sexta-feira, 4 de junho de 2021

Sendeiros

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Não podes percorrer o Sendeiro antes que tu te hajas convertido no próprio Sendeiro”. (A Voz do Silêncio).

  Este Sendeiro – diz o comentário – encontra-se mencionado em todos os tratados místicos. Como declara Krishna no Dhyaneswari: “Quando se percebe este Sendeiro..., já se parte para as magnificências do Oriente, ou em direção das câmaras do Ocidente, sem mover-se...., estará o viajante neste caminho”. Neste Sendeiro, a qualquer lugar para onde alguém se dirija, o lugar se converte no eu dele mesmo.

  Tu és o Sendeiro”, diz o adepto guru ao discípulo após sua iniciação.

  Eu Sou o caminho e a via”. Diz outro Mestre (Jesus). Este enigma se explica tendo em conta que a palavra “Sendeiro” alude aos graus de progresso interior, individual, ao curso do discipulado, ante o desenvolvimento progressivo do indivíduo na via ascendente da espiritualidade. Os graus ou etapas dessa evolução estão divididos em dois grupos, constituindo-se, os do primeiro, em Sendeiro Probacionário e os do segundo em Sendeiro propriamente dito ou Sendeiro do Discipulado. Assim os descrevemos:

  1. Sendeiro de Ação – Karma-Yoga (Sânscrito). Execução de ações, especialmente de obras religiosas. Yoga de ação, união com o Eu Divino por meio de ação; Sendeiro de ação ou devoção por meio de obras, tais como atos religiosos e ainda de obras inerentes ao cargo ou condição de cada um, devendo estas serem executadas como um dever, sem apegos, sem olhares egoístas ou interesseiros, sem desejos de recompensas, mas como oferendas para a Divindade. É o primeiro dos Sendeiros de perfeição. É sinônimo de Karma-Mârga.

  2. Sendeiro de Conhecimento.

  A. – Jñâna-Yoga (Sânscrito). Yoga, devoção ou Sendeiro de conhecimento ou de sabedoria. União com a Divindade mediante o conhecimento espiritual. Esta yoga consiste no completo domínio dos sentidos e da mente, fazendo com que esta concentre e se fixe na contemplação do Espírito onisciente, para receber Dele a iluminação.

  B. – Jñâna-Mârga (Sânscrito). (Dynan Mârga) (Sânscrito) – Sendeiro do conhecimento. Um dos Sendeiros de perfeição.

  3. Sendeiro de Devoção.

  A. – Bhakti-Yoga (Sânscrito). Devoção de Amor; fiel ou amorosa devoção; yoga, o Sendeiro de devoção.

  B. – Bhakti- Mârga (Sânscrito). Sendeiro de devoção ou amor; Sendeiro de devoção amorosa.

  4. Sendeiro do Discipulado.

  Precedido pelo Sendeiro Probatório, entra-se nele pela Porta da Iniciação quando o homem está preparado para recebê-la. Constituído por quatro etapas ou graus distintos, a entrada de cada um deles está guardada por uma iniciação.

  O primeiro grau chama-se Párivrâjaka (do religioso mendicante que leva uma vida errante, sem lugar, porque não considera a terra como sua morada). Os budistas dão a esse grau o nome de Zrotâpatti: “aquele que entrou na corrente”.

  O segundo grau é denominado Kutichaka, ou seja, o homem que constrói uma cabana e alcança um lugar de paz. Entre os budistas se lhe dão o nome de Sakridâgâmim: “aquele que renascerá mais uma vez”.

  O terceiro grau é o Hamsa (o cisne), “aquele que compreende bem” – “Eu sou Aquele”. Em termos búdicos é Anâgâmin, ou seja, o estado daqueles que têm levado seu autodomínio até um ponto tal que não precisem mais renascer neste mundo.

  E finalmente o quarto grau, Paramahamsa (aquele que está mais além da Individualidade ou do Eu). Os budistas dão a este grau o nome de Arhat: o Digno, o Santo, o Venerável, que se acondicionou para fruir da perfeita sabedoria, mostrar compaixão infinita pelos ignorantes e afligidos, assim como oferecer um amor imenso a todos os seres. (A. Besant, Sabed. Antig., Cap. XI, e Olcott, Catec. Búd. Quest. 189).

  5. Sendeiro da Mão Direita.

  É o Sendeiro daqueles que praticam a Magia para fins benéficos, nobres e altruístas (Magia Branca). Chamado também “Sendeiro Branco”.

