energia-vida é a vida do Logos com todas as possibilidades de quantificações e qualificações latentes. Num segundo estágio, energia-vida e alma universal interagem nas múltiplas situações da vida planetária. E num terceiro estágio, energia-vida e alma universal fusionam uma só expressão no mundo planetário, através da síntese do tríplice aspecto do Logos.
      
  O reino humano embora não se desenvolva nem processe sua evolução nos mesmos padrões dos reinos anteriores, também está inserido e dinamizado à presença de anima mundi.

  A ação mundial dos reinos da natureza no processo evolucionário das espécies representa o próprio processo planetário, ou seja, aquilo a que o esotérico denomina de carma evolucionário do planeta. Todos os planetas e corpos celestes adstritos ao circulo de existência do sistema solar juntamente com o Sol, realizam ao seu tempo, e aos seus respectivos níveis de qualidades, seus carmas evolucionários, e essas ações conjuntas ou alternadas representam objetivamente o carma evolucionário do sistema solar.

  Conforme já mencionamos, quando se fala de carma tem-se em mente os resgates dolorosos e sofridos. Entretanto, a conotação de carma não é única e exclusivamente essa, pois esses fatos anacrônicos inseridos nas vidas do esquema evolucionário do planeta Terra são, basicamente, correções aos desvios relativos às correntes evolutivas nos parâmetros de tempo e espaço. O sofrimento cármico individual, familiar, grupal, étnico, nacional ou mundial em que a humanidade está mergulhada, são ajustes da lei de causa e efeito exercitada inversamente pelo gênero humano ao sentido do equilíbrio das leis universais. E como as correntes de energias e forças cósmicas realizam seus movimentos no sentido ascensional, provocam nas ações adernadas os inevitáveis e temporários choques, daí advir o sofrimento retificador.

  Já o carma evolucionário aplicado aos reinos não conduz os mesmos aspectos do humano pelo fato de haver mecanismos diferentes no processo da consciência. Os reinos não humanos agem e atuam dentro de valores grupais. Os influxos das correntes da inteligência do Logos determinam-nos provisionar experiências grupais, principalmente sob a guia do instinto, da sensação e da reação. Quando certos representantes das espécies, mediante os influxos provisionais não reagem positivamente, essa decorrência se estende ao conjunto de unidades de vida e suas almas-grupos. Há, dessa maneira, nesses adernamentos grupais um atraso na obtenção das experiências.

  A diferença da aferição cármica humana em relação aos demais reinos, se revela em primeiro plano quanto ao indivíduo isoladamente. A consciência do homem depois de certo número de encarnações, não se encontra mais integralmente dependente das aquisições e cultura de um só grupamento. A consciência passa a articular-se na sua própria e pessoal discriminação de valores, muito embora mantenha relações familiares de íntima dependência, e por muito tempo seja obrigada a renascer numa mesma etnia. Daí em diante, a multiplicidade de situações virá propiciar ao carma individual uma regência plena de variantes.
      
  As situações que não se insiram, nem se ajustem ao processo cármico evolucionário, serão obrigatoriamente corrigidas para prosseguir no fluxo natural das leis cósmicas. E antes de avançarmos, façamos um retrospecto dos assuntos correlatos a esse capítulo, ao mesmo tempo em que adicionemos pertinentes tópicos:

1.  O carma do sistema solar representa, antes de tudo, evolução. Desde sua criação pelo Logos o sistema solar passou por transformações endógenas e exógenas. Endógenas, no sentido de que os mundos criados são sete e cada um deles apresenta uma qualidade de matéria superior em relação ao mundo anterior. Há hierarquias viventes e operantes nos diferentes mundos, chamados pelo esotérico “mundos internos”.
  
     Essas hierarquias que já superaram o ciclo evolutivo físico concreto têm relativa consciência do que existe e ocorre nos mundos inferiores aos seus, mas nem todas possuem informações seguras do que ocorre nos mundos mais acima.

2. A humanidade terrena, cuja consciência somente agora começa a   despertar para o subjetivismo das dimensões superiores intra-relacionadas à dimensão física, ignora ainda a verdadeira razão dessas existências. As mentes humanas não avançaram nesse conhecimento, senão alguns milhões de esotéricos e em medidos passos iniciáticos, pois as visões que muitos da população mundial têm enquanto dormem são julgadas sonhos. As imagens e as sequências de imagens nítidas e coloridas são quase sempre interpretadas como sonhos bonitos.
  
A frequência desses acontecimentos, no entanto, virá aos poucos migrar do descanso noturno para a vigília diária, o que demonstrará, cada vez mais, aos homens de todas as religiões e crenças, e até aos materialistas, da vivência da alma em dois mundos.

3. As transformações endógenas, ou seja, processadas nos mundos superiores, são tão reais e necessárias quantas são aquelas acontecidas no mundo físico concreto. Portanto, parte da humanidade não somente estará observando e se conscientizando das mudanças da natureza concreta pela ação devastadora do homem ao meio ambiente, e pelos inteligentes recursos da tecnologia interposta pelo homem, mas, principalmente, através dos terrivelmente açuladores fenômenos naturais.
   
        Vistos do ângulo objetivo, os fenômenos naturais açuladores são e serão os maiores responsáveis pelas catástrofes que assolam ao planeta e seus habitantes. Na visão científica ortodoxa e na religiosa profética estão somente relacionados ao mau comportamento humano. Na visão metafísica dos esotéricos têm a ver diretamente com as mutações de ciclos cósmicos ocorridas noutros sistemas solares, que provocam novos comportamentos das energias e forças. E, principalmente para nós, pelo momento também transmutativo do sistema solar em que nossas cadeias planetárias interagem em notáveis fluxos, abalando antigas estruturas. Mas essas últimas abordagens não serão possíveis neste resumo e nem neste capítulo.
 
   Outra parte da humanidade que observa atentamente os efeitos exógenos da crosta e do meio ambiente, os relaciona instantaneamente a efeitos além do físico planetário. As forças cósmicas motivadoras e responsáveis por promover choques e alterações vibratórias no planeta são aceitas instintivamente por esses sem que, no entanto, consigam atinar com as verdadeiras causas. Já o esotérico instruído sabe muito bem ao que atribuir os catastróficos efeitos e às mudanças comportamentais dos povos em relação aos seus valores mentais e espirituais.

 4. Esses acontecimentos externos, afetando o mundo físico concreto, simultâneos aos internos afetando os mundos superiores, também coincidem e se incluem a um final de ciclo evolutivo chamado era de peixes, cujo último ciclo menor começado há 2000 anos estará se encerrando definitivamente nos já próximos e correntes 160 anos. O ciclo inteiro de peixes dura exatamente 25.920 anos, que divididos por doze registram períodos iguais de 2160 anos. Isso implica de o novo grande ciclo da era de aquário já ter chegado com suas poderosas radiações, enquanto o de peixes sai lentamente de cena. Esse também é um dos motivos de grandes tribulações no mundo, pois os choques de energias provocam reações as mais diversas na população terrestre: umas boas outras violentas ou incongruentes. 

     Portanto, as forças e energias que movem os mundos, dimensões ou planos do universo, atuam progressivamente tanto nas dimensões sólidas do sistema solar, representadas pela matéria dos orbes planetários físicos e os espaços que os contém, quanto nas dimensões de matéria mais refinada que se estendem mais acima das auras físicas planetárias. E nesse momento é o planeta inteiro que passa por um carma corretivo.

5. Os efeitos turbulentos de acontecimentos atuais presentes em todos os recantos do planeta têm também outras razões concretas de existir tão intensamente em nossa humanidade. A longa história dos povos demonstra quão sofridas foram suas etapas evolucionárias. O momento planetário certamente seria outro se o homem desde logo tivesse entendido a mensagem divina, por mais rudimentar que fosse seu pensamento, e não tivesse se afastado tanto de Deus. Os desvios dos caminhos traçados vieram trazer, cada vez mais, o carma intenso e a necessidade dos  corretivos.

              Entretanto, todos os caminhos percorridos pela humanidade acabaram por demonstrar da necessidade de inventar, agir e buscar melhorar, o que provocou em determinados ciclos os surtos evolucionários e culturais no planeta. E esses movimentos indissociados da vontade de viver, experimentar, aprender e colher podem ser resumidos na exemplificação de o impulso evolucionário imanente no Logos, vivente no âmago de todas as vidas compreendidas no círculo de expansão do sistema solar. Conforme vimos, o sistema solar é o corpo de manifestação do Logos e nele se encontra Sua consciência.

6. O Logos é o Deus Criador manifestado em três aspectos, mas corporificado em dois. Na realidade, o Logos é a ideação do Incognoscível Brahman, a partir do Deus Etéreo idealizado e projetado por Brahman para introduzir no Logos o Seu pensamento original. O Deus Etéreo é um sopro, um pensamento criador, uma forma fluídica abarcante, infinita, incorpórea, virtualmente nascida de Brahman para uma existência perfeita enquanto o Brahmâ masculino viver.

  O primeiro Logos é também incorpóreo, é o Brahmâ masculino criador que se desdobrou em dois outros aspectos objetivos, dos quais o sistema solar veio à existência com a multiplicidade de vidas e formas. O terceiro aspecto do Logos utilizou a matéria pregenética na quantidade e proporção que necessitava e a trabalhou despertando nela os três gunas ou atributos inatos: tamas (inércia), rajas (movimento) e satva (ritmo), com isso a diferenciou de seu estado de caos ou estado improdutivo não manifestado.

