MÓDULO II
Este
é um trabalho de reedição ao qual estamos chamando de “Luzes no Caminho”. É um
Programa construído sobre comunicações esotéricas de textos já editados e agora
coordenados em blocos. A finalidade é de facilitar ao leitor na busca de conhecimentos,
na inspiração ao serviço, nas suas reflexões bem como nas práticas de
exercícios para benefícios de suas áreas humanas física, emocional,
psicológica, mental e espiritual.
LUZES NO CAMINHO [34]
O PROBLEMA DO SEXO [II]
TRATADO SOBRE OS SETE RAIOS VOL.1
PSICOLOGIA ESOTÉRICA
1. Definições do Sexo,
da Virtude e do Vício
Cosmicamente falando, sexo é uma breve
palavra usada para expressar a relação que existe (durante a manifestação)
entre espírito e matéria, entre a vida e a forma. É, em última análise, uma
expressão da Lei de Atração – essa lei básica que sustenta toda a manifestação
da vida na forma e que é a causa de toda a aparência fenomênica. Falando sob o
ponto de vista humano e físico, sexo é a palavra empregada para significar a
relação entre homens e mulheres de que resulta a reprodução da espécie. Falando em termos de uso corrente, como se
constata entre os insensatos e os homens médios, sexo é uma palavra que designa
a atraente satisfação dos impulsos animais praticados a todo preço e sem
nenhuma regularização rítmica. Sexo é essencialmente uma expressão da dualidade
e da separação duma unidade em dois aspectos ou metades. Podemos denominá-lo
espírito e matéria, macho e fêmea, positivo e negativo; correspondendo na
natureza a uma etapa da escala evolutiva dirigida para uma unidade final ou
homo-sexualidade que não tem relação com a perversão com que se designa hoje,
inexatamente, a chamada “homossexualidade”.
Esta posterior manifestação saltou neste
tempo para uma concepção mental moderna do fenômeno, mas é certamente raro
encontrar uma pessoa que, verdadeiramente, combine em si os dois sexos e possa
– fisiológica e mentalmente – inteiramente “satisfazer-se, sustentar-se e
propagar-se a si mesma”. No decorrer dos tempos, descobrimos aqui e acolá o
verdadeiro homo-sexual emergindo como garantia duma realização racial e
evolucionária num futuro longínquo, quando o ciclo mundial tiver reunido às
duas metades separadas e novamente fundidas na sua unidade essencial. Para além
da fraseologia, não me refiro a nenhuma doutrina de almas gêmeas ou a alguma
perversão da realidade como correntemente se interpreta. Refiro-me ao
Hermafrodita Divino, ao verdadeiro homem andrógino e ao seu humano perfeito.
Mas a palavra foi corrompida no seu verdadeiro significado e aplicado nove
entre dez casos (se é que não é 99 por cento) num tipo de perversão mental,
numa atitude corrompida do mental que termina muitas vezes em práticas e
reações de ordem física que são – na sua manifestação – tão antigas que a sua
antiguidade é um desmentido à ideia de que essa atitude possa significar algum
passo no caminho do progresso. O que marca, na realidade, é um retrocesso, um
retorno a um ritmo antigo e a repetição de antigas práticas.
Encontram-se sempre essas perversões quando
uma civilização se desintegra e a velha ordem dá lugar a outra. Por que sucede
assim? Esse fato é devido à queda em torrentes dos novos impulsos sobre
condições velhas e caducas, resultando desse impacto das novas forças sobre a
humanidade, em despertar no homem de desejos para aquilo que para ele é novo,
um campo de expressão ainda não experimentado que não lhe é habitual, e muitas
vezes anormal. Os espíritos fracos sucumbem e os fortes caem vítimas da sua
própria natureza inferior e extraviam-se em direções ilícitas. Temos então um
progresso bem determinado sob a ação dessas novas energias em novos e
inexplorados reinos espirituais, mas ao mesmo tempo, experimenta-se, no domínio
do desejo físico que não é para a humanidade a linha do progresso.
Como o mundo das formas responde ciclicamente
ao influxo das energias superiores, o seu efeito é para estimular todas as
partes e aspectos da vida da forma, e a sua estimulação produz ao mesmo tempo
igualmente resultados bons e maus.
