sexta-feira, 23 de julho de 2021

O Filho do Homem - [1]

  A força crística desce através da simbólica Árvore, e até certo estágio do processo iniciático de uma pessoa vem nascer no seu coração, tornando-se humanizada. Isso está simbolizado quando Jesus nasce no estábulo entre os animais. Os animais simbolizam os elementos bestiais que temos em nossas mentes – os elementos impuros – todas as formas animalescas que possuímos em nossa psique. E o Cristo Cósmico humanizado nasce como criança no estábulo”.

  Figura 1.


Christ, Son of Man 

  Alquimia e Cabala são as duas grandes ciências que o iniciado necessita entender a fim de caminhar na trilha de volta ao Éden. Essas duas ciências – Alquimia e Cabala – estão simbolizadas no Livro do Gênesis. A Alquimia está simbolizada como a Árvore do Conhecimento, que em hebreu é chamada Daath. A Cabala está simbolizada no Livro do Gênesis como a Árvore da Vida. Essas duas árvores representam a ciência ou a sabedoria precisa, o conhecimento preciso que alguém necessita para conhecer Deus e chegar à libertação do sofrimento.

  Gnose é palavra grega que significa conhecimento. Gnose encorpa o conhecimento de duas árvores: a Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento do bem e do mal. Os livros do Gênesis e Revelação são os veículos daquele conhecimento e estão codificando aquela sabedoria. Ao examinarmos o Livro de Revelação precisamos ter em mente estarmos estudando algo profundamente simbólico, e não estarmos a simplesmente trata-lo em nível literal.

  Conforme explicamos em anterior palestra ao abordarmos as sete igrejas mencionadas pelo escritor João, em que ele dizia de sete igrejas na Ásia, entendíamos pela Cabala não se tratar da Ásia, conforme estava ali escrito, porém de עשיה Assiah, que é o mundo físico, o reino. E aquelas sete igrejas são simbolismos de sete centros magnéticos que existem no corpo físico e noutro corpo interno [etérico] que possuímos. Do mesmo modo outros símbolos, nomes e palavras do Livro de Revelação são simbólicos.

  Isso nos remete ao preciso significado provindo do conhecimento que o Livro está indicando. Alquimia e Cabala constituem-se na fundação para o iniciado. Elas produzem a base sobre a qual a trilha pode tornar-se realidade. Então esta base é o entendimento fundamental que todo iniciado precisa ter para se trabalhar no caminho certo. A Cabala e a Árvore da Vida são mais ou menos um mapa, um símbolo. Aquela árvore codifica na sua estrutura um guia que demonstra como ambas, a consciência e a natureza, trabalham. E para o iniciado, para o estudante, para o aspirante realmente entrarem diretamente no conhecimento contido no Livro de Revelação, necessário entender a Árvore da Vida pelo próprio Livro de Revelação, uma vez que nele o conhecimento da Árvore da Vida ali está contido.

  Se não tivermos um bom entendimento de como funciona a Árvore da Vida ou a Cabala jamais entenderemos o Livro de Revelação, do mesmo modo que não entenderemos o Livro do Gênesis e todo o restante da Bíblia sobre este assunto. Este símbolo codifica todo aquele conhecimento.

  A árvore apresenta a gnose de uma forma visual indicando estruturas e relações. Aquelas relações e estruturas existem dentro de nossa própria psique. Estão dentro de nós. Demonstram como funcionam nossos próprios sistemas psicológicos. Daí a necessidade de o iniciado entender aquelas estruturas.

  Ao examinarmos o Livro de Revelação e estudarmos o seu texto observaremos que a linguagem é bem como de um sonho. É linguagem bastante poética. Tem um tipo de estrutura, um tipo de tom que faz do Livro algo diferente de todo o resto da Bíblia. E isso deve-se à linguagem com a qual foi escrito. Revelação segundo o Livro do Gênesis é uma expressão da língua cabalística ou raiz do conhecimento. E o tom e linguagem que o livro apresenta demonstra um conteúdo bem maior do que simplesmente as palavras impressas evocam.

  Quando lemos, por exemplo: “E voltei-me para ver quem falava comigo e, voltando, vi sete candeeiros de ouro, e, no meio dos sete candeeiros, um semelhante a Filho de homem, com vestes talares, e, cingido à altura do peito com um cinto de ouro”, e tomando esse trecho literalmente ficaremos muito desapontados, uma vez que por este nível literal não é possível acessar o verdadeiro significado exposto pelo livro inteiro. Imaginar somente uma pessoa radiante não é suficiente.

  O Livro de Revelação é um livro sagrado exatamente porque demonstra e comunica uma ciência; é algo prático, não meramente alguma coisa para ser acreditada que temos de utilizar. E isto é realmente a natureza da Gnose ou Daath.

  Infelizmente a maioria dos leitores da Bíblia e Livro de Revelação falha em captar isto porque desconhece as chaves. Estudamos Gnose, a Árvore da Vida e estudamos Alquimia para conseguirmos aquelas chaves e usá-las na decifração dos símbolos contidos naquele Livro. E para decifra-los precisamos entender algo sobre a Árvore da Vida.

A ÁRVORE DA VIDA

  Imaginemos ou visualizemos uma esfera, um círculo, e coloquemos sobre aquela esfera o nome Malkuth, que é palavra hebraica que significa “o reino”. Essa simples esfera é algo a exemplo de um símbolo algébrico, matemático, representando muitas coisas. Porém neste caso, naquilo que estaremos buscando representar nesta palestra, diríamos ser aquele círculo a representação de nosso corpo físico. Como se fosse uma pessoa. Então nós, assentes dentro de um veículo físico, estaremos simbolizados por este círculo de Malkuth. Este círculo pende ou dependura-se de um triângulo e o triângulo tem em cada ponta uma esfera.

  E agora trazemos para a nossa imaginação uma simples esfera, pendendo isoladamente acima de um triângulo apontado para baixo. Aquele triângulo simboliza uma parte profunda de nós, de nossa psique, com aspectos de nossa própria estrutura psicológica.

  Temos então este corpo físico simbolizado por Malkuth. E temos dentro de nós energia, representada na primeira esfera junto a Malkuth, na base do triângulo pendente voltado para baixo. Aquela esfera é chamada Yesod, significando a fundação. As duas esferas no topo junto ao extremo do triângulo são Hod uma delas à esquerda, e a outra chamada Netzach à direita.

  Yesod ou a esfera mais abaixo dessas três que estão acima de Malkuth, representa a energia que possuímos, frequentemente chamada o corpo vital ou corpo etérico. É a energia que transmite vida ou força ao corpo físico que possuímos. Então em certo sentido podemos dizer que dentro da esfera de Malkuth, propriamente, temos Yesod que entretanto, simbolicamente, está mostrada acima e separada de Malkuth.

  Após Yesod a próxima esfera é Hod relacionada com nossa energia astral ou energia emocional. A direita dela está Netzach relacionada com a mente, com o intelecto, com o pensamento. Em sânscrito Netzach é chamada Manas. Esta representa o Manas inferior relacionado com nossa mente.

  Acima deste triângulo temos outro triângulo apontado para baixo. No ponto mais baixo deste triângulo está outra esfera chamada Tiphereth. Esta é Manas Superior, em sânscrito. Manas é um termo que significa mente ou mais literalmente intelecto. Entretanto não é intelecto do modo como normalmente pensamos. Em Netzach temos um tipo de mente mais concreta, mais racional, e em Tiphereth temos um tipo de mente mais intuitiva ou abstrata. Vemos então que a medida que estivermos nos movendo adiante de Malkuth estaremos trabalhando com formas psíquicas mais e mais sutis: com mais e mais formas sutis de energia.

  Figura 2. kabbalah-the-tree-of-life

  O que estamos olhando são as cinco esferas inferiores da Árvore da Vida. Estas cinco representam o que Paulo chama de o homem terrestre. Ao lermos então o Livro de Revelação por João, verificamos que João está realmente representando uma parte de nossa psique relacionada com o homem terrestre, e essa parte de nossa psique recebe instruções, sabedoria de outra entidade, de outra inteligência. Assim estas cinco esferas nos são importantes para que compreendamos o Livro de Revelação. Na medida em que penetramos nos simbolismos da Cabala conforme apresentado no Livro de Revelação, os objetos se tornam muito complicados e bastante densos. Estas cinco esferas nos fornecem uma estrutura básica pela qual uma grande porção do livro pode ser compreendida.