 Esses três gunas ou atributos se incorporaram nos processos transformativos da natureza e estão presentes nas leis naturais dos cinco mundos criados pelo Logos, atuando onde possam existir as relações vidas x formas.

  Mas neste particular, podemos também inferir que nem sempre acontece a intradependência energia-vida com as formas concretas dos reinos. Há exceções. Em certos representantes das espécies vegetais e animais, por exemplo, cujo processo evolucionário ocorre através do binômio vidas x formas que vimos descrevendo, registra-se a não presença desta relação. As formas permanecem aparte da integração com as unidades de vidas ou consciências chamadas ora espíritos ora mônadas, e o contexto geral nos reinos em relação a esses representantes anômalos se integra tão somente na mera existência das formas. 

  A consciência do Logos, ao registrar sua mensagem evolucionária nos átomos que formam os mundos e os reinos, imprimiu-lhes um impulso que nada pode limitar ou conter senão a realização final. Os processos cíclicos naturais da lei do nascimento-crescimento-apogeu-decadência-morte não conduzem a uma contextualização final e irreversível. Os ciclos existem para sempre renovar, mesmo quando aparentam representar o aniquilamento de valores e elementos materiais. Essa transitoriedade parece eternizar o processo de relativismo das formulações das energias que constroem as formas densas materiais que estão aneladas às concentrações químicas naturais. Estando indissociada dos conjuntos de princípios dos agentes transformadores da natureza, a intransigente lei básica de causa e efeito, sendo um aspecto aplicado da lei da economia e da atração, vem equivaler-se na sua ação objetiva, ao solve-coagula dos antigos cabalistas.  É, na verdade, vida-morte-vida, onde não existe a morte definitiva ou estagnação eterna, e é onde constatamos a vida sobrepondo-se sempre à morte à semelhança da fênix egípcia, mas é também onde o finito nos parece infinito.

  O homem ao existir na Terra como criatura, esteve por certo tempo sob a tutela da perfeição. Muitos ciclos se passaram nos quais ele transitou da obediência inconsciente às realizações conscientes e pessoais. Nem todas as raças nascidas na Terra estiveram na completa observância aos princípios evolucionários. As raças gloriosas desaparecidas foram também obrigadas a realizar guerras e conquistas, a dominar e submeter povos aos seus poderes e vontades. Mas o processo decadente sempre aconteceu obrigando-as, de até então dominadoras, a submeter-se, por sua vez, às novas e mais fortes. Quando, porém, forças estranhas alienígenas ao processo evolucionário ancoraram definitivamente na Terra, povos a elas se misturaram e grupos humanos se afastaram das relações tutelares do Criador, passando a conviver permanentemente nas fronteiras entre o bem e o mal.

  As interpolações dos deuses da criação nas raças e civilizações, porém, ocorreram e ocorrem periodicamente com a intenção não somente de garantir o processo evolucionário das raças como de contrapor ao revolvimento das energias malignas e engolfantes. Isso no passado longínquo foi preponderante para as civilizações, pois além de apurar os modelos físicos, possibilitou a que em futuro a humanidade herdasse desses modelos mais aprimorados.

  Esses processos civilizatórios jamais poderiam ser conduzidos sem a sabedoria esotérica iniciática. As hierarquias dos deuses solares da criação, através de muitos de seus representantes que aqui estiveram, nasceram no seio das raças, ensinaram e obraram, estabelecendo métodos para se alcançar o poder do espírito sobre a matéria através da evolução consciente.

CAPÍTULO XII
DIFÍCEIS MOMENTOS NA TERRA

  As criações do sistema solar e de nosso planeta sempre foram motivos de especulações, hipóteses científicas, afirmações religiosas e revelações esotéricas.

  As ciências oficiais, embora desejem respaldar-se com provas concretas daquilo que apregoam como cabedal de conhecimentos, estão longe ainda de convencer através de seus atuais métodos investigativos e conclusivos. Para cobrir grandes lacunas de seus enredos acerca da criação do sistema solar, e especialmente do planeta Terra, passam a imaginar, inventar e não raro a delirar.

  O religioso prende-se às cosmogonias e genealogias ensinadas por profetas, onde o simbolismo é tomado ao pé da letra, daí causarem absurdas conclusões ou deixarem questões lógicas irrespondíveis.

  O esotérico tem outros métodos de assimilação. Seu conhecimento, diferentemente do compendiado pelas ciências acadêmicas, não necessita tão somente de provas cabais concretas. Se as tem, lança mão com o intuito de se respaldar quando necessário, mas se não as têm aprende a evocar de fontes da própria natureza, onde existe um leque muito mais amplo a oferecer elementos principalmente subjetivos de que necessita.

  As hierarquias responsáveis por trabalhar e sustentar o Grande Plano da Criação têm em suas fileiras ordens várias. A Fraternidade Branca Universal, que por si só é uma hierarquia planetária, e cuja maioria de seus representantes emergiu da humanidade terrena, está ligada às hierarquias solares de que falamos. Essas outras hierarquias acima da humanidade têm também o comprometimento de auxiliar as cadeias planetárias existentes no sistema solar, numa das quais a Terra participa decisivamente e evolui juntamente com todo o seu esquema. Para essa grandiosa administração, os hierárquicos se distribuem em setores de diversos escalões.

  O esotérico não compactua com a teoria evolucionista de seleção natural de Darwin e nem com a teoria da origem do universo após o big-bang, segundo entendem cientistas materialistas. Não há como admitir a criação do universo unicamente a partir da matéria. As ciências materialistas buscam introduzir uma doutrina científica a fim de evidenciar a não existência de um Criador, trazendo a si o foco da discussão e do saber. O mais absurdo de tudo é ouvir das ciências a afirmação de que as leis mecânicas estruturais do universo se organizaram inteligentemente da própria matéria. Esse obscuro pensamento materialista acaba por doutrinar alguns neófitos das ciências, tornando-os também ateus, e que passam igualmente a rechaçar toda e qualquer forma de existência fora da matéria física. Descartam a alma e o espírito e se tornam robôs programados pelas teorias e práticas das ciências concretas.

  Está claro que a tecnologia avançada de nosso século se deve aos experimentos de homens inteligentes dedicados às ciências. Não fossem eles, o mundo hoje não desfrutaria do conforto e utilitarismo que somente a apurada tecnologia pode proporcionar. Mas há o reverso: se homens das ciências não fossem também ambiciosos e o mundo empresarial não vivesse à busca do lucro fabuloso, grandes males da humanidade deixariam de existir. Governos, da mesma maneira, tiveram e têm suas responsabilidades ao transformar as ciências e a tecnologia em instrumentos do mal.

  A idade da Terra para o esotérico vai muito além do que supõem as ciências. Os cientistas materialistas entendem a Terra como uma massa rígida surgida há 4.5 bilhões de anos, que um dia, dizem alguns, poderá desaparecer em decorrência de muitas causas. Há hipóteses de que a Terra sofrerá um impacto monumental de um gigantesco cometa ou de outro corpo celeste errante: será destruída e a população humana inteira perecerá. Outros afirmam que quando o núcleo da Terra esfriar sua superfície estará coberta de gelo, tornando-se inabitável. Afirmam também que dentro de poucos milhões de anos o sol extinguirá o seu estupendo calor e todo o sistema solar virá desaparecer.

  Se retirássemos um pouco de cada uma destas teorias talvez obtivéssemos alguma verdade.

  O esotérico também sustenta que a o planeta Terra um dia desaparecerá, mas não da maneira sugerida e descrita pelos cientistas ateus. E nem o seu surgimento aconteceria exatamente como é relatado na teoria materialista da criação espontânea. O esotérico sabe que a Terra é um corpo celeste criado pela Mente do Logos para um objetivo adrede, previsto para acolher vidas dentro de um esquema inteligente e com propósitos divinos. Há ainda objetivos maiores e mais profundos a se descobrir da real existência de nosso planeta, e que somente são revelados em pequenas partes a poucos iniciados de graus muito superiores. É sabido, também, nos meios esotéricos, que a Terra vem desempenhando seu papel no cenário objetivo por duas vezes; sairá de cena e tornará a reaparecer concretamente uma terceira e última vez.

  Nessa frequência, a Terra possui trilhões de anos terrenos, tendo sua natureza já se transformado completamente por duas vezes. Diríamos que o planeta se encontra neste momento na sua segunda encarnação física concreta. E neste último surgimento atingiu o nadir da materialidade depois de decorridos 6 a 7 bilhões de anos em nosso calendário finito.

  As ciências, por décadas, vêm pulando de uma teoria para outra, tentando se convencer de que a explicação materialista seja a única a satisfazer as necessidades de o homem entender suas origens.

  A partir da renascença, da revolução francesa, dos movimentos do iluminismo e mesmo do humanismo, novos formatos do pensamento foram modelados por intelectuais, políticos e homens das ciências, apesar de todas as radicais diferenças e discussões que as idéias trouxeram. A imposição dogmática da igreja, através do despotismo da escolástica, perdeu rapidamente terreno e influências sobre monarquias. As inquisições religiosas foram forçadas a acabar, impérios se viram diante de novos desafios face à libertação da França de um regime feudal imposto ao terceiro estado, terminando com os insultantes privilégios do clero e da nobreza, muito embora as lutas de classes continuassem. A Independência da América do Norte e seu modelo democrático, que de certa maneira inspirara a revolução francesa, ajudaram também a reforçar na Europa a idéia de uma nova organização político-social, e a urgente necessidade da constituição de estados laicos.