O mal emergirá temporariamente como também a
retidão eterna. Se o efeito do impacto destas energias der como resultado reações
materiais e se o homem põe a sua ênfase no interesse e sobre o que é material,
então a sua natureza-forma é a que predominará e não a divina. Se a natureza é
prostituída para fins materiais, tais como a expressão das relações sexuais no
plano físico com objetivos puramente comerciais, então daí só pode resultar o
mal. Mas é preciso recordar que a mesma energia divina quando atua no reino do
amor fraternal, por exemplo, só produz o bem. Vou ilustrar o meu ponto de vista
de duas maneiras, no que toca a atual orgia no plano sexual e ao interesse universal
deste assunto.
Vivemos hoje um período da história mundial
onde três acontecimentos da maior importância estão tomando lugar, se bem que
passem despercebidos da maior parte das pessoas.
O
sétimo raio, da Lei e Ordem, começa agora a sua manifestação; passamos a um
novo signo do zodíaco e a “vinda de Cristo” está iminente. Esses três grandes
acontecimentos são em grande parte a causa da desordem e do caos atual e são,
ao mesmo tempo, os responsáveis da reviravolta universal da atenção para as
realidades espirituais agora reconhecidas por todos os verdadeiros
trabalhadores, da extensiva compreensão, da tendência para colaborar, da
unificação religiosa e do internacionalismo. Tipos de energia até agora
conservados em estado latente tornam-se ativos. A consequente reação mundial
está nos seus primeiros estados de manifestação; mas os seus estados finais são
as qualidades divinas que se manifestarão e que comandarão o curso da história
e a civilização.
O interesse hoje demonstrado pelos chamados
raios cósmico evidencia o reconhecimento científico das novas energias
manifestantes do sétimo raio. Estes raios que se derramam através do centro
sacro do corpo etérico planetário têm necessariamente um efeito sobre o centro
sacro da humanidade e é essa a razão pela qual a vida sexual do gênero humano é
temporariamente hiper-estimulado e é também a razão de tanto interesse pela
questão do sexo. Mas é daí que provém
também (é preciso não esquecer) o ardente desejo que se exprime mentalmente
para se chegar a uma solução deste problema do sexo.
A chegada da Era de Aquário estimula também
no homem o espírito da universalidade e uma tendência para a fusão. Isso pode
ver-se nas manifestações das atuais tendências para a síntese em negócios, em
religião e em política. Produz a tendência para a união, e entre outra, a que
está levando à compreensão e à tolerância em matéria religiosa.
Nota de Rayom Ra: “As explicações do Mestre Djwal Kuhl são eminentemente científicas entre
os dois mundos: o das reais causas ocultas infinitas no espaço-tempo, e o
físico, depositário de partes do primeiro. Estas páginas foram escritas há
algumas décadas e vemos que as perspectivas delineadas pelo autor se efetivaram
ou vêm se efetivando em quase todos os enfoques, pois muitas das principais
explicações de seus motivos são extraídas dos panoramas milenarmente constatados
e ciclicamente reincidentes, sendo, portanto, relevantes e procedentes.
Aparentemente, a intolerância religiosa aumentou, e as tensões no
Oriente, Oriente Médio, África e países da Oceania, tenderiam sempre a crescer
devido ao problema da soberba espiritual que representa o carro-chefe para as
aberrações e crimes incompreensíveis.
Devemos
notar, no entanto, causas principais. Apesar da falsa hegemonia das grandes
religiões mundiais sobre as demais, os cultos e difusões de todas elas
continuaram existindo, tendo sido criados em muitas instâncias em países, alguns
dispositivos legais contra os excessos ou perigos por falanges de segmentos fanatizados.
Uns mecanismos funcionam parcialmente, outros ainda não. Mas o mundo sabe dos interesses
políticos no mundo religioso, e da violência orquestrada ali introduzida.