  Bem, estas cinco representam diferentes níveis de nossa psique; mais e mais níveis sutis do pensamento; mais e mais níveis sutis de qualquer tipo de processo psicológico. Representam também os veículos daquelas formas de pensamento, daquelas formas de comunicação. Nesta linha o nível físico, a esfera mais inferior de Malkuth representa o corpo físico, através do qual recebemos certos tipos de informações e através do qual desempenhamos tipos de ações.

  Do mesmo modo quando nos movemos para níveis mais sutis, dentro do nível de Yesod, temos um corpo de energia ou corpo de chi, que é a fundação. E esta fundação está edificando todas as coisas. Yesod ou o corpo vital é a origem da vida no corpo físico. Não podemos ter um corpo físico sem energia, sem um corpo vital. Assim atuando em nosso corpo físico aquela ação empoderada pela energia do corpo vital está também insuflada pela mesma força.

  Podemos atuar fisicamente e energeticamente. Podemos atuar noutros níveis. Nesta linha entendemos através da Gnose que não somente temos de fato este corpo físico e a capacidade de atuar no seu próprio nível como temos também um corpo vital ou corpo de energia, e a capacidade de atuar no nível deste. Possamos não admitir isto; possamos não estar cônscios dele, mas ele existe.

  Do mesmo modo quanto mais ascendemos através dessas esferas mais nos damos conta de nossa capacidade de atuar em diferentes vias. Assim em Hod, relacionada com o corpo astral – com a emoção – esta esfera tem seu veículo. Tem um corpo. Detém um meio através do qual a ação é expressada. Esta ação pode ser percebida de diferentes formas. Se estivermos assentados dentro de nosso veículo físico, com este corpo físico relacionado com Malkuth, temos ação emocional ou comunicação: coisas que desempenhamos conectadas com nossas emoções.

  Isto está relacionado com o corpo astral ou a esfera de Hod. Porém se estivermos fora de nosso corpo físico acontece do mesmo modo como em João, conforme relata o Livro de Revelação, onde João é levado em espírito para fora do corpo físico a fim de receber a revelação.

  Naquele segmento ele esteve agindo com outros veículos e não com o veículo físico. Temos assim expressado nesta porção da Árvore da Vida diferentes veículos com variadas densidades em variados níveis da natureza, cada qual proporcionando uma capacidade de ação com sua particular maneira. Assim temos que o corpo astral nos provê da capacidade para agirmos e nos comunicarmos no mundo astral, também chamado de a quinta dimensão. E dentro da quinta dimensão temos o corpo mental com a capacidade para agirmos através do veículo do pensamento. E este é Netzach. Mais sutil ainda é a mente abstrata ou o corpo da vontade consciente, Tiphereth. Este corpo acha-se num nível mais sutil da natureza: a sexta dimensão.

  Estes variados níveis ou variados veículos que todos possuímos nos proporcionam os meios para receber e transmitir ação, informação, sabedoria. E é ante a base desses veículos que o trabalho do caminho da Autorrealização é conduzido.

  Este é um dos mais fundamentais pontos que a Gnose oferece ao iniciado. O caminho da realização da verdadeira natureza do Eu, a verdadeira natureza da existência que não pode ser tratado só fisicamente. Não pode ser realizado meramente através de crença. O caminho é um trabalho de ação e de criação, e precisa ser levado a termo através de sucessivos níveis de nossa pessoal e interior constituição.

  Isso está simbolizado no Livro do Gênesis pelos dias de criação. Sabemos haver seis dias em cujo período Deus criou o homem e no sétimo dia Deus descansou. Esses sete dias estão relacionados com estas cinco esferas e mais duas. Os primeiros cinco dias do Gênesis estão relacionados com aquelas cinco esferas.

  É pois importante a qualquer pessoa desejosa de realmente entender como superar o sofrimento e como entrar diretamente no conhecimento do divino -- compreender muito bem o que são estas cinco esferas dentro de nós.

O que é realmente o corpo físico? Como ele veio existir? O que o empodera, o anima? O que em verdade é a mente? O que é emoção? O que é sonho? O que é prestar atenção? Estas questões precisam ser compreendidas com base na Árvore da Vida. A Árvore da Vida é o que organiza estas informações dentro de apropriadas estruturas. Sem isto fica fácil cairmos em armadilhas de teorias e ideias contraditórias. Quando examinarmos o Livro de Revelação precisaremos manter a estrutura na mente.

  O primeiro capítulo do Livro de Revelação é a introdução de ambos: João, como o autor e pessoa que representa o iniciado, e Cristo, aquele que está passando a sabedoria. É somente possível entendermos esta relação com base no conhecimento do que seja a Árvore da Vida e como ela funciona.  Sem este conhecimento o Livro se torna tão somente uma narrativa que soa como um sonho, sem qualquer impacto em nosso momento a momento da existência.

  Se alongarmos a Árvore – que já a tenhamos delineada – nos aprofundando cada vez mais na estrutura de nossa psique, começaremos a compreender o que João quer significar quando ele se refere ao “Filho do Homem”, e por que estes termos são tão importantes para o nosso entendimento.

O FILHO DO HOMEM

  As cinco esferas inferiores nos representam. Além disso temos partes mais profundas de nossa psique correspondendo aos níveis superiores do Ser – partes superiores de nossa própria alma.

  O segundo triângulo tem mais duas esferas, uma em cada extremo. O primeiro, à esquerda, é chamado Geburah que é a alma divina. Em sânscrito é chamada Budhi significando literalmente “inteligência”. Essa inteligência é diferenciada de Manas significando intelecto. Por essa via podemos entender a diferença entre fogo e luz. Fogo seria Tiphereth: a chama que cresce, porém essa chama, esse fogo, emite luz e essa luz seria Budhi, a parte mais sutil do fogo. Buddhi é um aspecto de nossa alma. A outra esfera nesse triângulo é chamada Chesed ou também Gedulah. Em sânscrito é identificada por Atman.

  Na Gnose entendemos Atman de diferente forma do que a entendida pelo induísmo. Certos intérpretes das escrituras indús têm a concepção de Atman como o Ser absoluto, a raiz do Ser, mas na Gnose vamos mais além. O budismo contesta o entendimento indu ou bramânico de Atman, e a Gnose concorda com o budismo. O budismo estabelece que Atman não é o Ser real.

  A Gnose estabelece que Atman não se acha limitada simplesmente à última definição do Ser. É verdadeiramente nosso Ser, mas não a raiz do Ser uma vez que esse Ser de Atman tem seu próprio Ser. Isso vai mais fundo. Atman ou Chesed, diríamos, é o que denominamos na cristandade “nosso Pai” – o Pai individual ou a raiz – o Ser que temos. É nosso próprio Ser interior. E esse Ser interior, Chesed ou Atman, também tem seu próprio Ser interior. Aquele espírito, poderíamos ainda assim dizer, eleva-se ademais sobre outro triângulo assente no topo deste primeiro triângulo. Assim nosso Ser tem seu próprio Ser. Entretanto o Ser do Ser é Não-Ser. Este é o ponto de vista do budismo – de que não há Ser. Em última análise isto é verdade, porém precisamos entender que a realidade se desdobra em níveis e cada nível é relativo.

  Nesse sentido temos agora em nossa imaginação uma solitária esfera que pende junto a base, e acima temos um triângulo cuja figura está apontada para baixo. Mais acima temos outro triângulo igualmente apontado para baixo, e ao alto destes, outro triângulo apontado para cima. Este triângulo superior está no topo da Árvore da Vida. Tem também três esferas, uma ao final de cada ponta. E este triângulo superior ou triângulo supernal é o triângulo do Logos. Este triângulo representa o que é classicamente reconhecido como a Trindade ou o Trimurti. Trimurti, termo sânscrito, significa “trifacetado”. Ao examinamos o induismo encontraremos um bom esclarecimento sobre o Trimurti. Veremos esculturas de um deus com três faces, que é a Trindade. Um, porém com três aspectos. Temos de entender a Trindade ou Trimurti como uma tri-unidade ou três em um. Na cristandade é conhecido pelo Pai, o Filho e o Espírito Santo. No induísmo é conhecido como Brahma Vishnu e Shiva. Na Gnose chamamos de primeiro, segundo e terceiro Logos.