  O resultado dessas transformações nas sociedades veio permitir maior liberdade às ciências de contradizer a tirania das idéias religiosas mas, em contrapartida, as ciências firmaram fortemente bases no ateísmo e materialidade.

  Mas decorridos esses séculos de libertação teológica, tendo as ciências chegado a muitos impasses, a corda ameaça partir no meio, e de fato ali mesmo virá partir. Apesar de toda a sua doutrina, vem se tornando difícil para as ciências sustentar o pensamento materialista como antes, se continuarem a prescindir de uma super-mente para teorias mais avançadas. Essa super-mente, já pensam alguns cientistas, seria preexistente a toda a criação, e teria estabelecido uma ordem evolutiva com integrações lógicas e perfeitas, intra-relacionadas a dimensões espaço-matéria de diversos padrões vibratórios.

  Afinal, concluímos nós, de nada adiantou a aplicação lógica científica com a intenção de tentar apagar a ideia da preexistência de um Criador e de sua imanência e transcendência em todo o universo. Mesmo porque a ideia do Criador está suficientemente calcada nas almas humanas de pelo menos 1/3 da humanidade global. Se por um lado a igreja possa ter contribuído para atrasar o avanço das ciências e a emancipação de uma sociedade justa e equitativa, baseada tão somente nos direitos humanos, o ocidente, por outro lado, deve a esta mesma igreja o fortalecimento da crença no Criador, apesar de todas as incoerências e crimes por ela praticados. A memória da alma é permanente e inviolável, embora este fato não determine a não mudança de atitudes do homem terreno ao uso de seu livre arbítrio. E a personalidade humana pode variar o pensamento em detrimento dos valores da alma, quando certas condições cármicas assim imponham.

  As religiões não são eternas. Nada é eterno neste mundo de transformações. O oriente, por milênios, vem cumprindo o seu papel de preservar a sabedoria sem idade, auxiliando com isso aos diversos povos  do planeta a entender algumas das revelações esotéricas. E, principalmente, vivê-las com práticas e devoção. A construção dessas idéias vem sedimentando-se pouco a pouco na psique humana ao panorama geral da evolução dos povos, ciclos após ciclos. Os surgimentos de raças estiveram sempre submetidos aos processos organizacionais mente-alma levados a efeito pelos mentores dos grupamentos étnicos, e às novas e profícuas idéias que foram calcadas para novos ciclos da consciência humana. A hierarquia planetária dos servidores do Grande Plano da Criação trouxe consigo a tarefa grandiosa de educar e auxiliar no progresso da humanidade e fez isso até onde ela pudesse caminhar sozinha. Esse cuidado esteve naturalmente indissociado da evolução de todos os reinos da natureza, por fazerem parte de um eco sistema mundial.

  Milhões de anos já se passaram desde o surgimento das primeiras raças humanas. Deixemos de lado às abordagens do início da vida na Terra através da evolução dos organismos uni e pluricelulares, segundo conclusões das ciências terrenas. Mesmo por que já explanamos sobre o tema na primeira parte desta obra. Sabemos dos planos das hierarquias solares sobre a passagem e evolução na Terra de sete grandes raças mundiais, cada uma contendo sete linhagens, chamadas sub-raças, com respectivos ramos e sub-ramos. A ciência esotérica afirma estarmos a mais da metade da passagem da quinta raça raiz, denominada ariana. Há um pro médio de evolução dos integrantes desta raça, em aproximadamente 1.5 milhões de anos, faltando ainda duas outras sub-raças a fim de que se completem as sete no processo evolutivo ariano.

  Sabe o esotérico das miríades de planetas em nossa galáxia onde massas de civilizações foram criadas. O processo evolutivo das civilizações de outros globos, não escapa, tal como na Terra, das incursões do mal e das lutas contra aqueles malignos portadores de energias destrutivas. As altas tecnologias e inventos de naves interplanetárias parecem ser uma constante em todo o super e macro universos e isso traz para a Terra tanto seres do bem quanto do mal. Entendemos, não obstante, que a humanidade está desde o seu início sob os cuidados das hierarquias criadoras. O ego humano com suas transformações físicas e espirituais segue inserido a um minucioso plano evolucionário a que vimos seguidamente nos referindo, como o Grande Plano da Criação. Esse grandioso Plano abarca situações controladas nos limites do sistema solar e abrange o nascimento e evolução de vidas e reinos em diversas cadeias planetárias, diferentemente daquilo a que nossa astronomia possa ainda compreender.

  Admitamos que num futuro próximo possam novamente acontecer grandes guerras por invasões ao planeta, tanto nos mundos invisíveis à visão humana como na superfície da Terra.  Guerras idênticas - já abordamos - teriam ocorrido na Terra, com os invasores lutando entre si, pretendendo a hegemonia planetária. Nesse particular, vencedores e vencidos deixariam vestígios de suas civilizações e produtos de criações genéticas, que sem o acompanhamento dos seus processadores passariam por mutações, desapareceriam ou se transformariam em seres horrendos viventes em regiões inacessíveis, ocultados em cavernas de montanhas, em selvas cerradas ou no interior do orbe. Alguns grupamentos de homens pré-históricos seriam do mesmo modo produtos dessas experiências mal acabadas. Daí, a arqueologia e a antropologia se confundirem ao tentar buscar nos fósseis e grupamentos primitivos os elos que sequenciariam uma escalada pregressa do homem inteligente na face da Terra. Os dados antropológicos não batem com a história da Bíblia e não se consegue explicar os interregnos verificados entre distantes polos demarcados por achados, ou simplesmente suspeitados de existir, embora as teorias científicas teimem em relacionar distantes homens das cavernas com protótipos das raças humanas.

  Muitas provas arqueológicas se encontram sem a menor decodificação, ou, inexploradas após suas descobertas por ordens de governos que não desejam modificar os relatos da história oficial. Acusações de fraudes e provas de montagens híbridas, humana e macacóide, com calotas cranianas, dentes, fêmures e outros ossos de vários donos, adaptados aos conjuntos compondo ícones do evolucionismo darwinista, como o Ramapithecus e Homem de Java, dentre outros, escandalizam e comprometem as ciências. A arqueologia é um ramo dispendioso das ciências, requerendo para sua execução financiamentos governamentais, além de os governos se verem ante a necessidade de celebrar contratos de mútuas cessões de direitos e preservações patrimoniais. Este é o motivo principal que obstrui a verdadeira publicidade sobre os achados e a abertura oficial às opiniões de livres investigadores. O que detemos não oficialmente de melhor, não reconhecido pelos ministérios governamentais, são provas obtidas por pesquisadores independentes que exerceram seus trabalhos às suas próprias expensas e conseguiram, muitas vezes sob ameaças, divulgar escondidos e camuflados, dados interessantes associados às teorias mais lógicas e sensíveis.

  Mesmo assim, por força de leis, escavadores foram obrigados a encaminhar muitos de seus achados aos governos que não os liberaram para estudos e posteriores conclusões da livre iniciativa. Haja visto, num polo mais acima, o que reclamam os ufólogos e analistas ecléticos acerca de provas obtidas pela agência espacial NASA nas explorações da superfície lunar, nas filmagens de Marte e de outros planetas sobre a existência de objetos e construções lá encontrados. Graças às discordâncias de cientistas, militares, agentes e funcionários da alta cúpula dos departamentos estratégicos - alguns desses já aposentados - fatos censurados têm vazado com certa frequência, suplementados por provas subtraídas dos arquivos secretos. Vez por outra surgem vídeos mostrando trechos das explorações extraterrestres, cujas verdadeiras informações são negadas ao mundo.

  Há muitos relatos em obras ocultistas de lutas entre as forças do bem e do mal. Há também lendas recontadas em manuscritos antiquíssimos sobre magníficas civilizações que tendo atingido apogeus desapareceram em seguida às decadências de suas culturas. Mesmo nas grandes e desconhecidas raças e naquelas destacadas pela história oficial, as lutas entre o bem e o mal sempre pontearam momentos importantes. Esses fatos não escapam às reflexões constantes e sensatas acerca de guerras interespaciais entre os deuses da criação e os da destruição.

  A Bíblia, nos seus capítulos finais do Apocalipse, cuja tradução mais aproximada seria “revelações”, mostra pontos bastante claros quanto aos simbolismos ali empregados, comuns nos relatos alegóricos de povos mais antigos. Os simbolismos, por séculos, foram sempre entendidos como representações de verdades ocultadas, cujas decifrações somente poderiam acontecer mediante revelações das chaves ou acurada intuição. De modo geral, significavam segredos de forças e energias presentes na natureza, as quais somente homens com conhecimento seguro poderiam acordá-las e manipulá-las e assim tornarem-se poderosos. A incorporação de forças e energias seria autorizada a quem se tivesse preparado para conseguir suportá-las. Os simbolismos e alegorias esotéricos buscavam exatamente registrar as situações em que os candidatos a esse caminho teriam de se trabalhar física e mentalmente para alcançar esses poderes, ou mesmo lutar para essa finalidade. E os poderes, a quem fossem outorgados, seriam sempre dirigidos para as vias da evolução humana.