Independentemente de todas as causas humanas e
seus argumentos inconsistentes, as energias e forças de Aquário que removem
antiquíssimos fatos incongruentes e segredos cristalizados, vêm com sua potente
ação penetrando cada vez mais os subsolos dos verdadeiros registros históricos
culturais e religiosos em todo o mundo, trazendo à objetiva luz tudo aquilo que
deve ser lançado ao fogo alquímico das transformações. Assim, impulsionam a promover
com grande intensidade os escândalos, as revelações das mentiras, dos conluios
perversos e criminosos – das podridões, enfim; coisas antes inacessíveis aos
cidadãos comuns de todas as nações agora reveladas, apesar dos recentes
esforços das resistências acobertantes e dos socorrismos estratégicos de
privilegiados comandos reacionários. Na realidade, os reacionários são somente
linhas de personificações de uma escuridão ainda bem mais intensa e profunda.
Em contraposição,
por paradoxal que possa parecer, isso veio desencadear muita indignação e um
sentimento crescente de que não se deve acreditar em mais nada, que o mundo
está irremediavelmente perdido, que não há mais em que ou quem confiar, pois
todas as instituições sociais: econômicas, financeiras, políticas, judiciárias,
culturais, científicas e religiosas falharam, mostrando uma aparência de que
não valeu a pena cultuar nem a honestidade, as crenças ou os bons costumes,
pois tudo está a ruir como o juiz Sansão fez ruir o templo filisteu do deus
dagom sobre sua cabeça.
Essa
visão popular nublada requereu uma justa e incisiva reflexão dos intelectuais
espiritualistas que, olhando o outro prato da balança ao uso de suas intuições
claras, conseguem analisar e concluir que os fatos revoltantes são exatamente
confirmações dos princípios escalonados das ações da Lei da Desintegração (gerando
a Renovação) para a limpeza e purificação mundial, a fim de que a nova
humanidade se veja livre desses entulhos que por milênios com suas energias
arquetípicas invertidas, envenenaram e subverteram o psiquismo das elites
responsáveis por comandar as massas.
Por
esse incomum mecanismo cósmico da Era de Aquário, a violência instituída, as
drogas, as guerras, as guerrilhas, as absurdas limpezas étnicas e eliminação de
facções religiosas, e outras absurdidades ocorrentes em muitos países, exacerbam
e multiplicam-se, ocasionando inconcebíveis horrores, piorando a cada ano.
Os meios destrutivos utilizados pelos
senhores da face negra em espíritos ou encarnados, nesta contextualização de
mão dupla invertida, não devem nunca ser subestimados. Simples citações
religiosas, posturas filosóficas, mantras pessoais, incensos de ambientes,
meditações, etc, não funcionam contra eles, pois tanto os seus conhecimentos
magísticos acumulados desde eras longínquas e ativamente mantidos em sua rede
mundial, bem como o moderno cientificismo físico de tecnologia mecânica,
eletrônica e cibernética utilizada em larga escala, são de grandes resoluções,
requerendo e forçando, em contrapartida, abrangências bem maiores e múltiplas
da hierarquia planetária e seu discipulado”.
Mas estas influências que atuam sobre os
corpos sensíveis dos seres não desenvolvidos e muito psíquicos, conduzem a uma
tendência mórbida nas suas relações sexuais tanto legítimas como ilegítimas;
desenvolvem atitudes exageradas em relações sexuais de direções múltiplas e de
alianças que não se quadram com a linha da evolução e que ultrajam muitas leis
da própria natureza.
A energia é uma coisa impessoal e de duplo
efeito – o efeito que varia de acordo com o tipo da substância sobra a qual
atua.
O sétimo raio que inicia a sua ação, expressa
o poder de organizar, a capacidade de integrar e de conduzir em relação
sintética os grandes pares de opostos a fim de produzir novas formas de
manifestação espiritual. Mas produzirá também novas formas que sob o ponto de
vista espiritual podem ser consideradas como um sinal material. É, com efeito,
o grande impulso que trará à luz do dia tudo o que se encontra revestido de
matéria e, consequentemente, poder assim conduzir à revelação da glória oculta
e do espírito, quando se tenha purificado e santificado o que foi revelado na
forma material. A isto se referia Cristo quando profetizava que no fim da Era
as coisas ocultas seriam evidenciadas e os mistérios proclamados dos telhados.