Figura 3.

trinity

  A esfera mais à esquerda é chamada em hebreu Binah, significando entendimento. A esfera da direita chamada Chokmah, significa sabedoria. A do topo é chamada Kether significando a coroa. Estas três são uma. São três aspectos da mesma força. E estes três aspectos em um, na Gnose chamamos o Cristo Cósmico.

  Cristo é uma força universal. Ao dizermos Cristo não queremos dar o mesmo significado da mesma coisa como fazem os cristãos. Não nos referimos simplesmente a Jesus de Nazaré, como uma só pessoa, a um único veículo do Cristo. Concordamos que Jesus de Nazaré é um grande iniciado, mas aduzimos que ele não foi o único. Entendemos que Krishna foi também um Cristo, uma incorporação ou veículo desses três em um, dessa força. Mohammad foi também um veículo do Cristo. Quetzalcoatl foi também um veículo do Cristo. Moisés foi também. E houve muitos outros e não somente um.

  Necessitamos entender que essa força – a energia crística – é na sua base a expressão amor. Entretanto não é o tipo de amor que nós pessoas terrestre possamos entender. Nosso entendimento do amor encontra-se enraizado no materialismo, na matéria, na sensação. Quando pensamos no amor nossa tendência é pensar em algo condicional, algo envolto em certas condições e circunstâncias. Isso não é amor. O amor é uma energia ou uma força além de qualquer entendimento conceitual que possamos vir a ter. Um entendimento conceitual está limitado a Manas, ao intelecto. Mesmo em sentido abstrato quando usamos a mente abstrata – a Tiphereth – se aquela mente abstrata não estiver unificada com o Cristo Cósmico, ela não consegue compreender o amor, não pode entende-lo.

  Para entender o amor, a energia crística, o Cristo precisa tornar-se humanizado em nós. Temos de experienciar aquilo. É o único caminho para entendermos. Assim quando tratarmos do Cristo Cósmico temos de considerar estarmos falando sobre algo no modo intelectual ou conceitual e sob essa vertente jamais o compreenderemos. E tanto quanto construamos uma estrutura bem organizada em nossa mente, relacionada com o que tal coisa possa significar, aquilo será coisa alguma.

O Cristo Cósmico cresce e se manifesta guiado por nosso próprio impulso de amor. Aquele amor estará caracterizado e expressado por diferentes meios e modos, através de cada um de seus três aspectos. Porém no contexto exarado pelo Livro de Revelação precisamos entender que essa força de amor se expressa como o Filho do Homem.

  Então o que é isso, quem é esse, o que significa Filho do Homem? Na Bíblia encontramos esses termos por toda parte. Nas partes iniciais da Biblia, o original hebreu para Filho do Homem é בן-אדם  [Ben-Adam]. Mais tarde passou a ser Ben-Enosh, בר אנש. Nos últimos livros do Novo Testamento está em grego [υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου]. Em alguns casos a frase literal se refere a uma pessoa comum. Porém em outros casos o significado é de algo elevado, superior.

  Na Bíblia o grande mestre Jesus refere-se com frequência ao Filho do Homem. Porém ele diz de uma forma muito interessante. Ele nunca diz: “Eu”. Ele diz sobre o Filho do Homem no sentido de ora ser ele ora não ser. Ele afirma que o Filho do Homem será perseguido e ressuscitará. Aqui ele está falando sobre ele próprio e ao mesmo tempo não está falando sobre ele. Por que assim? Porque ele não é o único. O Filho do Homem é um símbolo de como a força do Cristo Cósmico se expressa através de Chokmah, o Segundo Logos – o Filho que se torna humanizado pela iniciação.

  O modo como isso acontece é inusitado e um tanto raro. A força crística desce através da simbólica Árvore, e até certo estágio do processo iniciático de uma pessoa ela vem nascer no seu coração, tornando-se humanizada. Isso está simbolizado quando Jesus nasce no estábulo entre os animais. Os animais simbolizam os elementos bestiais que temos em nossas mentes – os elementos impuros – todas as formas animalescas que possuímos em nossa psique. E o Cristo Cósmico humanizado nasce como criança no estábulo.

  Para que um iniciado receba aquele tipo de bênção ele tem de cumprir certas tarefas. Não é simplesmente o fato de acreditar em Cristo a fim de que aquela força crística nele seja nascida. Muita gente pensa desse modo. Milhões de pessoas creem assim. Mas em meio a essas podemos encontra Cristo vivendo, respirando, agindo, sacrificando-se?

  Chokmah em hebreu significa “sabedoria”. Em sânscrito sabedoria é “bodhi”. Quando aquela força se torna humanizada, quando entra na pessoa a pessoa se torna algo diferente, um tanto nova, algo distinta. Aquela força de Chokmah, aquela força do Cristo Cósmico traz amor de sua verdadeira essência. Entretanto essa força conforme expressada através de Chokmah, o Segundo Logos, manifesta-se pela lei do sacrifício. A força, a vontade da energia crística é sacrifício, amor. Isso está perfeitamente ilustrado no drama iniciático que Jesus viveu. Ele sacrificou-se completamente pelo bem de outros.

A CRIAÇÃO DO FILHO DO HOMEM

  No budismo esse tipo de pessoa é chamada um Bodhisattva. Sattva significa “essência de” ou “incorporação de” ou “veículo”. Bodhi é “sabedoria”, indica Chokmah, o Cristo. Assim um Bodhisattva é a essência do Cristo ou um veículo do Cristo, uma incorporação daquela força. Quando então ao dizermos que Jesus é um grande Bodhisattva, Moisés é um grande Bodhisattva, Quetzalcoatl, Mohammad, Krishna, todos esses professores são grandes Bodhisattvas, estamos portanto dizendo que são incorporações de Cristo. E o Filho do Homem é aquela Força Crística humanizada em Tiphereth, na alma humana, em Manas, na mente, dentro do coração.

  A meta é alcançada pelo iniciado que primeiramente trabalha em bases diárias com a verdadeira Alquimia, a ciência da Árvore da Vida. Segundo, por aquele que trabalha em bases diárias com conhecimento da cabala ou da Árvore da Vida. Aquele que estiver trabalhando com a ciência da Alquimia e com a ciência da Árvore do Conhecimento -- a Árvore da Vida -- inicia um processo de aprofundamento de cada esfera da Árvore da Vida nele próprio, com fogo. Aquele fogo é do Espírito Santo e também do Cristo uma vez que os dois são um. Porém essencialmente o iniciado tem de trabalhar com Alquimia para elevar em Malkuth aquilo que chamamos a Serpente de Fogo. Em resumo: em sânscrito é o que chamamos de o kundalini. No Livro dos Números Moisés explica que esta é a Serpente de Bronze.

  Bronze é um símbolo muito importante na Alquimia. É a combinação de dois metais: cobre e estanho. É um símbolo a demonstrar que esses dois metais, cobre e estanho – um masculino e outro feminino – representam o homem e a mulher, macho e fêmea que se amalgamam em pureza, podendo criar o bronze. No Livro dos Números é mencionado que a Serpente de Bronze cura os israelitas de seus problemas espirituais, simbolizados por morte e doença.

  No Livro de Revelação lemos que o Filho do Homem é descrito como tendo os pés cintilando como bronze levado ao fogo e refinado em fornalha. A fornalha é o Athanor ou o Matras do Alquimista. É o forno alquímico simbolizado no leste como um “lingam yoni”. O forno é o laboratório do Alquimista. Naquele forno são colocados os metais, cobre e estanho, e amalgamados em pureza.

  Se tomarmos essa Árvore da Vida que visualizamos e a sobrepusermos em nosso próprio corpo, Malkuth estará onde estão nossos pés. Nessa posição os pés do Filho do Homem são o símbolo de Malkuth. Precisamos então entender que o Filho do Homem se torna Filho do Homem pelo trabalho na Alquimia num forno alquímico, com pureza para formular o perfeito amálgama de cobre com estanho. O processo eleva pela coluna espinhal do corpo físico uma serpente de fogo. Isso é alcançado na primeira grande iniciação dos mistérios maiores, que é chamada a primeira serpente de fogo.