  Esses aspectos do pensamento iniciático continuam em escolas tradicionais ou em grupos herméticos. De tempos em tempos homens especiais alcançam o desiderato, inserindo-se num plano geral de poderes menores, médios ou maiores, aonde muitas de mentes atuam em conjuntos coordenados e integrados desde o mundo físico até dimensões mais elevadas. Desse modo, os eleitos e seus escolhidos trabalham arduamente a fim de suportar a missão de conduzir coletivos para caminhos adrede programados.

  As lutas entre os poderes das sombras que buscavam iludir e atrelar os candidatos a promessas materiais de riquezas e luxúrias, e as forças da luz que indicavam o caminho da libertação das tentaculares forças aprisionantes do mundo, formavam e ainda formam o cerne das alegorias e simbolismos. E por séculos e milênios, fraternidades se organizaram na Terra reunificando forças para formar homens capazes de avançar adiante do conhecimento da humanidade. Foram eles que na decorrência das idades nos legaram novos conhecimentos e revelações obtidos por seus próprios méritos e concentrados esforços.

  Podemos basicamente dividir o passado, com auxílio da antropologia e arqueologia, em dois estágios absolutamente distintos: a pré-história, onde não existem registros oficialmente coletados sobre a existência de civilizações ou grupamentos étnicos, e a história, propriamente dita, que se acha separada em história antiga e história contemporânea. Da pré-história, pelas vias oficiais, somente possuímos teorias acerca da existência humana e animal, anexadas a pensamentos filosóficos acadêmicos com base em conclusões sobre fósseis e espécies. Como Charles Darwin que imaginou uma evolução por seleção das espécies até chegar ao homo sapiens. Evolução essa completamente refutada pelas correntes esotéricas, que não veem sentido algum em suas conclusões, a não ser de procurar contribuir com um reforço ateu e materialista à ideia de um mundo sem um Criador.

  Da história antiga e contemporânea há grandes obras, tanto em volume de páginas quanto em esforço acadêmico no sentido de se entender as conquistas humanas. Os estudos sociológicos puderam edificar uma viga mestra que possibilitasse montar uma linha evolutiva histórica das aquisições humanas, segundo os modelos das sociedades de cada época.

  Baseiam-se os estudiosos para a montagem e remontagem da história contemporânea - quando essa não era ainda contemplada com a tecnologia desenvolvida nos últimos cem anos - em livros, manuscritos, inscrições, relatos, crônicas e achados arqueológicos como peças documentais mais importantes. Entretanto, há notáveis falhas nas manipulações dessa organização. Notam-se claramente inserções de fatos inverídicos ou distorcidos, decorrentes dos interesses de forças contrárias à divulgação da verdade. Assim, fica a história oficial ensinada nos bancos escolares bastante prejudicada diante da realidade permeante aos acontecimentos rolados no tempo e não contados. Hediondas manobras políticas e imposições religiosas e de elites, foram despistadas ou atenuadas nos relatos que a história oficial tratou de divulgar, sedimentar e tergiversar. Porém, pouco a pouco, pesquisadores sérios vêm desencavando dos tortuosos subterrâneos das narrativas veladas, os verdadeiros e ambiciosos motivos das conquistas, denunciando as torpes ações que resultaram em tantas perdas, roubos, explorações, escravaturas e assassinatos de inocentes. Mas a despeito de todas as incongruências e maldades das elites poderosas, o quadro da vida na Terra vem passando por transformações e adaptações que se fizeram e se fazem necessárias.

  De que serviria agora apurar os verdadeiros fatos que compuseram pelo menos uma parte da real história universal, poderia alguém perguntar, se nada mais pode ser mudado? E responderíamos: historicamente achamos necessário colocar em seus devidos lugares os fatos que marcaram a escalada dos povos e suas verdadeiras sagas. Há que se mostrar o caráter humano, o pensamento sórdido, e, em contrapartida, as verdadeiras aspirações de quem desejou um mundo mais justo, lutou por isso e foi sacrificado. Muitas nações pousaram de exemplos de sociedades aculturadas e celeiros de grandes pensadores, mas hipocritamente, ao mesmo tempo em que assim se autoproclamavam, praticavam pilhagens, provocavam guerras ambiciosas, e tomavam cidades e terras de outros povos. Esses exemplos só vêm demonstrar a inexistência de povos e governantes tão honrados como suas boas histórias pretendem demonstrar ao mundo moderno. Sempre cometeram crimes bárbaros contra seus irmãos de terras estrangeiras que não podem ser apagados, mas cujos danos imputados vêm sendo resgatados nas penas da lei cármica regente dos coletivos e indivíduos isolados. Bem, assim pensam e proclamam os das correntes esotéricas e do espiritismo.

  Nesse particular, os esotéricos acusam as permanentes ações das forças milenares do mal de manipular os homens destituídos de pensamentos humanitários e possuidores de fracas personalidades. As organizações malignas, contumazes em colocar nos lugares chaves dos governos representantes e colaboradores de seus interesses, incluindo-se nisto as grandes religiões, estiveram repetidamente diante das decisões macabras de guerras, mortandades e situações de desespero.

  A vida na Terra, neste último século já ultrapassado, teve mudanças rápidas e transcendentais. Além de a população mundial ter crescido assustadoramente, a ponto de atualmente ultrapassar 7.7 bilhões de pessoas - e com isso ter aumentado a busca da satisfação das necessidades básicas - a tecnologia avançou extraordinariamente conforme vimos no primeiro capítulo. Em que pese o desenvolvimento científico atualmente alcançado, nunca os problemas que advieram aos povos, decorrentes da superpopulação mundial, tinham atingido tais abalos. Hoje, século XXI, há um fragor diário de guerras, lutas ou combates por todo o planeta. Não há paz na Terra. Os acontecimentos drásticos ocorrendo na natureza do orbe, que as ciências acusam serem provenientes, principalmente, do aquecimento global, tais como furacões, terremotos, enchentes, erupções vulcânicas, temperaturas altíssimas alternadas a baixíssimas, degelos das calotas polares, escassez de água potável e de alimentos, além de outros diversos flagelos, tornaram-se fantasmas a aterrar diariamente à humanidade.

  Ao esotérico esses acontecimentos importantes e difíceis, têm explicação, e já eram anunciados e esperados há alguns milênios. As lutas que a todo instante irrompem no mundo, estão ligadas aos momentos decisivos de confrontos entre o bem e o mal. O planeta e sua humanidade passam por um expurgo cármico no sentido de se fazer o balanço anunciado recentemente por Cristo, a fim de que o Grande Plano da Criação e o próprio orbe terreno, enveredem por um novo e superior estágio.  Há um tempo deliberado no processo evolucionário para que a humanidade chegue a alcançar certos níveis mentais e espirituais. Essas projeções também admitem falhas e perdas, além de considerar uma série de outros acontecimentos que possam provocar desarmonias no orbe físico. A precipitação em grandes proporções de tais e drásticos acontecimentos desencadeia-se neste instante com relativa rapidez, e as consequências definem e estabelecem quais metas foram alcançadas e quem não pode mais avançar.

  Ou seja, os tempos são realmente apocalípticos e isso envolve um momento astrológico combinado a fatores especiais onde, por exemplo, o planeta começa a verticalizar de volta seu eixo, que se encontra adernado em relação à eclíptica do equador celeste em 23º 27’ desde os tempos da catástrofe do continente atlante. Esse fato, da verticalização do eixo terrestre, já é conhecido pela astronomia mundial, mas estranhamente não divulgado pelos astrônomos como deveria, que preferem ocultar essa verdade aos povos. Há inequívocos sinais e cálculos de que o eixo da Terra move-se em direção de sua verticalização, e o fato vem provocando inúmeros abalos sísmicos nos continentes. A expectativa é que novas catástrofes continuarão a acontecer, algumas de proporções maiores do que as já vistas. É impossível que o planeta Hercólobus conhecido e citado pelos sumérios que estaria em rota de aproximação da Terra, não pudesse ainda ser percebido pelas naves espaciais americanas e russas e pelo telescópio Hubble, ou no mínimo suspeitado pelos vários processos detectores. No entanto, as duas potências mundiais compactuam-se num total silêncio quanto ao fato.

  Registros esotéricos descrevem há milênios a anterior passagem desse planeta próximo da Terra. Agora, continuando a cumprir seu caminho sideral, volta com maior proximidade tangenciando a órbita de nosso planeta, atraindo seu eixo para a verticalização. O Hercólobus, seria o planeta higienizador mencionado por Ramatís, pertencente a outro sistema solar, que vem realizando aproximações cada vez maiores a cada 6.666 anos, e desta feita sendo possível observá-lo a olho nu. É o que nos diz Ramatís, em sua obra “Mensagens do Astral” captada pelo médium Hercílio Maes, em sua primeira edição de 1956:

  “A composição do magnetismo etéreo-astral desse planeta, em comparação com o mesmo campo de forças da Terra, é indescritível efervescência de assombroso potencial energético, e ultrapassa, então, de 3.200 vezes o mesmo conjunto terráqueo. Inúmeras estrelas que os astrônomos situam no céu variam, também, quanto aos seus núcleos rígidos e sua aura etéreo-astral que, dotadas muitas vezes de igual volume material, diferenciam-se em milhares de vezes quanto ao volume áurico.”.