Por meio deste processo da revelação tanto na
família humana como noutros aspectos da natureza, se desenvolverá o poder do
pensamento. Isto será alcançado pelo desenvolvimento da faculdade
discriminativa que permitirá ao homem escolher e obter um verdadeiro sentido de
valores. Verdadeiros e falsos valores emergirão da consciência do homem e se
selecionará aquilo em que assentarão os fundamentos da nova ordem que
inaugurará a nova raça com novas leis e novas aproximações, permitindo
estabelecer a nova religião de amor e de fraternidade, e esse período em que o
grupo e o bem do grupo será a nota predominante. Então a separatividade e o
ódio se desvanecerão e os homens se unirão numa verdadeira unidade.
Consideremos agora o terceiro fator que se
designa pela vinda de Cristo. Por toda a parte subsiste a expectativa e o apelo
duma manifestação e dum acontecimento simbólico a que se dão vários nomes, mas
que se alude muitas vezes pelo advento de Cristo. Sabem que poderá vir em forma
física como o fez na Palestina, ou pode significar introduzir-se
definitivamente entre os seus discípulos e naqueles que amam o Grande Senhor da
Vida. Esta inspiração produzirá uma resposta dos que de algum modo despertaram
espiritualmente. Ou, ainda, poderá vir pela forma de um formidável influxo do
princípio crístico, o Cristo da vida e do amor, manifestando-se no seio da
família humana. Talvez estas três possibilidades possam ocorrer simultaneamente
dentro em pouco em nosso planeta. Não nos pertence afirma-lo. O que depende de
nós é de estarmos preparados e de trabalhar na preparação do mundo para esta
série de acontecimentos de grande significado. O futuro imediato o revelará. De
qualquer modo, o que quero assinalar é que o influxo do espírito Crístico de
amor (que venha numa Pessoa com forma corpórea ou por meio de sua presença
sentida e realizada) terá, além disto, um duplo efeito.
O que vou dizer agora é duro para os que
pensam pouco e sem lógica. Mas quer o homem bom como o mau serão igualmente
estimulados e despertará em ambos tanto o desejo material como a aspiração
espiritual. Os fatos provarão a verdade de que um jardim com terreno ricamente
fertilizado, cuidadosamente regado e tratado produzirá igualmente ervas
daninhas como também flores. Tendes aí o
fato de duas reações sob a mesma influência solar, a mesma água, os mesmos
agentes fertilizantes e iguais cuidados. É por isso que o fluxo do amor
estimulará o amor terreno, o desejo e a concupiscência animal; alimentará os
impulsos para a posse, no sentido material, com todas as más consequências
desta atitude, e exaltação das reações sexuais e as múltiplas expressões de um
mecanismo mal regulado, respondendo a uma força impessoal.
Mas produzirá também o desenvolvimento do
amor fraternal, fortificará o desenvolvimento da consciência de grupo, a
compreensão universal; produzirá uma nova e potente tendência para a fusão, a
união e a síntese.
Tudo
isto se fará por meio da humanidade e o espírito Crístico. Firmemente o amor de
Cristo refluirá por toda a Terra e a sua influência crescerá no decorrer dos
próximos séculos, até o final da Era de Aquário, e graças ao trabalho do sétimo
raio (conduzindo os pares de opostos a uma estreita colaboração), poderemos
esperar a “ressurreição de Lázaro” e o ressurgimento da humanidade da sua tumba
de matéria. A divindade oculta será revelada. De forma
regular e constante todas as formas serão conduzidas sob a influência do
espírito Crístico e a consumação do amor será realizada por toda a parte.
Devido a estas três causas dimana atualmente
por todo o mundo um interesse pelo assunto do sexo e como consequência natural
vem a conduzir a duas coisas:
Primeira, a que conduz a uma explosão por
toda a parte do mundo e,
principalmente, nos grandes centros populacionais de um aumento das relações
sexuais, mas que não se caracterizam por um correspondente aumento de
população. Isto é devido à compreensão moderna dos métodos de controle da
natalidade e secundariamente ao maior enfoque mental ou polarização da raça que
conduz á esterilização ou à redução do número de famílias numerosas.