  Subsequentemente o iniciado precisa fazer o mesmo trabalho através de cada esfera, movendo-se para cima. Cada serpente é elevada ante ordálias, testes e provas. Nada é dado gratuitamente; nada é dado facilmente. O processo de Alquimia é de profunda demanda.

  O que acontece quando colocamos elementos dentro de um forno? Eles são submetidos a calor e pressão – a serem purificados – e esse processo não é agradável aos elementos que estejam dentro do forno. Isso queima e o mesmo acontece com o iniciado que esteja sendo testado. Está bem representado no livro de Jó. Jó é testado muito duramente e o fato configura o que o iniciado deve passar interiormente pelos testes psicológicos.

  Portanto nós, em nossas mentes, como criaturas, temos muitos elementos no interior da psique que não nos pertencem. Se estudarmos os evangelhos criteriosamente veremos que o veículo de Cristo, chamado Jesus, indicou repetidamente que para entrarmos no paraíso não podemos ser adúlteros. Não podemos ser leões nem assassinos e de nenhuma maneira impuros. Assim toda impureza que tenhamos intimamente não pode simplesmente ser ignorada nem esquecida. Na Bíblia em nenhum lugar está dito que nossos pecados simplesmente desaparecerão. Eles, de outro modo, precisam ser compreendidos, entendidos e removidos. E isso é realizado através de exames completos.

  Precisamos examiná-los em detalhes quando eles ressurgem uma vez que passamos a enfrentar problemas. Eis porque Deus permite a Lúcifer testar Jó. Deus precisa ver quão puro e bom ele realmente é. Ele parece bom e muito devotado, mas seria assim mesmo no profundo do seu ser?

  Então Lúcifer o tenta, o pune, põe-no em situações bastante difíceis a fim de que todos os elementos dentro de sua mente sejam estimulados. E coloca nele calor e pressão. Jó, é natural, sofre intensamente e se estamos familiarizados com o livro vemos no final que ele próprio se põe em provas, pois ele em si tem a capacidade da autoanálise. Ele não se justifica, não se defende; ele analisa.  Busca saber onde está o erro; procura mudar o que deve ser mudado.

  O iniciado deve fazer o mesmo e desse modo o processo de elevação da serpente é de enfrentar dificuldades, testes, ordálias. Eis o modo como nosso Ser profundo – Chesed – nos chama. Ele nos testa para ter a certeza de que estejamos preparados para receber as bênçãos do nascimento de Cristo dentro de nós.

  E pouco a pouco, na medida em que mudamos psicologicamente –  conforme estejamos a remover de nosso modo de pensar, de sentir, de nos comportarmos, a tudo enfim que em nós esteja errado, que seja nocivo – viremos incorporar maior pureza em nós próprios. E aquela pureza está incorporada no fogo.

  Existem cinco serpentes relacionadas com essas cinco primeiras esferas. Vencer cada uma é um longo e difícil trabalho. Cada uma é muito demandante em seus respectivos processos e muitos falham em suas tentativas de vence-las. Alguns se mantêm tentando e muitos desistem. Investidos de muita paciência, com grande disciplina, grande dose de energia, alguns devotos alcançam a completude das cinco serpentes de fogo. Esses vieram trabalhando de há muito a fim de purificar os vários níveis da psique envolta em seus problemas e enganos bem como muito trabalharam para provar suas disciplinas e disposições em mudar.

  Em sânscrito essa atitude é chamada Atmayagna e o termo é muito interessante. Yagna significa “sacrifício”. Atma está relacionado com Atman o “self” (Arcabouço do Ego). Assim este termo significa “autossacrifício” e traz muitos níveis de entendimento. Em sentido mais elevado o Ego real sacrifica-se a si próprio, e é nossa meta. Porém para alcançar aquilo, primeiro de tudo o falso ego precisa ser removido.

  Atmayagna indica que o falso ego – em outras palavras o eu – tem de ser sacrificado. Tem de morrer. Isso está perfeitamente representado na crucificação do iniciado. Diante da cruz estão perfilados todos os elementos que devem morrer. Tudo o que seja impuro em nós, tudo o que acumula carma, tudo o que causa sofrimento e está em oposição a Deus deve morrer. Todo iniciado tem de sacrificar seu próprio sentido de ego. Sua real essência, a verdadeira fibra de quem ele é tem de morrer psicologicamente. Não é algo por mera crença, trata-se de ação. Não é algo a se fazer “algum dia”. É para ser feito momento a momento segundo nosso nível e capacidade. Os pequenos sacrifícios que fazemos a todo momento, dia após dia, são preparatórios para grandes e esperados sacrifícios se pretendermos encarnar o Cristo.

  Sobre qual base o sacrifício é realizado? O sacrifício é da pessoal vontade. O eu, o ego é a pessoal vontade. É o “eu” que demanda qualquer coisa. Aquele desejo é uma polaridade, um pêndulo do gostar e desgostar, do desejo e aversão. Na essência porém, todo desejo está enraizado no ego e todo ego está enraizado no desejo. Temos então de entender tratar-se de uma escala ascendente de grandes e grandes pessoais sacrifícios, a cujo processo precisamos nos desempenhar.  Primeiramente temos de sacrificar todas as nossas ideias egoísticas, em seguida sacrificamos nosso ser real em favor e benefícios de outros.

  Alguns aspirantes propõem-se a caminhar certa extensão desta estrada em direção a Tiphereth. E alguns chegam mesmo a alcançar a quinta serpente de fogo com certa percentagem de purificação. Entretanto ao longo da via podem ainda fazer isso egoisticamente: mais para seu pessoal benefício. Ou mais porque desejam conhecer Deus. Ou ainda porque querem mais experiências místicas ou conhecimento. Muitos realizam isso e ensinam segundo a via percorrida. Esses professores são chamados pratyekas em sânscrito. Na Bíblia são chamados fariseus.

  O fariseu ou pratyeka é uma pessoa que alcançou certo grau de desenvolvimento, porém aprofundado mais no sentido do ego (self). Algo que seja somente dele. Alguma  coisa que o faz sentir-se empoderado, agraciado, sentir-se puro. Isto é total egoísmo. Este tipo de pessoa, o pratyeka ou poderíamos chama-lo de um nirvani com resíduos, atinge um determinado grau de desenvolvimento. Em outros termos diríamos que trabalhou a criação dos corpos solares astral, mental e causal, conseguindo atingir certo grau de avanço que lhe permite ter alguns poderes e um percentual de entendimento.

  Infelizmente porém não utilizou Atmayagna no verdadeiro sentido e verdadeiro significado. Ele se submete ao sacrifício até certo estágio. Oferece seus ensinamentos, estende ajuda a doentes, pobres e famintos e às pessoas em geral na forma como é capaz de faze-lo. Entretanto este tipo de pessoa, este tipo de andarilho na senda, para por aqui. Sente-se muito puro, muito santo e seus ensinamentos parecem bastante bons. Escreve muitos livros, lidera escolas, igrejas e muitos deles são grandemente venerados pela humanidade, adorados como santos...porém não vão além.

  Um iniciado querendo avançar para além desse estágio terá que realizar um grande sacrifício. E a que sacrifício maior de seu próprio self pode alguém ainda submeter-se? Desistir de coisas materiais é bom. Obter dinheiro, alimento e roupas para pobres, doentes e carentes é bom. Divulgar úteis ensinamentos para a humanidade é bom. Mas o que isso realmente custa a alguém?

  Dar-se é importante, porém sacrificar-se é algo mais. Sacrificar-se significa dar-se por completo, incondicionalmente, sem expectativa, sem conexões, sem esperar por nada de retorno. Mestre Jesus deu-se exatamente. Deu seu tempo, seu sangue, sua vida. Grandes iniciados do leste: Naropa, Padmasababa, Krishna, deram, deram e deram.