  “Esse poderoso imã-magneto, que circula sobre um ângulo do vosso sistema solar, em sua aproximação também influi e se combina à aura etéreo-astral dos outros orbes circunvizinhos da Terra, no conhecido fenômeno de contato astrológico. Os cientistas atlantes previam a futura influência do planeta intruso sobre o vosso mundo, pois em seus tratados de astrosofia, a serem em breve conhecidos, já diziam que o “juízo da Terra seria assistido pela ronda da roda de Ra”, ou seja, pela ronda do globo responsável pelo juízo da Terra em torno do Sol.”
  Antes, o insigne mestre esclarece que a menção ao volume do planeta visitante é relativa ao seu volume áurico e não ao volume material:
  “Esse volume de 3.200 vezes maior do que a Terra não é referente à massa rígida daquele orbe, cujo núcleo resfriado é um pouco maior que a crosta terráquea. Estamos tratando de sua natureza etéreo-astral, do seu campo radiante e radiativo, que é o fundamento principal de todos os acontecimentos no “fim dos tempos”. É o volume de seu conteúdo energético, inacessível à percepção da instrumentação astronômica terrestre, mas conhecido e até fotografado pelos observatórios de Marte, de Júpiter e de Saturno, cujas cartas sidéreas registram principalmente a natureza e o volume das auras dos mundos observados”.
  Prosseguiu Ramatís em suas comunicações há mais de cinquenta anos:
  “Com a elevação gradativa do eixo terráqueo, os atuais polos deverão ficar completamente libertos dos gelos e até o ano 2000, aquelas regiões estarão
recebendo satisfatoriamente o calor solar. O degelo já principiou; vós é que não o tendes notado. Se prestardes atenção a certos acontecimentos comprovados pela vossa ciência, vereis que ela já assinala o fato de os polos se estarem degelando.
Em breve, colossais “icebergs” serão encontrados cada vez mais distantes de suas zonas limítrofes, os animais das regiões polares, pressentindo o aquecimento procurarão zonas mais afins aos seus tipos polares, enquanto peixes, crustáceos, aves e outros animais acostumados aos ambientes tropicais farão o seu deslocamento em direção aos atuais polos, guiados pelo “faro” oculto de que eles serão futuras zonas temperadas.”

  O fato dentro da cronologia terrestre, não aconteceu exatamente como previsto por Ramatís, visto o ano 2000 ter passado, e o degelo, embora em proporções que vem seguidamente contrariando às previsões de um tempo mais duradouro de nossos cientistas, estar em processo assustadoramente ágil. No entanto, Ramatís pôde antever acontecimentos que se confirmaram e continuam a confirmar-se.

  Outro fato corroborante com as afirmações de Ramatís, acerca das revelações astrofísicas dos antigos, são as recentes divulgações de pergaminhos, documentos e decifrações de simbolismos sobre os acontecimentos passados e futuros da Terra. Essas revelações vieram ampliar o assunto e esclarecer muitas dúvidas de esotéricos pesquisadores, bem como reafirmar a veracidade de tantas outras afirmativas das escolas de ocultismo. Mensagens também são captadas de entidades reconhecidamente extraterrestres, trazendo outra visão sobre a proximidade dos acontecimentos que definitivamente se desencadearão no planeta. Falam-nos da existência de um campo de forças magnéticas, denominado “Cinturão de Fótons” ou “Cinturão de Alcyon”.

  Alcyon é uma mega estrela em torno da qual, no centro da Constelação de Plêiades, gravitam seis outros sistemas solares, e a cujo campo de forças da Constelação, nosso sistema solar irá novamente penetrar. Até então, nosso sistema solar viajava numa órbita perpendicular ao sistema Alcyon, entrando nele a cada 10.800 anos, lá transitando por milhares de anos para de novo sair. Entretanto, a partir de 12/12/20012 ou de 21/12/2012, segundo várias predições dos antigos, nosso sistema solar irá penetrar este “Cinturão de Fótons” onde permanecerá em órbita definitiva em torno de Alcyon, dando início à grande Era Dourada, da qual a Era de Aquário é parte. Essa data do calendário gregoriano é coincidente com o término do grande calendário ancestral Maia, assinalando assim o final de um grande ciclo astronômico-astrológico.

  O motivo de também haver grande expectativa sobre o ano 2012 é a constatação esotérica dos descendentes atlantes de que aproximadamente a cada 550.000 anos o planeta Terra diminui a rotação em torno de seu eixo até atingir o ponto zero. Então passa a girar no sentido inverso. Esse fenômeno faz com que se alterem e se enfraqueçam todos os circuitos eletromagnéticos que envolvem o planeta, determinando uma série de consequências nas comunicações planetárias e na saúde dos habitantes. Outro acontecimento paralelo é o fato de ao limiar da Era de Aquário, pouco mais de 1/3 da humanidade se elevar vibratoriamente a quarta e quinta dimensões, ou seja, estar alcançando um novo status evolutivo em sua caminhada rumo à libertação do ciclo terrestre. Dessa maneira, as vibrações astrais e mentais que permeiam o planeta, alcançando nossos corpos e cérebros, dão-nos desde logo outra percepção do fenômeno tempo, fazendo com que um dia de 24 horas se desenrole como se fosse de 16 ou 18 horas.

  Até que isso se consolide e nosso sistema solar venha se estabilizar nas novas condições sistêmicas astrológicas, os fenômenos açuladores que vergastam a natureza continuarão a se desfechar, pois além de o planeta visitante imprimir seu magnetismo na verticalização do eixo da Terra, os choques de nosso sistema solar com o campo de forças do Cinturão provocarão desde o início outros fenômenos aterradores no mundo. O fato também coincide com a predição da grande colheita da humanidade, referida na Bíblia, em que os direitistas de Cristo serão recompensados por sua lealdade e obras, ao passo que os esquerdistas, representando 2/3 da população global, se verão lançados ao inferno, mas segundo Ramatís, expurgados para o planeta higienizador.
                 
 CAPÍTULO XIII
MUNDOS

  Passemos agora a tratar da construção dos mundos, chamados também de dimensões ou planos de vibrações, conhecidos pelos ocultistas há milhares de anos.

  Certas correntes reconhecidamente científicas bem como leigos estudiosos dos fenômenos da matéria, falam hoje com muita frequência de universos paralelos. Essa discussão tem chegado ao público como se fosse novidade, principalmente pela necessidade de as ciências oficiais demonstrar que perscrutam e investigam tais fenômenos. É sabido que a matéria é energia concentrada. Há algumas décadas cientistas conseguiram criar um esboço de matéria em laboratório, partindo exatamente de concentração de energia, fazendo surgir novas partículas com cargas positivas, a exemplo de anti-elétrons. Desde então, os conceitos de matéria têm avançado e alcançado interpretações que ultrapassam os conhecimentos antes compendiados. Entretanto, está longe ainda o dia em que as ciências sejam capazes de criar um tipo verdadeiro de “matéria vivificada”. E mesmo que a produzam em laboratório, a criação estará imperfeita e inacabada, será um tipo sintético, pois não há como incorporar na matéria artificialmente criada os princípios da energia-vida e de Anima Mundi, fusionados na natureza. É simplesmente impensável ao esotérico as ciências chegar a produzir a energia-vida. Nem mesmo o Logos Solar tem ou teve esse poder, senão o de incorporar em Si mesmo a suprema mensagem do incognoscível Espírito Infinito do Logos-Cósmico, o Parabrahman dos indus, para imantar a todo o sistema solar a fim de que a energia-vida por ele se manifestasse.

  A ideia de universos paralelos, admitida por alguns cientistas e rechaçada por outros, parte de premissas da preexistência da antimatéria. Antimatéria, por definição simples, seria um positron que é gerado por uma substância radioativa. Ele é um anti-elétron, ou antimatéria do elétron: é a partícula de carga elétrica positiva do átomo. O elétron, ao contrário, é uma partícula do átomo possuidora de carga elétrica negativa e quando um positron encontra um elétron, ambos se aniquilam e desaparecem, resultando em dois raios gamas, que são chamados fótons. Os fótons são a energia transformada dos pares anti-elétron/elétron que têm como características a energia de 511.000 elétrons-volts.

  Em outras palavras, antimatéria seria a matéria comum ao inverso, ou seja, com todas as cargas eletrônicas invertidas. Na realidade, as partículas elétricas positivas e negativas em si mesmas não são a antimatéria, mas sim formadoras dos átomos que são unidades constitutivas da matéria. Os átomos que possuam em suas estruturas as partículas em mútuas oposições e antíteses, ao se chocar se aniquilarão vindo constituir assim a antimatéria.

  Matéria e antimatéria já eram bem conhecidas dos antigos iniciados, que as visualizavam em dois campos de energias afins e contrárias. Encontramos várias referências do conhecimento subjetivo do átomo pelos antigos, como sendo uma partícula vibratória da energia concentrada em toda a natureza. Não devemos nunca nos esquecer que muitas gerações de iniciados do passado, ao desenvolver a vidência espiritual, puderam perceber os átomos constitutivos de todas as formas de vida. As posturas objetivas e práticas que o Tao tibetano utilizava e utiliza no despertar e circular de certas correntes de energia nos corpos sutis dos iniciados, trazem implícito o conhecimento da aparente dualidade energia-matéria. Tanto as órbitas dos elétrons em torno dos núcleos de seus átomos como as energias circulantes pelo interior dos corpos energéticos do homem, descrevem idênticos trajetos. O próprio símbolo do Tao, ao externar uma figura composta de dois semicírculos em oposição, um preto e outro branco, nos dá a ideia do negativo e positivo, que poderíamos transpor para a analogia matéria/antimatéria.

