quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Os Centros de Iniciação

SANTUÁRIOS DA ANTIGUIDADE

     Se desde a mais alta antiguidade os homens, para adquirirem o conhecimento, tiveram de suportar as provas da iniciação, estas, todavia, não se podiam efetuar em qualquer lugar. Eram necessários templos onde ensinar e “colégios” de sábios para professar esse ensino. É a razão de ser dos centros de iniciação; locais supremos onde se concentrava a essência do saber nas mãos dos sacerdotes-sábios: pontífices, druidas, brâmanes ou lamas.

     Na antiguidade egípcia, e não conhecemos nenhum “colégio” de iniciados mais antigo, entre os numerosos santuários existiam inúmeros centros iniciáticos(1), tanto no Alto como no Baixo Egito.

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  ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­ (1) Gérard de Nerval – escritor esotérico – narra-nos no seu livro Voyage en Orient como encontrou um oficial prussiano, enviado em missão pelo seu governo junto da expedição de M. de Lepsus (não é de hoje que os alemães se interessam pelo Egito). Este oficial, amável e muito instruído, explica ao escritor os mistérios da iniciação egípcia na Grande Pirâmide: “O oficial alemão”, escreve Gérard de Nerval, apresenta-me uma explicação assaz lógica da função de um tal monumento. Ninguém é mais forte do que um alemão sobre os mistérios da antiguidade. Eis, segundo a sua versão, para que servia a galeria baixa ornada de calhas que tão penosamente descemos e subimos: “Sentavam num carro o homem que se apresentava para se submeter às provas de iniciação. O carro deslizava pelo caminho, bastante inclinado. Chegado ao centro da pirâmide, o iniciado era recebido por sacerdotes inferiores, que lhe mostravam o poço e convidavam-no a atirar-se.

     Naturalmente que o neófito hesitava, o que era anotado como uma marca de prudência. Davam-lhe então uma espécie de elmo munido de uma lanterna acesa e, com este aparelho, ele devia descer prudentemente o poço, onde encontraria, aqui e acolá, degraus de ferro para apoiar os pés.

     O iniciado descia durante muito tempo, iluminado até certo ponto pela lanterna, que transportava sobre a cabeça; depois, aproximadamente a 32,5 metros de profundidade, elevava-se para a entrada de uma galeria, fechada por uma grade, que se abria imediatamente. Logo apareciam três homens com máscaras de bronze que imitavam a face de Anúbis, o deus cão. Era necessário não se atemorizar com suas ameaças e caminhar sempre em frente, atirando-se por terra. Fazia seguidamente cerca de uma légua e chegava a um espaço considerável, que produzia o efeito de uma floresta sombria e densa.

     Assim que metia o pé na álea principal, tudo se iluminava instantaneamente, dando a ideia de um vasto incêndio. Mas isso era apenas uma simulação, com substâncias betuminosas entrelaçadas em varões de ferro. Ao preço de algumas queimaduras, o neófito devia atravessar a floresta, o que geralmente acontecia.

     Para além desta, encontrava-se uma ribeira que era preciso atravessar a nado. Assim que atingia o meio, uma imensa agitação de águas, provocada pelo movimento de pás de duas rodas, paravam-no e repeliam-no. No momento em que suas forças iriam esgotar-se, ele via aparecer uma escada de ferro que parecia tirá-lo do perigo de perecer na água. Esta era a terceira prova. À medida que o iniciado colocava um pé sobre cada degrau da escada, o que acabava de abandonar soltava-se e caía na ribeira. Essa situação difícil complicava-se com um vento horrível, que fazia tremer a escada e o iniciado ao mesmo tempo.. No momento em que as forças o abandonavam devia ter a presença de espírito necessária para agarrar dois anéis que desciam em sua direção e nos quais ficaria suspenso pelos braços, até se abrir uma porta onde chegaria com um esforço violento.

     E era o fim das quatro provas elementares. O iniciado chegava então a um templo, rodeava a estátua de Isis, e via-se recebido e felicitado pelos sacerdotes.”

     Veremos que todas as seitas até a F.. M.. retomaram o ritual das provas iniciáticas, ao mesmo tempo símbolo e verdade. Nas SS havia também para os candidatos a oficial, provas secretas que nós desconhecemos, mas podemos supor que se relacionavam com o culto solar e a revelação mística do conhecimento racista.

     Até a invasão dos persas, comandados por Cambises, Tebas, a cidade sagrada abrigava nos seus templos os segredos da suprema ciência sacerdotal.

     O santuário de Ptah, consagrado a Osíris, deus dos mortos, era dirigido por um clero particularmente douto. Neste santo dos santos os padres tinham o poder de invocar o Sol dos mortos, o Sol de Osíris, que guia os defuntos para a sua última morada e pode atrair os vivos para o reino da morte. Cambises, na sua ignorância, quis ser iniciado a esses mistérios, e como os sacerdotes de Tebas recusaram invocar Osíris para o grande rei, temendo ofender os deuses, imediatamente ele ordenou o seu massacre. Cambises foi então a Memphis – precisamente onde Platão tinha estudado a sabedoria – ao templo de Sais, único local onde o soberano podia ainda ser iniciado à visão de Osíris.

     Imerso num sono letárgico, por meio de um licor extraído da flor do nepentes (a beberagem deveria facilitar a “viagem”), Cambises deitou-se num sarcófago e dele não saiu senão para morrer, louco, no deserto da Síria, onde vagueava queimado pela visão insustável. Não se pode, com efeito, atingir o estado supremo do conhecimento sem uma longa preparação preliminar, sob pena de sossobrar “do outro lado do espelho”, perdendo a razão ou a vida. Nas provas, cada neófito jogava a sua vida e a sua alma, pois estava escrito no pedestal das estátuas de Isis: “Nenhum mortal soergueu o meu véu.”