  6. Sendeiro da Mão Esquerda.

  É o oposto ao da mão direita, ou seja, o que segue os que praticam a magia negra somente para fins malignos e egoístas e para a satisfação de seus desejos pessoais. Denominado também “Sendeiro negro”.

  7. Sendeiro de Dor.

  Chamado também “Sendeiro de Renúncia” ou “Sendeiro Secreto”.

  8. Sendeiro Patente ou de Libertação.

  O Sendeiro Patente, um dos dois em que se divide o Sendeiro Uno, conduz à bem-aventurança egoísta depreciada pelos Buddhas de Compaixão. O Buddha que elege este Sendeiro abandona toda relação possível com a Terra e com todo o pensamento com ela relacionado, e esquecendo assim para sempre o mundo não pode mais coadjuvar à salvação da humanidade. Esta é sacrificada ao bem estar do Buddha egoísta em quem está morta a compaixão.

  9. Sendeiro Probatório.

  Constitui uma das etapas do despertar da alma no curso de sua evolução, a que precede o do Discipulado. Conforme indica seu nome, a entrada neste Sendeiro converte um homem em um discípulo ou chela em período de prova. Então o neófito se aparta do caminho comum da evolução para a busca do Mestre que haverá de guiar seus passos ao longo da áspera e angustiosa senda que conduz à Libertação.

  São quatro as qualidades a que deve propor-se o chela a adquiri-las no estado de prova:

  Primeira – Viveka ou discernimento entre o real e o irreal.

  Segunda – Vairâgya ou indiferença por todas as coisas exteriores, ilusórias e passageiras.

  Terceira – Chatsampatti, ou seja, os seis atributos mentais que se requeiram antes que o neófito possa entrar no Sendeiro propriamente dito. Estes seis atributos são:

  1. Zama, domínio do pensamento.

  2. Dama, governo das palavras e ações.

  3, Uparati, tolerância.

  4. Titikcha, paciência.

  5. Zraddâ, fé.

  6. Samâdhâna, equilíbrio mental, equanimidade.

  Quarta – A quarta e última qualidade que o chela deve adquirir é o Mumukcha ou desejo de libertação, o anseio da alma pela união com a Divindade. Ao chegar a este grau, o homem já se acha disposto para a iniciação e entrar na corrente.

  10. Sendeiro de Perfeição.

  São três os Sendeiros que conduzem para a união divina (yoga):

  1. Karma-mârga ou Karma-yoga (Sendeiro de ação).

  2. Jñâna-mârga ou Jñâna-yoga (Sendeiro do Conhecimento).

  3. Bhakti-mârga ou Bhakti-yoga (Sendeiro de devoção).

  Estes três Sendeiros se acham perfeitamente descritos no Bhagavad-Gîtâ e na excelente obra de A. Besant: Os Três Sendeiros de Perfeição.

  11. Sendeiro de Progresso Rápido.

  O homem que tenha entrado “na corrente” experiencia uma aceleração bem considerável na sua evolução, a qual obedece a um rápido despertar de suas faculdades superiores. Suas existências sucessivas são agitadas e tormentosas posto que, nas escassas vidas que se sucedem deve saldar todas as suas dívidas cármicas de seu passado, acrescendo a quantidade para seus pagamentos na medida dos seus vencimentos.

  12. Sendeiro de Renúncia.

  O mesmo que Sendeiro de Dor e Sendeiro Secreto.

  13. Sendeiro Secreto.

  Opostamente ao Sendeiro Patente há o Sendeiro Secreto. Este último chamado também “Sendeiro de Renúncia” conduz ao sacrifício de si próprio, sendo o escolhido pelos Buddhas de Perfeição que hajam sacrificado o EU aos eus mais débeis. Por esta razão o denominam o “Sendeiro de Dor”.

  Conforme se lê em A Voz do Silêncio II, conduz ao Arhan a sofrimentos mentais indizíveis; sofrimentos pelos mortos viventes e compaixão impotente pelos homens que gemem em aflição cármica. O Bodhisattva que tendo vencido a batalha, e em sua mão tem o prêmio da vitória, sem dúvida ao dizer em sua compaixão divina: “em proveito de outros, abandono este grande prêmio” realiza a maior Renúncia... O Sendeiro Secreto conduz igualmente à felicidade paranirvânica, entretanto ao final de Kalpas sem conta, de Nirvanas ganhos e perdidos por piedade e de compaixão imensa ao mundo de mortais enganados..., porém, terá dito: ”o último será o maior”.

  Fonte: Glossário Teosófico por Helena P. Blavatsky

  Tradução Espanhol / Português: Rayom Ra

Rayom Ra

http://arcadeouro.blogspot.com

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