  Lemos e estudamos histórias de iniciados que deram, deram e deram às suas próprias expensas, à própria saúde e condições. Entregaram suas vidas e isso é sacrifício verdadeiro. É desse modo que o iniciado trabalha subindo a cada nível, a graus de esperados sacrifícios cada vez maiores. Muito poucos demonstram inclinações de abandonar sua própria vontade, seguir a vontade de Cristo e ser uma expressão Dele.

  Tornar-se uma expressão da vontade de Cristo significa tornar-se a essência do sacrifício. Essa é a natureza de um bodhisattva. Sattva é essência, bodhi é sabedoria crística que é o puro sacrifício de si próprio. Não é fácil tornar-se a essência do próprio sacrifício uma vez que o ego inteiro que todos nós temos interiormente é oposto a isso.

  Nosso ego quer estar confortável, alimentar-se regularmente e bem. Quer belas coisas, facilidades, coisas colocadas de maneira clara e compreensível a fim de que possa compreender tudo o que aconteceu e o que virá acontecer. O ego quer saber: “minha esposa é a pessoa certa para mim?”. “Estou fazendo a coisa certa?”. “Esse é o emprego certo?”. “O que irá acontecer daqui a seis meses?”. “O que irá acontecer daqui a um ano?”. “Terei uma casa, um trabalho, uma vida?”. “As pessoas gostarão de mim?”. Isto é vontade egoísta. O ego sempre pergunta esperando algo para si próprio.

  Cristo nunca requer nada a Si próprio. Cristo faz tudo unicamente em benefício de outros. O ego quer ensinar gnose, quer ensinar budismo, quer ser um bom cristão. O ego quer ser respeitado, ser amado. Nosso ego quer ser admirado, invejado. Nosso ego quer ter uma grande escola com muitos estudantes. O ego orgulhoso gosta de se mostrar. Cristo quer permanecer oculto.

  O Cristo nasce no coração de um ser humano e não é visível. Mas o orgulho deseja ser visto. Como poderia Cristo nascer no coração de uma pessoa cheia de orgulho? No entanto o orgulho ainda permanece. Pois aquele que alcança a quinta iniciação, que realiza os sacrifícios requeridos e recebe aquela bênção ainda tem ego. Aquela pessoa entra em grande contradição. Ela tem algo interiormente que é muito puro e algo interiormente que é muito feio.

  Muitos pensam que já são um bodhisattva: cada um quer ser um bodhisattva, mas poucos entendem o sofrimento daquele caminho. O iniciado que descobriu o quinto grande mistério permanece na posição de fazer a escolha: “Permaneço com os Nirvânicos no caminho pela trilha da espiral, lentamente, ou devo tomar o Caminho Direto, que é de grande sacrifício e sofrimento?”.

  Essa pessoa encara uma escolha que é verdadeiramente incompreensível. Pois aquele que toma o Caminho Direto paga todo o seu carma imediatamente, sendo-lhe requerido abandonar-se completamente para incorporar a vontade de Cristo, que é amor e sacrifício.

  Infelizmente a maioria dos iniciados, a maioria dos estudantes caminha naqueles primeiros níveis baseada em sua pessoal vontade ou submete-se à vontade de alguém. Em muitos casos encontramos estudantes e iniciados que nunca aprenderam a agir por sua própria vontade; ao invés buscam sempre conselhos para instruir-se como fazer.

  O iniciante é especialmente vítima deste modo de ser uma vez que não conhecendo o caminho deve buscar, perguntar e procurar por esclarecimentos, pois isto é bom. Entretanto o iniciante precisa entender que realizar a gnose é por meio de pessoal e íntima ação. Para integrar-se aos ofícios do caminho o postulante precisa realizar a vontade do Ser, a vontade de Deus, pois na primeira porção do trabalho aquela vontade é a do Mais Profundo Íntimo – a Vontade de Atman, do self.

  Estamos sempre procurando outra pessoa, um professor ou amigo em busca de conselho, para perguntar o que devemos fazer e nunca aprendemos a ouvir a voz de nosso Ser. Não saber a vontade do Ser é uma forma de sofrimento. Isso está fora de questão. Entretanto não é uma resposta irmos a um instrutor ou a um professor para buscarmos neles a voz de nosso Ser. Um instrutor ou um professor não saberá a vontade de nosso Ser. Eles têm suas opiniões que podem ser educativas, mas não significam estarem corretas para nós. O verdadeiro iniciado num momento particular, diante da decisão entre o Caminho Direto e o Caminho da Espiral, tem de saber a vontade do seu Ser. A decisão se tomada pela vontade do self, será inevitavelmente pelo Caminho da Espiral uma vez que os Nirvânicos são egoístas.

  A pessoa que verdadeiramente aspira saber o que seja o amor crístico tem de começar agora. Primeiramente desenvolvendo esforços no sentido de conhecer a vontade do Ser, esforçando-se em sacrifício para conhecer aquela vontade. Temos de estar inclinados a renunciar da urgente demanda do ego em querer fáceis respostas; a renunciar da urgência do ego em sempre pedir a opinião de outros para não ter de meditar.

  O autêntico iniciado tem de aprender a carregar um fardo, que é uma cruz. A cruz é pesada. Treinamos diariamente para aprender a medida daquilo que estamos gerenciando a fim de sempre optar pelo degrau mais difícil. Ou de maior dificuldade no sentido de não existir respostas fáceis. Ou de maior dificuldade no sentido de termos de sacrificar nossa pessoal vontade. Isto é somente possível intimamente pela nossa própria intuição ou diretamente através da meditação.

  Daí que -- o estudante que começar a treinar bem do início para agir pela vontade do seu próprio Ser e não pela vontade de outra pessoa; seja qualquer professor, qualquer instrutor ou líder de qualquer movimento, e treinando diariamente para esta finalidade -- este estudante alcançará no devido tempo aquele quinto grau de iniciação e entenderá o que tem a fazer. Se a vontade do Ser for talvez para tomar o Caminho da Espiral é o que ele tem a fazer e será bom. Entretanto se a vontade do Ser seja talvez a tomada do Caminho Direto, o iniciado dirá então: “oh meu Deus, como eu posso fazer isso..., mas devo”. O único que pode fazer isso é aquele que sabe compreender a vontade do Ser.

  Quando o iniciado entra no Caminho Direto sua vontade é mudada uma vez que a vontade do iniciado está impregnada com a vontade de Cristo. Esse é o nascimento que acontece quando a energia crística nasce no coração daquele iniciado. Isso é somente possível para aquele que percorre o Caminho Direto – a trilha direta – ou noutras palavras é o caminho do bodhisattva. Os nirvanis, os pratyekas nunca acessam tais experiências a menos que entrem no Caminho Direto. Aquela mudança é tremenda e determina o nascimento do Filho do Homem.

  O Filho do Homem é a humanização do Cristo Cósmico dentro da pessoa. Então lendo o primeiro capítulo da revelação de João, compreendemos que esta é uma conversa entre o iniciado e o Cristo que começa a nascer nele.

  João escreve:

  Achei-me em espírito no dia do Senhor, e ouvi por detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, dizendo: o que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadelfia e Laodicéia. Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro e, no meio dos candeeiros, um semelhante a Filho de Homem, com vestes talares, e cingido à altura do peito com uma cinta de ouro. A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos como chama de fogo: os pés semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz como voz de muitas águas. Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saia-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força”.

  Os sete candeeiros de ouro são as sete colunas espinhais de nossos sete corpos, e estes são as cinco serpentes, os cinco corpos mais dois outros daquele triângulo relacionado com a alma divina e Atman. Então o Filho do Homem aparece entre estes sete candeeiros ou as sete serpentes de fogo. O simbolismo é muito profundo. Da boca do Filho do Homem saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. Aquela espada é afiada porque ela corta através da ilusão, corta através do ego, corta através da teoria. É de dois gumes porque é tanto literal quanto simbólica.

  O seu rosto brilhava como o sol em sua força. Força é a virtude de Marte e Marte está relacionado muito de perto com Samael. O sol é o símbolo de Cristo; então vemos aqui o Martiniano ou guerreiro da força crística.

  E prossegue João: “Quando o vi caí a seus pés como morto”. Isto é também muito simbólico. O iniciado cai aos pés de Cristo, cheio de devoção e humildade. Como o ego que deve morrer ao cair aos pés do senhor.