  A intenção das ciências em posicionar uma dimensão de matéria e outra de não matéria prende-se a uma lógica irrefutável da formação da própria matéria, segundo os cientistas. A questão que certamente os deixou muitas horas com insônias seria: de onde vem a energia que se cristaliza em matéria? Foi fundamental que eles finalmente percebessem a ação dual positron/elétron para entender a fusão de dois átomos, por exemplo, nos aspectos energia-matéria, e a aniquilação de ambos simultaneamente. Vemos nisto também uma possível analogia com um processo de sublimação.    

  Esta dualidade energia-matéria, como dissemos, já vinha encontrar a sabedoria milenar de antigos iniciados que sabiam da existência de uma dimensão intra-relacionada ao mundo físico, formada, principalmente, pela efusão de quatro éteres, e, por isso, chamada atualmente de mundo ou plano etérico. A presença etérica desse mundo atua como matriz e condensadora de todas as energias cósmicas e da natureza planetária, que incidem sobre e ao interior de todas as formas de vida. Até mesmo uma pedreira, uma montanha, um rio, um mar, um oceano, uma folha ou um minúsculo grão de areia, são portadores dessa energia-forma etérica, responsável por captar e retransmitir o cosmos e dar conformação a elementos e organizações atômicas.

  O éter cósmico representa uma face ou véu universal na organização dos padrões vibratórios de nosso sistema solar. O mundo das formas densas e concretas que conhecemos, conjuntamente ao mundo etérico planetário, são ambos as representações da totalidade energia-matéria do mundo físico que se completam entre si.  A base na formação do mundo etérico é justamente o éter cósmico, que ao permear o globo Terra, expande-se e se contrai, organizando-se em quatro distintas variações. O éter cósmico passa então a ser identificado como éter físico, e suas quatro variações distinguem-se por qualidades inatas que conformam e participam das funções vitais de todos os seres físicos inanimados ou superiores, na gama total dos quatro reinos da natureza.

  Mas voltemos ao início de tudo, quando o Logos surgiu objetivamente delimitando com Sua Mente Universal o circulo de Sua manifestação. Trabalhando a matéria primordial, o terceiro aspecto do Logos estabeleceu as matrizes de cinco sucessivos mundos e as preencheu com a matéria.  Os indus sempre postularam que o universo está delimitado por sete grandes mundos e estes mundos, segundo eles, têm as seguintes denominações:

                      1. Adi                = Mundo Divino
                      2. Anupadaka  = Mundo Monádico
                      3. Atma             = Mundo Espiritual
                      4. Buddhi         = Mundo Intuicional
                      5. Manas          = Mundo Mental
                      6. Kama            = Mundo Emocional
                      7. Sthula          = Mundo Físico

  Quando o Logos surgiu para a objetividade veio imediatamente atuar a partir do mundo Adi, que Ele encontrara construído, e onde estabeleceria seu laboratório. Tanto quanto Adi, o mundo Anupadaka também já existia no momento em que o Terceiro Logos passou a atuar objetivamente no sistema solar. Vejamos o que nos diz A.E. Powell em sua obra O Corpo Causal e o Ego:

  Podemos conceber os planos Adi e Anupadaka, como existentes antes da formação do sistema solar..”.

  Adiante ele contínua:

  “O Terceiro Logos, a Mente Universal, atua sobre a matéria do espaço - Mulaprakriti, a celestial Virgem Maria - alterando do equilíbrio estável para o equilíbrio instável as três qualidades da mesma: Tamas (inércia), Rajas (movimento), e Satva (ritmo), colocando-as, por conseguinte, em movimento contínuo, uma em relação com as outras. O Terceiro Logos cria assim os átomos dos cinco planos inferiores - Atma, Buddhi, Manas, Kama e Sthula. Fohat os eletrifica, dando-lhes vida e separa a substância primordial, ou matéria pregenética, em átomos”.

  A matéria primordial, ou pregenética, é também interpretada como éter (ou aether), conhecida da mesma maneira por Akaza na sua generalidade. “Akaza é, propriamente, a primeira diferenciação da matéria pregenética”, diz-nos Alice Bailey em Um Tratado do Fogo Cósmico, que coloca ainda o seguinte:

  “Akaza, em manifestação, se expressa ela mesma por Fohat ou energia divina, e Fohat nos diferentes planos (ou mundos) é conhecido por aether, ar, fogo, água, eletricidade, éter, prana e termos similares. É a soma total daquilo que é ativo, animado ou vitalizado, e tudo o que a ele (Fohat) é concernente na adaptação da forma para a presença da chama interna da vida”.

  Podemos agora entender que a Mente Universal, ou terceiro aspecto do Logos, produziu a primeira ação plasmadora do sistema solar, construindo objetivamente os arquétipos dos cinco mundos, ao mesmo tempo em que os preenchia com a matéria pregenética já diferenciada em seus principais atributos. Nessa ação da Mente Universal vamos encontrar tanto a matéria pregenética já animada e pronta para frutificar, como em seu estado anterior ainda “in natura”, improdutiva e não diferenciada.

  Temos então que o terceiro aspecto do Logos estabeleceu as matrizes dos cinco mundos abaixo de Anupadaka, preenchendo-os com a matéria pregenética diferenciada. Diz A.E. Powell:

  “A esta obra do Terceiro Logos se a denomina correntemente a Primeira Onda de Vida ou A Primeira Emanação”.

  O terceiro aspecto do Logos trabalhou cada mundo estabelecendo o tipo de vibração dos seus respectivos átomos, dando assim características especiais às matérias de Atma, Buddhi, Manas, Kama e Sthula. Diz-nos ainda A.E. Powell:

  “Sob a atividade diretiva do Terceiro Logos, se despertam nos átomos de cada plano, novos poderes e possibilidades de atração e de repulsão: de maneira que se congregam em moléculas; destas moléculas simples se formam outras mais complexas, até que em cada um dos cinco planos há seis subplanos inferiores, havendo sete no total de cada plano”.

  A tradição esotérica nos dá conta de que o sistema solar se teria formado em sete grandes períodos. Os mundos Adi e Anupadaka seriam os dois primeiros grandes períodos da história do sistema solar e os cinco mundos de que estamos agora tratando completariam o setenário trabalhado por Deus. Este tempo na Bíblia é estabelecido em sendo sete dias. Evidentemente esta cifra é um elemento simbólico, mas aceito literalmente pelos seguidores do velho e novo testamentos.

  Mediante a cosmogonia esotérica aqui tratada e pelas decorrentes consultas às obras citadas, podemos concluir que o Deus Criador do sistema solar poderia tê-lo edificado em duas etapas distintas. A primeira, por intermédio de outro agente que pudéssemos chamá-lo igualmente de outro Logos, e que não se restringiria tão somente ao nosso sistema solar, mas que não seria exatamente o mesmo construtor dos cinco mundos abaixo de Anupadaka. Esse Logos precursor, teria unicamente construído os dois mundos superiores. A segunda etapa, seria a da construção dos cinco mundos seguintes através da ação do Logos Solar de nosso atual sistema. Conforme mencionamos anteriormente, a matéria pregenética foi trabalhada pelo Terceiro Logos que ao encontrá-la em caos, ou seja, improdutiva, ativou-a do mundo Adi. Dessa maneira, atribui-se ao Deus imanifesto e desconhecido a ideação do sistema solar em sete grandes períodos, mas provavelmente em duas distintas épocas e por dois meios de atividade.

  Estando os cinco mundos construídos pela ação do Terceiro Logos, aconteceria a Segunda Grande Emanação criadora. Essa segunda ação plasmadora dos mundos chega pela participação do segundo aspecto do Logos ou segunda pessoa da Trindade, ao introduzir neles Seu Espírito. Diz-nos A.E.Powell:

  “A Segunda Pessoa da Trindade toma forma assim, não só da matéria “virgem” ou improdutiva, senão da matéria já animada pela vida da Terceira Pessoa. Tanto a vida como a matéria a cobrem com vestimenta. É assim exata a afirmação de que encarna do Espírito Santo e da Virgem Maria, que é o verdadeiro significado deste importante parágrafo do credo cristão”.

   O Segundo Logos é caracteristicamente conhecido como o Cristo Cósmico, a segunda pessoa da Trindade de nosso sistema solar. A questão da Trindade, como tratada pelo esotérico, traz a Existência Única do Cristo Cósmico apropriada a cada situação e vidas de acordo com o processo natural e cíclico de expansão de consciência. E mediante isso, concluímos:

  Assim, o Cristo é a representação da fusão espírito-matéria num momento da criação do sistema solar. Também é na fusão espírito-matéria de um planeta ou de uma cadeia planetária, e é na fusão da personalidade com a alma no momento da verdadeira identidade. As relações positivo-negativo representam os elementos por cujas polaridades e síntese a ação crística opera tanto na consciência quanto na matéria.

  Desta maneira, Deus é Cristo num momento da macro-criação do sistema solar; é Cristo na formatação de um macro-átomo em Sol ou num planeta, e é Cristo na macro-vida ou Alma Divina de uma unidade de consciência quando Ela reativa e cimenta Sua qualidade à alma terrena, divinizando o homem peregrino.