Segunda, a que tende à reorganização das
ideias raciais sobre o casamento e sobre as relações sexuais. Isso é devido à
derrocada de nossa situação econômica atual, ao interesse muito difundido pela
higiene médica (interesse que até agora estava confinado aos especialistas), ao
reconhecimento geral dos diferentes costumes matrimoniais das nações ocidentais
e orientais, que provocaram uma controvérsia geral, e também à falta duma
estrutura legal de proteção e de unidade da família que interprete
satisfatoriamente as relações humanas.
Deste interesse universal e destas discussões
podemos extrair uma solução e um objetivo que não existe ainda, senão aos
níveis puramente abstratos do mental e no mundo das ideias. Certamente, os mais
avançados pensadores da raça, só vaga e nebulosamente pressentem o que poderão
ser estas ideias ocultas.
A questão em debate não é essencialmente
religiosa a não ser como relações sociais na medida em que elas sejam
fundamentalmente relações divinas. É fundamental na sua relação secundaria e,
quando ela for resolvida, vermos o estabelecimento da igualdade entre os sexos,
a supressão das barreiras existentes entre os homens e mulheres, e a proteção e
a unidade da família. Naturalmente, incluirá, portanto, a proteção à criança de
modo que possa receber o necessário para um bom crescimento físico e para uma
verdadeira educação que conduza ao desabrochamento emocional ao longo das
linhas sadias e ao desenvolvimento mental que lhes permita servir a sua raça, a
sua época e ao seu grupo com a melhor vantagem possível. Este foi sempre um
ideal, mas nunca foi realizado satisfatoriamente. A solução do problema sexual
liberará a mente dos homens da inibição e de uma imprópria inquietação e
produzirá assim uma liberdade mental que permitirá o influxo de novas ideias e
conceitos.
Descobriremos que o vício e a virtude nada
têm a ver com a capacidade ou a incapacidade para obedecer às leis feitas pelos
homens, mas à atitude do homem para com ele próprio e às suas relações sociais
para com Deus e com os seus semelhantes. A virtude é a manifestação no homem do
espírito de cooperação com os seus irmãos, o que requer altruísmo, compreensão
e completo esquecimento de si mesmo. O vício é a negação desta atitude. Estas
duas palavras significam na realidade simplesmente perfeição e imperfeição,
concordância com o padrão da divina fraternidade ou uma falta na aceitação
deste padrão. Os padrões são muito variáveis e mudam ao mesmo tempo que a
crença do homem para com a divindade. Variam também de acordo com o destino do
homem: é afetado com a sua época e a idade, a sua natureza e o meio ambiente.
Alteram também segundo o grau de
desenvolvimento evolutivo. O padrão de realização não é hoje o que era há mil
anos, nem será o mesmo daqui a mil anos.
Contudo, todos os períodos da história do
mundo não foram tão criticados como hoje, porque – à parte do grande ciclo de
oportunidade a que me referi mais acima – temos na própria humanidade uma única
realização. Pela primeira vez na história da raça temos a expressão do
verdadeiro ser humano, do homem tal qual é essencialmente. Temos a
personalidade integrada e funcionando como uma unidade, a mente e a natureza
fundidas e combinadas por um lado, e a mente e a natureza emocional fundidas e
combinadas por outro com o corpo físico e por outro lado com a alma. Além
disso, está longe a ênfase pela vida física acentuando-se mais a vida mental e
com crescente número de casos para a vida espiritual.
Portanto, se o que expus está certo, há pouca
razão para nos sentirmos desalentados. Observa-se hoje, em larga escala, uma
verdadeira “elevação do coração para o senhor” e uma constante reorientação
para os valores espirituais do mundo. Daqui provem as presentes dificuldades.
À parte
a entrada da Nova Era e o consequente influxo do espírito Crístico com o seu
poder transformador e força regeneradora, e conjuntamente o retorno cíclico das
energias do sétimo raio, temos a humanidade em condições para responder às mais
profundas energias espirituais e às novas oportunidades que são, pela primeira
vez, adequadas e sintéticas. Por estas razões, o problema toma maiores proporções.