  Porém ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último, e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno. Escreve, pois, as coisas que viste e as que são, e as que hão de acontecer depois destas. Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita, e os sete candeeiros de ouro; as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas.

  Sobre estes simbolismos discutiremos em próxima palestra. Mas o ponto para hoje é entender que a fim de apreendermos firmemente e compreendermos os simbolismos deste Livro de Revelação, primeiramente precisamos nos trabalhar diariamente. Temos de pôr em prática estes ensinamentos. Aqueles textos não são feitos para meramente teorizarmos e intelectualizarmos. Nos são dados como uma indicação do trabalho com que temos de nos desempenhar. Para realizarmos as tarefas que estudaremos neste curso estaremos trabalhando com isto de maneira prática.

  Nesse primeiro capítulo vemos: “caí a seus pés como morto”. Isto é a abordagem correta, a atitude correta. Para compreendermos as tarefas que Cristo explica neste livro temos de cair aos seus pés. Temos de ser humildes, renunciar aos nossos pessoais interesses, ao nosso próprio sentido daquilo que pensamos e sentimos, e se observarmos este caminho, já tendo entendido os ensinamentos, teremos feito aquilo. Caso já tivéssemos entendido Deus ou Cristo, não estaríamos mais aqui. Não seríamos mais o que somos. Então cairmos ante os pés do Filho do Homem é reconhecermos que não sabemos nada. Assim nos tornemos humildes e trabalhemos sobre aquela morte interior.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

  1. P. – Pode nos falar um pouco sobre a afirmação de Mestre Samael que, a fim de trabalharmos com o Segundo Logos precisaremos estar preparados para esquecer as manifestações desagradáveis de outros?

  R. – O Segundo Logos ou o Cristo Chokmah é a força do amor e da compaixão, a força de sacrifício. Sacrifício é realmente desistir da própria vontade em troca de beneficiar a outros. Fazer isto é difícil. É difícil em bases diárias para realmente medir cada uma de nossas ações, mesmo ao ponto do que sentimos e pensamos. Medir cada pensamento, cada sentimento, cada ação, baseados em como afetaremos outras pessoas é muito difícil, uma vez que nosso hábito é de sempre pensarmos em nós próprios, naquilo que queremos, de que necessitamos e de que “pensamos” querer. Mesmo na vida comum, na tranquilidade de nossa existência, isto é difícil. Quanto mais sobre quando as coisas se tornam  muito difíceis ou sobre quando encaramos reais dificuldades. Normalmente nossa tendência é de ficarmos mais obcecados, reclamantes ou lamentosos.

  Quando as coisas vão ficando um pouco mais difíceis começamos sentir dor, conflito, reclamar sobre aquilo, irmos conversar sobre o assunto com nossos amigos, a dizermos: “Oh, é tão ruim, isto é terrível; está acontecendo justamente comigo, blá, blá, blá...,” ... é tudo ilusão. Nada é real, e fazemos daquilo um caos; tornamos tudo ainda pior com nossa atitude.

  E quando então as coisas da vida se tornam piores que aquilo? Quando estivermos sendo perseguidos? E se não conseguimos mudar as coisas quando fáceis e manobrar tudo com graça e humildade? Então, concernente a outras pessoas, certamente nada conseguiremos fazer se nos estiverem passando uma real e desagradável impressão ou estivermos tratando com alguém já classificado.

  Digamos por exemplo que temos um amigo; seja membro familiar ou alguém a quem admiramos, mas nos está passando má energia, nos causando má impressão e que possa estar fazendo coisas questionáveis. Como verdadeiramente reagirmos àquilo? Normalmente reagimos alheios ao nosso sentido de self. “Oh não posso acreditar nele, isso é terrível, não posso acreditar que ele seja assim. Que má pessoa...” Ademais, se aquela pessoa começa a direcionar aquele comportamento sobre nós ou fazendo até pior, começamos também a reagir mais fortemente. Criticando, fofocando, acusando, atacando.

  Como então realmente aprender a receber aquelas impressões e devolver amor? No budismo existe um ensinamento muito profundo, sempre presente na cristandade, porém não de tal modo sistemático. A prática diz respeito a essencialmente aprendermos como mudar o comportamento com aquela pessoa. Comumente no budismo isto é ensinado como método de meditação. Meditamos e imaginamos que a pessoa seja o centro de nosso problema. Em nossa mente fazemos a troca de lugar; visualizando: “O que eu faria se estivesse no lugar desta pessoa? Eu seria diferente? O que eu sentiria se fosse ele/ela?”. O ponto disso é primeiramente entender o que a pessoa estaria experienciando, porém mais do que isto seria compreender como eu a estaria afetando. Ou uma pessoa está me tratando mal, por quê? Talvez eu merecesse isto! Talvez eu tivesse feito algo que a estimulasse agir daquela forma. Talvez haja algo que eu não esteja vendo e a meditação possa me mostrar.

  Em bases assim esta prática nos ajuda desenvolver maior entendimento sobre outros com mais paciência e amor. Pode nos ajudar a ter compaixão por alguém mais. A coisa está naquela compaixão e no amor que neste sentido significam a habilidade de relacionar uma pessoa com a via certa. Não significa que sejamos moles ou doces nem exatamente que aceitamos as bobagens da outra pessoa e permanecemos silentes. Pode significar que temos de agir, de nos pronunciar e que unicamente tenhamos largado aquela pessoa e a isolado.

  Sabemos muito bem da gnose que se uma pessoa estiver demonstrando comportamentos, emoções e pensamentos repetidamente negativos, a isolamos por amor. Deixamos a pessoa de lado não por ser má, não por ser cruel mas para isolar suas energias negativas que estejam irradiando, uma vez que aquelas forças negativas são infecciosas e nocivas. Naturalmente a pessoa isolada não entende e fica brava. Ela se torna vingativa, responsabiliza, critica, ataca e sabota, nunca entendendo daquilo, mesmo que seja feito por amor. Isso acontece tanto nas escolas gnósticas quanto nos grupos espiritualistas. Portanto aquele que estiver sendo isolado olhe-se para si mesmo, medite e tente entender: “Por que estou sendo tratado desta maneira? Talvez eu esteja merecendo”.

  2. P. – Todos nós temos nosso particular Pai que está no céu, Kether. Por que assim de alguma mônadas desejar autorrealização e outras não quando todas elas são deuses?

  R. – Cada mônada tem sua própria idiossincrasia bem como vontade própria. Por que umas desejam autorrealização e não outras? Não tenho ideia.

  3. P. – Enquanto estivermos estudando para conhecer Alquimia será melhor nos abstermos da união ou somente mergulhar na Alquimia sem realmente entender o que outros estão fazendo, derramando uma vez ou outra e segurando de vez em quando? Isto é uma forma de tantra cinza, mas não seria melhor do que derramar todas as vezes?

  R. – Para realmente responder esta pergunta por inteiro viria requerer muito tempo, uma vez que ela levanta muitos pontos. A primeira coisa que eu recomendo é que o interlocutor deve estudar os livros, os ensinamentos. A razão é porque quando estamos no começo deste trabalho ele nos requer certo acúmulo de esforços, disciplina e vontade a fim de entende-lo.

  E vem aí um ponto ante o qual o estudante precisa tomar a decisão em fazer ou não. Estar indeciso não é unicamente como perder seu tempo mas sim causar nocividade. Então direi que é muito importante de fato compreender o que o ensinamento traduz, e significo que seja como algo em nosso coração, algo que de fato entendamos, mas não pela exata via da mente.

  Se temos aquele entendimento o trabalho decorre normalmente, torna-se natural. E torna-se algo onde não podemos nos imaginar não fazendo, uma vez que é alguma coisa que compreendemos. Em termos de como devemos praticar, temos de ouvir de nosso coração, e quero significar a parte de nosso coração que é verdadeira, a parte de nosso coração que é um pouco mais estável diante dos desejos e paixões que sentimos.