     Raros eram aqueles que triunfavam das sete provas previstas na iniciação.

     Moisés, de quem se conhece o fabuloso destino, foi iniciado nos mistérios do Egito, mas fraquejou, segundo a versão de Gérard de Nerval – na última prova – que era a da castidade. Falhou, eis porque foi privado das honras que tanto desejava. Ferido no seu amor próprio, Moisés entra em guerra aberta com os sacerdotes egípcios, luta contra eles com ciência e prodígio e acaba de libertar o seu povo através da sublevação, de que conhecemos os resultados.

     Orfeu e Pitágoras suportaram as mesmas provas, mas somente este último saiu-se vitorioso.

  Os sacerdotes acolheram-no no seu colégio sagrado. Daí em diante transformado em grande iniciado, Pitágoras, após ter visitado a Índia, onde recolhe os ensinamentos dos brâmanes, e também a Gália, volta à Grécia e funda os santuários de Delfos e de Elêusis, a fim de perpetuar o conhecimento esotérico. Apolônio de Tiana, no século I, e Manês percorreram também o Ocidente e o Oriente, visitando todos os lugares onde havia instrução a receber.

     As seitas alemãs neognósticas, cujas existências conhecemos, retomaram a ideia, segundo a qual Moisés e os Hebreus, roubando os segredos do Egito, se tornaram adeptos da magia negra, enquanto os Gregos, continuadores dos padres de Àmon, teriam possuídos a magia branca.

     Sabe-se que Rudolf Hess, que viveu toda a sua juventude no Egito, vem a ser mais tarde o delfim de Hitler. Ora este homem fazia parte do movimento esotérico Thulê, inspirador secreto do nazismo.

     A sabedoria não era apenas apanágio do Egito, embora este tenha possuído grandes segredos. Sábios houve também na Gália: os druidas, muito conhecidos pela imagem deformada e ridícula que nos deixaram os manuais de História.

     Para Maurice Magre, “sem dúvida os druidas da Gália deveriam representar um dos mais altos expoentes da espiritualidade suscetível de ser atingida pelos homens”. O próprio Pitágoras, como já o dissemos, dirigiu-se aos Celtas para receber o ensinamento dos “homens sábios”.

     Porque qualquer que fosse a selvageria dos povos, não tendo mais do que o seu manto e ao seu bastão, aquele que tinha nascido sob a estrela do conhecimento encontrava, da Índia à Irlanda, lugares de erudição e de instrução, onde lhe davam uma palavra-senha, que permitia que fosse sempre mais longe(1)         

     “Os druidas verossimilmente são oriundos de um centro situado na Irlanda que no início deveria ter-se alimentado na Ásia, como o prova a estreita similitude da organização dos druidas e dos lamas (2)”  
(1) - Maurice Magre, La Clef dês choses cochess, p, 36
(2) - Id., Ibid,. p. 37

     Respeitando os deuses gauleses Teutates, Esus, Táranis, os druidas fizeram-se médicos, juízes, educadores, ao mesmo tempo em que se impunham pela sua superior espiritualidade.

     Aqueles homens viviam asceticamente, como os lamas tibetanos ou os cenobitas cristãos, longe da agitação das cidades, metidos no esconso mais profundo da floresta que, do mar do Norte ao Mediterrâneo, cobria então a França. Formando “colégios” de instrução, verdadeiros “oásis de pensamento”, no meio da ignorância geral, os druidas retransmitiam religiosamente os seus conhecimentos. Desdenhosos das construções humanas, os seus templos eram de florestas de grandes carvalhos e os peristilos constituídos pelos fustes das árvores centenárias.

     Acreditando na metempsicose, não caçavam nenhum animal, e construíam cabanas muito ligeiras com receio de ferir a alma das árvores. Conheciam também a linguagem das feras e dos pássaros, que nós já esquecemos, e entravam em comunicação com a natureza. Igualmente desprezavam o ouro, símbolo da inveja e da avidez dos homens, e proclamavam-no maldito, proibindo por muito tempo a sua circulação na Gália. Logo que os Tolosates, após a sua vitória no Oriente, chegaram com o ouro das pilhagens, foi-lhes determinado atirarem-no para um lago. Foi no local desse lago que se erigiu a Igreja Saint-Sernim.

     Os druidas ensinavam ainda o pouco preço da vida terrestre em face do Além, e o desprezo pela morte. O suicido sagrado era lícito e regulamentado, o que faz acreditar em sacrifícios humanos.

     Finalmente, não se sabe grande coisa sobre eles com exceção dessas poucas verdades, porque o seu ensino era oral e está definitivamente perdido, mas que Pitágoras e um Apolônio de Tiana os tenham visitado significa bem o renome que eles tinham adquirido na Antiguidade.

     Os druidas, tal como tinham aparecido, desapareceram misteriosamente, escorraçados pelas legiões romanas no primeiro século depois de Cristo. Nas suas grandes vestes brancas eles deixaram possivelmente nas florestas a pista da sua grande erudição.

     [Extraído da obra: Hitler e as Religiões da Suástica – Os Centros de Iniciação, por Jean-Michel Angebert. Título Original: Hitler Et La Tradition Cathare, 1971, Editions Robert Laffont, S.A, Paris]

Rayom Ra
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