É o dia da grande oportunidade. Daí a razão do milagre da alvorada que se pode
ver despontar no oriente.
Gostaria aqui de abordar o problema do sexo
sob outro ponto de vista e advertir que é um símbolo básico. Um símbolo como
bem sabemos é um sinal visível externo duma realidade interna e espiritual. O
que é uma realidade interior? Em primeiro lugar é a realidade de pontos afins.
É a afinidade existente entre pares de opostos básicos – Pai-Mãe,
espírito-matéria, entre positivo e negativo, entre vida e forma e entre as
grandes dualidades que – quando conduzidas conjuntamente no sentido cósmico –
produzem o manifestado, o filho de Deus, o Cristo Cósmico, o universo
consciente e sensível. A história evangélica é o símbolo dramático dessa
relação e o Cristo histórico é a garantia de sua veracidade e realidade. Cristo
garante-nos a realidade do significado interno e a verdadeira base espiritual
em tudo o que é e sempre será. Para além da relação entre a luz e as trevas, o
que é invisível torna-se visível, e assim podemos ver e conhecer. Cristo como a
luz do mundo revelou esta realidade. Para além desta obscuridade dos tempos,
Deus falou e a Paternidade da Divindade foi revelada.
O drama da criação e a história da revelação
são-nos descritas, se pudermos realmente ver e interpretar os fatos com
exatidão espiritual, na relação dos dois sexos e no fato de sua recíproca
interação. Quando esta relação já não for estritamente física, mas sim a união
das duas metades nos três planos – físico, emocional e mental – então poderemos
ver a solução do problema do sexo e a restituição da relação do casamento para
o seu lugar designado na Mente de Deus. Hoje o casamento significa a união de
dois corpos físicos. Às vezes, é a união de naturezas emocionais de duas
pessoas interessadas. Raramente é, na verdade, uma união mental bem definida.
Outras vezes, é a participação de uma das partes com o corpo físico em que a
outra parte permanece fria, indiferente, desinteressada, e não participante,
mas atraída e agindo com o corpo emocional. Às vezes, o corpo mental está
envolvido com o corpo físico e a natureza emocional está abandonada. Raramente,
muito raramente, encontramos duas pessoas em coordenada fusão cooperando nas
três partes da personalidade e implícitas numa união. Quando isso acontece, na
verdade, então há uma verdadeira união, um casamento na realidade e a fusão dos
dois em um.
Aqui
temos como algumas escolas esotéricas tristemente se desviaram. Sustentam a
ideia errada de que o casamento desta natureza é essencial para a libertação
espiritual e que sem ela a alma permanece presa. Ensinam que é através do ato
do casamento que a união com a alma se realiza e que não há liberação
espiritual sem o casamento. Na verdade, a união com a alma é uma experiência
individual de que resulta uma expansão de consciência para que o individual e o
específico se unifiquem com o geral e o universal. Contudo, por detrás deste
erro de interpretação encontra-se a verdade.
Quando se chega a realizar o verdadeiro
casamento e estas relações sexuais ideais nos três planos, então temos as
condições adequadas que proporcionarão às almas as formas necessárias para
encarnarem. Assim, os filhos de Deus podem encontrar as formas para se
manifestarem na Terra. De acordo com a esfera de contato do casamento (se tão
singulares palavras podem ser empregadas nesta sequência) assim será o tipo
humano atraído para a encarnação. Se o casamento dos pais é simplesmente físico
e emocional também, essa será a natureza da criança. Assim se determina a
qualidade do ser na generalidade. Hoje os homens estão conquistando rapidamente
uma etapa de alto grau de desenvolvimento. Temos, portanto, um descontentamento
com os atuais conceitos do casamento que é o estado preparatório para se
enunciar certos princípios ocultos que governarão eventualmente as relações
entre os sexos e fornecerão, como consequência, a oportunidade aos homens e
mulheres para procurarem, através do ato criador, os corpos necessários para os
discípulos e iniciados.