  Portanto, a Segunda Grande Emanação do Deus Criador será realizada pelo Segundo Logos, que fará a fusão espírito-matéria nos cinco mundos abaixo de Anupadaka, porquanto espírito e matéria nos mundos objetivos atuam pela ação de leis sistêmicas. Descerá respectivamente em Atma, Buddhi e Manas. No mundo Manas, entretanto, onde há uma divisão simbólica de Manas Superior e Manas Inferior, o Logos tomará a matéria trabalhada pelo Terceiro Logos e edificará dois Reinos. Esses Reinos, somente conhecidos do esotérico e ocultista, são chamados Reinos Elementais devido à constituição de suas matérias. O primeiro Reino Elemental será edificado na parte superior de Manas, enquanto o segundo Reino Elemental será edificado na parte inferior de Manas.

  É importante ressaltar que Manas Superior é formado pela matéria mental que se articula pelo pensamento abstrato, enquanto que o Manas Inferior se articula pelo pensamento concreto.

  Ao atuar no mundo Kama, conhecido também por Mundo Astral, o Segundo Logos dará formação ao terceiro Reino Elemental.  Entrando no Mundo Sthula, ou mundo Físico, o Logos virá trabalhar a energia-forma do mundo etérico. Nessa relação, podemos considerar que as cinco fases da Segunda Emanação do Logos se desdobraram em seis para dar formação a sete na matéria dos mundos. Ou seja, duas ações Atma-Budhi, duas ações Manas-Superior/Manas-Inferior, para constituir os dois primeiros Reinos Elementais, uma ação em Kama dando formação ao terceiro Reino Elemental e uma ação no Mundo Etérico para o quarto Reino Elemental.

  O resultado da pressão do Logos no arco de descida se revela na sexta ação, pela fusão energia-matéria do Mundo Etérico, que mais tarde se materializará em formas físicas concretas. Esse último e natural acontecimento virá configurar o sétimo resultado da ação do Segundo Logos nos cinco mundos inicialmente construídos pelo Terceiro Logos.  Daí, também, a outra analogia dos sete dias da criação em que Deus trabalharia seis dias e descansaria no sétimo.

  A ação do Segundo Logos no Mundo Etérico provocará a construção física dos quatro reinos e a possibilidade das expressões das formas de vida que hoje conhecemos. Os reinos mineral, vegetal, animal e humano alcançarão assim suas máximas densidades ou concretismo, tendo a pressão criadora e organizadora do Segundo Logos chegado ao nadir da materialidade. A materialização da forma planetária e de todas as suas vidas levaria, no entanto, alguns milhões de anos terrenos para se concretizar plenamente, visto o corpo planetário estar ainda em processo de transição da matéria etérica para a matéria física através da ação ígnea, que é o elemento primordial do universo.

  A criação dos reinos na Terra, conforme estamos sintetizando, somente alcançou o definitivo estado concreto quando a Terra passou a ser o centro de enfoque de sua cadeia, e a partir do instante que o espírito planetário lunar migrou da Lua para a Terra. O espírito da Terra, portanto, já teve sua primeira encarnação no ciclo lunar, ou seja, quando a Lua representou para sua cadeia o que a Terra hoje representa para a atual. Este é o motivo de o esotérico admitir que a Terra esteja em sua segunda encarnação física concreta, tendo antes se materializado com o corpo planetário lunar. Quando um ciclo evolucionário de uma cadeia planetária se encerra, não só os produtos dos reinos se transferem de um orbe para outro, quanto o seu espírito e parte de sua matéria.

CAPÍTULO XIV
CADEIAS PLANETÁRIAS

 Antes de tratarmos propriamente da evolução vidas-reinos, vejamos o que são cadeias planetárias.

  O Logos ao estabelecer o circulo de sua existência, também denominado de “circulo-não-se-passa”, determinou o seu campo de manifestação como encarnação do sistema solar. É sabido pelo esotérico que o sol material representa o corpo físico do Logos, existindo ainda duas outras representações solares nessa manifestação: o Sol Central Espiritual e o Coração do Sol.
      
  Precisando o Logos fazer torrentes de vidas se manifestar no Grande Plano da Criação, idealizou 10 esquemas de cadeias planetárias com 7 globos em cada esquema, portanto 70 globos planetários. Cada esquema encarna 7 cadeias, manifestando assim 49 globos nas suas 7 encarnações. Havendo 10 esquemas de cadeias teremos ao final de suas 7 encarnações a manifestação de 490 globos.

  Entretanto, os mestres do esoterismo referem-se à passagem das vidas em cada globo numa encarnação da cadeia, como globos-períodos. Assim, a cada ronda ou giro vamos ter 7 globos períodos. Ao final das 7 rondas teremos, portanto, 49 globos-períodos, ou 1 período-cadeia, ou uma encarnação da cadeia. Ao final das 7 encarnações da cadeia, ou 7 períodos-cadeias, teremos 343 globos-períodos ou um esquema de evolução. Considerando-se todas as cadeias com igual desenvolvimento, resultam 70 períodos-cadeias, ou 3430 globos-períodos, ou 10 esquemas de evolução ou o sistema solar.

  Ao criar os mundos e determinar o tipo de matéria de cada um deles, o Logos propiciou que pudessem existir reinos e evolução em cada um dos mundos. A consciência do Logos é o próprio sistema solar e as vidas que nele evolucionam estão todas contidas em Sua consciência.

  Os mundos criados pelo Logos nessa manifestação do sistema solar foram cinco; dessa maneira, os dez esquemas de cadeias planetárias estão distribuídas com as respectivas organizações atômicas relativas às matérias de cada um desses cinco mundos.

  As cadeias em seus respectivos esquemas começaram a ser habitadas em tempos diferentes, estando, portanto, umas adiantadas em relação às outras. Temos informações sobre sete atuais esquemas; os três restantes são ainda ignorados quanto aos seus graus e aspectos evolutivos. São as seguintes as denominações dos sete esquemas: Vênus, Terra e Netuno, representando os mais adiantados, sendo Vênus o mais evoluído dos sete esquemas. A seguir, sem ordem evolutiva por faltar dados mais concretos, temos os esquemas de Vulcano, Júpiter, Urano e Saturno.

  Conforme vemos, o atual sistema solar entendido pela astronomia difere totalmente daquele revelado ao esotérico, visto essa ciência oficial admitir a existência unicamente de planetas de matéria concreta. E o esquema da Terra atravessa agora a quarta encarnação da cadeia, havendo dentre os seus sete globos três com corpos de matéria física concreta. A cadeia atinge, nesse atual período, sua máxima densidade física e como tal o planeta Terra é a principal referência do processo evolutivo na cadeia. Vejamos um esboço simples de nossa cadeia.

                     _____________________________
                        A    O                                  O    G       MUNDO
                     _____________________________         MENTAL
                             B    O                       O    F             MUNDO
                     _____________________________          ASTRAL
                                 C   O   MARTE     O    E    MERCÚRIO
                                                                                                 MUNDO
                                          D     O    TERRA                            FÍSICO
                     _____________________________

  Os globos A e G têm matéria do mundo mental; B e F têm matéria do mundo astral e C, D e E têm matéria física concreta. Os planetas Marte, Terra e Mercúrio, portanto, são aqueles em nossa cadeia possuidores de matéria física densa.  

  O enfoque principal da cadeia nesse momento, como dissemos, é o planeta Terra, pois nele os reinos fervilham de energias e forças em continuadas renovações. Isto se deve ao fato de as precipitações das torrentes de vidas na encarnação da cadeia, ter inicio no globo A, migrar para o B e para o C, e já há algum tempo se estabelecer no globo D, a Terra. Na Terra, as torrentes de vidas precisarão continuar a adquirir novas experiências na matéria, o que nos descortina ainda um futuro de uns poucos milhões de anos.

   As torrentes de vidas ao alcançar a Terra, terão atingido o seu nadir ou o ponto máximo da involução. Quando terminar o tempo de suas experiências neste nosso planeta, as torrentes de vidas migrarão para o planeta E (Mercúrio), onde a partir daí se dará o novo enfoque da cadeia com os produtos principais migratórios da Terra e de outros globos da própria cadeia, ou de fora dela. Nesse avanço para Mercúrio, se iniciará a escalada do arco ascendente para as vidas em evolução.     

  No entanto, é bom destacar que a partir do instante em que as vidas mergulham do globo A para o B, e sucessivamente até o D, no arco descendente, estes saltos involutivos já representam em suas bagagens saltos evolutivos, pois as experiências que as múltiplas vidas virão adquirir nos reinos dos mundos de matéria sutil, também serão para elas situações novas.

  O processo evolucionário é extremamente longo, profundamente bem elaborado, pleno de inúmeras e insólitas alternâncias e notadamente minucioso. É muitas vezes complexo, necessitando de seguidas reflexões e pesquisas para o seu entendimento mínimo, e treino do estudante nos níveis do pensamento abstrato. E não seria mesmo possível destacá-lo inteiramente nesta obra, ou em qualquer outra escrita por mãos humanas, e mais ainda pelas limitações dessas páginas.                           

  Temos, assim, que o ponto máximo de aprofundamento acontece quando as torrentes de vidas atingem o reino mineral. Daí em diante se inicia o sentido ascendente do arco que irá terminar no globo G. E como vimos, um percurso inteiro das torrentes de vidas que se inicia no globo A, descendo o arco, atingindo o globo D, e depois galgando o arco ascendente até alcançar o globo G, é chamado no esoterismo de uma ronda.