  Paixões e desejos tentam nos empurrar em direção a certos tipos de experiências, a certos tipos de sensações. E penso que uma pessoa sincera reconhecerá aquele desejo, aquela vontade que tende a conduzi-la a problemas. Daí que com sinceridade e entendimento vem o interesse neste ensinamento e o desejo de mudar. Assim incorporando aquilo como nossa visão e seguindo-a, parece-nos natural chegarmos à realização, pois desejos e paixões que sentíamos nos iriam conduzir somente a problemas. E se estivermos para renunciar aos desejos e paixões, que o façamos e não desistamos.

  4. P. – Como é isso de existir hierarquias dentre os anjos se todos eles são perfeitos? Eles alcançam seu particular nível após completar o caminho ou eles alcançam isso durante o caminho e podem continuar para coisas mais elevadas?

  R. Somos inclinados a entender o termo “perfeição” como termo absoluto, mas não é. É semelhante ao termo verdade. Há verdade, mas há níveis da verdade. Existe a verdade em níveis segundo o nosso próprio desenvolvimento. Com a perfeição é a mesma coisa. Para alcançarmos a perfeição no significado absoluto é tornar-se um Paramarthasatya. Mas para alcançar aquele nível passamos por outros níveis de perfeição, por degraus de perfeição. Todos os anjos -- e os Budas têm variados graus de desenvolvimento que correspondem aos seu graus de perfeição -- nenhum deles é absolutamente perfeito até que se torne um Paramarthasatya.

  5. P. – Se reagirmos ao comportamento negativo de uma pessoa enviando de volta a energia do amor e não emoção, mas energia do chakra do coração, este auxílio ajudará a dissolver a energia negativa enviada contra nós, e também podemos usar disto para assistirmos nossos amados?

  R. – Absolutamente sim, nenhum questionamento quanto a isto. O espontâneo e verdadeiro sentimento de compaixão é a mais perfeita forma de defesa que possuímos. Nada consegue penetrar nisto. E eis porque lemos e estudamos esses diferentes mestres e professores que foram terrivelmente perseguidos, torturados e abusados e ainda assim sempre mantiveram a serenidade, sustentado amor para aquelas pessoas que deles abusavam. Eles podiam ter passado por sofrimento físico e algo de sofrimento emocional, porém aquele amor é tão forte, tão pervasivo e radiante que de forma alguma eles foram prejudicados.

  E aquela experiência acaba por tornar-se num veículo de mudança, certo? Aquilo se torna num modo de até mesmo o perseguidor ser beneficiado. Por exemplo: Paulo que era perseguidor de gnósticos viu então a luz. E aquela luz é a luz do amor, aquela força crística que o ajudou a entender no que o erro o estava tornando.

  Há muitas histórias como esta. E também relatos semelhantes nas história de Buda. Às pessoas que vinham a Buda com grande ódio e ferocidade para ataca-lo ele respondia com tamanha serenidade e amor que cada uma daquelas se transformava. Então sem dúvida que pela compaixão em geral e pelo trabalho do cultivo das qualidades do Ser, podemos melhorar nossas próprias vidas e as de outras pessoas. E ao mesmo tempo teremos uma natural defesa contra as energias desagradáveis de outros.

  6. P. – Poderia nos explicar a diferença entre ser ferido física e emocionalmente e ser prejudicado?

  R. – Prejuízo real tem a ver com estados de consciência. Alguém que esteja com uma incorporação de Cristo (um bodhisattva), irradiando plenamente aquela força crística não pode realmente ser prejudicado. Pode ser prejudicado quando se torna identificado. Um bodhisattva quando detectado portando ódio, ressentimento, luxúria ou orgulho -- coisas que imediatamente abram uma porta ou uma fresta pelas quais o dano possa adentrar -- então ele pode falhar.

  Aquilo pode criar um problema para ele ou para alguém mais. Todos nós somos vulneráveis àquelas coisas enquanto não alcançamos o estado de absoluta perfeição. Desse modo um bodhisattva – mesmo quando possa incorporar a força crística – está ainda vulnerável uma vez que ele ainda tem ego. E tal pessoa encontra-se submetida a tremenda luta para manter a presença daquela força crística e não se identificar com o ego.

  Isto é muito difícil, e sabemos de ver aqueles iniciados, bodhisattvas, falharem. Eles cometem erros porque não são perfeitos, não são o Cristo. Eles carregam aquelas sementes, mas cometem erros. Infelizmente para a pessoa cujo trabalho naquele caminho a tenha levado a realizar aqueles graus de desenvolvimento, aquilo lhe venha ser muito mais difícil; primeiramente em ver o erro e segundo a agir nele. E a razão disto é estarem trabalhando em níveis mais e mais sutis, mais e mais difíceis de perceber e discernir. E aqueles seus egos, aqueles aspectos da psique, tornam-se mais e mais espertos.

  Então esta é a razão do porquê de mestre Samael Aun Weor repetidamente enfatizar, enfatizar e enfatizar quão importante é a meditação. É absolutamente essencial para o iniciante, sem a menor dúvida. O principiante luta embora esteja trabalhando com níveis muito superficiais da mente. E ainda assim não consegue! Portanto para a pessoa que esteja trabalhando em níveis mais sutis é muito mais difícil, mais duro. Assim a tendência de cometer um erro é muito maior e o impacto desse erro é também maior.

  7. P. – Um bom exemplo está na Bíblia; os dois bodhisattvas, os dois reis Saul e Davi. Saul falhou.

  R. – Se lermos a história verificaremos que Saul é um iniciado, mas tornou-se identificado com certas partes de seu ego e falhou. Se olharmos melhor veremos em muitos, muitos exemplos como os iniciados podem trabalhar e alcançar altos graus de desenvolvimento. Mas por quê realmente falham? Por quê verdadeiramente um bodhisattva alcança grande altura e então cai? Porque ele ainda tem ego e assim tem vulnerabilidades. Ainda não transcendeu.

  Sabemos por exemplo o caso do iniciado Salomão. Ele alcançou grandes alturas de compreensão e então falhou. Aquele iniciado chegou a certo estágio do desenvolvimento não percebendo a ilusão de alguns egos. Então adentrou por erros e perdeu tudo. Vemos deste mesmo caso muitas outras histórias. Assim, não é tão simples como: “uma vez trilhando o caminho temos a garantia de chegar à meta”. De forma alguma. O caminho é por demais perigoso, entretanto aqueles perigos também estão dentro de nossa própria mente.

  8. P. – Quando o bodhisattva Samael caiu, algum outro anjo assumiu o raio de força?

  R. – Bem, precisamos entender algo. O Ser nunca falha. O Mais Profundo, o Atman, nunca falha. Quem está no comando do raio de força é o Deus Interior, o Ser, e aquele Anjo, aquela Entidade, aquela Inteligência está sempre lá e sempre no comando daquele raio. Porém seu filho falha, o seu bodhisattva. Daí que enquanto o bodhisattva estiver falhando o Mestre tem de trabalhar em diferentes caminhos, através de outros veículos, outros meios, outros métodos, até que o filho se levante.

  9. P. – Quando alguém trilha pelo caminho e o completa, não se torna um Paramarthasatya ou isto é somente alcançado quando se trilha muitas vezes pelo caminho, como fez mestre Aberamentho?

  R. – Para se tornar um Paramarthasatya é requerido um grau de conhecimento e entendimento que poucos, muito poucos têm chegado a alcançar. Existem iniciados que se elevam até certo ponto e descem de novo, elevam-se de novo e novamente descem, e a cada vez tentam ganhar mais conhecimento a fim de ascender um pouco mais alto. E na próxima tentativa tentam para de novo chegar um pouco mais alto. Então falando de forma geral esta é a natureza do trabalho.

  A alma humana, o bodhisattva, desce ou falha segundo as circunstâncias na tentativa de alcançar mais conhecimento e mais sabedoria, e cada vez que faz isso a tentativa se torna mais difícil, mais dolorosa, mais arriscada; ainda assim ele o faz para conseguir mais conhecimento. Alguns não ousam, não arriscam; daí que essas almas humanas atingirão certo grau de desenvolvimento e naquele grau permanecerão. É algo que discutiremos em detalhes no curso, mais tarde.