O símbolo do sexo expressa também a realidade
do amor exprimindo-se a si mesmo. Na realidade, o amor significa uma relação,
mas a palavra “amor” (do mesmo modo que a palavra “sexo”) é empregada sem se
atender ao seu real significado. Basicamente, amor e sexo são uma e a mesma
coisa, porque ambas exprimem o significado da Lei da Atração. Amor é sexo e sexo é amor porque nestas
duas palavras estão representadas igualmente a relação, a interrelação e a
união entre Deus e o Seu universo, entre o homem e Deus, entre um homem e a sua
própria alma e entre os homens e as mulheres. O propósito e a relação são
postos em relevo. Mas o resultado impulsionado para esta relação é a criação e
a manifestação da forma através da qual a divindade se expressa e chega a ser.
O encontro entre o espírito e a matéria fez
nascer o universo manifestado. O amor é sempre produtivo e a Lei da Atração é
rica em resultados. O homem e Deus se uniram sob a mesma grande Lei e nasceu
Cristo – a garantia e a demonstração do fato da divindade na humanidade. O homem individualmente e a sua alma
procuram também unir-se e quando este acontecimento se consumar o Cristo terá
nascido na caverna do coração e se manifestará na vida diária com crescente
poder. O homem, portanto, morre diariamente para que Cristo possa ser visto em
toda a Sua glória. O sexo é o símbolo
de todas essas maravilhas.
Por outro lado, no homem tem lugar o drama do
sexo e duas vezes no seu corpo, na sua personalidade, se leva a cabo o processo
da união e fusão.
Vou referir-me abreviadamente a estes dois
simbólicos acontecimentos para que a grande história do sexo possa ser
compreendida pelos estudantes esotéricos em todo o sentido espiritual.
O homem, como sabem, é a expressão de
energias. Essas galvanizam o homem físico através de certos centros de força do
corpo etérico. Estes, para o nosso propósito imediato, são sete divididos em
três centros que estão abaixo do diafragma e quatro acima, que são:
I. Abaixo
do diafragma:
1. O centro
na base da coluna vertebral.
2. O
centro sacro.
3. O
plexo solar.
II. Acima
do diafragma:
1. O
centro do coração.
2. O
centro da garganta.
3. O
centro entre as sobrancelhas.
4. O
centro da cabeça.
Sabemos que hão de realizar duas fusões e
nelas temos duas promulgações do processo sexual simbólico e dois
acontecimentos que exteriorizam uma ocorrência espiritual e apresenta ao homem
a sua meta espiritual e o grande objetivo de Deus no processo evolutivo.
Primeiramente, as energias que estão abaixo
do diafragma devem ser elevadas e fundidas às que estão acima do diafragma. Não
nos ocuparemos aqui dos processos e regras que governam esta ação, exceto num
caso – o de elevar a energia do centro sacro para o centro da garganta, ou a
transmutação do processo de reprodução física e na criação física da atividade
criadora do artista em qualquer domínio da expressão criadora. Por meio da
união das energias destes dois centros chegaremos à etapa do nosso desenvolvimento
na qual poderemos gerar filhos de acordo com o nosso mental e experiências. Por
outras palavras, onde há uma verdadeira união das energias superiores com as
inferiores veremos surgir a beleza da forma, a incorporação dum certo aspecto
da verdade numa expressão apropriada, e deste fato, o enriquecimento do mundo.
Onde esta síntese se realiza o verdadeiro
criador começa a funcionar. A garganta, o órgão da palavra, expressa a vida e
manifesta a glória e a realidade que nela encerra. Tal é o simbolismo que se
encontra por detrás do ensinamento e da fusão das energias inferiores com as
superiores, e deste modo o sexo no plano físico é um símbolo. Hoje a humanidade
é cada vez mais criadora porque a transfusão das energias progride graças aos
novos impulsos. Quando o homem tiver desenvolvido o sentido da pureza e
fortificado o sentido da responsabilidade e à medida que o amor da beleza, da
cor e das ideias progredirem, teremos um rápido crescimento e elevação das
energias do inferior para o superior e por esse meio o embelezamento acelerado.
Assim se avançará rapidamente no começo de
Aquário. A maior parte das pessoas vive hoje ainda centralizada abaixo do
diafragma e as suas energias estão dirigidas para o exterior no mundo matéria e
prostituídas para fins materiais. Nas próximas centúrias isso será corrigido;
as suas energias serão transmutadas e purificadas e os homens começarão a viver
acima do diafragma. Expressarão então os poderes do amor por meio do coração,
da garganta criadora e da vontade divina orientada pelo centro da cabeça. O
sexo, no plano físico, é o símbolo desta relação entre o inferior e o superior.
Mas na cabeça do próprio homem verifica-se
igualmente um acontecimento simbólico maravilhoso. Nesse organismo vivo
representa-se o drama por meio do qual o ser puramente humano se funde na
divindade. O grande drama final da união mística entre Deus e o homem e entre a
alma e a personalidade está ali representado.
Segundo a filosofia oriental, o homem tem na
cabeça dois grandes centros de energia. Um deles, o centro entre as
sobrancelhas reúne e funde os cinco tipos de energia que lhe são transmitidos –
a energia dos três centros que se encontram abaixo do diafragma e as dos
centros da garganta e do coração. O outro, o centro da cabeça é estimulado pela
meditação, o serviço e a aspiração, e é através deste centro que a alma faz os
seus contatos com a personalidade. Este centro da cabeça é o símbolo do
espírito ou aspecto masculino positivo como também o centro entre as
sobrancelhas é o símbolo da matéria, o aspecto feminino negativo. Dois órgão do
plano físico estão unidos com estes dois vértices de força: o corpo pituitário
e a glândula pineal. O primeiro é negativo e o segundo é positivo. Estes dois
órgãos são as correspondências superiores dos órgãos masculino e feminino da
reprodução física.
Quando a alma se torna mais poderosa na vida
mental e emocional do aspirante a sua influência derrama-se com uma
potencialidade cada vez maior no centro da cabeça. À medida que o homem
purifica a sua personalidade submete-se ao serviço da vontade espiritual e
automaticamente elevam-se as energias dos centros do corpo para o centro
situado entre as sobrancelhas. Finalmente, a influência de cada um desses
centros cresce e amplia-se cada vez mais até que os campos magnéticos ou
vibratórios entram em contato e instantaneamente a luz salta. O Pai espírito e
a Mãe matéria unem-se e o Cristo nasce. “A menos que um homem nasça de novo não
poderá ver o reino de Deus”. Disse Cristo. Este é o segundo nascimento e desde
esse momento obtém-se maior poder de visão.
Isto ainda representa o grande drama do sexo
que se repete no homem. Assim, portanto, conhece por três vezes o significa do
sexo:
1. No plano físico o sexo ou a sua relação
para com o seu oposto, a mulher, de que resulta a reprodução da espécie.
2. A união das energias superiores com as
inferiores de que resulta o trabalho criador.
3. A união das energias da personalidade com
as da alma, dentro da cabeça, de que resulta o nascimento de Cristo.
Grande é a glória do homem e maravilhosas as
funções divinas que ele personifica. Através do tempo a raça foi levada ao
ponto onde o homem começa a elevar as energias dos centros inferiores para os
centros superiores e tal transição é a causa das grandes dificuldades do mundo
de hoje. Muitos homens por todas as partes estão começando a ser criadores
politicamente, religiosa, científica, ou artisticamente e o impacto com sua
energia mental, dos seus planos e ideias, faz-se sentir competitivamente.
Enquanto a ideia da fraternidade não dominar a raça veremos esses poderes
prostituídos para fins e ambições pessoais e dai o consequente desastre, como
também vimos o poder do sexo prostituído pela satisfação e egoísmo pessoal e o
sucessivo desastre. Alguns, contudo, estão elevando as suas energias para mais
alto e transmutando-as em termos do mundo celeste. Hoje Cristo está nascendo em muitos seres humanos e em número crescente
aparecem os filhos de Deus na sua verdadeira natureza para guiarem a humanidade
na Nova Era.
Djwal Kuhl
Próximo Luzes no Caminho [35] - O Problema do Sexo[III]:
Fonte: Tratado Sobre os Sete Raios - Vol. I - Psicologia Esotérica
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