  Quando uma ronda se completa acontece o que é denominado de “pralaya de ronda”, caracterizado pelo recolhimento de toda a cadeia, que desaparecerá da objetividade talvez até por milhões de anos terrenos. Não nos esqueçamos de que os padrões de tempo nos mundos superiores não são os mesmos da Terra, pois as vibrações no espaço-tempo em tais mundos são bem mais rápidas, e milhões de anos lá podem representar somente algumas centenas de anos aqui na Terra, segundo nossos calendários.

  A cadeia ao reaparecer trará basicamente as mesmas vidas que reiniciarão suas evoluções a partir do globo A.

  Sete sucessivas vezes acontecerão rondas, e ao cabo da sétima se terá completado uma encarnação da cadeia, que novamente entrará num repouso, dessa vez mais amplo, chamado de “pralaya de uma cadeia”. Esse período de recolhimento serve para definir novas etapas e estratégias que as hierarquias criadoras estabelecerão para a vindoura encarnação da cadeia, além de propiciar às vidas um retempero de suas longas caminhadas. As vidas são trabalhadas enquanto permanecem num estado parecido ao letárgico. Através de um processo de indução, acontecerá um reabastecimento energético que as virá fortalecer e estimular para que, nas suas futuras manifestações, venham corrigir os erros em que estiveram incursas e que as fizeram fracassar em muitas instâncias da caminhada.

  Façamos alguns repasses do que já foi dito anteriormente e destaquemos em tópicos, aspectos que se desdobrarão ou implicarão nas encarnações de nossa cadeia planetária.

   1.  São sete os reinos existentes nos mundos da cadeia planetária da Terra. Quatro são os reinos chamados mineral, vegetal, animal e humano. Três são chamados reinos elementais, dos quais pouco sabe o esotérico. Na realidade, para que as unidades de consciência cumpram todas as suas etapas evolutivas precisarão galgar, além dos sete reinos já mencionados, três outros. Entretanto, não nos ocuparemos deles pelo fato de representar estágios acima do humano e pelas poucas informações que deles se detem.

Os reinos vêm à existência através da ação do Segundo Logos que trabalha à matéria dos mundos construídos pelo Terceiro Logos, organiza as formas através das quais as miríades de vidas atuarão objetivamente, além de imprimir nos reinos as matrizes ou modelos arquétipos da energia-forma pela ação de anima-mundi.

2.    Anima-mundi, a alma universal, é característica do Terceiro Logos, no entanto atuante nas formas de vidas das matrizes arquétipas dos reinos, pela ativação da energia do Segundo Logos no seu trabalho espírito-matéria. Não se deve julgar que as ações do Terceiro Logos sejam parciais e temporais para que depois se determine o momento da participação do Espírito do Segundo Logos. Esse trabalho é simultâneo, de Um para Outro, absorvendo-se Um no Outro sem que as qualidades se diluam em suas características básicas e fundamentais, mas sim se complementem sem perder suas essencialidades.

            3.   A energia-vida e a energia-forma, sob um ângulo mais restrito, são a mesma essência emanada do Segundo Logos quando Ele estabelece o seu divino cimento em cada átomo ou partícula de vida organizada dos reinos. A diferença reside na relação “qualidade-vida” e “qualidade-forma”, que além de estabelecer funções específicas se complementam nas relações positivo-negativo ou vida-matéria.

               4.    Na primeira encarnação da cadeia havia:
     a.  Dois globos A e G no mundo Atma, dois globos, B e F no mundo Buddhi, dois globos C e E no mundo Mental Superior e um globo D no mundo Mental Inferior.           

b. Na segunda encarnação a cadeia desceu um mundo, havendo dois globos A e G no mundo Buddhi, dois globos B e F no mundo Mental Superior, dois globos C e E no mundo Mental Inferior e um globo no mundo Astral, deixando assim de ter globos no mundo Atma.

c.  Na terceira encarnação a cadeia desceu outro mundo. Havia dois globos A e G no mundo Mental Superior, dois globos B e F no mundo Mental Inferior, dois globos C e E no mundo Astral e um globo D no mundo Físico Concreto, deixando assim de ter globos nos mundos Atma e Buddhi.

d.  Na quarta e atual encarnação a cadeia desceu mais um mundo. Há dois globos A e G no mundo Mental Inferior, dois globos B e F no mundo Astral e três globos C, D e E no mundo Físico Concreto.                

e. Na quinta encarnação a cadeia subirá, passando a ter um globo D no mundo Físico Concreto, dois globos C e E no mundo Astral, dois globos B e F no mundo Mental Inferior e dois globos A e G no mundo Mental Superior.

f.  Na sexta encarnação a cadeia continuará a subir, passando a ter um globo D no mundo Astral, dois globos C e E no mundo Mental Inferior, dois globos B e F no mundo Mental Superior e dois globos A e G no mundo Buddhi.

        g. Na sétima encarnação a cadeia subirá pela última vez no esquema, passando a ter um globo D no mundo Mental Inferior, dois globos C e E no mundo Mental Superior, dois globos B e F no mundo Buddhi e dois globos A e G no mundo Atma.

5.   Um reino perfaz o período inteiro das sete rondas ou uma encarnação da cadeia para evolucionar. São necessários bilhões de anos para atingir um ponto máximo da escala prevista no seu avanço, a fim de que seus produtos sejam levados ao reino seguinte para a continuidade evolucionária. Essa evolução se dá pelos índices alcançados na intimidade da energia-alma do reino, somados todos os avanços das diferentes almas-grupos das espécies do reino.

Quando os sucessos de um reino pulam para o reino seguinte ao início de uma nova encarnação da cadeia, o vácuo existente formado pelas vidas que se foram é preenchido pelas novas vidas que chegam do reino anterior. As vidas graduadas que pulam de reino necessitarão de mais uma encarnação inteira da cadeia nesse seu novo reino, que são novamente sete rondas, para poder avançar para o reino seguinte. Essas escaladas dos reinos proporcionam os índices de progresso numa encarnação de uma cadeia.

             6.      Apesar de as vidas se organizar em almas grupos, há unidades que avançam além do previsto bem como há aquelas que se atrasam ou estacionam. No caso do avanço excepcional, as vidas nesse padrão se habilitam a pular para o reino seguinte e se incorporar nas formas mais atrasadas daquele reino, mas se adiantando em milhões de anos em relação ao seu anterior reino e a sua espécie.      

No caso de atraso ou estanque, as vidas nessas situações permanecerão nos seus reinos durante a nova encarnação da cadeia, tendo, portanto, de rever suas experiências e aquilatar necessários valores.

 O reino humano está também inserido nesse processo, todavia não exatamente da mesma maneira que os reinos anteriores. O homem já é uma unidade de vida que ao cabo de algumas rondas pode alcançar status superiores e diversos, não necessitando mais reencarnar-se por imposição da lei evolutiva. Estará, assim, antecipando-se à libertação do carma e se habilitando a, dentro em pouco, deixar o planeta em direção de outra cadeia ou sistema solar da galáxia.
 
       Um quadro geral das cadeias planetárias de nosso sistema solar pode ser resumido no seguinte:


                                             1 ronda =       7 globos-períodos
                                           7 rondas =     49 globos-períodos,
                                                                    1 encarnação da cadeia,
                                                                    1 período-cadeia.
                                                                          
                 7 encarnações da cadeia =    7 períodos-cadeias,
                                                                 49 rondas,               
                                                               343 globos períodos,       
                                                                   1 esquema de evolução.
        
         70 encarnações das cadeias,
                      70 períodos-cadeias,
                    490 rondas,                 
                  3430 globos-períodos,
                      10 esquemas de evolução  = O sistema solar.
 
   Os aspectos da criação e evolução do sistema solar avançam sempre para estágios maiores e mais adiantados em que neles se inserem as hierarquias criadoras e mantenedoras do grandioso Plano. Nesse particular, podemos adicionar brevemente, pela complexidade do assunto e pela falta de espaço nesse trabalho, acerca do espírito planetário que na sua essência é o próprio planeta Terra. A Terra, como atravessa um momento ímpar na sua história, sendo o ponto chave aonde quase todos os produtos da cadeia aqui se manifestam em reinos, detém a responsabilidade de encarnar o que é chamado um dos sete Logoi Planetários, ou o Homem Celestial. Esse Logos (ou um dos Logoi) que encarna todo o processo evolutivo da cadeia, é um dos ministros do Logos Solar sendo, em verdade, o deus planetário sobre quem pesa toda a responsabilidade de plasmar a vontade, inteligência e sabedoria emanados do Logos Solar, e desses atributos construir no espaço-tempo.

  Quando a cadeia do planeta Terra tiver alcançado todos os objetivos que dela se esperam, sob a tutela e incorporação do Logos Planetário e assistência de sua hierarquia, o Logos terá obtido a sua iniciação final na cadeia e avançado para outras conquistas. Acontecimentos semelhantes ocorrerão com os seis outros Logoi das respectivas cadeias de nosso sistema solar.

  Por oportuno, o Logos Planetário de nossa cadeia veio de Vênus para a Terra há milhões de anos durante o período lemuriano, sendo conhecido, dentre outros nomes, por Melquisedec e Sanat Kumara. 

                                                        [ SEGUE PARTE 3 ] 

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