  10. P. – O que pode nos dizer sobre Ahdi-buddha que reside em absoluta não manifestação; está ele mais além do Glorian?

  R. – Ahdi-buddha é o absoluto, o absolutamente nada ou aquele Ser do Ser que reside profundamente dentro da essência de todas as criaturas. Ahdi-buddha quando manifestando constitui o Raio da Criação ou em outras palavras Avalokiteshvara, a força ou luz da luz, amor e compaixão. E esta força quando mais se expressa e começa manifestar o espírito e a alma é o Glorian.  O Ahdi-buddha está antes disso.

  11. P. – Samael Aun Weor foi dhyani bodhisattva de Samael? Pode nos explicar a diferença entre um e outro?

  R. – Um Bodhisattva é um veículo de sabedoria. Qualquer iniciado, qualquer alma que escolha pela vontade do Ser em adentrar pelo caminho direto se torna um bodhisattva por direito. Ele encarna aquela sabedoria. Quando aquele bodhisattva, aquela alma humana continua o trabalho e é bem sucedido em alcançar grandes alturas, trabalhando através da segunda montanha, ele adentra a terceira dimensão, e o Ser se torna um Logos, um Cosmocriador. É isto?

  12. P. – Temos grupos de estudantes muito inquiridores hoje.

  R. – Vejo isto.

  13. P. – Quando alguém se torna um Logos não significa que sua Mônada fundiu-se com seu pessoal e íntimo Cristo e daí estará em comunhão com o Cristo Cósmico?

  R. – Certo.

  14. P. – O que João quis dizer quando mencionou que estava no dia do Senhor?

  R. – Bem, o que você acha que seja o dia do Senhor, alguém sabe?

  Plateia: Sabá?

  Instrutor: Certo, o Sabá. Sábado relacionado com Saturno, relacionado com a morte. Então é um dia santo. É um dia relacionado com a morte do ego, relacionado com a Alquimia. E Binah, naturalmente, porque Binah está relacionada com Saturno. Binah é o Espírito Santo e há muita correspondência ali.

  15. P. – Se o trabalho é nos reunirmos com o Cristo e nos unir com um raio particular, como passarmos mais além se isso significa ser um Paramarthasatya?

  R. – O Paramarthasatya detém absoluto conhecimento, absoluta consciência. Isso é realmente estar além – além mesmo do raio. Pois o raio ou o Glorian é a expressão daquela trindade. Certo? Kether, Chokmah, Binah. O Paramarthasatya tem ido bem mais que isso e entrado no Absoluto. Então ao deter total conhecimento e incorporado de entendimento do raio, isso estará acontecendo no nível de Binah, Chokmah, Kether, etc. Porém mover-se além disso é adentrar no conhecimento do Okidanokh, o raio da criação: o Ain Soph Aur, o Ain Soph e o Ain. E aquele conhecimento é vastamente mais profundo do que simplesmente alguém deter o conhecimento de seu próprio raio

  16. P. – Quando as pessoas viajam fora do corpo, isso é somente no plano lunar astral ou eles também vão pelo interior do plano mental ou mesmo do causal?

  R. – Bem, precisamos compreender primeiramente quando alguém está viajando fora do corpo, se isso significa exatamente que sua psique estará deixando a forma física. Se olharmos a Árvore da Vida e considerarmos estar na consciência de Malkuth teremos ainda muitas esferas para deixarmos atrás. Temos todas as esferas de Klipoth e todas de níveis superiores. Torna-se então uma questão saber onde estará o centro de gravidade da pessoa? Seu centro de gravidade estará no ego? Ou então ela estará provavelmente vagando em redor dos mundos infernais. Ou estará seu centro de gravidade no corpo astral solar? Sendo assim ela/ele tem a capacidade de adentrar naqueles reinos.

  Se nós como estudantes estivermos dormindo e lutando para ter qualquer tipo de experiência então, falando de modo geral, quando tivermos qualquer tipo de experiência desperto ou mesmo em sonho, será em dimensões inferiores. Entrar em dimensões superiores é um trabalho de vontade consciente.

  17. P. – Mestre Samael Aun Weor é um Paramarthasatya?

  R. – Até onde eu sei ele disse estar trabalhando naquela direção.

  18. P. – Qual nível de desenvolvimento realmente necessitamos a fim de viajar além de nossa galáxia?

  R. – Necessário ter um corpo astral solar.

  19. P. – O que constitui um universo, e existem muitos universos?

  R. – Cada esfera, cada sefirote é um mundo em si mesma. E cada um daqueles mundos detém diferentes níveis e aspectos. Os universos existentes estão relacionados com níveis superiores da Árvore da Vida e com mundos superiores da cabala; então existem muitos. O que é difícil compreender é eles serem tanto isolados como interrelacionados e para compreender isso temos de meditar.

  20. P. – Se alguém trilhou a senda antes, alcançou a Autorrealização mas falhou e tem perdido de novo todas as oportunidades para novamente trabalhar, este retorna ao Absoluto como um elemental ou realmente retorna com qualquer desenvolvimento que já tenha alcançado?

  R. – Penso que para realmente compreender essa questão há muitas palestras no website, onde é possível ler o processo do raio de criação, e como a transmigração de almas acontece. Irei ao website para dar uma olhada nos materiais lá existentes. Existem lá muitos escritos que explicarão isso de modo mais completo do que eu possa fazer no tempo em que estejamos aqui.

  21. P. – O que pode nos dizer de Judas Iscariotes; ele é um mestre?

  R. – Naturalmente que Judas é um mestre, um grande mestre da loja branca. Infelizmente penso existir algumas pessoas achando que Judas fez errado. Entretanto sabemos ou entendemos dos ensinamentos, que o papel desempenhado por Judas na vida de Jesus foi sagrado e de grande honra. Mestre Samael explica que Judas Iscariotes está agora trabalhando nos mundos infernais a fim de ajudar a humanidade.

  22. P. – Como pode um boshisattva que tenha completado seu trabalho e retornado ao seu deus interior, cometer um erro e cair de novo, uma vez que ele já se tornou perfeito, como seu Pai que está no céu é perfeito?

  R. – Porque há níveis de desenvolvimento. A coisa para ser entendida é esta: um bodhisattva quando se torna um bodhisattva tem ainda de eliminar somente uma pequena fração do ego. Aquele iniciado precisa então trabalhar intensamente por um longo período de tempo a fim de eliminar a totalidade do ego.

  Tendo alcançado a meta a pessoa está ressurreta e entra em níveis adicionais de trabalho. Mesmo estando o ego morto é possível cometermos erros visto que a perfeição é alcançada em níveis. Assim mesmo grandes deuses têm cometido erros e está demonstrado em várias mitologias, também em muitas histórias que mestre Samael nos conta.

  Não seria por que alguém que tivesse alcançado um grau de perfeição que se tornaria infalível. O carma é muito complicado, mesmo para os deuses. Então para compreender o carma e agir convenientemente todas as vezes, isso é somente possível para um Paramarthasatya. Alguém abaixo desse nível de desenvolvimento -- qualquer um fora do Absoluto -- é suscetível de cometer erros. Isso é tudo.

  23. P. – Seria o Absoluto uma entidade tentando alcançar a realização nele próprio através do trabalho de suas Mônadas?

  R. – O Absoluto está além da concepção. É luz incriada; é um tipo de Inteligência; um tipo de força que precisa conhecer-se. Não tem atributos, mas se manifesta através de atributos para adquirir autoconhecimento. Entendamos então que isso requerer muita meditação. Não é algo de que possamos simplesmente dizer: “o Absoluto é um ser que sente isso e aquilo”. Não é tão simples assim. É muito, muito difícil para nosso intelecto entender o que seja o Absoluto e o que Ele não seja.

  Fico feliz que todos estejam tão entusiasmados. Estou certo de que voltarão com novas e difíceis perguntas para a próxima palestra semanal. Então muito grato a todos.

POR UM INSTRUTOR GNÓSTICO

Fonte:https://glorian.org/learn/courses-and-lectures/the-book-of-revelation/the-son-of-man

Anterior: https://arcadeouro.blogspot.com/2021/06/introducao-revelacao-gnostica.html

  Tradução Inglês / Português: Rayom Ra

http://arcadeouro.blogspot.com 

 Rayom Ra

  Ver O Filho do Homem (2): https://arcadeouro.blogspot.com/2022/03/misterios-gnosticos-o-filho-do-homem.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário